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Hora de Jogo Diagnóstica

Disciplina: Entrevistas e Testes Projetivos


Docente: Profa. Esp. Layane Souza da Silva
Introdução

• Instrumento utilizado no Psicodiagnóstico

• Recurso lúdico com crianças

• Possibilita que a criança brinque num contexto particular, com um


enquadramento dado que inclui espaço, tempo, explicitação de papéis e
finalidade, cria-se um campo que será estruturado, basicamente, em função
das variáveis internas de sua personalidade.
Hora de Jogo Diagnóstica ≠ Hora de Jogo Terapêutica

Tem início, meio e fim Elo no amplo continum onde novos


Opera como unidade aspectos e modificações estruturais vão
surgindo pela intervenção do terapeuta
Qual a diferença entre esta técnica e a entrevista diagnóstica do adulto?

Adulto: Fantasia mediada pela verbalização

Criança: Fantasia é mediada pelo brinquedo


Brinquedo

• Comunicação do tipo espacial, o processo primário atua na condensação, atemporalidade e


deslocamento.

• É na situação do brinquedo que a criança procura relacionar com o real, experimentando-o a


seu modo, procurando construir e recriar a realidade.

• Através do brinquedo, a criança não só realiza seus desejos, mas também domina a
realidade, graças ao processo de projeção dos perigos internos sobre o mundo externo. O
brinquedo é então, um meio de comunicação, é a ponte que permite ligar o mundo externo e o
interno, a realidade objetiva e a fantasia.
Projeção

• Cada hora de jogo diagnóstica é uma nova experiência, o que implica em um


estabelecimento transferencial breve, cujo objetivo é o conhecimento e a compreensão da
criança.

• Aberastury entendeu que a criança não só estabelece uma transferência positiva e/ou
negativa com o psicoterapeuta, como expressava Kelin, como também é capaz de estruturar,
através dos brinquedos, a representação de seus conflitos básicos, suas principais defesas e
fantasias de doença e cura, deixando em evidência seu funcionamento mental..
Sala de jogo e materiais

• Sala: não muito pequena, com pouco mobiliário, paredes e piso laváveis e ter água
(pia);

• Materiais: estejam distribuídos sem corresponder a nenhum agrupamento de


classes. Dando a criança a possibilidade de ordenação que corresponda às suas
variáveis internas, em função de suas fantasias e/ou de seu nível intelectual.

• A apresentação dos brinquedos fora da caixa evita o incremento de uma ansiedade


persecutória
Brinquedos a serem incluídos:

• Os autores consideram desnecessária uma quantidade excessiva de material porque


distrai e confunde o entrevistado.

• Caixa de brinquedos: Papel tamanho carta; lápis preto e de cor; lápis de cera; tesoura sem
ponta; massa de modelar de diversas cores; borracha; cola; apontador; papel glacê;
barbante; dois ou três bonequinhos (com articulações e tamanhos diferentes); famílias de
animais selvagens; famílias de animais domésticos; dois ou três carrinhos; dois ou três
aviõezinhos; dois ou três xícaras com seus respectivos pires; colherinhas;
aproximadamente 6 cubos de tamanho médio; trapinhos; giz e bola.
Instruções

• Definição de papéis;

• Limitação do tempo e do espaço;

• Material a ser utilizado;

• Objetivos esperados;
Papel do Psicólogo
• passivo (como observador)

• ativo (atenção na formulação de hipóteses)

• Pode acontecer da criança solicitar a participação do Psicólogo; A função


específica consiste em observar, compreender e cooperar com a criança.
Transferência e Contratransferência

• O objetivo do entrevistador é de criar boas condições para que a criança


possa brincar com maior espontaneidade possível.

• A função específica do psicólogo consiste em observar, compreender e


cooperar com a criança.

• É preciso estar atento para ao estabelecimento de vínculo real e concreto


com a criança.
Indicadores da hora de jogo diagnóstica

• Não existe a padronização do material utilizado na HJD

• Os autores elaboraram um guia de pauta que oferecem um critério


sistematizado e coerente para orientar a análise, comparar diversos
materiais dentro do processo psicodiagnóstico e obter inferências
generalizadoras.
Análise dos Indicadores
1. Escolha de brinquedos e brincadeiras;

2. Modalidades de brincadeiras;

3. Personificação;

4. Motricidade;

5. Criatividade;

6. Capacidade simbólica;

7. Tolerância a frustração;

8. Adequação a realidade;
Escolha de brinquedos e brincadeiras

• Levar em conta o tipo de brinquedo escolhido para estabelecer o primeiro contato;

• Quanto ao tipo de jogo observar se tem princípio, meio e fim, se é uma unidade
coerente em si mesma. Os jogos organizados correspondem ao estágio de
desenvolvimento intelectual correspondente a idade cronológica;

• Outro aspecto importante é o uso da linguagem, sua ligação com a brincadeira


desenvolvida e com a idade da criança;
Escolha de brinquedos e brincadeiras
Devido as características individuais, a modalidade de abordagem dos brinquedos pode assumir estas formas:

• De observação a distância (sem participação efetiva);

• Dependente (a espera de indicações do entrevistador);

• Evitativa (de aproximação lenta ou à distância);

• Dubitativa (pegar e largar os brinquedos);

• De irrupção brusca sobre os materiais ;

• De irrupção caótica e impulsiva;

• De aproximação, de tempo de reação inicial para estruturar o campo e, em seguida, desenvolver uma
atividade;
Modalidades de brincadeiras

• Cada sujeito estrutura o seu brincar de acordo com uma modalidade que lhe
é própria e que implica um traço caracterológico.

Modalidades:

• Plasticidade: quando a criança pode apelar para uma certa riqueza de


recursos egóicos para expressar situações diferentes com um critério
econômico, através da via do menor esforço.
• Rigidez: utilizada com ansiedades muito primitivas para evitar a confusão. Esta
característica pode ser tanto nas sequências, verbalizações e gestos. Qualquer situação
nova provoca desorganização e confusão. A brincadeira é monótona e pouco criativa;
(crianças neuróticas)

• Estereotipia e perseverança: modalidade mais patológica. Manifesta-se uma


desconexão com o mundo externo cuja finalidade é a descarga, repete-se uma ou duas
vezes a mesma conduta e não há fins comunicacionais; (crianças psicóticas e com
lesões orgânicas)
Personificação

• Capacidade de assumir e atribuir papéis de forma dramática;

• Assume características diferentes em cada momento evolutivo;

• Possibilita a elaboração de situações traumáticas, a aprendizagem de papéis


sociais, a compreensão do papel do outro e o ajuste de sua conduta em
função disto, favorecendo o processo de socialização e de individuação.
• A análise dos aspectos observados leva-nos a avaliar a qualidade e
intensidade das diferentes identificações, o equilíbrio entre o superego, o id e
a realidade;

• Se durante a hora de jogo a criança solicita a participação do psicólogo, é


necessário que ela explique as características do papel atribuído para que
fique bem definido e respondas às fantasias projetadas.
Motricidade

• Permite verificar a adequação da motricidade à etapa evolutiva.

• A manipulação adequada das possibilidades motoras permite o domínio dos


objetos do mundo externo e a possibilidade de satisfazer suas necessidades
com autonomia relativa, já que as dificuldades provocam frustrações e
incrementam tensões em nível intra e interpessoal.
Criatividade

• Ocorre a dinâmica entre a projeção e a reintrojeção, do objeto modificado, transformado


em um produto qualitativamente diferente, promotor de crescimento e mudança
estrutural.

• A alteração desta função pode ocorrer:

• Uma submissão extrema com elementos destrutivos e masoquistas;

• Uma intolerância à frustração com um ego imaturo que não adia os desejos insatisfeitos;
Capacidade Simbólica

• O brincar é uma forma de expressão da capacidade simbólica e a via de


acesso às fantasias inconscientes.

• A criança consegue pelo brincar a emergência de fantasias através de


objetos afastados do conflito primitivo e que cumprem papéis de mediadores,
apelando para as suas possibilidades de elaboração secundária para
expressar a fantasia.
Tolerância a Frustração

• É detectada pela possibilidade de aceitar as instruções com as limitações


impostas e pelo desenvolvimento da atividade lúdica.

• A capacidade de tolerar a frustração está intimamente relacionada com o


princípio do prazer e de realidade.
Através deste indicador podemos avaliar:
A. Riqueza expressiva
B. A capacidade intelectual
C. A qualidade do conflito
Adequação a Realidade
• Um dos primeiros elementos a serem levados em conta ao se analisar a
HJD:
• Aceitação ou não do enquadramento;
• Possibilidade de se colocar no papel do outro;

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