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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Humanas


Curso de Psicologia

ISABELLY BRAGA DE BARROS – G18JHH3:

PSICOLOGIA DO COTIDIANO

Relatórios de Observação – 15 horas

Campus
São Paulo – 2023
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Psicologia do Cotidiano – 2023

1 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 24/02 (quinta-feira)
Horário de Início: 16:55 Horário de Término: 17:45
Duração: 40 minutos

Local da observação: Igreja Nossa Senhora do Carmo (Capão Redondo)

Registro de Observação:
A igreja católica é localizada em frente à estação Capão Redondo e a um
ponto de ônibus, então havia muita movimentação na região, ouvia vários carros
passando e pássaros assobiando, e o clima estava ameno.
Entrei no local as 16:55, neste horário é mais vazio, pois a próxima missa
seria apenas às 19h. A igreja é relativamente grande, com vários bancos de madeira
acolchoados, quadros de Jesus, uma estátua de nossa Senhora do Carmo a
esquerda, perto de uma porta escrito “santuário do santíssimo”, enquanto ao centro
tinha o altar, Jesus em uma cruz enorme e a direita tem uma estátua de São
Francisco de Paula.
Me sentei próximo à entrada, vendo praticamente todo o interior da igreja e
ainda tinha uma visão parcial da rua, onde algumas pessoas passavam fazendo o
sinal da cruz. Dentro da igreja havia apenas outras 2 pessoas, um homem grisalho,
segurando um terço, ajoelhado em um banco próximo ao altar central e uma mulher
mais jovem, aparentemente usando uniforme do trabalho, pois tinha o logo da
empresa, estava sentada alguns bancos atrás, mexendo no celular. Ambos
permaneceram desta forma por cerca de 15 min, quando ela se levantou para ir
embora imaginei que não olharia para trás, já que permaneceu o tempo todo no
celular, mas ao chegar à porta ela se virou e fez o sinal da cruz antes de se retirar.
Já o homem grisalho se direcionou ao santuário, fez o sinal da cruz e entrou.
Alguns homens de mochilas se ajoelharam ao fazer o sinal da cruz na entrada
da igreja, foram até a estátua de nossa Senhora repetiram o mesmo sinal na testa,
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boca e peito, reparei que trabalhavam lá, pois além de demostrarem mais
religiosidade comparado aos demais, eles destrancaram uma porta, entraram e logo
após saíram sem as mochilas.
Uma mulher e um homem chegaram juntos, eles carregavam mochilas, então
supus que provavelmente estavam voltando do trabalho, porque as pessoas do meu
convívio vão trabalhar com mochila, eles fizeram o sinal da cruz, se sentaram
próximos a saída e ficaram conversando por cerca de 25 minutos. Ao se retirarem,
ouvi ela dizer “quero pegar uma santinha”, se direcionando a uma mesa ao lado da
porta, que eu não havia percebido até o momento, pegou um papel e saíram, sem
fazer o sinal da cruz.
Quando o homem grisalho saiu do santuário, também pegou um papel e se
retirou fazendo o sinal da cruz. Decidi ir até a mesa, verifiquei que nela havia papeis
de imagens de santos com orações no verso.
Uma senhora chegou, fez o sinal da cruz, foi até a estátua de nossa Senhora,
se ajoelhou, orou e ao sair pegou um papel, sem repetir o sinal.
Um homem preto chegou silencioso, sem que eu percebesse, quando o vi ele
estava ajoelhado em um banco nos fundos, foi uma oração rápida, ele foi embora
em pouco tempo. Me toquei que os demais eram todos brancos, o que me fez
pensar que praticamente todos os meus conhecidos pretos seguem religiões de
matriz africana.
Um menino, que aparentava ter por volta de 10 anos, por sua altura e feição,
entrou rápido na igreja, andou até Jesus, fez o sinal da cruz, se virou para voltar pelo
mesmo caminho, vi que ele falava sozinho e fez um “joinha” para a estátua de São
Francisco, o que me tirou um sorriso automático, achei fofo e inocente.
Ao sair vi o menino novamente, ele estava na loja da igreja junto de uma
moça, provavelmente a mãe, julgando pela proximidade e semelhança deles,
comprando velas, ele apontou para várias coisas, mostrando quais gostava, a moça
comprou e eles saíram.

Compreensão da observação
Por não ser horário de missa, imaginei que veria mais idosos, por socialmente
ser mais comum pessoas de idade frequentarem a igreja com maior frequência, mas
não foi o que ocorreu, haviam pessoas de outras faixas etárias. Eu não imaginava
encontrar mais brancos, pois não possuía nenhuma preconcepção referente a raça
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de pessoas que frequentam a igreja católica, portanto apenas reparei quando houve
um contraste.
Foi possível observar que as pessoas mais velhas repetiam o sinal da cruz
com mais frequência, no mínimo duas vezes, se direcionavam até as imagens e
passavam mais tempo dentro da igreja orando, demonstrando mais devoção e
respeito. Enquanto, no geral, as mais novas faziam apenas uma vez (só eu não o
fiz), mexiam no celular, conversavam e não permaneciam muito tempo, algumas
nem chegavam a entrar, apenas fazendo o sinal do lado de fora.
O menino, por ainda ser criança, demonstrou respeito por meio do sinal da
cruz, porém não parecia compreender a maneira que deveria se comportar no local,
de acordo com o exigido socialmente. Por ele estar acompanhado de uma adulta,
imaginei que ele foi ensinado a seguir os costumes da família, passada de geração
em geração, isso me fez pensar quantas daquelas pessoas foram ensinadas e
quantas começaram a estudar a religião por livre e espontânea vontade.
Pensei nisso porque eu fui inserida no catolicismo pela minha família durante
a minha infância, já frequentei muitas missas, inclusive nesta igreja, sei os livros do
novo testamento de cor, fiz catequese, pós comunhão e crisma, mas atualmente não
sigo nenhuma religião.
Foi monótono realizar essa observação, 30 minutos pareceram demorar mais,
provavelmente porque era muito silencioso e havia pouca movimentação, eu
pretendia ficar mais tempo, porém todo mundo foi embora, imagino que talvez
alguém tenha tido a mesma sensação, com o tempo o silêncio incomoda.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

2 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 01/03 (quarta-feira)
Horário de Início: 17:05 Horário de Término: 17:45
Duração: 40 minutos

Local da observação: Metrô Santa Cruz até Borba Gato.

Registro de Observação:
Entrei no metrô da estação Santa Cruz às 17:05, o ar-condicionado estava
ligado, a temperatura era agradável para mim, por mais que a alta quantidade de
pessoas acabasse tornando o local um pouco mais quente.
Fiquei em pé perto da porta, para mim é mais seguro, pois por ter 1.52 de
altura não consigo alcançar a barra para me segurar. Reparei que as pessoas
usavam roupas casuais, calça jeans, camiseta básica e tênis, poucos usavam
uniforme do trabalho, a maioria estava com mochila e fone, enquanto mexiam no
celular, consegui ver que algumas jogavam, outras assistiam algo ou usavam rede
social.
As pessoas que não mexiam no celular estavam olhando para baixo ou para
cima, pareciam evitar contato visual o tempo todo. Apenas dois homens brancos de
feição jovem, conversavam em pé frente a frente, pelo que ouvi eles trabalhavam
juntos, logo que um deles desceu do metrô o outro começou a mexer no celular, não
se comunicando com mais ninguém.
Uma moça preta de cabelos escuros e cacheados entrou com o celular na
mão e fones com fio nos ouvidos, ela ficou do meu lado, reparei que usava o crachá
da empresa pendurado no pescoço, consegui ouvir a música "lovezinho" saindo de
seu fone em alto volume, por vezes ela balançava a cabeça no ritmo. Lembrei que
durante a semana ouvi muitas pessoas cantando ou ouvindo essa música, porque
está nas trends do TikTok, então imaginei que ela também utilizasse o aplicativo.
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Me peguei olhando na janela o reflexo do celular de uma moça que estava


sentada, reparei que ela conversava com alguém no WhatsApp, escrevendo
lentamente apenas com o dedo indicador, como eu não conseguia ver o rosto dela
tentei imaginar sua faixa etária, pois geralmente no meu convívio quem escreve
dessa forma são algumas pessoas mais velhas que não têm muita afinidade com
tecnologia.
As pessoas que desciam nas estações normalmente só empurravam umas às
outras, novamente evitando comunicação, pareciam desesperados para sair do
vagão, poucas avisavam que iriam descer e pediam licença.
Quando desci, por estar perto da porta não precisei empurrar ninguém, nem
pedir licença, mas as pessoas que queriam entrar não esperavam eu sair, o que me
incomodou, se eu não saísse não teria espaço para elas entrarem.

Compreensão da observação
O estilo de roupa que as pessoas estavam usando era muito semelhante, não
vi ninguém que o estilo me chamasse atenção, achei curioso o padrão ser básico
naquele vagão. Levei em consideração a região que passávamos, às vezes quando
vou para a Liberdade na Linha Azul vejo pessoas com estilos mais diferenciados.
Metrô em final de expediente, das 17 às 19 horas, é um inferno, ninguém
tentou puxar assunto com outras pessoas, nem mesmo as que estavam sem celular,
acredito que não tenham vontade de socializar com um desconhecido depois de um
dia cansativo, eu particularmente não tenho.
Me perguntei por que algumas pessoas não estavam usando o celular, pensei
nas seguintes possibilidades: simplesmente não queriam, estavam pensando em
outras coisas, estavam sem bateria ou não tinham sinal de internet, já que na maior
parte do trajeto sei que de fato não há sinal. Não haveria como obter uma resposta
sem perguntar para eles, então desfoquei desse pensamento brevemente.
O fato de a moça estar escutando uma música relativamente famosa me fez
pensar que provavelmente mais pessoas no vagão conheciam a música, já que o
TikTok possui muita influência nas músicas mais ouvidas recentemente.
A falta de paciência das pessoas que desejavam se locomover no metrô
expressa como agem diferente quando estão cansados ou estressados,
principalmente com desconhecidos.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

3 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 01/03 (quarta-feira)
Horário de Início: 17:35 Horário de Término: 18:25
Duração: 40 minutos

Local da observação: Saída da estação Borba Gato

Registro de Observação:
Desci na estação Borba Gato, enquanto saia percebi que todos preferiam ir
de escada rolante, ficavam parados no lado direito mexendo no celular, só olhavam
para frente quando chegava ao final, então resolvi contrariar e subir a escada de
concreto.
Do lado de fora o clima estava fresco, me sentei em um banco em frente a
uma árvore, do meu lado direto, próximo à rua, havia um moço vendendo pipoca, eu
conseguia sentir o cheiro, também ouvia o barulho dos carros passando.
No mesmo banco havia uma jovem de cabelo liso mexendo no celular e do
lado dela um homem branco, careca e de barba ruiva, usando um boné, também
mexendo no celular e rindo muito alto, fiquei curiosa, olhei para o celular dele
rapidamente e vi que estava no TikTok, achei engraçado como ele parecia
confortável em público, não tentou controlar a risada, nem colocou a mão na boca
para abafar o som, cobicei esse comportamento.
Vi várias pessoas passando, reparei que a grande maioria das mulheres
andavam com a mochila na frente, incluindo eu, só vi 3 homens tendo esse
comportamento, me perguntei o que levaria a isso, talvez as mulheres sejam mais
cuidadosas nestes casos ou prefiram evitar contato físico com os demais.
Após alguns minutos o homem de boné foi embora, outra moça jovem chegou
e parou em frente a outra, que ainda estava ao meu lado mexendo no celular,
portanto não reparou sua presença imediatamente, até que falasse “oi amiga, o que
tá fazendo aqui?” e ela respondeu “oi, tô esperando meu namorado, senta aí!”,
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abrindo espaço para ela, voltou a mexer no celular e depois disso não houve mais
interação entre elas.
A moça sentou ao meu lado e começou a ler um e-book, enquanto ouvia
música pelos fones Bluetooth cor verde pastel, pelo alto volume eu conseguia ouvir
a música, era algum rock que eu não conhecia, comecei a me perguntar como ela
conseguia se concentrar na leitura ouvindo aquilo, porque eu tenho o costume de ler
e acho extremamente difícil.
Mais 3 moças aparentemente da mesma idade chegaram e cumprimentaram
elas, que se levantaram, formando uma rodinha de conversa, falaram que foi
coincidência se encontrarem e sobre uma briga que teve na última aula. Depois de
conferirem o horário de decidiram ir para a faculdade juntas, a moça que estava
esperando o namorado disse que mandaria uma mensagem para ele avisando que
não iria esperar mais.

Compreensão da observação
O ambiente interferiu no meu comportamento no momento que decidi agir de
forma contrária dos demais, mesmo não sendo do meu feitio, pois geralmente eu
utilizo a escada rolante pelo lado esquerdo, sem ficar parada.
Chamou a minha atenção todos respeitarem o consenso de “esquerda livre” na
escada rolante, mesmo quando não havia ninguém subindo por este lado, percebi
que faço isso automaticamente, sem me dar conta acabou se tornando um hábito.
As pessoas podem preferir a escada rolante por puro comodismo e sedentarismo,
não querem suar, querem continuar mexendo no celular, também há pessoas que
não podem realizar muito esforço e utilizar a escada rolante se torna uma questão
de necessidade.
Quando cobicei o comportamento do homem que estava rindo alto, aquilo não
me incomodou, porque pensei que poderia me acostumar a rir, com o tempo pararia
de sentir vergonha, porém é um comportamento que pode incomodar outras
pessoas e eu não gosto de ser notada, então desconsiderei a possibilidade.
Ele me chamou tanta atenção que acabei não reparando muito na aparência das
moças, só me dei conta disso no momento que comecei a escrever o registro de
observação.
O fato de a moça demorar para notar a presença da amiga, mostra como ela
estava muito focada no celular, ignorando o ambiente e as pessoas ao redor.
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Mesmo Durante toda a conversa com as outras 3 moças que chegaram percebi que
ninguém falou o nome de nenhuma delas, apenas se referindo como “amiga”, o que
é muito utilizado na internet, principalmente no Twitter, também se tornou algo
comum nas falas do dia a dia.

Quando a moça que esperou o namorado por tanto tempo disse que iria junto
com elas imaginei que ela poderia ter cansado de ficar esperando usando o celular,
interagir com as amigas parecia mais interessante.

Eu também estava esperando meu namorado, então continuei lá mais um


pouco, pensando o que eu faria se um grupo de amigas minhas aparecesse e
concluí que eu permaneceria esperando por ele, vendo TikTok, já que esperei por
tanto tempo.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

4 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 08/03 (quarta-feira) Dia Internacional da Mulher
Horário de Início: 17:00 Horário de Término: 17:40
Duração: 40 minutos

Local da observação: Subway

Registro de Observação:
Quando entrei no Subway próximo a UNIP o céu estava escuro e ventava,
parecia que iria chover em breve, então resolvi me abrigar lá e pedir um lanche.

O local era bem iluminado naturalmente, por a janela e a porta serem


inteiramente de vidro, mas também tinha muitas lâmpadas, mesas e cadeiras, nas
mesas encostadas na parede direita havia grandes bancos acolchoados. A esquerda
estava o caixa, a estufa expositora e logo acima a tabela de preços dos lanches,
pouco a frente havia duas pias, nos fundos dois banheiros e uma porta apenas
para funcionários.

Na mesa dos fundos a direta vi duas mulheres, usavam o uniforme do


Subway de cor verde e bege, então soube que eram funcionárias, estavam sentadas
uma de frente para outra conversando.

No início da fila, em frente a estufa, tinha duas mulheres e no final um homem


moreno, que reparei estar usando roupa de motoqueiro para chuva e segurando o
capacete em uma das mãos e o celular em outra.

Andei até a terceira mesa da direta, depois da que as funcionárias estavam,


porque naquela havia tomada e eu precisava carregar o celular, coloquei a mochila
no banco acolchoado e ouvi o homem dizer em voz alta para todas “feliz dia das
mulheres pra vocês!” em tom animado. Naquele momento reparei que ele era o
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único homem lá, as funcionárias do caixa e da estufa eram mulheres,


sincronicamente todas nós dizemos “obrigada!”.

Fui para a fila e o moço disse para funcionária deixar eu passar na frente
dele, achei gentil, agradeci e ele comentou que não tinha pressa porque iria esperar
a chuva passar.

Pedi o teriyaki vegano, a funcionária me perguntou se eu era vegana ou


vegetariana e informou qual opção de queijo vegano possuía, depois perguntou se
poderia colocar o meu lanche no forno junto com o do moço, que possuía carne, eu
autorizei.

Realizei o pagamento e sentei virada de costas para a porta de entrada, a


primeira moça da fila foi embora e a segunda se sentou na mesa a minha frente.
Olhei para a janela atrás de mim enquanto abria o meu lanche e vi que moço estava
em pé na área externa coberta, onde tinha algumas cadeiras e mesas redondas, vi
que ele tinha colocado a bolsa de entrega vermelha do Ifood e seu capacete em
cima de uma delas.

Coloquei meu celular para carregar, ia começar a comer o lanche quando ouvi
barulho de chuva forte e a luz acabou, mas ainda dava para ver bem devido a luz
natural. Olhei para trás novamente e vi que ventava tão forte que a moto do moço
caiu no chão, na hora ele colocou as duas mãos na cabeça como sinal de
preocupação, depois pegou a moto na rua e a moveu para a área externa coberta
para protegê-la.

Uma funcionária que estava na mesa disse “fala para ele entrar” para a
atendente do caixa, que era uma senhora de cabelo loiro com visíveis fios brancos,
olhos claros e linhas de expressões, ela abriu a porta e perguntou para o moço se
ele gostaria de entrar, mas ele recusou, provavelmente ele quisesse ficar perto da
moto por precaução. Ela fechou a porta, desligou o disjuntor que ficava ao lado,
secou a água que havia entrado usando um pano, sentou em uma cadeira próxima a
porta, deitou a cabeça na mesa e permaneceu assim por um tempo, talvez tenha
dormido.

A moça loira de cabelo liso que estava na minha frente deixou o lanche na
mesa, foi até a porta gravar um vídeo da chuva, depois voltou para seu lugar,
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começou a comer o lanche mexendo no celular. Ao terminar de comer ligou para


alguém, ouvi ela dando conselhos e reclamando da chuva, depois que desligou
continuou a mexer no celular até o final da observação.

Ouvi uma das funcionárias na próxima mesa dizendo para a outra “logo no
seu primeiro dia”, elas riram, então a funcionária nova perguntou se demoraria muito
tempo para a luz voltar e a outra disse que dependeria da chuva, depois elas se
levantaram, fecharam a estufa de exposição, entraram pela porta para funcionários e
não voltaram mais.

Compreensão da observação:
O comportamento do homem foi daquela forma porque era 8 de março, Dia
Internacional da Mulher, me perguntei como ele se comporta no dia a dia, se ainda
seria gentil e respeitoso, de qualquer forma fiquei grata, pois tem pessoas que nem
se lembram ou não dão importância para esse dia.

A atenção e cuidado que tiveram com o meu pedido por ser vegano, fez com
que me sentisse acolhida, o que me deixa mais confortável para retornar lá com
frequência, sem ter medo de errarem meu pedido ou não ter opções. É algo que
deixa claro a importância de “costumer care”, já fui em muitos Subways e nunca me
fizeram essas perguntas, apenas nesse, é algo particular do local, pois em outras
ocasiões anteriores outras funcionárias também me fizeram aquelas perguntas,
imagino que a gerente tenha reforçado esse comportamento.

Eu havia me sentado próxima a tomada para carregar meu celular, então


quando a luz acabou fiquei chateada, me importei mais com isso do que com o fato
de ter que comer no escuro. Sorte que a moça loira que estava na minha frente tinha
bateria, porque ela não largou o celular nem por um minuto enquanto comia, eu
degustei cada pedaço do meu lanche com atenção durante a observação, ela
parecia tão focada no celular que acredito que não tenha prestado tanta atenção nos
sabores que experimentava. Ao ouvir ela reclamando da chuva na ligação imaginei
que ela pudesse ter postado o vídeo que gravou em alguma rede social reclamando,
pois vejo várias pessoas nas minhas redes fazendo isso.

Quando o moço viu a moto caindo foi possível identificar por meio da sua
linguagem corporal a preocupação que ele sentia com a moto, pois desde criança eu
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via em desenhos animados os personagens colocando as mãos na cabeça em


situações de susto, preocupação ou estresse, cresci vendo isso no dia a dia e até
mesmo reproduzindo esse comportamento involuntariamente. Por mais que tenham
falado para ele entrar, ele permaneceu perto da moto o tempo todo, ainda que a
chuva e o vento só piorassem, correndo o risco de ficar doente, por isso supus que
ele tinha apreço pela moto ou talvez não fosse dele, já que possuía a bolsa de
entrega do Ifood.

Tendo em vista que as funcionárias tinham tempo livre, puderam descansar


sem preocupação, mas ainda assim a funcionária nova demonstrou ansiedade
quando questionou se demoraria para a luz voltar, me perguntei se seria porque ela
queria poder trabalhar mais ou se só gostaria de saber quanto tempo livre teria.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

5 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 13/03 (segunda-feira)
Horário de Início: 17:00 Horário de Término: 18:00
Duração: 1 hora

Local da observação: Padaria Coimbra (Capão redondo)

Registro de Observação:
Estava chovendo, temperatura de 22⁰C, ao entrar verifiquei que tinham cerca
de 22 pequenas mesas para duas pessoas, próximas umas das outras, 11 delas
tinham um porta guardanapo com o número e um botão para solicitar atendimento,
me sentei na mesa número 2, ao fundo da padaria, onde possuía uma visão ampla.

Tinha diversos painéis quadrados de luz amarela espalhados pelo teto,


tornando o ambiente mais aconchegante, a minha frente estavam todas as demais
mesas, o caixa, uma alta estufa expositora de bolos no centro, geladeiras
expositoras aos fundos com produtos, logo a direita a estufa de pães e doces e
próximo a mim um balcão com alguns bancos onde quem fosse se alimentar no local
realizava os pedidos.

As paredes eram de azulejo branco, exceto a parede esquerda, que era de


tijolinhos marrom, nela inteira tinha janelas retangulares verticalmente e uma porta
dando acesso para a área externa da padaria, onde havia algumas mesas, pela
janela mais próxima vi duas moças tomando cerveja.

Haviam várias televisões ligadas ao redor, uma na parede esquerda, duas na


direita, passando apenas anúncios no mudo, uma atrás de mim conectada no jornal
da Band e por fim uma na coluna espelhada no centro do local conectada no jornal
da Record, essas estavam com o som ligado.
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Placas de madeira escura e letras vermelhas penduradas no teto indicavam


os respectivos locais, como “doces, pães, caixa, toallet etc”, mas uma placa
específica me chamou atenção, ela estava colada na coluna espelhada e tinha
escrito “Bebidas alcoólicas apenas após as 10h da manhã. Por favor não insista”,
não me recordo de ter visto isso em outros locais antes, se tem placa, tem história.

Todos os funcionários usavam um avental e um cap, ambos da cor vinho, um


garçom de pele morena e estatura mediana veio em minha direção, colocou o
cardápio na mesa sem dizer uma palavra e voltou para perto do balcão, acho que
nem olhou para mim.

Dei uma olhada no cardápio, mas nada me agradou, então fui até o balcão e
pedi um pão de queijo, o atendente se parecia com o outro fisicamente, ele né
chamava de “minha querida, meu bem e meu amor”, sempre olhando para mim
enquanto falava. Voltei para a mesa, enquanto eu comia o garçom veio até minha
mesa e pegou o cardápio, novamente sem se comunicar.

Todas as pessoas que estavam sozinhas nas mesas comiam mexendo no


celular, exceto eu, nenhuma delas assistia TV. Na minha esquerda um homem e
uma mulher conversavam, ambos eram brancos, tinham cabelo escuro, pela feição
ela aparentava ter cerca de 40 anos e ele um pouco menos, enquanto um comia o
outro falava gesticulando, mas logo foram embora.

Perto do balcão havia uma senhora e uma jovem adolescente que juntaram
duas mesas, vi várias sacolas de compras nas outras duas cadeiras livres, na mesa
ao lado havia um senhor grisalho de óculos, ele estava olhando para a TV atrás de
mim, às vezes virava para a mesa delas para comentar algo, mas a senhora não
falava muito, enquanto a adolescente só mexia no celular. Como isso se repetia com
frequência imaginei que estivessem juntos, procurei por alianças, mas eles não
usavam, depois de meia hora uma mulher chegou, foi até a mesa deles, os
cumprimentou, sentou junto ao senhor, confirmando que estavam de fato juntos,
elas começaram a tirar das sacolas caixas de sapato e mostraram para a mulher,
imaginei que pudessem ser da mesma família, mas além do fato de serem todos
brancos, não havia semelhança.

Por estar chovendo uma funcionária andava entre as mesas passando pano
com um rodo para manter o chão seco. Teve um momento que ela parou em frente
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a TV da coluna espelhada juntamente do garçom que havia me atendido, ele


apontou para a TV e falou sobre o alagamento.

Uma moça branca e loira estava sozinha em uma mesa mexendo no celular,
pela feição parecia entediada, até que um senhor chegou animado e cumprimentou
ela com um beijo na testa e um abraço, ela abriu um sorriso enorme, bloqueou o
celular, colocando-o na mesa, e começou a conversar com o senhor.

Durante a 1 hora de observação contei 8 homens usando boné, o que me


intrigou, pois estavam em um lugar fechado em um dia de chuva.

Quando me levantei para ir embora passei perto do balcão e vi um senhor


preto e magro contando moedas em cima da bancada, enquanto o atendente
observava.

Compreensão da Observação:
A maioria das pessoas comiam pão e tomavam café, apenas as moças do
lado externo da padaria tomava cerveja, o clima frio justifica esse comportamento
geral, pois é preferível bebidas quentes.

A placa indicando o horário para venda de bebida alcoólica me chamou


atenção, porque se tem placa tem história. O que pode indicar um certo controle
social do ambiente, que busca limitar o comportamento dos clientes. Me perguntei o
que teria acontecido para que tomassem a decisão de colocar a placa.

A falta de comunicação e de atenção por parte do garçom pode refletir uma


certa impessoalidade e distanciamento nas interações sociais. Eu encarei como falta
de profissionalismo, tendo em vista que todos os demais me trataram muito bem.

O fato de muitos clientes estarem comendo e mexendo no celular, deixa em


evidência um certo isolamento social. Muitas vezes deixam de se comunicar com
pessoas conhecidas, não aproveitando o momento com elas.

Já os clientes que interagem, como o homem e a mulher que conversam


gesticulando, ou o senhor que chega animado para cumprimentar a moça loira, pode
indicar a necessidade humana de se conectar e se relacionar, mesmo em ambientes
públicos e desconhecidos.
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Percebi um comportamento meu, depois de comer o pão de queijo comecei a


rasgar o papel em vários pedaços, que pode ser visto como um comportamento
impulsivo ou nervoso, acredito que tenha sido por ansiedade.

Finalmente, a descrição do senhor preto magro contando moedas em cima da


bancada pode refletir a desigualdade social e a precariedade financeira que muitas
pessoas enfrentam. Fiquei na dúvida se ele não sabia como funcionava o esquema
de comandas.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

6 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 19/03
Horário de Início: 12:00 Horário de Término: 14:00
Duração: 2 horas

Local da observação: Lixo extraordinário (documentário)

Registro de Observação:
Vik Muniz é um artista plástico brasileiro radicado no EUA, que mistura arte
com projetos sociais, ele decidiu ir para o maior aterro sanitário do mundo, em
volume de lixo recebido, chamado Jardim Gramacho em Duque de Caxias, Rio de
Janeiro, junto de seu colega de trabalho Fábio, para produzir arte e o dinheiro ganho
seria para ajudar os catadores.
Quando a esposa dele pergunta “como será a questão da saúde se você
trabalhar com eles? Não é exatamente seguro fazer o que eles fazem” ele responde
que eles não questionam isso, porque é daí que eles comem, que é difícil criar
suposições e seria necessário ir até lá para descobrir o que eles precisam.
Vik diz que não tem a mínima ideia se eles aceitariam trabalhar no projeto,
pois devem ser as pessoas mais insensíveis, são viciados, o lugar onde vivem é o
fim da linha, onde tudo que não é bom vai, que “o tipo de pessoas que trabalham lá,
na sociedade brasileira, não são muito diferentes do lixo” e acredita que a coisa mais
tóxica na cultura e sociedade brasileira é o classicismo.
Ao chegar no aterro ele diz não ser tão ruim como ele achava, porque as
pessoas estavam conversando e não pareciam deprimidas, mas orgulhosos do que
faziam. Por exemplo o catador Tião achou um livro de Maquiavel no aterro, decidiu
ler e gostou, uma coisa simples o deixou feliz, ele disse que não tem nada do que
reclamar da vida e que a filha dele quer ser psicóloga, ele que dar uma vida melhor
para ela.
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A catadora Suelen de 18 anos trabalha desde os 7, relatou que acredita que


isso seja melhor do que viver de prostituição, o trabalho no aterro é o que a mantém
viva, mas vê coisas desagradáveis, uma vez encontrou um neném morto no lixo e se
assustou. Ela paga R$15 por semana por um quarto no aterro, só vai para casa de
duas em duas semanas para ver seus filhos pequenos, às vezes ela vai e volta no
mesmo dia, o pai deles trabalha em uma boca de fumo e não sabe que ela é
catadora.
Quando eles estão catando lixo veem coisas de classe alta, como sapatos
chiques e revistas por assinatura, assim conseguem classificar como “lixo de rico”, já
os pobres não possuem coisas de qualidade e jogam o lixo fora em sacolinhas.
Vik mostrou aos catadores as fotos que tirou, levou eles para o estúdio, juntos
transformaram o lixo em arte, eles ficaram emocionados com o trabalho e não
queriam mais voltar para o aterro sanitário, Fabio disse que quando chegaram ele
achava que eles estavam felizes trabalhando lá, mas agora percebeu que era
negação, não queria levá-los para Londres porque isso poderia mexer com a mente
deles.
Mas Vik achava que talvez a mente deles precisasse ser mudada, que não
traria danos piores do que já foi feito na vida deles, eles podem ver outra realidade e
pensar em formas de sair do aterro. Então ele levou o catador Tião para Londres
para ver o leilão de sua foto representada com lixo chama “Marat”, que foi vendida
por 100 mil reais, ele se emocionou muito, chorou e agradeceu ao Vik.
Os catadores foram ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro ver a exposição
das obras que fizeram e deram entrevistas, uma das catadoras disse que nunca
havia entrado em um museu, que nunca esperava ter uma foto dela no museu,
porque se via muito pequena.
Após o final do projeto Vik disse que passou metade da vida querendo tudo e
não tendo nada, mas agora ele tem tudo e não quer nada, não tem tanta ambição
material como tinha antigamente. Ele não sabia que se envolveria tanto com as
pessoas durante o projeto, percebeu que os catadores são ótimas pessoas, apenas
não tiveram muita sorte, vivem vidas difíceis, mas seguiram em frente e isso é
inspirador, no final das contas elas que ajudaram ele.
Os catadores receberam os quadros e penduraram em suas casas simples, a
catadora Magna disse que antes ela tinha vergonha de dizer que trabalhava no
aterro, mas depois de participar do projeto ela contou para a família inteira e agora
20

sente orgulho do que faz. O dinheiro arrecadado os ajudou a saírem do aterro e


seguirem seus sonhos, tendo uma qualidade de vida melhor.
Compreensão da observação:
Vik teve uma preconcepção ao imaginar que os catadores não questionavam
sua saúde, quando na verdade eles faziam manifestações e greves exigindo
condições melhores ao prefeito. Ele achava que as pessoas seriam viciadas e
insensíveis, mas foi provado o contrário, ele conheceu vários trabalhadores
honestos, que apenas não tiveram oportunidades melhores, pais e mães de família
que só queriam dar uma vida de qualidade para os filhos, mesmo sendo ignorados
ou até mal vistos pela sociedade.
No aterro os lixos das mansões milionárias se misturam com os lixos das
favelas, no final tudo vai pro mesmo lugar, não interessa se você é rico ou pobre.
Muitas pessoas deixam o saco de lixo na calçada e vão pro sofá assistir TV, sem
nem imaginar para onde o caminhão de lixo vai, não param para pensar na
importância da reciclagem para o meio ambiente.
Aquelas pessoas tinham condições de vida precária, foram marginalizadas e
excluídas da sociedade, trabalhar com lixo acabou sendo a opção mais viável e
digna, eles trabalhavam felizes simplesmente por não estarem cometendo nenhum
crime. Não lhes foram ofertados trabalhos de qualidade, portanto não tinham
perspectiva de desenvolvimento por nunca terem nenhum contato com isso. O
projeto abriu os olhos deles mostrando que existiam oportunidades muito melhores,
obviamente eles não iriam querem voltar para o aterro, pois agora tinham
consciência do que poderiam alcançar.
Vik vivia em Londres, tinha uma vida de qualidade, mas ainda assim olhou
para o aterro e quis fazer algo a respeito, foi uma atitude nobre, porém ingênua, ele
ajudou algumas pessoas, ao final foi possível observar que os principais
participantes do documentário conseguiram sair do aterro com o dinheiro que
ganharam, porém não foi possível trazer qualidade e segurança para os catadores
que continuaram trabalhando lá, a herança classicista permanece, com condições
de trabalho deploráveis, até porque se todos os catadores largassem esse trabalho
sofrido não haveria ninguém para exercer essa função social que é extremamente
importante, mas não é reconhecida, nem valorizada.
Tião, o presidente da Associação de Catadores de Lixo do Aterro Sanitário de
Gramacho, ao final do documentário foi entrevistado pelo Jô, ele saiu do lixo para a
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televisão, tendi a oportunidade de falar sobre as causas da associação, essa


visibilidade foi fundamental para dar consciência para o povo, ele teve o merecido
reconhecimento, eles não apenas transformaram lixo em uma arte extraordinária,
também transformaram suas próprias vidas.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

7 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 12/03
Horário de Início: 13:00 Horário de Término: 15:00
Duração: 2 horas

Local da observação: O perigo de uma história única (TED)

Registro de Observação:
Chimamanda morava na Nigéria, mas lia livros infantis britânicos e
americanos, então escrevia exatamente o tipo de história que lia, com personagens
brancos que brincavam na neve, ela nunca havia estado fora da Nigéria e lá não
tinha neve. Isso demonstra como somos impressionáveis e vulneráveis face a uma
história, principalmente quando somos crianças.
As coisas mudaram quando ela descobriu os livros africanos, não haviam muitos,
mas devido a eles ela descobriu que meninas da cor dela também podiam existir em
livros na literatura.
Quando Chimamanda tinha 8 anos sua família contratou um menino chamado
Fide como empregado, a única coisa que a mãe dela disse sobre ele é que vinha de
uma família muito pobre. Um dia foram visitar a família dele e Chimamanda viu um
cesto com um padrão lindo feito pelo tio dele e ela ficou surpresa por pessoas
pobres conseguirem criar alguma coisa.
Com 19 anos ela foi estudar em uma universidade nos EUA, a colega de
quarto ficou surpresa por Chimamanda falar inglês tão bem, pois não sabia que na
Nigéria falavam inglês. Ela presumiu que Chimamanda não sabia usar um fogão,
entre muitos outros preconceitos, sentiu pena dela por ser africana, porque ela tinha
uma única história da África.
Depois de passar vários anos nos EUA ela começou a entender a visão das
pessoas, as imagens populares passam a impressão de que a África é um lugar com
negativo, com várias paisagens bonitas e pessoas passando fome. Chimamanda
23

ouviu histórias infindáveis sobre os Mexicanos durante a migração, que ficou imersa
na cobertura da mídia, assimilando uma única história a eles, é assim que é feito,
mostre um povo como somente uma coisa repetidamente e será o que eles se
tornarão.
Existir somente em histórias negativas é superficializar a experiência e
negligenciar as muitas outras histórias que formam a totalidade. A única história cria
estereótipos, e o problema não é que sejam mentiras, mas que sejam incompletos,
pois fazem uma história tornar-se a única história, roubando das pessoas sua
dignidade.
É necessário se relacionar com todas as histórias de um lugar ou pessoa, se
a colega de quarto dela tivesse contato com outras histórias da Nigéria não teria
preconcepções a respeito de Chimamanda, mas ela apenas teve contato com
histórias negativas.
Todas as histórias importam, podem capacitar e humanizar, histórias podem
destruir a dignidade de um povo, mas também podem repara essa dignidade
perdida.
Quando rejeitamos uma única história, percebemos que nunca há apenas
uma história sobre algum lugar ou pessoa, reconquistamos um tipo de paraíso.

Compreensão da observação:
Como ela não via pessoas da cor dela nos livros que lia quando era criança,
ela achava que não tinha espaço para ela na literatura e começou a desejar coisas
que havia nos países representados nos livros, portanto ao escrever ela limitava
suas ideias a coisas desconhecidas. É extremamente importante que as crianças se
sintam representadas em livros, que escrevam sobre coisas que têm acesso no dia
a dia, não apenas o que veem em outros livros ou na televisão.
Chimamanda sofreu muito preconceito durante sua trajetória, porém também
teve suas próprias preconcepções a respeito de outros povos, deixando claro que
estereotipamos as pessoas inconscientemente, sem nenhuma intenção ruim, muitas
vezes até de forma inocente.
A frase “mostre um povo como somente uma coisa repetidamente e será o
que eles se tornarão” é a mais pura verdade, independentemente de serem
estereótipos considerados bons ou ruins. O Brasil, por exemplo, é conhecido
mundialmente por ser o país do futebol, do carnaval e mulheres bonitas, mas nem
24

todo brasileiro sabe jogar futebol ou se quer gosta do esporte, é uma definição muito
incompleta, existem outras mil coisas que podem ser ditas sobre o Brasil, mas que
não são representadas na mídia.
Ter preconceitos a respeito de um lugar ou pessoa limita nossa capacidade
de observação, porque torna as coisas muito pequenas e simples, quando na
verdade são enormes e complexas, é necessário ter muita atenção aos detalhes,
para assim ter uma compreensão maior e conseguir se colocar no lugar do outro
quando necessário.
25

Psicologia do Cotidiano – 2023

8 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 17/03 (sexta feira)
Horário de Início: 15:00 Horário de Término: 16:30
Duração: 1 hora e 30 minutos

Local da observação: Sala de espera do Pronto Socorro Santa Paula (Moema)

Registro de Observação:
Era um dia quente, porém o local estava relativamente frio devido ao ar-
condicionado, senti um arrepio ao entrar pelas portas de vidro automáticas, coloquei
uma máscara e um segurança preto com um corte de cabelo tipo black, usando
óculos e terno me disse “boa tarde” e eu retribui.

Olhando ao redor rapidamente vi que a direita havia um elevador e uma mesa


de recepção feita de dois tipos de madeira diferente, uma escura e outra clara, logo
a frente duas catracas e a esquerda dois totens para retirar a senha, me direcionei a
um deles, mas estava tendo um pouco de dificuldade para entender o que precisava
fazer, o segurança deve ter percebido isso, pois se aproximou de mim para me
auxiliar, mostrou onde criar o cadastro e retirar a senha, agradeci, passei pela
catraca e um moço preto de cabelo raspado e usando terno estava sentado atrás da
mesa e também me desejou boa tarde.

O local tinha uma fileira de cadeiras da cor vinho acolchoadas em frente uma
grande mesa de atendimento dividida por quatro funcionárias mulheres usando
uniformes verdes, elas solicitavam os documentos do paciente e usavam os
computadores para registrar os dados. Na parede, acima delas, havia uma televisão
informando as senhas que estavam sendo chamadas e para qual sala deveriam se
direcionar, ao redor havia outras 3 televisões com a mesma informação, quando a
26

senha mudava tocava um “bipe”, o que me incomodava um pouco, pois eu estava


com os ouvidos inflamados.

A iluminação era fornecida por lâmpadas brancas e uma janela, as paredes


eram todas brancas, o chão tinha grandes azulejos brancos laminados, pelos quais
eu conseguia ver o reflexo das árvores do lado de fora vindo de uma ampla janela
de vidro no lado direito, na frente dela havia diversas cadeiras e um armário porta
celular com adesivos escritos “carregue seu celular de forma segura”, nele tinha
diversas gavetas com chaves e tipos de cabos diferentes dentro.

Um casal de jovens brancos, que pareciam adolescentes pela estatura, pele


lisa e feição, ambos de cabelos liso e escuro estavam sentados um ao lado do outro
em frente ao armário, talvez algum deles estivesse carregando o celular. O moço
abraçava os ombros da moça e acariciava seus cabelos, imaginei que ela estivesse
se sentindo mal e ele apenas foi acompanhá-la, após alguns minutos ela foi
chamada.

Estava bem movimentado, a maioria das pessoas usava roupas básicas,


camiseta e calça jeans, mas alguns estavam usando uniforme. Observei uma moça
jovem, robusta, branca, de cabelo castanho amarrado em um rabo de cavalo, que
usava uniforme azul-escuro, ela parecia estar com falta de ar, pois respirava pela
boca, de forma que seu peito subia e descia conforme ela inspirava e expirava, uma
mulher mais velha, de aparência semelhante à dela a acompanhava, porém, com
algumas rugas e sem uniforme.

Elas estavam sentadas próximas à janela, a mulher mais velha se levantou e


foi até a mesa no qual o segurança permanecia, enquanto eles conversavam uma
das atendentes chamou o nome “Raíssa” três vezes, aumentando o tom de voz a
cada repetição, percebi que a moça com dificuldade para respirar olhou para a
atendente e depois para a mulher que ainda conversava com o segurança, supus
que ela fosse a Raíssa, quando começou a tentar se levantar a atendente chamou
pela quarta vez, a mulher ouviu, falou “é minha filha”, se sentou em frente a
atendente. Depois de um tempo a mãe disse para filha “você tem o aplicativo do
convênio instalado?”, Raíssa pegou o celular em uma mochila que estava embaixo
da cadeira e disse não tinha o aplicativo, mas instalaria.
27

Vi uma moça do lado de fora conversando com o segurança de óculos, soube


que ela era paciente porque ainda tinha uma pulseira de papel no pulso com seus
dados e a senha de atendimento, consegui ouvir ela falando sobre sua mãe, ele
perguntou onde ela trabalhava e conversaram por um tempo, até um carro chegar,
eles se despediram e ele abriu a porta para que ela entrasse.

Uma senhora branca, magra e de cabelos brancos veio em minha direção


com a ajuda do segurança da recepção, se sentou ao meu lado e quando seu nome
foi chamado ela fez menção de se levantar, mas a atendente disse para ela
permanecer sentada, foi até a senhora, pegou seus documentos e voltou para o
computador. Em outro momento vi uma moça saindo de uma sala com o pé
enfaixado, mancando, usando muletas e sendo ajudada por um enfermeiro usando
roupas azuis.

Observei várias pessoas usando celular, 5 delas estavam sentadas em


cadeiras próximas de uma tomada usando o celular enquanto carregava, nenhum
paciente conversava entre si, apenas falando com os funcionários quando
necessário. Em alguns momentos a senha era chamada no painel diversas vezes,
eu sempre reparava porque estava esperando aminha senha e pelo som me
incomodar, quando ninguém se levantava uma pessoa usando rosa ia até lá e
chamava pelo nome da pessoa e a levava para a sala triagem.

Uma mulher branca, de olhos azuis, cabelo loiro com fios brancos e usando
óculos entrou no hospital e foi tirar dúvidas com o segurança da mesa, ouvi ele
dizendo que ela precisava colocar uma máscara, ela perguntou se lá tinha, ele
pegou uma caixa de máscaras e disse para ela “é 1 real”, a senhora fez uma
expressão que me pareceu de desapontamento e disse “vish Maria”, ele riu, parecia
um pouco sem jeito dizendo “é brincadeira, faço essa piada para deixar o clima mais
leve para os pacientes”, ela não riu, apenas pegou a máscara e entrou.

Uma moça chegou junto de uma senhora, levou ela até uma cadeira e foi falar
com o segurança na mesa, ele disse precisar de um documento, a senhora fez
menção de se levantar, a moça andou rápido em direção a ela, falou “fica sentada
mãe, me dá o seu RG” e foi entregá-lo para o segurança. Assim que ela pegou a
senha já foi chamada, devido a ter atendimento preferencial por ser idosa, a filha
dela a acompanhou em cada passo até a sala.
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Pouco tempo depois um homem chegou junto de uma idosa, ambos eram
brancos e usavam óculos, ele era grande e o cabelo estava começando a ficar
grisalho, ela era muito magra, tinha rugas e o cabelo todo branco. O homem foi até o
segurança na mesa e começou a falar em um tom alto que a mãe dele tinha um
tumor no coração, ela foi internada nesse hospital e teve alta recentemente, mostrou
alguns papéis que continham essas informações, disse que ela precisou parar de
tomar um dos remédios que estava fazendo mal para ela e que agora ela está muito
fraca, então precisava falar com o médico responsável. O segurança os deixou
entrar e pouco tempo depois um homem usando camiseta vermelha, calça e tênis
brancos saiu pelo elevador, se apresentou como sendo médico chefe da cardiologia,
conversaram um pouco e ele os levou para outro lugar.

Duas médicas saíram do elevador, estavam usando branco, de óculos,


cabelos cacheados bagunçados, pele clara e com algumas rugas aparentes, pela
feição elas pareciam estar cansadas, foram até uma sala e depois de alguns
minutos saíram de lá com papéis nas mãos, cumprimentaram os seguranças e
entraram no elevador. Vi pessoas usando uniforme azul-claro passando pelo
corredor empurrando uma maca.

O casal de jovens já tinha sido atendido, reparei que a moça estava com um
cateter no braço esquerdo, uma funcionária usando rosa foi chamá-la, ela retornou
para a sala, enquanto isso o moço mexia no celular, depois ela voltou sem o cateter,
apenas com um adesivo no braço. Eles foram até a porta automática de mãos
dadas, ficaram lá abraçados, pelo seu semblante ela parecia estar cansada, ele deu
um beijo na testa dela, nesse momento reparei que eles não usavam aliança. Ainda
abraçados ele conferiu o celular algumas vezes, imaginei que pudessem estar
esperando um Uber ou algum conhecido que iria buscá-los, pouco tempo depois um
carro chegou, eles se despediram dos seguranças e saíram.

Diversas pessoas foram até a mesa perguntando sobre exames e consultas


agendadas, o segurança explicou que deveriam ir ao Hospital Santa Paula, que fica
do outro lado da rua a esquerda, algumas pessoas não entendiam, então o outro
segurança ia até o lado de fora e apontava para onde deveriam ir.

Compreensão da observação:
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Usualmente eu vou ao SUS com a minha família no Capão Redondo, porque


é perto de casa e eles não têm convênio. O ambiente, a tecnologia, qualidade e
rapidez do atendimento desse pronto socorro são completamente diferentes do
pronto socorro do SUS, o que eu já esperava, tendo em vista que é particular e
localizado em uma região mais privilegiada que eu não teria condições de frequentar
se não fosse pelo convênio que meu trabalho me fornece.

A maioria dos pacientes usava o celular, o local ter um armário gratuito para
carregar celular reforça esse comportamento, antigamente as salas de espera
tinham revistas, hoje em dia isso é mais raro de se ver. Por todos terem que esperar
serem atendidos, é compreensível que busquem uma forma de distração, eu gosto
muito de ler, costumo andar com um livro na mochila, olhei ao redor mas não vi
ninguém lendo.

As pessoas sozinhas que não mexiam no celular apenas olhavam para algum
lugar ou tiravam um cochilo, não tentavam conversar com ninguém. Os
acompanhantes não usavam o celular, estavam dando atenção para a pessoa que
estava mal, seja conversando, fazendo carinho ou buscando informações.

O fato de eu estar com dor nos ouvidos fez com que eu prestasse mais
atenção quando ouvia o som que chamava as senhas, já as pessoas que estavam
focadas nos celulares muitas vezes não se atentavam a isso, até quando algum
funcionário chamava pelo nome havia demora. Deixando em evidência como
geralmente as pessoas ignoram o ambiente ao redor quando desviam a atenção,
provavelmente elas começaram a usar o celular como uma forma de distração no
momento de tédio durante a espera, porém se distraíram mais do que deveriam.

A Raíssa ouviu seu nome rapidamente pois estava atenta, não mexia no
celular e estava sentindo dor, provavelmente ela ansiava para ser atendida logo,
entretanto sua mãe não ouvia, pois, seu foco de atenção estava direcionando a
conversa com o segurança, tornando difícil ouvir estímulos externos, foi necessário
chamarem em um volume mais alto por 4 vezes para que ela percebesse.

Foi possível identificar que as roupas dos funcionários condiziam com suas
funções, os seguranças usavam ternos pretos, o uniforme das recepcionistas era
verde, dos funcionários da triagem rosa, dos enfermeiros azul e dos médicos branco,
estavam arrumados, tendo em vista que estavam em seu local de trabalho deveriam
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estar apresentáveis, por mais que alguns parecessem cansados. Já os pacientes no


geral roupas básicas parecidas, não estavam muito produzidos e não usavam
maquiagem, levei em conta que por estarem doentes a maioria das pessoas não se
preocuparia tanto com a aparência.

A forma como todos os seguranças foram atenciosos com os pacientes me


chamou atenção, porque é algo que eu não estou acostumada a ver, eles
trabalhavam sorrindo, por mais que repetissem a mesma coisa para diversas
pessoas não pareciam se incomodar com isso, tiravam todas as dúvidas de quem
surgia sempre com muita paciência e conversavam com todos os pacientes.

Quando o segurança fez a piada sobre a máscara eu não achei engraçado,


me coloquei no lugar da moça e me senti desconfortável, mas ao mesmo tempo
senti pena dele, por ter tentado ser legal e não ter obtido sucesso. Se ele repetiu
esse comportamento é porque foi reforçado por outros pacientes que acharam a
piada engraçada, porém acredito que agora ele tomará mais cuidado nas próximas
tentativas ou fará outras piadas.

Apenas vi um casal, os demais estavam sozinhos ou acompanhados de


familiares, me chamou a atenção o fato parecerem tão novos e estarem sozinhos lá,
certamente a menina era maior de idade para realizar um atendimento sozinha, mas
não gosto de fazer suposições a respeito de idade, porque tenho 21 anos, mas
muitas pessoas acham que sou menor de idade, o que me irrita às vezes, então me
desvencilhei desse pensamento, as aparências enganam.

Ao reparar que eles não usavam alianças me perguntei há quanto tempo eles
estariam namorando, porque foi muito legal da parte dele acompanhá-la, não ficou
mexendo no celular, o tempo todo ele permaneceu ao lado dela lhe dando atenção,
talvez fosse um relacionamento recente ou eles namoram há algum tempo, porém
preferem não usar aliança por algum motivo, fiquei curiosa, mas saber o tempo que
estão juntos não faria diferença para mim, de qualquer forma observá-los me deixou
feliz e me fez sentir falta do meu namorado.

As pessoas agiram de uma forma diferente do observado em outros locais,


elas revelaram uma empatia e preocupação com o bem-estar dos outros,
principalmente com os familiares, o fato de verem as pessoas que amam doentes
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gerou um comportamento mais atencioso, fazendo com que deixassem o celular de


lado para cuidar delas.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

9 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 17/03 (sexta feira)
Horário de Início: 17:00 Horário de Término: 18:30
Duração: 1 hora e 30 minutos

Local da observação: Shopping Ibirapuera

Registro de Observação:
Era um dia de sol, por volta de 23⁰, mas dentro do shopping estava bem
fresco, devido ao ar-condicionado. Me sentei em um banco no meio do corredor,
estava bem iluminado, no teto vi vários painéis quadrados de luz branca, as paredes
também eram brancas, mas o piso liso era um pouco mais amarelado, atrás de mim
havia uma coluna com algumas tomadas para que as pessoas pudessem carregar
seus celulares.
Na minha frente havia dois totens de localização, um stand da Ofner com
diversos ovos de Páscoa e mais ao fundo o Paris 6, já a esquerda havia duas lojas,
DNZ e Sidewalk, a frente na direita havia o Bac’s, uma escada no centro do corredor
o separava da loja da Ofner, no meu lado direito.
Uma moça estava no mesmo banco que eu, junto de quem eu supus ser seu
namorado devido a usarem alianças semelhantes, ambos eram jovens brancos de
cabelo escuro, ela estava usando o celular enquanto carregava, ele também usava o
dele, depois de 10 minutos foram embora.
O Bac’s é uma lanchonete, tinham algumas mesas e bancos próximo ao
balcão, com o menu nas paredes, contendo fotos de lanches e sucos naturais. Lá
trabalhavam 6 homens de pele morena, o movimento estava fraco, poucas pessoas
entraram no estabelecimento, mas também não vi ninguém indo ao Paris 6, pela
Páscoa ser mês que vem o local com mais movimentação era a Ofner.
Por vezes alguém foi utilizar os totens de localização, porém houve três vezes
nas quais as pessoas foram tirar dúvidas de onde os lugares ficavam para um
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segurança de terno que andava pelo corredor, eu o vi orientando dois deles,


apontando para o lado que deveriam ir. Mas um ele não soube orientar ou talvez não
tivesse a loja que a pessoa procurava, pois ele fez sinal negativo com a cabeça e
ouvi ela dizendo “ah tá bom, obrigada” ao ir embora.
As pessoas estavam usando roupas estilosas, fora do básico camiseta, calça
jeans e tênis, principalmente as mulheres adultas, observei que usavam vestidos
longos com estampas diferentes, sandálias com brilho, estavam com as unhas feitas
e boa parte tinha cabelo loiro, muitas pareciam natural, outras consegui ver que era
pintado, devido a raiz estar crescendo, além do ressecamento do cabelo. Já as
adolescentes seguiam certo padrão, usavam o mesmo tipo de calça cargo, um
cropped e tênis de marcas caras, seguindo a moda do momento.
Uma adolescente branca de cabelo liso e preto utilizava um colar cervical
Philadelphia enquanto passeava com uma mulher e um homem que pela
semelhança física imaginei que fossem seus pais, ela estava com uma expressão
séria no rosto, não sorria, nem se comunicava, por mais que os pais conversassem
de vez em quando.
Uma mulher se sentou ao meu lado, porém de costas para mim, só consegui
ver seu longo cabelo preto ondulado, ela estava em uma ligação, pelas coisas que
falou e pelo seu tom parecia um assunto sério, preferi não me atentar a isso para
não ser invasiva, depois de alguns minutos ela desligou e foi embora.
Um senhor e uma senhora de cabelos brancos e pele enrugada estavam
passeando de mãos dadas, foram até o stand da Ofner ver os ovos de Páscoa, até
que em um momento a vendedora perguntou “é para presente?” e apontou para a
loja, então eles foram para lá. Reparei que havia sete funcionários, sendo seis
mulheres e um homem branco de cabelo e barba preta, bem arrumado, que foi para
o stand levar umas caixas, conversou com a atendente que já estava lá, ele tinha
uma voz fina, gesticulava bastante e em uma frase falou “habla”, gíria comum no
twitter, principalmente entre LGBTQIAP+, então imaginei que talvez ele poderia fazer
parte da comunidade.
Enquanto isso, na loja, uma vendedora atendia o casal idoso, mostrando as
opções, ouvi ela falando de um ovo com 3 sabores de recheio diferentes, nesse
momento olhei para o stand e vi que os ovos pequenos que não aparentavam ser
recheados custavam cerca de R$150. Voltei meu olhar para o casal, eles já estavam
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na fila do caixa, percebi que o senhor carregava uma sacola da Kopenhagen, que
também é uma loja de chocolates renomada com ovos de Páscoa caros.
Ao lado da Ofner tinha uma fila no corredor, me virei um pouco e consegui ver
o logo da Bacio di Latte, que é um restaurante de gelados italianos deliciosos, eu
particularmente acho muito bom, aparentemente não era a única, já que a fila estava
grande, mas isso já era de se esperar, por ser um dia quente.
Uma moça branca de cabelo médio liso pintado de ruivo acobreado e um
pouco ressecado passava pelo corredor, logo atrás dela tinha uma menininha loira
de cabelo ondulado curto, olhou para o stand da Ofner e disse alto “olha mamãe,
que fofinho o coelhinho da Páscoa” apontando para uma pelúcia, ela deveria ter
cerca de 5 anos, julgando pela estatura e desenvoltura ao falar, a mãe dela
respondeu “fofo mesmo, filha! A Páscoa já tá chegando, vamos comer bastante
chocolate”, a menina riu e correu para alcançá-la.
Saindo da Bacio di Latte, uma moça e um moço vieram em minha direção e
se sentaram no mesmo banco, ficaram conversando olhando um para o outro, rindo
de vez em quando, ambos estavam com as pernas cruzadas, tomando gelato em
potinhos, praticamente em sincronia, quando terminaram o gelato se levantaram,
deram as mãos e foram embora.
Havia muitos idosos passeando, principalmente casais, alguns estavam
sozinhos e poucos eram acompanhados por pessoas mais jovens. Por duas vezes vi
idosas passeando em uma cadeira de rodas motorizada, uma delas estava sozinha,
já a outra estava com um homem apenas um pouco mais jovem que ela, ele falava
bastante enquanto andavam.
Teve um grupo de quatro senhoras que parou em frente a escada, uma delas
fez menção de que iria subir, então outra senhora perguntou “vamos subir de escada
mesmo?”, elas concordaram e subiram, sem nenhum problema.
Tinham algumas mesas perto da escada, em uma delas uma mulher estava
sentada em frente a um homem, ambos eram brancos, aparentavam ter cerca de 40
anos pela feição com linhas de expressão, usavam óculos e os cabelos já tinham
fios brancos misturados com os castanhos, eles mexiam nos seus respectivos
iPhones sem se comunicarem desde que iniciei a observação, agora estavam
tomando café em xícaras de porcelana branca, reparei que usavam alianças.
Um menino branco de cabelo preto curto, que pela estatura supus que tivesse
por volta de 7 anos, passou correndo perto da mesa do casal, mas eles não
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notaram, continuaram focados no celular. O menino se escondeu atrás de uma


pilastra, uma moça com as mesmas características dele, que pela feição aparentava
ter por volta de 30 anos, se aproximou, ele tentou assustá-la, ela entrou na
brincadeira falando “que susto, filho”, ambos riram e continuaram andando.
Uma moça passou pelo corredor, só consegui vê-la de costas, ela tinha a pele
morena, estava usando um short jeans, top e chinelos, em todo o tempo de
observação ela foi a única que usava roupas desse tipo.
Muitas pessoas passavam pelo corredor carregando sacolas de diversas lojas
diferentes, notei uma mulher magra que carregava algumas, ao olhar para seu rosto
era notável que ela passou por procedimentos estéticos, aparentemente Botox, pois
não tinha rugas, diferente do restante do seu corpo.
Um adolescente branco de olhos azuis, cabelo loiro, curto e liso, usando tênis,
bermuda e camiseta se sentou ao meu lado, colocou o iPhone para carregar e
continuou o usando, vi que estava trocando mensagens com alguém pelo
WhatsApp. Pouco tempo depois outro adolescente se aproximou, ele era alto,
moreno de cabelo e olhos castanhos, usava roupas semelhantes às do loiro, que ao
vê-lo disse “achei que você estava no andar de cima”, eles conversaram um pouco e
depois subiram as escadas.

Compreensão da observação:
A ambientação e as lojas do shopping Ibirapuera são diferentes do shopping
Campo Limpo, que eu costumo frequentar por ser mais perto da minha casa, esse
shopping tem coisas mais caras, tendo em vista que é localizado em Moema, então
no geral as condições financeiras de quem frequenta o local são melhores, o fato de
praticamente todos terem iPhone também deixa isso em evidência.
Quando notei as pessoas tirando dúvidas com o segurança me perguntei se elas
não notaram que havia totens de localização ali, faltando atenção, se elas não
sabiam utilizar o totem, faltando habilidade, ou simplesmente preferiam falar com ele
por outro motivo.
Foi possível observar muitas pessoas utilizando o celular, até mesmo
enquanto carregava, evitando se comunicar com quem as acompanhava, deixando
em evidência como grande parte das pessoas preferem ficar no mundo virtual a no
real.
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As pessoas utilizavam roupas de diversos tipos, a maioria de marcas que eu


considero caras pelas minhas condições, talvez elas não considerem caras.
Pareciam ter muita preocupação com a aparência, principalmente a moça com
Botox, ela investiu dinheiro para lutar contra a idade, mas acabou não ficando muito
natural, me perguntei se ela atingiu o objetivo que tinha.
Apenas uma moça usava roupas mais básicas, não sei se ela não tinha
pretensão de ir ao shopping quando saiu de casa ou se preferiu utilizar uma roupa
confortável e fresca, levando em consideração que era um dia quente.
Me perguntei o que aconteceu com garota para ela estar com o colar cervical,
se ela ainda estava sentindo dor, se queria ter ido ao shopping ou se os pais delas a
fizeram ir para não ficar sozinha, pois ela não parecia estar se divertindo muito lá.
Quando a mulher se sentou perto de mim para fazer uma ligação me coloquei
no lugar dela, eu não gostaria que desconhecidos ficassem ouvindo a minha
conversa portanto não me atentei nisso, por mais que parecesse interessante não
dizia respeito a mim, se ela quisesse que eu soubesse teria virado e conversado
comigo.
Foi interessante ver tantos idosos, após vê-los percebi que eu tinha uma
preconcepção referente a faixa etária, pois normalmente nos shoppings que eu
frequento tem mais adolescentes e quase não se vê idosos, me questionei o porquê
de ser diferente regionalmente, ainda mais porque esse shopping é perto do parque
Ibirapuera e era um dia quente, antigamente os idosos prefeririam ir ao parque, mas
hoje em dia o shopping está sendo uma opção melhor, talvez por ser mais fresco
devido ao ar condicionado, tenha coisas mais interessantes para se entreter ou eles
só precisassem comprar alguma coisa.
Eu já imaginava ver mais pessoas brancas devido a região e a classe social
que costuma frequentar o local, tendo em vista que infelizmente as minorias ainda
são marginalizadas e vivemos em um país com grande desigualdade de gênero e
raça, eu imaginei que veria poucas pessoas pretas retintas, mas não vi nenhuma,
talvez tivesse em outras partes do shopping, pois no corredor que observei vi
apenas uma mulher de pele morena passeando, usando roupas simples em
comparação as demais.
Por fazer parte da comunidade LGBTQIAP+ eu convivo com muitas pessoas
que também fazem parte, isso me fez desenvolver preconcepções com base nos
estereótipos que conheço, o que me fez pensar que o moço que trabalha na Ofner
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faça parte da comunidade, porém talvez ele não faça, não é algo que dê para se ter
certeza, não importa em quantos estereótipos a pessoa se encaixe.
Ao ver as pessoas comprando ovos de Páscoa e gelato, senti vontade de
comer também, mas fiquei só na vontade mesmo devido ao preço, por mais que eu
já tenha experimentado ambos anteriormente e sei que são bons, não tenho o
privilégio de gastar dinheiro com isso, o que me deixou um pouco chateada no
momento.
Observei quatro casais, o primeiro que se sentou próximo a mim no qual a
moça usava o celular enquanto carregava, o segundo que estava tomando gelato, o
casal mais velho que estava na mesa próximo a escada e os idosos que estavam
comprando ovos de Páscoa. Todos os quatro se comportaram de maneiras
diferentes, me questionei a quanto tempo os casais estariam juntos, pois no senso
comum o relacionamento “perde a mágica” com o tempo, porém comparando os
dois casais jovens foi possível ver um era mais afetuoso que o outro, da mesma
forma que o casal mais velho não eram tão afetuosos quanto o casal de idosos,
talvez não gostassem de demostrar carinho em local público, o que é
compreensível, mas sequer conversavam, só davam atenção para o celular. Já os
pais e mães que observei sempre conversavam com os filhos, até brincavam, dando
muita atenção para eles e evitando o celular.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

10 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 18/03 (sábado)
Horário de Início: 12:00 Horário de Término: 13:30
Duração: 1 hora e 30 minutos

Local da observação: Parque Villa Lobos

Registro de Observação:
O dia estava extremamente quente, me sentei junto a minha amiga em um
banco de madeira embaixo da sombra de palmeiras, atrás de mim havia um grande
campo aberto de grama, a frente havia um espaço que se estendia para a direita,
pelo qual pessoas passavam, do outro lado também havia bancos e palmeiras, a
esquerda estava a entrada da exposição imersiva “Monet à beira d’água”, com uma
estrutura de ferro com painéis quadrados amarelo e azul, circundando a exposição
havia um caminho de chão liso com diversas pessoas andando de patins e algumas
de skate.

Atrás, a direita, vi um grupo de homens formando uma roda na grama, a


maioria parecia estar na faixa dos 20 anos, pela feição e estatura, usando camisetas
e shorts laranja iguais, eles juntaram as mãos ao centro da roda, gritaram “1,2,3
caniballs!”, se afastaram e vi que tinha uma bola de futebol americano na grama.

Na minha frente, na grama do outro lado, havia um grupo de 16 pessoas, a


maioria também parecia estar na faixa dos 20 até 25 anos, alguns estavam sentados
próximos e os que estavam em pé se alongavam, eram todos muito flexíveis, faziam
posições que eu considero difíceis. Alguns se juntaram em pé, pegaram uma menina
branca, magra, baixa, de cabelo liso e preto, deitaram ela em seus braços, a
jogaram para o alto e depois a pegaram, achei bonito, eles próprios começaram a
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bater palma comemorando a conquista, imaginei que fossem líderes de torcida ou


algo parecido.

Tinha muitas pessoas no parque, vi mais mulheres andando de patins do que


homens, principalmente crianças, vi duas meninas que pelo tamanho e feição
pareciam ter cerca de 12 anos, elas estavam patinando rápido, sem nenhuma
proteção, uma delas disse “bora mais rápido” a outra pareceu ter mais medo, mas
acabou concordando e acelerou para alcançar a amiga. Ouvi uma moça que estava
tentando patinar, usando todas as proteções, comentando que fazia 30 anos que ela
não patinava, ela andava bem devagar, reaprendendo, enquanto as meninas
passavam por ela.

Vi um homem branco, robusto e de cabelo e barba ruiva, andando de skate


longboard descalço, ele estava usando apenas uma bermuda, deixando expostas
suas enormes tatuagens, ele fazia inúmeras manobras, uma atrás da outra, pude
observar que algumas pessoas olhavam para ele.

Atrás de mim, uma moça e um moço, ambos aparentavam ter cerca de 30


anos, eram brancos de cabelo castanho, estavam com um filhote de labrador.
Mantiveram distância um do outro, o cachorro estava no meio, eles brincaram de
bobinho com ele, às vezes o deixavam pegar a bola, eles riam bastante e faziam
carinho no cachorro sempre que iam tirar a bola da boca dele. Brincaram por um
bom tempo, depois se sentaram para descansar, se beijaram e o cachorro se deitou
no colo deles, permaneceram assim por algum tempo depois foram embora.

Ao lado avistei duas mulheres jovens sentadas em um pano na grama, elas


eram muito parecidas, cogitei se seriam gêmeas, eram brancas, com grandes
cabelos lisos preto, com corpo definido, usavam shorts suplex preto iguais, uma
usava top rosa e a outra top branco. Ambas usavam maquiagem, tinham cílios
volumosos, que pareciam ser postiços ou extensão, tinham traços bem definidos,
como nariz reto e boca carnuda, particularmente achei elas bonitas. Uma delas
pegou o celular e abriu a câmera, elas começaram a fazer várias poses juntas,
tirando várias fotos seguidas.

Um grupo de quatro pessoas passou, um moço segurava um saco com 2


pares de tênis, enquanto ajudava outro moço a andar de patins, ele usava todas as
proteções corretamente, atrás dele uma moça também estava tentando andar de
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patins com ajuda de outro homem. O moço que carregava os tênis começou a
empurrar o que estava de patins para que ele fosse mais rápido, ele se
desequilibrou, quase caiu e começou a rir junto dos demais.

Ocasionalmente um carrinho ia e voltava a exposição de Monet, sempre tinha


idosos nele, depois de algumas idas e vindas percebi que havia um adesivo de
atendimento preferencial colado ao lado, portanto era apenas para pessoas
portadoras de deficiência física, idosos, gestantes, lactantes e as pessoas
acompanhadas por crianças de colo.

Uma mulher branca, loira com alguns fios brancos, magra e alta caminhava
ao lado esquerdo de um homem com a pele um pouco mais escura que a dela, da
mesma altura e com o cabelo grisalho, logo atrás deles tinha um cachorro branco e
pequeno, ele os seguia sem coleira. Teve um momento em que o cachorro foi para a
grama a esquerda apenas para cheirar o local, a mulher olhou para trás pelo ombro
direito e ao não ver o cachorro pegou na mão do homem, que olhou a esquerda e
apontou para o cachorro, ela colocou a mão no peito em sinal de alívio.

A maioria das pessoas no parque usavam roupas simples, frescas, de tecido


leve e curtas, vi uma moça de short jeans usando a parte de cima de um biquíni para
se bronzear. Mas aquelas que iam para a exposição estavam mais produzidas, vi
algumas mulheres de vestido longo e salto alto, já os homens estavam de calça
jeans e tênis.

Um casal veio em minha direção, usavam alianças de casamento, ambos


eram brancos, loiros de olhos claros, o homem empurrava um carrinho de bebê
enorme de cor bege, nunca tinha visto um parecido. Passaram do meu lado e vi que
era um carrinho duplo, tinha dois bebês, um de frente para o outro, mas não
pareciam ser gêmeos, pois um deles era bem maior do que o outro. Eles se
sentaram na grama, nos fundos atrás de mim, a moça pegou o bebê menor e o
amamentou, enquanto o pai brincava com o outro bebê.

Olhei para o lado e as duas mulheres ainda estavam tirando fotos, dessa vez
viradas para o outro lado, fazendo poses diferentes. A de top rosa começou a fazer
ponte, uma pose da ioga, enquanto a outra filmava, ela não tinha tanta desenvoltura
e flexibilidade quanto os líderes de torcida, mas estava se saindo bem.
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Por várias vezes vi um homem de pele escura, que parecia ter tomado muito
sol, com cabelo ralo contendo vários fios brancos, e magro, mas com músculos
definidos, provavelmente desenvolvidos praticando patinação. Ele passava na minha
frente rapidamente com seus patins, sem usar proteção, fazia movimentos limpos e
manobras que eu não teria coragem, sempre desviando de obstáculos com
facilidade. Enquanto uma pessoa dava uma volta contornando a exposição, ele dava
duas, ou até três.

Avistei aos fundos, na grama, uma moça segurando uma coleira azul, ao
olhar para baixo me surpreendi, pois ela estava passeando com um gato, o que não
é algo comum de se ver. Ele era branco com manchas pretas espalhadas pelo
corpo, pelo curto e liso, ele parecia não saber o que fazer ali, cheirou a grama e
sentou.

Por mais que eu estivesse longe, consegui ouvir o grupo de líderes de torcida
gritando “1, 2, 3, 4...” ao olhar na direção deles percebi estarem contando quanto
tempo as pessoas que estavam na base conseguiam segurar a flyer (posição da
pessoa que é jogada), eles estavam com as mãos abertas, na qual ela estava em
pé, depois de 6 segundos ela se desequilibrou e eles a seguraram.

Uma das torcedoras machucou o tornozelo, a vi mancando vindo da direção


deles, enquanto se apoiava em outras duas pessoas, ela se sentou em um dos
bancos e eles enfaixaram o tornozelo dela. Permaneceram lá lhe fazendo
companhia, às vezes voltavam para o grupo e outra pessoa ia para o banco.

Ouvi o toque de uma música, que reconheci imediatamente, era o funk “Tu
conhece a Paola?”, olhei ao redor, a música provinha de uma caixa de som JBL
preta, pendurada no pescoço de um garoto. Era um grupo de quatro garotos pretos,
que pareciam ter entre 16 e 18 anos, todos eram magros, usavam boné, bermudas e
camisetas largas, dois andavam de skate e os outros carregavam seus skates nas
mãos, enquanto cantavam a música e riam.

Uma menininha branca e loira, que parecia ter 5 ou 6 anos, pela sua estatura,
estava andando em uma pequena bicicleta rosa com a ajuda de seu pai, que tinha
as mesmas características físicas, ele falou “vai em direção a mamãe, filha, vou logo
atrás de você”. Ela continuou pedalando, um pouco mais a frente vi a mãe dela, era
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branca e tinha cabelo castanho, estava segurando o celular com as duas mãos,
registrando o momento.

Compreensão da Observação:
O grupo de homens que jogavam futebol americano pode ser visto como uma
demonstração de atividade física, socialização e competição. Achei o nome
“caniballs” criativo, porém não curti muito, porque não passa uma imagem boa. Não
sabia que havia grupos de futebol americano lá. A maneira como se juntaram e
gritaram o nome do time indica uma união em torno do esporte e uma identificação
com o grupo.
Assim como eles, o grupo de líderes de torcida pareciam felizes, as
acrobacias que faziam juntos exigia habilidade, além de confiança e trabalho em
equipe. O fato de comemorarem juntos ao concluírem uma acrobacia e ajudarem a
menina que machucou o tornozelo deixa em evidência esta união.
O futebol americano e equipes de líderes de torcida são retratados em
diversos filmes e séries, por serem populares nos EUA, não esperava ver isso no
parque, o que deixa em evidência como muitos brasileiros são influenciados pela
cultura estadunidense, me perguntei se eles tinham amor pelo que estavam fazendo
ou se eram apaixonados apenas pela cultura, independente, é bom ver uma
diversidade de esportes no Brasil.
O fato de ver mais mulheres do que homens andando de patins me chamou a
atenção, pois quando eu era criança queria andar de skate, porque meu irmão mais
velho andava, mas minha mãe não deixou, por ser “coisa de menino”, então me deu
um par de patins, até hoje pratico o esporte. Imagino que hoje em dia isso não seja
tão propagado, tendo em vista que tivemos a skatista Rayssa Leal nas últimas
olimpíadas. Vi alguns meninos e homens patinando, mas vi apenas uma mulher
andando de skate, fiquei decepcionada, porém não surpresa. Sei que existem
muitos fatores que podem influenciar as escolhas individuais, além de influências
culturais e estereótipos de gênero, como diferenças nas habilidades físicas e
oportunidades.
Foi curioso ver crianças patinando em alta velocidade, sem nenhuma
proteção, podendo ser visto como irresponsabilidade ou autoconfiança em suas
habilidades. Enquanto adultos usavam todas as proteções e patinavam devagar,
demonstrando mais medo. Imagino que um fato decisivo para esse ocorrido seja que
durante a infância, o cérebro passa por um período de plasticidade neural que
permite que as crianças desenvolvam habilidades motoras de forma mais rápida e
eficiente.
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Além disso, geralmente as crianças são mais dispostas a tentar coisas novas
e a correr riscos. Elas têm mais tempo livre para se dedicarem ao esporte e ainda
não tiveram a oportunidade de desenvolver muitos medos e preocupações, que
podem limitar os adultos em tentar coisas novas.
Os adultos tendem a ter expectativas mais altas em relação a si mesmos e a
seus desempenhos, o que pode gerar ansiedade e insegurança. Essa pressão pode
limitar a capacidade dos adultos de experimentar novas atividades ou de se
concentrar na prática e na aprendizagem. Portanto têm medo de cair e se
machucarem, por isso usam proteção, mas também não querem passar vergonha.
As duas mulheres com visual semelhante que tiravam selfies demostram
valorização da imagem e aparência física, possivelmente usam as redes sociais
para postar conteúdo relacionado a um estilo de vida saudável e cuidados com o
corpo. A presença do celular e a quantidade de selfies sugere um comportamento de
busca por aprovação e validação social. Elas incentivam esse comportamento entre
si e se apoiam, tirando fotos da amiga e ajudando a gravar vídeos, demonstrando
que isso pode fortalecer uma amizade tanto quanto o esporte.
Quando vi a exposição não passou pela minha cabeça a ideia de ter um carro
para auxiliar pessoas a chegarem no local, quando percebi que tinha parei para
pensar na importância disso, pois está diretamente relacionada à inclusão social e à
acessibilidade. Se não tivesse esse carro, para mim não faria diferença, eu não teria
sentido falta, porém para pessoas que têm dificuldade para locomoção isso faria
muita diferença, pois serve para facilitar a vida dessas pessoas, permitindo que elas
se locomovam com mais autonomia e conforto, podendo acessado local sem
enfrentar barreiras, sendo incluídas e valorizadas pela sociedade.
As pessoas que estavam no parque pareciam estar lá para aproveitar o clima
quente e relaxar, usavam roupas confortáveis e leves, e algumas até usavam
biquínis e shorts para se bronzear. Isso sugere que elas estavam descontraídas e se
preocupavam mais com o conforto do que com a aparência. Por outro lado, as
pessoas que estavam indo para a exposição pareciam estar mais preocupadas em
se produzir e causar uma boa impressão, o que sugere que elas se preocupam mais
com a aparência e em se vestir de acordo com a ocasião. Acredito que muitas
tirariam fotos dentro da exposição para postar nas redes sociais, o que demonstra a
preocupação com aprovação social, assim como as moças que tiravam selfies.
É possível perceber que a maioria das pessoas presentes eram jovens
adultos na faixa dos 20 anos, o que pode indicar um ambiente de lazer e
descontração para esse público, que andam, em sua maioria, em grupos grandes.
Já as pessoas mais velhas foram vistas em família ou apenas com seus cônjuges e
animais.
Os casais que estavam com seus cachorros pareciam estar felizes, por
estarem sorrindo e brincando, isso me fez pensar em como ter um animal pode
trazer benefícios para um relacionamento amoroso, como aumentar a sensação de
companheirismo, melhorar a comunicação, promover o exercício físico e
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compartilhar responsabilidades. É possível compreender porque existem casais que


preferem ter um pet do que um filho.
A mulher que tinha perdido o cachorro de vista demonstrou uma conexão
emocional ao se preocupar com ele e um grande alívio ao vê-lo bem. Não sei se
eles têm filhos ou não, mas por serem mais velhos imaginei que existe a
possibilidade de seus filhos já serem adultos e quiseram ter um cachorro para aliviar
a síndrome do ninho vazio. Tendo em vista que o cachorro era bem treinado, sei que
eles dedicaram tempo lhe ensinando a segui-los sem coleira.
Não é comum ver alguém levando o gato para passear no parque, isso
sugere que ela é uma pessoa diferente e pode ter um estilo de vida menos
convencional. O gato não parecia estar acostumado com isso, talvez tenha sido
apenas uma experiência nova, mas achei interessante, talvez eu leve meu gato para
passear algum dia.
O grupo de garotos que estavam cantando me incomodou, porque a música
que eles colocaram em volume alto tinha conteúdo sexual explícito, por ser um local
público com crianças em volta, achei muito desrespeitoso. Eles estavam cantando e
rindo, pareciam estar gostando de chamar a atenção, como se não fosse nada
demais, se eu estivesse com uma criança ficaria irritada.
A mãe que gravava sua filha aprendendo a andar de bicicleta estava
registrando um momento importante em família com o celular, o que é uma prática
bastante comum nos dias de hoje. Essa prática tem suas vantagens, pois permite
que as pessoas guardem recordações de momentos especiais, podendo revistá-las
futuramente, trazendo à tona as emoções vividas naquele momento.
Por outro lado, o excesso de registros pode interferir na qualidade da vivência
dos momentos em família. Quando se está preocupado em capturar as melhores
imagens, pode-se acabar perdendo a espontaneidade e a naturalidade dos
momentos vividos. É importante encontrar um equilíbrio entre registrar as
lembranças e aproveitar o momento presente.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

11 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 26/03 (domingo)
Horário de Início: 14:00 Horário de Término: 14:40
Duração: 40 minutos

Local da observação: Ônibus (Terminal Bandeira)

Registro de Observação:
Era um dia de sol, com 38⁰C, por isso eu usava um vestido, ele era preto e branco e
relativamente curto. Entrei no Ônibus, o local estava abafado, mas o ar-condicionado
deixava um pouco mais confortável.
Eu ia me sentar atrás do motorista, do lado do corredor, já que os demais lugares
batiam sol, mas me lembrei de uma história que meu namorado me contou há um
tempo. Ele já trabalhou na administração da TransWolf, uma empresa de ônibus,
certo dia ele estava em uma sala com os motoristas e ouviu um deles dizendo “Para
que serve os espelhos dentro do ônibus? Para vocês verem melhor os carros e a rua
ou para olhar as pernas das meninas?”, eles riram e um deles ainda comentou “tem
que aproveitar né”.
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Desde então, sempre escolho um ponto cego para me sentar no ônibus. Me sentei
em um lugar próximo a porta, apesar do sol forte. Vi o motorista se levantando e
ajustando o espelho, mas não me preocupei, porque ali ele não conseguiria me ver.
Contando comigo, tinha oito mulheres no ônibus, cinco delas estavam com o cabelo
recém lavado. Me preocupei se elas estavam sentadas em um lugar seguro, já que
não sabia se o motorista tinha más intenções ou não.
Reparei que só dois homens usavam boné, eu imaginei que mais pessoas estariam
usando, tendo em vista a alta temperatura.
No ônibus não tinha ninguém em pé e ainda tinha alguns lugares vagos. Todas as
pessoas usavam roupas simples, bermuda, short jeans, camiseta ou regata. Me
surpreendi por ver tantas pessoas de chinelos.
Algumas pessoas mexiam no celular, mas muitas estavam olhando pela janela, me
perguntei no que estariam pensando. Um menino preto de boné vermelho passou a
viagem inteira olhando para frente, até tive a impressão de que ele demorava para
piscar.
Um moço moreno entrou, pela sua estatura e feição supus que tivesse cerca de 20
anos, ele tinha um bigode, usava óculos, bermuda, camiseta e tênis, estava com seu
cabelo preto e cacheado molhado. Foi até o cobrador, perguntou se o ônibus
passava pelo shopping Morumbi Town, ele disse que não, precisaria descer um
pouco antes, o moço agradeceu e se sentou atrás do motorista.
Reparei que quando o ônibus parava, as pessoas estavam usando o celular no
ponto, algumas entraram no ônibus ainda com o celular na mão.
Uma mulher branca, loira, de olhos azuis e robusta, usando um vestido verde
acenou para o motorista e disse “oi” ao entrar, mas não o ouvi responder.
Na maior parte da viagem o cobrador ficou mexendo no celular, precisando se
comunicar pouquíssimas vezes. Acredito que por estar entediado, em um momento
da viagem o ele começou a conversar com o motorista sobre um colega de trabalho,
ambos gritavam para se ouvirem bem, o que me incomodou bastante.
Uma senhora preta, magra, com poucos cabelos crespos grisalhos, se levantou do
lugar preferencial, pagou o cobrador e andou vagarosamente, se segurando nas
barras, até a porta da frente pra descer.
Compreensão da Observação:
Vivemos em uma triste realidade com muita objetificação das mulheres, até mesmo
em locais públicos. Isso gera um ambiente de medo e insegurança, muitas vezes me
sinto ansiosa e preciso mudar minha rotina ou evitar certos locais para fugir de
qualquer tipo de assédio ou violência.
Me preocupei com as outras mulheres, porque provavelmente elas não sabiam que
alguns motoristas fazem isso. Tenho muito empatia por todas as mulheres, pois
minhas experiências de vida desenvolveram meu sendo de sororidade.
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Eu já esperava ver pessoas com o cabelo molhado e roupas frescas, por estar 38 ⁰C.
Mas não imaginei que veria tantas pessoas usando chinelo, fiquei surpresa, pois eu
só uso chinelos em casa, por ser confortável, já que não há necessidade de usar
sapatos formais.
Na rua utilizo sapatos fechados, pois considero uma prática mais higiênica, uma vez
que evita sujeira e germes. Naquele ônibus pude ver que muitas pessoas não
pensam da mesma forma, talvez tenham optado utilizar chinelos por uma questão de
praticidade e conforto, pelo clima estar quente, seria mais refrescante.
As pessoas tendem a olhar a paisagem durante uma viagem de ônibus porque é
uma atividade que pode ajudar a passar o tempo, oferece uma forma de distração e
pode ser relaxante, eu particularmente também gosto, portanto já esperava ver esse
tipo de comportamento. Mas ainda imaginei que mais pessoas estariam utilizando o
celular do que olhando para a rua, porém ocorreu o oposto.
Nos últimos anos, tem havido uma mudança significativa na indústria de transporte
público em relação ao papel do cobrador de ônibus. Com a adoção de tecnologias
cada vez mais avançadas, o trabalho de cobrador de ônibus está se tornando cada
vez mais desnecessário. O fato do cobrador passar praticamente a viagem inteira
utilizando o celular evidência isso.
Para os passageiros de um ônibus, pode ter sido desconfortável quando o cobrador
gritou para se comunicar com o motorista durante a viagem, ainda mais por ter sido
desnecessário, já que conversaram sobre assuntos pessoais. Demonstrando uma
falta de profissionalismo de ambas as partes.
Também torna mais difícil para os passageiros ouvirem outras conversas, assistir a
um filme ou ouvir música sem serem incomodados pelo barulho.
Além disso, a conversa paralela é uma distração para o motorista, que deve se
concentrar na estrada. Isso pode fazer com que os passageiros se sintam inseguros
e ansiosos. Particularmente eu me senti, porque quando estou dirigindo odeio que
falem comigo, porque eu perco a concentração.
O motorista não foi receptivo com as pessoas que entravam no ônibus, ignorando a
mulher que lhe cumprimentou, senti pena dela, pois apenas estava sendo gentil.
Ver a senhora andando devagar me fez refletir sobre a política de permitir que
idosos desçam pela porta da frente do ônibus, é uma medida importante para
garantir a acessibilidade e segurança desses passageiros. Pois facilita muito a
locomoção, tendo em vista que ela não precisou, passar pela catraca e subir a
escada para chegar a porta dos fundos.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

12 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 31/03 (sexta feira)
Horário de Início: 15:45 Horário de Término: 16:35
Duração: 40 minutos

Local da observação: Sala de espera hospital Santa Paula (Moema)

Registro de Observação:
Era um dia nublado de chuva, a sala de espera estava gelada devido ao ar-
condicionado, espirrei duas vezes. A sala era de um tamanho médio, me sentei em
direção ao balcão de atendimento, que tinha uma moça e um moço, ambos jovens
brancos, de cabelos e olhos escuros, a parede atrás deles era cinza e continha o
logo “Santa Paula” e logo em cima, a esquerda, tinha uma televisão com as senhas
chamadas.
Atrás de mim a parede era repleta de um armário embutido de madeira clara,
com uma televisão, que pelo tamanho aparentava ter 32 polegadas, as demais
paredes tinham um papel de parede amarelado.
O piso tinha enormes azulejos de porcelanato claro e no teto havia painéis
quadrados de luz amarela. O local tinha confortáveis poltronas de madeira clara e
acolchoadas na cor bege. Na fileira que eu estava havia sete poltronas, a frente
havia dois pares, com um espaço entre eles virados na direção da televisão, logo
atrás havia outros dois pares, virados de costas, em direção ao balcão.
Logo a minha direita havia uma grande máquina azul com equipamentos
médicos de emergência, na parede tinha um desfibrilador vermelho e um pouco a
frente estava o totem para remoção de senha. Todas as portas ficavam deste lado,
elas também eram de madeira clara e tinham grandes números azuis de 7 a 10.
Havia oito pessoas sentadas, todas de máscara, pois era obrigatório. Na
esquerda tinha um bebedouro elétrico e uma grande máquina de café, ao lado dela
dois homens estavam em pé, um branco grisalho e um preto de cabelo raspado,
ambos estavam olhando para a televisão.
Um moço branco, de cabelo castanho cacheado, usando camiseta e
bermuda, estava assistindo atentamente ao filme de pernas e braços cruzadas, a
moça que estava na poltrona atrás dele virou o corpo para acompanhar o filme.
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A esquerda percebi que havia um pequeno corredor com um elevador, em


frente a ele tinha uma maca com uma idosa branca, muito magra, com poucos
cabelos brancos, usando tubos. Ela estava falando com uma voz fraca, mas não
parava de conversar com uma mulher de cabelo castanho claro, calça jeans e
camiseta listrada, que estava em pé ao lado da maca, pela conversa soube que
eram mãe e filha.
A idosa fazia diversas perguntas sobre o grande elevador de macas que ela
utilizou e o exame que faria, até que reparou na televisão e começou a comentar
sobre o filme, disse “olha, filha, ele tá usando branco. Ele é médico também?”, a
moça olhou rapidamente para a televisão e respondeu “é um filme mãe, o
personagem é um médico”, a idosa aceitou a resposta e mudou de assunto.
Uma moça preta com sobrepeso, usando óculos, um macacão verde florido e
avental branco, estava sentada perto da maca da idosa, mexendo no celular
enquanto poucas vezes, pois se atentava a televisão com as senhas.
Na minha frente tinha um homem e uma mulher sentados um ao lado do
outro, ela mexia no celular e ele em um notebook prata, em silêncio. O homem
pegou o celular e fez uma ligação, em um momento a mulher olhou para ele,
comentando algo rapidamente, ele assentiu com a cabeça e repetiu o que ela disse
para a pessoa da ligação. Me surpreendi, porque não imaginei que estivessem
juntos, olhei para as mãos deles e reparei que usavam aliança de casamento iguais.
Um senhor chegou e foi ao balcão falando que tinha uma consulta, o moço
que o atendeu disse que a consulta seria com a médica Poliana, ele assinou os
termos necessários no tablet, perguntou qual era nome da médica e foi pegar um
copo de água, depois foi ao balcão novamente e disse “desculpa, qual é o nome da
médica mesmo? Sandra? Sou péssimo com nomes”.
Depois de um tempo um dos homens que estava em pé fez o sinal “depois”
em LIBRAS com as mãos para a moça que acompanhava a idosa, ela perguntou
“ela é a próxima?”, ele disse que sim, então a moça informou isso para a mãe dela e
disse que depois elas iriam embora.
Um senhor japonês saiu da sala 9 com uma pasta azul em mãos, se sentou
ao meu lado e ficou mexendo no celular o tempo todo, até ser chamado novamente.
A idosa estava ansiosa, reclamava o tempo todo, a filha dela estava perdendo
a paciência, a moça preta se levantou e falou com a senhora, disse que ela já seria
atendida e que iria ficar tudo bem. Mas ela continuou falando e filha dela disse “fica
quieta, mãe, só respira, calma, já vão te chamar”.
Compreensão da Observação:
Achei interessante tantas pessoas estarem concentradas na televisão, uma
moça até se contorceu na cadeira para acompanhar o filme da Sessão da Tarde,
usualmente as pessoas não dão muita atenção para televisão em salas de espera,
pois preferem o celular.
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Provavelmente a idosa achou que o personagem do filme fosse um médico do


hospital, a filha dela mal olhou para televisão e disse que o personagem era médico,
mas ele não era.
Estava passando um filme que eu conheço, chamado “Pegando Fogo”, o
Bradley Cooper estava usando branco porque ele era um chef de cozinha. O que
deixa em evidência que a moça só queria que sua mãe parasse de falar, ela não se
preocupou em reparar no filme.
Foi curioso as pessoas estarem juntas, mas não aparentarem. Demoraram
muito tempo para se comunicarem minimamente, eu nem supus que se conheciam.
O que é compreensível, pois o ambiente de uma sala de espera pode ser
estressante ou desconfortável para algumas pessoas, o que pode tornar a interação
social menos atraente ou até mesmo aversiva.
Eu achei que a moça preta fosse mais uma paciente esperando sem
atendida, me surpreendeu ela ser empregada da idosa, mas fez sentido por ela estar
usando avental.
Me perguntei se a relação entre elas era próxima, por ela estar junto da
família no hospital e por ter acalmado a senhora. O acompanhamento de uma
pessoa idosa no hospital pode ser bastante desgastante, tanto emocional quanto
fisicamente, ela se mostrou pronta para ajudar.
Pode ser que ela estivesse ali apenas por ainda estar em seu horário de
trabalho, se estendendo para além das obrigações profissionais. Talvez tenha sido
ela quem levou a senhora para o hospital e sua filha tenha ido para lá depois, junto
do outro homem.
Quando o homem fez o sinal de “depois” entendi imediatamente, sem pensar.
Acredito que muitas pessoas não saibam LIBRAS, mas conhecem esse sinal, por
ser utilizado no cotidiano, já que é um dos sinais mais básicos e úteis, além de ser
fácil de lembrar.
O senhor que perguntou o nome da médica demonstra um comportamento
socialmente ansioso, comum em muitas pessoas que têm dificuldade em memorizar
nomes ou outras informações. Me questionei do porquê ele se importava tanto em
saber o nome dela, quando ela fosse recebê-lo na sala com certeza se apresentaria
formalmente, se não ele poderia perguntar diretamente a ela.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

13 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 36/03 (domingo)
Horário de Início: 13:00 Horário de Término: 14:00
Duração: 1 hora

Local da observação: Praça de alimentação shopping Morumbi Town

Registro de Observação:
Era um dia quente de 38⁰C, o shopping estava fresco devido ao ar-
condicionado. Me sentei no fundo, ao meio da praça de alimentação, para ter uma
boa visão do local.
A praça de alimentação tinha algumas colunas com azulejos laminados com
televisões passando anúncios. Havia diversas cadeiras pretas espalhadas pelo local,
no teto várias elevações retangulares, nas quais tinha painéis redondos de
lâmpadas brancas e a saída do ar-condicionado.
Havia vários restaurantes ao redor. Na esquerda estava o Montana, Subway,
Spoleto e Burguer King. Atrás de tinha apenas o KFC, já na direita o McDonald’s,
Sucão e Pizza Makers.
Em uma mesa em frente ao Spoleto havia uma moça japonesa e um homem,
que por estar de costas não consegui observar bem sua aparência, sentados de
frente um para o outro. Ao lado da mulher estava uma menina pequena, também
com traços asiáticos, que aparentava ter por volta de 2 anos, levando em
consideração seu tamanho, ela usava um vestido e frauda, supus que fosse sua
filha.
A mulher comia macarrão do Spoleto e o homem um lanche do McDonald’s. A
menina estava usando um tênis azul com luzes nas solas, que se acendiam quando
ela batia o pé, então ela fazia isso diversas vezes seguidas, olhando para as luzes,
enquanto a mãe lhe dava macarrão na boca com um garfo.
Depois de alguns minutos a mãe a amamentou, a menina dormiu, ela a pegou
no colo, enquanto o homem levava as bandejas para o lixo e foram embora.
Duas crianças brancas, uma menina e um menino, de estatura média, foram
correndo para a mesa ao lado. Eles conseguiram pegar bichos de pelúcia em uma
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máquina, estavam rindo muito, enquanto mostravam as pelúcias para a mãe e para
o pai, que sorriram ao ver as crianças felizes.
Na mesa a frente havia outra família, formada por dois adultos e duas
crianças. Um homem de cabelo escuro curto e uma mulher de cabelo ondulado loiro
e curto, que usavam alianças iguais. Uma menina com as mesmas características
da mãe e um menino com as características do pai, ambos estavam em cadeiras
infantis para alcançarem a mesa.
O menino era pequenininho, deveria ter quase 1 ano, a julgar pelo seu
tamanho e feição. Ele estava comendo macarrão sozinho com as mãos, se
lambuzando inteiro, sujando a roupa. A menina era maior, já comia com garfo
sozinha, deveria ter cerca de 3 anos.
Uma moça na mesa ao lado estava com um prato de comida da Montana,
jogou 2 sachês de sal na comida inteira e comeu, enquanto olhava o celular.
Vi uma mesa cheia, na qual todas as pessoas eram parecidas, brancos de
cabelo claro. Pareciam ser avó, pai, mãe e filho.
O filho, que deveria ter cerca de 8 anos pela sua feição, estava usando fones,
conectados ao celular em cima da mesa. Ele estava comendo segurando
corretamente a faca na mão esquerda e erroneamente o garfo na direita,
demonstrando mais desenvoltura com a mão esquerda.
Quando todos terminaram de comer se levantaram e foram embora,
deixando todo o lixo em cima da mesa. Duas mulheres negras trabalhavam como
faxineiras, usando camiseta vermelha, avental, calça e lenço preto. Foram até a
mesa e a limparam.
Um casal chegou e se sentou na mesa, usavam alianças iguais. Ele era
moreno e usava óculos e ela loira, se sentaram um de frente para o outro e
conversaram. Depois o senhor ligou para a mãe dele em chamada de vídeo e
mostrou o shopping para ela, virando o celular em todas as direções.
Ouvi várias pessoas nas mesas do canto direito gritando e batendo palmas,
olhei para a direção que eles olhavam e vi que era onde a máquina de pelúcias
estava. Um adolescente e duas crianças conseguiram pegar uma pelúcia, voltaram
para a mesa e todos da família comemoraram. Era uma família grande, eles
estavam usando três mesas diferentes. Depois de um tempo, um dos adultos foi
para a máquina de pelúcias, mas não conseguiu pegar outra.
Nos fundos da praça de alimentação havia uma moça de cabelo rosa, na
altura dos ombros e usando camiseta de anime, sentada sozinha na mesa enquanto
mexia no notebook usando fones.
Na mesa esquerda se sentaram um homem e dois adolescentes, todos
usando óculos e com roupas semelhantes, camiseta, bermuda e tênis esportivo. Um
dos adolescentes não parava de falar um segundo, sempre puxando um assunto
aleatório e o outro adolescente entrava na onda, porém o adulto comia e apenas
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escutava, raramente comentando algo, principalmente quando o assunto era


esporte.
Um homem e uma mulher se sentaram na mesa ao meu lado, comeram sem
se falarem nem mexeram no celular. Em uma mesa de adolescentes a situação se
repetia, todos mexiam no celular e não conversavam.
Um menino, que pela estatura parecia ter 10 anos, estava sozinho em uma
mesa, sentado na cadeira com os pés em cima dela. Ele começou a bater na mesa,
provavelmente estava esperando alguém.
Dois adolescentes passaram por perto, eles estavam de camiseta, bermuda e
chinelo. Aparentemente tentando decidir o que comer, um deles disse “cara, você é
muito chato”.

Compreensão da Observação:
Primeiramente, a presença de diversas famílias com crianças pequenas
sugere um ambiente familiar e acolhedor. Nota-se que os pais estão atentos às
necessidades dos filhos, alimentando-os e dando-lhes atenção. No entanto, também
é possível notar uma diferença de comportamento em relação à educação alimentar,
onde algumas crianças comem sozinhas com as mãos e outras usam talheres.
Permitir que as crianças comam sozinhas pode ajudá-las a desenvolver a
independência e a autonomia, além de promover autoconfiança. A filha mais velha
do casal que permitiu que o filho menor se alimentasse sozinho, já possui ótima
desenvoltura, conseguindo se alimentar bem, provavelmente seus aprendeu igual o
seu irmão menor.
Já o menino que não mostrava muita habilitação com os talheres,
possivelmente seja canhoto e ainda não tenha desenvolvido completamente sua
preferência pela mão esquerda ou direita. Neste caso é importante que os pais
estejam atentos a sinais, assim podem ajudá-lo a desenvolver habilidades manuais
específicas para canhotos.
A presença de grupos de pessoas sem vínculos familiares é notável, onde
algumas pessoas estão imersas em seus celulares, enquanto outras interagem e
conversam entre si. A dinâmica de cada grupo pode ser influenciada por diferentes
fatores, como a idade, o interesse em determinados assuntos e a disposição para a
interação social.
Eu esperava ver mais adultos interagindo e que os adolescentes, em sua
maioria, usassem mais o celular. Mas foi equilibrado, ambos usaram os celulares,
mas alguns casos se comunicaram mais.
Na mesa com dois adolescentes e um adulto foi perceptível que o adulto não
estava a par do assunto para poder fazer comentários. Mas os adolescentes
tentaram comentar sobre coisas que ele soubesse e lhe fizeram perguntas, o
inserindo na conversa de uma maneira natural.
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Me assustei ao ver a moça jogando dois sachês de sal na comida, a


Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão diária de sal para
um adulto seja de no máximo 5 gramas, o que corresponde a cerca de uma colher
de chá. No entanto, a ingestão média de sal é muito mais elevada, o que pode levar
a vários problemas de saúde.
Sabendo disso, parei para reparar o que todos estavam comendo, calculando
mentalmente quanto de sal consumiam. Acredito que muitas vezes ingerimos muito
mais do que o recomendado sem sequer notar, tentei me lembrar do que havia
comido no dia, provavelmente também passei do recomendado.
Várias pessoas usavam o celular enquanto se alimentavam, o que pode levar
a um consumo excessivo de alimentos, uma vez que a pessoa não está prestando
atenção no que está comendo e não está consciente de quando está satisfeita, além
de não aproveitarem o momento com os amigos e família.
As crianças conseguindo pegar uma pelúcia na máquina e correndo felizes
para contar aos pais é um exemplo simples, mas significativo, de como pequenas
coisas podem trazer alegria e satisfação para elas.
Os pais, por sua vez, ficam felizes ao ver a alegria de seus filhos e apreciam o
fato de que eles compartilharam esse momento especial com eles. Foi um momento
de conexão e união, em que os pais podem demonstrar apoio e incentivo. Fiquei
feliz vendo as famílias tendo esse momento especial.
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Psicologia do Cotidiano – 2023

14 Registro de Observação

Nome: Isabelly Braga de Barros


RA: G18JHH3
Data: 31/03 (sexta feira)
Horário de Início: 15:00 Horário de Término: 15:30
Duração: 30 minutos

Local da observação: Metrô Capão Redondo até Eucaliptos

Registro de Observação:
Era um dia nublado, apesar da temperatura ser de 29⁰C, estava chovendo, o
local estava gelado devido ao ar-condicionado. As paredes do metrô eram brancas,
os bancos preferenciais são azul claro, já os demais bancos azul escuro. Havia
grandes janelas, que permite que entre luz natural em determinadas partes da
viagem, mas também havia lâmpadas brancas.
O chão era liso, estava um pouco molhado por conta da chuva, havia várias
barras de ferro para que os passageiros pudessem se segurar. Acima de alguns
brancos havia uma televisão passando anúncios e informando qual seria a próxima
parada, assim como o painel de luzes acima das portas.
Uma moça branca, robusta, de cabelos cacheados e olhos castanhos, usando
óculos e vestido vermelho de bolinhas brancas, estava sentada no assento
preferencial a minha frente, segurando uma mochila rosa pastel no colo, reparei que
ela tinha uma tatuagem na mão que se estendia aos dedos. Ela conversava com um
moço que estava em pé segurando a barra de segurança. Ele era branco, careca, de
barba e olhos castanhos, vestia calça jeans e camiseta, assim como a maioria das
pessoas ali.
Eles fofocaram sobre um colega deles, que havia acabado de comprar móveis
novos. Comentaram que ele comprou um guarda-roupa grande demais para o
quarto, questionando as escolhas de mobília dele.
Em um momento de silêncio ela pegou o celular na mochila e começou a
mexer, então ele sacou o dele do bolso para usar também. Ficaram alguns minutos
sem se comunicarem, até que ela guardou o celular, vendo isso ele também
guardou e retomou o assunto normalmente.
Três pessoas entraram no metrô, uma mulher e dois homens, pela feição
aparentavam ter cerca de 30 anos. Reparei que um dos homens usava uma calça
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com zíper nos tornozelos, com o logo da Forma, uma empresa de viagens de
formatura. Ele conversava com um tom de voz animado, enquanto gesticulava
bastante, me perguntei se ele trabalhava na Forma como recreador.
Sentada em um dos bancos perto da porta uma moça usava uma máscara
com estampa de mandala colorida, que é um diagrama composto por círculos e
formas geométricas diversas em seu centro. Olhei em volta e percebi que só havia
três pessoas utilizando máscara, todos idosos.
Surpreendentemente não havia tantas pessoas mexendo no celular, vi
apenas sete, um número baixo considerando que o vagão estava cheio. A maioria
que usava o celular estava de fone. Todos tinham celulares simples, consegui ver
que alguns estavam até com a tela trincada ou com a tinta da capinha descascando.
Um moço branco, de cabelo preto com um undercut e rabo de cavalo, usando
roupas totalmente pretas, estava sentado ao meu lado, olhando para fora enquanto
usava fone. Em determinada parte da viagem ele aumentou o volume e eu pude
escutar um funk saindo de seus fones, mas não consegui identificar qual era a
música.
Mais a frente, sentada do lado do corredor, avistei uma moça morena, de
cabelo crespo amarrado em um coque, usando óculos e roupa colorida. Ela estava
roendo as unhas e olhando fixamente para o chão, permaneceu assim por alguns
minutos.
Ouvi um som e olhei para trás tentando identificar quem que estava usando
celular sem fone, vi um menino moreno, adolescente, pela sua feição aparentava ter
cerca de 16 anos. Ele usava uma camiseta vermelha e tinha um enorme terço de
madeira escura pendurado no pescoço. Estava segurando o celular horizontalmente,
jogando um jogo de carro.
Em um banco do outro lado uma moça também estava jogando, acredito que
era o jogo Bubble Shooter, no qual objetivo é limpar o tabuleiro de todas as bolhas
coloridas fazendo combinações de três ou mais bolhas da mesma cor.
Uma moça usando um salto Anabela preto, que eu achei muito bonito, entrou
no vagão. Ela tinha vitiligo, que é uma condição médica em que a pele perde a
pigmentação, resultando em manchas brancas ou claras em diferentes áreas do
corpo.
Ela se sentou em um assento preferencial, pois os outros já estavam
ocupados. Percebi que algumas pessoas a olharam, ela pareceu desconfortável,
pois não parava o seu olhar, colocou a bolsa no colo e mexeu no cabelo.
Compreensão da Observação:
Achei bonito o estilo da moça de vestido vermelho com bolinhas brancas,
gostei de suas tatuagens, por serem nos dedos, onde há muitos ossos, imagino que
tenha doído muito quando foi feita. Por nunca ter feito nenhuma tatuagem eu sempre
reparo nas tatuagens das pessoas e admiro a coragem que tiveram de enfrentar a
dor.
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Quando ouvi julgamentos sobre a má escolha do colega ao comprar um


guarda-roupa grande demais sem necessidade, me questionei o que deve ter levado
ele a tomar essa escolha. Os dois só criticavam, mas nenhum deles tentou
compreender o ocorrido, só riram e disseram que ele deveria ter medido melhor.
Assim que a mulher começou a mexer no celular o homem fez o mesmo, me
perguntei se eles estavam esperando uma brecha na conversa para isso. Houve
uma interrupção no fluxo da conversa e uma quebra no contato visual, que faz muita
diferença na socialização.
O uso excessivo de celulares pode indicar falta de interesse na conversa e
até de respeito pelo outro interlocutor. Eu particularmente fico chateada quando
estou conversando com uma pessoa e ela para de prestar atenção em mim para
ficar mexendo no celular.
Achei curioso que quando a mulher guardou o celular, o homem voltou a falar
com ela automaticamente, de forma natural. Como se tivesse se tornado uma norma
social não falada, “se você mexer no celular, eu mexo também”, assim como o
oposto também é válido.
Ao me atentar ao fato de ninguém estar com celulares considerados caros em
mãos, me perguntei o porquê disso. Existem pessoas de diferentes níveis
socioeconômicos que usam o transporte público, e cada pessoa tem diferentes
prioridades e preferências na hora de escolher um celular.
É possível que algumas pessoas que andam de metrô escolham celulares
mais baratos pela necessidade de economizar dinheiro em outras áreas ou o receio
de roubos e perdas.
O comportamento da moça morena que estava roendo as unhas pode revelar
um estado de ansiedade e nervosismo ou talvez ela estivesse apenas entediada.
Algumas pessoas ainda usam máscaras no metrô, mesmo quando não é
obrigatório, por várias razões. Em primeiro lugar, algumas pessoas podem ter
preocupações de saúde subjacentes, podem ter familiares ou amigos que são
vulneráveis à COVID-19 ou se acostumaram com o uso e preferiram manter.
Essas pessoas podem optar por usar máscaras para minimizar o risco de
contrair ou transmitir o vírus. Isso pode ser particularmente verdadeiro para pessoas
que estão usando o metrô, principalmente quando o número de passageiros é mais
alto e o distanciamento social pode ser mais difícil de manter.
Quando vi o moço de preto usando fones imaginei que ele estivesse ouvindo
Rock ou Indie, pois minha melhor amiga é gótica, portanto convivo com pessoas que
se vestem dessa forma e escutam rock. Esse estereótipo de associar a cor preta à
música rock é bastante comum na sociedade, e muitas pessoas fazem essa
conexão automaticamente, como eu fiz.
No entanto, sei que a cor e estilo das roupas não necessariamente define os
gostos musicais de alguém. Talvez ele até gostasse de rock, mas preferiu ouvir funk
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no momento, ou ele pudesse odiar rock, eu só poderia saber se conversasse com


ele a respeito.
Ao ver o menino jogando o jogo de carro não me surpreendi, por ser algo
comum na idade dele. Mas não esperava ver uma mulher adulta jogando Bubble
Shooter, eu jogava este jogo quando era criança, era divertido na época.
Porém a idade é apenas um número, os adultos têm o direito de fazer o que
os fazem felizes. Se esse jogo traz alegria e entretenimento para ela, não há razão
para que isso seja visto como algo negativo. Eu gosto de muitas coisas vistas como
infantis, portanto não faço julgamentos referente a isso.
O vitiligo da moça era bastante visível e notável, especialmente por ela ter um
tom de pele mais escuros. Para muitas pessoas com está condição, ser observada
em público pode ser uma experiência desconfortável e até mesmo angustiante,
devido a preocupação com o julgamento.
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SUMÁRIO

Observação 01 ......................................................................... 01
Observação 02 ........................................................................ 04
Observação 03 ........................................................................ 06
Observação 04 ......................................................................... 09
Observação 05 .......................................................................... 13
Observação 06 ......................................................................... 17
Observação 07 ......................................................................... 21
Observação 08 ........................................................................ 24
Observação 09 ........................................................................ 30
Observação 10 ......................................................................... 36
Observação 11 .......................................................................... 43
Observação 12 ........................................................................... 46
Observação 13 ........................................................................... 49
Observação 13 ........................................................................... 53

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