Técnicas de relaxamento

Técnicas de Relaxamento

Profa. Dra. Simone Alcântara

1
 Técnicas de relaxamento

Sumário
1. Saúde da mulher: desvalorização e tensão................................................ 3
1.1. Histórico........................................................................................................ 3
1.1.1. Homem e mulher: diferenças acentuadas................................................. 3
1.1.2. Relaxamento: harmonia corpo-mente....................................................... 5
1.2. Inspiração e fundamentos............................................................................... 8
1.2.1. Ioga....................................................................................................... 8
1.2.2. Método Vittoz......................................................................................... 9
1.3. Novas abordagens corporais............................................................................ 10
1.3.1. Psicomotricidade..................................................................................... 10
1.3.2. Consciência corporal............................................................................... 11

2. Corpo em harmonia: métodos de relaxamentos integrados...................... 16

2.1. Métodos de relaxamento psicoterapêuticos....................................................... 16
2.1.1. Treinamento de Schultz........................................................................... 16
2.1.2. Relaxamento progressivo de Jacobson...................................................... 17
2.2. Métodos de relaxamento reeducativos.............................................................. 18
2.2.1. Consciência pelo movimento de Moshe Feldenkrais................................... 18
2.2.2. Eutonia de Gerda Alexander.................................................................... 19
2.2.3. Relaxamento na gestação........................................................................ 19

3. Relaxamento para crianças........................................................................ 20

3.1. Diferentes contribuições.................................................................................. 20
3.2. O relaxamento progressivo de Jacobson........................................................... 22
3.3. Relaxamento de Ajuriaguerra.......................................................................... 23

4. Considerações finais................................................................................... 24

5. Referências................................................................................................. 25

2
 Técnicas de relaxamento

1. Saúde da mulher:
Às exigências sociais, à dupla jornada de trabalho e à
desvalorização e tensão multiplicação das responsabilidades cotidianas vivenciadas
pelas mulheres, soma-se a aceleração da vida moderna,
1.1. Histórico desgastante tanto para elas como para os homens,
resultando em:
1.1.1. Homem e mulher: diferenças acentuadas

• Sofrimento emocional.
Ao longo dos últimos cem anos, com as ações dos
• Empobrecimento psíquico.
movimentos emancipatórios, a condição da mulher
• Tensão e esgotamento físico.
na sociedade ocidental tem passado por várias
transformações. As mulheres, antes restritas ao ambiente
Nesse contexto, as técnicas de relaxamento têm o
doméstico e ao cuidado da família, submissas sexual,
importante papel de proporcionar maior bem-estar físico e
afetiva e economicamente aos pais ou maridos, numa
mental e muitas vezes são consideradas aliadas essenciais
posição considerada inferior à dos homens, passaram a
para o sucesso de tratamentos médicos e psiquiátricos da
ocupar diversos papéis na sociedade.
mulher e do homem.

A emancipação das mulheres efetivou-se no

Porém é importante ressaltar a importância dos
século XX com o acesso à educação e ao mercado de
exercícios de relaxamento inseridos na rotina das mulheres
trabalho, sob forte ação dos movimentos feministas, e
como prevenção de doenças de risco mais comuns. Os
assim elas passaram a compartilhar com os homens as
elevados níveis de colesterol, a dependência do cigarro
responsabilidades financeiras pela família.
e a interação entre fumo e uso de anticoncepcional, por
exemplo, podem levar à trombose venosa as mulheres
Além disso, o desenvolvimento da pílula anticoncepcional
com mais de 30 anos.
permitiu que passassem a ter controle sobre o próprio
corpo e sobre a maternidade. Como observamos na análise
O sedentarismo, a obesidade abdominal e o
de Margareth Reis (2002), esse processo histórico resultou
diabetes também ampliam os riscos de complicações de
em mudanças também nos tipos de exigências e pressões
saúde. Além disso, o período da menopausa provoca
sociais sobre as mulheres:
desconfortos como dor de cabeça, insônia, suor em
demasia, dor na região lombar e outros. Segundo
Se no tempo das nossas avós, as mulheres
especialistas, apenas 10% dos riscos cardiológicos são
começavam cedo seu exercício sexual – para
genéticos, e 90% são resultantes do estilo de vida,
reproduzir – e eram levadas à exaustão pelo
como mostra a ilustração a seguir.
número de filhos que pariam, hoje a mulher
é levada à exaustão pela imensa e insistente
solicitação social que a obriga a ser sexualmente
desejável, orgástica, independente, e a se tornar
um troféu capaz de causar inveja aos que não o
carregam (REIS, 2002, p. 12).

3
 Técnicas de relaxamento

Figura 1.1. Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2011/03/doencas-cardiovasculares-sao-maior-inimigo-das-mulheres-dizem-medicos.html.

4
 Técnicas de relaxamento

Figura 1.2. Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2011/03/doencas-cardiovasculares-sao-maior-inimigo-das-mulheres-dizem-medicos.html.

Em especial no período de gravidez, a prática frequente Abordaremos os relaxamentos psicoterapêuticos

do relaxamento auxilia a circulação do sangue, ameniza globais e os reeducacionais globais, que têm propósitos
o cansaço, melhora o sono, regulariza a respiração e, diferentes, porém ambos prezam pela integridade
sobretudo, promove a consciência das transformações harmônica da mente e do corpo a partir da consciência
corporais, ampliando o bem-estar durante a gestação e corporal em movimento.
favorecendo maior tranquilidade para a hora do parto.
Ao lado dos esforços para aproximarem as
No século XIX, a era de invenções e descobertas e do mulheres de uma heroína romântica, havia,
avanço da medicina, a imagem do ser humano ainda era contudo, outro movimento a empurrá-las, Desde
de um corpo fragmentado em partes e sem relação com a o início do século XIX, na Europa, multiplicavam-
mente. Os tratamentos de doenças eram realizados sem se os ginásios, os professores de ginástica, os
considerar a relação da psique com o físico. manuais de medicina que chamavam a atenção
para as vantagens físicas e morais dos exercícios
O século XX passou a atentar para a emoção, a (DEL PRIORE, 2000, p. 62).
criatividade e o reconhecimento do inconsciente vinculado
à ação do indivíduo. O avanço do olhar para o ser humano 1.1.2. Relaxamento: harmonia corpo-mente
de forma integrada e global propiciou o surgimento de
pesquisas e trabalhos corporais e de relaxamentos como A prática do relaxamento atua diretamente no tônus,
o treinamento autógeno de Schultz1 e o relaxamento promovendo o equilíbrio de sua função pela percepção
progressivo de Jacobson2, como veremos mais adiante. corporal do indivíduo em situações de movimento ou de

1 - Johannes Heinrich Schultz (1884–1970), psiquiatra e neurologista alemão.

Utilizava a auto-hipnose e deu origem a outras psicoterapias baseadas na técnica,
que ele descreve em Le traitement autògene: méthode de relaxation par auto-
déconcentration concentrative. Foi organizador do hospital-dia no Instituto Göring
de Berlim, no qual praticou a hipnose.
2  - Edmund Jacobson (1888–1983), médico fisiologista norte-americano. Estudava
a relação entre a vivência emocional e o grau de tensão muscular. Em 1929, publicou
Progressive relaxation, no qual descreve seu método, que prevê um relaxamento
muscular profundo.
repouso. A eutonista Gerda Alexander3 afirma, em sua
vasta pesquisa sobre o corpo, que há uma relação direta
3 - Gerda Alexander (1908–1994), professora de dança alemã, criou a eutonia a
partir de estudos sobre neuropsicologia e da observação de seus alunos nos quais
identificava dificuldades de movimento e mobilidade. O método inclui a educação e
a terapia em vivências corporais dentro da dinâmica, homem e ambiente. Publicou
entre outras obras em La pedagogie de relaxation et de l’eutonie, 1964.

5

entre o tônus e a atividade cerebral: “O tônus postural,
próprio dos músculos clônicos, assim como o sistema
neurovegetativo e o conjunto das regulagens fisiológicas,
está em inter-relação estreita com nosso psiquismo”
(ALEXANDER, 1991, p. 9).
O homem contemporâneo convive socialmente com
um conjunto de tensões. Esse conjunto altera, de forma
consciente ou não, seu estado corporal, emocional e
comportamental, afetando inclusive a respiração, a voz e
a sensibilidade da pele.
Assim, as técnicas de relaxamento são importantes
para o tratamento de doenças psicossomáticas, incluindo
o estresse, que causam sintomas desagradáveis e muitas
vezes dolorosos, como a rigidez muscular, o bloqueio do
movimento, a ansiedade, a fadiga, o medo, a mudança
de humor, as irritações na pele e outros. Os exercícios
propostos por elas visam ao reequilíbrio do tônus com a
participação ativa do indivíduo.
A contribuição do relaxamento para as pessoas que
têm atividade física intensa, como atletas, bailarinos,
artistas circenses, professores de educação física e outros,
é fundamental, tanto para o tratamento e prevenção
de lesões, respirações reduzidas, discopatias, fadigas
musculares, estresse etc. como para o bom rendimento
de sua atividade.
Para as crianças, esse trabalho também pode ser
feito em tratamentos terapêuticos e de reeducação, mas
sempre por meio de atividades lúdicas, como brincadeiras,
jogos corporais, jogos de imitação, jogos dramáticos ou
“jogos de faz de conta”.
A criança tem uma necessidade maior do que o adulto de
se movimentar e de ocupar o espaço, mas tem capacidade
de perceber os momentos de repouso e a energia gasta
conforme as demandas das ações.
Embora a infância não seja o foco deste curso,
apontaremos mais adiante algumas propostas de
relaxamento benéficas ao desenvolvimento da criança.
6
Técnicas de relaxamento
As principais fontes de inspiração das várias técnicas de
relaxamento foram:
• O ioga, prática milenar indiana de exercícios para o
corpo, mente e respiração que influiu nas terapias
psicomotoras
• O método do médico suíço Roger Vittoz4, que incluía
o corpo na terapêutica das neuroses e motivou os
psicorreeducadores e a aplicação da hipnose no
tratamento de doenças mentais, posteriormente
influenciando a psicanálise.
• O relaxamento do neurologista alemão Johannes
Schultz.
O treinamento autógeno de Schultz e o relaxamento
progressivo de Edmund Jacobson são técnicas pioneiras
que surgiram nas primeiras décadas do século XX. Ambos
eram métodos globais de base psicoterápica cujo ponto de
partida era o aspecto mental. Esses métodos são chamados
de relaxamentos estáticos (MASSON, 1986, p. 9).
Na década de 1940, observou-se um avanço nas técnicas
de relaxamento com a proposta do psiquiatra Julian de
Ajuriaguerra5, que se inspirou nas teorias de Wallon6. Em
seu treinamento psicofisiológico, ele propôs promover a
aprendizagem do relaxamento muscular pela participação
ativa do paciente, considerando a relação estreita que
existe entre a vida tônica e a vida emocional. Na entrevista
apresentada no vídeo a seguir, a fisioterapeuta Conceição
Aparecida de Almeida Santos7 explica como as técnicas de
4 - Roger Vittoz (1863-1925), médico suíço que se dedicou ao tratamento
de pacientes neuróticos. Sua ideia central é baseada na concepção de que é
possível alterar o funcionamento do psiquismo por meio de uma reeducação da
concentração, da atenção e da vontade. O método é descrito no livro Traitement
des psychonévroses par la rééducation du contrôle cerebral.
5  - Julian De Ajuriaguerra (1911–1993), psiquiatra e professor francês de origem
espanhola, considerado um dos mais importantes representantes da psiquiatria
eclética, erudita e humanista. Autor de Manual de psiquiatria da criança e
Escritura da criança. Um dos mais importantes representantes dos estudos da
Psicomotricidade, passando a considerá-la uma ação preventiva e reeducativa.
6  - Henri Wallon (1879-1962), médico, psicólogo e filósofo francês, tornou-se
bem conhecido por seu trabalho científico sobre psicologia do desenvolvimento,
com o foco principalmente na criança, em que assume uma postura notadamente
interacionista, e por sua atuação política e posicionamento marxistas. Seu primeiro
trabalho, Délire de persécution: le délire chronique à base d’interprétation, foi
publicado em 1909.
7  - Fisioterapeuta e docente da Faculdade de Fisioterapia, na Pontifícia Universidade
de Católica de Campinas. Professora das disciplinas Fisio Preventiva, Fisio e Saúde
Coletiva, Fisio, Saúde Mental e Neurologia, Fisio em Centro de Saúde. A entrevista
publicada no vídeo foi concedida ao site do Centro de Bem-Estar e Atenção à Saúde
Humanits, de São Paulo. In: http://humanits.com.br/, acesso em: 6.mai.2014.
 Técnicas de relaxamento

relaxamento atuam no corpo e na mente, resultando em benefícios para a redução do estresse no cotidiano desgastante
da vida contemporânea.

Video - Introdução às técnicas de relaxamento: https://www.youtube.com/watch?v=NuhweK-mWYQ

Além disso, ela apresenta noções do relaxamento progressivo de Jacobson, que detalharemos a seguir, sugere
exercícios de automassagem e introduz a sofrologia, técnica inspirada na hipnose, com indução verbal do fisioterapeuta,
mas em estado de alerta.

Outras técnicas de relaxamento comentadas nesta apostila, baseadas na consciência corporal do indivíduo – como
a eutonia de Gerda Alexander, o método rolfing de Ida Rolf8 e a consciência pelo movimento de Moshe Feldenkrais9 –
despontaram em um contexto no qual diferentes abordagens corporais eram desenvolvidas na Europa e nos Estados
Unidos, por exemplo, o método Pilates10 e a ginástica holística11.

O método Pilates, criado pelo alemão

Joseph Hubertus Pilates, é baseado no
trabalho dinâmico e global de fortalecimento,
alongamento, equilíbrio, respiração e postura.
A dança expressionista alemã12, por meio dos
trabalhos desenvolvidos pelos bailarinos e
coreógrafos Rudolf Laban13 e Mary Wigman14,
trouxe uma nova concepção de movimento, cuja
origem está nos gestos cotidianos do indivíduo.

Laban pesquisou a espontaneidade dos

movimentos pela vivência consciente do indivíduo,
e Wigman, a expressão trágica deles a partir da
relação do homem com o universo. Segundo
Laban (1978, p. 11), existe “uma relação quase
Figura 2. Fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/Rudolf_von_Laban e http://
matemática entre a motivação interior para o mayanbstudio.blogspot.com.br/2012/08/mary-wigman-danza-expresionista25.htm.
movimento e as funções do corpo”.

8  - Ida Pauline Rolf (1896–1979), bioquímica norte-americana, criou o sistema rolfing, que denominou de integração estrutural. Admitida recém-formada pelo Instituto
Rockefeller, chegou ao título máximo de pesquisadora. Lecionou em diferentes países divulgando o seu método, que foi reconhecido internacionalmente ao ingressar no
Instituto Esalen, importante centro de terapias naturais e holísticas na Califórnia, Estados Unidos.

9 - Moshe Feldenkrais (1904–1984), físico russo radicado na Inglaterra, o primeiro europeu a obter a faixa preta de judô, passou a estudar anatomia, neurologia,
biomecânica e movimento corporal em 1942, quando obteve o diagnóstico de uma grave doença nos joelhos que o impossibilitaria de andar. Em 1949, descreveu os
pressupostos de seu método consciência pelo movimento no livro Body and mature behaviour e, em 1972, em Awareness through movement, também editado no Brasil.

10  - Autodidata alemão, Joseph Hubertus Pilates (1883–1967) criou o método Pilates, baseado no trabalho global, por suas próprias limitações físicas, desenvolvendo
aparelhos para auxiliá-lo em seu próprio desenvolvimento. Em 1926, abriu o seu primeiro estúdio em Nova Iorque, onde viveu até a sua morte.

11  - Lily Ehrenfried (1896–1994), médica e fisioterapeuta alemã, foi criadora da ginástica holística. Em Berlim, foi aluna da educadora física alemã Elza Gindler (1885-
1961) e desenvolveu o seu trabalho na França até o final da vida.

12  - Fundada pelos bailarinos Rudolf Laban, Kurt Joos, Mary Wigman e Kreutzberd, a dança expressionista alemã surgiu como uma ruptura com o balé clássico, buscando
novas formas de expressão pela liberdade do gesto e do movimento, valorizando a autoexpressão corporal e a relação com o espaço.
13 - O bailarino e coreógrafo húngaro Rudolf Laban (1879–1958) é considerado um dos maiores pesquisadores do movimento. Foi um dos fundadores da dança
expressionista alemã e da arte do movimento. Sistematizou a linguagem do movimento denominada Labanotation e fundou o Laban Center of Movement and Dance na
Inglaterra e outros centros de pesquisa, inclusive nos Estados Unidos.

14  - Mary Wigman (1886–1973), bailarina, coreógrafa e professora alemã, é uma das precursoras da dança expressionista alemã. Foi aluna de Rudolf Von Laban e Émile
Jaques-Dalcroze.

7

Essas novas formas de trabalhar o corpo fortaleceram
a visão sobre a capacidade corporal em equilíbrio com a
mente como concepção de bem-estar sem diferença de
gêneros, estendendo-se até às crianças. Entendem o
indivíduo de forma global para resultados mais eficientes
tanto em tratamentos de saúde como nas práticas
específicas da dança e do esporte.
Essa visão também colabora para que os portadores
de deficiência que têm alguma dificuldade de usar o corpo
ou de se movimentar construam a imagem corporal para
além de suas limitações. As técnicas de relaxamento
estruturadas nas vivências dos pacientes ou alunos, atletas
e dançarinos, estimulam a consciência individualizada
dos limites e possibilidades corporais. É um processo de
ensino e aprendizagem, com atividades desafiadoras que
permitem que cada um aprenda a lidar com suas restrições
e possa experimentar formas de superá-las.
Todo resultado de um gesto, ou de uma ação,
provém do espaço existente entre a oposição de
dois conceitos. Seu gerador é sempre par, ainda
que essa ligação se faça através de um aparente
distanciamento. É a lei da harmônica incoerência da
vida: todo trabalho corporal, se analisado sob um
só ângulo, é incoerente. Mas unido ao todo surge a
harmonia (VIANNA; CARVALHO, 1990, p. 78).
No item a seguir, discutiremos como o ioga contribui
para essa compreensão da harmonia entre corpo e mente,
inspirando uma série de pesquisas e propostas práticas de
abordagem corporal.
1.2. Inspiração e fundamentos
1.2.1. Ioga
Sabemos que diferentes profissionais adeptos das
técnicas de relaxamento tiveram como inspiração os
ensinamentos da prática do ioga, seja com o objetivo
psicoterapêutico na relação médico-paciente ou com o de
reeducação corporal na relação professor-aluno. Prática
8
Técnicas de relaxamento
milenar originária na Índia pré-moderna e baseada em
disciplinas físicas e mentais, o ioga teve seus ensinamentos
compilados em versos no livro clássico chamado Yoga
sutras, cuja autoria é atribuída ao sábio Patanjali15. O
livro descreve os princípios morais, físicos e espirituais
que norteiam a prática, descrevendo o processo de
estabilização do corpo e dos sentidos por meio de posturas
e exercícios respiratórios. A partir dessa estabilidade,
o praticante adquire a concentração necessária para a
meditação, objetivo principal do método.
O ioga proporciona vários benefícios para a saúde
tanto do corpo como da mente. Conduz o indivíduo à
compreensão de si mesmo a partir de posturas e exercícios
que estimulam o relaxamento da musculatura e provoca o
bem-estar físico e espiritual.
O conceito de consciência corporal de forma global
é considerado a principal base do ioga, sustentado por
várias técnicas de relaxamento com o intuito de aliviar
as tensões musculares e psíquicas, agindo na regulação
tônica muscular em situação de movimento.
Para a prática, o melhor ambiente é um local arejado
ou mesmo áreas ao ar livre, próximas à natureza, onde a
pessoa consiga permanecer centrada em si, em seu corpo,
na respiração e no bem-estar geral. O uso de esteiras ou
colchonetes individuais promove o conforto nas diferentes
posturas. Os exercícios atuam no corpo e na mente e
devem ser praticados lentamente e em concentração, com
o uso mínimo de energia.
A filosofia hindu que é a base do ioga almeja o desapego
material, a busca da autodisciplina, para fortalecer o
espírito e diminuir a dispersão e a instabilidade, e o retorno
às origens pelo equilíbrio como um todo.
O uso de essências e incensos mantém o local
suavemente aromatizado e auxilia na retomada tranquila
da respiração, diminuindo o estresse do dia a dia, a
ansiedade e os sentimentos angustiantes.
15  - A história de Patanjali é pouco conhecida. Segundo Feuerstein (2005, p. 20),
ele realizou a compilação dos Sutras “em algum momento do século II a.C.”.

Nos espaços urbanos, longe da natureza, é difícil
obter o silêncio essencial ao ioga, mas a própria prática
remete o indivíduo à procura da interiorização, a ponto
de permitir que ele se distancie dos ruídos. A música
instrumental e calma auxilia no relaxamento dos músculos,
mas principalmente da mente, possibilitando momentos
tranquilos para os exercícios de relaxamento. O ritmo
lento do movimento estimula a percepção minuciosa do
corpo, levando a um estado de relaxamento confortável
e prazeroso, equilibrando o tônus de forma harmoniosa.
Algumas técnicas de relaxamento utilizam os princípios
do ioga para a sua prática, mas nem sempre são realizadas
em locais tranquilos ou silenciosos, pois os objetivos são
diversos. Por exemplo, em treinamentos esportivos ou
de dança, o relaxamento é feito nas boas condições do
ambiente, como as do ioga, mas com ritmos diferentes
e atividades que permeiam os exercícios de força e
relaxamento para a preparação do tônus muscular.
Podemos praticar Yoga pelas mais diversas
razões: para manter a boa forma física; para
conservar ou recuperar a saúde; para equilibrar
o sistema nervoso; para acalmar nossa mente
excessivamente ativa; e para levar uma vida mais
significativa. Todos esses objetivos merecem
nossa atenção e nosso esforço (FEUERSTEIN,
2005, p. 25).
Georg Feuerstein lembra, em Uma visão profunda do
16
yoga (2005), que, apesar dos objetivos da prática serem
espirituais, ela traz benefícios para o corpo e a mente de
modo integrado.
1.2.2. Método Vittoz
Assim como o ioga, o método criado por Roger Vittoz
foi inspiração para muitos pesquisadores dedicados ao
desenvolvimento de métodos de relaxamento. Trabalhando
com pacientes neuróticos em um contexto em que se
desenvolvia a psicanálise – cuja grande inovação é
explorar a importância de padrões inconscientes –, Vittoz
16  - Um dos maiores pesquisadores ocidentais sobre a tradição do ioga, o alemão
Georg Feuerstein (1947–2012) escreveu dezenas de livros sobre a prática e traduziu
diversos escritos clássicos do hinduísmo, incluindo os Yoga sutras.
9
Técnicas de relaxamento
manteve o foco na relação entre a mente consciente e
a inconsciente. Para ele, seus pacientes sofriam de um
defeito de conexão entre esses dois níveis mentais.
Ao ouvir as queixas e os sintomas de seus pacientes,
Vittoz buscava fazê-los parar de pensar e levava-os a
realizar ações simples como tocar um objeto, respirar,
observar uma cor, sempre de modo consciente. Dessa
forma, fazendo com que os pacientes ocupassem suas
mentes com elementos concretos e definidos e ficassem
concentrados nas percepções sensoriais, ele percebia
que ansiedade, cansaço e instabilidade emocional se
dissipavam gradualmente. O paciente relaxava.
Vittoz desenvolveu então seu método de reeducação
do controle cerebral, que consiste em várias etapas de
concentração da atividade mental em sensações simples.
O sistema nervoso do paciente recebe essas sensações e
acalma-se: é o que ele chama de receptividade consciente.
A reeducação do controle cerebral é um processo que
começa pelo tato, depois pela audição atenta de barulhos
cotidianos, como o som de pássaros ou da chuva, passando
então para o olfato e o paladar. A proposta do método é
ampliar a consciência sensorial, não o conhecimento ou a
racionalização sobre as sensações.
A receptividade consciente também se estende à
percepção da respiração, por meio de exercícios de
inspiração e expiração ritmadas, e ao andar, com atividades
em que o paciente observa as sensações de seus pés
tocando o solo, o movimento dos joelhos, das pernas, o
balanço dos braços durante a caminhada.
Outro processo importante do método é o da
emissividade. Assim como a reeducação do controle
cerebral dá-se pela receptividade consciente, Vittoz
acreditava que também ocorre pelo envio consciente de
energia para partes determinadas do corpo. Ele observou
que, quando o indivíduo se concentra em um determinado
ponto de seu corpo, a vitalidade aumenta – ou seja,
observa-se uma vasodilatação local.

O método de reeducação desenvolvido por Vittoz
avança até o controle das ideias, dos pensamentos e da
vontade, mas foi sua observação sobre a relação entre o
processo de emissividade e a vasodilatação que mostrou
a ligação mais direta de seu método com as técnicas de
relaxamento. Isso porque, fisiologicamente, quando os
vasos sanguíneos apresentam uma dilatação, os músculos
que compõem suas paredes relaxam.
Nos exercícios sistemáticos, o indivíduo irá
concentrar sua atenção e seu influxo sobre
determinado membro, percorrendo-o desde
a raiz até a extremidade, etc. O aumento de
vitalidade resultante desse investimento – função
da vasodilatação reativa – atinge, intuitiva e
precursoramente, os dados psicológicos que
tiverem, nos métodos de relaxamento, um
desenvolvimento considerável (MASSON, 1986,
p. 22).
1.3. Novas abordagens corporais
1.3.1. Psicomotricidade
A chamada nova consciência surgiu pela nova visão de
corpo de pesquisadores do ser humano na sua totalidade,
em especial na medicina, que passou a considerar também
o lado psicológico e a imagem corporal dos pacientes para
além dos sintomas das doenças, como analisa Alexander
(1991, p. 2-3):
Sob a ótica da “nova consciência”, o corpo já
não é só uma máquina que funciona bem ou mal,
já não é só um instrumento do homme machine;
por outro lado, também não é a parte perecível
do ser humano, que contrasta com sua “alma
imortal”. Corpo e alma são considerados agora
uma unidade, como elementos provenientes de
uma mesma raiz. Ambos vivificam mutuamente.
A psique informa o corpo, a partir do interior,
sobre os impulsos e leis que transcendem o
tempo. O corpo, por sua vez, atua sobre a
psique ao lhe proporcionar informações sobre
a realidade temporal. Corpo e alma são irmãos
10
Técnicas de relaxamento
surgidos de um mesmo ventre [...] só reunidos é
que constituem “o homem”.
A psicomotricidade, inicialmente atribuída à medicina
psiquiátrica, atingiu com Henri Wallon e Julian de
Ajuriaguerra uma dimensão preventiva, psicoterapêutica,
educativa e reeducativa. Ambos se dedicaram ao estudo
da ciência da criança e do homem como um todo. Segundo
Wallon (1958 apud ZAZZO, 1978, p. 24): “Um dos passos
mais difíceis de dar para a psicologia é o que deve unir o
orgânico e o psíquico, a alma e o corpo”.
Em 1925, Henry Wallon ocupou-se do movimento
humano dando-lhe uma categoria fundante como
instrumento na construção do psiquismo. Isso permitiu ao
autor relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio
ambiente e aos hábitos do indivíduo e discursar sobre o
tônus e o relaxamento.
Uma das consequências dessa postura é a crítica às
concepções reducionistas: Wallon propõe o estudo da
pessoa completa. Fundamentou suas ideias em quatro
elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a
afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do
eu como pessoa.
Em entrevista dada para a Revista Escola (GENTILE,
2005), o psicólogo argentino Esteban Levin17 comentou
sobre a importância dos estudos de Henri Wallon
no ambiente escolar. Segundo ele, os estudos sobre
psicomotricidade promoveram uma renovação das práticas
e conhecimentos pedagógicos ao “colocar o corpo e os
gestos no centro do desenvolvimento infantil” e, ao mesmo
tempo, têm papel crucial para a formação do adulto.
Esse processo iniciou-se com os trabalhos de Wallon,
que, na segunda metade da década de 1920, demonstrou
como os movimentos do corpo ajudam a criança a
descobrir o mundo ao seu redor, de uma forma análoga
ao que acontece com a linguagem corporal, que permite
a ela descobrir a si mesma e relacionar-se com os pais.
17  - Psicólogo, psicomotricista e professor de Educação Física, orientador dos cursos
de pós-graduação na Universidade de Psicologia de Buenos Aires, da Universidade
de Lomas de Zamora, também na capital argentina, e da Universidade Federal
de Fortaleza. Como supervisor de equipes clínicas e hospitalares, realiza diversas
pesquisas nas áreas de psicomotricidade, estimulação precoce, psicopedagogia,
psicologia e terapia ocupacional.
 Técnicas de relaxamento

“Essas descobertas feitas com o corpo deixam marcas, são
aprendizados efetivos, incorporados”, explica Levin.
Os movimentos são saberes que adquirimos
inconscientemente, mas que também ficam à nossa
disposição para serem colocados em uso. Por isso, Levin
acredita que cabe aos adultos usarem esses conhecimentos
como referência para ser criativos na forma de abordar
as questões profissionais como também os problemas
cotidianos. Como observamos, Wallon aprofundou-se
na pesquisa sobre o desenvolvimento global da criança
gerando significativa contribuição aos educadores e em
especial ao tratamento de crianças com doenças mentais.
oriental. Também praticou natação e ginástica em busca
de uma vida saudável.
Inicialmente, criou aparelhos (figura 3) para auxiliá-lo
em seu próprio desenvolvimento durante a prática dos 500
exercícios inventados por ele. Com o uso de aparelhos e
acessórios, o método explora o centro estável do corpo e
a força da gravidade para, por meio do movimento, obter
o realinhamento da postura e desenvolver a tonicidade
muscular. É baseado em seis princípios: concentração,
respiração, alinhamento, controle de centro, eficiência e
fluência de movimento.

Recusando-se a selecionar um único aspecto

do ser humano e isolá-lo do conjunto, Wallon
propõe o estudo integrado do desenvolvimento,
ou seja, que este abarque os vários campos
funcionais nos quais se distribui a atividade infantil
(afetividade, motricidade, inteligência). Vendo o
desenvolvimento do homem, ser “geneticamente
social”, como processo em estreita dependência
das condições concretas em que ocorre, propõe
o estudo da criança contextualizada, isto é, nas
suas relações com o meio. Podemos definir o
projeto teórico de Wallon como a elaboração de
uma psicogênese da pessoa completa (GALVÃO,
1995, p. 32).

1.3.2. Consciência corporal

Além das contribuições da psicomotricidade e do

estudo do desenvolvimento global do indivíduo às técnicas
de relaxamento discutidas acima, o método Pilates e a
ginástica holística corroboraram com a riqueza de formas
inéditas de trabalhos corporais integrados.

1.3.2.1. Método Pilates

Figura 3. Fonte: http://www.canalpilates.com.br/fotos-de-joseph-pilates.
Joseph Hubertus Pilates criou o método que leva o seu
nome na década de 1920 pelas suas próprias limitações
físicas causadas pela asma, pelo raquitismo e pela O indivíduo é orientado oralmente pelo professor ou

febre reumática, que o deixaram em cadeiras de rodas fisioterapeuta sobre a forma de realizar os exercícios,

na adolescência. Pesquisou intensamente, adquirindo com o foco no assoalho pélvico contraído e articulado

influências do ioga, das artes marciais e da meditação, com a respiração e o movimento. O processo de trabalho

além de estudos sobre anatomia, fisiologia e medicina tem o foco no controle muscular e principalmente no

11
 Técnicas de relaxamento

fortalecimento dos músculos internos que dão sustentação
à coluna vertebral.
No início da década de 1920, Pilates abriu em Nova
York, para onde se mudou, seu primeiro estúdio para
a prática dos exercícios que criou. Na década de 1940,
quando dançarinos como Ruth St. Denis , Ted Shawn ,
Segundo a dra. Ida – como preferia ser chamada –, o
objetivo principal do rolfing é “trazer” uma determinada
parte do corpo para o seu lugar anatômico de origem para
estabelecer um novo padrão de movimento, chegando ao
equilíbrio, como mostra a figura 4:
18 19

Martha Graham20, George Balanchine21 e Jerome Robbins22

descobriram seu método, seu trabalho começou a ser
reconhecido. Pilates faleceu cerca de duas décadas depois,
em 1967, intoxicado pela fumaça de um incêndio em seu
estúdio. Mas o método continuou sendo desenvolvido e
divulgado por sua esposa, Clara Pilates, até que, em 1970,
o estúdio em Nova York foi assumido por uma aluna da
década de 1950, Romana Kryzanowska.

O método Pilates atualmente é praticado no Brasil tanto

por profissionais que têm o corpo como instrumento de Figura 4. Corpo 1 – Fora de alinhamento e corpo. 2 – Em alinhamento.
Fonte: http://www.educacionsalud.com/man_rolf.html.
trabalho, como bailarinos, artistas circenses, performers,
atletas e outros, como por pessoas de outras profissões,
pelo grande benefício do processo de trabalho global. É de
grande contribuição nos tratamentos da fisioterapia, nas
prevenções e nos problemas na coluna vertebral.

1.3.2.2. Método rolfing

Elaborado pela bioquímica norte-americana Ida Pauline

Rolf (figura 5) a partir de estudos sobre osteopatias
e ioga, o método rolfing parte da ideia de que toda a
estrutura corporal precisa ser reequilibrada em relação à
força da gravidade. O método também é conhecido como Figura 5. Dra. Ida Rolf demonstrando o seu método para
seus alunos. Fontes: http://www.hawaiirolfing.com/ e
integração estrutural. http://www.rolfworld.com/idarolfhistory.html.

18 - Ruth Saint Denis (1879–1968), dançarina, cujo repertório inspirado em É fundamental para o trabalho que o “rolfista”
tradições orientais e o trabalho como professora na Denishawn School of Dance, da
qual foi uma das fundadoras, influenciou vários artistas. consiga um tônus uniforme entre as partes da frente e
19  - Ted Shawn (1891–1972), um dos mais influentes bailarinos e coreógrafos de trás, entre os dois lados e entre as metades superior
da dança moderna norte-americana, fundou com a ex-esposa Ruth St. Denis a
e inferior do corpo.
Denishawn School of Dance. Estabeleceu o princípio da visualização na dança
moderna.

20 - Martha Graham (1894–1991), bailarina e coreógrafa norte-americana O método consiste em um ciclo de dez sessões, nas
considerada uma grande inovadora da arte de dançar, com uma técnica que dava
grande atenção à respiração, associando a inspiração à contração e a expiração ao quais o “rolfista” – por meio de toques profundos em
relaxamento.
pontos específicos do corpo, isto é, uma “pressão física”
21  - George Balanchine (1904–1983), russo, foi um dos coreógrafos mais criativos de energia direta para o corpo do indivíduo – elimina as
do século XX, fundador da School of American Ballet.
tensões do corpo, reduzindo encurtamentos musculares.
22 - Jerome Robbins (1918–1998), coreógrafo, diretor e produtor teatral norte-
americano, responsável pela coreografia do musical, West Side Story, o que fez dele O equilíbrio desejável deve chegar até as camadas mais
um dos nomes mais importantes da dança no setor de entretenimento nos EUA.

12
 Técnicas de relaxamento

profundas de tecido, localizadas próximas aos ossos, e
as mais superficiais, próximas à pele.
O trabalho com os ossos (tratamento osteopático) é
fundamental nesse processo por alterar a forma como eles
se relacionam, liberando obstruções entre as articulações
e aumentando o bem-estar.
do método rolfing é um trabalho que não tem o foco
no relaxamento, assim como o método Pilates. Mas o
processo de trabalho em sessões em número determinado
e com o toque direto na pele pelo profissional também
proporciona às pessoas o bem–estar esperado de forma
global e mudanças nos aspectos físicos e mentais.

No trecho de uma das aulas da dra. Ida, notamos de

que forma o profissional que aplica o método rolfing pode
perceber as mudanças geradas pelo trabalho:

À medida que vocês vêem as estruturas

se abrirem e assumirem relações espaciais
adequadas entre si, intuitivamente vocês
saberão que é assim que deverá ser. Nem
sempre vocês sabem, intuitivamente, que a
outra coisa está errada, mas quando começarem
a ver uma estrutura se abrir, alongar, aumentar, Figura 6. Fonte: http://terapiamanual-ff.blogspot.com.
tornar-se mutável, participar dos movimentos, br/2014/04/rolfing-equilibrio-e-mobilidade-corporal.html.

automaticamente, vocês dirão: “Está certo”.

Nesse momento, vocês não precisam de O primeiro “rolfista” a vir ao Brasil foi James (Jim)
professor algum para ensinar: vocês sabem Hrisikos, que trabalhou com um grupo de pessoas na
(FEITIS, 1978, p. 205). clínica do psiquiatra e introdutor das técnicas corporais em
psicoterapia José Ângelo Gaiarsa, em São Paulo, em 1977.
A partir da visão integrada de corpo e mente da Atualmente, contamos com vários profissionais brasileiros
dra. Ida, o processo de trabalho do rolfing também e com a Associação Brasileira de Rolfing, em São Paulo.
alcança resultados de transformação na vida emocional,
comportamental e até espiritual da pessoa pelo bem-estar Citação extraída de uma entrevista concedida por Ida
físico gerado. Rolf em julho de 1976, publicada parcialmente no Bulletin
of Structural Integration: “Este é o evangelho do Rolfing:
Em meio às diversas abordagens corporais que quando o corpo começa a funcionar de modo apropriado,
discutimos até aqui, é importante ressaltar que a proposta

a força da gravidade consegue fluir através dele. Espontaneamente, então, o corpo cura-se a si mesmo” (FEITIS, 1978,
p. 47).

1.3.2.3. Ginástica holística

No início da década de 1930, Lily Ehrenfried desenvolveu na França a ginástica holística, que consiste em estimular a
experimentação gestual e a percepção sensorial e motora do indivíduo de forma harmônica, com o foco em respiração,
tônus muscular e alongamento.

O relaxamento não é o seu foco principal, mas é abordado na execução de alguns exercícios, gerando o bem-estar
físico e psicológico esperado. É realizado em aulas individuais ou em grupo, por meio da consciência corporal, com

13

descrições bastante precisas feitas pelo professor. O vídeo
a seguir ilustra algumas posições de exercícios e alguns
materiais utilizados na ginástica holística.
Vídeo - Ginástica holística:
https://www.youtube.com/watch?v=Zo3OHTIEU9w
A técnica caracteriza-se pela proposta global de
trabalho, levando em consideração as possibilidades
de cada pessoa e propondo que experimentem gestos
incomuns, usando a imaginação individual, sem indução
ou modelo. O senso lúdico é priorizado, com o mínimo
de energia utilizada em ritmo lento e intercalada com
pausas para a pesquisa sobre os limites individuais do
praticante. A prática atua no alongamento dos músculos
e dos tendões, nas estruturas ósseas e no equilíbrio
do tônus e regulariza a respiração, fazendo com que o
praticante adquira novos hábitos corporais naturalmente,
a partir do novo alinhamento postural e de sua percepção
ampliada do corpo.
1.3.2.4. Dança expressionista alemã
Como já destacamos anteriormente, a dança
expressionista alemã, representada por Rudolf Laban
e Mary Wigman, contribuiu de forma significativa com
as novas abordagens corporais. A arte do movimento
desenvolvida por Laban trouxe a “dança para todos”,
a dança criativa e expressiva pela pesquisa do gesto e
do movimento no espaço e no tempo. A pesquisa do
movimento possibilita ao indivíduo saber quais os seus
limites e as suas possibilidades corporais. Estar em
movimento em determinado espaço, sozinho ou com o
outro, provoca o entendimento da sua relação com o
mundo. A bailarina e coreógrafa Wigman defendia uma
relação mais intuitiva com a dança e a conexão entre
emoção e o movimento, buscando expressar a desordem
e o trágico daquele momento histórico.
O conhecimento sobre o próprio corpo levaria o
indivíduo a expressar suas emoções e as sensações
físicas que compõem a sua história de vida. Os entraves
emocionais refletem-se no corpo como algo fora do
lugar, em desarmonia. A vivência corporal pela dança,
14
Técnicas de relaxamento
assim como pelo relaxamento, auxilia na procura do
bem-estar do homem.
1.3.2.5. Técnica de Klauss Vianna
De formação clássica, Klauss Vianna23 inovou seu
trabalho corporal na dança ao criar uma técnica apoiada
na observação do espaço existente entre as oposições
que geram conflitos e a maneira de expressá-los. Coloca
a importância da vivência como meio para chegar a
algo. É “estar presente a cada momento” para não
perder a intenção do movimento enquanto ele se
realiza, sem antecipar o seu fim. Para ele, a intenção
do gesto ou de uma ação vem do espaço existente
que gera os conflitos, as oposições. Suas aulas, tanto
para bailarinos e atores como para qualquer pessoa
que se propusesse a se entregar à observação de si
mesmo, eram orientadas por ele oralmente e com um
percussionista que dava as batidas rítmicas.
Muitas vezes, os alunos iniciam as aulas no chão,
espreguiçando-se, com o objetivo de abrir espaços às
articulações. Para ficarem em pé, são propostos exercícios
de pesquisa a partir de uma articulação escolhida.
O desafio é perceber que o movimento, quando tem
origem na articulação, é muito diferente de quando sai
de uma parte do corpo que não esteja em oposição com
outra. Caminhar pelo espaço também é importante para
se ter consciência do limite de seus espaços internos para
que a energia seja encaminhada e utilizada apenas na
extensão da necessidade. O gesto terá um tamanho, sem
desgaste maior do que é necessário.
Segundo Vianna, o sujeito só percebe o espaço a sua
volta ao se afastar dele, assim como acontece com a
emoção: ela embarga, atrofia e interrompe o movimento.
É preciso sentir e após refletir sobre o que sinto para que
a emoção chegue ao interlocutor ou à plateia, limpo e
claro, é dar “espaço para que a emoção se torne viva”.
23  - Mineiro de Belo Horizonte, Klauss Vianna (1928-1990) foi bailarino, coreógrafo,
professor, ator e preparador de atores. Dirigiu o Balé Klauss Vianna,o Balé de Minas
Gerais, o Balé da Cidade de São Paulo, a Escola Municipal de Bailado de São Paulo
e a sua própria Escola Klauss Vianna. Lecionou na Escola de Dança da Universidade
Federal da Bahia (UFBA), foi ator e preparador de atores de várias peças teatrais
no Rio de Janeiro e criador da técnica de consciência corporal pelas oposições/
articulações descrita em seu livro A dança, 1990.

À medida que o indivíduo vai mudando os seus
espaços, seu eixo, sua flexibilidade e equilíbrio,
estará trabalhando a sua visão de mundo, das
coisas e das pessoas. As musculaturas usadas
para esse processo são cadeias profundas que
ajudam a construir a nossa imagem (VIANNA;
CARVALHO, 1990, p. 80).
Mesmo após a sua morte, sua técnica é bastante
utilizada por quem tem, em seu corpo, a memória das
sensações vivenciadas em suas aulas.
1.3.2.6. Reeducação do movimento de Ivaldo Bertazzo
Ivaldo Bertazzo24 baseia-se no trabalho de “cadeias
musculares” e articulares da biomecanicista e fisioterapeuta
Godelieve Denys-Struyf. Nessa visão, o corpo funciona
por meio de grandes circuitos musculares, chamados de
cadeias (figura 7). Cada um deles é um caminho específico
de tensão.
Figura 7 - Cadeias musculares. Fonte: http://fisioterapiayoga.
blogspot.com.br/2010/03/as-cadeias-musculares-e-o-yoga_08.html.
24  - Ivaldo Bertazzo (1949) é coreógrafo, professor de dança e terapias corporais.
Criador da Escola do Movimento e do Centro Brasileiro de Cadeias Musculares. Seu
trabalho de Reeducação do Movimento é baseado nas técnicas da belga Godelieve
Denys-Struyf e das biomecanicistas Marie Madeleine Béziers e Suzanne Piret.
Detalha o seu método de trabalho no livro, Espaço e Corpo, Guia de Reeducação
do Movimento, 2004.
15
Técnicas de relaxamento
A noção de cadeias musculares ensina a ler o corpo em
sua estática, ou seja, na forma como cada pessoa fica em
pé (mais para a frente, mais vertical etc.), como na figura
8. A abordagem das cadeias musculares é individual sobre
a especificidade de cada paciente. Com a conscientização
e a utilização psicocorporal, o paciente utilizará melhor o
aparelho locomotor (por exemplo, os mais elásticos farão
menos alongamento).
Figura 8 - Cadeias musculares – corpos estáticos. Fonte:
http://valeriasachi.wordpress.com/2013/02/.
A coordenação motora é trabalhada na prática
reeducativa pela reflexão da psicomotricidade do
homem. Bertazzo apoia-se na premissa de Suzane Piret
e Marie-Madeleine Béziers de que “todo movimento
possui uma estrutura”. O distanciamento dessa
estrutura e do gesto é o que causa as deformidades,
gerando desconforto ao homem.
Segundo Bertazzo, todo gesto é carregado de psiquismo
e, pela coordenação motora e em função do movimento
vivenciado, pode-se reestruturar o indivíduo. O trabalho
é realizado a partir da visão global do corpo, revezando-
se com o trabalho segmentado, pois cada unidade de
coordenação tem um movimento. É importante perceber
por onde passam as tensões musculares para ajustar o
corpo num equilíbrio dinâmico.
Os exercícios propostos são realizados com recurso a
materiais como bolas, bastões, figuras, imagens, esqueleto

para ajudar o aluno na imagem sensorial para a prática do
movimento. São feitos em diferentes posições, conforme o
objetivo: sentado ou deitado e também se deslocando no
espaço em direções opostas e em planos distintos ao redor
de um eixo que o equilíbrio sustenta.
A repetição dos exercícios só terá eficácia se realizada
dentro de um ritmo compassado que favoreça a construção
da imagem do gesto por meio da percepção do individuo.
A proposta é preventiva. O vídeo a seguir dá um exemplo
de exercício orientado com diretrizes de Bertazzo.
Vídeo - Consciência corporal - Ivaldo Bertazzo:
https://www.youtube.com/watch?v=5Cq_exeRH5Q
Um corpo estruturado é um projeto a ser
conquistado e as ferramentas básicas necessárias
são: o professor, o aprendiz e a ligação com o
grupo. Exercitar o gesto é uma maneira muito
prazerosa de apropriar-se do próprio corpo e
dar a ele autonomia e liberdade de expressão
(BERTAZZO, 2004, p. 154).
2. Corpo em harmonia: métodos de
relaxamentos integrados
A seguir, discutiremos trabalhos de relaxamento nos
dois tipos de abordagem: psicoterapêutica e reeducativa.
2.1. Métodos de relaxamento psicoterapêuticos
2.1.1. Treinamento de Schultz
O método desenvolvido por Johannes Schultz na
Alemanha durante a década de 1930 é um dos relaxamentos
mais conhecidos pelos pesquisadores e praticantes, mas
trata-se na verdade de um treinamento a ser desenvolvido
pelo próprio indivíduo, sem ajuda profissional.
Schultz elaborou uma série de frases que o indivíduo
repete para si mesmo na forma de autossugestões, por
exemplo: “Estou totalmente calmo”, “Meu braço direito
(ou esquerdo) está totalmente quente”, “Meu coração bate
16
Técnicas de relaxamento
calmo e forte”. As frases são repetidas de acordo com uma
sequência de estágios, que é a seguinte:
• Indução à calma.
• Percepção do peso.
• Experiência de calor.
• Regulação do ritmo cardíaco.
• Controle respiratório.
• Sensação de calor abdominal.
• Sensação de frescor na testa.
A finalidade do método é que a pessoa induza sensações
corporais como peso, calor etc. O indivíduo também leva
sua concentração às extremidades de seu corpo, a fim de
aquecê-las, e todo esse processo acaba por promover o
relaxamento, tranquilizando a mente, reduzindo o estresse
e promovendo uma sensação geral de equilíbrio.
Por ser um treinamento, a recomendação é de que a
prática seja diária, em sessões de cerca de dez minutos,
em um ambiente com iluminação confortável. O indivíduo
deve sentar-se em uma posição confortável ou deitar-se
e ficar de olhos fechados enquanto repete mentalmente
a série de autossugestões que compõem o método, que
pode ser repetido até duas vezes ao dia.
Em estudos realizados no Institut National des Sports,
na França, com a aplicação do método em atletas de
competições de alto nível, foi possível observar a eficácia
das autossugestões criadas por Schultz. Masson (1986, p.
62) relata da seguinte forma os resultados desses estudos:
Parece que esse treinamento foi benéfico
e que o relaxamento trouxe aos atletas um
maior autodomínio, um melhor conhecimento
do corpo em condições diversas às da ação em
que ele esquece de si mesmo, e também uma
percepção muscular mais sutil, por sua vez já
bem desenvolvida neles. Agindo sobre as tensões
psíquicas, esse treinamento diminui a emotividade
e o medo e nesses casos, permitiu melhores
desempenhos. Melhorou a qualidade do repouso,
tão importante para o esportista. Mas, se o método
Schultz permite em um indivíduo não treinado,
um relaxamento extensivo adquirido de modo

relativamente rápido, os esportistas encontram
algumas dificuldades no controle do tônus e,
em particular, nos músculos constantemente
solicitados pelo esporte praticado, onde persiste
por muito tempo uma hipertonia.
Como solução a essa dificuldade descrita, o método
Schultz foi aplicado nos esportistas tendo como auxiliar o
método Jacobson, que será descrito a seguir.
2.1.2. Relaxamento progressivo de Jacobson
Apoiado em estudos de neurofisiologia muscular e
também em alguns conhecimentos de psicofisiologia, o
método criado por Edmund Jacobson é composto por 36
instruções e esquemas de movimento correspondentes.
Eles visam reduzir o tônus muscular, diminuindo
consequentemente a agitação mental e levando o córtex
cerebral ao repouso. Desse encadeamento de respostas
fisiológicas, surgiu o outro nome pelo qual o método
também é conhecido: relaxamento muscular progressivo.
Diferentemente de Schultz, que baseou seu método
em autossugestões, Jacobson imaginou que sua técnica
deveria ser aplicada por profissionais previamente
treinados, como médicos, paramédicos e professores,
que dirigem o processo. Pede-se que o paciente contraia
e relaxe conscientemente alguns grupos musculares,
iniciando pelos pés e passando por pernas, tronco, braços,
mãos e cabeça, até chegar ao relaxamento total do corpo
todo, o que leva ao relaxamento mental.
Vídeo - La relajación progresiva de Jacobson:
https://www.youtube.com/watch?v=b6bWNVZlX4A
A importância de alternar a contração e o relaxamento
conscientes durante o processo é ampliar a consciência
corporal do indivíduo. Ao contrair e relaxar seus músculos,
prestando atenção em como se movimenta e às sensações
que experimenta, o paciente adquire uma percepção
17
Técnicas de relaxamento
ampliada de como se sente em cada situação e uma
memória de como reduzir de forma autônoma a tensão em
pontos específicos de seu corpo. Além disso, o indivíduo
também aprende as diferenças entre uma tensão forte,
uma contração mínima e uma tensão residual.
Jacobson aplicou seu método aos mais diversos grupos
musculares, incluindo os olhos, a língua, a garganta,
que estão entre os mais diretamente relacionados a
pensamentos e emoções. Dessa forma, o indivíduo
amplia também sua percepção das tensões que aparecem
associadas a seus sentimentos e pensamentos.
Por todo esse aprendizado que caracteriza a prática,
tanto das instruções quanto da consciência corporal,
sensorial e emocional, o método é também considerado
uma reeducação. Se há uma instrução que pode ser
considerada o pilar do método, seria “não fazer nada, não
mexer nada, não pensar em nada”. Mas essa instrução
representa também o aprendizado mais difícil de ser
alcançado pelo praticante.
Para a prática, sugere-se a postura deitada ou sentada
de forma confortável. Originalmente o método não
prevê que nenhum grupo muscular que apresente algum
problema ou sintoma específico deva ser privilegiado. Para
Jacobson, o relaxamento deve ser integral.
Muitos elementos de psicomotricidade
são assim solicitados durante os trabalhos,
procurando atingir a finalidade a que se propõe
Jacobson: diminuir a tensão até seu nível mais
baixo, aumentar a capacidade de repouso, evitar
o desgaste de energia, levar o indivíduo a uma
melhor adaptação aos atos cotidianos e frente
ao estresse, permitir-lhe dominar suas emoções,
regular sua ideação, até se tornar capaz de
realizar o que Jacobson preconiza: “Não fazer
nada, não mexer nada, não pensar em nada” e
assim melhorar o repouso e preparar-se para a
ação (MASSON, 1986, p. 46).

2.2. Métodos de relaxamento reeducativos
2.2.1. Consciência pelo movimento de Moshe
Feldenkrais
“Utilizamos apenas 5% de nosso potencial físico
e intelectual. Podemos decuplicar nossas faculdades,
tomando plena consciência de nosso corpo.” A frase de
Masson (1986, p. 73), que foi aluna de Moshe Feldenkrais,
revela de modo resumido a proposta do método de
consciência pelo movimento criado por ele.
Jogador de futebol e judoca na juventude, Feldenkrais
teve sérias lesões no joelho que, em 1942, comprometeram
sua locomoção. Passou, então, a estudar as diversas
disciplinas relacionadas à compreensão do movimento
corporal, como anatomia e neurologia. Ele concluiu então
que pensamento, percepção, emoções e movimentos
corporais estão relacionados entre si e que alterações em
um desses aspectos existenciais afetam todo o conjunto.
“O movimento reflete o estado do sistema nervoso; o
movimento é a base da tomada de consciência. Respirar é
um movimento, a percepção dos sentidos e o pensamento
apoiam-se no movimento”, escreveu Feldenkrais (1977
apud MASSON, 1986, p. 76).
Figura 9 - Feldenkrais em aula. Fonte: http://www.
melhorarsemlimites.com/#!feldenkrais-para-todos/cbg1.
Foi a partir dessa conclusão que Feldenkrais desenvolveu
seu método, que é composto de 12 lições que se concentram
na reabilitação de movimentos cotidianos, como andar e
sentar, fazendo com que o paciente reconheça as partes
18
Técnicas de relaxamento
do corpo envolvidas em cada ação e identifique esforços
desnecessários em outras. Dessa forma, várias dores e
problemas musculares são reduzidos.
Por meio das lições, o indivíduo inicia o processo
conscientizando-se da postura estática correta, em pé ou
sentado. Essas posturas são o ponto de partida para uma
série de movimentos, que compõem as lições. A prática
deve ser lenta, seguindo as orientações do profissional que
acompanha o paciente, para que este tome consciência
das transformações que o movimento promove no corpo
e na mente. Essa consciência não deve ser apenas das
sensações e dos alinhamentos corporais no início e no fim
do movimento, mas ao longo de toda a trajetória. Por isso,
a lentidão e a suavidade na prática são fundamentais.
Vídeo - The Feldenkrais method (O método
feldenkrais):
https://www.youtube.com/watch?v=vQ_jaeBqONs
O relaxamento dá-se pela própria movimentação e
é percebido pelo praticante nas sensações corporais.
As mudanças sensoriais promovem mudanças nos
pensamentos, e a mente adquire um novo estado; o bem-
estar é maior, a respiração é mais ampla. Todo o processo
reflete-se em uma maior mobilidade, ao mesmo tempo
em que algumas limitações, antes desconhecidas, são
percebidas e podem então ser trabalhadas.
A imagem do eu se compõe de quatro
elementos que participam de cada uma de
nossas atividades: o movimento, a sensação, o
sentimento, o pensamento. Esses componentes
são partes integrantes de cada ação. Nenhum
deles existe por si mesmo ou separado dos outros.
Todo o sistema nervoso alcança uma espécie de
integração geral, que o corpo vai expressar no
mesmo instante. Agindo sobre um deles, como,
por exemplo, na consciência do corpo e no
movimento, pode-se agir sobre o pensamento;
com efeito, para pensar é preciso estar acordado,
ter consciência disso e saber que não estamos
sonhando; isso quer dizer que o indivíduo deve
poder sentir e ter consciência que sua posição

corporal está em relação com seu centro de
gravidade. Isso significa que ao pensamento
estão igualmente associados o movimento, a
sensação, o sentimento (FELDENKRAIS, 1977
apud MASSON, 1986, p. 76).
2.2.2. Eutonia de Gerda Alexander
A palavra eutonia é originária do grego e significa
tônus harmonioso. O termo descreve o objetivo básico
da prática corporal desenvolvida pela professora de
dança alemã Gerda Alexander a partir da observação do
desenvolvimento infantil e das dificuldades de movimento
de seus alunos.
A prática desenvolvida por Alexander é considerada
inovadora em vários aspectos, entre eles a compreensão
de que o movimento pode ser originado na percepção
corporal e não na motricidade e a ideia de que o corpo é
um instrumento de expressão.
Vídeo - Eutonia:
https://www.youtube.com/watch?v=G1CPJEQbCrQ
O trabalho do eutonista consiste principalmente em
propor exercícios sem fazer sugestões, apenas com o
objetivo de estimular os alunos/pacientes a permanecer
em algumas posturas de modo a poder perceber as
sensações em certas partes do corpo, como membros e
coluna, e as relações dele com emoções e pensamentos,
mas também com o espaço, os objetos e a própria
força da gravidade. Esse processo é conhecido como
inventário e permite a descoberta de várias sensações
e conhecimentos que posteriormente serão aplicados
pelo indivíduo para equilibrar suas tensões e obter o
relaxamento ou o repouso desejados.
Para auxiliar no inventário são usados objetos como
bolas e bastões. Dessa forma, a percepção corporal
desenvolvida começa na sensibilização da pele, por meio
do contato com os objetos ou com o espaço, o solo, o ar e
passa a permear todo o corpo, passando pela consciência
de volume, peso e temperatura de partes do corpo, indo
até a consciência óssea.
19
Técnicas de relaxamento
Num momento posterior da prática, chamado de
manipulações, o aluno/paciente fica passivo enquanto o
eutonista conduz seus movimentos, de modo que ele possa
observar e sentir as trajetórias de seu corpo, descobrindo
novas possibilidades e o contato com o outro. Dessa forma,
aprende a situar seu corpo em relação à lei da gravidade, à
música, ao espaço e às pessoas ao seu redor, executando
movimentos que combinam leveza, equilíbrio e expressão
pessoal. Esse é o chamado movimento eutônico.
O efeito de relaxamento da prática é conseguido
porque, à medida que o indivíduo modifica sua vivência
corporal, altera também seus padrões psicológicos,
aprende a relaxar ao ser conduzido nos movimentos em
contato com o eutonista, a conhecer melhor seu tônus e
a economizar energia, não impondo uma tensão excessiva
ao mover-se.
A resposta de Gerda Alexander parece
particularmente rica em relação às preocupações
dos reeducadores psicomotores:
• Luta contra as tensões musculares duráveis,
detecção das “crispações” musculares
mesmo profundas, as paratonias.
• Melhora da imagem do corpo e da
lateralização pelos inventários.
• Relaxamento racional pela redução das
dificuldades de “contato” e pelos diálogos
corporais (MASSON, 1986, p. 106).
Tudo isso permite que se compreenda melhor
por que a eutonia não é só um método de
relaxamento. Oferece ao homem a possibilidade
de adquirir o domínio do seu tônus em todos
os tipos de atividade prática e artística,inclusive
a capacidade de abaixar o tônus, conseguindo
o relaxamento profundo para o repouso
(ALEXANDER,1991, p. 15).
2.2.3. Relaxamento na gestação
Entre as diferentes técnicas e métodos de relaxamento
existentes, algumas oferecem séries de exercícios
especialmente preparados para as mulheres grávidas.
Observamos sem sombra de dúvida que os relaxamentos
são benéficos à saúde da mulher, bem como à do bebê.
 Técnicas de relaxamento

Historicamente, sabe-se que a psicomotricidade, nas
primeiras décadas do século XX lançou a ideia do “parto
sem dor”, que foi bastante criticada e teve o nome
substituído por “parto natural”. Segundo os profissionais
que adotaram esse método, denominado método de Read,
o objetivo não era tirar a dor, mas sim diminuir o medo e
preparar a mulher psicologicamente para o parto.
A questão principal era manter a mulher ativa no
processo de relaxamento para auxiliar o bebê na hora do
parto e ter consciência dos movimentos que pudessem
confortá-la ou fortalecê-la naquele momento. No vídeo
a seguir, o ginecologista e obstetra Eduardo Zlotnic fala
sobre as possibilidades de fazer atividades físicas durante
a gestação.
Vídeo - Atividade física na gestação:
Curso de Gestantes, aula nº 5, da equipe de médicos
do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, 2011.
https://www.youtube.com/watch?v=3BS0GtASjXg
O método francês praticado no Hospital Saint-Antoine
inspirou-se em alguns pontos teóricos do método russo,
com reflexos condicionados, mas com estímulos à
participação ativa da mulher. Entende o relaxamento como
um estado de espera, de calma, de vigilância, isto é, de
controle corporal necessário para a sua participação ativa.
A equipe do hospital realizava as seguintes atividades
como preparação do parto:
• Palestra às futuras mães e pais com orientação
sobre a anatomia dos órgãos genitais, a evolução
da gravidez e o desenvolvimento do parto.
• Sessões de exercícios físicos para a melhoria dos
músculos e a mobilidade das articulações sacroilíacas
e dos quadris, assim como a musculatura dos
abdominais.
• Exercícios de descontração física e mental, de
respiração em ritmos diferentes (ofegante, acelerada
profunda e bloqueio respiratório em inspiração) e
de relaxamento para o bem-estar antes, durante e
depois do parto (MASSON, 1986, p. 61).

Em geral, os métodos de relaxamento são realizados

Atualmente, os métodos de relaxamento são
durante a gestação como preparação para o momento do
direcionados não apenas para a saúde da gestante e do
parto. Nos anos de 1930, o método de Read, desenvolvido
bebê, mas também para os futuros pais, que passam
pelo médico inglês Grantly Dick Read, afirmava que a dor
pelo processo de ansiedade. Há exercícios em que os
do parto que a mulher sente surge a partir de sensações
homens auxiliam a mulher nos exercícios respiratórios e
uterinas que são indolores, mas, devido ao medo, ela contrai
corporais para a hora do parto e outros que eles praticam
a musculatura, causando a tensão e consequentemente a
separadamente para o seu bem-estar físico e mental nesse
dor. Um círculo vicioso: medo-tensão-dor-medo.
período de espera.

O método Read propõe agir de duas maneiras:

1. No nível do medo, informando e tranquilizando a
parturiente.
2. No nível da tensão, aplicando o relaxamento
progressivo de Jacobson.
Seu método foi criticado porque o fato de relaxar
progressivamente poderia levar a mulher a quase uma
perda de consciência, como em uma hipnose. Outro
método de relaxamento criado pelos russos Velvosky e
Nicolaiev por volta de 1949 é psicoprofilático, tendo por
base a teoria dos reflexos condicionados de Pavlov e uma
quase atuação passiva da mulher.
3. Relaxamento para crianças
3.1. Diferentes contribuições
Os avanços na concepção de criança pelos estudiosos
da educação, considerando-as capazes de criar, opinar
e movimentar-se com autonomia, também foram
primordiais para o entendimento do indivíduo em processo
de desenvolvimento global. As pesquisas de Jean Piaget25,
Lev Vigotsky26 e Henri Wallon foram decisivas para as
25 - O suíço Jean Piaget (1896–1980) produziu um extenso trabalho sobre a
linguagem, o pensamento, o raciocínio e o processo de aprendizado das crianças.
26 - O russo Lev Vygotsky (1896–1934) foi pioneiro nas pesquisas sobre o
desenvolvimento intelectual e o processo de aprendizado infantil.

20
 Técnicas de relaxamento

mudanças no tratamento dado à criança no âmbito familiar,
escolar e social, respeitando suas capacidades físicas e
cognitivas. Sob a ótica do desenvolvimento da pessoa
completa, Wallon trabalhou mais de 20 anos com crianças
portadoras de deficiência mental aplicando atividades
lúdicas e de relaxamento.
As aulas são baseadas nos “fatores de movimento”:
fluência, espaço, peso e tempo, que fundamentam a
arte de movimento de Laban (figura 10). Observa-se
que sempre haverá dois fatores mais visíveis ao mesmo
tempo em um movimento realizado, enquanto outros
ficam mais subentendidos.

Essa experiência deu-lhe condições, em 1914, quando

serviu durante meses como médico no Exército francês, na
frente de combate, para tratar combatentes que sofreram
com lesões cerebrais.

Outra experiência com crianças foi a de Rudolf Laban,

que criou um método para o ensino do movimento nas
escolas nas primeiras décadas do século XX que até hoje
é ensinado por professores de dança e de educação Figura 10 – Fatores dinâmicos do movimento. Fonte:
física e utilizado em terapias corporais por psicólogos, http://5playsplus.wordpress.com/2012/03/05/dossie-laban-
anne-collod-jacqueline-challet-has-e-dominique-brun/.
ludoterapeutas, dançaterapeutas e outros.

Assim, os exercícios são planejados de forma lúdica pelo professor com o foco na pesquisa de movimento pelas
crianças em um ou mais fatores. O movimento resulta da interação de três outros fatores, que são peso, espaço (em
três planos: baixo, médio e alto) e tempo. Laban o chama de condutor motor (tabela 1):

Tabela 1 - Condutor motor (verbos de ação)

Ação de esforço básica Espaço Peso Tempo

1. Torcer Multifocado (flexivel) Firme Sustentado (lento)
2. Pressionar Focado (direto) Firme Sustentado (lento)
3. Chicotear/talhar Multifocado (flexível) Firme Súbito (Rápido)
4. Socar Focado (direto) Firme Súbito (Rápido)
5. Flutuar Multifocado (flexível) Leve Sustentado (lento)
6. Deslizar Focado (direto) Leve Sustentado (lento)
7. Sacudir Multifocado (flexível) Leve Súbito (Rápido)
8. Pontuar Focado (direto) Leve Súbito (Rápido)
Fonte: http://coreografias2d.wordpress.com/4_ballet-digitallique/.

A bailarina húngara Maria Duschenes27 foi a principal disseminadora do método Laban no Brasil, formando dezenas
de professores em São Paulo.

27  - Maria Duschenes (1922-2005), nascida na Hungria, foi bailarina, coreógrafa e professora e estabeleceu-se no Brasil desde a década de 1940. Foi aluna de Rudolf
Laban, Kurt Jooss ee Sigurd Leeder (1902-1981). Coordenou o Projeto Dança/Arte do Movimento em Bibliotecas Infanto-Juvenis e formou professores que divulgaram a
dança coral de Laban como uma proposta democrática para tornar a dança acessível a todos.

21

Figura 11 - Aula do método Laban para crianças. Fonte:
http://3.bp.blogspot.com/-tgU6X5QSmk0/UJhgvv3hZqI/
AAAAAAAAAAk/TZyjzT4GEmw/s320/IMG_0984.JPG.
Nos anos 1970, a bailarina e professora francesa Yvonne
Berge desenvolveu uma série de exercícios de relaxamento
em grupo para crianças. Berge considera o relaxamento
como um exercício profilático cotidiano, indispensável para
o desenvolvimento saudável das crianças. Sugere que se
proponha o trabalho em etapas para que elas, em primeiro
lugar, cheguem a um estado de disponibilidade para depois
avançar com as atividades. A professora pontua as etapas
seguintes da seguinte forma:
• Distensão: economia de forças, que resulta de
harmoniosa repartição do tônus muscular que
será: bem situado, bem dosado e incessantemente
adaptado aos movimentos exigidos.
• Eutonia, que decorrerá:
1. Da compreensão das leis da estática e do seu
funcionamento (imagem corporal).
2. Da compreensão do simbolismo corporal
(verdadeiro apoio da ética e dos valores da vida
antropomórfica).
3. Do exercício repetido (que trará o desenvolvimento
cada vez mais refinado do sentido cinestésico).
22
Técnicas de relaxamento
As três considerações acima serão as motivações
dinâmicas tanto do professor como do aluno. A respiração
é outro elemento importante em seu processo de trabalho,
pedagogia do movimento, que também contempla jogos
dramáticos, pesquisa de movimento, jogos e brincadeiras
corporais (BERGE, 1983, p. 35).
3.2. O relaxamento progressivo de Jacobson
A partir do que já foi abordado sobre o relaxamento
progressivo de Jacobson e remetendo à ideia de “nada
fazer, nada pensar, a se colocar em estado de relaxamento
geral”, os resultados alcançados em crianças foram
considerados bem-sucedidos. O autor apoia-se no aspecto
educativo da criança, pois acredita, que entre seis e sete
anos, ela é capaz de realizar e beneficiar-se com esse tipo
de relaxamento.
Realizou uma experiência em escolas primárias de
Chicago de 1963 a 1966, coordenada pelo professor
de educação física C. S. Consentino, aplicada em 35
educadores e mais de 2.600 crianças.
Foi aplicado o relaxamento neuromuscular diariamente
em classe, em grupos, por cinco a seis minutos, nas seis
primeiras etapas do treinamento do método, às vezes na
posição sentados na carteira ou deitados de costas no
chão. Foram propostas as atividades mais simples, como
cerrar e mostrar os dentes, levantar o pé e deixá-lo cair,
contrair e relaxar o braço etc. A figura 12 mostra alguns
exercícios de Jacobson que, segundo ele, poderiam fazer
parte da rotina das crianças:

Figura 12 – Relaxamento de rotina. Fonte: http://laluza.blogspot.com.br/2013/09/progressieve-relaxatie-van-edmund.html
Após as observações e a análises feitas, concluiu-se o
seguinte:
1. Quanto mais cedo é iniciado o treinamento de controle
da tensão, mais rápido a criança aprende.
2. A criança que se relaxa bem faz tudo bem, rapidamente.
3. Observa-se, no conjunto das crianças, um melhor
comportamento geral.
4. Os educadores notam que as crianças que têm maior
necessidade de relaxar são aquelas que “aproveitam”
mais lentamente.
As crianças mais tensas são as que relaxam mais
difícil e lentamente os olhos. Para elas, Jacobson afirmava
que deveria haver um treinamento suplementar fora
da escola em lugares adaptados, em grupo ou mesmo
individualmente.
23
Técnicas de relaxamento
Ele também observou que as dificuldades encontradas
no relaxamento progressivo por algumas crianças mostram
outros problemas, eventualmente patológicos, cuja razão
aquele feito na escola não poderá diagnosticar.
Portanto, deve ser realizado por especialistas o quanto
feito com objetivo terapêutico (MASSON, 1986, p. 43-4).
3.3. Relaxamento de Ajuriaguerra
Na década de 1950, a psicomotricidade ganhou
um campo definido de pesquisa. O psiquiatra Julián de
Ajuriaguerra, apoiado nos estudos de Wallon, considerado
o pai dessa nova área do conhecimento, definiu-a como
sendo a ciência da saúde e da educação, visando à
representação e à expressão motora.
 Técnicas de relaxamento

Em 1947, Ajuriaguerra aproveitou os subsídios de Wallon em relação ao tônus ao estudar o diálogo tônico. Apoiou-se
na ideia da existência de uma relação estreita entre a vida tônica e a vida emocional, o que chamou de diálogo tônico-
emocional.

A finalidade do relaxamento de Ajuriaguerra é que, partindo do relacionamento com o terapeuta, o indivíduo pode
chegar à noção do eu corporal e ao seu fortalecimento gradual. O tratamento é longo: dura de dois a três anos.

Nesse processo, o conceito de debilidade motora é redefinido, sendo considerada como uma síndrome com suas
próprias particularidades. Ajuriaguerra delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico
e o psiquiátrico, dando autonomia à psicomotricidade em relação às outras disciplinas.

Uma técnica que, por intermédio do corpo e do movimento, dirige-se ao ser na sua totalidade. Ela não visa
à readaptação funcional por setores e, muito menos, à supervalorização dos músculos, mas à fluidez do corpo
no seu meio. Seu objetivo é permitir ao indivíduo melhor sentir-se e, por meio de um maior investimento da
corporalidade situar-se no espaço, no tempo, no mundo dos objetos e chegar a uma modificação e a uma
harmonização com o outro (AJURIAGUERRA, 1977, apud SILVA, 2007, p.13).

4. Considerações finais
O estudo sobre as técnicas de relaxamento mostra a contribuição significativa das experiências realizadas desde o
final do século XIX com o intuito de aprofundar a natureza do ser humano e suas necessidades. As diferentes propostas
foram se aprimorando no tempo conforme as suas especificidades e as demandas do homem contemporâneo

Independentemente dos objetivos do especialista, sejam eles psicoterapêuticos ou psicorreeducadores, os processos

de trabalho são desenvolvidos de forma global, visando à harmonia da mente e do corpo.

Dessa forma, é fundamental conhecermos e compreendermos a essência de cada uma das técnicas e dos métodos
de relaxamento. Os benefícios gerados por eles vão ao encontro da necessidade de cada pessoa que busca um corpo
saudável e harmonioso.

24
 Técnicas de relaxamento

5. Referências
AJURIAGUERRA, Julian de. Manual de psiquiatria infantil. Rio de Janeiro: Masson do Brasil, 1977.

ALEXANDER. Gerda. Eutonia: Um caminho para a percepção corporal. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

BERGE, Yvonne. Viver o seu corpo: por uma pedagogia do movimento. São Paulo: Martins Fontes, 1983.

BERTAZZO, Ivaldo. Espaço e corpo: guia de reeducação do movimento. São Paulo: SENAC-SP, 2004.

DEL PRIORE, Mary. Corpo a corpo com a mulher: pequena história das transformações do corpo feminino
no Brasil. São Paulo: SENAC, 2000.

FEITIS, Rosemary (org.). Ida Rolf fala: sobre rolfing e realidade física. São Paulo: Summus, 1978.

FELDENKRAIS, Moshe. Consciência pelo movimento. São Paulo: Summus, 1977.

FEUERSTEIN, Georg. Uma visão profunda do yoga: teoria e prática. São Paulo: Pensamento, 2005.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Rio de Janeiro:
Vozes, 1995.

GENTILE, Paola. Esteban Levin: “O corpo ajuda o aluno a aprender”. Revista Escola [online], [2005]. Disponível
em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/esteban-levin-corpo-ajuda-aluno-aprender-423993.shtml, acesso em:
19.mai.2014.

JACOBSON, Edmund. Como vencer as tensões. São Paulo: Cultrix, 1981.

LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978. Organização Lisa Ullmann.

MASSON, Suzanne. Relaxamentos. São Paulo: Manole, 1986.

REIS, Margareth de Mello Ferreira dos. Mulher: produto com data de validade. São Paulo: O Nome da Rosa, 2002.

RODRIGUES, Marcos Rojo. Estudos sobre o yoga. São Paulo: Phorte, 2005.

SCHULTZ, Johannes H. Treinamento autógeno. São Paulo: Manole, 1991.

SILVA, Aline de Amurim da Silva. A lateralidade e o esquema corporal como um único fator psicomotor. 2007.
Monografia para obtenção do grau de especialista em Psicomotricidade. Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro.

VIANNA, Klauss; CARVALHO, Marco Antonio de. A dança. São Paulo: Siciliano, 1990.

XAVIER. Elódia. Que corpo é esse?: o corpo no imaginário feminino. Florianópolis: Mulheres, 2007.

WALLON, Henri. Psicologia e educação da criança. Lisboa: Vega; Universidade, 1979.

ZAZZO, René. Henri Wallon: psicologia e marxismo. Lisboa: Vega, 1978.

25