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EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A GINÁSTICA

As possibilidades das ginásticas nas aulas:

• preparação para outras modalidades;


• Relaxamento;
• manutenção ou recuperação da saúde;
• recreativa, competitiva e de convívio social.

Atualmente, existem
várias técnicas de • ter consciência da
ginástica que respiração;
trabalham o corpo de • perceber
modo diferente das relaxamento e
ginásticas tradicionais
(de exercícios rígidos, tensão dos
mecânicos e músculos;
repetitivos), visando à • sentir as articulações
percepção do próprio da coluna vertebral.
corpo:

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INCLUSÃO DA GINÁSTICA ESCOLAR – BRASIL

Em 1808, com a vinda da família real portuguesa, inicia-se um precário


investimento na educação, organizada em educação popular e pública, em que
o governo imperial, através do Ato Adicional de 1834, acrescentou na Lei da
Educação Elementar, de 1827, uma estrutura educacional dividida em três
níveis: instrução primária, secundária e ensino superior, competindo às
assembleias provinciais e aos seus governos executivos a responsabilidade
sobre os dois primeiros níveis de instrução, e ao governo imperial a
estruturação do ensino superior (GOIS JÚNIOR e BATISTA, 2010).

O Colégio Pedro II (1837), com o objetivo de oferecer uma formação


diferenciada à elite carioca do século XIX, introduz no ensino público
fluminense as práticas da ginástica, que diferenciaram com uma formação
moderna que incluía em seu currículo saberes desconhecidos dos outros
colégios, como a música, desenho e a própria ginástica.
TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA

São Paulo: apenas em 1843 apresentou-se à Assembleia paulista o


projeto para sua criação de uma Escola Normal, que teria o objetivo de
formar o professorado paulista para a instrução primária na província,
que foi aprovada através da Lei n° 34, de 1846. (GOIS JÚNIOR e BATISTA, 2010).

Brasil império (1851) - Lei de nº 630 incluiu a ginástica nos currículos


escolares. Rui Barbosa foi um dos primeiros defensores das práticas ginásticas
dentro da escola, em 1882, e já nessa época ele ressaltava a importância do
cunho social, intelectual e moral da ginástica. Obrigatoriedade Educação Física
(Ed.F) nas escolas primárias e secundárias (4 x/sem. 30 minutos). Somente a
partir de1920 que vários estados começam a realizar suas reformas educacionais
e incluem a Ed.F, com o nome mais frequente de ginástica (BETTI, 1991).

Historicamente, a ginástica aparece nos currículos escolares


brasileiros marcada por princípios eugênicos, higiênicos e
morais, ditados pelas regras dos militares e da classe médica.
Com a EDF nas escolas se buscava moldar o homem desejado pela
e para a sociedade naquele período.
INFLUÊNCIAS DO MOVIMENTO EUROPEU NO BRASIL

Influência do Sistema Francês de ginástica, que tinha como pressuposto o lado


físico (movimentos coordenados, ritmados e coreografados do corpo), para uma
formação ética (disciplina), social (resistência às adversidades das guerras) e
higiênicas (aumento da força e saúde corporal);

A EDF escolar: exercícios calistênicos: movimentos repetitivos que trabalhavam,


de forma isolada, membros superiores e inferiores.

O Método Francês alinhava a formação higienista, militar e ideológica e foi a


primeira metodologia legal a ser reconhecida e utilizada em currículos escolares no
Brasil. Essa utilização ocorreu através do Regulamento nº 7 da Educação Física.

Influência da escola alemã: aproximação da eugenia e atividade física, em que a


exposição dos atletas alemães olímpicos, normalmente com um biótipo característico,
induzia à percepção de uma superioridade genética (altos, fortes e rápidos).
Algumas instituições aderiram à escola sueca. Início do século
XX a ginástica se torna presente nas instituições de ensino brasileiras: o
objetivo de educar o corpo das crianças na escola, abordando
múltiplas propriedades: pedagógica, higiênica, educativa, social,
corretiva, ortopédica, enérgica, viril, social, patriótica, disciplinadora e
formadora do caráter.

“Exercicios Physicos”, através da “Gymnastica”, integrariam os


currículos dos grupos escolares, tornando-se obrigatória,
reservando-se, entre outras coisas, tempo na grade de horário,
construção de locais apropriados para sua realização, separação
por sexo e designação de uma pessoa responsável pelo seu
ensinamento (general do quartel ou a própria professora).

Getúlio Vargas: Decreto nº 19.404, de 14 de novembro de 1930, o


Ministério dos Negócios, Educação e Saúde, e desse modo estariam
postas as bases para construir o Estado Nacional, por meio da
educação que concorreria para sanear a sociedade brasileira visando a
uma concepção higienista por meio da formação de homens, mulheres
e crianças fortes e sadios.
ALUNOS EM 1930, EM AULA DE
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
A partir dos anos 1980 a ginástica adotou um caráter mais pedagógico, passando a ter
outros objetivos enquanto disciplina, surgindo assim um movimento de crítica a essa
situação e novas tentativas de ressignificar e redimensionar a relação esporte e educação
física escolar (NASCIMENTO et al., 2013).

Na década de 1980 surgiram então novas abordagens pedagógicas para o ensino da


ginástica, com o intuito de quebrar a hegemonia da concepção esportivista e tecnicista,
com um olhar que ultrapassasse a competitividade de outras modalidades esportivas e,
principalmente, das ginásticas competitivas (BEZERRA et al., 2014).

Essas novas concepções gímnicas induziram a ações positivas, principalmente na


educação física escolar, possibilitando aos professores oportunizarem a seus discentes,
de forma mais educativa, a vivência de distintas dimensões (competitivas e apresentação)
e abordagens (tradicionalista, tecnicista, educativa, lazer, saúde etc.) da ginástica. Mas
muitos conteúdos continuaram não sendo ofertados aos educandos, devido à falta de
preparação dos professores e à inadequação da infraestrutura escolar, em termos de
espaço físico e de equipamentos específicos (BEZERRA et al., 2014).
TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA

A Ginástica foi tratada como sinônima de Educação Física, principalmente devido à


sua presença quase que exclusiva (e por vezes obrigatória, por leis e resoluções)
como forma de exercitação sistematizada no contexto escolar. Hoje ela é um dos
elementos do que chamamos de cultura corporal, pois é uma das primeiras formas
sistematizadas das práticas corporais (TOLEDO et al., 2012).
A ducação física, presente no âmbito escolar desde
1851, foi somente em 1996, através da Lei nº 9.394/96, A ginástica no contexto escolar brasileiro se faz
que passou a vigorar legalmente como um componente presente desde seus primórdios, como a disciplina
curricular da Educação Básica, configurando-se assim como responsável pela educação corporal da juventude,
uma disciplina com características e fins educativos, ou seja, passando por diversas modificações. Seus objetivos, seus
passou a integrar a organização curricular escolar, que, métodos, sua importância e presença no sistema formal
aliada aos demais componentes, deveria proporcionar a de ensino foram alterados sempre de acordo com os
formação cultural do aluno por meio da seleção, organização, interesses da organização social do país, chegando hoje a
sistematização e problematização de seus conteúdos, com ser um conhecimento em via de extinção nas escolas
várias práticas, desde jogos até a ginástica competitiva e não (LISBOA; TEIXEIRA, 2012).
competitiva (SILVA; SAMPAIO, 2012).
Segundo Zaghi, Simões e Carbinatto (2015), a
ginástica deve estar inserida na EF escolar, em
As propostas metodológicas advindas de
estudos da ginástica para todos (GPT, todo processo educativo e, especialmente, com
também conhecida como Ginástica Geral- abordagem que incentive:
GG), talvez sejam as que mais se encaixam • criticidade
aos objetivos da escola, podendo-se abordar a
ginástica em suas manifestações
• criatividade
competitivas, demonstrativas, de • autonomia
condicionamento físico, entre outras. • formação humana.
OS CONTEÚDO DA GINÁSTICA NAS ESCOLAS TRADICIONAIS
GINÁSTICA

Formas básicas Formas básicas


No currículo escolar do atletismo da ginástica
tradicional brasileiro
podemos encontrar caminhar pular

manifestações da ginástica correr empurrar


de várias linhas europeias,
saltar levantar
que se caracterizam
(ALMEIDA et al., 2012): arremessar carregar

Além dos fundamentos gerais e básicos também se deve abordar como conteúdo da
ginástica a teoria e prática com exploração adequada de espaço; utilização de diferentes
trajetórias, direções e planos, bem como o conhecimento e a utilização dos recursos de
vestimenta e maquiagem (GRILLO et al., 2007).

Toda a prática pedagógica da Educação Física deve reconhecer a ginástica como


prática constitutiva da cultura corporal, como prática social produzida pela ação humana
com vistas a atender determinadas necessidades sociais, vivenciando no fazer corporal e
com reflexão sobre sua significância e propósito (CASTELLANI FILHO, 1997).

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