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Resumo
O experimento consistiu na análise de um sistema massa-mola utilizando-se de um
método estático e de um método dinâmico para a determinação experimental do coeficiente
elástico de uma mola (k) para, por fim, compará-los e verificar se os resultados eram
coerentes. No método estático determinou-se (k) simplesmente por meio das variações da
elongação da mola em função da força exercida (Lei de Hooke) por meio da colocação de
diferentes massas e, no método dinâmico, (k) foi determinado colocando-se o sistema em
oscilação harmônica e analisando a relação do período de oscilação em função das
diferentes massas testadas. Ao final obteve-se como resultado das constantes (k) da mola
pelos métodos estático e dinâmico, respectivamente, (5,67 ± 0,06) N/m e (5,50 ± 0,07) N/m,
indicando uma boa concordância entre os valores.
1. Introdução
Segundo Heráclio de Éfeso (540 – 475 a.C), um dos principais filósofos
pré-socráticos, "o mundo e a natureza são constantes movimentos. Tudo muda o tempo
todo, e o fluxo perpétuo (entendido como movimento constante) é a principal característica
da natureza."1 Dentre os mais variados fenômenos físicos onde o movimento é estudado,
destaca-se o chamado Movimento Harmônico Simples (MHS) que, segundo Halliday, é todo
movimento que se repete a intervalos regulares2 , ou seja, ele surge quando ao se afastar
um corpo de sua posição de equilíbrio (x0) ele retorna oscilando em torno desse ponto inicial
(x0), por meio uma força contrária ao deslocamento (força restauradora). No MHS as forças
são conservativas, não havendo, perda de energia.
Os dois experimentos visavam determinar o coeficiente elástico da mola. O primeiro
experimento realizado consistiu na determinação do coeficiente por meio de um método
estático, ou seja, com o sistema massa-mola suspenso (sem contato com uma superfície
qualquer) e parado (sem oscilar). O segundo experimento foi realizado também com a
mola suspensa (Figura 1), neste caso, utilizou-se utilizando um método, onde o sistema foi
colocado para oscilar.
1
BRASIL ESCOLA. Heráclito. Disponível em < https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/heraclito.htm> Acesso em:
17 jul 2022.
2
HALLIDAY, David. Física, volume 2: gravitação, ondas e termodinâmica. 8ª ed. Rio de Janeiro: LTC. 2009. p. 88
2
𝐹 =− 𝑘. 𝑦 (1)
|𝑔| (3)
𝑦 = 𝑚 𝑘
+ 𝑦0
seja, como σ =± 0, 1 𝑔
𝑚
.
A incerteza da posição foi estabelecida, a priori, em σ𝑝 =± 0, 1 𝑐𝑚 devido à
3
ATUS (Analysis Tool for Undergrad Students) - versão 1.1.0.0
4
𝑚
𝑇 = 2π 𝑘
(4)
Onde T é o Período da oscilação do sistema (s), m é a massa do objeto preso à mola (kg) e
k é a constante elástica da mola (N/m) 4, linearizada assume a forma da equação 5.
2 𝑚
𝑇 = 4π². 𝑘
(5)
4
HALLIDAY, D. Op. Cit. p.90
5
Adotou-se como valor da aceleração da gravidade local 978.64 cm/s² (9.7864 m/s²)
estabelecido pelo IAG - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da
Universidade de São Paulo.
1.2 Objetivos
O objetivo dos experimentos é determinar de maneira gráfica e analítica a constante
elástica (k) de uma mola por meio dos métodos estático e dinâmico, e comparar os
respectivos valores obtidos.
2. Descrição Experimental
No que segue descreve-se os procedimentos adotados em cada experimento
Mola ➔
Suporte do conjunto
massa-mola com a escala
graduada em cm ➔
Fig. 4: Aparato experimental utilizado tanto para a medição da constante elástica da mola
pelo método estático quanto para o método dinâmico. Observa-se a mola e o suporte onde
as peças eram encaixadas pelo furo ou pelas reentrâncias.
Fig. 5: Exemplo dos anéis metálicos utilizados como peso, podendo-se observar os
furos e as reentrâncias.
M1 M2 M3 M4 M5
posições finais da elongação da mola de acordo com as massas (M6 à M9) foram
registradas na Tabela 2.
com um calço de modo que a mola ultrapassasse o limite da bancada e pudesse oscilar
sem nenhuma interferência.(Figura 8). Cuidou-se também que o sistema massa-mola não
oscilasse como um pêndulo simples e atrapalhasse a medição de T.
⇩ <--------->⇩
Como foi cronometrado o tempo de 10 contagem de ciclos para cada massa (M)
utilizada, o Período correspondente (medidos em segundos) foi calculado dividindo-se o
tempo total por 10 e depois elevado ao quadrado para que se pudesse usar a equação
linearizada (5).
Os valores de T2 (medidos em s²) foram registrados na tabela 6 juntamente com as
massas (em kg). As incertezas dessa medição também foram inseridas nesta tabela e seu
cálculo foi explicitado na seção 4.
Na sequência, os dados foram inseridos no ATUS utilizando equação linearizada (5)
2
adaptada para o ajuste de reta: 𝑇 = (4π²/𝑘) · 𝑚, na forma de 𝑦(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏.
Onde “a” é o coeficiente angular da reta de onde obtemos k e “b” o coeficiente linear
que corresponde ao y do ponto de equilíbrio, que não foi objeto de estudo neste
experimento.
Conforme o objetivo deste relatório, a constante k determinada por este método será
comparada com a determinada pelo método estático descrito na seção 2.2.2.
composição das massas utilizadas e as posições finais dos conjuntos (elongação da mola)
e, representadas no gráfico da figura 10.
1 M1 21,3 92.8
2 M2 20.1 92.7
3 M3 25.1 93.4
4 M4 49.2 97.4
5 M5 40.2 95.9
Figura 10: Gráfico da relação entre a massa total e a posição final do sistema.
12
Ajuste: 𝑦 = 𝑔/𝑘 · 𝑥 + 𝑏
Parâmetro Valor ajustado
Tabela 3: Dados experimentais da segunda mola que mostram a relação entre a massa de
uma composição de pesos e a sua posição final. A incerteza associada à cada uma das
medidas está representada em itálico
1 M6 100.1 77.1
2 M7 49.2 68.0
3 M8 50.0 68.1
4 M9 40.8 66.6
13
Figura 11: Gráfico da relação entre a massa total e a posição final do sistema para a
segunda mola. Foi ajustado pela equação 𝑦 = 𝑎 · 𝑥 + 𝑏, onde, no caso, 𝑎 = 𝑔/𝑘𝑆2, “g”
aceleração gravitacional local (9.7864 m/s²) e “ks2” a constante elástica da mola pelo método
estático conforme procedimento 2.2.2(b).
Tabela 5: Dados experimentais da turma para o cálculo da incerteza do tempo por meio do
desvio padrão amostral
0,14 s 0,014 s
(*) Nota: a incerteza do período é dado por σ𝑇 = σ/𝑁, sendo N o número de oscilações
estabelecidas para a determinação do tempo, ou seja, N=10.
Tabela 6: Dados experimentais coletados pelo método dinâmico referentes a segunda mola
Ajuste: 𝑦 = 4 · π² · (1/𝑘𝑑) · 𝑥
aos métodos de determinação estático KS2 = (5,50 ± 0,07) N/m e dinâmico Kd = (5,67 ± 0,06)
N/m, considerando as faixas das incertezas.
Tendo em vista as dificuldades e erros associados aos dois métodos para a
determinação de k, considera-se, dentro da faixa de variação, que uma boa aproximação
seria um valor intermediário entre 5,50 e 5,67 N/m.
Comparando-se os procedimentos experimentais de ambos os métodos, percebe-se
que o estático, por apresentar menor grau de complexidade para a execução e menor
possibilidade de erros de medição, poderia ser considerado como aquele cuja constante
elástica mais se aproxima de um valor verdadeiro.
Como curiosidade, temos que a constante elástica da primeira mola (experimento
pelo método estático 2.2.2 (a) é de: Ks1 = 5,77 ± 0,04, bem acima dos valores encontrados
para a mola utilizada no experimento 2.2.2(b) e 2.2.3 o que significa que, realmente, a mola
utilizada no experimento dinâmico não era a original do dia 20/06. Portanto, justificou-se a
necessidade da repetição do método estático com a segunda mola a fim de eliminar esse
fator de erro, mesmo que o número de medidas tenha sido inferior às da primeira mola para
efeito estatístico e montagem do gráfico de ajuste.
( )
𝑁 𝑁
2 1 ⎡ 1 ⎤ (5)
σ𝑡 = · ∑ ⎢𝑡𝑖 − · ∑ 𝑡𝑖 ⎥
𝑁−1 ⎢
𝑖=1 ⎣
𝑁 ⎥
𝑖=1 ⎦
Onde σ𝑡 representa a incerteza do tempo e “N” o número de elementos
σ 2=
𝑇
1
2 (𝑇±σ𝑡)² ⇒σ 2=
𝑇
1
2 (
⎡⎢ 𝑇 + σ
⎣ )2 − (𝑇 − σ𝑡)2 ⎤⎥⎦
𝑡
⇒ σ 2 = 2. 𝑇. σ𝑡
𝑇
Logo cada valor de período ao quadrado obtido teve uma incerteza associada, que
foi levado em conta na hora de extrair a incerteza da constante elástica da mola pelo ajuste
de reta do gráfico. Portanto, a incerteza da constante elástica foi de ± 0,06 N/m
5. Conclusões
Era de se esperar que as duas constantes elásticas tivessem valores diferentes
principalmente por conta da dificuldade associada à medição das 10 oscilações, mesmo
estipulando um ponto de referência para a marcação do início do período. Ao contrário do
método estático que possibilita uma boa redução de erros de medida (paralaxe) justamente
pelo conjunto estar parado e assim facilitar as leituras na escala graduada, o método
dinâmico inseria alguns erros sistemáticos como, por exemplo, erros sistemáticos,
ambientais, observacionais e teóricos5. Como erros ambientais citamos o atrito com o ar
que, embora possa ser desprezado, realmente existe e amortece o movimento; já os erros
observacionais são mais relevantes e difíceis de serem evitados. Entretanto, o uso de
alguma técnica pode reduzi-los, por exemplo, filmagem do movimento e posterior análise
5
VUOLO, J. H. Fundamentos da Teoria de Erros - 2º Edição, Editora Edgard Blucher, São Paulo,
1996. p.82-85
18
quadro a quadro com auxílio de um software apropriado (ex. Tracker). Dentre esses erros
observacionais destaca-se o erro de cronometragem que depende da reação humana e do
cuidado na observação do movimento; também temos um grande erro de paralaxe, pois a
referência adotada como ponto de partida das medições (ex. borda da mesa) possui
dimensões grosseiras causando uma variação para mais e para menos da elongação da
mola em função do ângulo de observação e da reação ao cronometrar. Quanto aos erros
teóricos temos aqueles ao assumirmos que a mola é ideal e que o movimento é
completamente conservativo, onde a Energia Mecânica total não se altera. Obviamente
observa-se que com o tempo a oscilação vai diminuindo até parar, o que denota uma perda
de energia. Com isso, ao longo das medições é de se esperar que a elongação da mola vá
diminuindo e isso causa mais um erro na medição. Finalmente, sobre erros instrumentais,
assumiu-se que o cronômetro estava devidamente calibrado e em perfeitas condições de
uso para ambos os métodos, não inserindo erros dessa natureza.
Um ponto crucial do experimento como um todo foi a percepção, em tempo, da troca
do suporte graduado e conjunto mola + suporte de pesos antes da realização do método
dinâmico. Isto evitou a inserção de um erro importante na comparação das constantes (k),
pois as comparações seriam feitas com molas diferentes, o que não é desejado. Essa
diferença pode ser notada pelo valor a constante elástica medida pelo método estático da
primeira mola (5,77 ± 0,04) N/m em comparação com a da segunda (5,50 ± 0,07) N/m
(mesma mola utilizada para o experimento dinâmico). Portanto, ressaltamos a importância
de se manter um controle sobre as condições experimentais para que se possa obter
resultados confiáveis.
Por fim, apesar de tudo que foi comentado acima, os resultados se mostraram
satisfatórios e bem coerentes entre si, significando que ambos os métodos (estático e
dinâmico) utilizados permitem a determinação de constante elástica de molas com um bom
grau de precisão, percebendo-se uma compatibilidade entre os resultados obtidos: Método
dinâmico (5,67 ± 0,06) N/m e estático (5,50 ± 0,07) N/m, em ambos teve-se uma incerteza
com duas casas decimais.
19
Referências bibliográficas