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Sistema Massa-Mola: Análise Estática e Dinâmica


PAFFETTI, Marco A.; SANCHES, Matheus; SOARES, Reginaldo

Resumo
O experimento consistiu na análise de um sistema massa-mola utilizando-se de um
método estático e de um método dinâmico para a determinação experimental do coeficiente
elástico de uma mola (k) para, por fim, compará-los e verificar se os resultados eram
coerentes. No método estático determinou-se (k) simplesmente por meio das variações da
elongação da mola em função da força exercida (Lei de Hooke) por meio da colocação de
diferentes massas e, no método dinâmico, (k) foi determinado colocando-se o sistema em
oscilação harmônica e analisando a relação do período de oscilação em função das
diferentes massas testadas. Ao final obteve-se como resultado das constantes (k) da mola
pelos métodos estático e dinâmico, respectivamente, (5,67 ± 0,06) N/m e (5,50 ± 0,07) N/m,
indicando uma boa concordância entre os valores.

1. Introdução
Segundo Heráclio de Éfeso (540 – 475 a.C), um dos principais filósofos
pré-socráticos, "o mundo e a natureza são constantes movimentos. Tudo muda o tempo
todo, e o fluxo perpétuo (entendido como movimento constante) é a principal característica
da natureza."1 Dentre os mais variados fenômenos físicos onde o movimento é estudado,
destaca-se o chamado Movimento Harmônico Simples (MHS) que, segundo Halliday, é todo
movimento que se repete a intervalos regulares2 , ou seja, ele surge quando ao se afastar
um corpo de sua posição de equilíbrio (x0) ele retorna oscilando em torno desse ponto inicial
(x0), por meio uma força contrária ao deslocamento (força restauradora). No MHS as forças
são conservativas, não havendo, perda de energia.
Os dois experimentos visavam determinar o coeficiente elástico da mola. O primeiro
experimento realizado consistiu na determinação do coeficiente por meio de um método
estático, ou seja, com o sistema massa-mola suspenso (sem contato com uma superfície
qualquer) e parado (sem oscilar). O segundo experimento foi realizado também com a
mola suspensa (Figura 1), neste caso, utilizou-se utilizando um método, onde o sistema foi
colocado para oscilar.

1
BRASIL ESCOLA. Heráclito. Disponível em < https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/heraclito.htm> Acesso em:
17 jul 2022.
2
HALLIDAY, David. Física, volume 2: gravitação, ondas e termodinâmica. 8ª ed. Rio de Janeiro: LTC. 2009. p. 88
2

Fig.1 : Sistema massa-mola em estudo

Ao longo do experimento dinâmico percebeu-se que o suporte graduado e também a


mola utilizada eram diferentes, o que impossibilitou uma comparação entre os coeficientes
calculados em cada método. Portanto, decidiu-se que durante o ensaio dinâmico seria
repetido o cálculo de “k” via método estático, para que fosse possível comparar
corretamente os coeficientes encontrados em cada caso. Na conclusão, os três coeficientes
calculados foram comparados.
O presente relatório está dividido em seis tópicos, a saber: introdução teórica sobre
o sistema massa-mola para cada método experimental onde aborda-se os conceitos físicos
e as equações relevantes; os objetivos dos experimentos alvos deste relatório; a descrição
dos equipamentos e instrumentos utilizados nos experimentos, bem como os procedimentos
experimentais adotado; os dados do experimento, suas incertezas e respectivas análises, a
conclusão e as fontes bibliográficas consultadas.

1.1 Introdução Teórica


O diagrama de corpo livre para o sistema massa-mola foco das nossas experiências
está representado na Figura 2.

Fig. 2 Forças atuantes no sistema massa-mola, com a massa em suspensão.


Fonte: CORREIA, Alexandre L. Notas de Aula: Exp04-Aula02 - p. 3
3

Onde m é a massa do objeto atado à mola, g a aceleração da gravidade local e Fk a


força restauradora proporcional ao deslocamento y. A expressão matemática dessa força
restauradora é chamada de “Lei de Hooke” e é dada pela equação:

𝐹 =− 𝑘. 𝑦 (1)

Onde F é a força restauradora (força elástica da mola) dada em N (newton), y é o


deslocamento da massa a partir do ponto de equilíbrio inicial (y0) em m (metros) e k é uma
grandeza chamada “constante elástica da mola” (em N/m), que depende da natureza e
características físicas da mola. Basicamente k mede a rigidez da mola, assim, quanto maior
seu valor, maior será a força necessária para deslocar a massa um determinado 𝛥𝞬. Da
mesma forma, quanto menor k, menor a força necessária para deslocar o mesmo 𝛥𝞬.
Em condições estáticas, a força aplicada pela mola distendida até a posição (y)
devido à colocação de um determinado objeto de massa m conhecida sobre o suporte,
equilibra a força peso:

|F𝑘 | = k.y = m.|g| (2)

Dessa forma para a determinação gráfica de k e de y0 utilizou-se a equação


linearizada:

|𝑔| (3)
𝑦 = 𝑚 𝑘
+ 𝑦0

Logo, a posição da do sistema é diretamente proporcional à massa multiplicada pela


razão entre a aceleração da gravidade local e pela constante elástica da mola. Usa-se essa
expressão (equação 3) como a função de ajuste de dados para a montagem do gráfico
gerado pelo software ATUS3.
A incerteza da massa foi estabelecida em função da precisão da balança digital, ou

seja, como σ =± 0, 1 𝑔
𝑚
.
A incerteza da posição foi estabelecida, a priori, em σ𝑝 =± 0, 1 𝑐𝑚 devido à

dificuldade de visualização precisa da régua, cuja subdivisão está em milímetros.


O cálculo da incerteza da força |F𝑘 | está detalhado no item 4 deste relatório
Por outro lado, em condições dinâmicas, considerando o mesmo diagrama de
corpo-livre da Figura 2, temos na Figura 3 uma ilustração do movimento oscilatório do

3
ATUS (Analysis Tool for Undergrad Students) - versão 1.1.0.0
4

sistema massa-mola em torno de um ponto de equilíbrio (y0) e a direção da força elástica da


mola dependendo de y.

Fig.3 Movimento oscilatório da massa suspensa numa mola.


Fonte: <https://free-content.direcaoconcursos.com.br/demo/curso-9971.pdf> p.8

As principais grandezas físicas associadas a este sistema são:


a) Amplitude: que corresponde justamente ao deslocamento 𝛥𝞬 (y - yo) em metros,
também chamada de elongação da mola.
b) Frequência de oscilação: esta é uma propriedade importante dos movimentos
oscilatórios e corresponde ao número de oscilações que o corpo realiza por segundo. Sua
unidade no SI é o Hertz (Hz) e é dada por: 𝑓 = 1/𝑇, onde T é o período da oscilação.
c) Período: o Período é ao inverso da frequência e corresponde ao tempo de uma
oscilação completa em segundos (s), cuja expressão é dada por:

𝑚
𝑇 = 2π 𝑘
(4)

Onde T é o Período da oscilação do sistema (s), m é a massa do objeto preso à mola (kg) e
k é a constante elástica da mola (N/m) 4, linearizada assume a forma da equação 5.

2 𝑚
𝑇 = 4π². 𝑘
(5)

A incerteza da massa foi estabelecida em função da precisão da balança digital, ou


seja, como σ =± 0, 1 𝑔.
𝑚

Os cálculos de incerteza estão detalhados na seção 4.

4
HALLIDAY, D. Op. Cit. p.90
5

Adotou-se como valor da aceleração da gravidade local 978.64 cm/s² (9.7864 m/s²)
estabelecido pelo IAG - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da
Universidade de São Paulo.

1.2 Objetivos
O objetivo dos experimentos é determinar de maneira gráfica e analítica a constante
elástica (k) de uma mola por meio dos métodos estático e dinâmico, e comparar os
respectivos valores obtidos.

2. Descrição Experimental
No que segue descreve-se os procedimentos adotados em cada experimento

2.2.1 Instrumental Utilizado


Para ambas as etapas do experimento (determinação da constante elástica pelo
método estático e dinâmico) utilizou-se de uma balança digital, fabricação A&D, modelo EK
1200A, com precisão de 0.1 g, um aparato experimental como mostrado na Figura 4, que
consistia em um suporte para o conjunto massa-mola dotado de escala graduada em
centímetros (precisão de 0,05 cm e incerteza associada ao experimento de 0,1 cm), uma
mola de constante elástica desconhecida, um suporte para se poder colocar as peças
metálicas com massas variadas, além de um conjunto de peças de formato circular, com
furo no meio para que se pudesse encaixar no suporte, conforme pode ser observado na
Figura 5. (Obs.: todas também possuíam uma reentrância para facilitar o encaixe).
Para o método dinâmico, além dos materiais mencionados, utilizou-se também um
cronômetro digital marca Caston, modelo: ST-613D e precisão de 0,01s.
6

Mola ➔

Suporte para os pesos ➔

Suporte do conjunto
massa-mola com a escala
graduada em cm ➔

Fig. 4: Aparato experimental utilizado tanto para a medição da constante elástica da mola
pelo método estático quanto para o método dinâmico. Observa-se a mola e o suporte onde
as peças eram encaixadas pelo furo ou pelas reentrâncias.

Fig. 5: Exemplo dos anéis metálicos utilizados como peso, podendo-se observar os
furos e as reentrâncias.

2.2.2 Procedimento da determinação da constante elástica da mola (k)


pelo método estático.
Para a determinação da constante elástica da mola (k) pelo método estático,
efetuou-se medições da posição final da mola distendida, utilizando-se para isto uma
combinação de anéis metálicos com massas diferentes.
Primeiramente determinou-se, para fins comparativos, uma posição inicial na régua
graduada utilizando apenas a mola e a base do suporte de anéis.
7

Os anéis foram pesados na balança analítica e suas massas (M) registradas.


Posteriormente os anéis foram colocados individualmente ou combinados entre si no
suporte e as respectivas massas totais (somas) também registradas.
Ao final, utilizou-se o software ATUS para o ajuste da curva e determinação da
constante elástica da mola.
Conforme explicado anteriormente, este experimento foi realizado duas vezes.
Ambos foram consolidados neste item, a saber:

a) Primeiro Experimento com o método estático


Este experimento foi realizado no dia 20 de junho de 2022. Para a determinação da
constante elástica da mola (k) em estudo, efetuou-se dez medições da posição final da mola
distendida, utilizando-se, para isto, uma combinação dos anéis mostrados na Figura 6.
Primeiramente determinou-se uma posição inicial da medição na régua utilizando
apenas a mola e o suporte de anéis, este valor foi de 89.3 cm (0.893 m). Os anéis metálicos
foram pesados na balança analítica e as massas (M1 à M5) registradas na Tabela 1 dos
resultados experimentais.
Posteriormente, os anéis foram colocados individualmente ou combinados entre si
no suporte e a massa total e as respectivas posições dos deslocamentos finais da mola
foram anotadas também na Tabela 1.
Ao final, utilizou-se o software ATUS para ajuste da curva e determinação da
constante da mola.

M1 M2 M3 M4 M5

Fig. 6: Anéis utilizados no 1º experimento e respectivas massas.

b) Segundo Experimento com o método estático


O segundo experimento com método estático foi realizado no dia 27 de junho de
2022, previamente ao experimento do método dinâmico, pois necessitava-se do dado do
coeficiente elástico da mola determinado no primeiro para a comparação entre os
resultados dos dois procedimentos. Entretanto, o conjunto experimental foi trocado e não se
tinha certeza que a mola utilizada, prejudicando a comparação entre os métodos.
No segundo experimento para a determinação da constante elástica da mola (k) pelo
método estático, utilizou-se 4 anéis metálicos distintos (Figura 7). Da mesma forma, as
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posições finais da elongação da mola de acordo com as massas (M6 à M9) foram
registradas na Tabela 2.

(M6) (M7) (M8) (M9)

Fig. 7: Anéis metálicos utilizados no 2º experimento e respectivas massas

Ao final, também utilizou-se o ATUS para ajuste da curva e determinação da


constante da mola.
Em ambos os experimentos a incerteza da posição foi determinada em consenso
com todos os alunos que seria de 0,1 cm e para a incerteza da massa foi utilizada a
precisão da balança, ou seja 0,1 g.

2.2.3 Procedimento da determinação da constante elástica da mola (k)


pelo método dinâmico.
Ao contrário do método anterior, para a determinação da constante elástica de uma
mola pelo método dinâmico foi necessário produzir uma oscilação no sistema massa-mola
adotado na Figura 4.
Inicialmente determinou-se a incerteza do tempo por meio de uma simulação do
experimento com vários experimentadores presentes. Cada um determinou um valor de
tempo para 10 oscilações do sistema com massa arbitrária, os valores obtidos neste
procedimento estão registrados na Tabela 5.
Diferentemente do método estático, onde a elongação (y) da mola era fundamental
para a determinação de k, no método dinâmico o valor da elongação não foi utilizado, antes
o Período (T) da oscilação, dependente apenas da massa e do tipo de mola, ou seja, de
suas características, conforme mostra a equação 4.
Com base nestas informações, adequou-se, o suporte do sistema massa-mola
servindo apenas como apoio para que a mola pudesse oscilar livremente com a carga
aplicada, sem interferências com outras estruturas ou objetos (atrito ou impacto). Assim,
quando a massa era suficientemente grande para que a distensão da mola ultrapassasse a
base do suporte e tocasse na bancada, o aparato experimental necessitou ser inclinado
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com um calço de modo que a mola ultrapassasse o limite da bancada e pudesse oscilar
sem nenhuma interferência.(Figura 8). Cuidou-se também que o sistema massa-mola não
oscilasse como um pêndulo simples e atrapalhasse a medição de T.

Fig.8 Foto do suporte do sistema massa-mola utilizado no método dinâmico.


Observa-se a inclinação do suporte para a massa oscilar livremente e um caderno grosso
utilizado para evitar que o aparato tombasse.

A seguir, escolheu-se aleatoriamente quatro anéis dentre vários disponibilizados


para o experimento e que estão mostrados na Figura 7 acima. Todos foram devidamente
tiveram suas massas medidas na balança analítica os valores estão registrados na Tabela
3, depois montou-se 6 composições diferentes de massas com os 4 anéis, conforme a
Tabela 6. Após a montagem do sistema massa-mola com uma das composições de anéis
metálicos servindo de carga de prova, colocou-se o sistema para oscilar deslocando
manualmente o suporte de pesos verticalmente para baixo e em seguida liberado. Depois
de um tempo para estabilização das oscilações, cada um dos membros do grupo mediu,
com auxílio do cronômetro digital, o tempo para 10 oscilações do sistema, tomando o
cuidado de definir um ponto (y0 ; ex.: borda da mesa) como referência para a contagem de
tempo. Como (y0) não entra no cálculo de T, a posição adotada para a cronometragem do
tempo de oscilação é irrelevante, mas deve-se ter o cuidado de manter sempre a mesma
para cada medida.
Cabe uma observação. Considera-se uma oscilação o tempo decorrido de um ciclo
do movimento da massa em torno do ponto de referência adotado (y0). A figura abaixo
10

exemplifica a metodologia. Suponhamos que adotou-se como (y0) a posição marcada na


Figura 9. Após deslocar a massa verticalmente para baixo e depois liberar, o sistema oscila
conforme o esquema da figura. Assim, quando a massa retorna ao ponto inicial temos um
ciclo.
y0 y0

⇩ <--------->⇩

Fig. 9 Representação esquemática da oscilação do sistema massa-mola com


indicação de 1 ciclo (“ventre da onda” neste caso).
Fonte da figura: <https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/oscilador-massa-mola.htm>

Como foi cronometrado o tempo de 10 contagem de ciclos para cada massa (M)
utilizada, o Período correspondente (medidos em segundos) foi calculado dividindo-se o
tempo total por 10 e depois elevado ao quadrado para que se pudesse usar a equação
linearizada (5).
Os valores de T2 (medidos em s²) foram registrados na tabela 6 juntamente com as
massas (em kg). As incertezas dessa medição também foram inseridas nesta tabela e seu
cálculo foi explicitado na seção 4.
Na sequência, os dados foram inseridos no ATUS utilizando equação linearizada (5)
2
adaptada para o ajuste de reta: 𝑇 = (4π²/𝑘) · 𝑚, na forma de 𝑦(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏.

Onde “a” é o coeficiente angular da reta de onde obtemos k e “b” o coeficiente linear
que corresponde ao y do ponto de equilíbrio, que não foi objeto de estudo neste
experimento.
Conforme o objetivo deste relatório, a constante k determinada por este método será
comparada com a determinada pelo método estático descrito na seção 2.2.2.

3. Resultados Experimentais e Análise dos Dados


Os resultados experimentais encontrados são apresentados e discutidos na
sequência.
3.1 Método Estático
Segundo os procedimentos esclarecidos na Seção 2.2.2(a), sobre a determinação
da constante elástica da mola pelo método estático, obteve-se a tabela 1 com os dados da
11

composição das massas utilizadas e as posições finais dos conjuntos (elongação da mola)
e, representadas no gráfico da figura 10.

Tabela 1: Relação entre a massa da composição e a posição final da distensão do sistema


“massa + mola”. A incerteza atribuída a cada umas das medições aparece em itálico

Medição Composição Massa (g) ± 0,1 g Posição (cm) ± 0,1 cm

1 M1 21,3 92.8

2 M2 20.1 92.7

3 M3 25.1 93.4

4 M4 49.2 97.4

5 M5 40.2 95.9

6 M1+M5 89.4 104.2

7 M1+M2 41.4 96.1

8 M1+M3 46.4 96.7

9 M1+M2+M3 66.5 100.2

10 M1+M2+M3+M4 90.6 108.9

Figura 10: Gráfico da relação entre a massa total e a posição final do sistema.
12

O gráfico (Figura 10) foi ajustado pela equação 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏, onde, no caso


𝑎 = 𝑔/𝑘𝑆1, onde “g” aceleração gravitacional local (9.7864 m/s²) e “kS1” a constante elástica

da mola pelo método estático referente ao procedimento 2.2.2(a).


Pelo ajuste de reta aplicado aos dados experimentais, pode-se tirar informações
como a constante elástica da mola em N/m (coeficiente angular “a”, porém sendo 𝑎 = 𝑔/𝑘)
e a posição inicial do sistema em metro (coeficiente linear b), além seus respectivos valores
de incerteza, como mostra a Tabela 2.

Tabela 2: Resultados do gráfico da figura 10.

Ajuste: 𝑦 = 𝑔/𝑘 · 𝑥 + 𝑏
Parâmetro Valor ajustado

ks1 (N/m) 5,77 ± 0,04

b (m) 0,8910 ± 0,0006

Conforme explicação dada na na Seção 2.2.2(b), executou-se um segundo


experimento estático para a determinação da constante elástica de uma outra mola
(também utilizada no experimento dinâmico), portanto, os dados referentes às massas e às
posições finais foram organizados na Tabela 3 e montou-se um novo gráfico, Figura 11,
mostrando a relação existente entre a posição final e massa do sistema.

Tabela 3: Dados experimentais da segunda mola que mostram a relação entre a massa de
uma composição de pesos e a sua posição final. A incerteza associada à cada uma das
medidas está representada em itálico

Medição Composição Massa (g) ± 0,1 g Posição (cm) ± 0,10 cm

1 M6 100.1 77.1

2 M7 49.2 68.0

3 M8 50.0 68.1

4 M9 40.8 66.6
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Figura 11: Gráfico da relação entre a massa total e a posição final do sistema para a
segunda mola. Foi ajustado pela equação 𝑦 = 𝑎 · 𝑥 + 𝑏, onde, no caso, 𝑎 = 𝑔/𝑘𝑆2, “g”

aceleração gravitacional local (9.7864 m/s²) e “ks2” a constante elástica da mola pelo método
estático conforme procedimento 2.2.2(b).

De maneira semelhante, pelo ajuste de reta aplicado aos dados experimentais,


obtém-se pelos coeficientes angular e linear respectivamente as informações sobre a
constante elástica da mola (sendo que 𝑎 = 𝑔/𝑘) e a posição inicial e suas incertezas
associadas, como mostra a tabela 4.

Tabela 4: Resultados obtidos do gráfico da figura 11

Ajuste: 𝑦 = 𝑔/𝑘' · 𝑥 + 𝑏'

Parâmetro Valor ajustado

kS2 (N/m) 5,50 ± 0,07

b’ (m) 0,593 ± 0,001


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3.2 Método Dinâmico


Seguem abaixo os dados do experimento descrito na Seção 2.2.3, sobre a
determinação da constante elástica da segunda mola pelo método dinâmico. Nele se fez
necessário admitir que apenas a incerteza do tempo seria usada como fator para a
determinação da incerteza da constante elástica dessa mola. Desse modo foi feito um
experimento coletivo com todos alunos do laboratório a fim de determinar essa incerteza do
tempo, os dados foram organizados na tabela 5

Tabela 5: Dados experimentais da turma para o cálculo da incerteza do tempo por meio do
desvio padrão amostral

Resultado do tempo resultante de 10 oscilações (s) (Tx10)

8.72 8.66 8.78 8.62

8.75 8.71 8.72 8.72

8.66 8.75 8.41 8.19

8.68 8.72 8.69 8.72

8.63 8.72 8.72

Desvio padrão de todas as medições (σ) Incerteza do período* (σ𝑇)

0,14 s 0,014 s
(*) Nota: a incerteza do período é dado por σ𝑇 = σ/𝑁, sendo N o número de oscilações
estabelecidas para a determinação do tempo, ou seja, N=10.

A tabela 6 registra os dados referentes ao segundo experimento (método dinâmico),


com as composições das massas utilizadas, os períodos cronometrados e elevados ao
quadrado e a nova incerteza do período.

Tabela 6: Dados experimentais coletados pelo método dinâmico referentes a segunda mola

Medição Composição Massa (g) ± Período ao quadrado Incerteza do


dos anéis 0,1 T2 (s²) período σ𝑡

1 M6+M7 159,3 1.07 0.029

2 M6+M7+M8 209,3 1.45 0.034

3 M7+M8+M9 140,0 1.03 0.028

4 M6+M8 160,1 1.10 0.029

5 M8+M9 90,8 0.71 0.024

6 M6+M7+M8+M9 250,1 1.68 0.036


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Com os dados contidos na tabela 6, ou seja, a massa e o período ao


quadrado,montou-se um gráfico explicando essa relação, como mostra a figura 12

Figura 12: Gráfico da relação entre a massa do sistema e o período ao quadrado da


oscilação. Foi ajustado pela equação 𝑦 = 𝑎𝑥, onde 𝑎 = 4π²(1/𝑘 ). Sendo 𝑘𝑑 a constante
𝑑
elástica da mola pelo método dinâmico.

Pelo ajuste da equação aplicado aos dados experimentais, é possível retirar as


informações referentes à constante elástica da mola e a incerteza desta, tais informações
estão contidas na Tabela 7

Tabela 7:Resultados gráficos da figura 12

Ajuste: 𝑦 = 4 · π² · (1/𝑘𝑑) · 𝑥

parâmetro Valor ajustado

kd (N/m) 5,67 ± 0,06

Analisando-se os resultados obtidos, pode-se verificar que existe uma variação de


0,72 a 5,5% entre os valores da constante elástica da segunda mola quando submetidos
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aos métodos de determinação estático KS2 = (5,50 ± 0,07) N/m e dinâmico Kd = (5,67 ± 0,06)
N/m, considerando as faixas das incertezas.
Tendo em vista as dificuldades e erros associados aos dois métodos para a
determinação de k, considera-se, dentro da faixa de variação, que uma boa aproximação
seria um valor intermediário entre 5,50 e 5,67 N/m.
Comparando-se os procedimentos experimentais de ambos os métodos, percebe-se
que o estático, por apresentar menor grau de complexidade para a execução e menor
possibilidade de erros de medição, poderia ser considerado como aquele cuja constante
elástica mais se aproxima de um valor verdadeiro.
Como curiosidade, temos que a constante elástica da primeira mola (experimento
pelo método estático 2.2.2 (a) é de: Ks1 = 5,77 ± 0,04, bem acima dos valores encontrados
para a mola utilizada no experimento 2.2.2(b) e 2.2.3 o que significa que, realmente, a mola
utilizada no experimento dinâmico não era a original do dia 20/06. Portanto, justificou-se a
necessidade da repetição do método estático com a segunda mola a fim de eliminar esse
fator de erro, mesmo que o número de medidas tenha sido inferior às da primeira mola para
efeito estatístico e montagem do gráfico de ajuste.

4. Discussão - Incerteza dos valores obtidos.


Os resultados para a constante elástica da mola obtidos pelo método estático e
dinâmico na seção 3 estão com os seus valores indicados segundo os cálculos da
incerteza. Tais cálculos serão dissecados um pouco mais nesta seção.

4.1 Método Estático


Para os experimentos estáticos, as incertezas foram extraídas diretamente pelo
ajuste do gráfico ( 𝑦 = [𝑔/𝑘]𝑥 + 𝑏) que levavam em conta a incerteza associada à posição
(0,001 m) e à massa (0,0001 kg). De modo que a incerteza da constante elástica para a
primeira mola foi de ± 0,04 N/m e para a segunda mola, ± 0,07 N/m.

4.2 Método Dinâmico


Diferente do modelo estático, para o modelo dinâmico houve a necessidade de
estabelecer uma incerteza para a medição do tempo de oscilação, pois usar a precisão do
cronômetro não seria adequada devido às dificuldades associadas principalmente à
visualização do movimento. Portanto, foi feito um experimento-teste apenas com o intuito de
estabelecer uma incerteza do período (mostrado na tabela 5).
O cálculo da incerteza do tempo foi feito por meio da equação do desvio padrão
amostral como mostra a equação a seguir:
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( )
𝑁 𝑁
2 1 ⎡ 1 ⎤ (5)
σ𝑡 = · ∑ ⎢𝑡𝑖 − · ∑ 𝑡𝑖 ⎥
𝑁−1 ⎢
𝑖=1 ⎣
𝑁 ⎥
𝑖=1 ⎦
Onde σ𝑡 representa a incerteza do tempo e “N” o número de elementos

Desse modo, conclui-se que a incerteza do tempo associada a essas 10 oscilações


é de 0.14 segundos. Porém, para termos a incerteza de um período , dividimos por 10,
obtendo-se um valor de ± 0,014 s.
Considerou-se apenas a influência da incerteza do tempo para a determinação da
constante elástica da mola pelo método dinâmico. De modo semelhante ao do método
estático, a incerteza foi extraída diretamente pelo ajuste do gráfico (𝑦 = 4π²[1/𝑘𝑑]𝑥, onde

“y” representa o período ao quadrado). Consequentemente como precisou-se linearizar a


equação, a incerteza do período adotada anteriormente não seria mais correta, pois
estava-se usando o período, portanto determinou-se a nova incerteza associada ao período
da seguinte forma:

σ 2=
𝑇
1
2 (𝑇±σ𝑡)² ⇒σ 2=
𝑇
1
2 (
⎡⎢ 𝑇 + σ
⎣ )2 − (𝑇 − σ𝑡)2 ⎤⎥⎦
𝑡
⇒ σ 2 = 2. 𝑇. σ𝑡
𝑇

Onde σ 2 é a incerteza associada ao período ao quadrado.


𝑇

Logo cada valor de período ao quadrado obtido teve uma incerteza associada, que
foi levado em conta na hora de extrair a incerteza da constante elástica da mola pelo ajuste
de reta do gráfico. Portanto, a incerteza da constante elástica foi de ± 0,06 N/m

5. Conclusões
Era de se esperar que as duas constantes elásticas tivessem valores diferentes
principalmente por conta da dificuldade associada à medição das 10 oscilações, mesmo
estipulando um ponto de referência para a marcação do início do período. Ao contrário do
método estático que possibilita uma boa redução de erros de medida (paralaxe) justamente
pelo conjunto estar parado e assim facilitar as leituras na escala graduada, o método
dinâmico inseria alguns erros sistemáticos como, por exemplo, erros sistemáticos,
ambientais, observacionais e teóricos5. Como erros ambientais citamos o atrito com o ar
que, embora possa ser desprezado, realmente existe e amortece o movimento; já os erros
observacionais são mais relevantes e difíceis de serem evitados. Entretanto, o uso de
alguma técnica pode reduzi-los, por exemplo, filmagem do movimento e posterior análise

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VUOLO, J. H. Fundamentos da Teoria de Erros - 2º Edição, Editora Edgard Blucher, São Paulo,
1996. p.82-85
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quadro a quadro com auxílio de um software apropriado (ex. Tracker). Dentre esses erros
observacionais destaca-se o erro de cronometragem que depende da reação humana e do
cuidado na observação do movimento; também temos um grande erro de paralaxe, pois a
referência adotada como ponto de partida das medições (ex. borda da mesa) possui
dimensões grosseiras causando uma variação para mais e para menos da elongação da
mola em função do ângulo de observação e da reação ao cronometrar. Quanto aos erros
teóricos temos aqueles ao assumirmos que a mola é ideal e que o movimento é
completamente conservativo, onde a Energia Mecânica total não se altera. Obviamente
observa-se que com o tempo a oscilação vai diminuindo até parar, o que denota uma perda
de energia. Com isso, ao longo das medições é de se esperar que a elongação da mola vá
diminuindo e isso causa mais um erro na medição. Finalmente, sobre erros instrumentais,
assumiu-se que o cronômetro estava devidamente calibrado e em perfeitas condições de
uso para ambos os métodos, não inserindo erros dessa natureza.
Um ponto crucial do experimento como um todo foi a percepção, em tempo, da troca
do suporte graduado e conjunto mola + suporte de pesos antes da realização do método
dinâmico. Isto evitou a inserção de um erro importante na comparação das constantes (k),
pois as comparações seriam feitas com molas diferentes, o que não é desejado. Essa
diferença pode ser notada pelo valor a constante elástica medida pelo método estático da
primeira mola (5,77 ± 0,04) N/m em comparação com a da segunda (5,50 ± 0,07) N/m
(mesma mola utilizada para o experimento dinâmico). Portanto, ressaltamos a importância
de se manter um controle sobre as condições experimentais para que se possa obter
resultados confiáveis.
Por fim, apesar de tudo que foi comentado acima, os resultados se mostraram
satisfatórios e bem coerentes entre si, significando que ambos os métodos (estático e
dinâmico) utilizados permitem a determinação de constante elástica de molas com um bom
grau de precisão, percebendo-se uma compatibilidade entre os resultados obtidos: Método
dinâmico (5,67 ± 0,06) N/m e estático (5,50 ± 0,07) N/m, em ambos teve-se uma incerteza
com duas casas decimais.
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Referências bibliográficas

BRASIL ESCOLA. Heráclito. Disponível em


<https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/heraclito.htm> Acessado em: 17 jul 2022.

CORREIA, Alexandre L. Experimento 4 - Dinâmica - Aula 01 – Constante Elástica da Mola.


Apresentação do PowerPoint. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7012076/mod_folder/content/0/Exp04-Aula01.pdf?f
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CORREIA, Alexandre L. Experimento 4 - Dinâmica - Aula 02 – Constante Elástica da Mola.


Apresentação do PowerPoint. Disponível em:
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orcedownload=1 >Acessado em: 28 jun. 2022

HALLIDAY, David. Física, volume 2: gravitação, ondas e termodinâmica. 8ª ed. Rio de


Janeiro: LTC. 2009.

VUOLO, J. H. Fundamentos da Teoria de Erros - 2º Edição, Editora Edgard Blucher, São


Paulo, 1996.

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