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APRENDIZAGEM
PROFESSOR
Dr. Weslei Jacob
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O SEU LIVRO
NA VERSÃO
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EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
FICHA CATALOGRÁFICA
Coordenador(a) de Conteúdo
Waleria dos Santos Leonel
Projeto Gráfico e Capa
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho Núcleo de Educação a Distância. JACOB, Weslei .
e Thayla Guimarães
Neurociência e Aprendizagem.
Editoração Weslei Jacob.
Henrique Coppola Cole
Design Educacional Maringá - PR.: UniCesumar, 2020.
Patrícia Peteck 152 p.
Revisão Textual “Graduação - EaD”.
Nágela Costa 1. Neurociência 2. Aprendizagem. EaD. I. Título.
Cintia Prezoto Ferreira
Érica Fernanda Ortega
Ilustração
Welington Vainer CDD - 22 ed. 612.82
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Fotos Impresso por:
Shutterstock
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- são, que é promover a educação de qua-
versão integral das pessoas ao conhecimento. lidade nas diferentes áreas do conheci-
Reitor
Wilson de Matos Silva
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
http://lattes.cnpq.br/9792821644478744
A P R E S E N TA Ç Ã O DA DISCIPLINA
NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
Prezado(a) aluno(a), este material didático pretende levar até você, de modo simples e esclarecedor,
os conhecimentos relacionados à Neurociência e a Aprendizagem, um novo campo de estudo que
desvenda os mistérios da mente, cotidianamente. A neurociência está associada à aprendizagem hu-
mana bem como a todas as estratégias e intervenções que possam ampliar a aquisição e a retenção
de informações, por parte do aprendiz.
As cinco unidades propostas neste livro permitirão que você desfrute, compreenda e aplique os
conhecimentos acerca do estudo das bases neurológicas que interferem, de modo positivo ou nega-
tivo, na aprendizagem humana. Tudo que sabemos ou conhecemos se armazena dentro de sofisti-
cadas estruturas plásticas, em nosso cérebro. Tais componentes neurológicos permitem uma vasta
comunicação e integração entre todo nosso encéfalo e organismo, por meio de estímulos neurais.
Resumidamente, aprender é fazer melhor a cada nova tentativa.
Na Unidade 1, abordaremos os princípios da neuroanatomofisiologia do cérebro, desde sua estrutura
até a organização do sistema nervoso. Aqui, discutiremos os diferentes aspectos sobre as trocas de
informações entre as células. Para tanto, é necessária a apresentação da disposição neuronal, os
potenciais de membrana e de ação, bem como o mecanismo sináptico, elucidando toda a transmissão
de informações entre células nervosas ou tecidos-alvo.
No transcorrer da Unidade 2, faremos uma viagem evolutiva dos estudos sobre o cérebro até o
desenvolvimento da mente e do comportamento humano. Neste momento, explanaremos e discu-
tiremos as mudanças notórias percebidas, em especial, nas duas primeiras décadas de vida. Nota-se,
sobretudo, essa abordagem desenvolvimentista nas dimensões internas dos seres humanos, as quais
sustentam a aprendizagem e o comportamento.
A aprendizagem é um construtor de formação de memórias. Sobre ela, então, falaremos na Unidade 3.
Formar memórias é adquirir, difundir ou modificar novas experiências ao realizar associações referentes
aos conhecimentos já armazenados. Nessa unidade, discutiremos, ainda, os conceitos de neuroplastici-
dade e como o humor pode ser uma excelente estratégia para formação de novas memórias.
Ao longo de toda a Unidade 4, elucidaremos, por meio da tríade de aprendizagem, os conceitos e
aplicações das funções cognitivas, executivas e primitivas dos seres humanos. Abordaremos os as-
pectos cognitivos relacionados ao nosso intelecto, nossos pensamentos e nossas memórias, os quais
poderão ser facilitadores, ou não, no processo de aquisição de aprendizagens.
Por fim, na Unidade 5, apresentaremos a você os elementos associados à neuroeducação, os quais
se relacionam, diretamente, à aplicação da neurociência em todos os contextos de nossas vidas,
em especial, na sala de aula. Para finalizar esse material, discutiremos as formas de aprendizagem,
as técnicas para melhorar a aquisição de informações e a proposição de estratégias pedagógicas
eficientes, as quais facilitarão o desenvolvimento de atividades que consideram, acima de tudo, o
funcionamento neurológico harmonioso.
Espero que você aproveite esse material e que sua utilização possa permitir, de forma autônoma,
alcançar o êxito em sua intervenção profissional.
ÍCONES
pensando juntos
explorando ideias
quadro-resumo
conceituando
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conecte-se
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01
8 UNIDADE 02
42
PRINCÍPIOS DA BASES
NEUROANATOMOFISIOLOGIA: NEUROLÓGICAS E
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO APRENDIZAGEM
DO SISTEMA NERVOSO
UNIDADE 03
68 UNIDADE 04
90
APRENDIZADO E COGNIÇÃO E FUNÇÕES
MEMÓRIAS EXECUTIVAS
UNIDADE 05
115 FECHAMENTO
144
CONCLUSÃO GERAL
NEUROEDUCAÇÃO
1
PRINCÍPIOS DA
NEUROANATOMOFISIOLOGIA:
ESTRUTURA E
ORGANIZAÇÃO
do sistema nervoso
PROFESSOR
Dr. Weslei Jacob
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Subdivisão Anatômica do Sis-
tema Nervoso • Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico • Sistema Nervoso Autônomo •
Potenciais de membrana e potenciais de ação • Sinapse.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introduzir conteúdos sobre a subdivisão anatômica do sistema nervoso • Apresentar a subdivisão e as
funções do sistema nervoso central e periférico • Aprender a função do sistema nervoso autônomo •
Entender os mecanismos de transporte, por meio da membrana: seus potenciais de ação • Aprender
o funcionamento sináptico para a transmissão de informações neurais.
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), esse material didático pretende levar a você, de modo esclarece-
dor, os conhecimentos relacionados à neurociência e à sua relação com a aprendiza-
gem, área de conhecimento que discutiremos, ao longo de todo material.
ANATÔMICA
do sistema nervoso
Descrição da Imagem: é observado a subdivisão do sistema nervoso em sistema nervoso central e periférico.
O sistema nervoso central se subdivide em encéfalo e medula espinal. O encéfalo se ramifica em cérebro,
cerebelo e tronco encefálico, este último é formado por mesencéfalo, ponte e bulbo. O sistema nervoso
periférico, por sua vez, é composto por 12 pares de nervos cranianos, 31 pares de nervos raquidianos e as
terminações nervosas.
Medula Espinal
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: verifica-se na imagem a ilustração de um ser humano em posição anatômica com o
sistema nervoso evidenciado. São apresentados o cérebro e medula espinal como componentes do sistema
nervoso central. Observa-se no sistema nervoso periférico os nervos cranianos e espinais, gânglios, plexos
entéricos no intestino delgado e os receptores sensoriais da pele.
Para que seja possível o controle das funções musculares e metabólicas, o sistema
nervoso conta com uma complexa rede de neurônios que somam, aproximadamen-
te, 90 bilhões de unidades (PIVETTA, 2008). Evidentemente, a maior parte desses
neurônios está localizada no encéfalo, mais especificamente no cérebro, uma das
mais importantes estruturas neurológicas existentes. A composição do encéfalo,
ainda, conta com cerebelo e tronco encefálico, este, por sua vez, apresenta uma nova
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subdivisão, mesencéfalo, ponte e bulbo. Observe a Figura 3, a seguir, que está em um
UNIDADE 1
corte no plano sagital (separa o corpo em duas metades iguais). Nesta ilustração, é
possível perceber as estruturas que organizam e compõem o encéfalo; nela, podem
ser observados o cérebro, cerebelo, tronco encefálico e a medula espinal.
Descrição da Imagem: são apresentadas duas imagens cortadas no plano sagital, dividindo o encéfalo em
duas metades iguais para que seja possível ver as estruturas neurológicas mediais. A primeira imagem apre-
senta o diencéfalo, tálamo, hipotálamo, glândula pineal (parte do epitálamo). Verifica-se ponte, bulbo e me-
sencéfalo que compõem o tronco encefálico. Se observa ainda cerebelo, medula espinal, cérebro e a hipófise.
A segunda imagem retrata praticamente as mesmas estruturas, com diferença apenas no tipo de ilustração.
Figura 3 - Vista do plano sagital do sistema nervoso central / Fonte: Tortora e Nielsen (2019, p. 622).
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Agora, com esse pequeno conhecimento a respeito das subdivisões do encéfalo,
UNICESUMAR
acrescentado ao que você já sabe sobre a medula espinal, será formada uma das
mais importantes regiões de estudos e análises dentro da neurociências: o sistema
nervoso central (SNC). O sistema nervoso, em sua subdivisão, ainda, conta com
o sistema nervoso periférico (SNP), composto por nervos cranianos, que são
ligados ao encéfalo, e nervos raquidianos ou periféricos, que ficam conectados à
medula espinhal, terminações nervosas e gânglios.
Para explicar melhor, os nervos têm a função de levar informações do encéfalo
até os tecidos periféricos, como os músculos. Quando isso ocorre, podemos afirmar
que esses nervos apresentam características motoras ou eferentes. As glândulas e os
adipócitos também respondem a ações de comando emitidas pelo SNC. Por outro
lado, se as informações são levadas da periferia corporal para serem processadas no
sistema nervoso, denominamos de nervos sensitivos ou aferentes. É bem verdade
que existem nervos que realizam as duas funções, tanto de levar para processamen-
to encefálico, como disparar informações para resultar em atividades diversas de
nosso organismo. Esses são denominados nervos do tipo misto.
Existem 12 tipos de nervos cranianos, cada um com uma função específica,
conforme apresentado no quadro a seguir:
cabeça e do pescoço, com exceção no nervo vago X. A medida que esses nervos
são encaminhados aos tecidos alvos espalhados em todo o corpo humano, eles
se ramificam, ficando cada vez menores.
Imagino que você deve estar preocupado com essas relações com anatomia
humana e seus exercícios de memorização. Para tanto, peço que faça a seguinte
reflexão: se os nervos cranianos estão intimamente ligados ao encéfalo, em qual
ponto de nosso organismo estão localizados os nervos raquidianos ou periféri-
cos? A resposta é: junto a nossa medula, nossa coluna vertebral.
Os 31 pares de nervos raquidianos são originados a partir da medula espinal
e distribuídos pelas vértebras que unidas formam a coluna vertebral. Mas para
conseguir explicar a você, acompanhe meu raciocínio: uma vértebra de nossa co-
luna está posicionada de tal modo, que existirá uma saída para nervos, localizada
na face anterior, mais próxima de nosso abdômen, e outra posterior, posicionada
em direção às nossas costas. Pois bem, agora, ficou fácil, já que em uma mesma
vértebra duas porções de nervos surgirão: os nervos motores, responsáveis pelos
movimentos teciduais, que emanam da saída anterior de cada vértebra, e os ner-
vos sensitivos, que partem da parte posterior de cada estrutura vertebral.
Agora, você deve se perguntar: o que são as terminações nervosas e os gân-
glios? Pois bem, as terminações nervosas são a parte final de um nervo, local onde
trocas de informações ocorrerão, com um tecido alvo ou mesmo com outros
nervos. Além disso, as terminações nervosas integram o organismo com o am-
biente por meio de receptores localizados na superfície corporal, os quais captam
estímulos luminosos, olfativos, gustativos, de temperatura, de pressão, táteis e de
dor. Já os gânglios são agregados de corpos celulares de neurônios localizados
fora do sistema nervoso central.
Para elucidar melhor a você o que é um gânglio neuronal, imagine que existe um
neurônio que emana de nosso encéfalo e percorre nossa coluna. Imagine-o inteiriço,
que começa em nossa cabeça e se prolonga até nossa coluna. Agora, imagine outro
neurônio/nervo, que inicia em nossa coluna e se prolonga até um músculo. Pois
bem, os gânglios são formados por redes complexas de corpos celulares de neurô-
nios, os quais conectam diferentes partes do corpo, por exemplo o SNC e o SNP.
Caríssimos(as), para continuarmos aprofundando os conhecimentos sobre
o sistema nervoso, a aula seguinte elucidará aspectos relacionados ao sistema
nervoso central e ao sistema nervoso periférico.
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2
SISTEMA NERVOSO CENTRAL E
UNICESUMAR
SISTEMA NERVOSO
periférico
UNICESUMAR
sentir ou ouvir e, ainda assim, algum movimento ocorreu, é reflexo. Por exemplo,
piscamos sem pensar quando há poeira entrando nos olhos; se eu jogo um estojo
em você e, em reposta, você desvia, com velocidade ou tempo de reação, ou, ainda,
você viu o estojo e tomou uma decisão de segurá-lo ou desviar dele, a análise foi
em nível superior e não medular.
Agora está fácil de explicar o nível três: cortical ou cerebral superior, este
processa tudo voluntariamente, como análises de questões de prova; a busca em
nossas memórias diversas e respostas para solucionar os problemas cotidianos
apresentados etc.
Para finalizar os três níveis, falta-nos esclarecer o funcionamento do nível
dois, cerebral inferior ou, se preferir, pode interpretá-lo como nível subcons-
ciente ou primitivo, localizado na base do encéfalo (GUYTON; HALL, 2011).
Uma pergunta rápida: está pensando para respirar nesse momento ou alterar sua
pressão arterial? Não, é claro que não. Essa ação, entretanto, está constantemen-
te acontecendo e pode ser definida como o controle subconsciente que ocorre,
principalmente, ao nível do bulbo e da ponte. O controle do equilíbrio é função
combinada de partes mais antigas do cerebelo com a substância reticular do
bulbo, ponte e mesencéfalo.
Os reflexos de alimentação, tais como a salivação em resposta ao sabor dos
alimentos e o lamber dos lábios, são controlados por centros localizados no bulbo,
ponte, mesencéfalo, amígdala e hipotálamo. Da mesma forma, muitas respostas
emocionais, tais como a raiva, a excitação, as atividades sexuais, a reação à dor
ou ao prazer podem ocorrer em animais sem córtex cerebral (LENT, 2013; MA-
CARDLE; KATCH; KATCH, 2015).
Assim, cada região do sistema nervoso apresenta capacidades de processa-
mento e funções específicas. Diversas funções são originárias do subconsciente,
ou seja, das regiões encefálicas inferiores. Outras são desenvolvidas ou integradas
pela medula espinal, sobretudo, a região cortical, de nível superior que apresen-
tará ampla capacidade de processamento e funcionalidade, permitindo acesso
ao mundo do pensamento.
Caro(a) aluno(a), é bem verdade que, até aqui, apresentamos em grande parte
o SNC e, ainda, precisamos esclarecer aspectos referentes ao SNP, mesmo que
nas entrelinhas dos parágrafos anteriores isso já tenha ocorrido. Diferentemente
do SNC, que é compactado em uma massa tecidual bastante densa e complexa,
o SNP é disperso em nosso organismo, por prolongamentos neuronais denomi-
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nados de nervos, além de contar com corpos celulares agregados, que fora do
UNIDADE 1
3
SISTEMA NERVOSO
AUTÔNOMO
Tal como vimos, até aqui, anatomicamente, o sistema nervoso é composto por
SNC e SNP. Funcionalmente, o SNP é subdividido em sistema nervoso somático
e sistema nervoso autônomo (SNA). O sistema nervoso somático é responsável
pela inervação da pele, músculos e articulações; por outro lado, o SNA é respon-
sável pela inervação sensitiva das vísceras, controle motor dos músculos lisos e
glândulas exócrinas.
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O SNA é parte funcional importante do sistema nervoso, auxiliando no con-
UNICESUMAR
trole da homeostase corporal. Esta tarefa de buscar o equilíbrio constante do
funcionamento corporal ocorre de modo autônomo e independente da nossa
mente consciente, desse modo, raramente percebemos seu funcionamento (PAR-
KER, 2014). O SNA é ativado pela medula espinal, tronco cerebral e hipotálamo.
Também pode operar por reflexos viscerais (subconsciente), além do córtex, que
pode influenciar diretamente em seu controle (GUYTON; HALL, 2017).
O funcionamento do SNA ocorre por meio de respostas involuntárias, po-
dendo acontecer de maneira imediata ou duradoura, e enviar comandos a três
destinos principais: músculos lisos de diversos órgãos e vasos sanguíneos, mús-
culo cardíaco e algumas glândulas (PARKER, 2014). Resumidamente, atua dire-
tamente sobre as funções vitais do corpo humano, com a capacidade de dobrar
a frequência cardíaca em menos de cinco segundos, também pode se elevar a
pressão arterial a níveis alarmantes ou reduzi-la em segundos a ponto de levar o
indivíduo ao desmaio. Também é assim para a sudorese, esvaziamento da bexiga
etc. (GUYTON; HALL, 2017).
Percebeu algo no controle involuntário do SNA? Ele apenas dispara infor-
mação eferente, efetora ou motora e, de acordo com a necessidade corporal, irá
disparar da medula espinal para os tecidos alvos. Para tanto, existe uma nova
subdivisão. Prometo a vocês que essa é bem fácil de se compreender: o SNA é
subdividido em Sistema Nervoso Autônomo Simpático e Sistema Nervoso Au-
tônomo Parassimpático (GUYTON; HALL, 2017; PARKER, 2014).
Essas duas porções do SNA atuam, de maneira antagônica, uma relação de
“puxa-empurra”, conforme se observa nas Figuras 4 e 5, as quais demonstram
o controle simpático e parassimpático, respectivamente. Isso significa que elas
atuam sobre os mesmos tecidos, porém de formas opostas, estimulando ou ini-
bindo a salivação, dificultando ou facilitando o aporte de oxigênio para os pul-
mões, estimulando ou inibindo a atividade gastrointestinal etc. (GORDO, 2014;
DARIO et al., 2016; FERREIRA et al, 2017). Vale ressaltar, aqui, que ambos os
sistemas, sempre, estão atuando; a intensidade, no entanto, da ativação de cada
um deles se modifica (PARKER, 2014; SILVERTHORN, 2017).
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Descrição da Imagem: observa-se na figura o sistema nervoso autônomo simpático, evidenciando um es-
UNIDADE 1
quema que se inicia no encéfalo e se prolonga até o cóccix, no final da medula espinal. No esquema, são
representados os neurônios pré-ganglionares com linhas contínuas (os nervos emanam da região torácica e
lombar) e os neurônios pós-ganglionares com linhas pontilhadas. Fica evidenciado a distribuição e atividade
dos neurônios pós-ganglionares sob músculos lisos, vasos sanguíneos e glândulas dos seguintes órgãos: olhos,
coração, pulmão, fígado, rins, estômago, intestino delgado, órgãos genitais e outras estruturas fisiológicas são
alvo da parte simpática do sistema nervoso autônomo.
Figura 4 - Sistema Nervoso Autônomo Simpático / Fonte: Tortora e Nielsen (2019, p. 678).
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Descrição da Imagem: na figura o sistema nervoso autônomo parassimpático, evidenciando um esquema que
UNICESUMAR
se inicia no encéfalo e se prolonga até o cóccix, no final da medula espinal. No esquema, são representados os
neurônios pré-ganglionares com linhas contínuas (surgem especialmente do encéfalo e da região sacral ao final
da medula espinal) e os neurônios pós-ganglionares com linhas pontilhadas. Fica evidenciado a distribuição e
atividade dos neurônios pós-ganglionares sob músculos lisos e glândulas dos seguintes órgãos: olhos, coração,
pulmão, fígado, rins, estômago, intestino delgado, órgãos genitais e outras estruturas fisiológicas são alvo da
parte parassimpática do sistema nervoso autônomo.
Figura 5 - Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático / Fonte: Tortora e Nielsen (2019, p. 681).
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Vamos exemplificar: imagine que você deve realizar a apresentação de um im-
UNIDADE 1
pensando juntos
Caro(a) aluno(a), se ainda não ficou claro essa atividade antagônica entre as duas
divisões do SNA, apresento a você algumas alterações fisiológicas que ocorrem
diante da atuação dos sistemas simpático e parassimpático. Em momentos de
estresse, o SNA Simpático promove aumento da frequência cardíaca, taquipnéia,
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vasodilatação músculo-esquelética, vasoconstrição visceral, ativação das glân-
UNICESUMAR
dulas sudoríparas, dilatação da pupila (midríase), entre outros. Por outro lado,
quando o SNA Parassimpático é mais atuante, acontece o oposto, a frequência
cardíaca diminui, ocorre bradipneia, fechamento da pupila etc.
Por se tratar de um mecanismo neuronal que estimula, especificamente, os
tecidos corporais para que estes atuem, é fundamental a liberação de neurotrans-
missores, entre neurônios ou tecidos alvos. Desse modo, devemos pensar em ace-
tilcolina, liberado em fibras colinérgicas e, por outro lado, associa norepinefrina
e epinefrina (adrenalina) para as fibras adrenérgicas (GUYTON; HALL, 2017).
Para entendermos melhor, no penúltimo parágrafo da primeira aula desta uni-
dade, apresentamos um exemplo para explicar o que eram gânglios. Volte a esta
ideia: imagine neurônios deixando o SNC e chegando a um gânglio (agregados de
corpos celulares de neurônios localizados fora do sistema nervoso central). Eles são
chamados de neurônios pré-ganglionares. Existem também aqueles neurônios que
deixam os gânglios e se conectam aos tecidos corporais, como o coração, esses são
denominados neurônios pós-ganglionares (SILVERTHORN, 2017; CURI, 2017).
Agora, é possível utilizar os exemplos dessa aula e compará-los a situações de
conhecimentos prévios. A adrenalina, com base em seu conhecimento, excita ou
relaxa? Ela é extremamente excitante e, sobretudo estimulante. Desse modo, ao
secretar adrenalina, nosso organismo espera estresse fisiológico, pelo menos sobre
os tecidos alvos envolvidos. Posto isso, sempre que forem liberadas norepinefrina
ou epinefrina, fazemos referência aos neurônios pós-ganglionares simpáticos. Por
outro lado, neurônios pré-ganglionares parassimpático e simpático, bem como os
pós-ganglionares parassimpáticos, liberam o neurotransmissor acetilcolina. Por
essa razão, são denominados fibras colinérgicas. Vale ressaltar que a acetilcolina,
assim como os neurotransmissores adrenais, também, é excitatória. No entanto,
para as ações mencionadas, em especial para a atividade parassimpática, a ace-
tilcolina apresenta função de redução das atividades do organismo.
Aluno(a), como já deve ter percebido, ao longo desta unidade, os conheci-
mentos acerca do Sistema Nervoso são fascinantes, mas extremamente amplos
e complexos, de tal modo que vale a pena se aprofundar mais sobre a temática.
Certamente, isso o ajudará muito profissionalmente. Para continuar nosso enten-
dimento sobre o funcionamento neurológico, na aula, a seguir, apresentaremos a
você conhecimentos referentes aos potenciais de membrana e potenciais de ação.
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4
POTENCIAIS DE
UNIDADE 1
MEMBRANA E
potenciais de ação
UNICESUMAR
eles são evidenciados o corpo celular, dendritos, zona-gatilho, axônio, bainha de mielina e terminação axônica.
para o neurônio unipolar também são apresentados os prolongamentos periféricos e central.
Figura 7 - Vias de transporte através da membrana celular / Fonte: Guyton e Hall (2017, p. 46).
UNICESUMAR
separa o meio intracelular e extracelular. São observadas proteínas e carboidratos invaginados na membrana.
potássio, em que a célula retira três íons de NA+ e devolve dois íons de K+ para o
meio intracelular. Existe, ainda, o transporte ativo secundário e suas subdivisões
de co-transporte e contra-transporte.
Caríssimos(as), após essas informações prévias, podemos explorar a geração
de um potencial elétrico. Quando um neurônio se encontra em repouso, ou seja,
com seu potencial de membrana em -90mV, com elevadas concentrações de K+
dentro da célula e maior concentração de NA+ fora da célula, denomina-se a célula
de polarizada, pronta para ser estimulada a processar ou enviar algum comando.
Assim, como mencionamos nos parágrafos anteriores, os íons de NA+ em alta
concentração, no meio extracelular, buscarão a entrada para o meio intracelular,
carregando com eles cargas positivas. Considerando que a célula, em seu estado
de repouso normal, é predominante negativa, como ficaria essa relação? Com a
entrada do NA+ a célula ficará momentaneamente positiva. À medida que estes
íons atravessam a membrana e a negatividade intracelular começa a ser perdida,
levando a célula a aproximadamente -70mV de tensão, um limiar para a abertura
de diversos canais de voltagem dependentes de sódio se abrem, permitindo gran-
de entrada desse soluto, ao ocasionar uma elevação da polaridade da membrana
para aproximadamente +35mV. Este momento é denominado de despolarização
da membrana ou, em outras palavras, estímulo, comando ou eletricidade.
Ao considerar que esse potencial positivo prejudicaria a atividade celular, à
medida que os canais de sódio começam a se fechar pela própria positividade
que está sendo gerada, canais de voltagem dependentes de potássio se abrem,
permitindo evasão dos íons de K+ para o exterior da célula. Como esses íons
carregam cargas positivas, internamente a célula voltará a ficar negativa, evento
denominado como repolarização. No entanto a condutância (velocidade de con-
dução do íon pelo canal) dos canais de NA+ é maior quando comparada ao K+
e, desse modo, os canais de potássio são mais lentos para abrir e, também, para
fechar. Por essa razão, a célula fica hipernegativa, por volta de -105mV, período
conhecido como hiperpolarização da célula.
Agora, reflita um pouco: se o NA+ entrou e o K+ saiu, esses íons estão inver-
tidos. Então, como eles retornarão aos seus devidos locais de permanência? Por
meio do transporte ativo primário, via bomba de sódio/potássio, que será res-
ponsável por reorganizar esses solutos e devolver a célula o equilíbrio necessário.
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5
UNICESUMAR
SINAPSE
explorando Ideias
No mundo animal, existem dois tipos de sinapses: químicas e elétricas. As sinapses quí-
micas dependem de uma substância neurotransmissora que atua sobre receptores loca-
lizados na membrana do neurônio seguinte. Existem mais de 40 substâncias conhecidas
e essa troca de informação ocorre em sentido unidirecional. Por outro lado, as sinapses
elétricas são caracterizadas por canais diretos que conduzem eletricidade de uma célula
para outra, sem a necessidade dos neurotransmissores e seus respectivos receptores,
desse modo, é possível transmitir informações nos dois sentidos da célula.
Fonte: Guyton e Hall (2017, p. 575).
Caro aluno(a), como tudo que se remete à neurofisiologia depende de bases mais
técnicas, essa comunicação neuronal pode ocorrer entre dois neurônios, ou mi-
lhares deles, simultaneamente. Gostaria que, ao pensar em sinapse, fizesse a se-
guinte relação: sinapse é o ato de comunicar, fofocar, passar adiante, assim como
é feito em uma simples brincadeira infantil, o “telefone sem fio”.
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Observe a Figura 10 apresentada na sequência. Existem, na imagem, dois
UNICESUMAR
neurônios. O final do primeiro neurônio é denominado como botão pré-sináp-
tico e o início do segundo neurônio como pós-sináptico. No botão pré-sinápti-
co, existem pequenas bolsas, chamadas de vesículas sinápticas, que armazenam
neurotransmissores, estruturas de comunicação, ou seja, os transmissores de in-
formação. No botão pós-sináptico, existem receptores que receberão os neuro-
transmissores. Por fim, no meio intracelular existem muitos íons de K+ e no meio
extracelular existem NA+ e cálcio (Ca²+) (BARRETT et al., 2014).
Descrição da Imagem: a imagem retrata uma ilustração da sinapse química, a qual inicia no neurônio pré-
-sináptico em direção à terminação nervosa. No botão terminal sináptico, são visualizados os íons de Ca²+
atravessando seus respectivos canais voltagem dependentes. Visualiza-se, ainda, as vesículas sinápticas con-
tendo neurotransmissores. Após a fenda sináptica, é observado o neurônio pós-sináptico com seus receptores
recebendo os neurotransmissores que regulam a propagação do impulso nervoso.
31
Após a geração de um impulso nervoso (potencial de ação), uma descarga elétrica irá
UNIDADE 1
32
Caro(a) aluno(a), para facilitar seu entendimento e construir conhecimento
UNICESUMAR
de modo mais eficiente, deixo a você um resumo desse mecanismo sináptico:
a) Chega o potencial de ação.
b) Abertura dos canais voltagem dependentes de cálcio.
c) Ativação das vesículas secretórias que contêm neurotransmissores em
direção à membrana pré-sináptica.
d) Exocitose, liberação do neurotransmissor no espaço sináptico.
e) Neurotransmissor se liga com as proteínas situadas no botão pós-sináptico.
f) Uma enzima irá catalisar a reação (quebra do neurotransmissor).
g) Abrem-se os canais de NA+.
h) Início de um novo potencial de ação.
i) Neurotransmissores voltam para o botão pré-sináptico para serem
reaproveitados.
explorando Ideias
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 1
34
na prática
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I e IV.
d) II e III.
e) II, III e IV.
35
na prática
3. Os sinais eferentes do Sistema Nervoso Autônomo são transmitidos pelo Sistema Nervo-
so Simpático (SNS) e Sistema Nervoso Parassimpático (SNP). Em relação à atuação desses
dois sistemas em nosso organismo, assinale a alternativa correta.
36
na prática
5. Os tecidos alvo são inervados por diversas terminações nervosas, que se originam de
neurônios. Para que a informação seja repassada adiante, faz-se necessário um mecanis-
mo para transmissão de impulsos elétricos, um processo denominado sinapse química.
Em relação ao processo sináptico, assinale a alternativa correta.
37
na prática
6. Para que potenciais de ação sejam transmitidos de um neurônio para outro neurônio, ou
de neurônios para tecidos alvos, são necessárias sinapses, as quais possibilitam a conti-
nuidade da transmissão das informações neurais. Em relação ao mecanismo sináptico,
analise as afirmativas a seguir.
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I e IV.
d) II e III.
e) II, III e IV.
38
aprimore-se
Assim como o vírus da febre amarela, dengue e febre do Nilo Ocidental, o vírus Zika é um flavi-
vírus transmitido por artrópodes e, principalmente, pela picada do mosquito Aedes. Esse vírus
que pode ser encontrado em secreções corporais, também pode ser transmitido via placentá-
ria, por via sexual ou por hemotransfusão.
Indivíduos infectados podem apresentar febre, artralgia, exantema, cefaléia e/ou mialgia,
mas a maioria das infecções é assintomática. Além das anomalias congênitas, a infecção pelo
vírus Zika está associada à síndrome de Guillain-Barré.
Já existe, no Brasil, casos confirmados, que além de apresentar a microcefalia, bebês infecta-
dos podem apresentar outras alterações neurológicas. Deste modo, é fundamental a realização
de exame de imagem na 18ª semana de gestação em caso de suspeita de infecção por Zika.
Um estudo realizado com gestantes encaminhadas ao Serviço de Medicina Fetal do Instituto
Paraibano de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto no Brasil, entre outubro de 2015 e feve-
reiro de 2016, constatou comprometimento neurológico em todos os casos de microcefalia, com
padrão comum de atrofia cerebral e modificações associadas a distúrbios da migração neuronal.
De acordo com o Dr. Amilcar Tanuri, o Zika induz leões muito específicas, com diferenças na
gravidade do quadro, o qual pode ser determinado pelo local de replicação do vírus. Quando
atinge estruturas importantes, como tronco cerebral ou cerebelo, as consequências são maio-
res do que se o vírus se replicar no córtex, podendo levar à morte. Ainda, não está claro os
fatores que determinam o local de replicação do vírus.
A pesquisa indica que “o que parece ser universal é o fato da microcefalia não ser um achado
isolado, mas sim consequência de várias lesões cerebrais”, escrevem os autores. “Restrição de
crescimento e outros comprometimentos, como alterações oftalmológicas, foram observadas
nos recém-nascidos. De fato, constatamos a existência de ventriculomegalia acentuada poden-
do repercutir para a microcefalia observada na maioria dos pacientes”.
O Dr. Amilcar Tanuri salienta a importância da ultrassonografia no terceiro trimestre da
gestação “para notificar, isolar ou identificar os bebês/fetos (infectados)”.
39
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livro
conecte-se
40
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filme
conecte-se
41
2
BASES
NEUROLÓGICAS
e aprendizagem
PROFESSOR
Dr. Weslei Jacob
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Evolução do estudo do cérebro •
Introdução à teoria neuronal • Neurônios em rede • Neuroplasticidade cerebral • Desenvolvimento da
mente e do comportamento.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Apresentar a origem e a evolução dos estudos relacionados à atividade cerebral. • Elucidar os conceitos
sobre teoria neuronal • Proporcionar ao aluno o entendimento e a contextualização do funcionamento
neurológico na aprendizagem em rede • Aprender sobre o remodelamento neuronal e sua relação com
a aprendizagem • Relacionar as tomadas de decisão e a qualidade das ações com o amadurecimento
neurológico.
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), o cérebro é alvo de estudos, desde o século IV d.C. e, por se tratar de
um momento histórico, em que a igreja era protagonista em praticamente tudo, áreas
neurológicas “vazias” eram consideradas a morada da alma. Essa ideia estendeu-se
por diversos séculos, fortalecendo a crença de que, em pontos do cérebro, a alma
humana era armazenada. Mais tarde, com o avanço dos estudos neurológicos e da
tecnologia, o mapeamento das operações mentais descartou a existência da alma em
qualquer local do sistema nervoso.
ESTUDO
do cérebro
Caro(a) aluno(a), ao refletirmos sobre neurociência, o que essa temática nos su-
gere? Se fragmentarmos a palavra em neuro + ciência, temos como resultado, o
estudo do cérebro. Se ampliarmos essa definição, a neurociência é um conjunto
de disciplinas que estudam o funcionamento do sistema nervoso. Diversas são
as teorias sobre o início dos estudos a respeito das funções mentais no cérebro
humano. Acredita-se que uma das mais antigas seja do século IV d.C., com ideias
defendidas por influência do clero (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). Ago-
ra, reflita comigo: de acordo com os conhecimentos adquiridos, ao longo da sua
vida, independentemente das suas crenças religiosas, foi lhe ensinado que nós,
seres humanos, viemos para esse mundo para pregar o bem. Desse modo, se assim
o fizermos, nossa alma transcenderá e iremos para o céu.
pensando juntos
Se a relação corpo e alma é presente até os dias atuais para a maioria das pessoas, em
qual local está localizada a alma no corpo humano?
44
Posto isso, volte ao início do parágrafo anterior: se o clero auxiliou nas definições so-
UNICESUMAR
bre o estudo do cérebro, admitia-se, naquela época, que dentre as três áreas cerebrais
conhecidas, uma delas era a morada da alma. Fica evidente que essa doutrina de três
ventrículos cerebrais (anterior, mediano e posterior) se prolongou ao longo dos sécu-
los, descrita e defendida por diversos autores, como Leonardo da Vinci, St. Agostinho
e Thomas Willis, que propuseram esquemas sobre as funções mentais (LENT, 2013).
Com a evolução de diversos conhecimentos sobre anatomia e fisiologia do
cérebro humano e com a descoberta do córtex, que originava a cognição humana,
ocorreu a ruptura com a doutrina ventricular que já durava mais de mil anos.
Ocasionou-se, então, o nascimento da neurociência, a partir das ideias de Franz
Gall, no século XIX (KANDEL, 2014; BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017).
Gall acreditava que o cérebro produzia comportamentos, pensamentos e
emoções em áreas/órgãos com funções bem definidas, postulando, em 1810, as
27 faculdades “afetivas e intelectuais”, as quais, mais tarde, seriam ampliadas para
35, por seu discípulo Johann Spurzheim, essas são retratadas na Figura 1 a seguir.
Essa divisão do cérebro foi considerada absurda para a época, além de afrontar a
unidade referente à morada da alma, exigida pela igreja (LENT, 2013).
TEORIA NEURONAL
48
mento diferente, o que faz surgir uma
UNICESUMAR
nova cartografia cortical, bastante se-
melhante a que verificamos atualmen-
te (FERREIRA, 2013; LENT, 2013).
De acordo com o que foi apresen-
tado até esse momento, considere a
seguinte situação: se células nervosas
disparam e conduzem eletricidade,
seria muito conveniente que o sistema
nervoso fosse um emaranhado de fios
elétricos contínuos, sem rupturas. Des-
se modo, neurologistas da época prefe-
Figura 3 - Retrato de Santiago Ramón y Cajal, 1899 riam defender a chamada teoria reticu-
/ Fonte: Wikimedia Commons (2016, on-line).
lar, pois os mistérios acerca das funções
neurológicas eram muitos e não se concebia a ideia simples de que sua composição,
assim como para o resto do corpo, dependia de unidades básicas como as células.
Com a evolução das técnicas histológicas para observar células nervosas, esse
impasse defendido pela teoria reticular, que relutava e acreditava na existência de
uma tela densa, um emaranhado de fios que conduzem os impulsos nervosos, foi
superado pelas observações de Cajal, que identificou padrões na continuidade das
células presentes no encéfalo, obedecendo uma organização de corpos celulares,
axônios, dendritos e um espaço entre elas. Esses pequenos espaços obrigavam os
estudiosos da época a explicarem de qual maneira a transmissão dos impulsos
nervosos era transmitida de uma célula para outra. Iniciava-se, desse modo, os
estudos sobre sinapse (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017).
Caro(a) aluno(a), Cajal trouxe conhecimentos que se encaixavam com as
necessidades neurofisiológicas e neuropatológicas, ao destacar que essas células
minúsculas formam diversos circuitos ou vias bem delimitadas. O desenvolvi-
mento constante dessas células levou à queda da teoria reticular e consolidou,
na transição do século XX, o surgimento de uma nova teoria, conhecida como a
Teoria Neuronal (FERREIRA, 2013).
49
3
NEURÔNIOS
UNIDADE 2
TEM REDE
50
UNICESUMAR
Figura 4 - Neurônios em rede
Historicamente, existiu uma busca pelo localização das áreas cerebrais e de seus
respectivos funcionamentos cognitivos. O surgimento das técnicas de imagem
por ressonância magnética ampliou os conhecimentos sobre essa temática, bem
como a possibilidade do surgimento de diversas áreas de conhecimento relacio-
nado à neuro, como a neuroeducação, a neuroeconomia etc. (LENT, 2013).
Você já percebeu que, diversas vezes, ao pensar em um assunto, muitos ou-
tros são propagados em nosso cérebro. Façamos o seguinte exercício: gostaria
que você pensasse em uma vaca. O que mais surgiu em seu pensamento? Pasto,
bezerro, leite, churrasco… por qual razão, porém, isso ocorreu? Havia pedido
apenas para se recordar da vaca.
Pois bem, essa cascata de informações não solicitadas ocorreu em seu pen-
samento pelo fato de que os neurônios compõem uma rede: a ligação de dois ou
mais neurônios constituirão uma ampla área de conhecimento e processamento,
a qual armazena e analisa informações relacionadas. Dessa maneira, ao pensar
em um determinado assunto, você promoverá a comunicação neuronal (sinapse)
entre dois neurônios que irão se comunicar com outros dois, que continuarão a
propagar essa informação. É dessa maneira que se justifica a ideia de formação
em rede, conforme apresentado na Figura 4.
51
Acredito que, ainda, restou uma dúvida: por qual razão, ao pensar na vaca,
UNIDADE 2
explorando Ideias
52
Portanto, nosso encéfalo possui regiões específicas de processamento, mas,
UNICESUMAR
para que essas áreas específicas atuem com eficiência, dependem da atividade
de outras regiões neurológicas. Isso fortalece o pensamento científico a res-
peito do processamento de informações, o qual é responsável por conceber as
memórias do mundo interligadas entre si, ao formar uma rede de significados
necessários ao conhecimento.
4
NEUROPLASTICIDADE
CEREBRAL
pensando juntos
UNICESUMAR
acordo com as influências ambientais, em especial, durante o período de desen-
volvimento, evidenciando uma capacidade plástica maior nos anos iniciais do
que após a fase adulta (LENT, 2013; KANDEL, 2014).
Caro(a) aluno(a), se existe a capacidade de ajustar processos vinculados ao
axônio neuronal, será que é possível fazer o mesmo com os dendritos? Evidente-
mente que sim, já que as alterações e os ajustes nas árvores dendríticas também
são mais evidentes nos jovens, quando comparado a adultos, e são susceptíveis
às influências do ambiente (GUYTON; HALL, 2017; KREBS, 2013).
Portanto, é sugestivo que com uma árvore dendrítica consolidada em ambien-
tes ricos em bons estímulos, os indivíduos em questão, possivelmente, apresenta-
rão um nível de linguagem e ou instrução educacional mais elevada. Vale ressaltar
que como dendritos estão, diretamente, conectados aos axônios e relacionados
às sinapses, a instabilidade ou estabilidade em qualquer um desses mecanismos
pode resultar em prejuízos ou benefícios, respectivamente, ao indivíduo.
No que se refere à neuroplasticidade funcional, deve-se considerar que o trei-
namento e a repetição podem resultar em uma maior ativação de determinada área
cerebral, ampliando a capacidade de processamento. Um exemplo para elucidar essa
situação: será que uma pessoa com deficiência visual congênita também nasce com
áreas neurológicas de processamento tátil mais desenvolvidas? Evidente que não,
mas no transcorrer de seu desenvolvimento as influências do ambiente promoverão
plasticidade nos dendritos neuronais, ampliando a capacidade de utilizar as mãos.
Conforme o que foi apresentado, é possível considerar a recuperação, na
maioria das vezes, parcial, de áreas lesionadas do sistema nervoso, pelas adapta-
ções ocorridas nos neurônios e nas sinapses pelas intervenções e práticas persis-
tentes, mesmo que algumas sejam mais eficientes em jovens e outras em adultos.
explorando Ideias
Desde o surgimento da teoria neuronal proposta por Cajal, no final do século XIX e iní-
cio do século XX, a regeneração do sistema nervoso era descartada. Por outro lado, com
o avanço tecnológico, a neurogênese é aceitável em diversas áreas neurológicas. Essa
capacidade de regeneração ou proliferação do tecido neuronal, após uma lesão, está as-
sociada à disponibilidade de células-tronco na região lesada. No entanto tal regeneração
do tecido nervoso depende de muito mais, como considerar a íntima ligação dos circuitos
neuronais, constituídos por células independentes, mas interligadas.
55
5
DESENVOLVIMENTO DA
UNIDADE 2
MENTE E DO
comportamento
56
do à maturação do sistema nervoso. Desse modo, a complexidade dos compor-
UNICESUMAR
tamentos humanos está, diretamente, associada ao funcionamento neurológico
(LENT, 2013). Agora, reflita comigo: se os aspectos motores são imaturos no
início da vida, como é possível que a criança, ainda, durante a gestação, realize
movimentos de chutar, engolir, mexer os olhos ou as mãos? A resposta está na
maturação do sistema nervoso. No entanto, antes, pergunto-lhe: o que é matura-
ção? A maturação, do ponto de vista neurológico, são todos os ajustes, adaptações
e conexões realizadas por e entre os neurônios, que ampliam a sua capacidade
de disparar potenciais de ação (impulsos nervosos), essas ativam outras células
nervosas ou músculos envolvidos nos movimentos corporais.
Além da amplificação nas conexões neurais, ocorre também o processo de
mielinização, esta aumenta a velocidade de condução dos impulsos nervosos,
otimizando as capacidades de sobrevivência, dos gestos motores, dos comporta-
mentos em geral e do processamento neural para diversas tomadas de decisões
(GUYTON; HALL, 2017).
O processo de maturação do sistema nervoso é iniciado durante a gestação,
ocorre em larga escala, durante os primeiros anos de vida, e é finalizado por volta
da segunda década de vida. Um dos princípios do desenvolvimento neurológico
é que o cérebro cresce mais em surtos do que de maneira suave, sendo que toda
fase de desenvolvimento é acompanhada por uma fase de estabilização. Eviden-
temente, na infância, os intervalos de crescimento e estabilidade são curtos. Por
exemplo, até os 5 meses de um bebê, os intervalos são de aproximadamente 1
mês. Basta observar a evolução apresentada por ele: antes, todo “molinho”, com
um mês já é evidenciado um maior tônus muscular, aos três meses um controle
da cervical e, antes dos cinco meses, um ajuste na visão.
57
À medida que o bebê envelhece, seus períodos de crescimento e estabilização,
UNIDADE 2
58
Vale ressaltar que os surtos do crescimento não ocorrem em todo o cérebro,
UNICESUMAR
é restrito a partes específicas. Desse modo, pequenas áreas neurológicas amadu-
recem. Após o amadurecimento, as mudanças se estabilizam e, somente depois,
novos pontos encefálicos serão maturados também.
São identificados dois surtos de crescimento durante a infância: entre 6 e 8
anos, com melhoras nas habilidades motoras finas e na coordenação olho-mão.
Já entre 10 e 12 anos, os lobos frontais do cérebro otimizam o foco no processa-
mento da memória, lógica e planejamento (BEE; BOYD, 2011).
O amadurecimento neurológico continua na segunda década de vida, no qual
dois surtos de crescimento cerebral importantes ocorrem na adolescência: o pri-
meiro surge entre os 13 e 15 anos, oportunizando evoluções na percepção espacial
e nas funções motoras. Podemos observá-las quando um adolescente estabanado,
que derruba tudo, quebra tudo sem querer, tropeça e cai com frequência, deixa de
apresentar esses comportamentos e passa a melhorar seu rendimento no esporte
(BEE; BOYD, 2011; RELVAS 2015).
Nessa fase, ocorre ampla diferenciação de crianças com idades escolares menores,
pois adolescentes possuem pensamentos abstratos e refletem sobre seus processos
cognitivos, tudo isso sustentado pelas mudanças profundas no córtex pré-frontal
(capacidade de controlar conscientemente seus pensamentos) e a rápida formação
de novas sinapses em outras partes do cérebro (BEE; BOYD, 2011; RELVAS 2015).
O segundo grande surto na segunda década de vida aparece por volta dos 17 anos
e perdura até a fase adulta. Nesse momento, os lobos frontais do córtex têm maior foco
do desenvolvimento, sendo possível controlar a lógica e o planejamento. Indivíduos
nessa faixa etária lidam mais facilmente com situações problemas que requerem fun-
ções cognitivas (BEE; BOYD, 2011; RELVAS 2015). Em síntese, conhecimento sobre o
funcionamento neurológico é essencial para uma excelente intervenção profissional.
explorando Ideias
60
na prática
1. Ao que se refere ao estudo do cérebro humano, pesquisas passaram a ser mais robustas
e exploradas a partir da década de 90, uma vez que foi facilitado o acesso aos recursos
financeiros e todo o investimento para essa área. Assim, surgiu uma nova ciência, deno-
minada neurociência. Sobre essa temática, assinale a alternativa correta.
2. Já está bastante claro que os neurônios são células cerebrais responsáveis pela construção
do conhecimento. Essas estruturas nervosas têm a capacidade de propagar as informações
que a ele chegam. Por qual razão, quando pensamos em um objeto, animal, ou situação
específica, outros eventos emergem de nosso cérebro? Analise as afirmativas a seguir.
61
na prática
4. Se pararmos para analisar do ponto de vista animal, todos somos capazes de aprender
e tudo é dependente para a variedade comportamental e sobrevivência da espécie. No
entanto só observamos algo novo devido a uma série de sofisticadas estruturas neu-
ronais, geneticamente, determinadas a serem plásticas. De acordo com a afirmação de
que a maior plasticidade neuronal humana ocorre até aproximadamente aos três anos
de idade, assinale a alternativa correta.
62
na prática
5. Uma criança já nasce com muitas conexões sinápticas (conexão entre neurônios, ativida-
de elétrica entre eles). Aos 12 meses de vida, já se tem, praticamente, o dobro de sinapses
que um cérebro adulto e, com isso, tem-se um maior gasto de energia. Por qual razão o
excesso de sinapses é fundamental para o aprendizado? Assinale a alternativa correta.
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aprimore-se
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aprimore-se
Fonte: o autor.
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livro
66
anotações
3
APRENDIZADO E
MEMÓRIAS
PROFESSOR
Dr. Weslei Jacob
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Alicerce da aprendizagem • Forma-
ção de memórias • Memórias de curta e longa duração • Humor, aprendizagem e formação de memórias.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Descrever e discutir os elementos estruturais básicos para a aprendizagem • Elucidar os mecanismos
neurológicos para a formação de memórias • Oferecer ao discente conhecimento sobre os tipos de
memórias existentes • Evidenciar a importância do humor na aprendizagem.
INTRODUÇÃO
APRENDIZAGEM
UNICESUMAR
zagem”, acima dela escreva “prática” e abaixo “motivação”. Feito isso, trace uma seta
em duplo sentido partindo da prática, passando pela aprendizagem e chegando
a motivação, depois faça o caminho inverso. Tal e como verificamos, prática e
motivação caminham juntas no que se refere à aprendizagem. Mas tenha calma.
Nosso alicerce do aprendizado, ainda, não está pronto, coloque em um dos lados
da folha a palavra “métodos”, no mesmo alinhamento da palavra aprendizagem
e do outro lado escreva “atenção”.
Todos sabemos a importância dos métodos de ensino e aprendizagem, são
métodos intraneurosensorial, interneurosensorial, otimização das atividades pro-
postas de aprendizagens pelos canais visual, auditivo ou cinestésico, ou mesmo
pelas metodologias ativas que estão em alta nesse momento. Independentemente
do método preferido, sua escolha deve levar em consideração os aspectos que au-
mentam a motivação e, por consequência, a prática. Desta forma, deve-se adaptar
ou substituir os métodos sempre que for necessário.
pensando juntos
não é mesmo? Ou seja, a melhora da nossa atenção está no treino diário, assim,
a manutenção do foco será cada dia melhorada.
explorando Ideias
Os seres humanos, homens e mulheres, mantêm o foco em apenas uma coisa por vez. Mu-
lheres, por sua vez, apresentam maior densidade neuronal, favorecendo a rápida mudança
de foco, o que nos leva à sensação de realizar diversas atividades simultaneamente, quan-
do, na verdade, faz-se uma coisa por vez, mas se muda o foco principal muito rapidamente.
72
2
FORMAÇÃO DE
UNICESUMAR
MEMÓRIAS
73
As memórias que formamos são agrupadas por temas, basta pensar em uma
UNIDADE 3
feira livre ou uma feira de rua, do que você lembra? Acredito que passou em sua
cabeça pastéis, hortaliças, frutas etc. Isso só foi possível porque nossos conheci-
mentos estão fixados em nossa cabeça por áreas temáticas, formando diversos
mapas mentais (CALL; FEATHERSTONE, 2013; RELVAS, 2010). O processo é
bem simples, mas ao mesmo tempo complexo. Desse modo, observe a Figura 1 a
seguir, que apresenta as principais estruturas neurológicas envolvidas no processo
de formação de memórias.
Descrição da Imagem:na Figura 1, observa-se as estruturas envolvidas na formação das memórias. Como se
fosse um Raio-X do encéfalo, deixando evidenciado a amígdala cerebral conectada ao hipocampo e, na parte pos-
terior da imagem, o cerebelo, estrutura que não armazena memórias, mas auxilia em seu processo de formação.
Amígdala
Hipocampo Cerebelo
Descrição da Imagem:a Figura 2 está construída em forma de um esquema gráfico, que subdivide as memórias
em declarativas do lado esquerdo e procedimentais ao lado direito. A imagem, ainda, representa as variações
dessas memórias em subtipos, pois memórias declarativas são subdivididas em memórias semânticas e epi-
sódicas. Por outro lado, as memórias procedimentais estão relacionadas ao aprendizado motor e seu amplo
condicionamento ou aperfeiçoamento.
Memória Episódica
Contém informações de fatos e
eventos particulares de um
contexto determinado Condicionamento
Permite codificação de
informações e conhecimentos
abstratos sobre o mundo que
nos rodeia (ex. a moeda
brasileira é o Real)
UNICESUMAR
memórias episódicas, por sua vez, estão associadas à busca, em sua cabeça, por
um evento, casamento, formatura, o evento do 11 de setembro etc.
Por outro lado, memórias procedimentais estão representadas nas ações in-
conscientes, como escrever, por exemplo. Nós pensamos no que escrever e não
em como escrever. Talvez, quando aprendeu a dirigir um carro, muitas ações
dependiam de sua atenção máxima, já hoje, os pés e as mãos simplesmente mo-
vimentam-se, de maneira automática.
Ampliando essa discussão sobre os mistérios do encéfalo humano, trago o
seguinte questionamento: você já passou por momentos de déjà vu? Aqueles mo-
mentos em que acredita já ter passado ou vivido pela mesma situação? E se eu te
falar que nossas memórias podem nos enganar? Isso mesmo! Nossas memórias
podem ser pessoais, mas também podem ser coletivas, ficou confuso? Calma, eu
lhe explico: as memórias podem ser perdidas ou fortalecidas ao longo da vida, ou
seja, fortalecemos aqueles eventos importantes e descartamos coisas irrelevantes
ou que já não nos interessa mais.
Como já discutido, a formação das memórias depende da nossa atenção e
da vivência sobre determinado evento que se pretende armazenar, no entanto
nosso cérebro também incorpora a essas lembranças fatos irreais, construtos do
imaginário, mentiras ou diversas variações a essas memórias, assim, é possível
acreditar ter passado por alguma situação, quando, na verdade, foi algo que es-
cutou de algum amigo, viu na televisão ou mesmo sonhou.
Para reforçar essa ideia, considere o seguinte: se durante o aprendizado,
após o nascimento, o recém-nascido apresenta um alicerce neuronal desestru-
turado e, ainda, em processo de amadurecimento, como é possível se recordar
de eventos da infância? Posso lhe responder de modo simples: é bem provável
que este momento de recordação tenha sido muito feliz ou muito traumático,
caso contrário, você pode se recordar de uma foto, de histórias contadas por
pais, parentes ou indivíduos que acompanharam seu crescimento. Em resumo,
nós, seres humanos, podemos “roubar” memórias de outras pessoas e acreditar
que são experiências individuais.
É válido ressaltar que existem memórias que são formadas em questão de se-
gundos, outras, em minutos e, outras ainda, em semanas. Basta comparar uma quei-
madura em uma panela quente com um conhecimento técnico de neurociências.
77
3
MEMÓRIAS DE
UNIDADE 3
CURTA E LONGA
duração
78
Dessa maneira, a realidade é internalizada de modo idêntico por meio de sinais
UNICESUMAR
elétricos que são conduzidos por diversas redes neurais, sendo processados e tra-
duzidos por eventos bioquímicos que ocorrem nos neurônios. Ao lembrarmos de
algo memorizado, o caminho inverso é realizado, fazendo com que nossos sentidos
e consciência possam interpretar tais códigos como tradução do mundo real.
De acordo com Lent (2013), é possível subdividir as memórias considerando
seu tempo de persistência em nosso encéfalo, sendo assim, existem memórias que
perduram por alguns minutos e aproximadamente 6 horas, estas são denomi-
nadas memórias de curta duração. Por outro lado, memórias de longa duração,
como as declarativas ou procedimentais apresentadas na aula anterior, podem
perdurar por horas, dias, meses ou anos. Para Guyton e Hall (2017), além das
memórias de curto e longo prazo, existe ainda a memória intermediária, que
pode durar horas e até mesmo semanas, no qual mudanças físicas, químicas e
anatômicas temporárias podem surgir nas redes neurais.
Para a consolidação de uma memória de curta duração é necessária a reto-
mada repetida de determinado conhecimento, assim mudanças físicas, químicas
e anatômicas nas sinapses ocorrem, ao construir memórias de longa duração
(GUYTON, HALL, 2017). Você já se deparou com situações de indivíduos que
sofreram acidentes e não se recordam daquele evento? Pois bem, isso ocorre pela
necessidade de tempo de repetição de uma memória, ou seja, para uma consolida-
ção fraca de uma memória de curta duração, é necessária a retomada dos eventos
por cerca de cinco ou dez minutos, e mais de uma hora para consolidação forte.
Desse modo, ao perdermos a consciência em um acidente essa retomada deixa
de ser possível, resultando na perda daquela memória.
Como todos sabemos, a repetição leva ao aprendizado, e um cansaço mental
pode inviabilizar a aquisição de informações. Pois bem, o aprendizado de longo
prazo é favorecido pela prática pedagógica fracionada e bem estruturada, ou
seja, fortalecer pequenas partes de conceitos que devem ser aprendidos resulta
em maior aprendizagem, quando comparada a um processo de ensino e apren-
dizagem superficial e amplo.
Ao que parece, as memórias de curta e longa duração ocorrem em paralelo,
ambas são processadas nas mesmas regiões (hipocampo, córtex entorrinal e córtex
parietal associativo), mas utilizam vias enzimáticas diferentes, o que pode favorecer
maior entendimento sobre a perda de memória, durante a velhice (LENT, 2013).
79
4
HUMOR,
UNIDADE 3
APRENDIZAGEM E
formação de memórias
80
Você já ouviu dizer que o hemisfério esquerdo do encéfalo humano ana-
UNICESUMAR
lisa, logicamente, as situações em que nos deparamos, já o hemisfério direito
é responsável pelos aspectos criativos. Posto isso, todas as vezes que um jogo
de palavras, como uma história que nos é contada chega por meio dos “órgãos
dos sentidos” para serem processadas e compreendidas, o cérebro esquerdo
tenta entender qual é o final lógico da história, enquanto o cérebro direito
considera a remota possibilidade do absurdo, desse modo, todas as vezes que
o lógico se transforma rapidamente em ilógico (absurdo), surge o divertido e,
consequentemente, as gargalhadas.
As gargalhadas gostosas que produzimos ou percebemos, em outras pessoas,
dependem da produção de um neurotransmissor chamado dopamina, o qual é
liberado na base do encéfalo em uma área denominada de área tegmentar ventral,
o qual se conectará a receptores que são nomeados como núcleos accumbens,
desencadeando assim, a reação do riso do córtex pré-frontal. Por fim, como rir
é um movimento de estruturas neurológicas responsáveis pelas ações motoras,
também serão acionadas a esse todo evento que gera prazer, e automaticamente
a vontade de fazer novamente será repetida e várias vezes acionadas pelo encé-
falo humano. Comumente, conhecido como circuito de recompensa (GOMES;
PEREIRA, 2016; BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017).
O humor é processado de maneiras diferentes no cérebro masculino e femi-
nino. No homem, o processo é bastante simples, o evento ou a história contada é
divertida ou não é, simples assim. É por esse motivo que, muitas vezes, mulheres
se deparam com homens gargalhando com um episódio do “Chaves”. Por outro
lado, o cérebro feminino é bastante complexo, a mulher consegue maior ativação
do circuito de recompensa mencionado acima, utiliza a informação recebida para
integrar melhor o conhecimento formal previamente adquirido com as emoções
(mulheres contam histórias nos mínimos detalhes, não é mesmo?). Por fim, surge
no cérebro feminino maior nível de humor, ou seja, uma sensação agradável.
Seja pela simplicidade ou complexidade do cérebro masculino ou feminino,
respectivamente, o humor tem função importantíssima na formação de memó-
rias de curta duração. Ao contar histórias engraçadas, ao se apoiar em piadas
saudáveis, o cérebro aumenta seu nível de atenção e de conexões neurais, o que
favorece o surgimento de uma memória. A partir desse momento, cabe ao pro-
fessor mediar atividades para retomar a temática, transformando-a em memórias
de longa duração.
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 3
Finalizamos essa unidade com uma confissão: como eu gosto dos assuntos
que se remetem à formação de memórias, da consolidação de novos aprendi-
zados, os quais ficarão retidos nos neurônios por dia, meses ou décadas, em
decorrência das adaptações físicas, químicas e anatômicas que ocorrem nessas
estruturas em virtude dos estímulos diversos, sejam eles do ambiente, sejam
dos mediadores de conhecimento.
A formação das memórias humanas depende da funcionalidade harmoniosa
de diversas estruturas neurológicas, como o hipocampo, córtex entorrinal, amíg-
dala cerebral, dentre outras áreas vinculadas ao sistema nervoso. Nesse viés, um
dos elementos cruciais para o armazenamento de novos conhecimentos é consi-
derar as emoções individuais e a base de conhecimentos prévios já memorizados
sobre um determinado assunto. Desse modo, um aprendiz confortável emocio-
nalmente tende a ativar e usar melhor o cérebro racional e, consequentemente,
aprender mais e melhor.
Verificamos, aqui, que o ato de aprender e moldar o cérebro humano é bastan-
te individual, uma vez que os motivadores de cada pessoa podem ser diferentes,
bem como sua personalidade. Independentemente da historicidade de cada um,
o aprendizado está relacionado de maneira direta à prática, ao nível de atenção
e motivação do aprendiz e, sobretudo, das estratégias, métodos e oportunidades
que serão oferecidas, nos mais diferentes contextos, para esses indivíduos que
necessitam absorver um novo conhecimento.
Caro(a) aluno(a), fica evidente nessa unidade que pensar em estratégias
que ampliem ou promovam mais facilmente a construção do aprendizado é
importante, sendo o humor uma excelente maneira de se ensinar, de conectar
conceitos, reduzir o estresse, aumentar a socialização dos aprendizes e, o mais
importante, construir em cada indivíduo a vontade de voltar a sala de aula e
aprender cada vez mais.
82
na prática
83
na prática
84
na prática
Entrada proveniente
de sentidos
Não recebeu
MEMÓRIA SENSORIAL atenção
Memórias
consolidadas
MEMÓRIA DE
LONGA DURAÇÃO
a) As informações que recebem pouca atenção não serão perdidas, serão armaze-
nadas como memórias inconscientes.
b) Para se construir uma memória, a receptividade de estímulos sensoriais é pouco
relevante.
c) Para que seja formada uma memória, deve-se receber uma informação, que com
a devida atenção será transformada em memória de curta duração e, possivel-
mente, longa duração.
d) Para a consolidação de uma memória, basta receber um estímulo qualquer que
a informação será armazenada.
e) Dependendo da intensidade do estímulo, é possível formar memórias de longa
duração, mesmo que uma memória de curta duração não tenha sido formada.
85
na prática
6. Tendo consciência de que todo ser humano é diferente e podem aprender cada um
em seu tempo e do seu modo, não importando classe social, financeira ou física, qual
é a soma da base ideal para se alcançar o aprendizado? Assinale a alternativa correta.
86
aprimore-se
87
aprimore-se
Vale ressaltar, aqui, a apnéia obstrutiva do sono (OAS), que provoca interrupções
do mecanismo respiratório durante a noite de sono. A OAS causa hipóxia, a qual
pode gerar danos aos tecidos corporais, como, complicações cardiovasculares, so-
nolência e alterações neurocognitivas (NASCIMENTO, 2016).
A falta de oxigenação, durante o período de sono, pode influenciar para uma de-
formação de memórias, sobretudo, na confusão com algumas demências. A apneia
noturna, frequente e prolongada, resulta no esquecimento de situações simples ou
complexas do cotidiano, no qual os prejuízos em decorrência de alterações neuro-
lógicas podem ser confundidos com doença de Alzheimer. As memórias definem
nossa personalidade e capacidade de resolução de problemas e, também, são mol-
dadas pelo ambiente que estamos inseridos. Tal e como verificamos, o exercício
pode ser um excelente aliado no aprendizado, na profilaxia de diversas patologias
neurológicas ou mesmo para a saúde em geral.
Fonte: o autor.
88
eu recomendo!
filme
Sem Limites
Ano: 2011
Sinopse: o escritor Eddie Morra (Bradley Cooper) não está con-
seguindo cumprir os prazos para a entrega de um livro, esse blo-
queio de escritor é superado pela utilização de um remédio que
potencializa a atividade neural, permitindo a utilização de 100%
do cérebro. O efeito da medicação é imediato, e o escritor passa
a lembrar de tudo que já leu, viu ou ouviu durante a vida. Seu su-
cesso no aprendizado de diversas línguas, resoluções de cálculos e mesmo escrita
impressiona até mesmo grandes empresários.
Comentário: neste filme, observa-se a maior atividade e capacidade neurológica
em virtude da utilização de uma substância farmacológica, no entanto, na vida
real, muitos indivíduos necessitam da utilização de medicamentos para ampliar
a performance cognitiva. Por outro lado, pessoas que não apresentam déficit na
liberação de neurotransmissores não terão efeitos otimizados em sua memória,
atenção, foco ou potencialização da atividade neural.
conecte-se
Os Super-humanos
A série mostra uma mulher chamada Elisabeth Sulston com alto grau de sineste-
sia, que é uma função fisiológica de fundir os sentidos, além de melhorar a me-
mória e o aprendizado. Ressalto, aqui, que o cérebro humano pode nos enganar,
criar e recriar situações. Os vídeos sugeridos é apenas para fortalecer as discus-
sões acerca dos processos de aprendizagem humana.
Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=gwOoNthhvMU
Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=8yMx30qyDWs
89
4
COGNIÇÃO E
FUNÇÕES
EXECUTIVAS
PROFESSOR
Dr. Weslei Jacob
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Funções Cognitivas • Sistema
Límbico • Funções Executivas • Tríade da Aprendizagem.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Oferecer ao discente informações e conhecimentos sobre a cognição humana e aprendizagem • Apre-
sentar a importância do sistema límbico como fator determinante na aprendizagem • Desenvolver
entendimento sobre as funções executivas dos seres humanos • Relacionar funções cognitivas, conativas
e executivas para a aprendizagem.
INTRODUÇÃO
Dentro desse eixo central dos processos de ensino e aprendizagem, serão abordadas
as funções cognitivas, a atuação do sistema límbico e as funções executivas como um
tripé que permite, potencializa e aperfeiçoa os processos de aprendizagem.
COGNITIVAS
UNICESUMAR
distintas, os lobos cerebrais. A imagem evidencia os lobos frontal, temporal, parietal e occipital. Esses lobos
subdividem importantes regiões para processamentos específicos no cérebro.
Anterior Posterior
Sulco central
Lobo parietal
Lobo frontal
Lobo occipital
Lobo temporal
94
rua na frente do carro ou esperamos ele passar, ou seja, a seleção da resposta está
UNICESUMAR
intimamente associada à variabilidade de memórias, aprendizados armazenados
para as mais diferentes e possíveis resoluções do input.
Por fim, o terceiro estágio de programação da resposta depende do construto
selecionado no segundo estágio. É nesse momento que se prepara para a ação.
Aqui organiza-se o sistema sensorial, indicando para qual lado nossa visão deve
olhar, é ajustada a base postural e prepara os músculos e os programas motores
para a execução dos movimentos. Quando todas essas etapas estiverem ajustadas,
o output será visto, fotografado ou filmado.
Caríssimos(as), vamos simplificar essa explicação. Quando está resolvendo
uma prova teórica, ao ler (input) um determinado item (questão), está captando
e estruturando elementos de informações em seu encéfalo, utilizando para isso
o sistema sensorial da visão. Após identificar os estímulos sobre a temática, os
comandos presentes no enunciado irão buscar em suas memórias uma resposta,
a qual pode ser assinalada entre os itens A e E. Posteriormente a análise detalhada,
você acredita que a alternativa correta se encontra na letra B, para assinalar, deve
estruturar e organizar o movimento de sua mão, anotando na folha (output) o
construto cognitivo.
Como vemos, da resolução de problemas até sua expressão em forma de
ação, exige em seu conjunto diferentes funções cognitivas, a qual também pode
ser significada por habilidades, capacidades ou competências cognitivas. São
elementos das funções cognitivas: atenção; funções motoras; funções visuais;
memória; funções executivas; praxia construtiva; linguagem; nível intelectual.
Tome como exemplo a seguinte situação: você chega em casa e sente um odor
de fumaça (atenção), ao reconhecer o cheiro (percepção) com base no que já
aprendeu (memória), esse pode ser um sinal de incêndio, desse modo você irá
buscar estratégias para resolver o problema (funções executivas).
Essas habilidades cognitivas são usadas para aprender, compreender e inte-
grar as informações de uma forma significativa. A Informação aprendida cog-
nitivamente é entendida e assimilada, não apenas memorizada. Desse modo,
são subdivididas em capacidades executivas, motoras, simbólicas, sociais etc., as
quais remetem-se ao domínio da linguagem, da compreensão de fenômenos, do
enfrentamento de situações problemas, da construção de argumentações e da
elaboração de propostas (FONSECA, 2007).
95
Para treinar processos cognitivos devemos visualizar, imaginar, verbalizar e
UNIDADE 4
96
OS PROFESSORES PODEM
UNICESUMAR
HABILIDADES OS ESTUDANTES GOSTAM DE
FAZER
Tal e como discutimos, o quadro apresentado acima indica o que se pode fazer
para criar estratégias, do que se pode fazer para trabalhar e para desenvolver as
habilidades predominantes nos aprendizes. Desse modo, desperta-se o interesse
em aprender a aprender, conhecer, conviver, fazer e ser.
97
2
SISTEMA
UNIDADE 4
LÍMBICO
Caro(a) aluno(a), você já reparou que existem situações em nosso cotidiano nas
quais agimos de modo inconsciente e tomamos decisões de maneira instintiva?
Pois bem, e se eu te disser que dentro dos processos educacionais nós falamos
ou tentamos ensinar para a parte errada do encéfalo, você acreditaria? Para te
convencer dessa situação, gostaria que fizesse a seguinte reflexão: ao considerar
que grande parte da sociedade é extremamente consumista, ao entrar em uma
loja de roupas ou calçados, você se depara com um item único, elegante, bonito
e, acima de tudo, que tenha um caimento perfeito em seu corpo ou pés. Talvez
alguns diriam: “eu preciso dessa peça de roupa ou desse par de calçados”, quando,
na verdade, seu guarda-roupas está repleto de roupas novas, centenas de outros
calçados, ou seja, na verdade você não necessita de mais esse item.
Posto isso, por qual razão compramos mesmo sem precisar? Difícil de
responder, não é mesmo? Compramos pela nossa emoção e não pela razão. A
partir de agora, estamos prontos para discutirmos sobre esse encéfalo primitivo,
que, por diversas vezes, toma conta de nossa consciência.
98
UNICESUMAR
pensando juntos
99
Caríssimo(a), no início do parágrafo anterior, definimos a principal diferença
UNIDADE 4
pensando juntos
O questionamento que lhe faço é: por que em alguns momentos perdemos a razão
e depois nos arrependemos de algo que falamos ou fazemos? O sistema límbico
está localizado na parte central inferior do encéfalo e suas estruturas controlam
os impulsos sobre o comportamento externo, como digestão, micção e, claro, as
emoções, sejam elas de raiva, ciúme ou impulsos de fome. Para a história que
retratei a você, a forte expressão emocional influencia não apenas o compor-
tamento, mas sim o processamento racional. Em resumo, todas as vezes que o
sistema primitivo estiver altamente ativado, nosso acesso ao controle racional do
comportamento humano estará dificultado, fazendo-nos agir primitivamente,
organizando nosso corpo para a sobrevivência.
Diversas são as estruturas límbicas, as quais podem ser observadas na Figura
2. Destacam-se: hipocampo, amígdala cerebral, giro para-hipocampal, mesencé-
falo, fórnice, giro do cíngulo, corpo mamilar e corpo caloso, bulbos olfatórios,
hipófise e ponte (PARKER, 2014). Sobretudo, é importante considerar que outras
áreas neurológicas estão envolvidas no processamento instintivo (RELVAS, 2010).
100
Descrição da Imagem: a Figura 2 está em corte no plano sagital, por essa razão, pode-se observar as estru-
UNICESUMAR
turas neurológicas que estão ao centro do encéfalo, principalmente estruturas importantes que compõem o
sistema límbico. A imagem evidencia as seguintes estruturas neurológicas: fórnice, estria medular do tálamo,
estria terminal, hipocampo no lobo temporal, giro denteado, núcleo anterior do tálamo, trato mamilotalâmico,
giro do cíngulo no lobo frontal, comissura anterior, núcleos septais, corpo mamilar, bulbo olfatório, corpo
amigdaloide e giro para-hipocampal no lobo frontal.
Ao iniciar esse item, indiquei que comunicamos para a parte errada do encéfalo,
mas antes de discutirmos e analisarmos situações cognitivas ou mesmo execu-
tivas, é fundamental “desarmar” o sistema límbico, pois se ele estiver fortemente
ativado, tem condições de bloquear nossa racionalidade. Desse modo, devemos,
antes de mais nada, considerar a base emocional de qualquer aprendiz.
O sistema límbico se relaciona com aspectos positivos e negativos dos seres
humanos, como as motivações, as emoções, o temperamento e a personalidade
do indivíduo. Posto isso, Fonseca (2014) diz que o aprendiz estará constante-
mente questionando: Por que faço a tarefa? O que faço com a tarefa? Como
me sinto com a tarefa?
Os processos de ensino e aprendizagem envolvem muito mais que bons recur-
sos, é fundamental considerar como estratégia pedagógica os estados de humor,
medo, ameaça, perigo, ansiedade, insegurança, desconforto etc.
101
3
FUNÇÕES
UNIDADE 4
EXECUTIVAS
UNICESUMAR
executivos dos seres humanos.
O córtex pré-frontal, presente nos lobos frontais, está relacionado às funções
superiores que podem ser representadas por diversos comportamentos humanos.
Posto isso, qualquer lesão da área pré-frontal determina a perda de concentra-
ção, diminuição da habilidade intelectual, déficit de memória e julgamento. Para
simplificar, essa região está associada à fala, as funções motoras, controle práxi-
co, exploração visual, planificação e programação de tarefas, julgamento social,
dentre outras (RELVAS, 2010).
Nos lobos frontais, quando intactos, está a integridade do bom desempenho
executivo. Diversas estruturas neuronais, mesmo que fora dos lobos frontais, conec-
tam-se a essa região cerebral, a qual apresenta função cognitivo-comportamental
importante, como impor metas elaboradas ao comportamento humano, desde pla-
nos acadêmicos, profissionais ou meramente pessoais preestabelecidas pelo próprio
indivíduo. Sempre existe uma escolha, não é mesmo? Você pode concluir a leitura
desse material e vencer mais essa etapa ou parar para passear com seus amigos, essa
regulação do seu comportamento é influenciada pela atuação dos lobos frontais.
O correto funcionamento das estruturas anatômicas do encéfalo humano
possibilita a organização das funções cognitivas e a aplicação de suas capacidades
em diversas situações da vida real, seja como ferramenta biológica de sobrevivên-
cia, seja ela para a eficácia dos recursos físicos e sociais com propósitos de curto,
médio ou longo prazo (FONSECA, 2014).
A desorganização das funções executivas, causadas por alguma lesão neu-
rológica ou por alguma síndrome específica, resultará em maior propensão de
indivíduos com dificuldades de aprendizagens em virtude de limitações para
autorregular o funcionamento executivo como forma de reagir aos estímulos
do ambiente, ou mesmo por alterações cognitivo-comportamental que podem
inclusive ocasionar mudanças na personalidade individual.
Por outro lado, uma criança de dois anos, mesmo que sem lesão neurológica,
já processa bem os estímulos verbais, desde que curtos e limitados, reagindo, por
exemplo, a um comando de “pegue a bola”. A partir dos quatro anos, influencia-
da pela maturação neurológica que está acontecendo, já é possível, além de com-
preender os comandos verbais, associá-los a respostas motoras, sendo capaz de
compreender e executar ações do tipo “com um apito, jogue a bola para o alto,
com dois apitos segure a bola e pule o mais alto que conseguir”. Indivíduos com
lesões nos lobos frontais se mostram incapazes de processar todos esses comandos.
103
Os lobos frontais são extremamente atuantes em nosso funcionamento execu-
UNIDADE 4
“
Para ter sucesso escolar o estudante deve evocar um conjunto muito
diversificado de competências executivas, a saber: estabelecer ob-
jetivos; planificar, gerir, predizer e antecipar tarefas, textos e traba-
lhos; priorizar e ordenar tarefas no espaço e no tempo para concluir
projetos e realizar testes; organizar e hierarquizar dados, gráficos,
mapas e fontes variadas de informação e de estudo; separar ideias
e conceitos gerais de ideias acessórias ou de detalhes e pormeno-
res; pensar, reter, manipular, memorizar e resumir dados ao mesmo
tempo que leem; flexibilizar, alterar e modificar procedimentos de
trabalho e abordagens a temas e tópicos de conteúdo, aplicando di-
ferentes estratégias de resolução de problemas; manter e manipular
104
informação na memória de trabalho; automonitorizar o progresso
UNICESUMAR
individual e do grupo de trabalho; autorregular e verificar as res-
postas produzidas e a conclusão, revisão e verificação de tarefas,
projetos, relatórios e trabalhos individuais ou de grupo; refletir e
responsabilizar-se pelo seu estudo e sobre o seu aproveitamento
escolar etc. (FONSECA, 2014, p. 245).
4
TRÍADE DA
APRENDIZAGEM
Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta unidade sobre as funções que resultam
na aprendizagem humana, considere a relação das três subunidades apresentadas
até aqui. Funções cognitivas, responsáveis pelo processamento de informação
(input e output), o sistema límbico associado às respostas primitivas e de acesso
inconsciente e as funções executivas, as quais promovem a integração das fun-
ções cognitivas e conativas. Para compreendermos melhor essa relação, observe
a Figura 3 a seguir, que representa a tríade da aprendizagem humana.
105
Descrição da Imagem: pode-se verificar nesta figura a inter-relação de três componentes fundamentais na
UNIDADE 4
construção de aprendizagens, os quais são apresentados em três círculos que se entrelaçam. Um dos círculos
está demarcado como função cognitiva, outro como função conativa e o terceiro como função executiva.
Funções
cognitivas
Funções Funções
conativas executivas
UNICESUMAR
autorregulação, julgamento, utilização de feedback e autopercepção.
Em contrapartida, a aquisição de aprendizagens pode ser influenciada pela
falha de uma das funções mencionadas. O sistema límbico pode criar barreiras
que forneçam ao aprendiz um fator limitador como a desmotivação, a desorga-
nização, a desplanificação, a perda de estratégias de atenção, a criação, a busca e
a conquista de objetivos e fins a atingir etc., que se repercutem quer nas funções
cognitivas, quer nas funções executivas (FONSECA, 2014).
Em virtude dessa íntima relação entre as funções antes apresentadas, é fun-
damental conhecer os mecanismos de aquisição de aprendizagens para que os
processos de ensino sejam adequados e compatíveis aos aprendizes. Em resumo,
os mais diferentes profissionais, em seu desenvolvimento de ações que visam a
aprendizagem, devem estar atentos às emoções, aos sentimentos, ao estado de
humor e todos os elementos que envolvem o sistema límbico, pois eles podem
acelerar o funcionamento cognitivo e por consequência, executivo, ou mesmo
bloqueá-lo, inviabilizando a aquisição de novos conhecimentos.
Para exemplificar melhor a você, faça a seguinte relação: um aprendiz em
sala de aula pode apresentar baixo rendimento cognitivo e, muitas vezes, análises
elaboradas, solicitação de diversas avaliações multiprofissionais serão realizadas
com a finalidade de se diagnosticar algum transtorno relacionado às dificuldades
de aprendizagem. Muitas vezes todas as discussões se remetem ao aprendiz e não
ao profissional que media as ações e cria os métodos de ensino. Possivelmente, o
baixo rendimento acadêmico está associado à escolha metodológica do docente,
o qual pode estar negligenciando o comportamento emocional do aprendiz frente
às propostas de aprendizagens oferecidas diariamente.
explorando Ideias
As emoções que sentimos permitem mudar nossas memórias, a cada vez que relembra-
mos algo, surge uma nova ideia de realidade, já não se sabe se é como realmente vimos,
assistimos na televisão ou se ouviu, isso permite a formação da personalidade, construto
este que está associado ao amadurecimento neuronal. Diversas lembranças que são evo-
cadas podem estar alteradas pelo que foi contado por outras pessoas, como um evento
que se passou na infância. Muitas fotos ou relatos provavelmente chegam ao encéfalo
humano por verdades contadas por terceiros, desse modo, é possível que ocorra uma
reconstrução da respectiva memória, ou seja, muito do que lembramos hoje, pode, na
verdade, ser parte de um evento experienciado por outra pessoa.
107
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 4
108
na prática
1. O sistema límbico é composto por diversas estruturas neurológicas que criam inúme-
ras interconexões, as quais permitem um amplo e importante controle sobre o orga-
nismo dos seres humanos. Portanto, o controle de diversos comportamentos sociais
e emocionais estão diretamente associados ao controle dessas funções primitivas.
109
na prática
Posto isso, analise as afirmativas abaixo sobre o mecanismo de aprendizagem que deve
envolver essencialmente
110
na prática
a) I.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.
e) I, II e III.
4. Para que seja possível processar uma resposta sobre qualquer assunto ou proble-
mática, uma análise elaborada deve ocorrer no Sistema Nervoso Central.
a) O estímulo recebido deve ser analisado junto às memórias, o qual utilizará a me-
lhor informação disponível, aquela que trará a possibilidade de maior êxito para
a respectiva situação, assim a resposta será executada minimizando a chance
de erros.
b) As respostas que um aprendiz executa são processadas junto às memórias, que
utilizará a primeira informação neuronal disponível.
c) A qualidade da resposta depende diretamente das bases de memórias conso-
lidadas, no entanto, descarta-se a importância da velocidade de comunicação
neuronal.
d) A condução elétrica das informações é fundamental para a boa tomada de deci-
são, sendo que um aluno que se apoia em respostas rápidas demais certamente
irá falhar na análise ou execução do problema em questão.
e) Análises a nível neuronal são eventos primitivos, os quais são programados, espe-
cificamente, para a sobrevivência, não sendo necessário avaliar o tipo de estímulo
recebido para se tomar uma decisão.
111
na prática
a) I.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.
e) I, II e III.
6. Para que as intervenções em sala de aula sejam apoiadas nas funções cognitivas,
conativas e executivas, assinale a alternativa correta.
112
aprimore-se
Historicamente, a evasão escolar pode estar associada ao insucesso acadêmico. Tal evento
pode estar relacionado a um processo dispedagógico oferecido pelo professor, no entan-
to, independentemente da qualidade do ensino, dificuldades de aprendizagens (DA) são
limitadores da performance cognitiva e consequentemente acadêmica. As DA podem criar
obstáculos ou impedimentos relacionados à fala, audição, leitura, escrita, operações mate-
máticas ou relacionamento, os quais podem se prolongar ao longo da vida.
A ampliação dos conhecimentos relacionados às DA indica que mais de 80% estão
associados à dislexia, disortografia, déficit de atenção e hiperatividade, podendo ocorrer
por envolvimento genético, familiar, nível socioeconômico, presença ou ausência de le-
são neurológica, sobretudo, relacionados ao domínio da linguagem.
Deste modo, as DA podem resultar em déficits de processamento, que são a essência
de um processo de aprendizagem; essas falhas de processamento envolvem a relação
aluno x professor ou aluno x tarefa. Tais dificuldades são evidenciadas por problemas
fonoaudiológicos, visuais, auditivos, reflexivos, dentre outros. Por essa razão, os déficits
cognitivos estão associados a desordens neurológicas.
Dificuldades experimentadas pelos aprendizes parecem estar relacionadas ao nível
do input, ou seja, da recepção da informação, a qual é, muitas vezes, sustentada por fal-
ta ou falhas de atenção. Deste modo, o enquadramento interno, em busca de soluções
para tal problemática, será limitado, dificultando o output eficiente.
Por essa razão, a apresentação de informações para indivíduos com DA é de extrema
importância, uma vez que pode facilitar o processamento da informação, promovendo
melhoras das funções cognitivas, implicando uma aprendizagem com sucesso.
Neste contexto, as avaliações neurológicas e neuropsicológicas em crianças e jovens
são importantes. Desse modo, podem ser identificadas as limitações do funcionamento
encefálico, possibilitando arquitetar estratégias de intervenção eficientes, desde ações
medicamentosas até intervenções pedagógicas.
113
eu recomendo!
livro
114
anotações
5
NEUROEDUCAÇÃO
PROFESSOR
Dr. Weslei Jacob
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Como o cérebro funciona para
aprender • Aprendizagem interneurosensorial, intraneurosensorial e aprendizagem integrativa • Neu-
rociências em sala de aula • Educação cognitiva • Biofeedback e aprendizagem.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Refletir sobre o funcionamento neurológico na aprendizagem • Proporcionar conhecimentos sobre
tipos e formas de aprendizagem fundamentadas no desenvolvimento neurológico • Sugerir diferentes
possibilidades de trabalhos neurocognitivos para a sala de aula, contribuindo com a prática pedagógica
eficiente • Aprender como desenvolver atividades apoiadas na educação cognitiva • Elucidar conceitos
e aplicações sobre o biofeedback na educação.
INTRODUÇÃO
FUNCIONA PARA
aprender
UNICESUMAR
neuronal específico. Dependendo da área do cérebro, os neurônios dessa de-
terminada região processam coisas específicas e armazenam temas específicos.
É bem verdade que nosso cérebro ou todo o encéfalo funciona integralmente
(desconsidere aqui patologias neurológicas), ou seja, é mito aquela ideia difun-
dida na sociedade sobre a possibilidade de sermos capazes de nos comunicar
por telepatia, no caso de utilizarmos 100% do cérebro humano, pelo menos pelos
conhecimentos atuais. Nós, seres humanos, já utilizamos toda a potencialidade
neurológica e integramos todas as áreas neurológicas; evidentemente, em dadas
situações, regiões encefálicas são mais atuantes que outras.
Ao nascer, o bebê inicia um amplo processo de aquisição de informações, e
temos a capacidade de adaptar a atividade neural em todos os momentos da vida,
por essa razão, o cérebro, além de aprender também é capaz de se reorganizar.
pensando juntos
Uma pessoa cega nasce com capacidades auditivas bem mais desenvolvidas ou isso é
desenvolvido ao longo da vida?
119
Até aqui, discutimos e analisamos diversas situações acerca do funcionamen-
UNIDADE 5
120
2
APRENDIZAGEM
UNICESUMAR
INTERNEUROSENSORIAL,
INTRANEUROSENSORIAL
e aprendizagem integrativa
Está claro que todos aprendemos pelas experiências vividas, foi assim desde que
nascemos e é assim até os dias atuais. É possível aprender pelo ambiente que nos
rodeia ou por estímulos que nos são ofertados, no entanto, independentemente
dos estímulos ambientais ou culturais recebidos, todos aprendemos pelos órgãos
dos sentidos, pelos canais de comunicação do mundo externo para com o mundo
interno. São eles: tato, olfato, paladar, audição e visão.
Posto isso, todos nós aprendemos pela visão, audição ou canal cinestésico. É
bem verdade que alguns de nós aprendem mais pela visão, outros pela audição
e outros por sensações, no entanto, todos aprendemos por todos esses canais de
aprendizagem, mas para alguns indivíduos, a visão é o principal canal de apren-
dizagem e a audição, ou canal cinestésico, o segundo melhor canal de aprendi-
zagem. Para outros indivíduos, é a audição que se destaca e talvez a visão seja o
pior canal de aprendizagem.
121
Independentemente disso, devemos atuar priorizando todos os canais. Para
UNIDADE 5
Diante do que apresentei até esse momento, a aprendizagem pode ocorrer pelos
órgãos dos sentidos. Tais canais de comunicação podem funcionar sozinhos, asso-
ciados a um outro canal ou mesmo de modo integrado. Desta forma, existem três
formas de aprendizagem: intraneurosensorial, interneurosensorial e integrativa.
A aprendizagem intraneurosensorial pode ser estruturada como uma forma
de absorção de conhecimentos, em que se um dos órgãos dos sentidos estiver
comprometido, isso não afetará a aprendizagem via outros canais. Por outro lado,
a aprendizagem interneurosensorial é extremamente interessante do ponto de
vista pedagógico, pois deve-se estruturar as atividades para que, assim, seja possí-
vel o trabalho com mais de um sistema de aprendizagem simultaneamente. Tome
como exemplo atividades apoiadas em músicas que poderão gerar dramatizações,
esse exemplo inter-relaciona os canais auditivo, visual e, possivelmente, tátil.
Como consequência, a compreensão dos dois modelos de aprendizagens su-
pracitadas facilitará o entendimento e desenvolvimento de outro tipo de apren-
dizagem, a integrativa. Nesta modalidade, é possível criar um ambiente de ensino
transformador e facilitador, desse modo, deve-se desenvolver, primeiro, a atitude,
para aprender com cada um dos alunos; logo após se deve pensar em exercícios de
aprendizagem; e, por fim, criar novos contextos para aplicação da aprendizagem.
122
Excelentíssimo(a) aluno(a), o ato de aprender poderá melhorar o desenvolvi-
UNICESUMAR
mento cognitivo do aprendiz, por essa razão, habilidades e competências devem
ser consideradas no transcurso educacional, oferecendo o suporte necessário
para a consolidação das aprendizagens. Desse modo, as habilidades podem ser
classificadas em:
■ Sensação: esta habilidade nos permite colocar em contato com o mundo
ao nosso redor. Vale ressaltar que esse primeiro nível é pré-cognitivo, basta
hipotetizar sobre a seguinte situação: “eu acho que está frio lá fora”, talvez
sim, talvez não, só teremos certeza ao sair pela porta e cognitivamente
percebermos a real condição climática.
■ Percepção: esta habilidade nos permite estabelecer as formas e imagens.
Este nível está relacionado à capacidade neurológica de converter as
sensações em impulsos elétricos, ou seja, é a tomada de consciência em
relação às sensações.
■ Formação de imagens: está relacionada com a memória e com o registro
de nossas experiências e está ligada a todas as sensações experimentadas
(aspectos não verbais). Aqui, vale ressaltar que a formação de imagens não
depende somente da absorção de conhecimento a nível visual, mas sim de
qualquer canal de aprendizagem, no qual a percepção de sons, texturas e
odores podem compor a formação de imagens.
■ Simbolização: esta é a habilidade característica do ser humano, consiste
em todas as formas de representação verbal e não verbal. Essa simboliza-
ção está muito presente nos centros de educação infantil, os quais desen-
volvem as capacidades de avaliar perto e longe, grande e pequeno, alto e
baixo, dentro outros. Tais situações podem ser otimizadas com o simples
ato de brincar, como utilizar como recurso a brincadeira “coelhinho sai da
toca”. Por outro lado, a simbolização é muito evidenciada pelos sistemas
verbais, relacionadas à linguagem falada, escrita ou lida.
■ Conceituação: processo mental envolvendo a retenção e classificação.
É a capacidade que temos de formar conceitos, sustentado pela aqui-
sição da linguagem; nesta etapa, o indivíduo aprende a generalizar e a
categorizar situações.
■ Para que você compreenda melhor, coloco para tudo que expliquei: os
níveis de evolução até a aprendizagem.
123
Conceituação
UNIDADE 5
Simbolização
Formação de imagens
Percepção
Sensação
Como é possível observar nesta “teia de aranha”, a parte mais externa é a sensação,
seguida pela percepção. Ambas têm por características aspectos primitivos, dife-
rentemente de simbolização e da conceituação, são cognitivos e estão ao centro
dessa “teia de aranha”.
O processo de aprendizagem humana está relacionado às primeiras experiên-
cias perpassadas sobre a temática a ser aprendida. Evidentemente, são iniciadas
pela sensação e depois percepção, sendo escaladas até a conceituação, do primi-
tivo ao cognitivo. Sobretudo, essa evolução nos níveis apresentados é dependente
da experiência no nível anterior, ou seja, não é possível simbolizar sem antes ter
formado imagens, tampouco é possível perceber antes de passar pelas sensações.
A importância dessa relação crescente e harmoniosa é gigantesca, além de que
a falha, em alguma transição, pode resultar em problemas que irão prejudicar a
aquisição de diversos conhecimentos, como a aquisição da linguagem.
124
3
NEUROCIÊNCIAS EM
UNICESUMAR
SALA DE AULA
125
Princípios da neurociência Ambiente de sala de aula
UNIDADE 5
126
O quadro apresenta a aplicabilidade dos conhecimentos da neurociência dentro
UNICESUMAR
de sala de aula. Fica evidenciado que os conhecimentos adquiridos dependem
diretamente dos mecanismos de formação de memórias, bem como das influên-
cias emocionais no momento da aprendizagem, os quais sustentam a importância
de se pensar em práticas pedagógicas motivantes, em que o aprendiz se sinta
confortável e, acima de tudo, receptivo aos conhecimentos.
Trabalhar com a aprendizagem é, na verdade, otimizar e propor situações prá-
ticas que estimulem a experiência dos aprendizes, ou seja, quanto mais práticas
ficarem as atividades, mais conhecimento será consolidado. Também fica claro
que as etapas evolutivas dos seres humanos ocorrem pouco a pouco, ou seja, se
amadurece áreas específicas do encéfalo, as quais são estabilizadas e, somente após
essa consolidação neural, um novo surto maturacional irá ocorrer.
O cérebro possui ampla capacidade plástica, a qual pode ser ampliada para
a formação de novos conhecimentos, desde que o aprendiz se sinta detentor do
conhecimento, sendo protagonista de sua aprendizagem, para isso, o professor
pode delimitar temas e permitir a livre escolha de um assunto para ser estudado,
construindo e alicerçando novos conhecimentos. As áreas específicas do cérebro
que armazenam informações prévias darão suporte aos novos conhecimentos e,
pouco a pouco, a aprendizagem é efetivada em memórias.
Diante do que foi apresentado até aqui, os aprendizes devem considerar hi-
póteses, resolver problemas, solucionar casos reais, tudo isso amparado pelos
conhecimentos do professor mediador, dos seus próprios conhecimentos e tam-
bém do auxílio de outros colegas.
127
4
EDUCAÇÃO
UNIDADE 5
COGNITIVA
128
Posto isso, Fonseca (2007) sugere como aprender mais é fundamental nos
UNICESUMAR
dias atuais e isso envolve, essencialmente:
■ Focar a atenção para captar o máximo de informação a partir de um
conjunto de estímulos.
■ Formular tarefas exequíveis para lidar com a tarefa.
■ Estabelecer e planificar estratégias.
■ Monitorar a performance cognitiva até atingir o objetivo.
■ Examinar a informação disponível.
■ Aplicar procedimentos sistemáticos para resolver problema em causa e
verificar sua adequabilidade.
De acordo com o que foi apresentado, é nosso dever relacioná-lo com os conhe-
cimentos prévios sobre cognição que já obtemos. Para tanto, o ato de aprender
mais e melhor se apoia em:
■ Resolver problemas, envolve, fundamentalmente: receber e interpretar da-
dos e produzir procedimentos para lidar com o problema (fase de input).
■ Criar operações e processos relacionados com as tarefas inerentes ao pro-
blema (fase de integração e planificação).
■ Aquisição de competências para solucionar o problema (fase de output).
129
Acredito que tenha realizado cada uma dessas transcrições com êxito e, sim-
UNIDADE 5
UNICESUMAR
substituição do protagonismo do professor pelo aluno, os quais devem absorver
conteúdos de maneira autônoma e participativa. Vale ressaltar que isso não retira
a necessidade e a importância dos professores, os quais sempre serão os media-
dores dos conhecimentos, incentivando a alicerçando os aprendizados.
Da Silva e Muzardo (2018) mencionam a pirâmide da aprendizagem de Wil-
liam Glasser, a qual indica que os seres humanos aprendem cerca de 10% com
leituras, 20% com a escrita, 50% observando e escutando, 70% discutindo com
outras pessoas, 80% praticando e 95% ensinando. Os dados apresentados susten-
tam a importância do aprendiz como protagonista, o qual irá debater, discutir e
ensinar os assuntos produzidos por ele.
Sobretudo, de acordo com o que discutimos até esse momento, no que se
refere aos mistérios do funcionamento neurológico para a aprendizagem, todas
as vezes que um aprendiz é atuante no processo, seu nível de atenção é elevado
consideravelmente e, por consequência, poderá desencadear o processo de aqui-
sição e retenção de novas informações.
Acredito que você deva estar se perguntando como colocar as metodologias
em prática. Nesse viés, apresento para você algumas práticas de ensino e apren-
dizagem apoiadas nesta nova metodologia de trabalho pedagógico. Podemos
utilizar, na construção de conhecimento, a elaboração de projetos, resolução de
problemas, estudos de caso ou trabalhos em grupo.
Na construção da elaboração de projetos, o professor pode criar temas gera-
dores de conhecimento e distribuir ou permitir que os aprendizes se distribuam
nos temas propostos. O contexto específico direcionado pelo professor resultará
na criação de um projeto aplicado, com a finalidade de resolver situações especí-
ficas com caráter investigativo e com crivo crítico, para tanto, irá utilizar recursos
tecnológicos e outros recursos disponíveis.
Desse modo, as metodologias ativas apresentam diversos benefícios, tais
como: maior autonomia, confiança, capacidade de resolução de problemas, for-
mação profissional mais qualificada e próxima à realidade do mercado de traba-
lho, bem como protagonista do seu próprio aprendizado. Sobretudo, são elevadas
no aluno a experiência da aprendizagem como algo satisfatório e duradouro.
Caríssimo(a), o modelo tradicional de ensino já não se sustenta mais, está
ultrapassado, assim como a tecnologia avança, os profissionais da educação que
se manterão no mercado serão aqueles que conseguirão se adaptar às novas ten-
dências desse mundo tecnológico.
131
5
BIOFEEDBACK E
UNIDADE 5
APRENDIZAGEM
Você está com depressão, dor, algum trauma vascular ou neuronal, enxaqueca
ou dores de cabeça? Você está estressado, com insônia, fobias, asma ou in-
continência urinária? Já pensou em Biofeedback? Nesse tópico, todas essas
nomenclaturas serão explicadas.
Caro(a) aluno(a), este é um novo campo de pesquisas que surgiu no século
XX, que prima pela autorregulação dos processos psicofísicos e o aumento da
consciência corpo-mente. Resumidamente, a abordagem educacional por meio
do biofeedback está relacionada diretamente com a neurociência cognitiva, uma
vez que os métodos se baseiam na neuroplasticidade cerebral, nas teorias de
aprendizagem humana e nos processos cognitivos.
Como tantos outros campos de atuação têm surgido nos últimos anos, é
uma área de atuação multidisciplinar, sendo empregada desde áreas médicas,
psicológicas até a cibernética. Sobretudo, sua empregabilidade em áreas es-
portivas, comportamentais, empresariais, de reabilitação e tantas outras têm
se destacado cada vez mais.
É possível conceituar biofeedbacks como um aspecto terapêutico e de ferramen-
ta educacional como aprimoramento de desempenho. Muito utilizado em esportes
de alta performance, ampliando sua utilização nas esferas executivas, educacionais
etc. Existem, biofeedback eletrotérmicos (GSR, EDR ou EDA), térmicos (TEMP),
de eletromiografia (EMG) e neurofeedback (EEG) (DAS NEVES NETO, 2018).
132
Se você voltar ao primeiro parágrafo deste item em questão, todas aquelas
UNICESUMAR
situações que listei a você serão resultados de desequilíbrios internos, em es-
pecial de alterações neurofisiológicas, o qual demandará consciência para que
sejam novamente controladas. As técnicas de biofeedback permitem ao indivíduo
regular-se voluntariamente às respostas fisiológicas e emocionais. Para tanto,
podem ser utilizados diferentes métodos, como conscientização e relaxamento,
técnicas musculares, respiratórias e cognitivas que facilitam a autorregulação dos
processos corporais (LANTYER; VIANA; PADOVANI, 2013).
Você deve estar se perguntando como isso é possível, não é mesmo? Simples, é
possível se apoiar em jogos por seu caráter lúdico que pode e deve ser empregados
em crianças. Tais jogos podem apresentar, como objetivo, o controle da pressão
arterial ou frequência cardíaca durante momentos de estresse.
Reflita comigo, em momentos de estresse ou ansiedade elevada, seus bati-
mentos cardíacos ficam baixos ou aumentam consideravelmente? Isso mesmo,
para a maioria das pessoas, os batimentos cardíacos são elevados e com ele a
ansiedade, e o resultado disso pode ser a falha no processamento cognitivo para
tomadas de decisões mais eficientes. Parece claro que, controlar essa elevação dos
batimentos cardíacos pode ser uma excelente estratégia de autocontrole neurofi-
siológico, pois com um coração trabalhando mais tranquilamente, menores serão
os níveis de estresse e ansiedade e, como resultado, teremos maior e, possivelmen-
te, melhor utilização das funções cognitivas.
explorando Ideias
133
Um dos métodos, de muito utilizados, é o Neurofeedback, que consiste em me-
UNIDADE 5
explorando Ideias
O Comitê Olímpico do Brasil considera o judô como uma das principais fontes de meda-
lhas em jogos olímpicos. Como resultado, um grande aporte financeiro é cedido à confe-
deração e aos atletas dessa modalidade. A competição em alto nível promove diversas
alterações emocionais e fisiológicas nos atletas, no qual esses desequilíbrios podem pre-
judicar as tomadas de decisão no momento da competição e resultar em perda de per-
formance e, consequentemente, uma boa colocação. Diante disso, atletas de judô estão
sendo preparados por técnicas de biofeedbacks e neurofeedback, fazendo da modalidade
uma das pioneiras na utilização da neurociência.
As técnicas adotadas podem usar imagens de adversários difíceis e analisar os batimen-
tos cardíacos, a sudorese, a atividade cerebral e, por meio dos resultados obtidos, utilizar
de ferramentas neuropsicológicas para melhorar a concentração e baixar a ansiedade.
Durante o biofeedback, busca-se evitar efeitos negativos causados por ambientes exter-
nos que influenciam na perda da atenção, maior tensão muscular, redução da autocon-
fiança, dentre outros fatores. A respiração profunda é controlada, pode ser um excelente
aliado para oxigenar o organismo e reduzir a ansiedade.
desta prova, em que sua nota foi a melhor da turma, coroando, assim, todo seu
esforço e dedicação.
Isso é imagética, antes de qualquer evento que precisa de resultado, perpassa
mentalmente por todas as etapas da execução, desde sua preparação, execução e
finalização. Evidentemente, nesse exercício, deverá sempre pensar positivamen-
te, assim os níveis de ansiedade serão reduzidos, permitido acesso os melhores
conhecimentos anteriormente abstraídos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
137
na prática
138
na prática
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) , II e III.
De acordo com a receptividade de informações por meio dos canais visuais, auditivos e
cinestésicos, assinale a alternativa correta.
139
na prática
Para isso, assinale a alternativa correta sobre o aprender por parte do aluno, que de-
pende diretamente:
140
aprimore-se
Helen Adams Keller, nasceu no dia 27 de junho de 1880, em uma pequena cidade
rural do Alabama, nos Estados Unidos (EUA), mas a vida de Helen começa a ser
“destruída”, transformando-se em uma história de vida dramática, quando Helen
adoece aos 19 meses de idade. Uma doença de natureza misteriosa, que perdurava
dias, fazendo com que a família de Helen aguardasse o pior, que ela viesse a falecer.
Os médicos da época chamaram de “Febre Cerebral”; os médicos de nossos dias
dizem que poderia se tratar de meningite ou escarlatina. Quando a febre baixou e
a doença cessou, a família de Helen não podia esperar que algo complicado viesse
a surgir mais uma vez, perceberam que Helen não respondia a gestos e sons e logo
foi comprovado que a doença havia deixado Helen completamente cega e surda.
Em consequência a essa situação, a infância de Helen se tornara muito compli-
cada, transformando-a em uma criança muito difícil. Ela não tinha limites, quebrava
muitas coisas, gritava e aterrorizava a todos, “um monstro que deveria ser internada
numa instituição”. Quando a menina completara seis anos e com a família deses-
perada, a mãe de Helen, Kate Keller, tinha lido um livro de Charles Dickens, “Notas
Americanas”, que tratava de um magnífico trabalho realizado com outra mulher
cega e surda, Laura Bridgman.
Após esse momento, a família de Helen, em uma consulta com um médico espe-
cialista, confirmava que jamais a menina que nascera “perfeita” voltaria a enxergar e a
ouvir, mas que todos familiares não deveriam perder as esperanças, pois Helen ainda
poderia ser ensinada. Um perito em crianças surdas, Alexander Perkins Bell, indicou
aos Kellers, que buscassem um professor para Helen, Michael Anagnos, diretor do
Instituto Perkins e Asylum Massachusetts para Cegos, o qual recomendou imediata-
mente uma aluna antiga da instituição, senhora Anne Sullivan, que perdeu boa parte
da visão aos cinco anos, mas após uma cirurgia recuperou boa parte da visão.
141
aprimore-se
142
eu recomendo!
livro
143
143
conclusão
conclusãogeral
geral
conclusão
conclusão
geral
geral
144
144
anotações
referências
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gabarito
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3. D. 3. B.
4. B. 4. A.
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1. A. 1. A.
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2. C.
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4. A.
5. C.
6. C.
151
anotações