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Licensed to Alana Anijar - alana.anijar@gmail.

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Programa de TCC para Leigos


@psi.fernanda.landeiro

 
MÓDULO 4 
ABUSO DE SUBSTÂNCIAS E ADITIVOS

Dependência

O uso de substâncias psicoativas é uma constante na história da humanidade.


Com diferentes finalidades, as pessoas encontram maneiras de alterar o estado de
consciência por meio de substâncias que agem no sistema nervoso central. O que
varia dentre as diferentes épocas é sua aceitabilidade e visibilidade. Algumas drogas
caem em desuso, mas muitas outras se popularizam rapidamente e os prejuízos
atingem várias esferas da sociedade.

A recuperação de pessoas com problemas relacionados a álcool e drogas


desafia a comunidade científica e todo o seu arsenal teórico (havendo poucos recursos
e os poucos que existem ainda são falhos). O tratamento de dependência química
costuma ser desafiador, com muitas recaídas.

O desafio é delinear uma abordagem flexível, integrada e pragmática a ser


aplicada em modalidades distintas: individual, grupal e familiar. E também em
diferentes locais: ambientes hospitalares, ambulatoriais e domiciliares.

Não é simples a definição de critérios diagnóstico para dependência química,


mas podemos levar em consideração os estágios do uso da droga:

● A ​experimentação marca o ​início do contato com as drogas. Geralmente, é


por curiosidade e em situações de convívio social que ocorrem os primeiros
consumos de uma substância. Ainda que não seja isento de riscos, o uso
experimental não evidencia danos.

● O ​uso social ou ocasional é caracterizado pela ​frequência irregular do


consumo de ​quantidades modestas​, sem danos associados. Cabe salientar
que o efeito de qualquer substância psicoativa, ainda que em pequena
quantidade, pode impactar no organismo de cada indivíduo de forma distinta.

- Quando é possível delinear um padrão de uso mais frequente, diz que há


um uso regular. Por vezes, as consequências negativas são

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imperceptíveis e a regularidade pode ou não evoluir para a falta de


controle.

- Diferentes padrões de uso podem ser classificados como uso


circunstancial ou situacional, desde que o consumo esteja associado a
um objetivo específico. Como o uso de estimulantes para cumprir prazos
de trabalho ou o uso de álcool para diminuir a timidez frente a uma
determinada situação ou melhorar a interação social. Isto aponta um bom
momento para começar as intervenções de tratamento psicológico e
psiquiátrico, visto que, melhorando essa habilidade social, o paciente
consegue mais facilmente deixar o uso da droga.

● Um ​padrão episódico de consumo intenso de substância pode ser


denominado como ​uso compulsivo​. Intercalados com períodos de abstinência,
esses períodos de ​uso de grandes quantidades de droga em uma única
ocasião​ tendem a gerar consequências agudas ao organismo.

● O ​abuso de substâncias é considerado na presença de problemas


significativos relacionados à droga, como dificuldades no trabalho, família,
estudos, saúde etc. Como categorias diagnósticas, o uso abusivo e a
dependência têm critérios descritos nos manuais. Com o processo de retirada da
substância, se o indivíduo apresenta crises de abstinência, considera-se que ele
é dependente químico da substância.

Avaliação

Um panorama do envolvimento do paciente com cada substância pode ser


obtido com entrevistas clínicas que contemplem questões sobre o padrão de uso das
principais drogas (tabaco, álcool, maconha, cocaína, alucinógenos, inalantes, entre
outras). É importante incluir na avaliação uma conversa com os familiares do paciente,
já que é comum os dependentes minimizarem os seus sintomas e a situação na qual
se encontram.

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Esse levantamento deve investigar se há associa​ção de mais de uma


substância, quantidades diárias, quantidades nos finais de semana, idade do primeiro
uso, prejuízos identificados pelo paciente e pelos familiares, entre outros. Este
mapeamento serve como ponto de partida para avaliar a magnitude do
comprometi​mento das funções cognitivas e executivas. E os resultados dessa
avaliação irão auxiliar no planejamento terapêutico.

Tratamento

Ainda que seja um tratamento que gere muitas recaídas, a melhor evidência
científica disponível é a TCC e o uso da medicação psiquiátrica.

As principais técnicas utilizadas são:

● Exclusão das situações de risco​. A exclusão das situações de risco dificulta


que o paciente entre em contato com a substância. Isso gera mudança no
entorno do paciente e alguns podem apresentar alguma resistência.

● A psicoeducação irá auxiliar na construção do vínculo com o profissional, mas


também serve para que o paciente se dê conta dos prejuízos funcionais
causados pelo uso da substância.

● O ​levantamento das vantagens e desvantagens é uma técnica utilizada para


que o paciente racionalize suas decisões. Frente a uma tomada de decisão, é
solicitado ao paciente que liste, de forma sucinta e objetiva, itens a favor e
contra cada opção. Os itens devem ser avaliados de forma objetiva.

● Identificação, avaliação e modificação de pensamentos automáticos e


crenças​ - fundamental em todo tratamento da TCC.

● Regulação emocional. ​Muitos pacientes acabam usando a droga como forma


de regular as suas emoções e, por isso, ensinar ao paciente a regular a emoção
é fundamental para o sucesso da psicoterapia.

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