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PSICOMOTOR NA
INFÂNCIA
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
Impresso por:
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis-
so, lembre-se que existe uma equipe de professores
e tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e
segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORAS
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA
INFÂNCIA
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), este livro tem por objetivo conduzir e auxiliar seu aprendizado sobre
o desenvolvimento psicomotor da criança. Quando falamos da criança e do seu desen-
volvimento, devemos entender que há um grande leque de conhecimentos a desbravar.
O sujeito humano é um ser complexo, que recebe influências de seus responsáveis e
do meio no qual está inserido. Quanto mais entendermos sobre o sujeito humano nos
vários enfoques, mais poderemos ter uma prática docente adequada e valiosa junto aos
alunos.
O desenvolvimento infantil envolve muitos aspectos subjetivos, por isso veremos o
quanto a História, a Filosofia, a Sociologia, a Psicanálise de Freud, a Psicologia Genética
de Jean Piaget e os autores da Psicomotricidade, propriamente ditos, enfatizam a im-
portância em considerar o sujeito como uma unidade e não apenas como um sujeito
biológico e psíquico. Não se trata de unir o corpo e mente, e sim de entender o quanto
o psiquismo influência o biológico, ao mesmo tempo que o biológico afeta o psiquismo.
Nada em nosso desenvolvimento acontece de forma reducionista. O desenvolvimento
psicomotor que você estudará neste livro apresenta o percurso da criança lhe possibili-
tando ganhar noção de si, do seu corpo, de seu movimento e de sua aprendizagem. As-
sim, chegaremos a entender que o movimento da criança vai depender da sua história e
da representação que ela tem de si mesma, ou seja, como foi construída a sua imagem.
Veremos que a imagem de si não é a mesma coisa que noção do corpo ou esquema
corporal. Existem diferenças sutis que permitirão ao professor entender a criança mais
profundamente. E assim poderá fornecer estratégias facilitadoras aos alunos.
Você aprenderá sobre os aspectos do desenvolvimento psicomotor: esquema corporal,
equilíbrio, coordenação, lateralidade, noção de espaço e de tempo e como estes aspec-
tos influenciam a atividade corporal. Esses aspectos serão o objetivo do seu trabalho.
Contudo, não esqueça a subjetividade da criança, pois é essa subjetividade que servirá
de base para que o aluno possa incrementar ações com precisão, qualidade e boa es-
truturação.
Portanto, caro(a) aluno(a), perceba a grandiosidade do humano e a imensa responsabili-
dade em estudar o desenvolvimento e trabalhar com os alunos em estruturação.
O sujeito humano precisa do organismo biológico como sustentação da sua subjetivi-
dade. Juntos, permitem que ele se constitua, se movimente, atue em relação com os
outros semelhantes, crie, produza e se estruture definitivamente. Há uma maravilhosa
engrenagem! Um ser é mais que corpo e mente! É o que faz de nós diferentes e iguais ao
mesmo tempo. É com isso que você, futuro professor, trabalhará. Ajudando na constru-
ção de sujeitos plenos de potencialidades.
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
O UNIVERSO DA CRIANÇA
15 Introdução
18 O Desenvolvimento Infantil
20 A Escola e a Criança
32 Considerações Finais
38 Referências
40 Gabarito
UNIDADE II
43 Introdução
64 Considerações Finais
73 Referências
75 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
A PSICOMOTRICIDADE
79 Introdução
80 História da Psicomotricidade
88 Elementos da Psicomotricidade
112 Referências
113 Gabarito
UNIDADE IV
117 Introdução
140 Referências
141 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
145 Introdução
171 Gabarito
172 Conclusão
Professora Dra. Mara Cecília Rafael Lopes
Professora Esp. Maria Gorethe de Vasconcelos Miranda
I
UNIDADE
O UNIVERSO DA CRIANÇA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender o processo de estruturação do ser humano dentro da nossa
cultura.
■■ Perceber a importância do Outro na estruturação da criança.
■■ Conhecer o desenvolvimento global da criança e como o aspecto
orgânico e psíquico se inter-relacionam.
■■ Compreender a relevante função da escola na estruturação da
criança.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Criança: que ser é este?
■■ O Desenvolvimento Infantil
■■ A escola e a criança
■■ Uma questão de Postura do Professor
■■ Psicomotricidade e Dificuldade de Aprendizagem – Um Olhar Além
do Corpo
15
INTRODUÇÃO
em potencialidades.
Ao nascer, o bebê não está pronto, mesmo nascido a termo (entre 37 e 42
semanas), ainda precisará completar seu desenvolvimento. O que temos a prin-
cípio é apenas um grupo de órgãos funcionando. Para animar, para dar vida
mesmo ao ser humano, é necessário mais do que biologia.
Lançando o olhar sobre as várias teorias que explicam o ser humano, encon-
traremos a Sociologia, a Antropologia, a Filosofia, a Psicanálise, a Medicina, a
Pedagogia, e muitas outras. No trabalho com educação, devemos compreender o
que cada uma dessas disciplinas dizem sobre o sujeito humano. Isso trará como
consequência um entendimento mais competente do desenvolvimento infantil
e assim um trabalho mais responsável com pessoas.
Muitos professores sentem dificuldade ao se deparar com crianças com desen-
volvimentos diferentes daqueles esperados. Percebem atrasos ou diferenças que
resultam em problemas escolares. Poucos estudam o porquê das dificuldades no
desenvolvimento de uma criança. Um dos motivos para problemas no desenvol-
vimento pode ser o fato dela não ser bem recebida pela família, isto é, quando
pelo menos um dos responsáveis pela criança, não se faz cargo realmente sobre
aquele ser que nasceu.
Vamos tentar iniciar, então, esse interessante estudo que nos dará condições
de trabalhar a corporeidade humana, certos de que estejamos minimamente ins-
trumentalizados para dar conta daqueles que estão sob nossa responsabilidade
nas aulas de psicomotricidade: nossos alunos!
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A CRIANÇA - QUE SER É ESTE?
O UNIVERSO DA CRIANÇA
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mais de atenção do que outros. Cabe ao professor perceber que sua relação com
cada aluno será singular, única e descobrirá formas particulares de resolver os
impasses do desenvolvimento infantil.
As “formas” diferentes das crianças reagirem precisam ser entendidas como
“discursos”, isto é, formas de dizer algo de si mesmo, e as explicações para essas
questões deveriam ser pesquisadas e observadas nos pais dessas crianças. É
importante estarmos atentos ao estilo de cada família, que lugar a criança tem
no contexto familiar, e se investem na criança como sujeito, ou como objeto a
ser carregado de cá pra lá, o qual, muitas vezes, os pais não percebem a expres-
são da sua criança.
Os professores deverão se ocupar das crianças, entendendo que toda a ativi-
dade infantil deve respeitar o estilo das crianças e o nível de compreensão delas,
além das suas condições gerais. Caso as crianças reajam a certas rotinas ou ativi-
dades, devemos nos preocupar em decifrar em que estamos errando. As crianças
são sábias: sabem sobre amor, verdade, justiça etc.
É dessa maneira que a Educação deve chegar até nossas crianças. Um modo
humanizado de “sustentar” a possibilidade de “estruturar” um ser humano, con-
duzindo-o às descobertas e às originais formas de se tornar sujeito.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
O UNIVERSO DA CRIANÇA
19
o desenvolvimento.
Sempre precisamos saber sobre a história da
criança em sua família, para poder entender seu
desenvolvimento. Assim, nossas estratégias de
trabalho serão balizadas. Todos os aspectos da
vida, dependerão dessas primeiras vivências, e se
mostrarão na estruturação da criança: sua psico-
motricidade, sua linguagem, sua cognição, seus
hábitos, seu brincar, sua sexualidade, “aliás, sobre Figura 1 - Jacques-Marie Émile Lacan (1901- 1981)
Fonte: Wikipédia ([2017], on-line)2.
a sexualidade, Freud nos alertava que toda curio-
sidade intelectual é derivada da curiosidade sexual” (MILLOT, 1987, p. 43).
É verdade que toda a relação humana afeta positiva ou negativamente o
semelhante. Então, a subjetividade do professor e do aluno estarão em jogo na
escola. As angústias que atravessam o processo de educação (aluno x professor)
deverão estar controladas no professor, para evitar a desorganização psíquica do
aluno. Ou seja, o professor deverá ser um adulto suficientemente estruturado e
assim promover o respeito mútuo. Este é outro fator decisivo para o bom desen-
volvimento infantil na escola.
O professor sempre deverá ser uma referência simbólica para a criança, por
isso, devemos saber: quem é a criança que ali está? Qual sua história, seus desejos,
sua imagem inconsciente? Nossas técnicas atendem aos alunos ou a nós mes-
mos? Somos sensíveis às questões da infância? Temos postura de acolhimento,
respeito e humildade para com os alunos?
O Desenvolvimento Infantil
20 UNIDADE I
O professor tem uma tarefa muito nobre junto aos alunos. Deverá respei-
tar as diferenças, pois estas não são divergências. Também deverá ter autoridade
que sempre protege e acalma a criança, pois as leis de convivência ficarão garan-
tidas, isto é, estamos protegidos pelos hábitos e costumes da cultura, e todos nós
cerceados de certos impulsos primitivos, pois estamos submetidos à cultura. O
professor é um representante da cultura. Assim, deverá estar o mais livre possível
de preconceitos e generalizações. Escutar profundamente todos, mas principal-
mente seus alunos.
Na infância, temos todas as possibilidades, portanto, ainda há tempo de afe-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tarmos e até mudarmos o destino de alguém. As crianças só precisam de apoio,
de sustentação subjetiva, ou seja, sustentação psíquica, ser reconhecido como
sujeito, como pessoa, valorizado, ser conduzido no caminho da fraternidade e
do bem coletivo, de uma civilização melhor, mais justa e humanitária.
A ESCOLA E A CRIANÇA
O UNIVERSO DA CRIANÇA
21
Somos afetados pelo meio desde sempre, e todos os adultos que convivem com
a criança farão parte de sua estruturação global (biológica, psíquica e social).
Nas crianças com
diagnóstico de difi-
culdade psicomotora
ou de aprendizagem,
muitas vezes não
encontramos nenhum
componente neuro-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Escola e a Criança
22 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de si, pois todas as funções dependem do sujeito. Nesse sentido, Freud co-
loca sobre o nascimento orgânico do nascimento psíquico, ao qual tem seu
início desde a fase intra-uterina. É na capacidade de antecipação (altamente
abstrata) do papel daquele que nascerá, que a família (especificamente a
mãe) dá início ao processo de constituição do sujeito.
Um bebê humano se torna humano ao relacionar-se com seus pares e com
a linguagem. Nomear, é manter um controle psíquico, sobre aquilo que se
nomeia.
Fonte: Lima ([2017], on-line)3.
O UNIVERSO DA CRIANÇA
23
A escola que desejamos é a Escola que não segrega, que não exclui, que não deixa
escapar aquelas crianças que não fazem parte da camada exitosa e sem problemas.
É preciso abandonar o “furor docente”, quer dizer, furor de ensinar tudo, o
tempo todo, que também fez fracassar Jean Itard, discípulo de Pinel, o médico que
tentou ensinar hábitos humanos a Victor de Aveyron – o menino lobo, encon-
trado em 1800, num bosque da França (JERUSALINSKY, 2010).
Os únicos sinais interessantes, mais humanizados, que Victor demonstrou
vieram da sua relação com a babá que não se preocupou em ensinar, mas em
viver com ele. Adestramento não resgata o sujeito, o submete, o enquadra, o con-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1 A alienação fez parte dos conceitos desenvolvidos por Marx, ao analisar as transformações sociais ocorridas ao longo
da história, sobretudo a partir da formulação do método do materialismo histórico. A atividade dos alunos na escola,
portanto, é uma relação que expressa a atividade na sociedade. Os alunos são categorizados ao se ter uma referência
idealizada de aluno: interesse, disciplina, capacidade, inteligência.
Fonte: as autoras.
A Escola e a Criança
24 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aqui cabe refletir: por que atacamos tanto aqueles que já “desvalorizados”
não sabem “pedir com educação”? Como ajudá-los a voltar ao caminho dos
“educados e felizes”?
O UNIVERSO DA CRIANÇA
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A postura subjetiva do professor afeta a relação com aluno. Tudo é percebido pela
criança, colaborando ou atrapalhando o seu desenvolvimento: como o professor
se refere aos alunos, como ele fala, como ele olha, como ele resolve as situações,
como ele pensa infância e a educação, como os protege, como os expõe etc. Os
alunos não são especialistas da área, mas sabem sobre isso pela intuição que
têm e pelas sensações provocadas pelas relações com professor e colegas. Antes
de sermos adultos, seres burocráticos, somos crianças e temos nossa forma ori-
ginal de sentir as pessoas. Mesmo os bebês sentem as pessoas e os ambientes.
Desenvolver qualidades fraternas e solidárias à causa Infantil é fundamental
para o professor. Essa postura subjetiva do professor se diferencia de uma que há
tempos atrás existia entre o professor e seus alunos. A autoridade e a sabedoria
andam juntas. O bom humor e a gentileza facilitam as relações. Assim as crian-
ças terão motivo para ouvir o professor. Suas qualidades humanizadas colaboram
para a formação do aluno que poderá se identificar com o professor. Portanto,
valorizar o não palpável, o subjetivo, o invisível, trarão melhores condições para
o trabalho do professor. Ampliando sua visão do sujeito humano, ampliará tam-
bém sua visão do sujeito cognitivo (SILVA; SILVA; LEAL, 2014).
Uma postura que impulsiona os alunos a superarem limites, a explorarem os
espaços, descobrirem formas de agir em grupo, a se relacionarem com coopera-
ção, transformará nossa sociedade. A cada ação gentil e incentivadora, como por
irradiação, produzirá ambientes mais calmos e humanizados, retirando, assim,
do convívio formas violentas e descompromissadas com o próximo, egoístas e
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ras relações com os pais são
determinantes, e as primeiras
relações com os professores
são fundamentais para nossas
identificações sociais. Temos,
portanto, imensa responsabili-
dade social quando estamos diante dos alunos. Nossa pequena parcela, somada a
outras, fará a diferença no clima e na atmosfera psíquica da escola e do mundo,
sendo otimistas e acreditando que somos parte dessa imensa engrenagem cha-
mada humanidade.
Até mesmo o marketing, área envolvida em como vender um produto ou
serviço, sabe disso. Não será a educação que ficará fora dessa maneira inteli-
gente de fazer sua práxis.
O UNIVERSO DA CRIANÇA
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PSICOMOTRICIDADE E DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM – UM OLHAR ALÉM DO CORPO
Porque algumas crianças enlouquecem seus professores? Onde isso tudo teve
início? Certamente é anterior à escolaridade. Vejamos onde se localizam os pri-
meiros “nós” que podem entravar o desenvolvimento da criança que, uma vez
afetada em seu psique, trarão consequências corporais e vice-versa.
Quando estamos ao lado de uma criança com transtornos psicomotores
(dificuldade no movimento, agitação, falta de concentração, apatia etc.), o que
mais nos chama a atenção é como o corpo da criança se mostra, ou como ele
se deixa ver. Geralmente são “corpos” extremamente visíveis. Salta aos olhos de
qualquer um esse corpo descoordenado, desequilibrado, agitado. É, aqui, que
precisamos ver além do corpo.
Corpo que se faz presente demais, que disfarça ou camufla sofrimentos que
geraram tal desarmonia no sujeito. E isso tem causas diversas.
Normalmente, crianças com tais sintomas acabam por serem maltrata-
das por causar muita confusão nos ambientes que frequentam e são chamadas
comumente de “bagunceiras”, “desordeiras”, “malandras”, “desobedientes” etc.
Raramente o adulto envolvido com essa criança faz outra leitura da condição da
criança. Esses adjetivos poderiam ser substituídos por: “abandonada”, “vítima”,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
temente sabe disso, embora se
esforce para não saber. É pro-
vável que os adultos amem suas
crianças, mas só o amor não
basta para estruturar uma pes-
soa. É preciso envolvimento, investimento psíquico, acolhimento, aceitação,
sensibilidade, olhar e escuta especial.
É necessário levar em conta o estilo de cada criança; não exagerar nas exigên-
cias; dar chance à criança de errar, acertar, falar; organizar sua rotina com regras e
respeito. Esses são aspectos que
auxiliam no desenvolvimento
infantil. Às vezes, as pessoas
não incluem suas crianças
nas escolhas da família como:
passeios, férias de verão, res-
ponsabilidades, decisões,
opiniões e isso as torna exclu-
ídas de sua própria família e
alheia à sua realidade. Outras
vezes são dadas às crianças
total liberdade de decisão e
escolha, o que também não é adequado para essa idade, porque as crianças não
têm condições de se autogerenciarem, fazendo deles “pequenos reis”, aterrori-
zando seus súditos (os pais).
O UNIVERSO DA CRIANÇA
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
se torna, então, uma dúvida
constante, entremeada por
certezas momentâneas. É
essa dúvida que abre na
criança a possibilidade de
“ser”. Quando o outro pri-
mordial (a mãe) vacila,
diminui a sua certeza, conse-
quentemente, o pequeno ser
poderá se mostrar e se apos-
sar do seu jeito. Características
como ser mais chorão, menos guloso, mais calmo, mais alerta, mais tranquilo
etc., é que tornarão única essa criança, que há poucos dias era apenas uma hipó-
tese no imaginário dos pais.
É a própria criança que mostrará aos adultos que lhe rodeiam como deverão
cuidar dela. Quando insistimos em não notar o que as crianças nos mostram,
teremos o início dos transtornos e das psicopatologias.
Na escola, muitas vezes, essas crianças não serão ouvidas, não serão perce-
bidas, não serão valorizadas. Chegarão carregando suas formas peculiares e às
vezes desastrosas de relação. Muitas vezes é o contrário, o que chega na escola
são crianças hiperexigidas, hiperesperadas, hiperautoritárias, hiperterroristas.
Logo, também, se percebe a maneira como foram construídas, no qual, talvez,
o objetivo número um seria que a criança fosse melhor que todas, para que os
pais fossem, assim, melhores também na opinião das demais pessoas do círculo
O UNIVERSO DA CRIANÇA
31
de convivência. Onde não pode ser feito um projeto adequado, um pedido pos-
sível, um investimento razoável, aparecerão crianças fora do comum; que não
param, que não ouvem, que não respeitam, que não têm afeto, que não se sentem
valorizadas, e que exigem que alguém lhes ajude a organizar um projeto possí-
vel para elas. Aqui o professor e o terapeuta poderão colaborar, adequando com
os pais uma nova posição para a criança que sofre muito e apresenta sintomas.
Nova posição significa adequar sentimentos e atitudes para com a criança. Por
exemplo: uma criança que é
tratada como bebê, está mal
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta primeira unidade do livro, vimos alguns aspectos muito relevantes para a
prática docente de uma forma geral. Saber compreender os alunos, motivá-los,
e colaborar com seu desenvolvimento são tarefas importantes.
As leituras e aprendizados feitos até aqui deverão ser ampliados. Sempre é
necessário, para conhecermos bem um determinado tema, que busquemos outros
autores que falem de outras formas, e, assim, formularmos nossas próprias con-
vicções, mas sempre baseados em autores respeitados, que já desenvolveram bem
o assunto, e permitam sua compreensão. Caso não façamos com cuidado e rigor
nossa formação, corremos o risco de identificar apenas alguns pontos superficiais
das questões e não conheceremos com a profundidade necessária para termos
condições de avaliar e concluir melhor.
A intenção dessa unidade foi mostrar o quanto as subjetividades compa-
recem no trabalho do professor. A do próprio aluno, do professor, das famílias
e social de uma forma ampliada. Isso será a base para compreender os demais
aspectos do desenvolvimento psicomotor.
É necessário ter conhecimento sobre a criança, seu desenvolvimento, a escola,
a postura do professor, para então podermos seguir adiante estudando sobre a
história da psicomotricidade, autores relevantes, o desenvolvimento psicomo-
tor, as atividades práticas, o brincar, os problemas psicomotores e finalmente a
avaliação psicomotora.
O UNIVERSO DA CRIANÇA
33
3. Lacan pretendia dar conta da relação do homem com tudo que o determina,
assim estabeleceu diversos conceitos como o conceito de Outro, que significa:
a. Apenas a figura do pai e da mãe.
b. Pessoas do nosso convívio e a própria cultura.
c. Apenas os professores e amigos.
d. A mãe, que é a pessoa mais próxima da criança.
e. As pessoas do convívio escolar.
4. Para você, querido(a) aluno(a), que está iniciando os estudos sobre o desenvol-
vimento psicomotor, cabe um questionamento para seu autoconhecimento: o
que determinou e determina quem você é?
5. Na turma de um professor do ensino fundamental, tem uma criança que é cons-
tantemente rotulada por seus pares como: bagunceiras, hiperativa, agitada e
com dificuldade de atenção. Acerca do papel do professor, diante de estratégias
que visam a inclusão do aluno, avalie as afirmações a seguir.
I. O professor deve encaminhar esse aluno a uma turma especial com alunos
que apresentem as mesmas dificuldades.
II. O professor deve elaborar atividades para que o aluno participe e se envolva
com a turma.
III. O professor necessita olhar para o aluno além dos sintomas que ele apresen-
ta, para acolher o aluno.
IV. O professor necessita humanizar a relação com o aluno e do aluno com a
turma.
O EIXO DO CORPO
Esteban Levin
A temática do eixo corporal nas crianças pequenas remete-nos diretamente a interro-
gar-nos sobre o papel da postura e da representação no desenvolvimento psicomotor
de um sujeito.
Acreditamos que a primeira postura, o primeiro eixo corporal, organiza-se e delimita-se
a partir do toque e da postura do Outro materno. É nessa cena de diálogo tônico-gestual
e corporal que o recém-nascido sustentará não apenas seu corpo, mas também sua ima-
gem. Nesse cenário simbólico, os movimentos arcaicos do bebê serão tomados como
gestos, o amamentar será tomado como um ato de amor, o grito será transformado em
chamado e a gestualidade reflexa se configurará como um dizer. Nessa verdadeira me-
tamorfose corporal e gestual, o eixo corporal começará a funcionar como representação
e como lugar em que se instala o desejo do Outro.
A ideia de eixo corporal remete-nos ao que se perguntava Diderot no século XVIII: “se
lhe perguntamos o que é um corpo, você responderá que é uma substância, um volume
impenetrável, figurado, colorido e móvel. Mas separe desta definição todos os adjetivos.
O que restará para este ser imaginado que você chama de substância?”
O eixo do corpo é um polo integrador das funções cinestésicas e labirínticas, que ordena
o corpo ao promover o equilíbrio em relação à posição postural, espacial e temporal.
A sensibilidade cinestésica reflete a posição do corpo em relação à força da gravidade.
O que marca a importância dessa sensibilidade na orientação e no equilíbrio do corpo
no espaço.
O sentido cinestésico do equilíbrio postural (sensações correspondentes aos músculos,
às articulações e aos tendões) junto com o órgão do equilíbrio localizado no ouvido in-
terno determinam o modelo neuromotor da orientação e do equilíbrio corporal, dando
lugar à função do eixo.
O eixo do corpo em sua função de receptáculo (parafraseando Jean Bergès) transfor-
ma-se em um operador fundamental para o desenvolvimento psicomotor e para sua
constituição subjetiva. Nas crianças pequenas, o efeito de apaziguamento gerado pelos
movimentos de embalar e movimentar que o Outro realiza acompanhado pela sua voz
(canção de ninar) abre o caminho para o que inteligentemente Dupré chamou de “o lado
negativo da motricidade” (o relaxamento).
O ritmo do impulso motor é delimitado por um estado de contração muscular (o lado
positivo da motricidade) e um estado de distensão (o lado negativo da motricidade);
entre essas variações tônicas motoras e suas referências posturais (em especial, em rela-
ção com o eixo corporal) oscila a motricidade de um sujeito. Desse ponto de vista, o lado
“negativo” da motricidade não é a passividade, mas o que nomeia a síncopa, o silêncio
necessário para que o movimento se organize em um ato gestual.
36
A Infância em Cena
Esteban Levin
Editora: Vozes
Sinopse: que influência tem a estrutura e o
desenvolvimento psicomotor para o desenvolvimento
da criança? A formação - construção, desenvolvimento,
amadurecimento e crescimento - do corpo e do corpo
subjetivado são determinadas por uma infinidade de
atividades como desejar, agarrar, engatinhar, balbuciar
etc. O livro detém sua análise a essa fase como um todo, a
qual começa a estruturar-se o universo simbólico e o sujeito. O autor apresenta caminhos inexplorados
no campo da infância, na interrogação acerca do sujeito e do seu corpo.
No site Criança e Natureza você terá sugestões de como envolver a criança no ambiente natural
e potencializar suas experiências por meio do brincar livre e exploratório. Acesse o link: <http://
criancaenatureza.org.br/>.
Material Complementar
38
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
4
Em: <https://www.researchgate.net/publication/48928933_Dimensoes_psiqui-
cas_e_sociais_da_crianca_e_do_adolescente_em_situacao_de_rua>. Acesso em:
11 maio 2017.
5
Em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1415-71282000000100012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 11 maio 2017.
GABARITO
1. C
2. E
3. B
5. D
Professora Dra. Mara Cecília Rafael Lopes
Professora Esp. Maria Gorethe de Vasconcelos Miranda
II
O BRINCAR E O
UNIDADE
DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a importância do brincar na estruturação da criança.
■■ Valorizar o brincar infantil como instrumento pedagógico.
■■ Perceber a fundamental ligação entre orgânico e subjetivo, que une a
biologia e o psiquismo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Biologia e subjetividade humana
■■ O Brincar: principal ferramenta da infância
43
INTRODUÇÃO
Introdução
44 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
BIOLOGIA E SUBJETIVIDADE HUMANA
pois dará retorno aos pais, afetando-os também, como uma usina, alimentando
e retroalimentando ambas as partes, pais e filho. Toda essa rede simbólica e ima-
ginária criada pela família em direção da criança a tornará um semelhante. Tudo
foi herdado dos pais, mas, ao mesmo tempo, modificado pela criança, que tam-
bém será protagonista de sua história.
Nos primeiros meses de vida, a criança vive seu corpo com sensação de
despedaçamento, pois ainda não há recursos que lhe dê a sensação de uni-
dade. O orgânico e o subjetivo imaturos tornam difíceis seus primeiros meses,
provocando choros e dificuldades constantes de toda ordem: alimentação,
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SALINSKY, 2010, p. 24).
Se uma criança está agitada e agressiva, é natural que precise de atividades que
lhe permitam exteriorizar esses sentimentos, e portanto, devemos colaborar para
que as atividades lhe permitam organizar seus conflitos. Nesses momentos, não
poderemos oferecer ações de concentração e calma e sim movimentos rápidos,
fortes, que lhe exijam usar seu corpo de forma parecida com a sua situação. Após
essas atividades adequadas ao humor, a criança se mostrará extenuada e poderá,
agora sim, se acalmar e relaxar com a ajuda do professor.
Ao contrário, se a criança se mostra desmotivada e apática, deveremos ir
pouco a pouco aumentando a intensidade da atividade, de modo que a criança
vá entrando numa proposta de ação e movimento. O importante é sabermos
que nossos grupos não serão homogêneos, e que nenhum grupo será. E assim
mesmo, ter, ao mesmo tempo, alternativas diferentes para um mesmo grupo.
O professor deverá colaborar para que a criança perceba o modo como se
sente, que “escute” seu corpo, articulado ao seu desejo inconsciente, facilitando
também nosso trabalho e nossas intervenções. Dessa forma poderemos colabo-
rar com a corporeidade e suas significações, sua linguagem corporal.
É com isso que trabalhamos em Psicomotricidade, com a criança, seu movi-
mento e sua história.
Desde muito cedo, nos bebês, podemos observar sua estruturação, se estão se
desenvolvendo bem, ou se mostram sinais de dificuldade ou distúrbios. Também
é possível observar como está seu tônus, sua força muscular, seu equilíbrio, sua
inicial coordenação, sua ação sobre os objetos, se seu olhar é expressivo, con-
vocante, conectado, curioso ou apagado e sem graça, não se interessando pelas
pessoas e os objetos à sua volta. Tudo isso nos serve de base para entendermos
como está a criança em seu desenvolvimento.
A prevenção da saúde infantil está em promover vivências, relações, situações,
para que a criança escreva sua própria história e sua maneira única de existir,
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assim, socializando, respeitando regras de convivência, e evoluindo como pessoa.
Podemos pensar que as crianças brincam desde que são bebês, a partir de 2
meses em diante. E que a cada momento brincam de forma diferente. Não há
“mesmice” no brincar. Suas mães ofereceram brinquedos a eles e para Winnicott
(1975) essa é uma forma da relação mãe/bebê. É a “primeira possessão”, segundo
o autor. As mães oferecem os brinquedos, esperando que seus filhos se relacio-
nem com tais objetos. Assim, inicia-se a paixão pelo brincar.
A mãe substitui sua inicial doação, significante e corporal, oferecendo ao
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seu bebê um objeto que é metáfora da cultura, que assim irá unindo mãe/bebê
de forma simbólica. Ela oferece objetos, que tem efeito organizador do bebê e
que favorecerá seu crescimento e posterior separação em direção à autonomia
física e psíquica. Aqui está o germe da criatividade, da imaginação e da criação.
Transformando em objeto metafórico, o brinquedo torna-se recurso imaginário
que permite a criança ir construindo seu ser. Agora, seu corpo e todos os recur-
sos imaginários por ela produzidos, organizarão seu lugar para viver. Adquirirá
a linguagem e seguirá fazendo metáforas, permitindo seu desenvolvimento.
O brincar de forma prazerosa apresenta significado para a criança, e tais sig-
nificados dependem do uso de símbolos, por isso o brincar não deve ter o foco
apenas no brinquedo, no objeto, ou na atividade realizada pela criança, mas na
representatividade do objeto e da brincadeira (WINNICOTT, 1975).
Por isso, o brincar é tão estruturante do sujeito. Quanto melhor for a substituição
simbólica da mãe por novos objetos significantes do mundo, melhor a criança rea-
girá e menos dependente estará, favorecendo, assim, a busca por novas vivências
e aprendendo sobre o mundo. A aprendizagem será também uma substituição
do corpo da mãe por outros prazeres. O prazer inicialmente sentido na relação
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corporal com a mãe, agora se dirige a outras descobertas, com imensa curiosi-
dade pelo novo. O corpo a corpo já não será tão necessário, e a criança partirá
em busca das outras formas de prazer.
exclamava “da”. Freud deduz dessa observação que o menino vivia agora ativa-
mente o aparecer/desaparecer que até então fora vivido passivamente, quando
no dia a dia os objetos somem, tal como a mãe, que ora está, e ora desaparece
de seu campo visual. Nesse momento é a criança que faz o objeto desaparecer. É
ela quem produz a ação de aparecer e desaparecer, que brincava de fazer desa-
parecer e reaparecer os objetos.
Este jogo é notado em várias brincadeiras da criança. Trata-se de jogos de
presença e ausência: abrir e fechar/ encher e esvaziar/ por e tirar. O conhecido
jogo de cobrir o rosto do bebê com um pano e descobrir, dizendo: “Achou!”, é um
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exemplo clássico do Fort-da. E todos sabem que essas brincadeiras são vividas
com imenso prazer por parte das crianças e dos adultos. Todas as brincadeiras
de abrir e fechar portas, gavetas, potinhos etc.
Os momentos que a criança brinca de encher e esvaziar potes com areia, água,
tirar e colocar objetos de caixas etc. e muitos outros momentos que se estendem
por toda a infância são tentativas de compreender essas presenças/ausências
vividas pela criança. Antes do Fort-Da, os desaparecimentos dos objetos eram
vividos com angústia pela criança. Agora, ela brinca ativamente o que antes
sofria passivamente. É uma importante aquisição da criança, que lhe facilitará
as descobertas e vivências. “O medo de perder a mãe torna doloroso o afastar-
-se dela, mesmo por certos períodos; e várias formas de brincar dão expressão a
essa ansiedade e são um meio de superá-la” (KLEIN, 1982, p. 277).
O jogo do Faz-de-conta, outro jogo estruturante, é uma demonstração do
acesso ao simbólico. As representações demonstradas pela criança garantem
que, a partir de agora, ela sabe que os objetos somem sem deixar de existir, e
que podem ser outras coisas, num jogo de faz-de-conta. Representar e metafo-
rizar permitem um exercício simbólico/imaginário riquíssimo, e que garantirá
um vasto leque de possibilidades para o sujeito.
O BRINCAR E A APRENDIZAGEM
Há uma estreita relação entre o brincar e o aprender. Assim, o brincar tem uma
tripla função. Ele é estruturante do sujeito, pedagógico e terapêutico, servindo
como ferramenta para a avaliação de uma criança.
Para Rodulfo (1990) as crianças brincam desde que nascem, captando com
seus olhos, ouvidos, boca e mãos o mundo ao seu redor. Há um mundo inteiro
a ser tocado, olhado, lambido, sugado, buscado, explorado, percorrido e vivido
pela criança. Toda ação involuntária inicial se transformará, em breve, em ação
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voluntária e curiosa.
Os objetos, oferecidos pelo outro materno ao bebê, são chamados “objetos
mamãezados” (que são associados pela criança à presença da mãe); este é um con-
ceito de psicanalistas como Françoise Dolto (1996) e Jaques Lacan (1998). Esses
autores se referem aos “objetos mamãezados” como objetos que são envolvidos
pelo desejo da mamãe de incluir seus filhos na cultura e de fazê-los semelhantes,
identificando-se com seus pais. As primeiras sensações estarão, assim, organi-
zando as demais ações sobre o mundo. As primeiras preensões, coordenações e
equilíbrios organizarão todo o brincar e toda ação sobre o mundo.
O prazer das relações com os semelhantes, ou seja, a família, instiga o bebê a
fazer as primeiras gracinhas, os primeiros movimentos, as primeiras brincadeiras.
É o caso das brincadeiras de esconder o rosto com um pano, fraldinha por
exemplo, e dizer “achou”, que se refere ao brincar de esconde-esconde, que tanto
encanta os bebês. Essa brincadeira introduz as primeiras relações de ausência
e de presença necessários para organizar as presenças, ausências e os espaços.
Essa simples brincadeira encerra o importante germe da noção de si, do outro
e dos espaços.
Tão importante como a brincadeira de esconde-esconde, são os brinque-
dos como: bonecas, carrinhos, aviões etc. Essas são formas de preparar o futuro
próximo, a vida, introduzindo nas rotinas os objetos significantes da cultura, do
sujeito humano. É assim que nossos bebês adquirem noções sobre o mundo, por
meio das brincadeiras.
O BRINCAR E A SEXUAÇÃO
Primeiro, o bebê sente prazer com seu corpo, é o chamado “autoerotismo”, que
Freud se referiu no seu texto Uma introdução ao narcisismo no ano de 1909; depois,
o bebê sentirá prazer no convívio com os outros semelhantes e com os brinque-
dos. Descobrirá seu corpo e o corpo do outro. Descobrirá as diferenças sexuais,
a diferença anatômica entre meninos e meninas. E também as regras sociais
relativas aos hábitos. O permitido e o proibido com relação ao corpo sexuado.
Antes de Freud, pai da psicanálise, o bebê e a pequena criança não eram con-
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siderados sexuados. Nessa época, acreditava-se que a sexualidade só se revelaria
na adolescência e se consolidava na vida adulta (MILLOTI, 2001).
FORMAS DO BRINCAR
Todo brincar é importante e as crianças brincam das mais variadas formas. Muitos
adultos não sabem sobre a importância do brincar e sobre as diferentes atividades
que podem ser consideradas brincar. As diferentes formas do brincar, por não
serem conhecidas das pessoas em geral, passam a ser, muitas vezes, boicotadas
ou desconsideradas. Contudo, você, caro aluno, precisa conhecer sobre o brincar.
Atitudes como deixar cair objetos, escondê-los, lançá-los entre outros, podem
não parecer, mas são fundamentais para o desenvolvimento infantil. Isso acontece
com os bebês. Essas são formas que envolvem aspectos subjetivos do desenvol-
vimento dos bebês e são organizadores da estruturação.
Por isso, os bebês estão sempre explorando os objetos e os espaços. Além
disso, ao explorar o mundo, o bebê fica com mais segurança e autonomia, afinal,
toda sua atividade foi avalizada pelo responsável, que mesmo sem saber, propor-
cionou descobertas incríveis e muito necessárias.
A segurança adquirida pelo bebê também foi possível graças às etapas do
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psiquismo que a criança, apoiada pelo adulto, pode superar. Por exemplo: o
estranhamento que os bebês fazem quando diante de pessoas não familiares,
chorando ou fazendo “beicinho”, uma atitude muito comum a partir do oitavo
mês de vida, é uma forma de ir construindo a separação do outro primordial, a
mãe (SPITZ, 2000). Desmamar é outra forma de construir a separação necessá-
ria para seguir em direção a estruturação e ir se tornando mais independente,
ainda que em tenra idade.
A criança brinca com tudo. A criança brinca de crescer e ter filhos. Este é
o brinquedo de mamãe, papai e filhos. Brinca de médico e de todas as situa-
ções vividas por todos nós. É assim que acontece a independência e a separação
simbólica, sem danos subjetivos. Nas separações apressadas, de forma abrupta,
a criança sofre e adoece facilmente, algo muito comum na infância, quando a
criança inicia a vida escolar.
Jean Piaget (1964), na teoria sobre construção da inteligência, nos fala sobre
o “objeto permanente”. Este é um conceito piagetiano. O bebê, pouco a pouco,
passa a perceber que o objeto que desapareceu do seu campo visual não deixou
de existir, apenas está fora de sua percepção. O objeto que agora se torna per-
manente favorece as abstrações e representações, colaborando na aprendizagem.
Por quê? Antes de a criança ter essa noção, a do objeto permanente, o mundo
é muito instável. Tudo poderia desaparecer a qualquer momento. Uma vez que
a criança entende o “objeto permanente” e as relações espaciais, percebe que o
objeto somente está em outro lugar, em outro espaço. Assim, ficará em condições
de investir sobre o mundo, os espaços, os objetos, favorecendo suas descobertas.
Nesse sentido, é possível estabelecer uma ligação entre o objeto permanente de
Piaget e o jogo do Fort-Da de Freud.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
saudável. Também podemos intervir pelo brincar para que as crianças adquiram
hábitos e costumes adequados com o próximo, evitando bastante a indisciplina.
Afinal, a moral e os bons costumes não estão fora de moda.
A INDISCIPLINA
Seria todo este consumo anestésico da tristeza? Se nós adultos, pais e professo-
res agirmos dessa forma, ensinamos isso a nossos filhos e alunos. A indústria
da TV e dos games encantam nossas crianças e os hipnotiza1. Quanto tempo as
crianças estão diante da TV e dos jogos e quanto estão se relacionando com os
pais ou com seus professores? É necessário que você, aluno(a), reflita sobre isso,
pois as mídias trazem um discurso que passamos a acreditar sobre a felicidade,
como algo que se alcança a partir do consumo, como uma receita de cozinha e
não como um processo de construção sobre a real condição humana na totali-
dade de suas relações.
1 Para saber mais sobre os problemas causados pelo excesso do uso dos computadores pelas crianças leia: Cordes, C e
E. Miller (Eds.). Fool’s Gold: A Critical Look at Computers in Childhood. Alliance for Childhood, 2000. Disponível em:
<www.allianceforchildhood.org>.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
-se. O tempo em que as próprias coisas que até então eram coparticipa-
das mas jamais trocadas; dadas, mas jamais vendidas; adquiridas mas
jamais compradas — virtude, amor, opinião, ciência, consciência etc
— em que tudo passou para o comércio. O tempo da corrupção geral,
da venalidade universal, ou, para falar em termos de economia política,
o tempo em que qualquer coisa, moral ou física, uma vez tornada valor
venal, é levada ao mercado para receber um preço, no seu mais justo
valor (MARX, 2006, p. 31).
O que acreditávamos que não poderia ser vendido, agora pode. Em uma socie-
dade capitalista, tudo vira mercadoria, mesmo as coisas ou relações mais sagradas
a própria erotização precoce, também chamada de “pedofilização” da sociedade,
necessita ser discutida na escola, na formação continuada e nas famílias, pois
as crianças são alvo de um forte apelo comercial, a partir do momento em que
foram tidas como consumidoras (FELIPE; GUIZZO, 2003).
Entretanto, como pensamos atualmente? Será que é isso que desejamos
mesmo? Pedimos mágicas que facilitem a vida, trabalho pouco trabalhoso, enri-
quecimento rápido, “jeitinho”, espertezas permitidas, como pequenos roubos, de
TV a cabo, de TV por assinatura, de revistas, de jornais dos vizinhos, “gatos” de
água e luz, sonegação de impostos entre outros. Evitamos falar de verdade dolo-
rosa, e, assim, vamos ensinando formas de romper com a lei, driblá-la e sonegá-la.
Ditamos menos esforço, menos lei e nenhuma ética. Como falar em disciplina
para os filhos ou para os alunos, sem sermos exemplos? Forjar a disciplina resolve?
Muitos pais, na tentativa de serem tão jovem como os filhos, competem com
eles nas roupas, nas ideias, nos namoros, no palavreado, na preguiça, na indis-
ciplina. Há como uma involução e nos tornamos primitivos novamente. Pais e
filhos em igualdade. Como ter autoridade para exigir disciplina neste contexto?
Nem que seja para que os jovens a transforme, como sempre na linha
evolutiva, mas que sirvam de identificações, lastros necessários, para
que a vida possa seguir sendo reinventada a cada geração, sem ter que
banir, desvalorizar as gerações anteriores. Até porque, foram essas ge-
rações anteriores que provocaram toda a tecnologia e conhecimentos
que hoje os jovens desfrutam. É certo que, o que verdadeiramente
transmitimos, por ser inconsciente, não são ensinamentos nem fórmu-
las de bem viver. Transmitimos o que não sabemos, e isso é que faz a
riqueza do ser humano. Não há exemplos a serem seguidos à risca, nem
caminhos prontos. Os caminhos são feitos à medida que caminhamos,
isso é particular e intransferível. Nossas antigas tradições, passadas ao
longo da história, servem para que cada sujeito construa seu próprio
estilo de identidade. Quanto mais vacilamos em nossas certezas, mais
afrouxamos os valores morais, e mais desprotegidos e desorganizados
ficam nossos jovens (MIRANDA, 2017, p. 1, on-line)5.
Sem algumas referências de vida, as crianças e jovens ficam à deriva, sem ter como
seguir, o que gera, muitas vezes, atitudes agressivas com seus pares no laço sim-
bólico. Essa inicial matriz, os pais, é necessária para que eles tenham referências
para construir em si suas individualidades e assim poderem respeitar o legado
de seus ancestrais. Isso é disciplinar. Certo ou errado, os pais precisam ditar
algumas coisas, estabelecer limites, margens para que o rio da vida possa correr,
ou então o rio sem limites transforma-se em um imenso alagado, sem direção.
Assim são nossos jovens. Precisam de regras e limites que ordene alguma dire-
ção, para que não se percam diante de tanta permissividade e desvalorização da
tradição familiar. “A modernidade criou desnecessariamente, uma série de especia-
listas que dividem com os pais a tarefa de educar os filhos” (CHECCHINATO, 1987,
p. 14). Isso, às vezes, os torna espectadores, e não protagonistas de suas famílias.
Convidamos você, caro(a) aluno(a), a levar esta reflexão adiante, como escre-
veu o poeta Mário Quintana:
“O segredo da felicidade não é correr atrás das borboletas; é cuidar do jar-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dim para que elas venham até você”.
Vamos educar nossas crianças e jovens, cuidando da nossa própria consci-
ência, refletindo, lendo, estudando, reavaliando, mudando nossos caminhos e
construindo soluções.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, vimos a necessária união da nossa biologia com o nosso psiquismo.
Entendemos que nascemos com o corpo biológico, mas que imediatamente
vamos sendo marcados pelo psiquismo de nossos pais. Construímos assim, o
corpo simbólico.
Hábitos, costumes, desejos irão fazer parte da nossa vida, marcando nossos
corpos e nos constituindo de forma peculiar.
Também, nesta unidade, vimos a importância do brincar e como isso nos
impulsiona ao conhecimento, interfere nas relações humanas e colabora para
nossas vivências corporais. Vimos que o prazer que existe no brincar é uma
mola propulsora para ação e aprendizados fundamentais. Podemos ainda per-
ceber que as mães são substituídas pelos objetos e iniciam seus bebês no brincar.
Você teve a oportunidade de entender os perigos de espaços negados às
crianças, que muitas vezes vivem confinadas em suas casas, impregnadas pela
Considerações Finais
66
1. Estudamos que o brincar na forma de jogos de faz de conta contribui para a es-
truturação do sujeito e que possibilita tanto o conhecimento de mundo, quanto
a formação pessoal e social. Neste sentido, explique três aspectos do jogo na
sua contribuição para a formação do sujeito.
2. Leia as afirmativas abaixo:
I. As crianças menores de 8 anos que são expostas excessivamente à TV ou jo-
gos eletrônicos não conseguem discernir o caráter persuasivo da publicidade.
Porque
II. Elas são vulneráveis a propagandas, pois o seu cérebro está em processo de de-
senvolvimento e elas não possuem ainda o mesmo senso crítico dos adultos.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa
da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
3. Adequar-se à transformação da sociedade na qual vivemos traz alguns proble-
mas para a escola, justamente porque nossa sociedade é marcada pela falta de
limites, pela decadência de princípios básicos de respeito ao próximo, de solida-
riedade, do não cumprimento de regras básicas nas próprias instituições gover-
namentais, como o caso das corrupções. Neste sentido, disserte sobre de que
forma a sociedade atual interfere na escola.
4. O brincar no processo de aprendizagem objetiva oportunizar a criança conhecer o
mundo em que se vive, isso envolve imaginação, fantasia e convívio social. Sobre
o brincar no processo de aprendizagem, leia as afirmativas e assinale a alter-
nativa correta.
I. A corporeidade se organiza pela exploração do espaço e com isso a criança
percebe o mundo à sua volta.
II. O brincar facilita as percepções sobre o meio.
III. O brincar possibilita noções fundamentais: dentro e fora, grande e pequeno
entre outras.
IV. A partir do brincar há ressignificações de conflitos que tranquilizam a criança.
V. A possibilidade da imaginação e criatividade pela brincadeira, possibilita a re-
solução de problemas.
67
apelo do marketing da mesma forma que nós adultos, uma vez que são elaborados por
profissionais competentes permeados de pesquisas e dinheiro. Eu possuo muito conhe-
cimento sobre marketing, e mesmo assim sou vulnerável à ele!
6) O que o governo pode fazer em relação à propaganda de alimentos direcionados para
as crianças?
Resposta: A publicidade infantil deveria ser proibida. Não há nenhuma justificativa mo-
ral, ética ou social para isso. As crianças têm o direito de crescer e os pais têm o direito de
criar seus filhos sem que sua saúde e desenvolvimento sejam comprometidos por causa
de interesses financeiros. Se as companhias estão dizendo que os pais são os respon-
sáveis, então porque elas não direcionam seu marketing para os pais? As companhias
estão agindo de uma maneira dúbia: os pais são os responsáveis, mas elas utilizam ajuda
de psicólogos para conseguir driblar o controle dos pais.
Fonte: Bandeira, Pereira e Zilá (2013, on-line)⁶.
MATERIAL COMPLEMENTAR
O Brincar e a Realidade
Winnicott, Donald W.
Editora: Imago Editora
Sinopse: nesta obra o autor afirma que é apenas no brincar
que o homem, criança ou adulto, pode desfrutar de sua
personalidade de forma integral. Com base em sua experiência
clínica, na observação de seus pacientes e em seus estudos, o
autor desenvolve conteúdos para os profissionais em geral que
atendem as crianças e jovens.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.brincarepensar.com.br/index.php?pg=arquivos/entrevista>.
Acesso em: 12 mai. 2017.
2
Em: <https://museudosbrinquedos.wordpress.com/>. Acesso em: 12 mai. 2017.
3
Em: <http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/efeitos-negativos-meios.html>. Acesso
em: 12 mai. 2017.
4
Em: <https://lucasnapoli.com/2013/01/13/o-que-sao-espaco-e-objetos-transicio-
nais-final/>. Acesso em: 12 mai. 2017.
5
Em: <http://parletre.com/INDISCIPLINA-E-A-LEI.php>. Acesso em 12 mai. 2017.
6
Em: <http://www.ideiasnamesa.unb.br/index.php?r=noticia/view&id=117>. Aces-
so em: 12 mai. 2017.
GABARITO
2. A.
4. E.
5. E.
Professora Esp. Maria Gorethe de Vasconcelos Miranda
III
UNIDADE
A PSICOMOTRICIDADE
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer a história da Psicomotricidade .
■■ Estudar os Aspectos Motores como base biológica para a
estruturação dos Elementos da Psicomotricidade.
■■ Entender os Elementos da Psicomotricidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ História da Psicomotricidade
■■ Aspectos Motores da Psicomotricidade
■■ Elementos da Psicomotricidade
79
INTRODUÇÃO
Introdução
80 UNIDADE III
HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As diversas concepções de corpo, ao longo da história, vão demarcando a práxis
(ação) da Psicomotricidade, que é diretamente influenciada por essas concepções.
Para a religião o corpo é indigno e para a Medicina o corpo é apenas Biologia.
Entretanto, temos muitas outras formas de ver o corpo. O corpo expressivo, que
carrega a história do sujeito e que, com ele, o homem pode descobrir o mundo e
todas as suas potencialidades.
A palavra corpo: do Sânscrito significa - garbhas - embrião; do Grego - kar-
pos - fruto, semente, envoltura; do Latim - corpus - tecido de membros, envoltura
da alma, embrião do espírito.
Com o avanço da Neurologia, pode ser constatado que poderia haver disfun-
ções graves no corpo sem que houvesse lesão cerebral. E assim, os sintomas já não
correspondiam a uma determinada área ou parte do sistema neurocerebral. É dessa
visão, que nos esclarece que o sintoma psicomo-
tor não corresponde a uma lesão neurológica, que
nasceu a Psicomotricidade em 1870.
Desde o dualismo de Descartes (século
XVIII), que dividia o homem em corpo e alma,
até hoje, muita evolução aconteceu. Em 1909, o
neurologista francês Dupré, descreve a Síndrome
da Debilidade Motora, diferenciando a debilidade
do corpo e a debilidade mental. Ele observou pri-
meiramente em seu mordomo, homem culto e
inteligente, mas extremamente descoordenado
e inábil desde o ponto de vista motor. Hoje nos
A PSICOMOTRICIDADE
81
Assim, temos um grande percurso desde o dualismo Cartesiano até nossos dias. A
evolução estabelecida se mostra desde a visão de corpo, até a prática atual que coloca
o sujeito e seu corpo numa única estrutura: a subjetividade. Assim, temos que a pos-
tura física é igual a própria subjetividade. O sujeito é seu corpo, seu corpo mostra
seu psiquismo. Não há divisão entre mente e corpo. O corpo é estrutura estrutu-
rante. Constrói-se desde o nascimento e se mistura com sua história. O corpo é
simbólico: envolvido pela fala, nas leis da linguagem; libidinizado e marcado pelo
semelhante que lhe constitui.
História da Psicomotricidade
82 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Todas as sensações humanas influenciam o estado tensional dos músculos
e possibilitam a expressão, a mímica e o movimento, “É a regulação automática
do tônus que forma a tela de fundo das atividades motoras e posturas, prepa-
rando o movimento, fixando atitude, contendo gesto, mantendo a estática e o
equilíbrio” (LAPIERRE, 1997, p. 55).
TÔNUS
PROPRIOCEPTIVIDADE
A PSICOMOTRICIDADE
83
EXTEROCEPTIVIDADE
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modo de reação pessoal a um estímulo cons-
tante: a gravidade (LAPIERRE, 1997, p. 297)”.
Lapierre continua:
[...] ponto de partida das contra-
ções tônicas equilibradoras é, com efeito sempre sensitivos: estiramen-
to muscular, tensão ligamentar, sensação de flexão articular, sensação
de pressão plantar, sensação de desequilíbrio devido ao deslocamento
do ouvido interno. Todas essas sensações são induzidas pela força gra-
vítica (LAPIERRE, 1997, p. 297).
A PSICOMOTRICIDADE
85
será possível, uma vez diminuída as tensões, induzir o relaxamento do resto do corpo.
Poderão aparecer reações de defesa, como risos, fala, caretas, agitação, dificultando
a concentração. Devemos respeitar tais reações com paciência, pois se trata de um
“exercício”. Aos poucos, o hábito de percepção dessa sensação irá atenuar tais defe-
sas, que desaparecerão, e permitirá bons resultados. Seria um “descondicionamento”.
No entanto, só podemos trabalhar tais questões quando a criança possui o mínimo
de noção e controle sobre si mesmo. Assim, tal noção estará mais ricamente experi-
mentada e adquirida. Esta é uma atividade que colabora na estruturação do Esquema
Corporal, e a educação da respiração também deve ser levada em conta.
CORPO SIMBÓLICO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pensamento, consciente e inconsciente. Quando uma noção é recusada
ao nível do inconsciente, esta mesma noção se encontra perturbada,
o mesmo inutilizada ao nível do consciente, portanto em seu investi-
mento racional. Aí está provavelmente a origem dos “bloqueios” em
particular dos bloqueios escolares (LAPIERRE, 1997, p. 365).
Além desse exemplo, muitos outros poderiam ser aqui citados, basta que pudésse-
mos pensar nos nossos alunos ou em nossa própria história. Às vezes, de maneira
repetida, uma criança é desmotivada às investidas motoras, e, mais tarde, irá
se mostrar totalmente desconectada de seu corpo, sendo este um estranho a si
mesmo. Esse é o resultado de vivências pobres em tempos primordiais da vida.
Toda situação está portanto vivida num plano muito ambíguo, seu valor
afetivo inconsciente, portanto desconhecido pessoalmente, interferindo
constantemente no nível racional. A vivência motora, na medida onde
ela é realmente vivida (isto é, vivida na sua ambivalência aceita e com-
preendida pelo reeducador), pode servir de base a “liberação” ao mesmo
tempo afetiva e intelectual da criança (LAPIERRE,1997, p. 366).
Estas são perspectivas gerais que é difícil precisar atualmente, pela falta de uma
nomenclatura e de uma definição correta das principais noções, que servem de base
fundamental comum aos processos dos pensamentos conscientes e inconscientes.
A PSICOMOTRICIDADE
87
■■ movimento e mobilidade
■■ forte e fraco
■■ duro e mole
■■ pesado e leve
■■ muito e pouco
■■ claro e escuro
■■ grave e agudo
■■ quente e frio
■■ rugoso e liso
■■ grande e pequeno
■■ longo e curto
■■ longe e perto
■■ alto e baixo
■■ largo e estreito
■■ espesso e delgado
■■ rápido e lento
■■ alegre e triste
■■ calmo e agitado
■■ dar e receber
■■ verdadeiro e falso
■■ justo e injusto
■■ pedido e recusa
Todos esses termos citados têm uma ambivalência psíquica e física. Portanto, exis-
tirão correlações entre os eventos psíquicos da nossa vida e nossa corporeidade.
Como no exemplo da “partilha” citado acima. É assim que a Psicomotricidade
poderá remontar e ressignificar vivências, conflitos, dificuldades vividas ante-
riormente pelo sujeito.
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ELEMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE
ESQUEMA CORPORAL
A PSICOMOTRICIDADE
89
Elementos da Psicomotricidade
90 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
percepção da criança sobre seu corpo é difusa e desconectada, dificultando sua
estruturação.
É importante que todas as atividades dirigidas pelo adulto em direção à
criança seja carregada de significação e afeto, para que o bebê sinta-se devida-
mente protegido e estimulado.
■■ O professor e o Esquema Corporal
A PSICOMOTRICIDADE
91
Sugestões de Atividades
Elementos da Psicomotricidade
92 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Imitar personagens: saci, cuca, lobo mau, chapeuzinho vermelho, vovó
etc. Sem o recurso da fala.
■■ Variar velocidade dos movimentos.
ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL
A PSICOMOTRICIDADE
93
armar com seu corpo suas intenções, os objetos por ele serão batidos, esfrega-
dos e lançados. Ao mesmo tempo o outro o convoca a fazer, dá a sua impressão
sobre o acontecimento (oh que lindo! que forte! que esperto!), transformando o
real em realidade subjetiva vivida e simbolizada.
Durante a evolução da motricidade, do ver, ao pegar, ao sentar, ao enga-
tinhar e caminhar, o espaço foi sendo conquistado e percebido de uma forma
global, complexa e construtiva. Construindo referências que balizam seus movi-
mentos e sua existência.
O objeto que o bebê olhava, depois segurava, e em seguida podia condu-
zir e transportar, dar verticalidade, horizontalidade, profundidade e direção no
espaço hora explorado.
Somente por meio das experiências, do movimento, do gesto e da explora-
ção particular, o sujeito poderá construir espaços que não são apenas espaços
físicos, externos. São espaços simbolizados, internalizados, adquiridos.
Possível noção de mundo, peculiar a cada um e de maneira diferente -
marcado por significantes que, no início, foi tomado por empréstimo do outro
primordial e que agora vai se apoderando deles e recheando com suas próprias
produções e aquisições, e que suas vivências vão possibilitando. Isto torna o
sujeito único, e com múltiplas formas de construir-se.
As noções fundamentais, tais como dentro, fora, em cima, embaixo, longe,
perto, pesado, leve, grande, pequeno, só passam a ser percebidas pelas diversas
relações espaciais de proximidade, distância, vizinhança, sobreposições, dimen-
sões, perspectiva, trajetória entre outras.
Elementos da Psicomotricidade
94 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ral do Rio Grande do Sul, nos traz uma importante reflexão sobre os espaços
escolares.
Nos últimos anos, a urbanização tem diminuído as áreas onde as crianças
podem brincar livremente. Além disso, elas passam mais tempo em insti-
tuições e, em muitos casos, o pátio escolar é o único espaço aberto seguro
para desenvolver diferentes tipos de atividades. Segundo Nelson (2012),
houve mudanças negativas na vida de nossas crianças. Nesse sentido, é pre-
ciso protegê-las da falta de exercício, do excesso de tempo dedicado a equi-
pamentos eletrônicos, da percepção dos espaços abertos como perigosos
para brincar, do isolamento e do medo da natureza, da falta de conexão com
o meio ambiente, da falta de conhecimento sobre a educação pré-escolar e
do uso abusivo de medicamentos para modificar o comportamento infan-
til. Segundo o autor, todos esses problemas podem ser contornados com o
projeto e o uso adequado de pátios escolares pelas crianças.
Fonte: Fedrizzi (2013, on-line)1.
A PSICOMOTRICIDADE
95
■■ Dificuldade no traço das letras e na direção da escrita (p/q, b/d, c/u, m/n).
■■ Dificuldade em seriar, classificar e transcrever do quadro negro para o
caderno, por falta de referenciais fixos.
■■ Dificuldade de concentração.
■■ Desconexão e insegurança.
Sugestões de Atividades:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estruturação Temporal
Por não ser palpável, a noção de tempo se torna mais complexa para o entendi-
mento da criança. Por isso, Piaget (1964) diz que só percebemos o tempo pelos
acontecimentos, ou seja, nas ações, nos movimentos, velocidades e seus resultados.
Assim como a noção de espaço, a noção de tempo necessita do movimento
corporal e estrutura-se conjuntamente com as outras noções.
Elementos da Psicomotricidade
96 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a noção de tempo se estruturando. Por meio da linguagem, veremos os advér-
bios de tempo sendo bem colocados nas frases (antes, agora).
Diálogo de uma criança de 4 anos com sua mãe: “Eu antes estava na tua bar-
riga e não tinha corpo. Agora estou fora e tenho corpo”.
Durante a infância, a criança tem urgência em crescer, quer “ser grande”.
Tudo na infância está por vir, tudo ainda acontecerá. A criança confunde os
tempos dos verbos, no entanto, sabe o que fala. Exemplo: “Ontem eu vou na escola”.
Ela sabe que irá amanhã, mas ainda confunde os termos, até adquirir facilidade
em expressar o que já entende em relação ao tempo. É o adulto quem acalma ou
apressa a criança e quem dá a noção do que tem para ser feito. Desta maneira, a
criança vai estruturando essa noção e se adequando aos hábitos da vida familiar.
Somente no viver, poderemos entender o antes, o depois, o agora, o amanhã.
São os intervalos, as sucessões, as repetições, os ritmos que nos informam sobre
o tempo. Por isso, as crianças demoram a entender o tempo. E qualquer defici-
ência cognitiva dificulta muito mais essa noção.
A PSICOMOTRICIDADE
97
Sugestões de atividades
Cada um de nós possui um ritmo individual, que pode, inclusive, nos carac-
terizar. Ele pode ser identificado nos movimentos do corpo; na leitura e na
escrita; em nosso ‘relógio biológico’ por exemplo; nos movimentos fisiológi-
cos como batidas do coração. Responda a esta pergunta: como é seu ritmo
individual?
Elementos da Psicomotricidade
98 UNIDADE III
Fonseca (2012) define coordenação global como tarefas motoras sequenciais que
se desenvolvem em um determinado tempo e que exigem a atividade conjunta
de grandes grupos musculares.
Um dos aspectos mais facilmente observáveis popularmente no desenvol-
vimento infantil é a coordenação dinâmica geral. Um movimento sem êxito,
sem força, sem equilíbrio demonstra claras falhas na coordenação do indivíduo.
O processo que é iniciado, desde o nascimento, pode ser afetado por dificul-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dades com o Outro primordial que não conseguiu mapear, unificar e libidinizar
o corpo do bebê. Assim, não sendo possível organizar o corpo da criança, não
se permite uma construção do movimento do sujeito. Muitos aspectos podem
gerar sintomas psicomotores, além da função materna insuficiente, como lesões
cerebrais, síndromes e desordens funcionais que podem provocar sérias dificul-
dades a nível do corpo.
Só o desenvolvimento de todas as áreas poderá gerar um movimento sau-
dável e harmonioso, livrando o sujeito de sincinesias (movimentos parasitas),
tensões, ansiedade, angústias, inseguranças, que tanto afetam o sujeito acerca do
prazer do movimento. Erros na percepção da distância e do tempo vão demons-
trar uma percepção falha de si, do outro e do espaço.
Somente o domínio do corpo inteiro pode suprimir a ansiedade habi-
tual, diminuir as sincinesias e as contraturas e trazer, com um controle
suficiente, a confiança indispensável à educação das formas mais dife-
renciadas da motricidade (LAPIERRE, 1982 p. 435).
A PSICOMOTRICIDADE
99
Sugestões de Atividades
Elementos da Psicomotricidade
100 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
COORDENAÇÃO MOTORA FINA
A PSICOMOTRICIDADE
101
No decorrer do crescimento
do bebê, a motricidade fina
vai se especializando natu-
ralmente e chama a atenção
do pequeno: toda a saliência,
reentrância, fissuras, buracos,
objetos pequenos, quanti-
dade de pequenos objetos,
tudo que estiver ao alcance
da mão e da visão. A explo-
ração é vivenciada devido à
percepção eficaz. O mundo
vai se compondo e a ferra-
menta “mão” vai explorando cada pequeno canto.
O pegar, esfregar, apontar, jogar vão sendo parte do dia a dia da criança, que
precisa da sua mão para dar conta dos objetos que vão a ela se apresentando,
e sua curiosidade saudável tentará decodificá-los, tocando, pegando, usando,
batendo, esfregando. Assim, por volta de 5, 6 ou 7 anos, a criança poderá usar
o lápis, a tesoura, a borracha, o papel que tanto status confere ao ser humano.
Elementos da Psicomotricidade
102 UNIDADE III
Sugestões de Atividades
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■■ Brincar com massa de modelar.
■■ Brincar com areia, com água, com pedrinhas, com gravetos.
■■ Rasgar revistas, jornais.
■■ Manusear livros (folhear).
■■ Fazer bolinhas de papel.
■■ Separar macarrões de formatos diferentes.
■■ Lançar, arremessar bolas de tamanhos variados.
■■ Brincar com varetas.
■■ Brincar com bastões, arcos, cordas, cordões.
■■ Fazer maquetes.
■■ Pintura guache com os dedos.
■■ Fazer recortes simples, médios, complexos.
■■ Jogo de “cinco marias” (saquinhos de areia).
Lateralidade
A PSICOMOTRICIDADE
103
Elementos da Psicomotricidade
104 UNIDADE III
Esta denominação é usada para explicar o fato de um sujeito usar para determi-
nados movimentos a mão direita e para outros movimentos o pé esquerdo. Esse
modo de lateralidade não é considerado patológico. Muitos atletas de futebol
chutam com o pé esquerdo, mas escrevem com a mão direita.
■■ Ambidestria
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
É a denominação dada quando uma pessoa utiliza ambas as mãos com preci-
são para as atividades em geral. Por exemplo, pode escrever com a mão direita
ou com a mão esquerda com a mesma desenvoltura. Pode chutar com precisão
com ambas as pernas.
■■ Lateralidade Patológica
■■ Insegurança.
■■ Dificuldades nas atividades em geral (de coordenação, de noção de espaço).
■■ Dificuldades no traço, desenho.
A PSICOMOTRICIDADE
105
■■ Jogos com bola só com uma das mãos e depois com a outra.
■■ Variar os mesmos movimentos com bexiga.
■■ Atividades de condução e chute da bola com variação do pé.
■■ “Cabo de guerra” usando apenas a mão direita e depois a mão esquerda.
■■ Brincar de decorar com tinta uma das mãos, estipulada antecipadamente
pelo professor.
■■ Pendurar fitas em uma das mãos e correr, observando o movimento das fitas.
■■ Desenhar no ar com uma longa fita que poderá estar presa em um palito.
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EQUILÍBRIO
Elementos da Psicomotricidade
106 UNIDADE III
Desde bebê, somos afetados pela ação da gravidade e vamos integrando tais
sensações e percepções à nossa Psicomotricidade, aprimorando nossa postura.
No desequilíbrio, na incoordenação há um grande gasto de energia, o que
diferencia a execução do movimento. A concentração e a atenção ficam preju-
dicadas quando acontecem desequilíbrios na ação e vice-versa.
O equilíbrio é muito prejudicado, também, nos estados de angústia e tensão.
Exemplo disso são as diversas praxias do dia a dia prejudicadas pela observa-
ção do Outro em situações de desprazer (viramos coisas, deixamos cair, caímos
etc). Uma atitude é um estado psíquico.
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Entre o equilíbrio estático e o dinâmico poderíamos notar que o estático é
mais difícil de ser alcançado. Como podemos perceber na condução da bicicleta,
que em movimento fica equilibrada, e do contrário não.
Estão envolvidos na aquisição do equilíbrio as impressões táteis, cinestésicas,
visuais e labirínticas. O equilíbrio, assim como todos os aspectos do desenvolvi-
mento humano, se constrói passo a passo e de maneira interligada com todos os
demais aspectos. Estrutura que se constrói à medida que a criança investe sobre
o ambiente. Este investimento no início foi possibilitado pelo Outro, que expe-
rienciou com a criança diversos estados de equilíbrio e desequilíbrio.
A educação das quedas é necessária para o equilíbrio na evolução da criança:
sentada, caminhando, correndo, subindo. O auxílio do adulto é fundamental nas pos-
turas iniciais do equilíbrio da criança que pouco a pouco não precisará mais de ajuda.
A PSICOMOTRICIDADE
107
■■ Quedas.
■■ Insegurança.
■■ Descoordenação.
Sugestões de Atividades:
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Elementos da Psicomotricidade
108 UNIDADE III
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Por isso, querido(a) aluno(a), jamais esqueça, que uma criança com difi-
culdades psicomotoras também apresenta algumas questões psíquicas a serem
compreendidas pelo professor e contornadas, para que a evolução e posterior
solução desses entraves seja possível. Isso também ocorre na maioria dos pro-
blemas de aprendizagem, no qual a percepção e sensibilidade do professor de
classe fará toda a diferença.
Portanto, sua participação no mundo infantil é como colaborador e media-
dor, nunca como instrutor de exercícios motores. O conhecimento técnico nos
serve para elevar a condição do humano, não para tratá-los como máquinas.
As aquisições conquistadas pela criança será de forma particular e o pro-
fessor foi apenas um instrumento para essa conquista individual da criança. Ser
um instrumento para a estruturação global da criança é muito lisonjeante e dig-
nificante para o professor.
Aceitar as diferenças e ter sensibilidade no trato com pessoas, especialmente
com crianças, será um objetivo muito nobre na vida de qualquer profissional
da infância.
A PSICOMOTRICIDADE
109
Material Complementar
112
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://criancapequenina.blogspot.com.br/2013/06/uso-do-espaco-externo-
-um-desafio-para.html> Acesso em: 15 mai. 2017.
2
Em: <http://www4.pucsp.br/educacao/brinquedoteca/index.html>. Acesso em:
15 mai. 2017.
113
REFERÊNCIAS
GABARITO
1. C.
2. E.
3. B.
5. E.
Professora Esp. Maria Gorethe de Vasconcelos Miranda
IV
ATIVIDADES PSICOMOTORAS:
UNIDADE
UMA INCRÍVEL SOLUÇÃO NA
INFÂNCIA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a função estruturante da atividade psicomotora.
■■ Entender como o lúdico favorece o desenvolvimento infantil.
■■ Conhecer os principais autores que influenciaram a Psicomotricidade.
■■ Conhecer os aportes teóricos da Psicomotricidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A importância das atividades psicomotoras para crianças de até 10
anos
■■ Estágios do Desenvolvimento infantil
■■ Cortes Epistemológicos
117
INTRODUÇÃO
Vejamos como as atividades psicomotoras para crianças até 10 anos podem ser
ricas, promovendo a saúde global do homem. Porque a infância é tempo de brin-
car, não de viver um tormento todos os dias, sendo bombardeado de atividades
intelectualizantes.
O corpo não é propriedade de nenhuma disciplina escolar específica, a con-
dição corpórea necessita estar presente na escola, nos currículos, assim como
na família e em toda a sociedade. O processo de ensino aprendizagem que con-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
118 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS
PARA CRIANÇAS DE ATÉ 10 ANOS
Por que muitas vezes, a primeira hipótese levantada pela escola, diante das difi-
culdades Psicomotoras ou
mesmo de Aprendizagem,
é a de que algo “cerebral”
impede a criança de se
desenvolver adequada-
mente? Na verdade não
é necessário colocarmos
sempre como neuroló-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conforme a Carta Educação, a Ritalina é um medicamento de tarja preta,
utilizado para controlar TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperati-
vidade), que é utilizado principalmente em crianças e adolescentes.
Sendo assim, como podemos tratar a questão da medicalização da infância
na escola?
Fonte: adaptado de Paiva (2017, on-lie)2.
DE 0 AOS 3 MESES:
DE 4 AOS 6 MESES:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fazer mímicas de ações cotidianas como: “alô”, “sim”, “não” entre outras ações.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
da vida nossa inteligência seria apenas prática. Isto é, nossa ação sobre os obje-
tos seria apenas uma forma de exploração do meio. Sem raciocínio lógico.
Os principais conceitos dessa teoria são: Equilibração, Assimilação,
Acomodação, Adaptação e Esquema.
A ação humana sobre os objetos provocaria desequilíbrio da estrutura cog-
nitiva e, por meio da “assimilação” e “acomodação” das ações, seria possível
construir os “esquemas” mentais (conhecimento). “Esquema” seria uma estru-
tura cognitiva que o sujeito se utiliza para organizar o meio. Se algo não fosse
assimilado pela criança, ela tentaria fazer uma “acomodação” e logo após uma
“assimilação”, e o equilíbrio se estabeleceria. “Assimilação”, então, seria um pro-
cesso cognitivo de colocar as novas informações ou percepções em esquemas já
existentes. O mesmo que incorporar os novos elementos do meio a uma estru-
tura já existente.
“Acomodação” seria a modificação de esquema ou estrutura, para que algo
pudesse ser assimilado pela criança. Isto se daria quando criamos um novo
esquema no qual possa se encaixar algo novo, alguma nova percepção ou quando
a criança modifica um esquema ou estrutura já existente, para incluir novos estí-
mulos percebidos. O equilíbrio seria a possibilidade de incluir algo novo em sua
estrutura cognitiva. A todo momento estamos em desequilíbrio cognitivo, pois
sempre precisamos assimilar e acomodar esquemas para novas aprendizagens
(FERRARI, 2008, on-line)3.
Sensório Motor (de 0 a 2 anos): nesse período o ser humano é regido funda-
mentalmente pelos sentidos e pelo motor. Suas ações sobre o mundo acontecem
por exploração concreta. Não há representação ou pensamento. É a chamada
inteligência prática. Também será nessa fase que a criança perceberá a dife-
rença do seu corpo e do objeto. Iniciará a noção de permanência do objeto, isto
é, compreenderá que o objeto existe, mesmo quando fora do seu campo visual.
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Construirá a noção de espaço e de tempo na ação sobre o meio. A coordenação
e as relações de ordem entre as ações se estabelecerá. Ex: pegar algo para levar a
boca, ou subir numa cadeira para pegar algo.
Agora, a criança já é capaz de unir ações para um fim, mas ainda sem inten-
cionalidade raciocinada. Nessa fase seria experimentação pura (acerto e erro).
Pré-Operatório (de 2 a 7 anos): nessa fase o simbólico e a linguagem se
organizarão, portanto, a criança começará a fazer representações. O animismo
estará presente, isto é, dará vida aos objetos inanimados. Sua visão de mundo é
centrada em si mesmo, é o Egocentrismo. Seu pensamento é intuitivo e mágico.
Também terá uma percepção global do espaço, mas sem notar os detalhes. As
imagens capturam a criança, que ainda não consegue fazer relações entre os fatos.
Ex: mostramos duas bolinhas de massa a ela. Logo após, faremos uma salsicha
de uma das bolinhas. A criança terá a impressão que não tem a mesma quanti-
dade, mesmo que a ação tenha sido feita sob seus olhos.
Operatório Concreto (de 7 a 12 anos). O pensamento da criança evolui,
sendo capaz de abstrair, mas ainda apoiada no objeto concreto. Também será
capaz de fazer a reversibilidade da ação, isto é, algo que foi construído pode ser
desconstruído, ou o mesmo caminho que nos leva a um lugar, nos traz de volta.
Adquire a conservação de quantidades e de volume, entendendo que não importa
a disposição espacial, as quantidades e volumes poderão permanecer iguais. Ex:
não importa se um copo de água for derramado em uma jarra. A quantidade
permanece a mesma. Embora a impressão seja que tem pouca água num reci-
piente maior. Nessa fase o egocentrismo diminui e a criança será capaz de levar
em conta o ponto de vista do outro, tornando-se, assim, mais sociável.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
aos 7 anos)
Nesta fase, o interesse da criança volta-se a si mesmo e
ao seu controle motor, levando a uma tomada de consci-
ência com ajustamento controlado das atitudes. Grande
controle motor representa domínio corporal e possibili-
dade de dissociação de movimentos, refinando-os. Assim,
a criança descobre seu eixo corporal e sua dominância
lateral. O corpo será agora referência para se situar no es-
paço e tempo. A criança adquire as noções fundamentais
(dentro/fora, grande/pequeno, antes/depois entre ou-
tras). Pode perceber-se com representação, e essa condi-
ção lhe permite ter uma inteligência pré-operatória (Pia-
get), mas ainda muito centrada em si mesma.
• 3ª Etapa: corpo representado (dos 7 anos aos 12
anos)
Nesta etapa, a criança pode descentrar-se de seu corpo,
ganhando referenciais e noções espaciais externas, e
também adquire grande noção do tempo. Tem repre-
sentação mental de si, podendo fazer antecipações, já
que não está mais fixada em si mesmo. Por isso, cria refe-
renciais que irão orientá-lo. Corresponde ao estágio das
operações concretas de Piaget.
pedimos à criança noções a partir do outro, quando ela ainda estiver centrada
em si, poderemos angustiar a criança e também nos frustrar com sua resposta,
quando na verdade, estaríamos completamente equivocados no pedido.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estágio sensório motor e projetivo: Por volta de 1 aos 3 anos
CORTES EPISTEMOLÓGICOS
Cortes Epistemológicos
132 UNIDADE IV
Os conceitos como o
Inconsciente, Imaginário,
Simbólico, Expressão de
Conflitos, Ressignificação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
entre outros colaboraram para
que definitivamente o sujeito
fosse percebido, para além do
cognitivo e motor.
André Lapierre trouxe a
Psicomotricidade Relacional:
Método de mediação corpo-
ral que utiliza o jogo espontâneo
que privilegia a comunicação não-verbal e a liberdade de expressão da criança.
Atualmente Esteban Levin muito tem contribuído para a compreensão dos sin-
tomas Psicomotores como verdades do inconsciente da criança. Trazem à tona
a compreensão de que o corpo responde aos sofrimentos e angústias do sujeito.
E que, o Outro tutelar, poderá nos impulsionar ou nos entravar a estruturação.
Tanto que Lacan, citado por Checchinato, diz: “a criança é sintoma dos pais”,
referindo-se a que estes tutelares afetam o desenvolvimento da criança. As ques-
tões familiares provocam modos peculiares de respostas, corporais e psíquicas,
em suas crianças (CHECCHINATO, 2007, p. 13).
Hoje temos a Clínica Psicomotora em Transferência, tratamento preconi-
zado por Esteban Levin.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade você pôde perceber que as Atividades Psicomotoras para as crian-
ças pequenas são importantes na estruturação do sujeito. Vimos, também, como
devem ser trabalhadas no sentido de que aproveitamos sempre aquilo que as
crianças sabem e se mostram interessadas em conquistar.
O próprio Piaget explica que o ser humano deverá ser estimulado do sim-
ples para o complexo. E você confirmará na sua prática docente, que esse modo
de agir, sempre traz mais segurança e tranquilidade às crianças. Porque a moti-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerações Finais
134
2. De acordo com nossos estudos, verificamos que os bebês reagem conforme são
convocados, solicitados, assim é importante que ao atuar na Educação Infantil
você:
I. Estimule adequadamente o bebê, isto é, globalmente.
II. Cuide para que a audição não receba ruídos extremos (alto demais).
III. Possibilite estímulos visuais variados.
IV. Convoque a atenção do bebê sem demandar exageradamente, pois estressar
não é o mesmo que estimular.
V. Considere os hábitos e costumes da cultura possibilitados pelos pais.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas I, II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Todas estão corretas.
3. Reflita: como você, querido aluno(a), viveu sua infância? Agora, trace um parale-
lo com a atualidade e responda: como estão sendo estimuladas as crianças na
atualidade quanto às atividades naturais e o consumismo? Qual sua opinião?
135
Loucos de Amor
Donald Morton (Josh Hartnett) e Isabelle Sorenson (Radha
Mitchell) sofrem da síndrome de asperger, uma espécie
de autismo que provoca disfunções emocionais. Donald
trabalha como motorista de táxi, adora os pássaros e tem
uma incomum habilidade em lidar com números. Ele gosta
e precisa seguir um padrão em sua vida, para que possa
levá-la de forma normal. Entretanto, ao conhecer Isabelle
em seu grupo de ajuda tudo muda em sua vida.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Tatiana Bertoni entrevista a pesquisadora Tizuko Morchida Kishimoto sobre o brincar. Kishimoto é
autora de diversos livros com o tema brincar, brinquedo e brincadeira. Assista ao vídeo acessando
o seguinte link: <https://www.youtube.com/watch?v=HpiqpDvJ7-8>.
Material Complementar
140
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: < http://www.revistaforum.com.br/digital/171/medicalizacao-da-infancia-o-t-
dah-e-suas-controversias/>. Acesso em: 15 mai. 2017.
2
Em: <http://www.cartaeducacao.com.br/entrevistas/os-pais-tem-medo-dos-fi-
lhos-de-dizer-nao/>. Acesso 15 mai. 2017.
3
Em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colo-
cou-a-aprendizagem-no-microscopio>. Acesso em: 15 mai. 2017.
Em: <https://it.wikipedia.org/wiki/Jean_Le_Boulch>. Acesso em: 15 mai. 2015.
4
mai. 2017.
Em: <http://www.scielo.br/pdf/er/n30/a10n30.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2017.
6
141
REFERÊNCIAS
GABARITO
1. A.
2. E.
4. B.
5. A.
Professora Dra. Mara Cecília Rafael Lopes
Professora Esp. Maria Gorethe de Vasconcelos Miranda
V
AVALIAÇÃO PSICOMOTORA-
UNIDADE
SINTOMAS E ABORDAGENS
TERAPÊUTICAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer os Aspectos Constitucionais do Desenvolvimento
Psicomotor.
■■ Conhecer os sintomas Psicomotores.
■■ Entender as diferentes abordagens terapêuticas.
■■ Reconhecer sintomas Psicomotores.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Aspectos Constitucionais do Desenvolvimento Psicomotor: os
reflexos arcaicos
■■ A Psicomotricidade e os Sintomas Psicomotores
■■ O Gesto Motor
■■ A Construção da imagem
■■ Abordagens terapêuticas em Psicomotricidade
■■ Avaliação Psicomotora
145
INTRODUÇÃO
Nesta quinta unidade, a última do livro, você verá como os aspectos constitucio-
nais do Desenvolvimento Psicomotor, os reflexos arcaicos, irão colaborar para
que o gesto motor se organize, com significado e carregado de subjetividade.
Tal subjetividade também vai permitir que a imagem do sujeito se estru-
ture. A Imagem corporal depende de aspectos subjetivos para se estruturar de
forma harmônica, da relação da criança com seus pais, e isso não é o mesmo que
Esquema Corporal em que a criança desenvolve a noção de seu próprio corpo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
146 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DO
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR: OS REFLEXOS
ARCAICOS
laço com o bebê, e no olhar fixo com a mãe. São as primeiras inscrições
simbólicas da mãe sobre o bebê, ou seja, algo do imaginário materno vai
sendo construído e proporcionando projetos de vida ao filho, uma vez que
a mãe experimenta a satisfação global do filho após a mamada. A sensa-
ção de prazer mútuo produz um laço afetivo entre ambos e a mãe passa
a ter convicção que seu filho depende dela, gerando cuidado e proteção.
■■ Choro reflexo - No início da vida está relacionado à respiração aérea,
puro automatismo. Só a partir do primeiro mês de vida será possível
notar modulações no choro. Início das significações do ser humano. Este
se expressará doravante, por meio do sorriso e do choro, para manifes-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lado se estende e o outro
flete.
■■ Reflexo de defesa de asfixia
- O bebê ergue a sua cabeça, deso-
bstruindo suas narinas. Dessa forma,
vai estimulando o controle cefálico (con-
trole da cabeça e pescoço). Os estímulos Figura 4 - Reflexo tônico cervical
assimétrico
visuais também colaboram para o controle Fonte: a autora.
cefálico, pois ao erguer a cabeça para ver,
a criança fortalece a musculatura dorsal.
Isso também permite uma melhor interação com o outro e assim inicia
a comunicação e conexão humana. As crianças cegas não se beneficiam
desse aspecto, gerando inicialmente des-
conforto na mãe, que ao fazer tentativas
de comunicação não percebe reações
na criança que confirmem sua intenção.
Esse pode ser o início de um atraso
no desenvolvimento da criança,
uma vez que a mãe começa
a diminuir suas intenções
e estímulos em direção ao
bebê, que dessa forma, tam-
bém diminui suas reações
e vice-versa. É um sinal
muito importante para o
diagnóstico da cegueira. Figura 5 - Reflexo de Moro (ou de susto)
Fonte: a autora.
só deverão acontecer
muito tempo depois.
■ Reflexo de olhos de boneca - os olhos se movimentam para o mesmo lado
dando a impressão de estrabismo, como funcionam os olhos das bonecas.
Os dois olhos se movimentam para a esquerda ou para a direita. Como
os demais reflexos, também desaparecerá em poucos meses. Ainda bem,
porque é um pouco angustiante para o observador leigo, que poderá sus-
peitar de problemas visuais. O médico poderá acalmar a mãe, explicando
que se trata de um reflexo.
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estimula muito a mãe.
A PSICOMOTRICIDADE E OS SINTOMAS
PSICOMOTORES
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em seus tutelares. Uma outra forma de ver e aceitar os limites para uma poste-
rior superação do distúrbio psicomotor e psíquico.
Principais sintomas psicomotores:
• Debilidade psicomotora
É o estado de insuficiência, de imperfeição das funções motoras, na adaptação
aos atos de vida.
• Instabilidade psicomotora (hiperatividade)
A criança instável ou hiperativa se mostra agitada, com descargas explosivas, e
até autoagressivas.
• Inibição psicomotora
A criança se mostra aprisionada em si mesma. Ela teme o movimento. Defende-se
do olhar do Outro.
• Dispraxias
É a dificuldade para executar a combinatória de gestos.
Adiante estudaremos cada um de forma pormenorizada. Podemos perceber que
sempre são “visíveis”, ou seja, afeta o movimento e é dado a ver. O modo como
nos movimentamos denuncia nossa estrutura global. Externamos aquilo que
vivemos. Alfredo Jerusalinsky (2007, p. 67) diz: “o corpo explode, enquanto o su-
jeito implode” Ou seja, sempre que estamos em dificuldades emocionais, nosso
corpo demonstra, se desorganiza.
SINTOMAS PSICOMOTORES
Debilidade Psicomotora
Paratonia
Instabilidade Psicomotora
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
perceber e assim acalmá-la. Todo esse quadro se dá por falta de inscrições pri-
mordiais que lhe possibilitassem a organização corporal.
Inibição Psicomotora
Dispraxia
O GESTO MOTOR
O Gesto Motor
156 UNIDADE V
Em todas as frases, vemos as partes do corpo significando mais do que uma parte
corporal. Há uma mensagem subliminar em cada expressão.
Podemos dizer então que o sujeito é seu corpo. Freud também se referia a
isto com a frase: “O Eu, antes de ser psíquico, é corporal” (1930, p. 84). Unindo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
estes dois aspectos do humano.
Também podemos observar que as primeiras significações dadas pelo outro
semelhante a nós permanecerão como mensagem subjetiva em nossa corporeidade.
Temos um corpo subjetivado pelo outro, que nos marcou, investiu sobre
nosso corpo simbolicamente, isto é, que nos tornou semelhantes, sexuados e
portanto, seres de relação social.
A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM
Poderíamos começar este tema com uma diferença no título inicial: Construção
da Imagem do Corpo. Os autores da psicomotricidade em geral Vitor da Fonseca,
André Lapierre, Jean Le Boulch e muitos outros assim escreveram. Visto que
as abordagens psíquicas sobre a subjetividade humana nos auxiliam a pensar
o sujeito com detalhes, portanto, a “construção da imagem do sujeito” é uma
forma mais adequada de expressar e explicar melhor a estruturação humana.
É por meio do estudo de casos clínicos com fracasso na estruturação, que
aprendemos como ela se dá verdadeiramente, ou seja, diante de crianças que não
se estruturaram bem, poderemos entender o “normal” e qual aspecto falhou.
Quando estamos diante de crianças de quatro ou cinco anos, por exemplo,
que esbanjam noções sobre ela e o mundo ao seu redor ficamos muitas vezes ima-
ginando que tudo ocorre devido à natural estruturação, biológica. No entanto,
isso não é verdade. O Desenvolvimento Humano nada tem de natural. Natural
é o desenvolvimento dos animais que independentemente do seus semelhantes
familiares, vão se desenvolver, crescer e morrer.
Como não há subjetividade complexa dos animais, eles não sofrerão influ-
ência de aspectos singulares do ser humano tais como: que lugar ocupo na
minha família? O que meus pais esperam de mim? Por que meu aspecto físico
A Construção da Imagem
158 UNIDADE V
fez diferença na forma que meus pais me criaram? Por que meu irmão, filho dos
mesmos pais, é tratado de forma tão diferente? Por que me sinto tão inseguro?
Há uma complexa estrutura que organiza o sujeito. Diante de situações trau-
máticas, difíceis o ser humano reage adoecendo de diversas patologias como:
asma, gastrites, dores, alergias entre outras. As situações traumáticas podem ser
as mais diversas como: falta de dinheiro, desamores, traições, mortes, perdas etc.
A medicina tem se ocupado cada vez mais desses aspectos que vão além do
biológico. Fica cada vez mais evidente que o ser humano é influenciado no corpo,
na soma pelos eventos subjetivos. É o que chamamos somatizações. Isto nos mos-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tra que o corpo, originalmente saudável pode não responder de forma saudável.
Organismo biologicamente saudável, poderá ser afetado pelas questões subjeti-
vas. O nosso biológico sustentará o nosso psiquismo. Nosso esquema corporal
representa a noção que temos do nosso corpo e suas partes, mas nossa ima-
gem é produzida por meio de marcas dadas pelo semelhante. É a impressão
que o outro tem de nós, portanto, nossa imagem é mais que a noção do nosso
corpo. É uma imagem globalizada e subjetiva que extrapola a noção de corpo
e inclui as mensagens subliminares a que fomos submetidos. Como é o caso da
mulher tronco, citada por Françoise Dolto, que apesar da má formação apresen-
tava uma imagem bem constituída de si.
Ao contrário, a criança que possuía apenas um braço, citada pela mesma
autora, não pôde se estruturar, tornando-se extremamente fóbica. O caso é um
exemplo de dificuldade materna, visto que a criança não recebia informações
sobre a sua diferença em relação às outras crianças. Nada lhe foi falado sobre a
sua diferença.
A evolução sã desse sujeito, simbolizada por uma imagem do corpo
não enfermo, depende, portanto, da relação emocional de seus pais
com a sua pessoa: trata-se de informações verídicas, em palavras, que
lhe são dirigidas muito precocemente, relativas ao seu estado físico de
enferma. Estas trocas humanizantes, ou pelo contrário, sua ausência
desumanizante, provém do fato de terem ou não os pais aceito a enfer-
midade do corpo de seu filho (DOLTO, 1992, p. 12).
mesmo que seja acometida por problemas orgânicos, como Síndrome de Down,
má formação etc.
ABORDAGENS TERAPÊUTICAS EM
PSICOMOTRICIDADE
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cólogos, fonoaudiólogos,
terapeutas ocupacionais entre
outros).
■■ A Terapia Psicomotora: desti-
nada às crianças com Sintomas
Psicomotores, que seriam bene-
ficiadas pela terapia por abranger
aspectos psíquicos e conduzindo
assim a melhoria em todas as
áreas do desenvolvimento da
criança (motora, cognitiva, lin-
guagem, socialização). Inclusive incluindo a escuta de familiares, que
sempre devem fazer parte dos tratamentos terapêuticos (LE CAMUS,
1986, p. 152).
E conclui dizendo:
O enquadre do tratamento psicomotor dá-se na particularidade de nos
colocarmos num lugar onde se implicam dialeticamente, o corpo real
e o corpo imaginário, dentro da relação com Outro que determina o
universo simbólico (JERUSALINSKY, 2010, p. 198).
Existem ainda outras linhas de tratamento, que estão mais ocupadas com a “ree-
ducação motora” do que com a estruturação do sujeito e sua corporeidade. Estas
linhas mais reeducativas não costumam colocar o psíquico como prioridade para
a construção do Sujeito, e sim suas aquisições motoras. Como se o ser humano
pudesse ser saudável corporalmente apesar de sua condição psíquica. Sabemos,
que o sujeito só poderá ter um corpo saudável e se constituir cognitivamente, se
pôde, precocemente, ser investido e marcado simbolicamente pelos tutelares. É
assim que poderá ter sua saúde psíquica “garantida” inicialmente para seguir sua
construção global, salvo de uma doença mental.
O desejo do Outro Primordial, que não é simplesmente querer ter um filho,
mas sim abrir um espaço psíquico ao novo ser, é o que possibilita uma existên-
cia psíquica saudável.
Referindo-se ao tema, e discordando de tais linhas reeducativas, o psicana-
lista Alfredo Jerusalinsky (2010) explica:
No ponto extremo de uma situação muito fixa e fechada, coloca-se o
terapeuta no lugar do “Senhor”, sendo este o possuidor de todos os co-
nhecimentos para “curar” a criança (lugar do escravo). Aqui o terapeu-
ta é dono da técnica, da palavra, dos recursos; posição onipotente que
age de maneira obturadora.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
te da criança e da família. Os espaços ocupados remetem a novos vazios
e estas sucessivas articulações vão constituindo a própria história.
Tal forma de pensar um tratamento coloca a criança num lugar de “puro déficit”,
de “corpo falhado”, “estragado”, à espera de alguém que lhe “aperte os parafusos”,
e, assim, segue se movimentando como um robô, distanciado de si mesmo, sem
subjetividade. Nesses casos, inclusive, o nome da patologia, passa ser a própria
criança. Exemplo: João “O down”, ou Pedro o “paralisado cerebral”, ou Maria a
“hiperativa ”. O nome da criança, fica colado a patologia.
Quando colocamos o sujeito antes de seu sintoma, podemos intervir de forma
que o corpo seja simbólico, não “pura carne”, ou “puro órgão a ser consertado”.
Neste contexto se inclui o brincar, a atividade espontânea, os sons, o
grito, o movimento, a palavra, os objetos etc., como recursos que permiti-
rão construir uma situação onde a criança poderá investi-lá com seu desejo
(JERUSALINSKY, 2010, p. 201).
AVALIAÇÃO PSICOMOTORA
Avaliação Psicomotora
164 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
LOCAL PARA ATIVIDADES E AVALIAÇÃO PSICOMOTORA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim desta unidade, com a certeza que muito ainda teremos para
aprender. Parabéns por finalizar a leitura do livro! A atividade da docência exige
constante atualização e estudos.
Conduzir uma prática com crianças é sempre uma maneira interessante de
perceber nossas falhas ou dúvidas. Planejar, aplicar, avaliar e reavaliar é um pro-
cesso constante enquanto professor.
Os Sintomas Psicomotores nos mostram o quanto somos seres de relação e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
como uma criança, mesmo nascendo saudável, poderá ser afetada em sua estru-
turação e demonstrar seu sofrimento na corporeidade.
Você pôde perceber como as diferentes abordagens terapêuticas se encai-
xam com as diversas posturas profissionais, e você, querido(a) aluno(a), também
poderá fazer a opção que mais lhe satisfaz.
Por fim, conhecer os critérios para a Avaliação Psicomotora, nos indica cami-
nhos para atenuar a problemática infantil, ter a possibilidade de trazer uma criança
de volta para o desenvolvimento adequado de um sujeito e diminuir seu sofrimento.
Para isso, devemos ter em mente que os pais e responsáveis são fundamentais em
nosso trabalho junto às crianças.
Esperamos que o estudo proposto tenha possibilitado a compreensão sobre o
universo da criança, seu desenvolvimento e múltiplos aspectos, e que os conhe-
cimentos sobre psicomotricidade façam parte de sua prática docente.
Desejamos felicidade e satisfação em sua vida e atuação profissional!
Considerações Finais
166
O Desenvolvimento Psicomotor: do
Nascimento até os 6 anos.
Jean Le Boulch
Editora: Artes Médicas
Sinopse: faz uma análise do desenvolvimento orgânico
e emocional dos primeiros anos de vida. Dr. Le Boulch
salienta que a criança, desde o nascimento, apresenta
potencialidades para se desenvolver que não dependem
só da maturação dos processos orgânicos, mas também
do determinante intercâmbio com o outro.
Thumbsucker
Justin Cobb (Lou Taylor Pucci) seria um adolescente comum
se não fosse o fato de que nunca conseguiu parar de chupar
o dedo. Aos 17 anos, após ter tentado de tudo para se
livrar do vício, ele finalmente resolve o problema por meio
da hipnose feita pelo seu dentista, que tem ambições a
psicólogo. O verdadeiro problema, porém, está apenas
começando. Justin continua compensando suas frustrações
pela boca, consumindo todo e qualquer tipo de droga, de
maconha a remédios antidepressivos. Filho de pais que
nunca saíram da adolescência, ele vai ter de aprender a
crescer sozinho, nem que seja à força.
Maria Rita Kehl e Julieta Jerusalinsky debatem no programa Café Filosófico sobre a melancolia na
infância. Link disponível em: <https://youtu.be/F4OYvAkqcCo>.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIA ON-LINE
2. A.
5. B.
CONCLUSÃO
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desse livro, certos de que poderíamos iniciar
outros estudos sobre o universo infantil. Este tema nos coloca num turbilhão de
conhecimentos a serem explorados e isso pode nos impulsionar às novas descober-
tas, mais pesquisas e estudos. Esta empreitada se torna facilitada, visto as muitas
informações nas fontes bibliográficas, e com muito mais facilidade ainda, com a tec-
nologia atual, que é um acesso prático para podermos aprofundar qualquer tema.
A corporeidade está intimamente ligada ao psiquismo humano, mostrando-nos o
quanto nosso trabalho com a Psicomotricidade poderá colaborar com a estrutura-
ção global da criança.
Durante todo nosso estudo, querido(a) aluno(a), você pode notar o quanto o “ brin-
car” foi valorizado. É fundamental que esse aspecto nunca seja esquecido pelos que
trabalham com a infância, não só como recurso para “ensinar”, mas como recurso
para “estruturar” o sujeito.
O brincar, além de pedagógico e lúdico, deverá ser entendido como recurso tera-
pêutico. Isto quer dizer que todas as aquisições da infância, não só na área do desen-
volvimento psicomotor e da aprendizagem, mas principalmente na área psíquica,
acontecem por meio do brincar.
Quando falamos em psíquico, devemos entender que para uma criança poder brin-
car, antes, seus pais ou responsáveis lhe transmitiram algo subjetivo, mensagens
subliminares, carregado de afetividade. É isto que lhe marcou como semelhante
e o introduziu nas relações significantes, e assim na possibilidade da descoberta,
da curiosidade. Seus pais lhe incluíram num mundo simbólico. E é assim que uma
criança pode estruturar sua noção de si e do outro, sua imagem corporal, sua noção
de espaço, de tempo, suas habilidades e suas relações em geral, tanto com os seme-
lhantes, como com os demais objetos.
Então, para concluir, será sempre mais interessante observar o brincar de uma crian-
ça, antes de determinarmos estratégias para seu desenvolvimento. É provável que
tenhamos mais êxito estudando o brincar, do que técnicas “cegas” para a estimu-
lação infantil. Toda a Psicomotricidade se constrói na criança, a partir do prazer do
movimento. Isto será fundamental para que possam ser estimuladas as novas con-
quistas. O mundo infantil é simples, cabe a nós oferecemos condições adequadas e
humanizadas aos pequenos.
Esperamos que a leitura deste livro tenha feito você experimentar, um pouco, do
universo da psicomotricidade. De nossa parte, escrevê-lo foi um grande prazer!