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NEUROLOGIA E DESENVOLVIMENTO

PSICOMOTOR
Equipe de Elaboração
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Gerência Administrativa
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Professor-autor
Luciano de Assis Silva

Coordenação de Design Instrucional do Material Didático


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estamos empenhados em oferecer todas as condições para que você alcance
seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do processo
de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno.
Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de
nossas atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o
principal agente de sua formação e que, devido a isso, merece um material
didático atual e completo, que seja capaz de contribuir singularmente em sua
formação profissional e cidadã. Some-se a isso também, o devido respeito e
agilidade de nossa parte para atender à sua necessidade.
Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no
processo de formação continuada de modo independente e eficaz, pautado
pela assiduidade e compromisso discente.
Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer
a você total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em
consonância, a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a
modalidade de cursos on-line, você terá autonomia para formular seu próprio
horário de estudo, respeitando os prazos de entrega e observando as
informações institucionais presentes no seu espaço de aprendizagem virtual.
Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda
licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional,
esperamos que amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha
aprimorado seu conhecimento crítico a cerca de temas relevantes ao exercício
no trabalho e na sociedade que atua. Ademais, agradecemos por seu ingresso
ao ZAYN e desejamos que você possa colher bons frutos de todo o esforço
empregado na atualização profissional, alémde pleno sucesso na sua formação
ao longo da vida.
Neurologia e
GRUPO ZAYN
Desenvolvimento EDUCACIONAL
Psicomotor

Segundo Assunção & Coelho (1997, p.108) a psicomotricidade é a “educação


do movimento com atuação sobre o intelecto numa relação entre pensamento e
ação, englobando funções neurológicas e psíquicas”. Além disso possui uma
dupla finalidade, “assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta as
possibilidades da criança e ajudar a sua afetividade a se expandir e equilibrar-
se através do intercâmbio com o ambiente humano”.
CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA

Disciplina: Neurologia e Desenvolvimento Psicomotor

EMENTA

 O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA DE 7 A 12


MESES;

 HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE;

 NEUROLOGIA E PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL;

 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO


INFANTIL;

 O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DIANTE DA MODERNIDADE;

 PSICOMOTRICIDADE NO CONTEXTO DA NEUROAPRENDIZAGEM:


CONTRIBUIÇÕES À AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA;

 DICA DE PEDIATRIA: DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR.

OBJETIVOS

 Refletir sobre o desenvolvimento psicomotor diante da modernidade;

 Estudar:
a. o desenvolvimento neuropsicomotor;
b. o desenvolvimento psicomotor da criança;
c. o histórico da psicomotricidade;
d. a neurologia e psicomotricidade na educação infantil;

 Conhecer as contribuições da psicomotricidade no contexto da


neuroaprendizagem.
SUMÁRIO

PARTE 1 - O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA DE 7 A 12


MESES ............................................................................................................... 7

PARTE 2 – HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE ....................................... 11

PARTE 3 – NEUROLOGIA E PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO


INFANTIL ......................................................................................................... 13
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................... 13
6. A PSICOMOTRICIDADE NA CONCEPÇÃO NEUROEDUCACIONAL ........................ 14
7. A PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ............................. 16
8. A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR PARA A APRENDIZAGEM
NA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................................. 18
9. A RELAÇÃO ENTRE PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL ......... 20
10. EDUCAÇÃO PSICOMOTORA ........................................................................ 20
11. O DESENVOLVIMENTO, A ADAPTAÇÃO SOCIAL E O EQUILÍBRIO AFETIVO ....... 21
12. A INFLUÊNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA APRENDIZAGEM ........................... 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 24

PARTE 4 - O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DIANTE DA


MODERNIDADE .............................................................................................. 25

LEITURA COMPLEMENTAR - PSICOMOTRICIDADE NO CONTEXTO DA


NEUROAPRENDIZAGEM: CONTRIBUIÇÕES À AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
......................................................................................................................... 37

TEXTO-IMAGEM - DICA DE PEDIATRIA: DESENVOLVIMENTO


NEUROPSICOMOTOR .................................................................................... 38
7

Parte 1 - O desenvolvimento psicomotor da criança de 7 a 12 meses1

A criança de 7 a 12 meses

A vida de um bebê não é nada fácil, engana-se quem imagina que eles apenas
comem e dormem, choram ou sorriem de modo a nos ganhar, por trás dessa
aparente inércia, há um grande esforço cognitivo para o desenvolvimento dele.

Este trabalho apresentara de forma simples e sucinta o desenvolvimento de bebês


de 07 a 12 meses a partir das teorias do desenvolvimento psicomotor. Para alcançar
o objetivo deste trabalho foram realizadas gravações em vídeo com uma criança do
sexo masculino de 11 meses.

Desenvolvimento psicomotor

Desenvolvimento psicomotor é o aumento da capacidade de o bebê realizar funções


cognitivas e motoras progressivamente mais complexas. Está envolvido nesse
processo tanto a capacidade física, intelectual e social da criança.

O período dos 7 aos 12 meses, é um processo complexo e de muitas mudanças


para o bebê e para a família. O desenvolvimento motor vai influenciar diretamente
nas experiências que o bebê poderá ter durante sua infância, habilidades motoras
como aprender os movimentos adequados na hora de comer, engatinhar, andar, são
de extrema importância na fase dos 7 aos 12 meses. Esses entre outros vão

1
Fonte: SILVA, Jessica dos Anjos da. O desenvolvimento psicomotor da criança de 7 a 12 meses. Portal
educação. Disponível em: <https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/o-
desenvolvimento-psicomotor-da-crianca-de-7-a-12-
meses/58812#:~:text=Desenvolvimento%20psicomotor%20%C3%A9%20o%20aumento,intelectual%20e%20so
cial%20da%20crian%C3%A7a.>. Acesso em: 05 jun. 2020.
8

delimitar as experiências que cada criança pode ter em seu ambiente de interação,
por exemplo, um bebê que não consegue engatinhar, se limitará ao que as outras
pessoas trazem para ele, consequentemente esse bebê conhecerá menos do
ambiente onde vive. Para fins didáticos faremos breves considerações das fases
vividas pelos bebês de 7, 10 e 12 meses.

Estágio do Desenvolvimento

Nível 3: 4-8 meses

O bebê de 7 meses já consegue equilibrar sua cabeça, gosta de ficar sentado, mas
ainda não consegue fazê-lo sozinho, está mais atento ao mundo pelos reflexos
visuais que lhe é proporcionado, a boca e a garganta já estão mais organizados,
consegue vocalizar grande partes das vogais e consoantes e possui um prazer
especial em gritar e gorgolejar. É nessa fase que os bebês passam a alternar os
passos quando suspensos, esse é um mecanismo natural muito importante para os
futuros passos.

Nível 4: 8-12 meses

10 meses

Nesse período os bebês tornam–se mais inquietos, ficar deitados já não lhe
agradam mais. Essa é considerada por Gessel (1985, pág. 113) como uma fase de
emancipação do bebê, nesse momento ele passa e se locomover também
segurando nos objetos, pelo desenvolvimento da percepção que tem em relação às
pessoas adquire nova capacidade de imitação, começa a ter noção de permanência
de objeto (há uma procura pelo objeto escondido ou coberto, eles podem ir atrás
perseguindo o com os olhos), e de forma bem singela começam a desenvolver a
9

posição de seu polegar opositor, a vocalização de vogais e consoantes nesse


momento começa a transformação de pequenas palavras. (GESELL, 1985)

12 meses

Nesse momento, o bebê consegue sentar sozinho, entender que quando um objeto
some de seu campo visual ele ainda existe; estão preparados para comerem
sozinhos com a colher, porém, como ainda não possuem desenvoltura no pulso
esse comer ainda é desajeitado, além de iniciar seus primeiros passos sozinho.
Realizar um movimento tão complexo como andar sozinho é necessário tanto o
domínio de habilidades específicas (manter-se ereto, segurar nos objetos), quanto
na integração desses componentes. (KAIL, 2004).

Teoria e Prática

Foram feitas observações mediante autorização dos responsáveis do bebê (Caio) do


sexo masculino. As observações ocorreram em dois momentos:

1) Caio no momento da observação com 11 meses;

2) Caio no momento da observação com 12 meses e uma semana.

No primeiro momento podemos observar que Caio conseguia dar alguns passos,
mas ou amparada pela mãe, ou apoiado na parede, e assim que possível voltava à
posição de engatinhar, que nesse período é a forma de locomoção mais confortável
para o bebê. Em certo momento a mãe de Caio brinca com ele de esconder o
brinquedo, Caio que já possui a permanência de objeto bem desenvolvida, consegue
procurar o brinquedo mesmo quando ele não está mais em seu campo de visão.
10

Na segunda visita que fizemos a Caio, ele que já tinha completado seus 12 meses,
nos mostrou que já estava mais seguro e que conseguia andar sozinho e sem
interferência de seus familiares.

Com essas observações e a bibliografia levantada, podemos perceber que o


desenvolvimento motor de uma criança é um percurso extremamente difícil, porém,
normalmente ocorre de forma natural. Relacionando aos estágios de
desenvolvimento, podemos também verificar que um estágio não está apenas
relacionada à criança em si, mas também ligado à cultura que cada criança está
inserida, um estágio não é inflexível, há crianças que estão além dos estágios
indicados por sua faixa etária, e outras que não completaram o ciclo normal do
mesmo, porém não significa necessariamente que essa criança possua problemas
de desenvolvimento.

Bibliografia

Kail, Robert V.. A Criança. São Paulo. Pearson Pretice Hall, 2004.

GESELL, A. A criança do 0 aos 5 anos. São Paulo: Martins Fontes, 2003.


11

Parte 2 – HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE2

Associação Brasileira de Psicomotricidade

Historicamente o termo "psicomotricidade" aparece a partir do discurso médico, mais


precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, nomear
as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras.
Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, começa a constatar-se
que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que
a lesão esteja claramente localizada.

São descobertos distúrbios da atividade gestual, da atividade práxica. Portanto, o


"esquema anátomo-clínico" que determinava para cada sintoma sua correspondente
lesão focal já não podia explicar alguns fenômenos patológicos. É, justamente, a
partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique certos fenômenos
clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra PSICOMOTRICIDADE, no ano
de 1870.

As primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a um


enfoque eminentemente neurológico.

A figura de Dupré, neuropsiquiatra, em 1909, é de fundamental importância para o


âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da debilidade motora
(antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico.

2
Histórico da psicomotricidade. Associação Brasileira de Psicomotricidade. Disponível em:
<https://psicomotricidade.com.br/historico-da-psicomotricidade/>. Acesso em: 05 jun. 2020.
12

Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, ocupa-se do movimento humano dando-


lhe uma categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo. Esta
diferença permite a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio
ambiente e aos hábitos do indivíduo.

Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolve um exame psicomotor para


fins de diagnóstico, de indicação da terapêutica e de prognóstico. Em 1947, Julian
de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito de debilidade motora, considerando-
a como uma síndrome com suas próprias particularidades. É ele quem delimita com
clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o
psiquiátrico. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de
outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia.

Na década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade como uma


motricidade de relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma
postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica
instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando
progressivamente, maior importância à relação, à afetividade e ao emocional. Para o
psicomotricista, a criança constitui sua unidade a partir das interações com o mundo
externo e nas ações do Outro (mãe e substitutos) sobre ela.

A especificidade do psicomotricista situa-se assim, na compreensão da gênese do


psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da
representação de si. O sintoma psicomotor instala-se, quando ocorre um fracasso na
integração somatopsíquica, consequente de fatores diversos, seja na origem do
processo de constituição do psiquismo, ou posteriormente em função de disfunções
orgânicas e/ou psíquicas. A patologia psicomotora é, portanto, uma patologia do
continente psíquico, dos distúrbios da representação de si cuja sintomatologia pode
se apresentar no somático e/ou no psíquico.

Associação Brasileira de Psicomotricidade


13

Parte 3 – Neurologia e Psicomotricidade na Educação Infantil

A Importância da Psicomotricidade na Educação Infantil3

Sabe-se que na educação infantil a prioridade é ajudar a criança a ter uma


percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações
reais e ao mesmo tempo auxiliá-la a se expressar com maior liberdade,
conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras. Que desenvolve:

 Habilidades motoras que levem a criança a aprender a conhecer o seu


próprio corpo e a se movimentar livremente;
 Habilidades motoras finas, através de diversas atividades que facilitam a
escrita;
 Possibilitar a exploração do mundo físico e o conhecimento do espaço que a
cerca;
 Facilitar a comunicação e a expressão das ideias.
 Percepções rítmicas através de jogos corporais e danças.

É de grande relevância o dito de que, a criança na escola precisa se sentir


segura para que possa sentir possibilidades de se aventurar. Trazendo com isso,
conhecimento acerca de si mesmo.

É de suma importância salientar que o movimento é a primeira manifestação


na vida do ser humano. Pois desde a vida intrauterina realizamos movimentos com o

3
A equipe de elaboração do material de estudo ZAYN selecionou os trechos do artigo “A Psicomotricidade
como Facilitadora no Processo de Ensino e Aprendizagem na Educação Infantil” que estão mais relacionados à
temática “Neurologia e Psicomotricidade na Educação Infantil”. Segue abaixo a referência com o link para o
artigo completo:

GUAPINDAIA, Liliane Teles. A Psicomotricidade como Facilitadora no Processo de Ensino e Aprendizagem na


Educação Infantil. Psicologado, [S.l.]. (2019). Disponível em https://psicologado.com.br/psicologia-
geral/desenvolvimento-humano/a-psicomotricidade-como-facilitadora-no-processo-de-ensino-e-
aprendizagem-na-educacao-infantil . Acesso em: 5 jun. 2020.
14

nosso corpo, na qual vão se estruturando e exercendo enormes influências no


comportamento.

Segundo Assunção & Coelho (1997, p.108) a psicomotricidade é a


“educação do movimento com atuação sobre o intelecto numa relação entre
pensamento e ação, englobando funções neurológicas e psíquicas”. Além disso
possui uma dupla finalidade, “assegurar o desenvolvimento funcional tendo em
conta as possibilidades da criança e ajudar a sua afetividade a se expandir e
equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano”.

Os movimentos expressam o que sentimos, nossos pensamentos e atitudes


que muitas vezes estão arquivados em nosso inconsciente. Através da ação sobre o
meio físico com o meio social, processa-se o desenvolvimento e a aprendizagem do
ser humano.

Portanto, a educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo


uma experiência ativa, onde a criança se confronta com o meio. As educações
provenientes dos pais e do âmbito escolar não tem a finalidade de ensinar a criança
comportamento motores, mas sim permite exercer uma função de ajustamento
individual ou em grupo.

As atividades desenvolvidas no grupo favorecem a integração e a


socialização das crianças com o grupo, portanto, propiciam o desenvolvimento tanto
psíquico como motor.

6. A Psicomotricidade na Concepção Neuroeducacional

Conforme esclarece Luria (1981), por muitas décadas os psicólogos


estudaram o curso dos processos mentais: de percepção e memória, de fala e
15

pensamento, da organização de movimentos e ações. Daí o interesse científico no


estudo do cérebro como o órgão da atividade mental.

Sabe-se que o cérebro humano, é o mais requintado dos instrumentos, capaz


de refletir as complexidades e os emaranhamentos do mundo ao nosso redor.
Segundo a autora, o estudo acurado desses fenômenos, no contexto das ciências
comportamentais, forneceu informações de valor inestimável e revelou importantes
pistas para o esclarecimento da natureza das leis científicas que governam esses
processos.

Vale ressaltar, tendo como base os estudiosos citados no tópico anterior, que
por muitos anos, atribuições ligadas à atividade humana, tal como a estrutura e a
função dos processos psicológicos, além da percepção, memória, atividade
intelectual, fala, movimento e a ação foram descritas e estudadas por inúmeras
teorias psicológicas.

Tal abordagem tem se mostrado cada vez mais eficaz pelo simples fato de os
especialistas nas áreas em questão reconhecerem que o aprendizado está ligado a
determinados fatores. Falar dos aspectos psicomotores por meio da
concepção neuroeducacional é enriquecer ainda mais os caminhos que visam ao
desenvolvimento dos pequenos. Por conta dessa visão, a neuroeducação é
definida como uma área de abordagem que trata da junção dos conhecimentos da
Neurociência, da Educação e da Psicologia.

Pondo em pauta a importância da neurociência, convém enfatizar que a


mesma está fundamentada no estudo sobre o sistema nervoso e todas as suas
funcionalidades. Além disso, ela estuda as estruturas, os processos de
desenvolvimento e alguma eventual alteração que possa surgir no decorrer da vida
de uma pessoa. Em outras palavras, é como uma análise minuciosa sobre o que
manda e desmanda em nossa vida.
16

Daí resulta-se um dos impactos da neuroeducação na vida de uma criança,


é que em função dos progressos oferecidos por essa ciência, muitos indivíduos
conseguem utilizar a autonomia. Desta forma, considerando o
aspecto neuroeducacional, a Psicomotricidade ganha uma dimensão inegável pelo
fato de sua atuação provir do sistema nervoso central. Ele é responsável pela
criação de uma consciência no indivíduo acerca do meio de parâmetros como a
velocidade, o tempo, o espaço e a percepção própria da pessoa.

7. A Psicomotricidade no Desenvolvimento Cognitivo

É de suma importância que seja colocado em pauta que o aspecto cognitivo


está intimamente ligado ao psicomotor, o desenvolvimento da cognição na infância
funciona como força motriz no oferecimento de todas as condições de uma vida
saudável e independente à criança. Sendo interessante lembrar que a condição de
uma pessoa favorece essa e outras assimilações, pois tal aspecto é responsável
não só pelo papel social a que a criança está sujeita, mas a outros pontos
fundamentais ao seu desenvolvimento.

A discussão da Psicomotricidade está se tornando comum no meio escolar,


em especial no âmbito pedagógico. Estimular as crianças com ações visando
desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, faz parte da educação infantil e o
professor pode oferecer inúmeras possibilidades para o desenvolvimento integral da
criança. Com esta visão, a psicomotricidade tem a intenção de enxergar o ser
humano de uma maneira total, levando sempre em consideração a pessoa e suas
habilidades como um vasto campo a ser explorado.

Gonçalves (2010, p.87), afirma que “O corpo como porta de entrada e saída
da aprendizagem, utiliza-se da psicomotricidade para expor toda a transcendência
de sua experiência.”
17

O bom exercício docente proporcionará à criança oportunidades de


estabelecer equilíbrio quanto às suas capacidades psicológicas, emocionais e
motoras em relação ao mundo. Protegida em um ambiente de supervisão e
orientação, a criança formará bases para encarar o crescimento de maneira
saudável e pronta para assimilar com o corpo, a mente e as emoções às mudanças
de fase da vida.

Fonseca (1995), fala da Psicomotricidade como resultado da experiência


individual da criança, explicitando ainda que é necessário que a criança simbolize
seu corpo, de uma expressão semiótica a seu corpo. Esta simbolização do corpo em
si e no envolvimento, é vital para a aprendizagem humana e essencial para a
evolução cognitiva da criança.

Piaget (1975) em seus estudos, procura demonstrar que na construção do


conhecimento infantil a experiência através da ação é fundamental, assim o
desenvolvimento cognitivo está dividido em dois planos; o primeiro, sensório-motor,
forma-se nos primeiros anos da criança e ocorre durante toda a sua vida. E o
segundo, representativo, inicia-se a partir do primeiro e se desenvolve paralelamente
a ele desde os sete anos. É a interação entre estes dois planos que possibilitará a
sistematização do conhecimento.

Segundo Coll (2010), os pais, os educadores e as próprias crianças devem


compartilhar uma visão positiva do ser humano e de suas possibilidades. Encontrar
sentido para a vida, sentir-se em um mundo acolhedor e acompanhado por seres
humanos que têm recursos que lhes permitam também ser pró-sociais e inclusive,
em determinadas situações, altruístas. Tudo isso é muito importante para sentir-se
querido e aceito, para fazer o esforço de descobrir os melhores recursos próprios,
mentais e emocionais, e pô-los à disposição da colaboração e da ajuda.
18

8. A Importância do Desenvolvimento Psicomotor Para a Aprendizagem na


Educação Infantil

É importante ressaltar que o desenvolvimento psicomotor é um processo


contínuo e dinâmico, e em permanente evolução em degraus sucessivos logo desde
o nascimento. É fundamental para a Educação Infantil não esquecer que cada
criança possui suas particularidades. Segundo Barreto, Melo e Silva, o maior desafio
da Educação Infantil e dos profissionais é compreender, conhecer e reconhecer que
cada criança possui a sua subjetividade, seu jeito único de ser e estar no mundo. É
preciso considerar que as crianças são diferentes umas das outras e que cada uma
tem um tempo diferente de aprendizagem.

Vale ressaltar que no processo de desenvolvimento psicomotor, a criança é


vista em sua totalidade, ou seja, não separa o ser intelectual do emocional e
racional, sempre considerando suas habilidades como um campo a ser desenvolvido
de modo prazeroso e significativo. Para que esse processo ocorra de forma
adequada, é crucial considerar e respeitar a subjetividade de cada criança.

A estimulação do desenvolvimento psicomotor é fundamental para que


aconteça a interação dos movimentos com a emoção e a cognição do indivíduo.
Para que essa estimulação ocorra de forma adequada é fundamental que a criança
disponha de um bom ambiente e de facilitadores para auxiliar no desenvolvimento
das capacidades psicomotoras.

É sabido que nem sempre sendo notada, a psicomotricidade se encontra nos


gestos mais simples e em todas as atividades que desenvolve a parte motora, tendo
como objetivo o conhecimento e domínio pela criança, do próprio corpo. Nesse
sentido, a psicomotricidade passa a ser um fator indispensável para o
desenvolvimento geral e a aprendizagem da criança. Segundo Alves (2012), o
processo de aprendizagem na Educação Infantil tem como base a educação
psicomotora, por isso, a raiz dos problemas de aprendizagem, na maioria dos casos,
está na base do desenvolvimento psicomotor.
19

Sobre as fases do desenvolvimento psicomotor, Silva (2010) diz que não


devem ser consideradas somente como uma maturação neurológica, sim, como um
processo relacional. Levando em consideração as relações do indivíduo com o
ambiente em que está inserido e as relações com os demais. As fases do corpo
podem ser resumidas em três fase até chegar a perfeição; primeiro o corpo é
percebido; em segundo, é conhecido; e, finalmente, é vivido.

É de suma importância que seja pautada a escala do desenvolvimento


psicomotor ressaltando as principais características de cada fase dos 2 aos 4 anos,
segundo Fonseca (2009):

 Aos 2 anos: nesta fase a criança chuta uma bola, explora intencionalidade os
brinquedos, faz traços horizontais, utiliza frases de pelo menos quatro
palavras, consegue abrir uma porta, e/ou gaveta, ajuda ativamente a se vestir
ou a se despir, consegue juntar brinquedos de encaixe, imita movimentos
verticais e horizontais.
 Aos 3 anos: nota-se que nesta fase prevalece na criança a vontade de se
afirmar, geralmente nesta fase a criança expressa interesse em atividades em
que é solicitada que faça desenhos, brinca com outras crianças e já assumem
papéis na brincadeira; apresenta uma melhor percepção do espaço, equilibra-
se em um pé e na ponta dos pés por um pequeno período de tempo, controla-
se em equilíbrio com os olhos fechados, coordena a marcha e a corrida,
demonstra o domínio da coordenação motora grossa.
 Aos 4 anos: percebe-se nesta fase que a criança já consegue desenvolver
atividades como segurar o lápis na posição correta e pedalar; demonstra
interesse pelos sentimentos das pessoas que estão ao seu redor, como por
exemplo, perceber que sua mãe está triste e tentar confortá-la; consegue
fazer desenhos do corpo, de casas, apresenta noção em relação ao corpo,
sobe e desce escadas alternadamente, sabe seu nome completo, sexo,
idade, e, em alguns casos o endereço; sabe esperar a sua vez.
20

Para Fonseca (2009), nos primeiros anos de vida a criança é compreendida


por meio dos gestos, os movimentos constituem grande parte das expressões de
suas necessidades até o movimento em que a linguagem começa a ser constituída.

9. A Relação entre Psicomotricidade e Desenvolvimento Infantil

O desenvolvimento é um processo ativo, dinâmico e interativo, que vai


acontecendo no desenrolar da vida. Como visto nos três conhecimentos básicos, a
criança, no processo de desenvolvimento, passa pelas três etapas que são, o
movimento, o intelecto e o afeto. A partir de cada um deles observa-se a importância
da psicomotricidade no desenvolvimento infantil (Fonseca, 2009).

10. Educação Psicomotora

A educação física é extremamente importante no desenvolvimento


psicomotor da criança. É através dela que elas irão demonstrar suas habilidades e
dificuldades corporais. A educação física é pautada nas necessidades da criança.
Desse modo, entende-se que o desenvolvimento da criança acontece através dos
três conhecimentos básicos, sendo o movimento o primeiro meio de comunicação da
criança. É a partir desses conhecimentos que a criança toma consciência de si
mesma, passando a conhecer seu corpo, compreendendo assim a importância de se
expressar e compreender o outro (Fonseca, 2009).
21

A educação física escolar tem como objetivo principal incentivar os


movimentos corporais buscando compreender as diversas etapas da vida. A
educação psicomotora bem desenvolvida pode detectar possíveis dificuldades, em
relação à concentração, coordenação, dificuldades de aprendizagem. As habilidades
da criança bem desenvolvidas possibilitam que estas aprendam melhor ou que
possam ser detectadas com antecedência problemas como citados acima,
colaborando assim para intervi-los (Fonseca, 2009).

O esquema corporal da criança deixa de ser limitado, tornando-a mais


perceptiva ao ambiente. Entende-se por esquema corporal o ritmo, o tempo e o
espaço da criança (Rosa Neto, 2002).

Tanto o afeto, quanto o intelecto é desenvolvido a partir do movimento –


atividade física – que possibilita esse desenvolvimento. É necessário que a criança
tenha uma boa coordenação motora para iniciar seu processo de escrita, assim
como para a leitura é necessário que consiga concentrar-se. Portanto, a educação
psicomotora no ensino infantil exerce um papel fundamental em toda a vida do
indivíduo.

“É a educação um fato social tão antigo quanto o próprio homem, devendo ter sido
praticada desde que apareceu na terra a primeira família humana. Coincide, assim,
o início da história da educação com o da história da humanidade” (BELLO, 1978 p.
9).

11. O Desenvolvimento, a Adaptação Social e o Equilíbrio Afetivo

É preciso estar atento para o fato de que o desenvolvimento infantil vai ser
determinado pela própria vida da criança, ou seja, quanto mais oportunidades a
criança tem de desenvolver suas capacidades, maiores serão as chance de se
apropriarem da cultura em que estão inseridas (ARIOLI, 2007).
22

Os primeiros anos de vida são de grande importância para o


desenvolvimento, nesse momento é fundamental que a criança pertença a um
ambiente favorável para seu desenvolvimento e que disponha de estímulos.
Segundo Arioli (2007), o desenvolvimento psíquico da criança se inicia com sua
inserção no mundo que é mediado pelos adultos, e especialmente por parte dos
pais, elas sofrem a forte influência das condições sócio-históricas, culturais,
econômicas e políticas do local onde irão se desenvolver.

Do ponto de vista afetivo, o mais importante é que as crianças tenham uma


boa história de apego e uma adequada rede de relações sociais que não faltem os
amigos, isso ultrapassa as possibilidades da escola, porém esta, na medida do
possível, deve favorecer a segurança emocional, promover o compromisso dos pais
com a educação dos filhos e favorecer as relações com os iguais.

Existe um fator afetivo extremamente importante que pode fortalecer-se não


apenas pela educação incidental, mas também pela educação formal. Trata-se da
empatia ou da capacidade de colocar-se no lugar do outro, de compartilhar seus
sentimentos e de estar emocionalmente inclinado à cooperação e à ajuda.

É importante ressaltar que as habilidades sociais em seus diferentes


conteúdos, especialmente aqueles referentes às relações interpessoais, à promoção
da conduta pós-social e ao controle das condutas agressivas, oferecem a
possibilidade de melhorar o próprio bem-estar pessoal e social, trabalhar melhor em
grupo e relacionar-se melhor com os professores e alunos.

12. A Influência da Psicomotricidade na Aprendizagem

O desempenho motor da criança está intrinsecamente ligado à


aprendizagem. As habilidades motoras de recorte, colagem, escrita e o
desenvolvimento do intelecto requerem conhecimento do próprio corpo. Se houver
23

estímulos realizados de forma a abranger todas as áreas do corpo, certamente o


desenvolvimento psicomotor se dará plenamente, contribuindo de forma satisfatória
para a aprendizagem.

“Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio, diria
isto: O fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o
aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso seus ensinamentos
(AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980).”

Ausubel, Novak e Hanesian (1980), nos remetem a aprendizagem


significativa, para que ela ocorra é necessário que a criança tenha uma atitude
positiva para aprender de modo significativo, ou seja, tenha predisposição para
aprender. É importante que a criança relacione material novo aos materiais
disponíveis em sua estrutura cognitiva. Ao teorizar a aprendizagem significativa,
observa-se a importância da motivação para aprender. A motivação é um fator
subjetivo, mas pode ser potencializada através de estímulos adequados.

A aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o ser


aprendente. Por isso, é importante que a aprendizagem possa ser significativa, esta
por sua vez, nos remete a psicomotricidade, que se bem desenvolvida na criança
pode gerar níveis de aprendizagem satisfatório, ou se não bem estimuladas, causar
consequências (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980).

Para que a aprendizagem provoque uma efetiva mudança de comportamento


e amplie cada vez mais o potencial da criança, é necessário que ela estabeleça
relação direta com o meio e com aquilo que está aprendendo. Para isso, é
importante a estimulação. Portanto, é de suma importância que o professor conheça
as crianças e o processo de aprendizagem e possa se interessar por elas como
seres humanos sensíveis que estão se transformando, e mais que isso, que são
únicos no seu desenvolvimento.
24

Considerações Finais

Partindo das conclusões comentadas nos itens anteriores, vale ressaltar a


participação do educador no cotidiano da criança, pois este possui um papel
importante no processo de aprendizagem, devendo respeitar e compreender a
subjetividade de cada criança, bem como o ambiente em que está inserida e
objetivar uma boa estimulação do desenvolvimento psicomotor.

É fundamental que o educador faça uso das práticas psicomotoras de forma


adequada na elaboração das atividades, saindo da educação tradicional e investindo
mais em uma educação que proporcione aos professores informações e formações
sobre a psicomotricidade no âmbito escolar e dessa forma, oferecer
possibilidades de elaborar um trabalho voltado para as necessidades das crianças.

Observa-se com nitidez que o foco principal deste trabalho foi de explicitar
como é importante que as crianças tenham oportunidades de vivenciar situações
positivas no âmbito escolar, em especial nas séries iniciais, e assim passem a
conhecer e confiar em seu próprio corpo e no seu desenvolvimento global, evitando
ao máximo que elas passem por experiência que a desvalorizem, mas, sim
proporcionem a descoberta das suas habilidades e os melhores meios para
aprender aquilo que lhe for proposto.

Por fim, é através da educação infantil que a criança poderá expandir seus
movimentos corporais, explorando seus sentimentos, seu corpo. Cabe à escola
conscientizar os profissionais da educação infantil do valor da psicomotricidade, pois
esta passa a ser um fator indispensável para o desenvolvimento geral e a
aprendizagem da criança, desse modo, devem ser reconhecidas através de
pequena avaliação, dificuldades psicomotoras que não foram trabalhadas,
possibilitando assim o desenvolvimento integral do aluno. O professor deve estar
sempre preocupado de trazer atividades corporais para dentro da sala de aula,
proporcionado cada vez mais experiência para seus alunos, favorecendo
25

a psicomotricidade fina, auxiliando os alunos de ritmo normal e de aprendizagem


lenta a vencer os obstáculos, os desafios da leitura e da escola.

Parte 4 - O desenvolvimento psicomotor diante da modernidade4


The psychomotor development in the modernity

Esteban Levin

RESUMO
Neste artigo, procuramos interrogar-nos a respeito da problemática que a cultura
atual apresenta sobre a imagem do corpo, a organicidade, a deficiência e o
desenvolvimento. Conceitos que consideramos fundamentais para compreender
como se estruturam os pontos de encontro e enlace entre a estruturação subjetiva e
o desenvolvimento psicomotor da criança.
Palavras-chave: Interdisciplina no desenvolvimento infantil; problemas de
desenvolvimento na criança; sintomas na infância; modernidade

4
LEVIN, Esteban. O desenvolvimento psicomotor diante da modernidade. Estilos clin., São Paulo , v. 5, n. 8, p.
147-155, 2000 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
71282000000100012&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 05 jun. 2020.
26

Não acreditamos que o corpo continue sendo corpo se lhe tiramos sua imagem,
ou seja, seu véu..."

Propomo-nos aqui a refletir sobre diferentes cenas e cenários da infância, nas quais
a criança se reconhece, existindo em suas produções corporais e não apenas em
seu crescimento e em sua maturação psicomotora.

Interessa-nos destacar a importância estrutural dessas cenas como verdadeiros


pontos de encontro entre a estruturação subjetiva e o desenvolvimento psicomotor.
É importante que nos detenhamos brevemente na problemática do eixo do corpo na
primeira infância.

O EIXO DO CORPO

A temática do eixo corporal nas crianças pequenas remete-nos diretamente a


interrogar-nos sobre o papel da postura e da representação no desenvolvimento
psicomotor de um sujeito.
27

Acreditamos que a primeira postura, o primeiro eixo corporal, organiza-se e delimita-


se a partir do toque e da postura do Outro materno. É nessa cena de diálogo tônico-
gestual e corporal que o recém-nascido sustentará não apenas seu corpo, mas
também sua imagem. Nesse cenário simbólico, os movimentos arcaicos do bebê
serão tomados como gestos, o amamentar será tomado como um ato de amor, o
grito será transformado em chamado e a gestualidade reflexa se configurará como
um dizer. Nessa verdadeira metamorfose corporal e gestual, o eixo corporal
começará a funcionar como representação e como lugar em que se instala o desejo
do Outro.

A ideia de eixo corporal remete-nos ao que se perguntava Diderot no século XVIII:


"Se lhe perguntamos o que é um corpo, você responderá que é uma substância, um
volume impenetrável, figurado, colorido e móvel. Mas separe desta definição todos
os adjetivos. O que restará para este ser imaginado que você chama de
substância?"

O eixo do corpo é um polo integrador das funções cinestésicas e labirínticas, que


ordena o corpo ao promover o equilíbrio em relação à posição postural, espacial e
temporal.

A sensibilidade cinestésica reflete a posição do corpo em relação à força da


gravidade. O que marca a importância dessa sensibilidade na orientação e no
equilíbrio do corpo no espaço.

O sentido cinestésico do equilíbrio postural (sensações correspondentes aos


músculos, às articulações e aos tendões) junto com o órgão do equilíbrio localizado
no ouvido interno determinam o modelo neuromotor da orientação e do equilíbrio
corporal, dando lugar à função do eixo.

O eixo do corpo em sua função de receptáculo (parafraseando Jean Bergès)


transforma-se em um operador fundamental para o desenvolvimento psicomotor e
para sua constituição subjetiva. Nas crianças pequenas, o efeito de apaziguamento
gerado pelos movimentos de embalar e movimentar que o Outro realiza
acompanhado pela sua voz (canção de ninar) abre o caminho para o que
inteligentemente Dupré chamou de "o lado negativo da motricidade" (o relaxamento).
28

O ritmo do impulso motor é delimitado por um estado de contração muscular (o lado


positivo da motricidade) e um estado de distensão (o lado negativo da motricidade);
entre essas variações tônicas motoras e suas referências posturais (em especial, em
relação com o eixo corporal) oscila a motricidade de um sujeito. Deste ponto de
vista, o lado "negativo" da motricidade não é a passividade, mas o que nomeia a
síncopa, o silêncio necessário para que o movimento se organize em um ato
gestual.

Tanto os estados de tensão permanente (as paratonias) como os estados de


hipotonia generalizada situam a impossibilidade do desdobramento psicomotor,
especificamente no concernente ao ritmo do impulso motor necessário para o
"exercício" de seu funcionamento e do fazer significante.

As crianças com sintomatologia psicomotora nos "fazem ver" a queda, o


desmoronamento do eixo corporal, dramatizado em sua desorientação espacial sem
limites representativos nos quais sustentar-se para situar-se e diferenciar-se. Em
parte, esta é a demanda que a criança enuncia nesse singular "fazer-se ver" na
relação com o olhar do Outro.

O impulso motor desprende-se da postura. A partir disso, o eixo do corpo se


configurará como a "coluna vertebral" do postural.

Esse primeiro eixo corpóreo é ritmado pelas presenças e ausências que o Outro
materno demarca em seus cuidados periódicos, nas trocas e giros posturais que
realiza com o recém-nascido, nos jogos e imitações corporais, no manejo do corpo.
Tudo isso produz como efeito sensações cinestésicas e labirínticas que se
incorporam e ressoam no bebê como uma primeira musicalidade estética, um ritmo
que marcará o encontro-desencontro com o Outro.

O impulso motor de um sujeito, em seu correspondente tônico, responderá a esse


ritmo "estético" delimitado pelas presenças e ausências, abrindo o caminho à
representação, que, deste modo, ficará ligada ao eixo do corpo em sua função de
receptáculo do toque, do dizer e do movimento que o Outro imprime no corpo.

Nesse sentido, o ritmo periódico e melódico (limitado pelo lado negativo, silencioso
da motricidade) do movimento corporal tem uma "sonoridade" musical que institui
29

um tempo: o tempo orientador no encontro com o Outro que marcará o impulso


motor do infans e, por que não?, sua temporalidade.

O domínio da motricidade estrutura-se, em grande medida, a partir desse laço com o


Outro que transforma o movimento em gesto e em imagens lúdicas. O sistema motor
fica assim limitado pela dimensão psíquica que constitui a direcionalidade e a
orientação do sistema. Daí o psicomotor.

O EIXO DO CORPO EM CRIANÇAS COM SEVEROS TRANSTORNOS


NEUROLÓGICOS

Em crianças com deficiências múltiplas ou com transtornos neurológicos, o eixo do


corpo transforma-se em um operador fundamental no encontro-desencontro com o
Outro. Muitas vezes, o discurso parental sobre o eixo corporal demonstra a
impossibilidade ou dificuldade de relacionar-se com a criança. Por exemplo: "Não sei
como pegá-la, tenho medo de machucá-la", "É tão molinha, que é melhor não tocá-la
muito", "Eu não posso tocá-la", "Eu e meu marido achamos que ela é dura por causa
da doença, não podemos fazer nada", "O médico nos disse que ela é assim por
causa da patologia, com isso não se pode brincar", "Ele será sempre meu bebê,
porque não se sustenta e não vai caminhar".

As dificuldades próprias do transtorno neurológico entrelaçam-se e encontram-se


com as imagens que cada pai faz da patologia de seu filho. Se predomina a
patologia, eclipsa-se a criança como sujeito, e ela aparece como objeto que
representa uma e outra vez a patologia. Se prevalece o sujeito criança, o pequeno
terá de se representar apesar da patologia e para isso necessita que seus pais
transformem-se em espelho de sua imagem, e não do órgão.
30

Uma de nossas funções na clínica com essas crianças portadoras de graves


transtornos neurológicos será possibilitar a elas construir sua imagem corporal e, em
relação aos pais, permitir que eles possam reconhecer-se em seus filhos, ou seja,
restabelecer a filiação.

Se, na clínica, tomamos as crianças como objetos a reparar, a reeducar, a exercitar


ou a estimular, corremos o risco de perder a dimensão subjetiva, e com ela a
possibilidade de atar seu desenvolvimento psicomotor (e, portanto, o eixo corporal)
ao cenário da constituição de um sujeito. É nesta direção que propomos nossa
técnica e estratégia clínica. O eixo do corpo não se move, é a partir dele, de sua
função estrutural, que a motricidade articula-se e ordena-se como representante de
um sujeito.

SUJEITO, DESENVOLVIMENTO E MODERNIDADE

Não há dúvidas de que, cada vez mais, a cultura da modernidade oferece-nos mais
elementos técnicos, princípios tecnológicos e detalhados sobre o corpo e seu
desenvolvimento psicomotor. Mas... de que corpo se trata? Como se classifica,
tecnifica e subdivide o corpo a partir dessa concepção?

Tomemos como exemplo algumas imagens corporais da modernidade, como a


imagem de um organismo humano. A princípio, pode-se dividi-lo e classificá-lo de
acordo com os elementos que compõem a cabeça, o tronco e por último as
extremidades (superiores e inferiores).

A partir disso, podemos descrever e estudar o interior da soma, os diferentes e


variados sistemas, por exemplo: o circulatório, o respiratório, digestivo, o muscular.
Podemos obter então uma detalhada descrição de sua fisiologia.

Podemos continuar levantando o véu e as "peles" e procurar conhecer mais,


investigar o que ocorre dentro, estudar seus componentes químicos, sua
31

composição orgânica. Podemos descobrir suas células, sua composição e função,


seus elementos e seus próprios sistemas e subsistemas. Podemos continuar
descobrindo até chegar (depois de complexos mecanismos) a vislumbrar os átomos
e seu funcionamento.

O que mais podemos observar, descrever, fragmentar, dissecar, ordenar, organizar


de uma soma (etimologicamente cadáver)?

O corpo, em sua materialidade, em sua substancialidade, em seu organismo,


indubitavelmente, existe. Este corpo pode ser tocado, visto, manipulado, modificado,
utilizado, esvaziado, consertado, composto, detalhado, higienizado, analisado,
transformado, classificado, reeducado.

Mas algo insiste e instiga para além do organismo, algo que não pode ser tocado,
manipulado, utilizado ou detalhado.

O que insiste e consiste configurando esse corpo, não apenas como soma ou como
um objeto passível de desenvolver-se, é uma imagem. Precisamente, não uma
imagem real de órgão, mas uma imagem virtual de corpo.

Uma imagem que se estrutura no desenvolvimento psicomotor da criança a partir da


imagem do Outro que ainda não é ela, mas que lhe permitirá sê-lo. Ser uma imagem
do Outro para, a partir desta, ter sua imagem e seu esquema corporal.

Sua primeira imagem está no Outro, que não vê nem seus órgãos, nem suas
funções orgânicas, nem suas composições químicas ou componentes fisiológicos,
mas que olha diante de si um bebê no qual se reconhece e que reconhece
nomeando-o como filho.

É essa imagem desejante que esse Outro materno lhe concede o que permitirá à
criança refletir-se, não em seu desenvolvimento muscular, tônico ou funcional, mas
em um lugar simbólico impossível de tocar, invisível para os sentidos, pois carece de
realidade tangível, já que se sustenta no desejo que é sentido e incorporado no
corpo por meio do intocável do toque. É nesse diálogo tônico-libidinal que se
configura o sujeito.
32

Essa realidade é a que confere existência à psicomotricidade nestes tempos da


modernidade. Pois essa imagem do corpo entronca-se em cada órgão (por isso os
órgãos podem falar), em cada função (por isso provocam seu funcionamento) e em
cada sistema corporal (por isso deixam sua marca).

Mas... o que tem a dizer a modernidade sobre o desenvolvimento da criança?

O discurso atual da modernidade sobre a temática do desenvolvimento infantil nos


leva a suprimir o sujeito que emerge em cada ato e jogo psicomotor. Pretende, deste
modo, a busca de um desenvolvimento "harmônico" e adequado de acordo com
estágios, modelos e subestágios previamente estabelecidos, os quais por sua vez
dependem de cada classificação e tipologia que o discurso imperante da
modernidade considere mais lógico, adequado e equilibrado para sua respectiva
idade cronológica.

Essa lógica levou a suprimir o sujeito-criança de tal modo, que, se este não está de
acordo com certa classificação cognitiva, ou com certos padrões neuromotores, ou
com alguns parâmetros estabelecidos, o problema que supostamente essa criança
teria é ter sido mal avaliada ou mal classificada.

Busca-se então denodadamente uma classificação, ou se enquadra a criança dentro


de alguma tipologia das muitas que existem para respeitar o currículo institucional,
ou simplesmente para a tranquilidade do avaliador.

O exemplo mais claro disso é a clássica classificação da educação especial, em


crianças severas ("os severos"), em crianças moderadas ("os moderados"), em
crianças leves ("os leves") e em crianças motoras, que toleram seus clássicos jogos
e atividades pedagógicas para cada nível, sem possibilidade de nenhuma evolução
ou progresso. Dito de outro modo:

"um severo" é severo e nunca poderá ser moderado, por isso necessita atividades
para severos, "um moderado" nunca poderá ser leve, por isso necessita uma
atividade para moderados.

Lembro-me de uma supervisão na qual os pais de João traziam a problemática


desta criança com paralisia cerebral e dificuldades em seu desenvolvimento. O
33

menino tinha sido encaminhado a uma escola "para motores", e lá foi realizada uma
série de testes diagnósticos, a partir dos quais disseram aos pais que, como a
criança apresentava um retardo mental, não podia ser aceita na instituição. Foi
encaminhado a uma instituição "para mentais", na qual voltaram a realizar uma série
de entrevistas diagnósticas e, como admitiam somente crianças severas e
moderadas, foi encaminhado a uma terceira instituição, em que, após um novo
diagnóstico, disseram aos pais que, do ponto de vista cognitivo, poderia ingressar,
mas, como apresentava um transtorno motor, João não podia ser admitido.

EM QUE CLASSIFICAÇÃO E TIPOLOGIA ENTRA UMA CRIANÇA COMO JOÃO


PARA SER SUJEITO?

Existem também diferentes instituições nas quais as crianças são agrupadas de


acordo com sua patologia, por exemplo, o grupo dos Down, o dos paralíticos
cerebrais, o dos autistas. Cada patologia nomeia, agrupa e uniformiza suas
atividades e propostas pedagógicas correspondentes.

O nome próprio, o que nomeia ou agrupa as crianças, o que lhes é comum é a sua
patologia; são nomeadas, faladas, agrupadas e educadas de acordo com sua
patologia. É a deficiência o que as nomeia como síndrome, como órgão ou como
objeto. Longe estão assim de ser consideradas como sujeitos. O que causa sua
posição no discurso institucional é o que as agrupa e as designa como signos do
fracasso, do retardo ou da deficiência. É sua patologia que as abarca e engloba em
todo seu fracassado desenvolvimento.
34

Esse discurso "científico" da modernidade sobre o desenvolvimento "patológico"


convoca a criança e seus pais a um lugar de integração social, cultural e educativo
cheio de impossibilidades, pois, por um lado, são nomeadas, apresentadas e
incluídas como crianças diferentes do normal e, por outro lado, o trabalho é
centralizado em parâmetros, índices e classificações estritamente pedagógicos e
cognitivos normais.

A partir dessas posições, se a criança fracassa ou não aprende, o problema é da


criança, do deficiente, ou seja, quem não está capacitada é a criança. É este o
discurso que nos apresenta a modernidade sobre o desenvolvimento anormal.
Portanto, a partir deste olhar, deparamos cada vez mais com novas técnicas de
estimulação, novas classificações e avaliações, novos e específicos testes e novas e
precisas técnicas cognitivas que pretendem eficácia e a obtenção de condutas
adaptadas ao meio.

Mas... o que ocorre com a singularidade de cada criança, de cada desenvolvimento,


de cada história?

Diante dessa questão, pensamos que, se a criança fracassa ou não aprende, o


problema não é da criança, mas do outro, seja este outro um educador, terapeuta,
professor, pai ou instituição.

Se uma criança não brinca porque não fala, não dirige o olhar e realiza movimentos
estereotipados, o objetivo não deveria ser que a criança adquirisse novos hábitos e
conhecimentos ou que conseguisse aprender as cores ou se adaptasse a brincar
com outras crianças, ou tivesse sua sensibilidade estimulada, mas sim compreender
qual é a problemática que a criança nos faz ver em sua estereotipia, em seu corpo,
em seu não olhar e em sua não palavra. Estabelecendo-se assim uma tática e
estratégia particular para esse sujeito-criança, e não para sua patologia de base ou
seu diagnóstico.

Seguindo o exemplo, a criança não pode brincar. Não é que ela decide não brincar,
e sim que não pode decidir, pois não brinca e deste modo não pode configurar suas
representações, suas palavras ou seu desenvolvimento. Reiteramos, o problema
35

não é da criança, mas é dos outros em encontrar o modo adequado de encontrar-se


com ela, e não com seu déficit.

As resistências a brincar e a aprender não são da criança, mas dos outros em


compreender a singularidade; nessas produções (ainda que sejam estereotipadas),
a criança nos "faz ver".

O mais difícil, o mais custoso para um terapeuta, ou para um educador, é admitir e


suportar suas próprias falhas, sua própria ignorância, mesmo que seja a única forma
de resgatar ali um sujeito que, com seu sofrimento, nos apresenta o problema de
sua história e seu desenvolvimento.

A partir desse ponto de vista, propomos que o desenvolvimento psicomotor de uma


criança é basicamente desarmônico (e não harmônico, como nos propõe o discurso
da modernidade), já que a criança ingressa na cultura por meio da demanda e do
desejo do Outro que a constitui, o que nos permite afirmar que a primeira imagem do
corpo de uma criança é a imagem do corpo de um Outro (função materna e
paterna). Sua primeira imagem está no Outro, e não em seu corpo.

O desarmônico desde a origem se estabelece na diferença e disjunção entre seu


corpo e suas sensações e sua imagem, que está em um "extracorpo", que está no
Outro. A partir disso se inicia a singularidade e o mistério que determina o
desenvolvimento psicomotor da criança.

Como encontrar, recuperar e engendrar o mistério, o enigma singular no


desenvolvimento, será nosso desafio atual diante do discurso uniforme da
modernidade.

Concluindo, em relação ao corpo despojado de imagens que nos apresenta a


modernidade, qual é a função do psicomotricista?

O psicomotricista terá de lutar necessariamente com essa fascinação, exagero e


desmesura pelo detalhe orgânico ou funcional que a modernidade apresenta-nos
atualmente. Uma vez que, em detrimento da imagem, o oculto torna-se visível, o
misterioso do desenvolvimento metamorfoseia-se em pura mecânica ou estágios, e
a curiosidade infantil transforma-se em manuais padronizados ou em caminhos
36

preestabelecidos estatisticamente. Deste modo, o corpo é esvaziado de todo


segredo e enigma. A sombra do órgão retorna uma e outra vez fragmentando e
questionando a imagem.

Nós, que trabalhamos com crianças partindo da psicomotricidade ou de qualquer


outra disciplina, temos a responsabilidade de não retroceder diante do excesso de
organicidade que a cultura atual nos propõe, que em sua última versão tenderia a
eliminar a imagem do corpo. Por exemplo, pode-se geneticamente clonar um corpo.
Mas... como clonar uma imagem corporal?

A imagem do corpo não é clonável, pois é o lugar em que um sujeito se representa -


é ali que se situa a impossibilidade do discurso científico. Exatamente no lugar em
que o sujeito emerge em sua singularidade fracassa a fórmula genética de sua
reduplicação.

Somos responsáveis por nossa paixão, "a paixão pela ignorância", quanto mais
acreditamos saber, menos sabemos, e então nos formamos e nos deixamos
também interrogar pela criança, somos sensíveis a ela, ou seja, a criança, com suas
perguntas, seu corpo, suas imagens, seus questionamentos, nos impacta, nos
impressiona e nos comove.

Deixar-nos impressionar, comover e impactar pelas produções da criança implicará


para ela reconhecer-se e existir em suas produções e questões, e, para nós,
suportar nossa própria ignorância. Será esta a nossa responsabilidade.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Bergès, J. (1988). A função estruturante do prazer. Escritos da Infância, 2.


37

Leitura complementar - Psicomotricidade no contexto da Neuroaprendizagem:


contribuições à ação Psicopedagógica5

Sonia Moraes
Maria Fernanda de Matos Maluf

RESUMO
Compreender como se desenvolve o processo de aprendizagem na criança é uma
das melhores formas de contribuir para que ela se desenvolva sem tropeços e
aproveitando ao máximo seu potencial cognitivo. Para atender a esse objetivo geral,
diversas abordagens são possíveis, mas este trabalho buscou as contribuições de
três áreas: Psicomotricidade, Psicopedagogia e Neuroaprendizagem. Para isto,
realizou-se revisão bibliográfica que cobriu os seguintes recortes: Psicomotricidade e
contribuições à aprendizagem; Psicopedagogia, definição de objeto e formas de
atuação; Neuroaprendizagem, princípios e contribuições às práticas educativas. A
revisão partiu de consulta à obra de autores consagrados nas áreas citadas e
estendeu-se à produção científica dos últimos dez anos, buscando conquistas e
possibilidades efetivas de ação interdisciplinar e transdisciplinar que favoreçam o
desenvolvimento cognitivo e a boa evolução na aprendizagem escolar. Os artigos
selecionados e analisados confirmam os benefícios do diagnóstico e intervenção
precoces aos pacientes em situação de risco, ou que apresentem dificuldades ou
transtornos de aprendizagem já instalados. A pesquisa revelou, ainda, a existência
de lacunas graves na formação dos profissionais da Educação, o que, em
combinação com dificuldades e carências das próprias crianças, explica o crescente
índice de fracasso escolar no País. Também se constatou haver demanda por
revisão do currículo em Pedagogia que permita o retorno da Psicomotricidade à
grade, além de inclusão da Neuroaprendizagem como disciplina, não só nesse
curso, como também em licenciaturas e especializações voltadas à Educação.
Palavras-chave: Desenvolvimento motor; Aprendizagem. Psicomotricidade;
Psicopedagogia. Neuroaprendizagem. Dificuldades de aprendizagem.

Texto completo disponível para leitura no seu ambiente virtual de


aprendizagem ZAYN.

5
Rev. Psicopedagogia, 2015; 32(97): 84-92.
38

Texto-imagem - Dica de Pediatria: Desenvolvimento Neuropsicomotor

Fonte: https://www.sanarmed.com/dica-de-pediatria-desenvolvimento-
neuropsicomotor

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