Você está na página 1de 56

Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado.

Este material pode ser protegido por


direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

Produção
de texto
8o. ano
Volume 3
Livro de
atividades 1 A liberdade de expressão
em textos de opinião 2
Proposta 1: Para que existe a liberdade
de expressão 2
Proposta 2: Por que o discurso do
ódio não é liberdade de
expressão? 9
Proposta 3: Redação no Enem:
liberdade de expressão
versus discurso de ódio 14
Proposta 4: Falar demais não
é o mesmo que
argumentar 18

Histórias de vida e
2 sobrevida: biografia e
autobiografia 21
Proposta 5: Gente feita de prosa 21
Proposta 6: Guerra dentro da gente 28
©Shutterstock/Redshinestudio

Proposta 7: “A função do escritor? Ser


testemunha do seu tempo
e da sua sociedade.” 33
Proposta 8: O imenso Graça, um
escritor cuja fome sempre
foi de justiça 35

Livro do professor
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

1 Proposta 1

Para que existe a liberdade de expressão


A LIBERDADE DE EXPRESSÃO ESTÁ RELACIONADA
À GARANTIA QUE OS INDIVÍDUOS TÊM DE MANIFESTAR
LIVREMENTE IDEIAS E INFORMAÇÕES SEM QUE SEJAM
PUNIDOS POR ISSO.
TEXTO 1

©Shutterstock/Studiostoks
A proposta deste capítulo é orientar
e incentivar uma breve, porém
responsável, reflexão sobre a liberdade
de expressão. Convém recuperar os
conceitos de direito, ética, política,
relativismo e termos afins, necessários
para a compreensão de teorias e
conceitos presentes em diversos
textos, com vistas a instigar a reflexão
do leitor para que fale, escute e escreva
usando o bom senso. Sua mediação
é importante para que as atividades
de leitura, compreensão e produção
de textos orais e escritos sejam, de
fato, produtivas. Além de artigos,
utilizamos charges, notícias e tirinhas.
Recomendamos a leitura do texto
Liberdade de expressão: uma análise
entre direito, ética e relativismo, de
Renan Peruzzolo (Disponível em:
<https://filosofiadocotidiano.org/
liberdade-de-expressao-uma-analise- • Registre, nas linhas a seguir, sua interpretação do texto não verbal
entre-direito-etica-e-relativismo/>. apresentado. Deixe claro em que sentido a imagem pode se relacio-
Acesso em: 28 jan. 2019.). Sugerimos
também a leitura da obra A revolução nar à liberdade de expressão.
dos bichos, de George Orwell.
Esperamos que os alunos percebam que o homem está sendo tolhido de sua liberdade

de expressão. Veja-se o X na boca do personagem, que apenas pensa, mas não

pode “falar o que pensa”.

2 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

O uso da expressão tabu “falar merda” – forma popular, gíria, para definir liberdade de expressão – é uma maneira de aproximar o leitor do texto, em
uma tentativa de não deixar dúvida sobre o sentido amplo dessa liberdade fundamental. E por que “fundamental”? Porque a liberdade de expressão é o
fundamento, a base, de todas as demais liberdades, especialmente a de organização, a de liberdade de voto e a de expressão científica.
Pesquise na internet informações sobre o caso do
PARA DEFINIR LIBERDADE DE EXPRESSÃO, menino de 13 anos citado por Renato Janine.
RENATO JANINE UTILIZA UM TERMO MARCADO A notícia Harvard cancela a admissão de
SOCIALMENTE – É UMA FORMA TABU, MAS QUE, futuros alunos por compartilharem memes
INDISCUTIVELMENTE, PERTENCE À LINGUA. NA SEQUÊNCIA, ofensivos no Facebook (Disponível em:
O AUTOR EXPLICA PARA QUE ESSA LIBERDADE <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/06/
internacional/1496743519_040682.html>.
FUNDAMENTAL EXISTE E QUAIS SÃO SEUS LIMITES. Acesso em: 22 mar. 2019.) pode ajudar na
contextualização dos exemplos citados por
TEXTO 2 Renato Janine em seu artigo.

©Shutterstock/Inamar
Para que existe a liberdade de expressão
Por Renato Janine Ribeiro* | Adaptação web Caroline Svitras
Faz pouco tempo, li alguém que prezo dizer que liberdade de expressão é a liberdade de
“falar merda”. Essa é uma ideia difundida: que a liberdade consiste em aceitar o direito de
dizer mesmo aquilo que desaprovamos. Não está errado, mas o problema é que essa defini-
ção avançou tanto que veio a abranger a ideia inteira do que é a liberdade de expressão. E
assim a perdeu de vista.
Qual é o eixo da liberdade de expressão? É a ideia de que, dialogando, discutindo, recu-
sando a ideia de que haja uma verdade única, descobrimos e inventamos coisas boas. Uma
delas, a democracia. Outras, os avanços tecnológicos. Tanto valores éticos e políticos quanto
desenvolvimentos práticos podem resultar da discussão livre. Mas atenção: tudo isso supõe
uma discussão com certo nível. Os lados podem se digladiar, até mesmo se desprezar, mas
o fruto melhor da liberdade de expressão é melhorar o mundo.
Evidentemente, como não temos certeza do que é melhor ou mesmo do que é certo,
deve-se sim admitir o discurso tolo, errado, o “falar merda” que mencionei. Mas admitir isso
significa apenas reconhecer que nenhum de nós é dono da verdade. Não significa amparar
como liberdade de expressão a incitação ao crime ou a pregação do ódio.
Assim é que democracias praticamente impecáveis punem como crimes, práticas que, no
Brasil, alguns justificam como “liberdade de expressão”. Volta e meia, leio algum colunista
de jornal dizendo que você não pode tolher ou limitar sequer a pregação de ódio, porque ela
deve ser vencida no debate racional e público de ideias. Só que, enquanto esses colunistas
pairam num universo platônico de ideias, quem sai vitorioso são os pregadores do ódio.
Escrevo isso sob o impacto da morte do menino de 13 anos diante de uma unidade da
rede de fast-food Habib’s, em São Paulo – só que o que mais me choca não é só a sua morte,
é a reação de muitos leitores de jornal dizendo que ele devia mesmo morrer, que seus pais
são interesseiros, que agora querem ganhar uma grana de indenização etc. O que são esses
comentários, tão frequentes na esfera pública, senão a vitória acachapante do ódio sobre a
compaixão, das paixões negativas sobre as positivas, da guerra civil (ainda que verbal) sobre
a paz política? É uma guerra civil verbal que passa ao ato, quando, por exemplo, homosse-
xuais são atacados ou mesmo assassinados.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 1 3


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

O artigo de opinião é um gênero de


texto verbal em que um articulista, na Vejam bem. Nos Estados Unidos, muitos Estados penalizam forte-
posição de formador de opinião, dis-
cute os mais variados temas de inte- mente crimes de ódio, assim entendidos os que visam um grupo pelo
resse geral e atual (políticos, sociais, que ele é (e não pelo que algum membro seu fez) – podem ser negros,
comportamentais, culturais, científi- judeus, homossexuais, mas é crime o discurso ou a ação contra eles.
cos, socioambientais, entre outros),
apresentando seu ponto de vista (posi- Na França, alegar que não houve o massacre de judeus é crime. Na
cionamento/tese) e sustentando-o Alemanha, a saudação nazista leva a pessoa direto para a cadeia. No
com argumentos (evidências, provas,
dados, exemplos e outros elementos) começo de março, um juiz canadense que ofendeu uma moça estupra-
para justificar sua posição diante de da, culpando-a pela violação que sofreu, foi destituído do cargo. E não
uma questão polêmica. O articulista são democracias mais sólidas que a nossa?
normalmente discute assuntos rela-
cionados a sua área de formação, o que A liberdade de expressão inclui, claro, o direito de falar bobagem –
torna suas ideias e opiniões respeitáveis por exemplo, alegar que toda a física está errada e o mundo foi criado
para a maioria dos leitores.
em sete dias (tese que nenhum cientista cristão ou judeu sustenta…).
A argumentação por raciocínio lógico
demonstra que existe embasamento,
Mas não inclui pregar o ódio. E isso porque o fruto admirável de
ou seja, o argumento apresentado não poucos séculos de liberdade de expressão é aquela coisa dificílima
é “achismo”, fruto apenas de interpre- chamada diálogo, que levou nossa sociedade a ir, na democracia e
tação pessoal dos fatos. O autor busca
uma relação de causa (motivo) e efeito na qualidade de vida, bem mais longe do que qualquer outra. Então,
(consequência). não vamos reduzir esse eixo central da liberdade de expressão a seus
A argumentação de senso comum aspectos secundários nem deixemos a pregação do crime sob o seu
representa consenso geral, incontestá- manto.
vel, conhecido e aceito universalmente.
*Renato Janine Ribeiro é professor titular de Ética e Filosofia Política na Uni-
A argumentação de exemplificação
consiste no uso de pequenos relatos versidade de São Paulo (USP).
de fatos.
RIBEIRO, Renato J. Para que existe a liberdade de expressão . Disponível em: <http://filosofiacienciaevida.com.
br/para-que-existe-a-liberdade-de-expressao/>. Acesso em: 25 jan. 2019.

1. Em grupos, comentem as ideias do artigo Para que existe a liberdade


de expressão , parafraseando-as. Um dos integrantes do grupo pode
atuar como escriba e registrar a nova apresentação do texto.
Esperamos que os alunos apresentem as principais ideias do texto de Janine utilizando as

próprias palavras, já que a atividade solicita a elaboração de uma paráfrase.


©Shutterstock/lsnmrch

Platão (427-347 a.C.) foi um dos mais 2. Qual é a função sociocomunicativa do texto?
importantes filósofos da Grécia Antiga.
Ele defendia que o mundo como o perce- Esperamos que os alunos deduzam que a principal função desse texto é a exposição do ponto
bemos é ilusório. Daí o termo platônico.
Platão acreditava que o mundo espiritual é
mais elevado e é onde existe a verdade da
de vista do articulista sobre a necessidade de existir liberdade de expressão.
razão e das ideias.
3. A que público o texto se destina?
É esperado que os alunos concluam que o texto parece ser dirigido a um público jovem, for-
mado por estudantes acostumados com a informalidade e o apelo popular que, de modo geral,
caracterizam os textos da web. Outra possibilidade é que os alunos deduzam que se trata de
leitores que procuram acompanhar as ideias e os artigos de opinião de Renato Janine. Cabe
lembrar que o articulista tem coluna em jornal há alguns anos.

4 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

4. Logo no início do texto, o autor usa uma expressão popular para defi- Os artigos de opinião se carac-
nir “liberdade de expressão”. Que efeito o emprego dessa expressão terizam pela intertextualidade
teve sobre você? Compartilhe sua resposta com alguns colegas. explícita ou declarada (citações,
referências, menções, resumos,
Pessoal. É provável que alguns alunos estranhem o uso da expressão e não o considerem resenhas, traduções, recursos à
autoridade, etc.) ou pela inter-
comum nesse tipo de texto. textualidade implícita (o leitor
pressupõe pelo contexto).

5. Por que o texto Para que existe a liberdade de expressão pode ser cate-
gorizado como artigo de opinião?
É esperado que os alunos concluam que o texto é um artigo de opinião por alguns fatores:

contextualização para situar o leitor sobre o assunto tratado; posicionamento do autor com

relação ao tema (embora só fique explícito no final do artigo); argumentação ou justificativas

©Shutterstock/Macrovector
ao longo do texto para sustentar a tese; entre outros.

6. Qual é a tese defendida pelo articulista?


O articulista defende a tese da ampla liberdade de expressão, incluindo-se aí o falar bobagens,

bem como a aceitação do direito de alguém dizer algo que desaprovamos, desde que existam

diálogo e discussão com certo nível de civilidade.

7. Qual é o posicionamento do articulista com relação ao tema?


Com o objetivo de melhorar o mundo, o autor defende o diálogo franco, aberto, não

impregnado do discurso de ódio ou de pregação ao crime, livre da ideia de que existe uma

verdade única, indiscutível e imutável.

8. Que tipos de argumentação o articulista usa para defender sua tese?


Localize alguns argumentos no texto e transcreva-os nas linhas a seguir.
Compartilhe suas conclusões com alguns colegas.
O autor usa, especialmente, três tipos de argumentação:

1. por raciocínio lógico – “a liberdade consiste em aceitar o direito de dizer mesmo aquilo que

desaprovamos. Não está errado, mas o problema é que essa definição avançou tanto que veio a

abranger a ideia inteira do que é a liberdade de expressão. E assim a perdeu de vista”.

2. de senso comum – “Os lados podem se digladiar, até mesmo se desprezar, mas o fruto melhor

da liberdade de expressão é melhorar o mundo”.

3. de exemplificação ou ilustração – “Escrevo isso sob o impacto da morte do menino de 13 anos

diante de uma unidade da rede de fast-food Habib’s, em São Paulo [...]. Nos Estados Unidos, muitos

Estados penalizam fortemente crimes de ódio [...]. Na França, alegar que não houve o massacre de

judeus é crime. Na Alemanha, a saudação nazista leva a pessoa direto para a cadeia”.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 1 5


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

Artigos de opinião são textos 9. Entre os argumentos apresentados no artigo, qual lhe parece ter maior
argumentativos que pertencem poder de convencimento? Por quê?
à esfera jornalística, uma vez que
Pessoal.
são produzidos para circular nas
diversas mídias.

10. Releia a primeira frase do texto observando a intertextualidade nela


explícita.

Faz pouco tempo, li alguém que prezo dizer que liberdade de ex-
pressão é a liberdade de “falar merda”.

• O articulista cita a fala de alguém que ele preza, mas não informa
quem é essa pessoa. Mencione alguns possíveis motivos dessa
omissão.
Sugestões: 1. Renato Janine quis preservar o autor da definição, não revelando sua

identidade, já que se trata de alguém que ele preza, respeita. 2. Talvez não exista uma

pessoa em particular para citar, apenas o senso comum. 3. O articulista quis criar um

“suspense” ao não revelar a fonte do comentário.

11. No trecho “Só que, enquanto esses colunistas pairam num universo
platônico de ideias, quem sai vitorioso são os pregadores do ódio”, a
expressão sublinhada significa
( ) concreto. ( ) existente. ( X ) utópico.
( ) possível. ( ) realista.
12. Releia o trecho a seguir com atenção.

E isso porque o fruto admirável de poucos séculos de liberdade de


expressão é aquela coisa dificílima chamada diálogo, que levou nossa
sociedade a ir, na democracia e na qualidade de vida, bem mais longe
do que qualquer outra. Então, não vamos reduzir esse eixo central da
liberdade de expressão a seus aspectos secundários nem deixemos a
pregação do crime sob o seu manto.

Retome com os alunos os conheci- a) A que aspectos secundários da liberdade de expressão o autor se
mentos sobre o emprego de artigos refere?
definidos e indefinidos, especialmente
o uso expressivo/estilístico dessa classe O autor se refere ao discurso de ódio e à incitação ao crime como aspectos secundários
de palavras.
Ajude os alunos a observar que, sem da liberdade de expressão. Os aspectos principais seriam os avanços democráticos e os
o artigo, a expressão perde força. Já
no título, a função determinativa do científicos, que propiciam uma melhora na qualidade de vida.
artigo indica uma opinião subjetiva de
Renato Janine, porque, nessa posição, b) O que o articulista quer dizer com a expressão “sob o seu manto”?
“entoa” certos matizes expressivos,
como familiaridade e afetividade. Trata-se de uma metáfora na qual a liberdade de expressão usaria um “manto” e, com ele,

cobriria absurdos como o discurso de ódio e a pregação de crimes.

6 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

Práticas de reflexão sobre a língua

13. Releia o título do texto, detendo-se no artigo que antecede o termo “liberdade de expressão”.

Para que existe a liberdade de expressão

a) Sabendo que os títulos jornalísticos exigem o uso do artigo zero, qual seria o possível
motivo para o articulista empregar o artigo definido “a” antes de “liberdade de expres-
são”? Compartilhe sua conclusão com um colega.
b) Reescreva o título do texto sem o artigo “a” e analise o efeito de sentido dessa omissão.
Ajude os alunos a observar que a omissão do artigo “a” generaliza o termo “liberdade de

expressão”; por outro lado, dá ao título maior concisão, energia e até certa dramaticidade.

Títulos precisam ser atrativos para despertar a curiosidade do leitor, convencendo-o a ler o texto.

c) Em sua opinião, o título Para que existe a liberdade de expressão é atrativo? Registre no
caderno a explicação de sua resposta.
d) Proponha outro título para o texto, comentando sua sugestão com um colega.
Pessoal.

14. O texto Para que existe a liberdade de expressão foi escrito em linguagem padrão. Porém,
em alguns momentos, o autor adotou uma linguagem coloquial. Quais são os momentos
mais informais do texto?
Esperamos que os alunos citem a expressão “falar merda”, gíria que significa “falar bobagem, asneira, algo negativo ou

depreciativo”, numa espécie de catarse, de desabafo, para demonstrar descontentamento, e também a expressão

“Vejam bem” no início do penúltimo parágrafo.

15. Se a expressão “pouco tempo”, no primeiro parágrafo, fosse trocada por “alguns meses”, o
verbo fazer seria flexionado? Justifique sua resposta.
Esperamos que os alunos concluam que o verbo fazer não seria flexionado, porque é impessoal

quando tem o sentido de “haver”.

16. Em “Mas atenção: tudo isso supõe uma discussão com certo nível”, os dois-pontos são
usados para introduzir
( ) uma enumeração. ( ) um exemplo.
( X ) um esclarecimento. ( ) um vocativo.
( ) uma citação.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 1 7


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

Produção de texto 1 17. Para que existe a liberdade de expressão? Com base no roteiro a seguir,
escreva um artigo de opinião sobre esse assunto, parafraseando o
texto de Renato Janine.
Paráfrase
Texto que apresenta as mesmas ideias do
original.
a) Comece o texto reproduzindo a tese do artigo. Exponha também a ideia popular
sobre liberdade de expressão. Observe que essa ideia se expandiu tanto que
Artigos de opinião, por serem
perdeu o sentido.
textos da esfera jornalística, de-
vem apresentar linguagem de b) No segundo parágrafo, escreva sobre o eixo que sustenta a liberdade de
acordo com a norma-padrão, ou expressão, citando como exemplos a democracia e os valores éticos e políticos.
seja, o registro formal da língua. Ressalte a necessidade de as pessoas dialogarem.
c) No terceiro parágrafo, aborde a pregação ao discurso de ódio e a incitação
à violência, discutindo-as como formas de manifestação da liberdade de
Fique por dentro
expressão. Discorra sobre as mais sólidas democracias do mundo, que
Conheça os objetivos dessa proposta de reprimem o discurso de ódio e a incitação ao crime.
produção de texto:
a) Desenvolver a habilidade de argumentar. d) Na conclusão, retome a tese do texto – a liberdade de expressão inclui até
b) Refletir sobre a liberdade de expressão. mesmo o direito de falar bobagem, mas não o discurso de ódio e a incitação
ao crime. Escreva sobre o “fruto admirável” da liberdade de expressão, ou seja,
Dica: artigo de sobre o diálogo, que é a marca da civilização.
opinião
1. Releia atentamente o artigo de Renato
Janine.
2. Elabore um rascunho do texto, conforme
as orientações presentes no quadro.
3. Escreva um texto de 15 a 20 linhas.
4. Observe a coesão dos parágrafos.
5. Revise seu texto.

Ao parafrasearem o texto lido, os alunos,


além de apropriarem-se do exercício da
argumentação, adquirem repertório
sobre o tema, que tem uma complexi-
dade significativa.
©Shutterstock/hobbit

8 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

Proposta 2
Por que o discurso do ódio não é liberdade de
expressão?
GEORGE LAKOFF EXPLICA, NO ARTIGO DE OPINIÃO
A SEGUIR, POR QUE O DISCURSO DO ÓDIO NÃO É
LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
TEXTO 3 George Lakoff
É professor de Linguística na
Universidade Berkeley, na
Por que o discurso do ódio Califórnia, Estados Unidos.
não é liberdade de expressão? Foi um dos fundadores da
linguística gerativa, nos anos
Por George Lakoff
1960, e da linguísitca cogni-
A liberdade em uma sociedade livre é para todos. Portanto, a tiva, na década de 1980.
liberdade exclui a imposição à liberdade dos outros. Você é livre
para andar na rua, mas não para impedir que outros o façam.
A imposição à liberdade de outros pode vir de forma física
imediata e evidente – bandidos vindo atacar com armas. A violência
pode ser uma espécie de expressão, mas certamente não é “liberdade
de expressão”.
Como a violência, o discurso de ódio também pode ser uma
imposição física à liberdade dos outros. Isso porque a linguagem
tem um efeito psicológico imposto fisicamente – no sistema neural,
com efeitos incapacitantes a longo prazo.
Aqui está o motivo:
Todo pensamento é realizado por circuitos neurais – não flutua
no ar. A linguagem ativa neuralmente o pensamento. A linguagem
pode, assim, mudar o cérebro, tanto para o melhor quanto para o
pior. O discurso de ódio muda o cérebro dos odiados para o pior,
criando estresse tóxico, medo e desconfiança – tudo de forma física,
tudo presente na atividade dos circuitos neurais de uma pessoa todos
os dias. Este dano interno pode ser ainda mais grave do que uma
punhalada. Ele se impõe à liberdade de pensamento e, portanto, age
livre de medo, ameaças e desconfiança. Ele se impõe à capacidade
do indivíduo de pensar e agir como um cidadão totalmente livre por
muito tempo.
É por isso que o discurso de ódio se impõe à liberdade daqueles
que são alvo do ódio. Uma vez que ser livre em uma sociedade livre
não requer se impor à liberdade dos outros, o discurso de ódio não
se enquadra na categoria da liberdade de expressão.
Discurso de ódio também pode mudar o cérebro daqueles com
preconceito leve, movendo-se para o ódio e a ação ameaçadora.
Quando o ódio está fisicamente em seu cérebro, então você pensa
que odeia e sente ódio, e você é movido a agir para realizar o que
você, fisicamente, em seu sistema neural, pensa e sente.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 2 9


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:18:48

É por isso que o discurso de ódio não é “mero” discurso. E uma vez que se impõe à li-
berdade dos outros, não é um exemplo de liberdade.
Os efeitos físicos de longo prazo, muitas vezes incapacitantes, do discurso de ódio sobre
os sistemas neurais dos odiados não têm status na lei, já que nossos sistemas neurais não
têm status em nosso sistema legal – pelo menos não ainda. Essa é uma lacuna entre a lei e
a verdade.

LAKOFF, George. Por que o discurso do ódio não é liberdade de expressão? Tradução de Letícia Sallorenzo. Disponível em: <https://jornalggn.
com.br/noticia/por-que-o-discurso-do-odio-nao-e-liberdade-de-expressao-por-george-lakoff>. Acesso em: 19 dez. 2018.

1. Em grupos, leiam o artigo Por que o discurso do ódio não é liberdade de expressão?. Sinte-
tizem, em uma frase, as ideias apresentadas em cada parágrafo.

Primeiro parágrafo: Faça a mediação da leitura do texto, ajudando os alunos a observar a tese do artigo: “A liberdade
em uma sociedade livre é para todos”. Na sequência, o autor argumenta que “a liberdade exclui a imposição à liberdade dos

outros”, dando um exemplo: “Você é livre para andar na rua, mas não para impedir que outros o façam.”.

Segundo parágrafo: A imposição à liberdade (o cerceamento) de outros pode vir de forma física imediata e evi-

dente.

Terceiro parágrafo:
O discurso de ódio também pode ser uma imposição física à liberdade dos outros, assim como é

a violência.

Quarto e quinto parágrafos: A linguagem pode mudar o cérebro, tanto para o melhor quanto para o pior.

Sexto parágrafo: Ser livre em uma sociedade livre não requer se impor à liberdade dos outros.

Sétimo parágrafo: O discurso de ódio também pode mudar o cérebro daqueles com preconceito leve, movendo-se
para o ódio e a ação ameaçadora.

Oitavo parágrafo: O discurso de ódio não é “mero” discurso.

Nono parágrafo: O discurso de ódio tem efeitos muitas vezes incapacitantes sobre os sistemas neurais dos odiados,
mas as leis ainda não protegem esses sistemas.

10 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13

2. Reúna-se com alguns colegas e troquem ideias sobre a tirinha.


©Julio Vett

Disponível em: <http://www.quadrinhosalacarte.com/2016/03/tirinha-316-liberdade-de-expressao.


html>. Acesso em: 24 jan. 2019.

a) A crítica da tirinha está no fato de a sociedade, representada pelo grupo de manifes-


tantes pró-liberdade de expressão, revelar-se
( ) respeitosa diante de um posicionamento contrário.
( ) tolerante diante de um posicionamento diverso.
( ) capaz de aceitar a liberdade de expressão.
( X ) incapaz de exercer a liberdade de expressão.
( ) civilizada no exercício de sua cidadania.
b) Que parte do artigo a tirinha poderia ilustrar? Justifique sua resposta.
Pessoal. Várias partes do artigo poderiam ser ilustradas pela tirinha.

Um texto se desenvolve em torno de um tema, ou de um tópico, ou, ainda, daquilo que,


convencionalmente, se costuma chamar de ideia central. Essa unidade funciona com um
fio, um eixo, que faz cada parte, cada segmento, convergir para um centro. Essa unidade é
que permite a elaboração de uma síntese ou de um resumo, o entendimento dos títulos e
subtítulos, a localização dos subtópicos, o discernimento entre as ideias principais e aquelas
secundárias.
Em princípio, é essa unidade temática que deixa o texto como um conjunto demarcado,
como um terreno delimitado. É ela, ainda, que nos leva a procurar saber: a que pergunta o
texto constitui uma espécie de resposta.

ANTUNES, Irandé. Análise de textos : fundamentos e prática. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. p. 67-68. (Estratégias de ensino, 21).

3. Em sua opinião, o artigo escrito pelo linguista George Lakoff responde à pergunta “Por
que o discurso do ódio não é liberdade de expressão?”. A que outras perguntas esse artigo
poderia responder? Elabore três questões e peça a um colega que escreva um parágrafo
respondendo a elas.
Sugestões: Para que serve a liberdade de expressão em uma sociedade livre? Existe liberdade de expressão onde há

restrição à liberdade dos outros? O discurso de ódio pode ser considerado uma imposição física? Quais são os efeitos, a

longo prazo, do discurso de ódio?

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 2 11


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13

Práticas de reflexão sobre a língua

4. Identifique, no quadro a seguir, os termos que completam adequadamente a explicação


sobre progressão do tema.

convergência expectativa acrescentado encadeado


tema previsibilidade competência ideias unidade
progredindo

A progressão do tema
A concentração do texto em determinado tema lhe dá unidade .
Evidentemente, em seu percurso, esse tema vai se desenvolvendo, ou melhor, vai
progredindo , o que implica admitir que, acerca do mesmo tema, algo diferente vai

sendo acrescentado .

Faz parte da nossa competência discursiva alimentar a expectativa de que


nosso parceiro de interlocução não vai ficar, indefinidamente, dizendo o mesmo, ou seja,

fixado no mesmo ponto. Esperamos que a fila das ideias ande, no sentido de

que coisas novas vão sendo acrescentadas, embora acerca do mesmo tema. Ou seja, con-
tamos com a previsibilidade de identificar o que se diz do tema.

Ocorre que, no texto, tudo precisa estar em convergência : tudo precisa es-
tar encadeado .

ANTUNES, Irandé. Análise de textos : fundamentos e prática. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. p. 68-69. (Estratégias de ensino, 21).

5. São várias as pistas para o reconhecimento do tema do artigo Por que o discurso do
ódio não é liberdade de expressão? . A mais óbvia delas é o título. No início do texto,
especialmente no segundo parágrafo, Lakoff sintetiza o tema, cuja progressão se dá
por meio do encadeamento de ideias, perpassando o artigo do início ao fim, parágrafo
a parágrafo.
Releia o texto e, com base nele, complete as afirmativas. Compartilhe suas conclusões com
um colega.
a) À ideia de que alguém é livre para andar na rua, mas não para impedir que outros o
façam, o autor faz o tema progredir, afirmando que
a privação da liberdade de ir e vir pode se dar de forma física imediata e evidente, por exemplo, com bandidos

atacando com armas.

12 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13

b) À ideia de que o discurso de ódio, assim como a violência urbana, Produção de texto 2
pode ser uma imposição física à liberdade dos outros, o autor escla-
rece que
Há um provérbio indiano que afirma:
o discurso de ódio também se impõe à liberdade daqueles que são alvo do ódio.
Dentro de mim, existem dois lobos:
o lobo do ódio e o lobo do amor.
Ambos disputam o poder sobre
mim. E, quando me perguntam qual
lobo é vencedor, respondo: o que eu
alimento.
c) À ideia de que a linguagem ativa neuralmente o pensamento, o
Disponível em: <https://www.pensador.com/
autor argumenta explicando que frase/OTQ4Mjg5/>. Acesso em: 24 jan. 2019.

a linguagem pode mudar o cérebro, tanto para o melhor quanto para o pior.
Fique por dentro
Conheça os objetivos dessa proposta de
produção de texto:
a) Ampliar o repertório a respeito do tema
em discussão.
6. Por que o discurso do ódio não é liberdade de expressão? Escreva um
b) Desenvolver a habilidade de
artigo de opinião sobre esse tema. argumentação.

Dica: artigo de
opinião
1. Releia atentamente o texto Por que o
discurso do ódio não é liberdade de
expressão? , de George Lakoff.
2. Elabore um artigo, de 15 a 20 linhas, com
base nas ideias desse autor.
3. Para concluir seu texto, aproveite a ideia
contida no provérbio indiano.
4. Revise seu texto, observando a coesão
entre os parágrafos.
5. Escolha um local para divulgá-lo (mural
da sala de aula, da escola, etc.)

Caso a turma tenha um blog , os textos


podem ser compartilhados nesse meio.
A temática aqui proposta é complexa,
o que justifica o fato de os alunos se
basearem no texto de George Lakoff.
Porém, nada o impede de sugerir a eles
outros textos, para que ampliem ainda
mais o repertório sobre o tema.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 2 13


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13

Proposta 3
Redação no Enem:
liberdade de expressão versus discurso de ódio
O TEXTO A SEGUIR COMEÇA COM DEPOIMENTOS
DE TRÊS ALUNOS PARTICIPANTES DO EXAME NACIONAL
DO ENSINO MÉDIO (ENEM) DE 2016. ELES AFIRMAM QUE,
A liberdade de expressão é o coração
da humanidade.
NA PROVA DE REDAÇÃO, SENTIRAM A NECESSIDADE
DE OMITIR O QUE DE FATO PENSAM PARA
(Salman Rushdie)
NÃO SEREM EXCLUÍDOS DO PROCESSO.
TEXTO 4

Redação no Enem:
liberdade de expressão vs discurso de ódio
Por Camila Dalla Pozza
“Nas redações dos vestibulares eles pedem a nossa opinião, mas não
podemos opinar de verdade; temos de escrever o que eles querem ler”.
“A condição de respeitar os Direitos Humanos é um tipo de censura
na proposta de redação do Enem”. “Tenho amigos preconceituosos que
foram bem na redação do Enem; eles mentiram”.
Estas e outras afirmações podem ser ouvidas em qualquer aula de
produção de texto do Ensino Médio ou de um cursinho e podem ser
lidas em comentários em redes sociais, blogs e sites diversos; eu mesma
já ouvi de meus alunos, mais de uma vez. [...]
Em tempos de polarização, muitas pessoas têm confundido liberdade
de expressão com discurso de ódio, e não só em propostas de redação
como a do Enem 2016 (Como combater a intolerância religiosa no
Brasil?), na qual 4.798 candidatos feriram os Direitos Humanos e
tiveram seus textos anulados.
A liberdade de expressão é um direito constitucional, ou seja, é
garantido pela Constituição Federal de 1988 e deve ser mantido, pois
vivemos em um regime democrático, no qual a troca de ideias é essencial,
porém, de uns tempos para cá, parece que os brasileiros não sabem mais
debater um assunto sem rotular ou enquadrar o outro. Amizades estão
sendo desfeitas, laços familiares estão sendo cortados, porque ninguém
mais ouve ninguém.
O discurso pautado na liberdade de expressão não ofende, não fere,
não rotula, pois, assim que rótulos são postos, o debate acaba. O discurso
baseado na liberdade de expressão pode questionar e discordar, mas sem
desrespeitar o alvo da discórdia.
Nesse sentido, as duas propostas de redação do Enem 2016, pois
houve duas edições oficiais do exame, abordaram questões delicadas,
mas importantes: intolerância religiosa e racismo. Um cristão, por
exemplo, pode não concordar com algum aspecto de uma religião não
cristã, [...] mas isso não significa que ele possa atacar um praticante de
©Shutterstock/Lorelyn Medina outra religião.

14 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13

A liberdade de expressão permite o debate das diferenças e das


discordâncias, mas não permite a ofensa e a exaltação da violência ou
o seu incentivo. A ofensa e a violência estão presentes nos discursos
de ódio, enunciados extremistas baseados, justamente, no ódio. É o
caso do racismo, da homofobia, da misoginia, [da] misandria, do
Misoginia
machismo, dentre outros; é quando palavras de baixo calão são usadas Aversão ou ódio às mulheres.
para ofender ou inferiorizar outra pessoa por conta de sua etnia,
orientação sexual, identidade de gênero, religião, nacionalidade, etc. Misandria
Aversão ou ódio aos homens.
Deste modo, não há como confundir liberdade de expressão com
discurso de ódio. Por isso que o respeito aos Direitos Humanos, na
Também são enunciados extremistas
redação do Enem, não é, nem de longe, censura, pois a liberdade de o neonazismo, a pedofilia, a intolerân-
expressão respeita a dignidade humana e, assim, respeita os Direitos cia religiosa, o preconceito linguístico,
a incitação de crimes contra a vida, os
Humanos. O discurso de ódio não respeita ninguém, a não ser o seu maus-tratos a animais e à natureza,
enunciador. os crimes cibernéticos em geral, entre
Não concordar com uma relação homoafetiva não dá o direito de outros. Talvez alguns alunos citem o
feminismo como discurso de ódio.
atacar um casal homossexual com uma lâmpada em plena Avenida Explique-lhes que feminismo é dife-
Paulista, em São Paulo; não concordar com o candomblé não significa rente de femismo ou misandria (ódio
aos homens). Essas duas formas de
apedrejar uma jovem menina nas ruas do Rio de Janeiro. enunciados, como táticas feministas,
Ao apoiar o respeito aos Direitos Humanos, pautado na liberdade propõem-se a criticar, muitas
de expressão, o Enem não censura nenhum candidato, e sim toma vezes com violência ou com ódio,
discursos machistas e patriarcais. Elas
frente ao combate aos discursos de ódio no exame, o que também normalmente surgem como práticas de
é papel na escola ao objetivar formar cidadãos críticos e livres de defesa e de empoderamento de vítimas
de abuso. Por sua vez, o feminismo, o
preconceito, juntamente com as famílias dos alunos. Trata-se de um qual tem muitas vertentes de pensa-
trabalho a longo prazo, de formiguinha, mas o passo foi dado. mento, engloba movimentos políticos,
Infelizmente, se 4.798 candidatos feriram os Direitos Humanos no ideológicos, sociais e filosóficos na
busca do empoderamento feminino e
Enem 2016, muito trabalho ainda há de ser feito, pois esse número, da igualdade de gêneros.
num ideal, deveria ser zero.
Seja no Enem, no Twitter, no Facebook, no Instagram ou na mesa
de jantar, vamos parar, refletir e respeitar a dignidade humana ao
proferirmos nossas opiniões, que, aliás, devem estar baseadas em
argumentos que não desrespeitem os Direitos Humanos, a fim de que
possamos conviver na maior paz possível.
Até mais!
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada em Letras/Português e
mestra em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções
relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi
corretora de redação em importantes universidades públicas e do Curso
Online do infoEnem. Além disso, [...] participou de avaliações e produções
de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da
Educação (MEC).

POZZA, Camila D. Redação no Enem : liberdade de expressão vs discurso de ódio. Disponível em: <https://
www.infoenem.com.br/redacao-no-enem-liberdade-de-expressao-vs-discurso-de-odio/>. Acesso em: 19 dez.
2018.

1. O artigo de opinião Redação no Enem: liberdade de expressão vs dis-


curso de ódio é introduzido por três depoimentos.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 3 15


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13

a) Por que a autora apresentou esses depoimentos ao iniciar o artigo?


A autora usou os depoimentos como argumento, mostrando a percepção dos estudantes sobre o discurso

politicamente correto, a ponto de omitirem sua opinião pessoal ou mentirem sobre temas que ferem os direitos

humanos em vez de, efetivamente, convencerem-se da necessidade de respeitar os direitos humanos.

Os depoimentos contribuem também para chamar a atenção dos leitores para a argumentação feita no decorrer

do artigo.

b) Com base nos depoimentos, o que é possível concluir sobre o encaminhamento que
aqueles estudantes deram a seus textos no Enem? Compartilhe sua conclusão com um
colega.
2. Explique o significado da expressão “Em tempos de polarização”, no terceiro parágrafo do
artigo. A que tipo de polarização a autora se refere?
Ajude os alunos a concluir que essa expressão foi emprestada da física – polarização é uma medida da variação do vetor

do campo elétrico de ondas tridimensionais em relação ao tempo. Nesse artigo, ela se refere à polarização política, à

concentração de grupos, interesses, atividades, etc. em extremos opostos.

3. Conforme o texto, a “liberdade de expressão é um direito constitucional”. Pesquise esse


assunto e explique o que é um direito constitucional, citando alguns exemplos.
Esperamos que os alunos respondam que é um direito garantido pela Constituição Federal de 1988, por exemplo, os

direitos à alimentação, à moradia, à educação, à juventude, ao trabalho, à segurança e à diferença.

4. Releia o trecho a seguir.

A liberdade de expressão permite o debate das diferenças e das discordâncias, mas


não permite a ofensa e a exaltação da violência ou o seu incentivo. A ofensa e a violência
estão presentes nos discursos de ódio, enunciados extremistas baseados, justamente, no
ódio. É o caso do racismo, da homofobia, da misoginia, [da] misandria, do machismo,
dentre outros; é quando palavras de baixo calão são usadas para ofender ou inferiorizar
outra pessoa por conta de sua etnia, orientação sexual, identidade de gênero, religião,
nacionalidade, etc.

• Nesse trecho, a autora cita o racismo, a homofobia, a misoginia, a misandria, o machismo,


etc. Você conhece outras palavras ou expressões com caráter extremista relacionadas
ao discurso de ódio? Quais?
Pessoal.

16 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13

5. Releia o trecho a seguir e responda às questões propostas. Produção de texto 3


Trata-se de um trabalho a longo prazo, de formiguinha, mas o passo Para ampliar o repertório dos alunos
foi dado. sobre o tema, apresente-lhes outros tex-
tos sobre o discurso de ódio.

a) A que trabalho a autora se refere? Sua produção provavelmente


refletirá o quanto você sabe
Ao trabalho da escola de combater os discursos de ódio, o qual foi representado pelo Enem dialogar, de forma crítica e
consciente e livre do discurso
em 2016, anulando os textos que desrespeitavam os direitos humanos. de ódio, mostrando-se capaz
de respeitar verdadeiramente
b) Por que esse trabalho é classificado como “de formiguinha”? os direitos humanos. Depois de
Porque formar cidadãos livres de preconceito e críticos é um trabalho feito aos poucos, concluídos e editados, os textos
podem ser lidos em pequenos
sistematicamente, que envolve também a família dos alunos. grupos e rediscutidos.

c) Que passo foi dado?


Fique por dentro
Sinalizar aos estudantes que feriram os direitos humanos no Enem que discurso de ódio
Conheça os objetivos dessa proposta de
produção de texto:
não é liberdade de expressão, porque não contribui para tornar o mundo melhor e mais
a) Desenvolver a habilidade de
argumentação.
justo para todos.
b) Construir um texto argumentativo com
6. Releia os depoimentos abaixo para elaborar seu artigo de opinião. base em depoimentos.

Dica: artigo de
“Nas redações dos vestibulares eles pedem a nossa opinião, mas não opinião
podemos opinar de verdade; temos de escrever o que eles querem ler”. 1. Releia atentamente o texto de Camila
“A condição de respeitar os Direitos Humanos é um tipo de censura Dalla Pozza.
na proposta de redação do Enem”. 2. Reflita sobre o conteúdo de cada
depoimento.
“Tenho amigos preconceituosos que foram bem na redação do Enem;
3. Selecione um dos depoimentos para
eles mentiram”. abordar em sua produção.
4. Busque outros textos para ampliar seu
repertório.
• Escreva um artigo de opinião, mas, antes, escolha um desses 5. Organize os parágrafos de forma coesa.
depoimentos para dialogar com as ideias que apresentará. Você pode 6. Revise seu texto.
concordar ou não com o depoimento selecionado, apresentando
argumentos para sustentar seu ponto de vista. Conclua seu artigo
mantendo a coerência entre a tese defendida por você e os
argumentos apresentados.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 3 17


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13
Proposta 4

Falar demais não é o mesmo que argumentar


FALAR BASTANTE É O MESMO QUE EXERCER A LIBERDADE
DE EXPRESSÃO? O MUNDO DA TAGARELICE PRODUZ
MAIS RUÍDO OU MAIS SENTIDO? ESSA É A REFLEXÃO
PROPOSTA NO TEXTO A SEGUIR.
TEXTO 5

Mundo tagarela
Por Paulo Nogueira

O silêncio não causa sede.


E é um traço de nobreza
Como se expressar, seja escrevendo, seja falando? Essa é uma das questões presentes des-
de sempre para a humanidade. Na vida profissional ou amorosa, numa apresentação de tra-
balho a seus chefes na empresa ou numa mera conversa de bar, comunicar-se bem faz toda a
diferença. Muitos sábios se detiveram nesse tema. Quase todos condenaram a verborragia, a
eloquência desmedida, a suntuosidade verbal. A opção é pela simplicidade e pela brevidade.
Uma pessoa afetada na maneira de falar ou escrever é afetada em outras esferas. “A verdade
precisa falar uma linguagem simples, sem artifícios”, escreveu um filósofo da Antiguidade.
O filósofo Montaigne (1533-1592) dedicou linhas brilhantes ao assunto em seus Ensaios
(coleção Os Pensadores, da editora Nova Cultural). Montaigne conta duas histórias instru-
tivas e divertidas. Numa delas, os embaixadores de uma cidade grega tentavam convencer
o rei de Esparta a aderir a um esforço de guerra. O espartano deixou-os falar longamente.
Depois disse: “Não me lembro do começo nem do meio da argumentação de vocês. Quanto
à conclusão, simplesmente não me interessa”.
Na outra história, dois arquitetos atenienses disputavam a honra de construir um grande
edifício. A plateia à qual cabia a escolha ouviu um extenso discurso do primeiro arquiteto.
As pessoas já se inclinavam quando o segundo disse apenas: “Senhores atenienses, o que
esse acaba de dizer eu vou fazer”.
Montaigne cita seu pensador predileto, o romano Sêneca, segundo o qual, nos grandes
arroubos de eloquência, “há mais ruído que sentido”. Escreveu Montaigne: “Gosto de uma
linguagem simples e pura, a escrita como a falada, e suculenta, e nervosa, breve e concisa,
não delicada e louçã, mas veemente e brusca. Uma linguagem sem afetação, expressiva em
todos os seus aspectos, não uma linguagem pedante, fradesca, ou de advogado, mas de pre-
ferência soldadesca como Suetônio”.
Os espartanos eram admirados por Montaigne pela simplicidade com que viviam e se
expressavam. Ele conta que uma vez perguntaram a uma autoridade de Esparta por que não
colocavam por escrito as regras de valentia para que os jovens pudessem lê-las. A resposta
foi que os espartanos queriam acostumar os jovens antes aos feitos que às palavras. “O mun-
do é apenas tagarelice e nunca vi homem que não dissesse antes mais do que menos do que
devia”, disse Montaigne.
Outro mestre de Montaigne, Plutarco, autor de Vidas Paralelas (Paumape), mostrou que
falar demais pode ser perigoso. “A palavra expõe-nos, como nos ensina o divino Platão, aos
mais pesados castigos que deuses e homens podem infligir”, disse Plutarco. “Mas o silêncio

18 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13

jamais tem contas a dar. Não só não causa sede como confere um traço de nobreza”. Não
falar nada é, não raro, a melhor coisa que temos a dizer, mas uma força irresistível parece
sempre nos empurrar para o “mundo da tagarelice”, tão bem definido por Montaigne. E,
então, estamos condenados a produzir “mais ruído que sentido”, para lembrar a grande
tirada de Sêneca.

NOGUEIRA, Paulo. Mundo tagarela.Vida Simples , São Paulo, Abril, ed. 23, p. 78, dez. 2004.

1. Em grupos, leiam e comentem o artigo Mundo tagarela. Na sequência, sintetizem as ideias


contidas no primeiro parágrafo.
Pessoal. Essa atividade objetiva desenvolver a habilidade de concisão. Comente algumas respostas elaboradas pelos alunos.

2. O título do artigo permite ao leitor antecipar o assunto tratado no texto? Justifique sua
resposta.
Pessoal. É esperado que os alunos respondam que sim, porque o adjetivo “tagarela” tem, de certa forma, uma conotação negativa

(aquele que fala muito, sem parar, sobre assuntos frívolos, cometendo indiscrições, sendo inconveniente, etc.), qualificando a

palavra “mundo”, o que leva à conclusão de que o texto trata, provavelmente, de um mundo em que se fala demais.

3. Os artigos de opinião, em geral, apresentam um plano, uma estrutura básica formada por:
contextualização, questão polêmica, tese (posição defendida pelo articulista), contraposição
(posição oposta à tese), argumentos, contra-argumentos e conclusão (síntese ou convite à
reflexão). Identifique, no artigo Mundo tagarela, os seguintes elementos:
a) Contextualização.
A questão da melhor forma de comunicar-se é discutida desde sempre.

b) Questão polêmica.
Como se expressar, seja escrevendo, seja falando?

c) Tese ou posição adotada pelo articulista.


Comunicar-se bem faz toda a diferença.

• Você aderiu à tese apresentada no texto? Registre, no caderno, a justificativa de sua


resposta.
d) Tipos de argumentos.
Os argumentos usados são, principalmente, citação de autoridade e exemplificação.

• Você concorda com os argumentos apresentados para sustentar a tese do texto? Registre,
no caderno, a justificativa de sua resposta.
e) Conclusão (síntese ou convite à reflexão).
Estamos condenados a produzir mais ruído que sentido, porque uma força irresistível parece nos impelir para o

“mundo da tagarelice”.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 4 19


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:13

Produção de texto 4 4. No primeiro parágrafo, o articulista contextualiza o assunto, iniciando


o texto com uma pergunta: “Como se expressar, seja escrevendo, seja
Realize uma pesquisa sobre os sábios falando?”. Essa resposta é ampliada mais adiante, quando o autor passa
citados no artigo Mundo tagarela . a falar dos sábios que se detiveram no tema da boa comunicação.
• Qual é o efeito de sentido da contextualização? Por que o autor não
Fique por dentro entrou diretamente no assunto?
Conheça os objetivos dessa proposta de
produção de texto: Ajude os alunos a observar que a contextualização adia a entrada no assunto com o
a) Desenvolver a habilidade de elaboração
de tese. objetivo de justificá-lo, traçando uma linha de desenvolvimento, um caminho lógico.
b) Compreender, de forma mais aprofun-
dada, o que é liberdade de expressão.

Dica: artigo de
5. Elabore um artigo de opinião sobre a tagarelice do mundo, confundida,
opinião muitas vezes, com liberdade de expressão. Escolha um dos pensamentos
apresentados por Paulo Nogueira para usar como tese do artigo.
1. Contextualize o tema.
2. Proponha uma questão polêmica para
“esquentar” a discussão.
3. Deixe clara sua tese e utilize argumentos
para sustentá-la.
5. Organize seu texto de forma coesa.
6. Revise seu texto.

Um artigo de opinião é consti-


tuído por uma tese – um po-
sicionamento claro –, a qual
é sustentada por argumentos
convincentes, com o objetivo
de levar o leitor a refletir sobre
o assunto, ajudando-o a formar
a própria opinião.

20 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54

Histórias de vida
e sobrevida: biografia
2
e autobiografia
Gente feita de prosa

Proposta 5
CONHEÇA HISTÓRIAS DA VIDA EXTRAORDINÁRIA DE
QUATRO ESCRITORES: JONATHAN SWIFT, AUTOR DE
AS VIAGENS DE GULLIVER; PAULO LEMINSKI, AUTOR DE
GUERRA DENTRO DA GENTE; LYGIA FAGUNDES TELLES,
AUTORA DE A DISCIPLINA DO AMOR; E GRACILIANO
RAMOS, AUTOR DE VIDAS SECAS.
Escolher textos para um capítulo de
trabalho escolar é uma tarefa complexa,
Vidas extraordinárias acabam naturalmente em biografias, mas a principalmente quando se trata de bio-
grafia, autobiografia ou perfil. Para essa
tradição cuida de dar um tratamento óbvio, fazendo o mais fácil, quando seleção, consideramos, além da vida
o valioso material exige, além do empenho, a antena com que só os extraordinária dos biografados (critério
poetas captam a vida verdade, superficialmente inenarrável. subjetivo, porque os biógrafos divergem
bastante), a qualidade da biografia, da
autobiografia ou do perfil; sua originali-
LEMINSKI, Paulo. Vida: Cruz e Sousa, Bashô, Jesus, Trótski. Porto Alegre: Sulina, 1990. dade; e o grau de interesse que poderia
suscitar nos leitores do 8.º ano.
1. O estudo de biografias começa com um quiz para você verificar quanto
No quiz, apresentamos breves biografias
já sabe sobre esse gênero e também sobre algumas obras-primas dos dos quatro escritores e uma informação
biografados. Em cada questão, assinale a alternativa correta. Depois de sobre a vida deles. Dessa forma, rompe-
concluir todas as atividades da proposta 5, refaça o quiz e, só então, mos com o formato tradicional de apre-
sentação de biografias e autobiografias.
confira o resultado.
No decorrer da sequência didática,
As obras trabalhamos mais detalhadamente
as biografias de Jonathan Swift, Paulo
a) As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, é um romance Leminski, Lygia Fagundes Telles e Gra-
( ) fantástico. ciliano Ramos. Na biografia de Paulo
Leminski, foi inserido um trecho da
( ) histórico. biografia do poeta Cruz e Sousa. Além
disso, ampliando a biografia de Graci-
( X ) de aventura, com “pitadas” de ficção científica e relato de viagem. liano Ramos, apresentamos uma análise
sobre linguagem literária e vida socio-
b) Guerra dentro da gente, de Paulo Leminski, é um romance cultural, em virtude da comemoração
dos 80 anos da obra mais conhecida
( ) histórico. desse autor: Vidas secas .
( X ) de formação ou iniciação.
( ) regionalista.
c) Vidas secas , de Graciliano Ramos, é um romance
( X ) regionalista.
( ) urbano.
( ) de ficção científica.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 5 21


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54

As informações complementares ao
texto principal são apresentadas como
d) O conto A disciplina do amor, de Lygia Fagundes Telles, fala de
curiosidades, buscando o formato ( ) determinação para realizar os sonhos e vencer as mais duras
hipertextual.
provas.
( X ) amor e fidelidade de um cão a seu dono.
( ) pânico a bordo de um veleiro em alto-mar.
e) Vida: Cruz e Sousa, Bashô, Jesus, Trótski, de Paulo Leminski, é uma
obra
( ) poética. ( ) autobiográfica.
( X ) biográfica.
Quem foi Jonathan Swift? Os autores
f) Jonathan Swift nasceu em Dublin, na Irlanda, em 1667. Ele não foi
©Shutterstock/Georgios Kollidas

um bom aluno e era considerado um estorvo pelo tio que o criou.


Aos 21 anos, foi para a Inglaterra morar com sua mãe, que vivia em
situação de miséria. Porém, um acontecimento transformou a vida
de Jonathan:
( ) Ele descobriu que, na guerra, não existem vencedores nem
vencidos.
( X ) Ele decidiu estudar muito – cerca de oito horas por dia – e,
em pouco tempo, tornou-se o orgulho do tio, o embaixador
William Temple.
( ) Ele resolveu voltar para Dublin e estudar literatura.
g) Paulo Leminski nasceu em Curitiba, no Paraná, em 1944. Era filho e
neto de militares. Cresceu com a ideia de que a guerra era a mais
Antecipe a leitura da biografia do irlan-
dês Jonathan Swift, autor de uma das nobre atividade a que o ser humano podia dedicar-se. Entretanto,
mais intrigantes obras de sátira a opres- aos 16 anos, seu grande medo era
sores: As viagens de Gulliver. O intuito é
verificar os conhecimentos prévios dos ( ) escrever por aqueles que não podiam escrever.
alunos sobre esse autor e essa obra. Se
possível, traga para a sala alguns volu- ( ) conviver com a própria família, por receio das “rugas, olhos
mes desse livro e mostre à turma suas raivosos, bocas irritadas e sem lábios, mãos grossas e calosas,
ilustrações, feitas por diferentes ilus- finas e leves, transparentes”.
tradores, dos mais clássicos aos mais
contemporâneos. ( X ) vivenciar uma confrontação nuclear: a guerra total, sem ven-
Como os alunos já responderam ao cidos nem vencedores.
quiz, devem estar curiosos para verifi-
car as respostas. Assim, provavelmente h) Lygia de Azevedo Fagundes (depois, Telles, ao se casar, em 1950)
farão uma leitura direcionada tanto da nasceu na capital paulista, em 19 de abril de 1923. Passou a infân-
biografia quanto do trecho da história. cia mudando-se com a família para vários lugares, sempre ouvindo
as histórias fantásticas contadas por outras crianças. Em pouco
tempo, ela mesma começou a inventar suas narrativas. O pai de
Lygia frequentava casas de jogos e a levava junto “para dar sorte”.
Ela escolhia o verde na roleta, cor que, depois, apareceu em toda a
sua ficção, porque
( X ) é a cor da esperança, como aprendeu com seu pai.
( ) é a cor das ondas de mais de 30 metros que existem em São
Paulo.
( ) é a cor das fardas do pai e do avô do poeta Leminski.

22 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54

Fique de olho
Só posso escrever o que sou. E, se os personagens se com-
O rapaz que nunca fora bom aluno
portam de modos diferentes, é porque não sou um só.
Em 1681, Swift matriculou-se no Trinity
College de Dublin, onde só se distinguiu
Graciliano Ramos pelas punições: mais de setenta, em dois
anos, em razão de má conduta e falta de
i) Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892, na cidade de aplicação nos estudos. Aborrecia-se dos
conhecimentos. Ao fim do curso, para ver-se
Quebrângulo, no sertão de Alagoas, lugar tão árido como seus pais – livre dele, a congregação deu-lhe o diploma.
uma gente seca, severa e violenta. A dura infância o fez acreditar que
todas as relações humanas eram regidas por violência e aridez. Ao Nascimento

longo da vida, foi colaborador de vários jornais, usando diferentes Jonathan Swift nasceu num escuro dia
dublinense, em 30 de novembro de 1667,
pseudônimos. Em 1928, foi eleito prefeito de Palmeiras dos Índios. e não conheceu o pai, morto sete meses
Ao final de um período, escreveu um relatório para o governador antes.
sobre as obras da prefeitura. Ainda hoje, esse relatório surpreende, William Temple
porque Sir William Temple (1628-1699) foi um
estadista e escritor de grande prestígio.
( ) todas as palavras são um gesto de amor. Swift amadureceu intelectualmente entre os
livros de Temple.
( X ) é apresentado de maneira literária, sui generis , peculiar. Na casa de Temple, conheceu uma menina
de oito anos chamada Esther Johnson, que,
( ) constata a situação de miséria do povo. segundo as más línguas, era filha de William
2. Nos textos a seguir, você conhecerá um pouco sobre a vida e a obra do Temple com uma ama da casa.
Swift a chamava carinhosamente de Stella
escritor irlandês Jonathan Swift. (Estrela) e escreveu para ela os mais belos
poemas. Alguns dizem que eles se casaram,
mas o mais provável é que Swift tenha
A descoberta consiste em ver o que todo mundo viu e pen- permanecido no celibato, cultivando um
sar o que ninguém pensou. amor puramente espiritual.

Espírito observador
Jonathan Swift Frases de Jonathan Swift:
“A descoberta consiste em ver o que
TEXTO 1 todo mundo viu e pensar o que ninguém
pensou.”
“Todos desejam viver muito tempo, mas
Quem foi Jonathan Swift? ninguém quer ser velho.”
“Como é possível esperar que a humanida-
Quando Sir Willian Temple recebeu seu novo secretário, sentiu-se de ouça conselhos, se nem sequer ouve as
um pouco decepcionado. Aquele homem refinado, diplomata e con- advertências?”
selheiro do rei, logo percebeu que Jonathan era um jovem inculto. De
fato o rapaz, que nunca fora bom aluno, abandonara os estudos e seu
país – a Irlanda –, partindo para a Inglaterra em busca de melhor sorte.
Desde seu nascimento, em 1667, na cidade de Dublin, Jonathan Swift
não conhecera dias melhores. Seu pai tinha morrido pouco antes de
ele nascer, deixando a família em péssima situação financeira. Por essa
razão, o pequeno Swift viveu da caridade de um tio, que o considerava
um estorvo. Orgulhoso, o menino jamais se esqueceria dessa triste
dependência.
Completados os 21 anos, foi para a Inglaterra encontrar-se com sua
mãe, que lá vivia miseravelmente. A pobre mulher lembrou-se então de
William Temple, na época um grande homem de Estado, de quem seu
avô fora confessor. Mais uma vez Swift foi recebido por caridade.
Seu espírito observador, aliado à humilhação por que passava naque-
le ambiente requintado, transformou o rapaz. Estudando oito horas por
dia, em pouco tempo tornou-se o orgulho do embaixador, que passou a
levá-lo consigo sempre que ia entrevistar-se com o rei.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 5 23


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54

Em 1692, Swift doutorou-se em Teologia pela Universidade de Oxford e foi ordenado


bispo da Igreja Anglicana, na Irlanda. De volta a seu país, constatou com tristeza a situação
de miséria a que estava reduzido seu povo. O domínio inglês na Irlanda já existia há algum
tempo, mas, durante o reinado de Guilherme III (de 1689 a 1702), o Parlamento britânico
se arrogou o poder de ditar as leis para a Irlanda, submetendo o comércio daquele país à
Inglaterra e mantendo-o em total dependência. Um dos estatutos, por exemplo, privava os
irlandeses de exportar alguns de seus produtos básicos. Consequentemente, o desemprego
e a fome fizeram tantas vítimas quanto uma guerra poderia fazer.
Humanista e de caráter oposto à tirania e à injustiça, Swift se colocou então como um
intrépido defensor do povo oprimido. Através da sátira cruel dos seus escritos, pretendeu
despertar a consciência das pessoas omissas e indiferentes. Sua obra-prima de ironia é o ensaio
Modesta proposição , para impedir que os filhos dos pobres da Irlanda sejam um fardo para
seus pais ou seu país, e torná-las benéficas ao público, onde propunha, em linguagem de
economista, o consumo da carne de crianças irlandesas, abastecendo assim o mercado inglês.
Desiludido com o mau uso que os homens fazem da razão e da ciência, em 1726 Swift
publicou sua realização máxima, Viagens através de várias e longínquas nações do mundo
por Lemuel Gulliver , título original de As viagens de Gulliver.
Relato das viagens de um médico através de países imaginários, nesta obra Swift satiriza
a sociedade inglesa – a presunção do rei, a incompetência dos ministros, a idiotice dos
intelectuais, a leviandade das mulheres da elite – e a condição indigna a que foi reduzido o
ser humano. A salvo encontram-se apenas os animais, que, ao contrário dos homens, não
perderam a bondade e a delicadeza.
A popularidade de Swift cresceu tanto quanto o ódio que os poderosos nutriam por ele.
Um ministro inglês, não satisfeito em proibir sua entrada naquele país, pensou em mandar
prendê-lo na Irlanda. Um amigo aconselhou-o então a enviar um exército com dez mil
soldados para executar a ordem, porque todos os irlandeses tomariam sua defesa.
Pastor protestante de um rebanho católico que o amava, escritor de gênio que preferia o
anonimato à fama, Swift morreu em Dublin, no ano de 1745.

SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver . Adaptação em português de Claudia Lopes. São Paulo: Scipione, 2001. p. 5-6. (Reencontro literatura).
©Shutterstock/Gabor Ruszkai

24 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54

O TEXTO VIAGEM A LILLIPUT , APRESENTADO NA SEQUÊNCIA,


INICIA O PRIMEIRO CAPÍTULO DE AS VIAGENS DE GULLIVER,
OBRA QUE MISTURA LITERATURA DE VIAGEM, AVENTURA E FICÇÃO
CIENTÍFICA. PUBLICADA EM 1726, É UMA SÁTIRA À SOCIEDADE INGLESA.
NÃO FOI ESCRITA PARA CRIANÇAS E JOVENS,
MAS SE TORNOU UM CLÁSSICO DA LITERATURA PARA
ESSE PÚBLICO LEITOR. FOI ADAPTADA PARA O CINEMA,
E O FILME, LANÇADO EM 2011, AGRADOU AOS FÃS DO
ATOR E CANTOR JACK BLACK.

Extremamente nerd e com diversas citações a Star Wars, As Via-


gens de Gulliver cumpre o papel de toda comédia que se preze.
Ainda que seja uma produção da Disney, é possível dar boas risadas
durante o filme, dirigido por Rob Letterman (Monstros vs Aliení-
genas). Além de Jack Black, o elenco [...] conta com Amanda Peet,
Emily Blunt e Jason Segel. O gordinho mais amado do cinema inter-
preta Gulliver, um sujeito tímido que trabalha há 10 anos no mes-
mo setor de uma empresa de viagens. Decidido a mudar de vida e
provar que pode convidar sua chefe (Peet) para sair, ele aceita um
serviço diferente e parte em busca de uma pista da localização do
triângulo das bermudas. Mas acontece que ele vai parar num mundo
diferente, onde todas as pessoas são minúsculas. [...]

DIAS, Tullio. As viagens de Gulliver. Disponível em: <https://www.cinemadebuteco.com.br/


filmes/criticas-de-filmes/as-viagens-de-gulliver/>. Acesso em: 19 dez. 2018.
©Alamy/Fotoarena

©Shutterstock/Vasya Kobelev

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 5 25


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54

TEXTO 2

Viagem a Lilliput
Após a tempestade, um reino em miniatura.
A tempestade começou de repente. Ondas de mais de 30 metros envolviam o navio
e o jogavam de um lado para outro, como se fosse de brinquedo. Rajadas de vento logo
destruíram as velas. Eu era o médico de bordo e fiquei esperando o pior.
– Recifes a estibordo!
O grito desesperado do marinheiro que estava na gávea soou quase ao mesmo tempo
que o barulho do choque do majestoso veleiro Antílope, no qual viajávamos, com as
pedras. Foi uma confusão dos diabos. Tripulantes correndo em todas as direções, gente
gritando, outros jogando-se ao mar, cada um tentando salvar a própria pele.
Estava quase paralisado pelo medo, as mãos grudadas na amurada do convés, quando
fui cuspido para fora do navio, que já se inclinava perigosamente. Senti meu corpo en-
volto na água gelada do mar e no momento em que dei por mim – confesso que não me
lembro como consegui – estava num pequeno bote com outros cinco marinheiros, todos
remando com fúria para nos afastarmos o máximo possível do Antílope, que começava a
afundar. [...]

SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver . Adaptação em português de Claudia Lopes. São Paulo: Scipione, 2001. p. 9-10. (Reencontro
literatura).

O texto Quem foi Jonathan Swift? é uma biografia e, portanto, apresenta algumas marcas
características desse gênero textual, como
• identificação da pessoa cuja história de vida está sendo contada;
• marcadores de lugar;
• palavras ou expressões com valor temporal;
• relato de fatos marcantes da vida do biografado;
• referência à trajetória de vida do biografado;
• emprego de uma estrutura básica: apresentação inicial do biografado (introdução), des-
crição dos principais fatos que compõem sua história (desenvolvimento) e parte final
em tom mais subjetivo (conclusão);
• predomínio de verbos no passado, especialmente no pretérito perfeito;
• emprego de pronomes pessoais e possessivos na terceira pessoa do singular.
3. Com base na explicação anterior, identifique, nos textos 1 e 2, o que se pede.
a) A pessoa cuja história de vida está sendo contada.
Jonathan Swift.

b) Marcadores de lugar.
“A estibordo”, “na gávea”, “ao mar”, “na cidade de Dublin”, etc.

26 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54

c) Palavras ou expressões com valor temporal. Produção de texto 5


“Em 1692”, “Desde seu nascimento, em 1667”, etc.

Fique por dentro


Conheça os objetivos dessa proposta de
d) Fatos marcantes da vida do biografado. produção de texto:
a) Compreender as características e a
“O grito desesperado do marinheiro que estava na gávea soou quase ao mesmo tempo que
funcionalidade da autobiografia escrita
como fonte para a história da humanidade.
o barulho do choque do majestoso veleiro Antílope, no qual viajávamos, com as pedras. Foi
b) Criar um texto em primeira pessoa –
uma breve autobiografia – no papel do
uma confusão dos diabos.” escritor Jonathan Swift, usando informações
disponíveis na biografia desse autor e
e) Verbos no pretérito perfeito. também nos hipertextos.
c) Produzir material de leitura interessante
“Recebeu”, “sentiu-se”, etc. para os colegas da escola.

4. Quem foi Jonathan Swift? é um texto biográfico sobre o irlandês Jona-


than Swift, autor da obra clássica As viagens de Gulliver. Coloque-se no Dica: autobiografia
lugar desse autor e escreva uma breve autobiografia, contando aspec- 1. Releia atentamente a biografia de
tos interessantes de “sua” vida. Depois de concluído, seu texto poderá Jonathan Swift.
ser apresentado aos colegas de duas maneiras: 2. Selecione as informações essenciais da
biografia.
• compondo um painel coletivo sobre Jonathan Swift;
3. Escreva o texto em primeira pessoa.
• na forma de monólogo. Para dar realismo ao momento, que tal 4. Observe a sequência dos fatos da vida de
improvisar peruca e figurino semelhantes aos usados, na época, por Jonathan Swift.
5. Revise seu texto.
Jonathan Swift?
Escrever de maneira sucinta pode
ser mais complexo do que escre-
ver muito. O texto na primeira
pessoa do singular apresenta
alguns desafios: é preciso ima-
ginar-se desempenhando uma
espécie de papel, no caso, o de
Jonathan Swift, e compor uma
história com base nas informa-
ções apresentadas na biografia e
nos hipertextos.
Sugestão de uma breve autobiografia
sobre uma etapa (infância) da vida de
Swift:
Sou Jonathan Swift, pastor, escritor e
ensaísta. Nasci no dia 30 de novem-
bro de 1667, em Dublin, Irlanda. Fazia
muito frio e estava escuro, apesar da
neve. Não conheci meu pai porque ele
morreu sete meses antes de eu nascer,
deixando-nos em péssima situação
financeira. Fui uma criança humilhada e
vivi da caridade alheia. Como sempre fui
orgulhoso, jamais me acostumei a isso.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 5 27


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54
Proposta 6

Guerra dentro da gente


A LEITURA DO TEXTO A SEGUIR VAI AJUDÁ-LO
A CONHECER CERTEZAS E TEMORES DE PAULO LEMINSKI,
NARRADOS POR ELE MESMO. REPARE BEM
NO QUE ELE “NÃO DIZ”.
Mostre aos alunos que os escritores
recorrem a recursos de linguagem para
MENOS GUERRA, MAIS AMOR É O TÍTULO DADO PELO
criar efeitos de sentido que particula- ESCRITOR À APRESENTAÇÃO QUE FEZ DO ROMANCE
rizam a informação, o que dá literarie-
dade à narração: figuras de linguagem,
GUERRA DENTRO DA GENTE.
expressões regionais ou inusitadas,
inversões sintáticas, etc. TEXTO 3

Menos guerra, mais amor


Neto e filho de militares (meu avô materno e meu pai fizeram carreira no Exército), cresci com a ideia de que
a guerra era a mais nobre atividade a que podia se dedicar o ser humano.
Aos dezesseis anos, vivi, pela primeira vez, o medo de uma confrontação nuclear: a guerra total, sem vencidos
nem vencedores.
“Faça amor, não faça a guerra”, disse a geração que acompanhou pela televisão as
batalhas do Vietnã e pôde ver o seu horror. Mas a guerra não desaparece. O homem é,
por excelência, um guerreiro. Seus maiores progressos estão na arte de matar e destruir.
O amor-antídoto é um milagre cada vez mais raro.
Este livro é uma fábula onde os milagres são frequentes, onde existem armas para
acabar com todas as armas. Afinal, toda palavra é, aqui, um pequeno gesto de amor.
Paulo Leminski
©Folhapress

LEMINSKI, Paulo. Guerra dentro da gente. São Paulo: Scipione, 1988.

AGORA, LEIA UM TRECHO DE UMA OBRA FICCIONAL DE


Repara bem no que não digo.
PAULO LEMINSKI EM QUE SE EVIDENCIA
Paulo Leminski
O TEMA DA GUERRA.
TEXTO 4

A partida
O garoto vinha caminhando pela estrada quando viu o velho na ponte que separava a floresta, onde ia buscar
lenha, da aldeia onde moravam seus pais.
A ponte ficava em cima de um rio, desses que são enormes no verão e quase desaparecem no inverno.
Era um velho absolutamente comum. A única coisa de especial é que ele estava ali, naquele momento.
Feixe de lenha nas costas, quando o menino ia passando pela ponte, o velho tirou a sandália do pé direito e a
atirou lá embaixo, nas pedras à beira do rio.
– Vá apanhar minha sandália.
O garoto parou. Arriou o feixe e, em dois pulos, desceu e apanhou a sandália.
– Você sabe das coisas – o velho falou. – Quer aprender a arte da guerra?
O menino ficou tonto. Era apenas o filho de um lenhador, a arte da guerra era uma arte superior, a arte dos
que moravam nos castelos no alto das montanhas.
Sem esperar resposta, o velho disse:
– Então, esteja aqui amanhã, quando a água do rio passar da cor da asa do estorninho para a cor do nenúfar.
O garoto foi para casa, pensando: amanhã. [...]

LEMINSKI, Paulo. A partida. In: ______. Guerra dentro da gente . São Paulo: Scipione, 1988. p. 7.

28 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54

Auxilie os alunos a pesquisar a Segunda


Guerra Mundial, a bomba atômica
A autobiografia é um gênero textual em que são narrados fatos verídicos, ou (nuclear) e também a Guerra do Vietnã.
seja, eventos que realmente aconteceram, mas do ponto de vista particular do Leminski nasceu em Curitiba, em 24 de
agosto de 1944, e morreu nessa mesma
escritor. No texto autobiográfico, o relato dos fatos aparece, frequentemente, pon- cidade, em 7 de junho de 1989. A Guerra
tuado de lembranças e de um colorido emocional. do Vietnã aconteceu entre 1955 e 1975;
portanto, quando a guerra começou,
ele tinha apenas 11 anos e, no início da
1. Com base nas informações sobre o gênero autobiografia e no texto década de 1960, 16 anos. Esse violento
Menos guerra, mais amor, complete o quadro a seguir. conflito armado foi promovido pelos
Estados Unidos no Sudeste Asiático. É
chocante a fotografia, tirada em 1972,
de uma menina vietnamita de 9 anos
Fato Como o autor narrou o fato correndo nua, em desespero, e gritando
“Muito quente! Muito quente!” pela rua
“Aos dezesseis anos, vivi, pela primeira vez, o medo do vilarejo onde vivia. Talvez seja a ela
Leminski descobriu que a guerra de uma confrontação nuclear: a guerra total, sem que Leminski se refere quando fala em
nuclear destrói tudo e todos. vencidos nem vencedores.” “horror”. Os meios de comunicação da
época fizeram uma grande cobertura
A Guerra do Vietnã foi diária. Caso seja possível e se considerar
“'Faça amor, não faça a guerra', disse a geração que pertinente, mostre aos alunos a imagem
transmitida pela televisão, e da menina.
acompanhou pela televisão as batalhas do Vietnã e
muitas pessoas passaram a lutar pôde ver o seu horror.” Leminski tinha também um medo
por mais paz e amor no mundo. muito grande de uma confrontação
O ser humano está sempre nuclear. O mundo já tinha experi-
“O homem é, por excelência, um guerreiro. Seus mentado seus efeitos quando, em 6
evoluindo em sua capacidade de maiores progressos estão na arte de matar e destruir.” de agosto de 1945, um avião de bom-
matar e destruir. bardeio americano lançou a primeira
bomba atômica (Little Boy) sobre a
cidade de Hiroshima, sede do comando
É cada vez mais difícil encontrar militar do Japão Imperial. A explosão
“O amor-antídoto é um milagre cada vez mais raro.”
atitudes que expressem o amor. provocou a morte de cerca de 100 mil
pessoas, como resultado direto da deto-
nação, e outras 35 mil ficariam feridas.
2. Biografias e autobiografias contêm o registro de importantes fatos da Mais de 60 mil pessoas morreram até
o final daquele ano como resultado
história da humanidade, pois trazem tanto o contexto histórico quanto dos efeitos catastróficos da chuva
o contexto social do biografado. Nesse texto autobiográfico, Leminski radioativa.
faz referência a duas situações especiais: à bomba nuclear e à Guerra do
Vietnã. Faça uma pesquisa sobre esses fatos e indique em que década
Leminski tinha 16 anos.

3. Leminski aborda o tema da guerra em seu texto autobiográfico e de


apresentação da obra Guerra dentro da gente .
a) Influenciado por seu pai e por seu avô, Leminski cresceu considerando
a guerra “a mais nobre atividade a que podia se dedicar o ser
n
sig
De

humano”. Qual fato explica essa influência?


ko
Yo
ck/
sto

O fato de o pai e o avô de Leminski serem militares. Ajude os alunos a perceber a mudança
r
tte

de ponto de vista sobre a guerra do primeiro para o segundo parágrafo, respectivamente,


hu
©S

o valor positivo que pai e avô davam a ela e a opinião contrária de Leminski, já aos 16 anos.

b) Encontre no texto palavras e trechos que revelem a opinião de


Leminski sobre a guerra.
“Medo”, “sem vencidos nem vencedores”, “horror”, “arte de matar e destruir”, etc.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 6 29


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:20:54

5. Sugestões de palavras intensificadas.


4. Assinale as alternativas que traduzem a seguinte frase: “O amor-antí-
A partida
doto é um milagre cada vez mais raro”.
O garoto vinha caminhando (avan-
çando) pela estrada quando viu (perce- ( X ) Apenas o amor pode evitar guerras e destruição.
beu) o velho na ponte que separava a
floresta, onde ia buscar lenha, da aldeia ( ) O amor ao próximo está cada vez mais presente em nossa vida.
onde moravam seus pais.
A ponte ficava em cima de um ( X ) Atitudes de amor ao próximo são exceção no dia a dia.
rio, desses que são enormes (gigantes- ( ) O amor alimenta a guerra.
cos) no verão e quase desaparecem no
inverno.
Era um velho absolutamente Práticas de reflexão sobre a língua
comum (insignificante). A única coisa
de especial é que ele estava ali, naquele
momento. 5. Para narrar o encontro dos dois personagens do romance Guerra
Feixe de lenha nas costas, quando o dentro da gente , Paulo Leminski fez uma rigorosa seleção vocabular, às
menino ia passando pela ponte, o velho vezes, passando tranquilidade ao leitor e, outras vezes, trazendo certo
tirou (arrancou) a sandália do pé direito
e a atirou lá embaixo, nas pedras à beira
desassossego. Para conseguir esse efeito colorido, o autor intensificou
do rio. semanticamente algumas palavras e atenuou outras ao longo do texto.
– Vá apanhar minha sandália. Observe, no trecho a seguir, a atenuação realizada.
O garoto parou. Arriou (livrou-se
do) o feixe e, em dois pulos, desceu (sal-
tou) e apanhou (agarrou) a sandália.
– Você sabe das coisas – o velho O garoto vinha caminhando pela estrada quando viu o velho na
falou (declarou). – Quer aprender a arte ponte que separava a floresta, onde ia buscar lenha, da aldeia onde
da guerra?
O menino ficou tonto. Era ape-
moravam seus pais.
nas o filho de um lenhador, a arte da
guerra era uma arte superior, a arte dos
que moravam nos castelos no alto das O ritmo tranquilo da história poderia ser intensificado semantica-
montanhas. mente assim:
Sem esperar resposta, o velho disse
(ordenou): O garoto vinha avançando pela estrada quando viu o velho na pon-
– Então, esteja aqui amanhã,
quando a água do rio passar da cor da
te que separava a floresta, onde ia procurar lenha, da aldeia onde mo-
asa do estorninho para a cor do nenúfar. ravam seus pais.
O garoto foi (correu) para casa,
pensando (refletindo): amanhã. [...]
• Releia o texto A partida e selecione algumas palavras que, em sua
opinião, podem ser intensificadas ou atenuadas. Depois, compare
sua seleção com a de um colega.

Refletir sobre a intensificação


das palavras é bastante signifi-
cativo, uma vez que o colorido Paulo Leminski teve um caso de amor irremediável com a palavra.
do texto depende da escolha Sua obra Vida “mostra quatro modos de como a vida pode se manifes-
que se faz delas. tar: a vida de um grande poeta negro de Santa Catarina, simbolista, que
se chamou Cruz e Sousa; Bashô, um japonês que era samurai, abando-
nou a classe samurai para se dedicar apenas à poesia e é considerado o
pai do haicai; Jesus, profeta judeu que propôs uma mensagem que está
viva 2 mil anos depois; Trotsky, o político, o militar, o ideológico [...]”.
Escreveu o poeta: “a vida varia / o que valia menos / passa a valer
mais / quando desvaria”.

BARBOSA, Frederico. Leminski: Vida. Folha de S.Paulo, 24 nov. 1990. Letras, p. H1.

30 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

6. O texto a seguir, Cruz e Sousa’s blues, é a primeira das 15 partes que Faça uma pesquisa sobre a vida
compõem o capítulo do ensaio biográfico desse poeta catarinense, o dos autores citados por Leminski
“negro branco”, como descrito por seu biógrafo Paulo Leminski. em Cruz e Sousa’s blues. Conheça
também as obras originais,
singulares e surpreendentes que
Cruz e Sousa’s blues eles produziram.
“kilima muzuri mbali
karibu kinamayuto”
– “bela de longe é a montanha,
Por que tão dura a escalada?”
(provérbio bantu)

Tem poetas onde interessa mais a obra, artistas cuja peripécia pessoal
se reduz a um trivial variado, sem maiores sismos dignos de nota, heróis
de guerra e batalha interiores, invisíveis a olho nu. Tem outros, cuja vida
é, por si só, um signo.
O desenho de sua vida constitui, de certa forma, um poema. Por sua
singularidade. Originalidade. Surpresa. Um Camões. Um Rimbaud. Um
Ezra Pound. Um Maiakovski. Um Oswald de Andrade.
Cada vida é regida pelo astro de uma figura de retórica. Certas vidas
são hiperbólicas. Há vidas-pleonasmo. Elipses. Sarcasmos. Anacolutos.
Paráfrases.
A figura de retórica mais adequada para a vida de Cruz e Sousa é o
oxímoro, a figura da ironia, que diz uma coisa dizendo o contrário.
Que outra figura calharia a este negro retinto, filho de escravos do
Brasil imperial, mas nutrido de toda a mais aguda cultura internacional
de sua época, lida no original? Quais formas exprimiriam a radicalidade
com que Cruz e Sousa assumiu a vida poética, como destino de sofri-
mento e carência a transformar em beleza e significado?
Na poesia, na realização enquanto texto, Cruz e Sousa superou o
dilaceramento entre os antagonismos de ser negro no Brasil (mão de
obra) e dispor do mais sofisticado repertório branco de sua época (o
“Espírito”).
Não deixa de haver muito mistério de serem negros, oriundos da
raça mão de obra, o maior prosador da literatura brasileira, Machado de
Assis, e, sob certos aspectos, nosso mais fundo e intenso poeta.
Mas, “na arte não há segredos, só mistérios”, disse Gilberto Gil, esse
outro grande negro do país que deu Pelé.
Iorubá? Malê? Mandinga? Ewê? De qual nação africana descendia o
poeta que retroviu uma “Eternidade Retrospectiva”?
Fosse um negro norte-americano, Cruz e Sousa tinha inventado o
blues. Brasileiro, só lhe restou o verso, o soneto e a literatura para cons-
truir a expressão da sua pena.

LEMINSKI, Paulo. Vida: Cruz e Sousa, Bashô, Jesus, Trótski. Porto Alegre: Sulina, 1990. p. 19-20.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 6 31


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

Produção de texto 6 7. Construa um relato autobiográfico escrito. Narre fatos engraçados, tris-
tes, surpreendentes, inacreditáveis, banais ou fantásticos de sua vida
para compor o Livro de relatos autobiográficos da turma.
Fique por dentro Use o espaço a seguir para planejar seu texto, fazendo uma linha do
Conheça os objetivos dessa proposta de tempo para organizá-lo cronologicamente.
produção de texto:
a) Rememorar fatos marcantes da própria
vida.
b) Elaborar um relato autobiográfico.

Dica: relato autobiográfico


1. Entreviste seus familiares e reveja álbuns
de fotografia.
2. Relate uma situação marcante em sua
vida, com indicação de data e local.
3. Use expressões com valor temporal para
dar sequência à narrativa e verbos no
passado.
4. Revise seu texto.

Lembre-se de que você tem li-


berdade para contar sua história
de vida como quiser. Considere,
também, que você está inserido
em um contexto sócio-histórico.

32 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

Proposta 7
“A função do escritor? Ser testemunha
do seu tempo e da sua sociedade.”
(Lygia Fagundes Telles)
O CONTO A DISCIPLINA DO AMOR, DE LYGIA FAGUNDES
TELLES, DÁ AO LEITOR UMA IDEIA DA GRANDIOSIDADE
DA OBRA DESSA ESCRITORA, QUE ESTENDE, POR MEIO
DAS PALAVRAS, UMA PONTE PARA O PRÓXIMO.
TEXTO 5
Lygia Fagundes Telles
A disciplina do amor

©Wikimedia Commons/Augusto Canuto


Foi na França, durante a segunda grande guerra: um jovem tinha um
cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do traba-
lho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que
via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompa-
nhava-o com seu passinho saltitante de volta à casa. A vila inteira já co-
nhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele
correspondia, chegava a correr atrás dos mais íntimos. Para logo voltar
atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono
apontava lá longe. Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi
convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir
diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a
Creio que a função do escritor é a
orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do de ser a testemunha do seu tempo
dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava e da sua sociedade. Escrever por
aqueles que não podem escrever.
sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disci- Falar por aqueles que muitas vezes
plinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu esperam ouvir da nossa boca a
posto de espera. palavra que gostariam de dizer.
Estender, através das palavras, uma
O jovem morreu num bombardeio, mas no coração do cachorro ponte para o próximo, comunicar-
não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. -se com ele e ajudá-lo, mesmo com
soluções ambíguas, na sua luta e
Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso as- na sua esperança. A esperança que
sumido, todos os dias. Todos os dias. Com o passar dos anos (a memó- o escritor tem que ter no coração.

ria dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que Lygia Fagundes Telles
não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se
para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro
já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá- A história desta escultura pode ser real ou
apenas uma lenda urbana, mas ilustra bem
-lo na esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está o conto A disciplina do amor, de Lygia
esperando?... Uma tarde (era inverno) ele ficou lá, o focinho voltado Fagundes Telles.

para aquela direção.


©Repórter Kadu Fontana

TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 99-100.

Dorme que eu velo

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 7 33


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

Produção de texto 7 1. Em sua opinião, o conto A disciplina do amor é baseado em fatos reais
ou fruto da imaginação da escritora? Justifique sua resposta com base
nas informações contidas na biografia ou nas palavras de Lygia Fagun-
Fique por dentro des Telles.
Conheça os objetivos dessa proposta de Pessoal. Com base na biografia, é possível que os alunos concluam que Lygia era imaginativa e pode ter
produção de texto:
a) Apropriar-se das características do criado o enredo do conto. Mas, considerando as palavras da escritora, o conto pode estar
gênero biografia.
b) Escrever a biografia de Lygia Fagundes baseado em fatos reais e, nesse caso, ela está escrevendo por quem não pode mais escrever.
Telles.
2. O título do conto é adequado? Por quê?
Dica: biografia Pessoal. Analise com os alunos os constituintes estruturais desse texto. Um conto é um texto
de ficção, conciso e completo. Apresenta uma só célula dramática, uma só ação, um só con-
1. Pesquise informações sobre Lygia Fagun- flito. Seus elementos estruturais são: enredo, ação, tempo, espaço, foco narrativo, personagem
des Telles e selecione as mais relevantes. e recursos de expressão utilizados pelo narrador. Estimule os alunos a criar contos que também
2. Utilize expressões de lugar para situar a tenham como título A disciplina do amor, aplicando esses conhecimentos.
vida da autora.
3. Use expressões com valor temporal para
dar sequência à narrativa. 3. Qual é a função dos parênteses na última parte do texto?
4. Revise seu texto.
Os parênteses são utilizados três vezes nesse conto: na primeira, para interpor um comentário

e, nas duas últimas, para dar informações adicionais. É importante que os alunos observem que

nem o comentário nem as informações são essenciais ao texto e, para não afetar a estrutura

sintática dos períodos, foram colocados entre parênteses.

4. Depois de ler o conto A disciplina do amor e a declaração de Lygia


Fagundes Telles sobre a função do escritor, que tal elaborar uma bio-
grafia dessa autora? Você pode usar um fragmento do conto para
mostrar, por exemplo, como Lygia escreve por aqueles que não podem
(mais) escrever. Depois de pronto, seu texto poderá ser apreciado pelos
colegas.

34 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

Proposta 8
O imenso Graça,
um escritor cuja fome sempre foi de justiça
CONHEÇA, AGORA, UM POUCO MAIS SOBRE A VIDA DE
GRACILIANO RAMOS – O IMENSO GRAÇA – E SUA MAIS
FAMOSA OBRA: VIDAS SECAS.
Graciliano Ramos é conhecido pelo apelido
TEXTO 6 “Graça”. Mesmo na crítica literária mais séria,
é comum referir-se ao autor dessa maneira.

Vida, literatura e engajamento


Graciliano Ramos (1892-1953) foi jornalista, cronista, romancista,
memorialista e político. Haveria relações entre a trajetória do homem
e a sua obra? Sem cairmos no biografismo estreito ou no perigoso
mecanicismo entre vida e ficção, pode-se conjecturar, em parte, que
sim. Porventura, a convivência com diferentes camadas sociais de
Alagoas, Pernambuco e Rio de Janeiro tenha facultado ao escritor a ideia
de representar questões sensíveis e complexas interpretadas por figuras
marcantes em seus romances, contos e memórias. O próprio Graciliano
Ramos, numa entrevista a Homero Senna em 1948, afirmou: “Nunca
pude sair de mim mesmo. Só posso escrever o que sou”.

CHAUVIN, Jean P.; NEVES, Rodrigo J. R. Vida, literatura e engajamento.Cult, São Paulo, ano 21, p. 29, out.
2018.

TEXTO 7

Linguagem literária e vida sociocultural


“Vidas secas” (1938) é o mais comovente de seus livros, um romance
“desmontável”, por apresentar, como numa exposição, “quadros” talha-
dos em madeira, fortes, duros, secos, de despojada beleza. Marcados
pela seca, Fabiano e sua família, composta pela mulher, sinhá Vitória, e
dois meninos (O Menino mais Velho e o Mais Novo), são retirantes em
busca de um novo pedaço de terra. Da família faz parte também Baleia,
e o capítulo dedicado a ela mostra que a cachorra é capaz de uma hu-
manidade maior que a dos seres humanos.
Em “Vidas secas”, Fabiano, personagem proletário, não consegue
“apropriar-se” da linguagem. Ela lhe foi alienada pela adversidade
econômico-social. A perspectiva de Fabiano é lutar para que ela seja
restituída pelo menos a seus filhos. Dominar a linguagem, para essa
personagem, é uma forma de capital simbólico e de poder social. A
linguagem, modelada pela práxis, desempenha uma função cumulativa:
ela traz na simbolização de suas formas o conhecimento “acumulado”
pela humanidade. Reduzidos a condições subumanas, os filhos de Fa-
biano [...] colocam-se diante dos objetos como se estivessem no início
desse processo histórico, ainda impregnado de pensamento mágico.

ABDALA JUNIOR, Benjamin; BARROS, Luzia. Linguagem literária e vida sociocultural. Cult, São Paulo, ano
21, p. 18, out. 2018.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 8 35


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

TEXTO 8

Faça um levantamento com os alunos Baleia


das palavras e expressões que eles des-
conhecem e estão presentes nesse tre- A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo
cho de Vidas secas.
caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo,
Se possível, leia com a turma esse onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas.
romance e assistam ao filme baseado
nessa obra-prima de Graciliano Ramos. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida
e a bebida.
Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de
hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho
queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas
do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos
sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa
na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.
Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de peder-
neira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la
bem para a cachorra não sofrer muito.
Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos as-
sustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a
mesma pergunta:
– Vão bulir com a Baleia?
Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano
©Aldemir Martins

afligiam-nos, davam-lhes a suspeita de que Baleia corria perigo.


Era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para
bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no estru-
me fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.
Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinhá Vitória le-
vou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tampar-lhes
os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espal-
mou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem,
aperreou-se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia.
Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmen-
te a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.
Escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da
arma, as pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha
da Baleia. [...]

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 1991. p. 85.


©Shutterstock/Graphicsrf

36
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

1. Antes de fazer parte de Vidas secas , o texto Baleia foi publicado, em Graciliano Ramos
formato de conto, no periódico carioca O Jornal, em 23 de maio de
1937.
Graciliano explica de onde vieram as ideias para escrever uma história
de almas de cachorros e outros bichos semelhantes e matutos:

Utilizei num conto a lembrança de um cachorro sacrificado em Maniço-


ca, interior de Pernambuco, há muitos anos. Transformei o velho Pedro
Ferro, meu avô, no vaqueiro Fabiano; minha avó tomou a figura de si-

©Fábio Abreu
nhá Vitória; meus tios pequenos, machos e fêmeas, reduziram-se a dois
meninos. Publicada a história, não comprei o jornal e fiquei dois dias em
casa, esperando que meus amigos esquecessem Baleia.

ALENCAR, Adilma S.; MARQUES, Luciana A. 80 anos de Vidas secas. Cult, São Paulo, ano 21, p. 34, out. 2018.

• Leia o que Graciliano Ramos disse, com certa ironia, sobre seu “bár-
baro pensamento”. É possível afirmar, pela leitura do fragmento do
capítulo Baleia , que o escritor aplicou esse “bárbaro pensamento” na
escrita do texto? Registre suas reflexões nas linhas a seguir e compar-
tilhe sua resposta com um colega. O meu bárbaro pensamento é este:
um homem, uma mulher, dois
É esperado que os alunos concluam que sim. Nesse trecho, assim como no romance, meninos e um cachorro, dentro de
uma cozinha, podem representar
muito a humanidade. E ficarei
existem um homem, uma mulher, dois meninos e um cachorro, que podem representar
nisso, enquanto não me provarem
que os arranha-céus têm alma.
a humanidade.
RAMOS, Graciliano. Cult , out. 2018.
Entrevista.

2. Leia a afirmação de Graciliano Ramos sobre Vidas secas.

Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na


zona mais recuada do sertão... os meus personagens são quase selva-
gens... pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo
podem fazer... porque comumente não são familiares com o ambien-
te que descrevem... Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem
amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda.
As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não têm tempo de
abraçar-se. Até a cachorra (Baleia) é uma criatura decente, porque na
vizinhança não existem galãs caninos.

ROMANCE brasileiro: Vidas secas . Disponível em: <http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_


livro=352>. Acesso em: 31 jan. 2019.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 8 37


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

Nesse fragmento do capítulo Baleia, do romance Vidas secas, é possível observar que
( X ) o estilo antipoético de Graça alcança um estado de poesia.
( X ) os personagens são rudes, brutos.
( X ) os personagens são quase mudos, especialmente Fabiano.
( X ) a cachorra Baleia é humanizada.
( X ) as relações humanas têm mais voz que a paisagem retratada.
3. Qual é a função sociocomunicativa dos textos biográficos, como os apresentados neste
capítulo?
De acordo com o biógrafo Lira Neto, autor de Getúlio, uma biografia tem a função de levar a público a história de vida de

personagens reais deliciosamente imperfeitos diante das vicissitudes de uma vida. Biografias são, em geral, fascinantes, porque

o público gosta de saber sobre embates, fracassos e vitórias vividos nas existências alheias. É provável que essa fascinação

esteja relacionada à singularidade da vida, que é “una, indivisível, irrepetível, intransmissível. O fascínio pelo Uno é ancestral

e remonta às origens da própria Filosofia.” (Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v20n67/v20n67a05.pdf>. Acesso

em: 18 dez. 2018.)

4. No decorrer do capítulo, vários trechos de textos autobiográficos lhe foram apresentados.


Qual é a função deles?
Diversos autores estudam os textos autobiográficos por serem fontes para a história, uma vez que a memória individual não

está inteiramente isolada, fechada. As biografias também podem estar relacionadas a exemplos sociais, artísticos, etc. do

biografado.

38 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

5. Com base no trecho apresentado ou no romance inteiro, caso a lei- Esperamos que você se sinta
tura tenha sido realizada, elabore uma linha do tempo sobre a vida da motivado a ler o romance Vidas
cachorra Baleia: onde e quando ela nasceu, como foi parar na família de secas . Depois de conhecerem a
Fabiano, quais as circunstâncias de sua morte, etc. Caso você tenha lido autobiografia da cachorra Baleia,
apenas o trecho, precisará imaginar outros momentos importantes da criada por você, é possível que
vida do animal. Ilustre cada cena, mantendo-se coerente com o que foi outros leitores se animem a ler
narrado. a obra.

Produção de texto – 8o. ano – Volume 3 – Proposta 8 39


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:21:38

Produção de texto 8 6. Na literatura, a humanização de animais é um recurso frequente, usado


geralmente em contraste com a desumanização de pessoas. Graciliano
Ramos usou esse recurso para narrar a história da cachorra Baleia e
Fique por dentro da família de retirantes. Pensando nisso, crie uma autobiografia para a
Conheça os objetivos dessa proposta de
cachorra, na qual ela conte sua curta vida e sua triste morte.
produção de texto:
a) Desenvolver, de maneira lúdica, a habili-
dade da escrita autobiográfica.
b) Aproximar os alunos de uma obra
clássica.

Dica: autobiografia da
cachorra Baleia
1. Releia as informações da linha do tempo
e pesquise outros textos sobre a cachorra
Baleia.
2. Utilize, predominantemente, verbos na
primeira pessoa do singular.
3. Organize, por escrito, as informações
relevantes em sequência.
4. Peça a um colega que avalie sua produ-
ção, dando-lhe sugestões para melhorá-
-la. Faça o mesmo com o texto do colega.

40 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Produção de texto 1 – Artigo de opinião (Paráfrase)

8o. ano – Volume 3 – Formulário de produção de texto 1


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Ficha de avaliação – Produção de texto 1 – Artigo de opinião (Paráfrase)

Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Artigo de opinião (Paráfrase)
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte

1. Você leu e releu o texto com atenção?

2. Você selecionou os dados mais importantes,


seguindo o esquema proposto?

3. Você cumpriu o número mínimo de


páginas?

4. Foi evitada a simples cópia do texto?

5. Há articulação entre as partes do texto?

6. O texto foi revisado?

2 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Produção de texto 2 – Artigo de opinião

8o. ano – Volume 3 – Formulário de produção de texto 3


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Ficha de avaliação – Produção de texto 2 – Artigo de opinião

Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Artigo de opinião
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte

1. O texto de George Lakoff foi lido e relido


com atenção?

2. O texto foi construído com base nas ideias


de George Lakoff?

3 . O texto faz referência ao provérbio indiano?

4. Há articulação (coesão) entre os parágrafos?

5. O texto foi revisado?

4 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Produção de texto 3 – Artigo de opinião

8o. ano – Volume 3 – Formulário de produção de texto 5


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Ficha de avaliação – Produção de texto 3 – Artigo de opinião

Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Artigo de opinião
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte

1. Você releu o texto de Camila Dalla Pozza?

2. O texto está organizado em parágrafos


articulados entre si?

3. Foi selecionado um depoimento?

4. Você buscou outros textos para ampliar o


repertório?

5. Você revisou seu texto?

6 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Produção de texto 4 – Artigo de opinião

8o. ano – Volume 3 – Formulário de produção de texto 7


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Ficha de avaliação – Produção de texto 4 – Artigo de opinião

Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Artigo de opinião
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte

1. O texto apresenta uma contextualização


clara do assunto?

2. O texto apresenta uma questão polêmica


como exemplo?

3. A tese do texto está clara?

4. Há argumentos claros para sustentar a tese?

5. O texto apresenta coesão?

6. O texto foi revisado?

8 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Produção de texto 5 – Autobiografia

8o. ano – Volume 3 – Formulário de produção de texto 9


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:17

Nome do aluno: Turma:

Ficha de avaliação – Produção de texto 5 – Autobiografia

Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Autobiografia
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte

1. O texto é uma autobiografia de Jonathan


Swift?

2. O texto está escrito em primeira pessoa?

3. As informações foram organizadas


sequencialmente?

4. Foram selecionados aspectos importantes


da vida de Swift?

5. Você revisou seu texto?

10 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:56

Nome do aluno: Turma:

Produção de texto 6 – Relato autobiográfico

8o. ano – Volume 3 – Formulário de produção de texto 11


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:56

Nome do aluno: Turma:

Ficha de avaliação – Produção de texto 6 – Relato autobiográfico

Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Relato autobiográfico
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte

1. Você entrevistou familiares ou reviu álbuns


de família?

2. O texto é um relato autobiográfico?

3. Foram relatadas situações marcantes de sua


vida?

4. O texto apresenta marcas/expressões


temporais?

5. Há verbos predominantemente no passado?

6. Você revisou seu texto?

12 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:56

Nome do aluno: Turma:

Produção de texto 7 – Biografia

8o. ano – Volume 3 – Formulário de produção de texto 13


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:56

Nome do aluno: Turma:

Ficha de avaliação – Produção de texto 7 – Biografia

Avaliação Avaliação do
do aluno professor
Biografia
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte

1. O texto é uma biografia de Lygia Fagundes


Telles?

2. Foram selecionadas informações relevantes


da vida da autora?

3. Há expressões de lugar que situam a vida da


autora?

4. Há expressões temporais?

5. Você revisou seu texto?

14 Livro de atividades
Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:56

Nome do aluno: Turma:

Produção de texto 8 – Autobiografia

8o. ano – Volume 3 – Formulário de produção de texto 15


Impresso por Marcelle Rubik, E-mail marcellerubik@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/04/2023 18:22:56

Nome do aluno: Turma:

Ficha de avaliação – Produção de texto 8 – Autobiografia

Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Autobiografia
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte

1. Releu as informações da linha do tempo?

2. Pesquisou outros textos que se refiram à


cachorra Baleia?

3. Há predomínio da primeira pessoa do


singular?

4. Os fatos foram organizados


sequencialmente?

5. Você revisou seu texto?

16 Livro de atividades

Você também pode gostar