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Produção
de texto
8o. ano
Volume 3
Livro de
atividades 1 A liberdade de expressão
em textos de opinião 2
Proposta 1: Para que existe a liberdade
de expressão 2
Proposta 2: Por que o discurso do
ódio não é liberdade de
expressão? 9
Proposta 3: Redação no Enem:
liberdade de expressão
versus discurso de ódio 14
Proposta 4: Falar demais não
é o mesmo que
argumentar 18
Histórias de vida e
2 sobrevida: biografia e
autobiografia 21
Proposta 5: Gente feita de prosa 21
Proposta 6: Guerra dentro da gente 28
©Shutterstock/Redshinestudio
Livro do professor
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1 Proposta 1
©Shutterstock/Studiostoks
A proposta deste capítulo é orientar
e incentivar uma breve, porém
responsável, reflexão sobre a liberdade
de expressão. Convém recuperar os
conceitos de direito, ética, política,
relativismo e termos afins, necessários
para a compreensão de teorias e
conceitos presentes em diversos
textos, com vistas a instigar a reflexão
do leitor para que fale, escute e escreva
usando o bom senso. Sua mediação
é importante para que as atividades
de leitura, compreensão e produção
de textos orais e escritos sejam, de
fato, produtivas. Além de artigos,
utilizamos charges, notícias e tirinhas.
Recomendamos a leitura do texto
Liberdade de expressão: uma análise
entre direito, ética e relativismo, de
Renan Peruzzolo (Disponível em:
<https://filosofiadocotidiano.org/
liberdade-de-expressao-uma-analise- • Registre, nas linhas a seguir, sua interpretação do texto não verbal
entre-direito-etica-e-relativismo/>. apresentado. Deixe claro em que sentido a imagem pode se relacio-
Acesso em: 28 jan. 2019.). Sugerimos
também a leitura da obra A revolução nar à liberdade de expressão.
dos bichos, de George Orwell.
Esperamos que os alunos percebam que o homem está sendo tolhido de sua liberdade
2 Livro de atividades
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O uso da expressão tabu “falar merda” – forma popular, gíria, para definir liberdade de expressão – é uma maneira de aproximar o leitor do texto, em
uma tentativa de não deixar dúvida sobre o sentido amplo dessa liberdade fundamental. E por que “fundamental”? Porque a liberdade de expressão é o
fundamento, a base, de todas as demais liberdades, especialmente a de organização, a de liberdade de voto e a de expressão científica.
Pesquise na internet informações sobre o caso do
PARA DEFINIR LIBERDADE DE EXPRESSÃO, menino de 13 anos citado por Renato Janine.
RENATO JANINE UTILIZA UM TERMO MARCADO A notícia Harvard cancela a admissão de
SOCIALMENTE – É UMA FORMA TABU, MAS QUE, futuros alunos por compartilharem memes
INDISCUTIVELMENTE, PERTENCE À LINGUA. NA SEQUÊNCIA, ofensivos no Facebook (Disponível em:
O AUTOR EXPLICA PARA QUE ESSA LIBERDADE <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/06/
internacional/1496743519_040682.html>.
FUNDAMENTAL EXISTE E QUAIS SÃO SEUS LIMITES. Acesso em: 22 mar. 2019.) pode ajudar na
contextualização dos exemplos citados por
TEXTO 2 Renato Janine em seu artigo.
©Shutterstock/Inamar
Para que existe a liberdade de expressão
Por Renato Janine Ribeiro* | Adaptação web Caroline Svitras
Faz pouco tempo, li alguém que prezo dizer que liberdade de expressão é a liberdade de
“falar merda”. Essa é uma ideia difundida: que a liberdade consiste em aceitar o direito de
dizer mesmo aquilo que desaprovamos. Não está errado, mas o problema é que essa defini-
ção avançou tanto que veio a abranger a ideia inteira do que é a liberdade de expressão. E
assim a perdeu de vista.
Qual é o eixo da liberdade de expressão? É a ideia de que, dialogando, discutindo, recu-
sando a ideia de que haja uma verdade única, descobrimos e inventamos coisas boas. Uma
delas, a democracia. Outras, os avanços tecnológicos. Tanto valores éticos e políticos quanto
desenvolvimentos práticos podem resultar da discussão livre. Mas atenção: tudo isso supõe
uma discussão com certo nível. Os lados podem se digladiar, até mesmo se desprezar, mas
o fruto melhor da liberdade de expressão é melhorar o mundo.
Evidentemente, como não temos certeza do que é melhor ou mesmo do que é certo,
deve-se sim admitir o discurso tolo, errado, o “falar merda” que mencionei. Mas admitir isso
significa apenas reconhecer que nenhum de nós é dono da verdade. Não significa amparar
como liberdade de expressão a incitação ao crime ou a pregação do ódio.
Assim é que democracias praticamente impecáveis punem como crimes, práticas que, no
Brasil, alguns justificam como “liberdade de expressão”. Volta e meia, leio algum colunista
de jornal dizendo que você não pode tolher ou limitar sequer a pregação de ódio, porque ela
deve ser vencida no debate racional e público de ideias. Só que, enquanto esses colunistas
pairam num universo platônico de ideias, quem sai vitorioso são os pregadores do ódio.
Escrevo isso sob o impacto da morte do menino de 13 anos diante de uma unidade da
rede de fast-food Habib’s, em São Paulo – só que o que mais me choca não é só a sua morte,
é a reação de muitos leitores de jornal dizendo que ele devia mesmo morrer, que seus pais
são interesseiros, que agora querem ganhar uma grana de indenização etc. O que são esses
comentários, tão frequentes na esfera pública, senão a vitória acachapante do ódio sobre a
compaixão, das paixões negativas sobre as positivas, da guerra civil (ainda que verbal) sobre
a paz política? É uma guerra civil verbal que passa ao ato, quando, por exemplo, homosse-
xuais são atacados ou mesmo assassinados.
Platão (427-347 a.C.) foi um dos mais 2. Qual é a função sociocomunicativa do texto?
importantes filósofos da Grécia Antiga.
Ele defendia que o mundo como o perce- Esperamos que os alunos deduzam que a principal função desse texto é a exposição do ponto
bemos é ilusório. Daí o termo platônico.
Platão acreditava que o mundo espiritual é
mais elevado e é onde existe a verdade da
de vista do articulista sobre a necessidade de existir liberdade de expressão.
razão e das ideias.
3. A que público o texto se destina?
É esperado que os alunos concluam que o texto parece ser dirigido a um público jovem, for-
mado por estudantes acostumados com a informalidade e o apelo popular que, de modo geral,
caracterizam os textos da web. Outra possibilidade é que os alunos deduzam que se trata de
leitores que procuram acompanhar as ideias e os artigos de opinião de Renato Janine. Cabe
lembrar que o articulista tem coluna em jornal há alguns anos.
4 Livro de atividades
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4. Logo no início do texto, o autor usa uma expressão popular para defi- Os artigos de opinião se carac-
nir “liberdade de expressão”. Que efeito o emprego dessa expressão terizam pela intertextualidade
teve sobre você? Compartilhe sua resposta com alguns colegas. explícita ou declarada (citações,
referências, menções, resumos,
Pessoal. É provável que alguns alunos estranhem o uso da expressão e não o considerem resenhas, traduções, recursos à
autoridade, etc.) ou pela inter-
comum nesse tipo de texto. textualidade implícita (o leitor
pressupõe pelo contexto).
5. Por que o texto Para que existe a liberdade de expressão pode ser cate-
gorizado como artigo de opinião?
É esperado que os alunos concluam que o texto é um artigo de opinião por alguns fatores:
contextualização para situar o leitor sobre o assunto tratado; posicionamento do autor com
©Shutterstock/Macrovector
ao longo do texto para sustentar a tese; entre outros.
bem como a aceitação do direito de alguém dizer algo que desaprovamos, desde que existam
impregnado do discurso de ódio ou de pregação ao crime, livre da ideia de que existe uma
1. por raciocínio lógico – “a liberdade consiste em aceitar o direito de dizer mesmo aquilo que
desaprovamos. Não está errado, mas o problema é que essa definição avançou tanto que veio a
2. de senso comum – “Os lados podem se digladiar, até mesmo se desprezar, mas o fruto melhor
diante de uma unidade da rede de fast-food Habib’s, em São Paulo [...]. Nos Estados Unidos, muitos
Estados penalizam fortemente crimes de ódio [...]. Na França, alegar que não houve o massacre de
judeus é crime. Na Alemanha, a saudação nazista leva a pessoa direto para a cadeia”.
Artigos de opinião são textos 9. Entre os argumentos apresentados no artigo, qual lhe parece ter maior
argumentativos que pertencem poder de convencimento? Por quê?
à esfera jornalística, uma vez que
Pessoal.
são produzidos para circular nas
diversas mídias.
Faz pouco tempo, li alguém que prezo dizer que liberdade de ex-
pressão é a liberdade de “falar merda”.
• O articulista cita a fala de alguém que ele preza, mas não informa
quem é essa pessoa. Mencione alguns possíveis motivos dessa
omissão.
Sugestões: 1. Renato Janine quis preservar o autor da definição, não revelando sua
identidade, já que se trata de alguém que ele preza, respeita. 2. Talvez não exista uma
pessoa em particular para citar, apenas o senso comum. 3. O articulista quis criar um
11. No trecho “Só que, enquanto esses colunistas pairam num universo
platônico de ideias, quem sai vitorioso são os pregadores do ódio”, a
expressão sublinhada significa
( ) concreto. ( ) existente. ( X ) utópico.
( ) possível. ( ) realista.
12. Releia o trecho a seguir com atenção.
Retome com os alunos os conheci- a) A que aspectos secundários da liberdade de expressão o autor se
mentos sobre o emprego de artigos refere?
definidos e indefinidos, especialmente
o uso expressivo/estilístico dessa classe O autor se refere ao discurso de ódio e à incitação ao crime como aspectos secundários
de palavras.
Ajude os alunos a observar que, sem da liberdade de expressão. Os aspectos principais seriam os avanços democráticos e os
o artigo, a expressão perde força. Já
no título, a função determinativa do científicos, que propiciam uma melhora na qualidade de vida.
artigo indica uma opinião subjetiva de
Renato Janine, porque, nessa posição, b) O que o articulista quer dizer com a expressão “sob o seu manto”?
“entoa” certos matizes expressivos,
como familiaridade e afetividade. Trata-se de uma metáfora na qual a liberdade de expressão usaria um “manto” e, com ele,
6 Livro de atividades
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13. Releia o título do texto, detendo-se no artigo que antecede o termo “liberdade de expressão”.
a) Sabendo que os títulos jornalísticos exigem o uso do artigo zero, qual seria o possível
motivo para o articulista empregar o artigo definido “a” antes de “liberdade de expres-
são”? Compartilhe sua conclusão com um colega.
b) Reescreva o título do texto sem o artigo “a” e analise o efeito de sentido dessa omissão.
Ajude os alunos a observar que a omissão do artigo “a” generaliza o termo “liberdade de
expressão”; por outro lado, dá ao título maior concisão, energia e até certa dramaticidade.
Títulos precisam ser atrativos para despertar a curiosidade do leitor, convencendo-o a ler o texto.
c) Em sua opinião, o título Para que existe a liberdade de expressão é atrativo? Registre no
caderno a explicação de sua resposta.
d) Proponha outro título para o texto, comentando sua sugestão com um colega.
Pessoal.
14. O texto Para que existe a liberdade de expressão foi escrito em linguagem padrão. Porém,
em alguns momentos, o autor adotou uma linguagem coloquial. Quais são os momentos
mais informais do texto?
Esperamos que os alunos citem a expressão “falar merda”, gíria que significa “falar bobagem, asneira, algo negativo ou
depreciativo”, numa espécie de catarse, de desabafo, para demonstrar descontentamento, e também a expressão
15. Se a expressão “pouco tempo”, no primeiro parágrafo, fosse trocada por “alguns meses”, o
verbo fazer seria flexionado? Justifique sua resposta.
Esperamos que os alunos concluam que o verbo fazer não seria flexionado, porque é impessoal
16. Em “Mas atenção: tudo isso supõe uma discussão com certo nível”, os dois-pontos são
usados para introduzir
( ) uma enumeração. ( ) um exemplo.
( X ) um esclarecimento. ( ) um vocativo.
( ) uma citação.
Produção de texto 1 17. Para que existe a liberdade de expressão? Com base no roteiro a seguir,
escreva um artigo de opinião sobre esse assunto, parafraseando o
texto de Renato Janine.
Paráfrase
Texto que apresenta as mesmas ideias do
original.
a) Comece o texto reproduzindo a tese do artigo. Exponha também a ideia popular
sobre liberdade de expressão. Observe que essa ideia se expandiu tanto que
Artigos de opinião, por serem
perdeu o sentido.
textos da esfera jornalística, de-
vem apresentar linguagem de b) No segundo parágrafo, escreva sobre o eixo que sustenta a liberdade de
acordo com a norma-padrão, ou expressão, citando como exemplos a democracia e os valores éticos e políticos.
seja, o registro formal da língua. Ressalte a necessidade de as pessoas dialogarem.
c) No terceiro parágrafo, aborde a pregação ao discurso de ódio e a incitação
à violência, discutindo-as como formas de manifestação da liberdade de
Fique por dentro
expressão. Discorra sobre as mais sólidas democracias do mundo, que
Conheça os objetivos dessa proposta de reprimem o discurso de ódio e a incitação ao crime.
produção de texto:
a) Desenvolver a habilidade de argumentar. d) Na conclusão, retome a tese do texto – a liberdade de expressão inclui até
b) Refletir sobre a liberdade de expressão. mesmo o direito de falar bobagem, mas não o discurso de ódio e a incitação
ao crime. Escreva sobre o “fruto admirável” da liberdade de expressão, ou seja,
Dica: artigo de sobre o diálogo, que é a marca da civilização.
opinião
1. Releia atentamente o artigo de Renato
Janine.
2. Elabore um rascunho do texto, conforme
as orientações presentes no quadro.
3. Escreva um texto de 15 a 20 linhas.
4. Observe a coesão dos parágrafos.
5. Revise seu texto.
8 Livro de atividades
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Proposta 2
Por que o discurso do ódio não é liberdade de
expressão?
GEORGE LAKOFF EXPLICA, NO ARTIGO DE OPINIÃO
A SEGUIR, POR QUE O DISCURSO DO ÓDIO NÃO É
LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
TEXTO 3 George Lakoff
É professor de Linguística na
Universidade Berkeley, na
Por que o discurso do ódio Califórnia, Estados Unidos.
não é liberdade de expressão? Foi um dos fundadores da
linguística gerativa, nos anos
Por George Lakoff
1960, e da linguísitca cogni-
A liberdade em uma sociedade livre é para todos. Portanto, a tiva, na década de 1980.
liberdade exclui a imposição à liberdade dos outros. Você é livre
para andar na rua, mas não para impedir que outros o façam.
A imposição à liberdade de outros pode vir de forma física
imediata e evidente – bandidos vindo atacar com armas. A violência
pode ser uma espécie de expressão, mas certamente não é “liberdade
de expressão”.
Como a violência, o discurso de ódio também pode ser uma
imposição física à liberdade dos outros. Isso porque a linguagem
tem um efeito psicológico imposto fisicamente – no sistema neural,
com efeitos incapacitantes a longo prazo.
Aqui está o motivo:
Todo pensamento é realizado por circuitos neurais – não flutua
no ar. A linguagem ativa neuralmente o pensamento. A linguagem
pode, assim, mudar o cérebro, tanto para o melhor quanto para o
pior. O discurso de ódio muda o cérebro dos odiados para o pior,
criando estresse tóxico, medo e desconfiança – tudo de forma física,
tudo presente na atividade dos circuitos neurais de uma pessoa todos
os dias. Este dano interno pode ser ainda mais grave do que uma
punhalada. Ele se impõe à liberdade de pensamento e, portanto, age
livre de medo, ameaças e desconfiança. Ele se impõe à capacidade
do indivíduo de pensar e agir como um cidadão totalmente livre por
muito tempo.
É por isso que o discurso de ódio se impõe à liberdade daqueles
que são alvo do ódio. Uma vez que ser livre em uma sociedade livre
não requer se impor à liberdade dos outros, o discurso de ódio não
se enquadra na categoria da liberdade de expressão.
Discurso de ódio também pode mudar o cérebro daqueles com
preconceito leve, movendo-se para o ódio e a ação ameaçadora.
Quando o ódio está fisicamente em seu cérebro, então você pensa
que odeia e sente ódio, e você é movido a agir para realizar o que
você, fisicamente, em seu sistema neural, pensa e sente.
É por isso que o discurso de ódio não é “mero” discurso. E uma vez que se impõe à li-
berdade dos outros, não é um exemplo de liberdade.
Os efeitos físicos de longo prazo, muitas vezes incapacitantes, do discurso de ódio sobre
os sistemas neurais dos odiados não têm status na lei, já que nossos sistemas neurais não
têm status em nosso sistema legal – pelo menos não ainda. Essa é uma lacuna entre a lei e
a verdade.
LAKOFF, George. Por que o discurso do ódio não é liberdade de expressão? Tradução de Letícia Sallorenzo. Disponível em: <https://jornalggn.
com.br/noticia/por-que-o-discurso-do-odio-nao-e-liberdade-de-expressao-por-george-lakoff>. Acesso em: 19 dez. 2018.
1. Em grupos, leiam o artigo Por que o discurso do ódio não é liberdade de expressão?. Sinte-
tizem, em uma frase, as ideias apresentadas em cada parágrafo.
Primeiro parágrafo: Faça a mediação da leitura do texto, ajudando os alunos a observar a tese do artigo: “A liberdade
em uma sociedade livre é para todos”. Na sequência, o autor argumenta que “a liberdade exclui a imposição à liberdade dos
outros”, dando um exemplo: “Você é livre para andar na rua, mas não para impedir que outros o façam.”.
Segundo parágrafo: A imposição à liberdade (o cerceamento) de outros pode vir de forma física imediata e evi-
dente.
Terceiro parágrafo:
O discurso de ódio também pode ser uma imposição física à liberdade dos outros, assim como é
a violência.
Quarto e quinto parágrafos: A linguagem pode mudar o cérebro, tanto para o melhor quanto para o pior.
Sexto parágrafo: Ser livre em uma sociedade livre não requer se impor à liberdade dos outros.
Sétimo parágrafo: O discurso de ódio também pode mudar o cérebro daqueles com preconceito leve, movendo-se
para o ódio e a ação ameaçadora.
Nono parágrafo: O discurso de ódio tem efeitos muitas vezes incapacitantes sobre os sistemas neurais dos odiados,
mas as leis ainda não protegem esses sistemas.
10 Livro de atividades
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ANTUNES, Irandé. Análise de textos : fundamentos e prática. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. p. 67-68. (Estratégias de ensino, 21).
3. Em sua opinião, o artigo escrito pelo linguista George Lakoff responde à pergunta “Por
que o discurso do ódio não é liberdade de expressão?”. A que outras perguntas esse artigo
poderia responder? Elabore três questões e peça a um colega que escreva um parágrafo
respondendo a elas.
Sugestões: Para que serve a liberdade de expressão em uma sociedade livre? Existe liberdade de expressão onde há
restrição à liberdade dos outros? O discurso de ódio pode ser considerado uma imposição física? Quais são os efeitos, a
A progressão do tema
A concentração do texto em determinado tema lhe dá unidade .
Evidentemente, em seu percurso, esse tema vai se desenvolvendo, ou melhor, vai
progredindo , o que implica admitir que, acerca do mesmo tema, algo diferente vai
sendo acrescentado .
fixado no mesmo ponto. Esperamos que a fila das ideias ande, no sentido de
que coisas novas vão sendo acrescentadas, embora acerca do mesmo tema. Ou seja, con-
tamos com a previsibilidade de identificar o que se diz do tema.
Ocorre que, no texto, tudo precisa estar em convergência : tudo precisa es-
tar encadeado .
ANTUNES, Irandé. Análise de textos : fundamentos e prática. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. p. 68-69. (Estratégias de ensino, 21).
5. São várias as pistas para o reconhecimento do tema do artigo Por que o discurso do
ódio não é liberdade de expressão? . A mais óbvia delas é o título. No início do texto,
especialmente no segundo parágrafo, Lakoff sintetiza o tema, cuja progressão se dá
por meio do encadeamento de ideias, perpassando o artigo do início ao fim, parágrafo
a parágrafo.
Releia o texto e, com base nele, complete as afirmativas. Compartilhe suas conclusões com
um colega.
a) À ideia de que alguém é livre para andar na rua, mas não para impedir que outros o
façam, o autor faz o tema progredir, afirmando que
a privação da liberdade de ir e vir pode se dar de forma física imediata e evidente, por exemplo, com bandidos
12 Livro de atividades
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b) À ideia de que o discurso de ódio, assim como a violência urbana, Produção de texto 2
pode ser uma imposição física à liberdade dos outros, o autor escla-
rece que
Há um provérbio indiano que afirma:
o discurso de ódio também se impõe à liberdade daqueles que são alvo do ódio.
Dentro de mim, existem dois lobos:
o lobo do ódio e o lobo do amor.
Ambos disputam o poder sobre
mim. E, quando me perguntam qual
lobo é vencedor, respondo: o que eu
alimento.
c) À ideia de que a linguagem ativa neuralmente o pensamento, o
Disponível em: <https://www.pensador.com/
autor argumenta explicando que frase/OTQ4Mjg5/>. Acesso em: 24 jan. 2019.
a linguagem pode mudar o cérebro, tanto para o melhor quanto para o pior.
Fique por dentro
Conheça os objetivos dessa proposta de
produção de texto:
a) Ampliar o repertório a respeito do tema
em discussão.
6. Por que o discurso do ódio não é liberdade de expressão? Escreva um
b) Desenvolver a habilidade de
artigo de opinião sobre esse tema. argumentação.
Dica: artigo de
opinião
1. Releia atentamente o texto Por que o
discurso do ódio não é liberdade de
expressão? , de George Lakoff.
2. Elabore um artigo, de 15 a 20 linhas, com
base nas ideias desse autor.
3. Para concluir seu texto, aproveite a ideia
contida no provérbio indiano.
4. Revise seu texto, observando a coesão
entre os parágrafos.
5. Escolha um local para divulgá-lo (mural
da sala de aula, da escola, etc.)
Proposta 3
Redação no Enem:
liberdade de expressão versus discurso de ódio
O TEXTO A SEGUIR COMEÇA COM DEPOIMENTOS
DE TRÊS ALUNOS PARTICIPANTES DO EXAME NACIONAL
DO ENSINO MÉDIO (ENEM) DE 2016. ELES AFIRMAM QUE,
A liberdade de expressão é o coração
da humanidade.
NA PROVA DE REDAÇÃO, SENTIRAM A NECESSIDADE
DE OMITIR O QUE DE FATO PENSAM PARA
(Salman Rushdie)
NÃO SEREM EXCLUÍDOS DO PROCESSO.
TEXTO 4
Redação no Enem:
liberdade de expressão vs discurso de ódio
Por Camila Dalla Pozza
“Nas redações dos vestibulares eles pedem a nossa opinião, mas não
podemos opinar de verdade; temos de escrever o que eles querem ler”.
“A condição de respeitar os Direitos Humanos é um tipo de censura
na proposta de redação do Enem”. “Tenho amigos preconceituosos que
foram bem na redação do Enem; eles mentiram”.
Estas e outras afirmações podem ser ouvidas em qualquer aula de
produção de texto do Ensino Médio ou de um cursinho e podem ser
lidas em comentários em redes sociais, blogs e sites diversos; eu mesma
já ouvi de meus alunos, mais de uma vez. [...]
Em tempos de polarização, muitas pessoas têm confundido liberdade
de expressão com discurso de ódio, e não só em propostas de redação
como a do Enem 2016 (Como combater a intolerância religiosa no
Brasil?), na qual 4.798 candidatos feriram os Direitos Humanos e
tiveram seus textos anulados.
A liberdade de expressão é um direito constitucional, ou seja, é
garantido pela Constituição Federal de 1988 e deve ser mantido, pois
vivemos em um regime democrático, no qual a troca de ideias é essencial,
porém, de uns tempos para cá, parece que os brasileiros não sabem mais
debater um assunto sem rotular ou enquadrar o outro. Amizades estão
sendo desfeitas, laços familiares estão sendo cortados, porque ninguém
mais ouve ninguém.
O discurso pautado na liberdade de expressão não ofende, não fere,
não rotula, pois, assim que rótulos são postos, o debate acaba. O discurso
baseado na liberdade de expressão pode questionar e discordar, mas sem
desrespeitar o alvo da discórdia.
Nesse sentido, as duas propostas de redação do Enem 2016, pois
houve duas edições oficiais do exame, abordaram questões delicadas,
mas importantes: intolerância religiosa e racismo. Um cristão, por
exemplo, pode não concordar com algum aspecto de uma religião não
cristã, [...] mas isso não significa que ele possa atacar um praticante de
©Shutterstock/Lorelyn Medina outra religião.
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POZZA, Camila D. Redação no Enem : liberdade de expressão vs discurso de ódio. Disponível em: <https://
www.infoenem.com.br/redacao-no-enem-liberdade-de-expressao-vs-discurso-de-odio/>. Acesso em: 19 dez.
2018.
politicamente correto, a ponto de omitirem sua opinião pessoal ou mentirem sobre temas que ferem os direitos
Os depoimentos contribuem também para chamar a atenção dos leitores para a argumentação feita no decorrer
do artigo.
b) Com base nos depoimentos, o que é possível concluir sobre o encaminhamento que
aqueles estudantes deram a seus textos no Enem? Compartilhe sua conclusão com um
colega.
2. Explique o significado da expressão “Em tempos de polarização”, no terceiro parágrafo do
artigo. A que tipo de polarização a autora se refere?
Ajude os alunos a concluir que essa expressão foi emprestada da física – polarização é uma medida da variação do vetor
do campo elétrico de ondas tridimensionais em relação ao tempo. Nesse artigo, ela se refere à polarização política, à
16 Livro de atividades
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Dica: artigo de
“Nas redações dos vestibulares eles pedem a nossa opinião, mas não opinião
podemos opinar de verdade; temos de escrever o que eles querem ler”. 1. Releia atentamente o texto de Camila
“A condição de respeitar os Direitos Humanos é um tipo de censura Dalla Pozza.
na proposta de redação do Enem”. 2. Reflita sobre o conteúdo de cada
depoimento.
“Tenho amigos preconceituosos que foram bem na redação do Enem;
3. Selecione um dos depoimentos para
eles mentiram”. abordar em sua produção.
4. Busque outros textos para ampliar seu
repertório.
• Escreva um artigo de opinião, mas, antes, escolha um desses 5. Organize os parágrafos de forma coesa.
depoimentos para dialogar com as ideias que apresentará. Você pode 6. Revise seu texto.
concordar ou não com o depoimento selecionado, apresentando
argumentos para sustentar seu ponto de vista. Conclua seu artigo
mantendo a coerência entre a tese defendida por você e os
argumentos apresentados.
Mundo tagarela
Por Paulo Nogueira
18 Livro de atividades
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jamais tem contas a dar. Não só não causa sede como confere um traço de nobreza”. Não
falar nada é, não raro, a melhor coisa que temos a dizer, mas uma força irresistível parece
sempre nos empurrar para o “mundo da tagarelice”, tão bem definido por Montaigne. E,
então, estamos condenados a produzir “mais ruído que sentido”, para lembrar a grande
tirada de Sêneca.
NOGUEIRA, Paulo. Mundo tagarela.Vida Simples , São Paulo, Abril, ed. 23, p. 78, dez. 2004.
2. O título do artigo permite ao leitor antecipar o assunto tratado no texto? Justifique sua
resposta.
Pessoal. É esperado que os alunos respondam que sim, porque o adjetivo “tagarela” tem, de certa forma, uma conotação negativa
(aquele que fala muito, sem parar, sobre assuntos frívolos, cometendo indiscrições, sendo inconveniente, etc.), qualificando a
palavra “mundo”, o que leva à conclusão de que o texto trata, provavelmente, de um mundo em que se fala demais.
3. Os artigos de opinião, em geral, apresentam um plano, uma estrutura básica formada por:
contextualização, questão polêmica, tese (posição defendida pelo articulista), contraposição
(posição oposta à tese), argumentos, contra-argumentos e conclusão (síntese ou convite à
reflexão). Identifique, no artigo Mundo tagarela, os seguintes elementos:
a) Contextualização.
A questão da melhor forma de comunicar-se é discutida desde sempre.
b) Questão polêmica.
Como se expressar, seja escrevendo, seja falando?
• Você concorda com os argumentos apresentados para sustentar a tese do texto? Registre,
no caderno, a justificativa de sua resposta.
e) Conclusão (síntese ou convite à reflexão).
Estamos condenados a produzir mais ruído que sentido, porque uma força irresistível parece nos impelir para o
“mundo da tagarelice”.
Dica: artigo de
5. Elabore um artigo de opinião sobre a tagarelice do mundo, confundida,
opinião muitas vezes, com liberdade de expressão. Escolha um dos pensamentos
apresentados por Paulo Nogueira para usar como tese do artigo.
1. Contextualize o tema.
2. Proponha uma questão polêmica para
“esquentar” a discussão.
3. Deixe clara sua tese e utilize argumentos
para sustentá-la.
5. Organize seu texto de forma coesa.
6. Revise seu texto.
20 Livro de atividades
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Histórias de vida
e sobrevida: biografia
2
e autobiografia
Gente feita de prosa
Proposta 5
CONHEÇA HISTÓRIAS DA VIDA EXTRAORDINÁRIA DE
QUATRO ESCRITORES: JONATHAN SWIFT, AUTOR DE
AS VIAGENS DE GULLIVER; PAULO LEMINSKI, AUTOR DE
GUERRA DENTRO DA GENTE; LYGIA FAGUNDES TELLES,
AUTORA DE A DISCIPLINA DO AMOR; E GRACILIANO
RAMOS, AUTOR DE VIDAS SECAS.
Escolher textos para um capítulo de
trabalho escolar é uma tarefa complexa,
Vidas extraordinárias acabam naturalmente em biografias, mas a principalmente quando se trata de bio-
grafia, autobiografia ou perfil. Para essa
tradição cuida de dar um tratamento óbvio, fazendo o mais fácil, quando seleção, consideramos, além da vida
o valioso material exige, além do empenho, a antena com que só os extraordinária dos biografados (critério
poetas captam a vida verdade, superficialmente inenarrável. subjetivo, porque os biógrafos divergem
bastante), a qualidade da biografia, da
autobiografia ou do perfil; sua originali-
LEMINSKI, Paulo. Vida: Cruz e Sousa, Bashô, Jesus, Trótski. Porto Alegre: Sulina, 1990. dade; e o grau de interesse que poderia
suscitar nos leitores do 8.º ano.
1. O estudo de biografias começa com um quiz para você verificar quanto
No quiz, apresentamos breves biografias
já sabe sobre esse gênero e também sobre algumas obras-primas dos dos quatro escritores e uma informação
biografados. Em cada questão, assinale a alternativa correta. Depois de sobre a vida deles. Dessa forma, rompe-
concluir todas as atividades da proposta 5, refaça o quiz e, só então, mos com o formato tradicional de apre-
sentação de biografias e autobiografias.
confira o resultado.
No decorrer da sequência didática,
As obras trabalhamos mais detalhadamente
as biografias de Jonathan Swift, Paulo
a) As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, é um romance Leminski, Lygia Fagundes Telles e Gra-
( ) fantástico. ciliano Ramos. Na biografia de Paulo
Leminski, foi inserido um trecho da
( ) histórico. biografia do poeta Cruz e Sousa. Além
disso, ampliando a biografia de Graci-
( X ) de aventura, com “pitadas” de ficção científica e relato de viagem. liano Ramos, apresentamos uma análise
sobre linguagem literária e vida socio-
b) Guerra dentro da gente, de Paulo Leminski, é um romance cultural, em virtude da comemoração
dos 80 anos da obra mais conhecida
( ) histórico. desse autor: Vidas secas .
( X ) de formação ou iniciação.
( ) regionalista.
c) Vidas secas , de Graciliano Ramos, é um romance
( X ) regionalista.
( ) urbano.
( ) de ficção científica.
As informações complementares ao
texto principal são apresentadas como
d) O conto A disciplina do amor, de Lygia Fagundes Telles, fala de
curiosidades, buscando o formato ( ) determinação para realizar os sonhos e vencer as mais duras
hipertextual.
provas.
( X ) amor e fidelidade de um cão a seu dono.
( ) pânico a bordo de um veleiro em alto-mar.
e) Vida: Cruz e Sousa, Bashô, Jesus, Trótski, de Paulo Leminski, é uma
obra
( ) poética. ( ) autobiográfica.
( X ) biográfica.
Quem foi Jonathan Swift? Os autores
f) Jonathan Swift nasceu em Dublin, na Irlanda, em 1667. Ele não foi
©Shutterstock/Georgios Kollidas
22 Livro de atividades
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Fique de olho
Só posso escrever o que sou. E, se os personagens se com-
O rapaz que nunca fora bom aluno
portam de modos diferentes, é porque não sou um só.
Em 1681, Swift matriculou-se no Trinity
College de Dublin, onde só se distinguiu
Graciliano Ramos pelas punições: mais de setenta, em dois
anos, em razão de má conduta e falta de
i) Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892, na cidade de aplicação nos estudos. Aborrecia-se dos
conhecimentos. Ao fim do curso, para ver-se
Quebrângulo, no sertão de Alagoas, lugar tão árido como seus pais – livre dele, a congregação deu-lhe o diploma.
uma gente seca, severa e violenta. A dura infância o fez acreditar que
todas as relações humanas eram regidas por violência e aridez. Ao Nascimento
longo da vida, foi colaborador de vários jornais, usando diferentes Jonathan Swift nasceu num escuro dia
dublinense, em 30 de novembro de 1667,
pseudônimos. Em 1928, foi eleito prefeito de Palmeiras dos Índios. e não conheceu o pai, morto sete meses
Ao final de um período, escreveu um relatório para o governador antes.
sobre as obras da prefeitura. Ainda hoje, esse relatório surpreende, William Temple
porque Sir William Temple (1628-1699) foi um
estadista e escritor de grande prestígio.
( ) todas as palavras são um gesto de amor. Swift amadureceu intelectualmente entre os
livros de Temple.
( X ) é apresentado de maneira literária, sui generis , peculiar. Na casa de Temple, conheceu uma menina
de oito anos chamada Esther Johnson, que,
( ) constata a situação de miséria do povo. segundo as más línguas, era filha de William
2. Nos textos a seguir, você conhecerá um pouco sobre a vida e a obra do Temple com uma ama da casa.
Swift a chamava carinhosamente de Stella
escritor irlandês Jonathan Swift. (Estrela) e escreveu para ela os mais belos
poemas. Alguns dizem que eles se casaram,
mas o mais provável é que Swift tenha
A descoberta consiste em ver o que todo mundo viu e pen- permanecido no celibato, cultivando um
sar o que ninguém pensou. amor puramente espiritual.
Espírito observador
Jonathan Swift Frases de Jonathan Swift:
“A descoberta consiste em ver o que
TEXTO 1 todo mundo viu e pensar o que ninguém
pensou.”
“Todos desejam viver muito tempo, mas
Quem foi Jonathan Swift? ninguém quer ser velho.”
“Como é possível esperar que a humanida-
Quando Sir Willian Temple recebeu seu novo secretário, sentiu-se de ouça conselhos, se nem sequer ouve as
um pouco decepcionado. Aquele homem refinado, diplomata e con- advertências?”
selheiro do rei, logo percebeu que Jonathan era um jovem inculto. De
fato o rapaz, que nunca fora bom aluno, abandonara os estudos e seu
país – a Irlanda –, partindo para a Inglaterra em busca de melhor sorte.
Desde seu nascimento, em 1667, na cidade de Dublin, Jonathan Swift
não conhecera dias melhores. Seu pai tinha morrido pouco antes de
ele nascer, deixando a família em péssima situação financeira. Por essa
razão, o pequeno Swift viveu da caridade de um tio, que o considerava
um estorvo. Orgulhoso, o menino jamais se esqueceria dessa triste
dependência.
Completados os 21 anos, foi para a Inglaterra encontrar-se com sua
mãe, que lá vivia miseravelmente. A pobre mulher lembrou-se então de
William Temple, na época um grande homem de Estado, de quem seu
avô fora confessor. Mais uma vez Swift foi recebido por caridade.
Seu espírito observador, aliado à humilhação por que passava naque-
le ambiente requintado, transformou o rapaz. Estudando oito horas por
dia, em pouco tempo tornou-se o orgulho do embaixador, que passou a
levá-lo consigo sempre que ia entrevistar-se com o rei.
SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver . Adaptação em português de Claudia Lopes. São Paulo: Scipione, 2001. p. 5-6. (Reencontro literatura).
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TEXTO 2
Viagem a Lilliput
Após a tempestade, um reino em miniatura.
A tempestade começou de repente. Ondas de mais de 30 metros envolviam o navio
e o jogavam de um lado para outro, como se fosse de brinquedo. Rajadas de vento logo
destruíram as velas. Eu era o médico de bordo e fiquei esperando o pior.
– Recifes a estibordo!
O grito desesperado do marinheiro que estava na gávea soou quase ao mesmo tempo
que o barulho do choque do majestoso veleiro Antílope, no qual viajávamos, com as
pedras. Foi uma confusão dos diabos. Tripulantes correndo em todas as direções, gente
gritando, outros jogando-se ao mar, cada um tentando salvar a própria pele.
Estava quase paralisado pelo medo, as mãos grudadas na amurada do convés, quando
fui cuspido para fora do navio, que já se inclinava perigosamente. Senti meu corpo en-
volto na água gelada do mar e no momento em que dei por mim – confesso que não me
lembro como consegui – estava num pequeno bote com outros cinco marinheiros, todos
remando com fúria para nos afastarmos o máximo possível do Antílope, que começava a
afundar. [...]
SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver . Adaptação em português de Claudia Lopes. São Paulo: Scipione, 2001. p. 9-10. (Reencontro
literatura).
O texto Quem foi Jonathan Swift? é uma biografia e, portanto, apresenta algumas marcas
características desse gênero textual, como
• identificação da pessoa cuja história de vida está sendo contada;
• marcadores de lugar;
• palavras ou expressões com valor temporal;
• relato de fatos marcantes da vida do biografado;
• referência à trajetória de vida do biografado;
• emprego de uma estrutura básica: apresentação inicial do biografado (introdução), des-
crição dos principais fatos que compõem sua história (desenvolvimento) e parte final
em tom mais subjetivo (conclusão);
• predomínio de verbos no passado, especialmente no pretérito perfeito;
• emprego de pronomes pessoais e possessivos na terceira pessoa do singular.
3. Com base na explicação anterior, identifique, nos textos 1 e 2, o que se pede.
a) A pessoa cuja história de vida está sendo contada.
Jonathan Swift.
b) Marcadores de lugar.
“A estibordo”, “na gávea”, “ao mar”, “na cidade de Dublin”, etc.
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A partida
O garoto vinha caminhando pela estrada quando viu o velho na ponte que separava a floresta, onde ia buscar
lenha, da aldeia onde moravam seus pais.
A ponte ficava em cima de um rio, desses que são enormes no verão e quase desaparecem no inverno.
Era um velho absolutamente comum. A única coisa de especial é que ele estava ali, naquele momento.
Feixe de lenha nas costas, quando o menino ia passando pela ponte, o velho tirou a sandália do pé direito e a
atirou lá embaixo, nas pedras à beira do rio.
– Vá apanhar minha sandália.
O garoto parou. Arriou o feixe e, em dois pulos, desceu e apanhou a sandália.
– Você sabe das coisas – o velho falou. – Quer aprender a arte da guerra?
O menino ficou tonto. Era apenas o filho de um lenhador, a arte da guerra era uma arte superior, a arte dos
que moravam nos castelos no alto das montanhas.
Sem esperar resposta, o velho disse:
– Então, esteja aqui amanhã, quando a água do rio passar da cor da asa do estorninho para a cor do nenúfar.
O garoto foi para casa, pensando: amanhã. [...]
LEMINSKI, Paulo. A partida. In: ______. Guerra dentro da gente . São Paulo: Scipione, 1988. p. 7.
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O fato de o pai e o avô de Leminski serem militares. Ajude os alunos a perceber a mudança
r
tte
o valor positivo que pai e avô davam a ela e a opinião contrária de Leminski, já aos 16 anos.
BARBOSA, Frederico. Leminski: Vida. Folha de S.Paulo, 24 nov. 1990. Letras, p. H1.
30 Livro de atividades
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6. O texto a seguir, Cruz e Sousa’s blues, é a primeira das 15 partes que Faça uma pesquisa sobre a vida
compõem o capítulo do ensaio biográfico desse poeta catarinense, o dos autores citados por Leminski
“negro branco”, como descrito por seu biógrafo Paulo Leminski. em Cruz e Sousa’s blues. Conheça
também as obras originais,
singulares e surpreendentes que
Cruz e Sousa’s blues eles produziram.
“kilima muzuri mbali
karibu kinamayuto”
– “bela de longe é a montanha,
Por que tão dura a escalada?”
(provérbio bantu)
Tem poetas onde interessa mais a obra, artistas cuja peripécia pessoal
se reduz a um trivial variado, sem maiores sismos dignos de nota, heróis
de guerra e batalha interiores, invisíveis a olho nu. Tem outros, cuja vida
é, por si só, um signo.
O desenho de sua vida constitui, de certa forma, um poema. Por sua
singularidade. Originalidade. Surpresa. Um Camões. Um Rimbaud. Um
Ezra Pound. Um Maiakovski. Um Oswald de Andrade.
Cada vida é regida pelo astro de uma figura de retórica. Certas vidas
são hiperbólicas. Há vidas-pleonasmo. Elipses. Sarcasmos. Anacolutos.
Paráfrases.
A figura de retórica mais adequada para a vida de Cruz e Sousa é o
oxímoro, a figura da ironia, que diz uma coisa dizendo o contrário.
Que outra figura calharia a este negro retinto, filho de escravos do
Brasil imperial, mas nutrido de toda a mais aguda cultura internacional
de sua época, lida no original? Quais formas exprimiriam a radicalidade
com que Cruz e Sousa assumiu a vida poética, como destino de sofri-
mento e carência a transformar em beleza e significado?
Na poesia, na realização enquanto texto, Cruz e Sousa superou o
dilaceramento entre os antagonismos de ser negro no Brasil (mão de
obra) e dispor do mais sofisticado repertório branco de sua época (o
“Espírito”).
Não deixa de haver muito mistério de serem negros, oriundos da
raça mão de obra, o maior prosador da literatura brasileira, Machado de
Assis, e, sob certos aspectos, nosso mais fundo e intenso poeta.
Mas, “na arte não há segredos, só mistérios”, disse Gilberto Gil, esse
outro grande negro do país que deu Pelé.
Iorubá? Malê? Mandinga? Ewê? De qual nação africana descendia o
poeta que retroviu uma “Eternidade Retrospectiva”?
Fosse um negro norte-americano, Cruz e Sousa tinha inventado o
blues. Brasileiro, só lhe restou o verso, o soneto e a literatura para cons-
truir a expressão da sua pena.
LEMINSKI, Paulo. Vida: Cruz e Sousa, Bashô, Jesus, Trótski. Porto Alegre: Sulina, 1990. p. 19-20.
Produção de texto 6 7. Construa um relato autobiográfico escrito. Narre fatos engraçados, tris-
tes, surpreendentes, inacreditáveis, banais ou fantásticos de sua vida
para compor o Livro de relatos autobiográficos da turma.
Fique por dentro Use o espaço a seguir para planejar seu texto, fazendo uma linha do
Conheça os objetivos dessa proposta de tempo para organizá-lo cronologicamente.
produção de texto:
a) Rememorar fatos marcantes da própria
vida.
b) Elaborar um relato autobiográfico.
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Proposta 7
“A função do escritor? Ser testemunha
do seu tempo e da sua sociedade.”
(Lygia Fagundes Telles)
O CONTO A DISCIPLINA DO AMOR, DE LYGIA FAGUNDES
TELLES, DÁ AO LEITOR UMA IDEIA DA GRANDIOSIDADE
DA OBRA DESSA ESCRITORA, QUE ESTENDE, POR MEIO
DAS PALAVRAS, UMA PONTE PARA O PRÓXIMO.
TEXTO 5
Lygia Fagundes Telles
A disciplina do amor
ria dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que Lygia Fagundes Telles
não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se
para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro
já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá- A história desta escultura pode ser real ou
apenas uma lenda urbana, mas ilustra bem
-lo na esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está o conto A disciplina do amor, de Lygia
esperando?... Uma tarde (era inverno) ele ficou lá, o focinho voltado Fagundes Telles.
TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 99-100.
Produção de texto 7 1. Em sua opinião, o conto A disciplina do amor é baseado em fatos reais
ou fruto da imaginação da escritora? Justifique sua resposta com base
nas informações contidas na biografia ou nas palavras de Lygia Fagun-
Fique por dentro des Telles.
Conheça os objetivos dessa proposta de Pessoal. Com base na biografia, é possível que os alunos concluam que Lygia era imaginativa e pode ter
produção de texto:
a) Apropriar-se das características do criado o enredo do conto. Mas, considerando as palavras da escritora, o conto pode estar
gênero biografia.
b) Escrever a biografia de Lygia Fagundes baseado em fatos reais e, nesse caso, ela está escrevendo por quem não pode mais escrever.
Telles.
2. O título do conto é adequado? Por quê?
Dica: biografia Pessoal. Analise com os alunos os constituintes estruturais desse texto. Um conto é um texto
de ficção, conciso e completo. Apresenta uma só célula dramática, uma só ação, um só con-
1. Pesquise informações sobre Lygia Fagun- flito. Seus elementos estruturais são: enredo, ação, tempo, espaço, foco narrativo, personagem
des Telles e selecione as mais relevantes. e recursos de expressão utilizados pelo narrador. Estimule os alunos a criar contos que também
2. Utilize expressões de lugar para situar a tenham como título A disciplina do amor, aplicando esses conhecimentos.
vida da autora.
3. Use expressões com valor temporal para
dar sequência à narrativa. 3. Qual é a função dos parênteses na última parte do texto?
4. Revise seu texto.
Os parênteses são utilizados três vezes nesse conto: na primeira, para interpor um comentário
e, nas duas últimas, para dar informações adicionais. É importante que os alunos observem que
nem o comentário nem as informações são essenciais ao texto e, para não afetar a estrutura
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Proposta 8
O imenso Graça,
um escritor cuja fome sempre foi de justiça
CONHEÇA, AGORA, UM POUCO MAIS SOBRE A VIDA DE
GRACILIANO RAMOS – O IMENSO GRAÇA – E SUA MAIS
FAMOSA OBRA: VIDAS SECAS.
Graciliano Ramos é conhecido pelo apelido
TEXTO 6 “Graça”. Mesmo na crítica literária mais séria,
é comum referir-se ao autor dessa maneira.
CHAUVIN, Jean P.; NEVES, Rodrigo J. R. Vida, literatura e engajamento.Cult, São Paulo, ano 21, p. 29, out.
2018.
TEXTO 7
ABDALA JUNIOR, Benjamin; BARROS, Luzia. Linguagem literária e vida sociocultural. Cult, São Paulo, ano
21, p. 18, out. 2018.
TEXTO 8
36
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1. Antes de fazer parte de Vidas secas , o texto Baleia foi publicado, em Graciliano Ramos
formato de conto, no periódico carioca O Jornal, em 23 de maio de
1937.
Graciliano explica de onde vieram as ideias para escrever uma história
de almas de cachorros e outros bichos semelhantes e matutos:
©Fábio Abreu
nhá Vitória; meus tios pequenos, machos e fêmeas, reduziram-se a dois
meninos. Publicada a história, não comprei o jornal e fiquei dois dias em
casa, esperando que meus amigos esquecessem Baleia.
ALENCAR, Adilma S.; MARQUES, Luciana A. 80 anos de Vidas secas. Cult, São Paulo, ano 21, p. 34, out. 2018.
• Leia o que Graciliano Ramos disse, com certa ironia, sobre seu “bár-
baro pensamento”. É possível afirmar, pela leitura do fragmento do
capítulo Baleia , que o escritor aplicou esse “bárbaro pensamento” na
escrita do texto? Registre suas reflexões nas linhas a seguir e compar-
tilhe sua resposta com um colega. O meu bárbaro pensamento é este:
um homem, uma mulher, dois
É esperado que os alunos concluam que sim. Nesse trecho, assim como no romance, meninos e um cachorro, dentro de
uma cozinha, podem representar
muito a humanidade. E ficarei
existem um homem, uma mulher, dois meninos e um cachorro, que podem representar
nisso, enquanto não me provarem
que os arranha-céus têm alma.
a humanidade.
RAMOS, Graciliano. Cult , out. 2018.
Entrevista.
Nesse fragmento do capítulo Baleia, do romance Vidas secas, é possível observar que
( X ) o estilo antipoético de Graça alcança um estado de poesia.
( X ) os personagens são rudes, brutos.
( X ) os personagens são quase mudos, especialmente Fabiano.
( X ) a cachorra Baleia é humanizada.
( X ) as relações humanas têm mais voz que a paisagem retratada.
3. Qual é a função sociocomunicativa dos textos biográficos, como os apresentados neste
capítulo?
De acordo com o biógrafo Lira Neto, autor de Getúlio, uma biografia tem a função de levar a público a história de vida de
personagens reais deliciosamente imperfeitos diante das vicissitudes de uma vida. Biografias são, em geral, fascinantes, porque
o público gosta de saber sobre embates, fracassos e vitórias vividos nas existências alheias. É provável que essa fascinação
esteja relacionada à singularidade da vida, que é “una, indivisível, irrepetível, intransmissível. O fascínio pelo Uno é ancestral
está inteiramente isolada, fechada. As biografias também podem estar relacionadas a exemplos sociais, artísticos, etc. do
biografado.
38 Livro de atividades
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5. Com base no trecho apresentado ou no romance inteiro, caso a lei- Esperamos que você se sinta
tura tenha sido realizada, elabore uma linha do tempo sobre a vida da motivado a ler o romance Vidas
cachorra Baleia: onde e quando ela nasceu, como foi parar na família de secas . Depois de conhecerem a
Fabiano, quais as circunstâncias de sua morte, etc. Caso você tenha lido autobiografia da cachorra Baleia,
apenas o trecho, precisará imaginar outros momentos importantes da criada por você, é possível que
vida do animal. Ilustre cada cena, mantendo-se coerente com o que foi outros leitores se animem a ler
narrado. a obra.
Dica: autobiografia da
cachorra Baleia
1. Releia as informações da linha do tempo
e pesquise outros textos sobre a cachorra
Baleia.
2. Utilize, predominantemente, verbos na
primeira pessoa do singular.
3. Organize, por escrito, as informações
relevantes em sequência.
4. Peça a um colega que avalie sua produ-
ção, dando-lhe sugestões para melhorá-
-la. Faça o mesmo com o texto do colega.
40 Livro de atividades
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Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Artigo de opinião (Paráfrase)
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte
2 Livro de atividades
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Avaliação do Avaliação do
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Artigo de opinião
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte
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Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Artigo de opinião
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte
6 Livro de atividades
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Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Artigo de opinião
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte
8 Livro de atividades
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Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Autobiografia
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte
10 Livro de atividades
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Avaliação do Avaliação do
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Relato autobiográfico
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte
12 Livro de atividades
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Avaliação Avaliação do
do aluno professor
Biografia
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte
4. Há expressões temporais?
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Avaliação do Avaliação do
aluno professor
Autobiografia
Em Em
Sim Não Sim Não
parte parte
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