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Sumário

Introdução......................................................................................................................1
1. Inconsciente..............................................................................................................2
1.1. Definição.............................................................................................................2
1.2. Histórico..............................................................................................................3
2. Pré-Consciente..........................................................................................................4
2.1. Definição.............................................................................................................4
2.2. Histórico..............................................................................................................4
3. Consciente.................................................................................................................4
3.1. Definição.............................................................................................................4
3.2. Histórico..............................................................................................................5
Bibliografia.....................................................................................................................6
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INCONSCIENTE, PRÉ-CONSCIENTE E CONSCIENTE

Primeira Teoria do Aparelho Psíquico

INTRODUÇÃO

Freud empregou a palavra “aparelho” para caracterizar uma organização


psíquica dividida em sistemas, ou instâncias psíquicas, com funções específicas
para cada uma delas, que estão interligadas entre si, ocupando um certo lugar na
mente. Em grego, “topos” quer dizer “lugar”, daí que o modelo tópico designa um
“modelo de lugares”, sendo que Freud descreveu a dois deles: a “Primeira Tópica”
conhecida como Topográfica e a “Segunda Tópica”, como Estrutural.

A noção de “aparelho psíquico”, como um conjunto articulado de lugares –


virtuais – surge mais claramente na obra de Freud em “A interpretação dos sonhos”
de 1900, no qual, no célebre capítulo 7, ele elabora uma analogia do psiquismo com
um aparelho óptico, de como esse processa a origem, transformação e o objetivo
final da energia luminosa. Nesse modelo tópico, o aparelho psíquico é composto por
três sistemas: o inconsciente (Ics), o pré-consciente (Pcs) e o consciente (Cs).
Algumas vezes, Freud denomina a este último sistema de sistema percepção-
consciência.

O sistema consciente tem a função de receber informações provenientes das


excitações provenientes do exterior e do interior, que ficam registradas
qualitativamente de acordo com o prazer e/ou, desprazer que elas causam, porém
ele não retém esses registros e representações como depósito ou arquivo deles.
Assim, a maior parte das funções perceptivo-cognitivas-motoras do ego – como as
de percepção, pensamento, juízo crítico, evocação, antecipação, atividade motora,
etc., processam-se no sistema consciente, embora esse funcione intimamente
conjugado com o sistema Inconsciente, com o qual quase sempre está em oposição.

O sistema pré-consciente foi concebido como articulado com o consciente e, tal


como sugere no “Projeto”, onde ele aparece esboçado com o nome de “barreira de
contato”, funciona como uma espécie de peneira que seleciona aquilo que pode, ou
não, passar para o consciente. Ademais, o pré-consciente também funciona como
um pequeno arquivo de registros, cabendo-lhe sediar a fundamental função de
conter as representações de palavra, conforme foi conceituado por Freud, 1915.

O sistema inconsciente designa a parte mais arcaica do aparelho psíquico. Por


herança genética, existem pulsões, acrescidas das respectivas energias e
“protofantasias”, como Freud denominava as possíveis fantasias atávicas que
também são conhecidas por “fantasias primitivas, primárias ou originais”. As pulsões
estão reprimidas sob a forma de repressão primária ou de repressão secundária.
Uma função que opera no sistema inconsciente e que representa uma importante
repercussão na prática clínica é que ela contém as representações da coisa.
Portanto, numa época em que as representações ficaram impressas na mente
quando ainda não havia palavras para nomeá-las. Funcionalmente, o sistema
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inconsciente opera segundo as leis do processo primário e, além das pulsões do id,
tem também muitas funções do ego, bem como do superego.

1. INCONSCIENTE

1.1. Definição

É o conteúdo ausente, em um dado momento, da consciência, que está no


centro da teoria psicanalítica. O adjetivo inconsciente é por vezes usado para
exprimir o conjunto dos conteúdos não presentes no campo efetivo da consciência,
isto num sentido “descritivo” e não “tópico”, quer dizer, sem se fazer discriminação
entre os conteúdos dos sistemas pré-consciente e inconsciente.

No sentido “tópico”, inconsciente designa um dos sistemas definidos por Freud


no quadro da sua primeira teoria do aparelho psíquico. É constituído por conteúdos
recalcados aos quais foi recusado o acesso ao sistema pré-consciente-consciente
pela ação do recalque originário e recalque a posteriori. Freud acentuou desde o
início que o sujeito modifica a posteriori os acontecimentos passados e que essa
modificação lhes confere um sentido e mesmo uma eficácia ou um poder
patogênico.

Podemos resumir do seguinte modo as características essenciais do


inconsciente como sistema (ou Ics):

a) Os seus “conteúdos” são “representantes” das pulsões;

b) Estes “conteúdos” são regidos pelos mecanismos específicos do processo


primário, principalmente a condensação e o deslocamento;

c) Fortemente investidos pela energia pulsional, procuram retornar à


consciência e à ação (retorno do recalcado); mas só podem ter acesso ao sistema
Pcs-Cs nas formações de compromisso, depois de terem sido submetidos às
deformações da censura.

d) São, mais especialmente, desejos da infância que conhecem uma fixação no


inconsciente.

A abreviatura Ics (Ubw do alemão Unbewusste) designa o inconsciente sob a


sua forma substantiva como sistema; ics (ubw) é a abreviatura do adjetivo
inconsciente (unbewusst) enquanto qualifica em sentido estrito os conteúdos do
referido sistema.

No quadro da segunda tópica freudiana, o termo inconsciente é usado,


sobretudo na sua forma adjetiva; efetivamente, inconsciente deixa de ser o que é
próprio de uma instância especial, visto que qualifica o id e, em parte, o ego e o
superego. Mas convém notar que as características atribuídas ao sistema Ics na
primeira tópica são de um modo geral atribuídas ao Id na segunda. A diferença entre
o pré-consciente e o inconsciente, embora já não esteja baseada numa distinção
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intersistêmica, persiste como distinção intra-sistêmica (o ego o superego são em


parte pré-conscientes e em parte inconscientes).
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1.2. Histórico

O sonho foi para Freud o caminho por excelência da descoberta do


inconsciente. Os mecanismos (deslocamento, condensação, simbolismo)
evidenciados no sonho em “A interpretação de sonhos” de 1900 e constitutivos do
“processo primário” são reencontrados em outras formações do inconsciente (atos
falhos, chistes, lapsos, etc.), equivalentes aos sintomas pela sua estrutura de
compromisso e pela sua função de “realização de desejo”.

O inconsciente freudiano é, em primeiro lugar, indissoluvelmente uma noção


tópica e dinâmica, que brotou da experiência do tratamento. Este mostrou que o
psiquismo não é redutível ao consciente e que certos “conteúdos” só se tornam
acessíveis à consciência depois de superadas certas resistências.

O termo “inconsciente” havia sido utilizado antes de Freud para designar de


forma global o não-consciente. Freud afasta-se da psicologia anterior, por uma
apresentação metapsicológica, isto é, por uma descrição dos processos psíquicos
em suas relações dinâmicas, tópicas e econômicas. Este é o ponto de vista tópico,
que permite localizar o inconsciente.

Uma tópica psíquica não tem nada a ver com a anatomia, refere-se a locais do
aparelho psíquico. Este é “como um instrumento” composto de sistemas, ou
instâncias, interdependentes. O aparelho psíquico é concebido sobre o modelo de
um aparelho reflexo, do qual uma extremidade percebe os estímulos internos ou
externos, encontrando sua resolução na outra extremidade, a motora. É entre esses
dois pólos que se constitui a função de memória do aparelho, sob a forma de traços
mnésicos deixados pela percepção que é conservado, mas sua associação, por
exemplo, conforme a simultaneidade, a semelhança, etc. A mesma excitação
encontra-se, portanto, fixada de forma diferente nas diversas camadas da memória.
Como uma relação de exclusão liga as funções da memória e da percepção, é
preciso admitir que nossas lembranças tornam-se logo inconscientes.

No artigo “O inconsciente” em 1915, Freud denomina-os “representante da


pulsão”. Com efeito, a pulsão, na fronteira entre o somático e o psíquico, está aquém
da oposição entre consciente e inconsciente; por um lado, nunca se pode tornar
objeto da consciência e, por outro, só está presente no inconsciente pelos seus
representantes, essencialmente o “representante-representação”.

Para Freud, é pela ação do “recalque” infantil que se opera a primeira clivagem
entre o inconsciente e o sistema Pcs-Cs. O inconsciente freudiano é “constituído”,
apesar de o primeiro tempo do recalque originário poder ser considerado mítico; não
é uma vivência indiferenciada.
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2. PRÉ-CONSCIENTE

2.1. Definição

Como substantivo, designa um sistema do aparelho psíquico nitidamente


distinto do sistema inconsciente (Ics); como adjetivo, qualifica as operações e
conteúdos desse sistema pré-consciente (Pcs). Estes não estão presentes no
campo atual da consciência e, portanto, são inconscientes no sentido “descritivo” do
termo, mas distingue-se dos conteúdos do sistema inconsciente na medida em que
permanecem de direito acessíveis à consciência (conhecimentos e recordações não
atualizados, por exemplo).

Do ponto de vista metapsicológico, o sistema pré-consciente rege-se pelo


processo secundário. Está separado do sistema inconsciente pela censura, que não
permite que os conteúdos e os processos inconscientes passem para o Pcs sem
sofrerem transformações.

No quadro da segunda tópica freudiana, o termo pré-consciente é sobretudo


utilizado como adjetivo, para qualificar o que escapa à consciência atual sem ser
inconsciente no sentido estrito. Do ponto de vista sistemático, qualifica conteúdos e
processos ligados ao ego quanto ao essencial, e também ao superego.

2.2. Histórico

Desde cedo Freud estabelece a diferença durante a elaboração de suas


considerações metapsicológicas. Em “A interpretação de sonhos” em 1900, o
sistema pré-consciente está situado entre o sistema inconsciente e a consciência;
está separado do primeiro pela censura, que procura barrar aos conteúdos
inconscientes o caminho para o pré-consciente e para a consciência; na outra
extremidade, comanda o acesso à consciência e à motilidade.

3. CONSCIENTE

3.1. Definição

No sentido descritivo, é a qualidade momentânea que caracteriza as


percepções externas e internas no conjunto dos fenômenos psíquicos. Segundo a
teoria metapsicológica de Freud, a consciência seria função de um sistema, o
sistema percepção-consciência (Pcs-Cs). Do ponto de vista tópico, o sistema
percepção-consciência está situado na periferia do aparelho psíquico, recebendo ao
mesmo tempo as informações do mundo exterior e as provenientes do interior, isto
é, as sensações que se inscrevem na série desprazer-prazer e as revivescências
mnésicas. Muitas vezes Freud liga a função percepção-consciência ao sistema pré-
consciente (Pcs-Cs).
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Do ponto de vista funcional, o sistema percepção-consciência opõe-se aos


sistemas de traços mnésicos que são o inconsciente e o pré-consciente: nele não se
inscreve qualquer traço durável das excitações. Do ponto de vista econômico,
caracteriza-se pelo fato de dispor de uma energia livremente móvel, suscetível do
sobre-investir este ou aquele elemento (mecanismo da atenção).

A consciência desempenha um papel importante na dinâmica do conflito


(evitação consciente do desagradável, regulação mais discriminadora do princípio de
prazer) e do tratamento (função e limite da tomada de consciência), mas não pode
ser definida como um dos pólos em jogo no conflito defensivo.

3.2. Histórico

Uma vez recusada a identificação do psiquismo com o consciente, restava a


Freud investigar em que condições precisas o psiquismo vem a adquirir essa
propriedade de ser consciente. A questão podia ser formulada então em dois
terrenos. Seja um terreno reflexivo, numa determinação conceitual mais ou menos
tributária da tradição; seja a partir do saber acumulado pela psicanálise. O primeiro
desses pontos de vista é demonstrado na época da correspondência com Fliess,
quando Freud recorre a Lipps. De fato, no tempo do “Projeto para uma psicologia
científica”, Freud se distanciará de Lipps na medida em que falará de deslocamentos
de energia psíquica ao longo de certas vias associativas e da persistência de traços
quase indeléveis.

Considerando o consciente, pré-consciente e inconsciente, cuja significação


não é mais puramente descritiva, vamos admitir que o pré-consciente está mais
próximo do consciente que o inconsciente e, o latente ao pré-consciente.

Do primeiro ponto de vista, “a consciência constitui a camada superficial do


aparelho psíquico”. Em outras palavras, escreve Freud em “O eu e o isso”, “vemos
na consciência uma função que atribuímos a um sistema que, do ponto de vista
espacial, é o mais próximo do mundo externo. Essa proximidade espacial deve ser
entendida não apenas no sentido funcional, mas também no sentido anatômico.
Assim também nossas pesquisas devem, por sua vez, tomar como ponto de partida
essas superfícies que correspondem às percepções”.

A própria análise do “tornar-se consciente” tira partido dessa referência à


percepção:

“Eu já havia formulado em outro lugar a opinião de que a diferença


real entre uma representação inconsciente e uma representação pré-
consciente (idéia) consistiria em que a primeira se refere a materiais
que permanecem desconhecidos, ao passo que a última (a pré-
consciente) estaria associada a uma representação verbal. Esta será
a primeira tentativa de caracterizar o inconsciente e o pré-consciente
sem recorrer às suas relações com a consciência”.
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BIBLIOGRAFIA

FREUD, SIGMUND Obras Psicológicas Completas versão 2.0

ROUDINESCO, ELISABETH - Dicionário de Psicanálise, Jorge Zahar Editor, RJ-


1997.

LAPLANCHE E PONTALIS – Vocabulário da Psicanálise, Martins Fontes, SP-2000.

KAUFMANN, PIERRE – Primeiro Grande Dicionário Lacaniano, Jorge Zahar Editor,


RJ-1996.

ZIMERMAN, DAVID E. – Fundamentos Psicanalíticos, Artmed, RS-1999.

CHEMAMA, ROLAND - Dicionário de Psicanálise Larousse, Artes Médicas, RS-


1995.

NICOLA ABBAGNANO, Dicionário de Filosofia – Martins Fontes, SP-2000

HANNS, LUIZ – Dicionário Comentado do Alemão de Freud, Imago, RJ-1996.

FENICHEL, OTTO, Teoria Psicanalítica das Neuroses, Atheneu, SP-2000

http://www.freud.rg3.net/

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