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Transtorno Afetivo Bipolar: Implicações no Contexto Social e Familiar

Escrito por: Luciana Moreira Costa


Fonte: Transtorno Afetivo Bipolar: Implicações no Contexto Social e Familiar
Resumo: O Transtorno Afetivo Bipolar é uma doença silenciosa que provoca mudanças de comportamentos repentinos,
que somente são percebidos quando o quadro se agrava devido ao descontrole provocado pelos episódios de mania e
hipomania. A dificuldade de diagnosticar essa doença vem trazendo sérios danos para os pacientes que acabam tendo
diagnósticos errados e tomando medicações inadequadas. Contudo, tais mudanças produzem sofrimento não só para esses
pacientes, mas também para os seus familiares que estão em contato direto com eles e que são obrigados a conviver com
essa nova situação. Este estudo teve como objetivo compreender as implicações provocadas no contexto social e familiar
após o diagnóstico de TAB. Participaram do estudo quatro pacientes com idade entre 37 à 54 anos e quatro familiares com
idade entre 35 à 77 anos. Ambos responderam uma entrevista sócio-demográfica e uma outra entrevista semi-estruturada
abordando como era estabelecida essa relação paciente, familiar e sociedade e como esse familiar e paciente passam a ser
vistos pela sociedade após esse diagnóstico de portador de TAB. A análise dos dados colhidos mostra que essas relações
acaba trazendo dificuldades de concentração, irritabilidade, agressividade, problemas com as relações interpessoais,
dificuldades de desempenhar atividades rotineiras, não só para o paciente mais também para o familiar. Discutindo-se
assim, as implicações trazidas por esse diagnóstico nas relações interpessoais no âmbito social e familiar.
Palavras-chave: Transtorno Afetivo Bipolar, relações interpessoais, aspectos emocionais.

1. Introdução
O Transtorno Afetivo Bipolar é uma doença silenciosa que provoca mudanças de comportamentos repentinos, que
somente são percebidos quando o quadro se agrava devido ao descontrole provocado pelos episódios de mania e
hipomania. De acordo com Tung (2007), “Antes disso, pode receber os mais variados diagnósticos, como dependência
de drogas, obesidade, problemas de caráter e de personalidade, transtorno do pânico, sendo o mais comum, com certeza,
a depressão”. A dificuldade de diagnosticar essa doença vem trazendo sérios danos para os pacientes que acabam tendo
diagnósticos errados e tomando medicações inadequadas para o tipo de problema que possuem.
O transtorno afetivo bipolar do humor era visto antes como uma psicose maníaco- depressiva, por se tratar de um
transtorno no qual ocorriam alterações no campo afetivo da pessoa sendo essa acometida por emoções violentas,
sentimentos persistentes, vivencias ora depressivas, ora eufóricas e alteração no nível global de atividades. Mostrando
uma variabilidade de sintomas de acordo com o quadro que esse paciente apresenta, sendo que na fase depressiva da
doença, ele apresenta alterações no humor e nas emoções e no estado de euforia, também conhecido como estado de
mania, esse individuo apresenta uma alta confiança, julgando-se ser capaz de tudo. (LEAL, FERNANDES, 2002).
Kraepelin, foi um dos precursores da definição da psicose maníaco-depressiva como sendo TAB, deixando clara a
definição da doença, não excluindo de suas concepções os fatores psíquicos e sociais, antes os valorizou como poucos
o haviam feito anteriormente. Incluindo no conceito de enfermidade maníaco-depressiva "as formas leves da doença,
que chegam aos limites dos temperamentos", Kraepelin lançou a semente do que, nos últimos anos, vem sendo chamado
de "espectro bipolar". (Del-Porto e Del- Porto, 2005). Mostrando que o TAB vem sendo estudado e tendo seus sintomas
analisados, a muito proporcionando um reconhecimento melhor dos seus sintomas, diferenciando de outras doenças.
Segundo Kapczinski, Frey e Zannatto (2004), “O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), é uma doença crônica que afeta
cerca de 1,6% da população e representa uma das principais causas de incapacitação no mundo. Nos últimos 10 anos,
tem-se demonstrado que o TAB é um transtorno heterogêneo”. Devido à dificuldade que se tem de identificar pela
semelhança de sintomatologia com outras doenças, já que alguns sintomas acabam se enquadrando com os de outras
patologias.
Tal fato vem intensificando, os estudos sobre eles, possibilitando uma assertividade maior no seu diagnóstico, e, para
isso, vêm contando com o DSM-IV que segundo Matos, Matos e Matos (2005), “o DSM-IV é um manual diagnóstico
e estatístico que foi adotado pela APA e que correlaciona-se com a Classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento do CID-10, da Organização Mundial de Saúde(OMS)” como aliado. Entretanto, o diagnóstico nem
sempre é tão preciso.
Analisando uma das características do DSM-IV, segundo MATOS et al (2005):

O uso do DSM-IV é limitado e trouxe também inúmeras desvantagens. A primeira delas diz
respeito ao próprio sistema, que produziu uma excessiva fragmentação dos quadros clínicos
dos transtornos mentais. Assim, muitos pacientes precisam receber simultaneamente
inúmeros diagnósticos, já que os sintomas ultrapassam os limites rígidos, propostos pelo
manual. Por isto, a comorbidade dentro de um eixo (ou de vários deles) passa a ser quase
sempre a regra, e não a exceção. (p. 314).

Diante das desvantagens apresentadas pelo manual acima citada, é possível observar que a caracterização fragmentada
dos quadros clínicos de transtornos mentais, acaba impossibilitando um diagnóstico mais preciso, já que o mesmo deixa
pequenas lacunas, gerando dificuldade na identificação do sintoma, podendo provocar um agravamento no quadro pelo
uso de medicamentos inadequados para esse paciente.
Segundo MATOS et al (2005),

O DSM-IV não é um compêndio de psiquiatria e não deve ser consultado como a única fonte
de conhecimento da especialidade. Ao listar os sintomas, o manual busca auxiliar o
reconhecimento dos transtornos mentais, mas não se presta a substituir a abrangência do
diagnóstico clínico, que resulta, acima de tudo, da intuição, da percepção e do feeling, que
surge desta relação única que se estabelece entre o profissional e o seu paciente. (p. 315).

De acordo com Tung (2007), “o conceito que pode definir o Transtorno Afetivo Bipolar é centrado nas alterações do
humor, subdividindo-se em dois polos da doença: o humor depressivo e o humor eufórico, também caracterizado como
a fase de mania da doença”. Entretanto, não é apenas o humor que sofre alteração no TAB, algumas funções cerebrais
também sofrem alterações como as que estão relacionadas com os ritmos biológicos: o sono, o apetite, o controle dos
movimentos do corpo, a memória, a concentração, a impulsividade, e os desejos e vontades, inclusive o sexual que
podem aumentar ou diminuir dependendo em que polo da doença esse paciente esteja.
As mudanças que ocorrem com o portador do TAB acabam gerando sofrimento não só para eles, mas também para
seus familiares, trazendo bastante desconforto, principalmente quando esse indivíduo está na fase de mania. Segundo
Menezes e Souza (2010), “o humor é expansivo e eufórico podendo ser irritável e desinibido”. Tornando-se agressivo,
em alguns momentos, chegando a agredir não só verbalmente, mas até fisicamente.
Diante desse cenário, a proposta para se entender as doenças mentais por diversas vertentes da psicologia foi se
desenvolvendo, contrariando algumas definições propostas pelo modelo médico de psicopatologia, que se restringe a
diagnosticá-los e tratá-los através dos fármacos, mantendo-se, assim um modelo assistencialista.

2. Proposta da Análise do Comportamento


A Análise do Comportamento, que teve Skinner como um dos percursores do conhecimento aplicado a clínica, conduziu
experimentos com pacientes psicóticos, impulsionando o desenvolvimento de trabalhos que utilizavam técnicas
operantes, visando à modificação de comportamentos (Tourinho, 2003).

A análise do comportamento se edifica como uma modalidade de discurso psicológico crítico


dessa visão de homem e da correspondente sobrevalorização do que ocorre privadamente
ao indivíduo, não porque ignora a chamada “experiência subjetiva”, ou deixa de reconhecê-
la como constitutiva de instâncias do fenômeno comportamental, mas porque não atribui a
esses eventos uma centralidade na explicação do comportamento humano; diferente disso,
busca na relação do Homem com o mundo uma explicação tanto para sua experiência
subjetiva, quanto para seu comportamento publicamente partilhado (Tourinho, 2003). (p.31).

Na busca desse homem com o mundo, é possível encontrar explicações para justificar os comportamentos aprendidos
pelos homens ao longo da vida, mostrando que esse homem mesmo que inicialmente através da imitação do que vê,
precisa do estabelecimento de relações para se sentir socialmente aceito. Segundo Baum (2006), a melhor regra para a
imitação seletiva seria imite o sucesso, em que as pessoas acabam imitando o que deu certo e nunca o que deu errado.
Os portadores de TAB por não apresentarem comportamentos socialmente aceitos acabam sendo excluídos do convívio
social, pois como citado acima, a sociedade busca imitar e reproduzir o que deu certo.
Segundo Banaco, Zamignani & Meyer (2010), apud Sturmey (1996) “o modelo médico de psicopatologia parte do
pressuposto de que a doença ou transtorno é manifestação de uma patologia subjacente e, portanto, em se identificando
e definindo uma doença, deve-se buscar uma terapêutica específica”. Já no modelo médico, segundo Banaco (1999), são
também estáticos os critérios para a definição do comportamento patológico, sendo considerados patológicos em geral,
aqueles padrões que diferem significativamente da média da população. Mostrando que essa perspectiva é diferente do
modelo analítico comportamental de análise em que os critérios de avaliação são essencialmente funcionais.
Diante de um contexto de observações dos comportamentos, afirma-se que: “A análise do comportamento considera
que a “psicopatologia” seja um problema de excesso ou déficit comportamental. Ou seja, o comportamento
psicopatológico pode ser descrito como uma série de comportamentos excessivos ou a falta de alguns deles”. (Banaco,
Zamignani, Martone, Vermes & Kovac, 2012). O excesso desses comportamentos acaba ocasionando uma rejeição por
esses não serem socialmente aceitos, sendo os quadros psicopatológicos compostos por esses comportamentos.
Segundo Banaco (1999), apud Banaco et al, ( 2010), “uma das principais diferenças que divergem da abordagem
comportamental do tratamento utilizada pelo modelo médico, é que essa acredita poder tratar os transtornos mentais,
sem que seja pelo uso exclusivo de fármacos”. Fazendo com que esse paciente aprenda a se controlar quando estiver no
período de crise e que o remédio seja apenas o intermediário para restaurar o organismo desse paciente com o consumo
mais cauteloso dessa medicação, para não provocar muitos danos ao seu organismo.
O tratamento das pessoas identificadas com TAB através do víeis comportamental, procura identificar sob quais
circunstâncias um comportamento denominado como psicopatológico foi originado, provocado e mantido. Nesse
sentido, busca-se uma identificação das possíveis variáveis que levaram ao desenvolvimento desse padrão
comportamental, com o intuito de que sejam criadas estratégias de atuação específicas de acordo com o caso analisado.
O presente trabalho tem como objetivo conhecer o impacto provocado pelo diagnóstico do TAB na vida afetiva e social
do paciente e de que forma são estabelecidas as relações entre os pacientes, seus familiares e a sociedade, afim de saber
as mudanças provocadas após o diagnóstico.

3. Método
3.1 Participantes
Participaram da pesquisa oito pessoas sendo quatro pacientes e quatro familiares, com idades variadas entre 37 a 54 anos
para pacientes e 35 a 77 anos para familiares, dentre eles casados, viúvos e separados e com o nível de escolaridade
fundamental incompleto e nível médio completo. Onde alguns exerciam atividades remuneradas e outros já estavam em
gozo da sua aposentadoria seja ela, pelo diagnóstico que possuíam ou por idade, mas ainda assim desenvolviam outras
atividades, todos residem no município de Alagoinhas-Bahia. A tabela 1 apresenta detalhadamente os dados
demográficos dos participantes da pesquisa.
Idade Estado Civil /
Participantes Escolaridade Ocupação
(anos) Grau de Parentesco
Aposentada /
P1 38 Casada 8ª série
cuida da avó
Aposentada /
P2 37 Separada 2º grau completo
pedreiro artesão
Poeta, cantor,
P3 50 Casada 2º grau completo
compositor
Aposentada /
P4 54 Viúva 2º grau completo ajuda à tia pegando
material curativo
F1 60 Casado/Marido 6ª série Cantor
F2 35 Casado/Marido 2º grau completo Motorista
F3 66 Casado/Irmão Alfabetização Doméstica
F4 77 Viúva/Mãe 2ª série Aposentada

Tabela 1. Dados Demográficos dos Participantes da Pesquisa.

3.2 Procedimento
A pesquisa possui um delineamento qualitativo, e à localização dos participantes foi feita através da unidade de saúde
onde essas pessoas eram acompanhadas. Foi explicado o objetivo da pesquisa e realizado o convite para participação da
pesquisa, apresentado o termo de consentimento livre e esclarecido, informando ao mesmo que será utilizada entrevista
para coleta de dados e que elas somente serão utilizadas para fins de pesquisa. Inicialmente, foi realizada a entrevista
sócio-demografica, possibilitando a coleta das informações básicas necessárias e logo após a entrevista semi-estruturada.
As entrevistas com os pacientes aconteceram na unidade de saúde em dias alternados com a duração de 40 a 60 minutos
sendo uma delas gravada e transcrita e as outras três apenas escritas a partir do discurso direto do paciente.
A entrevista com os familiares foi realizada uma na unidade de saúde e três fora da unidade, sendo duas realizadas na
residência do familiar e uma na Faculdade Santíssimo Sacramento. Exceto o que foi entrevistado na unidade com o qual
foi tido o contato direto, sendo explicado o objetivo da pesquisa e apresentando o termo de consentimento, com os
outros três familiares foi feito o contato inicial por telefone e explicado o interesse da pesquisa após a aceitação por
parte dos familiares. Foi agendado então, o dia e o horário da entrevista, fazendo também o agendamento do local de
preferência para realização da mesma. Realizada a entrevista nos respectivos locais acordados com os participantes da
pesquisa, foi feita as perguntas, gravadas e transcritas posteriormente para análise do conteúdo.
3.3 Instrumento
O instrumento utilizado foi uma entrevista composta por duas etapas, sendo a primeira a coleta de dados demográficos
dos pacientes e familiares, e a segunda a entrevista semi-estruturada distintas para pacientes e familiares. A entrevista do
paciente composta por 13 questões que focavam o convívio familiar e social e de que forma esse diagnóstico vem
interferindo na vida desse indivíduo. A entrevista do familiar era composta por 16 questões que tinham a função de
coletar informações sobre a forma que vem se estabelecendo a relação desse paciente com a família e com o meio social
e as possíveis interferências após o diagnóstico.

4. Resultados
Foram encontrados através do estudo de caso uma ampla variação de respostas, possibilitando um maior embasamento
teórico, ao demonstrar as consignas presentes no dia-a- dia de pacientes e familiares, e de que forma é estabelecida essa
relação paciente e familiar, paciente e sociedade, e família e sociedade. Esses resultados serão apresentados em duas
etapas, onde, na primeira etapa, serão apresentados os resultados colhidos na entrevista do paciente mostrando de que
forma ele se relaciona com familiares e sociedade após recebimento de diagnóstico. Na segunda etapa, serão
apresentados os resultados colhidos da entrevista com os familiares, evidenciando a forma que é estabelecida as relações
desses familiares com os pacientes e com a sociedade.

Parte 1. Análise da relação paciente, família e sociedade.


Nessa primeira etapa são examinadas as respostas colhidas através do estudo de caso, buscando investigar de que forma
é estabelecida a relação desse paciente com os familiares e sociedade, tendo como foco as seguintes situações: a)
recebimento de diagnóstico; b) vida antes do diagnóstico; c) como era visto pela família e amigos antes; d) como é visto
e se relaciona hoje; e) o diagnóstico mudou a forma de ser visto e tratado na sociedade; f) o diagnóstico trouxe algum
tipo de mudança em sua vida; g) considera que exista sofrimento para você e sua família.
O objetivo foi examinar as possíveis mudanças de atitudes da família e da sociedade diante desse indivíduo após o
diagnóstico de TAB, demonstrando como essa diferença de tratamento pode ocorrer e as implicações provocadas por
essas ações.
Em resposta, esses pacientes disseram que inicialmente tiveram dificuldade para aceitar o diagnóstico como portador de
TAB, mas que após algum tempo acabaram aceitando e fazendo uso da medicação conforme recomendação médica.
Todos eles também tinham uma vida normal, exercendo atividades variadas nos seus respectivos trabalhos como auxiliar
de enfermagem, dono de mercadinho, trabalhando em grandes empresas e outros como autônomos.

Em relação à aceitação do diagnóstico:

“Aceitei porque queria ficar boa. Segui as recomendações medicas por algum tempo, depois
suspendi as medicações por conta própria. Nessa recaída atentei contra minha própria vida,
tomei chumbinho”. (P1)

“Fiquei nervoso e o médico disse que não podia mais trabalhar comecei a misturar remédio
com cachaça”. (P2)

“Difícil. Não aceitei o diagnóstico inicialmente, mas depois acabei aceitando e comecei a
tomar as medicações”. (P3)

“Eu não achava que tinha esse negocio não, eu só achava que não tinha que levar desaforo
pra casa, quando eu tomava o remédio eu chega ficava quieta”. (P4)

Vida antes do diagnóstico:

“Tinha uma vida normal. Cantava em bandas, tinha muitos amigos, namorava”. (P1)
“Trabalhava tinha uma vida normal tive dois mercadinhos, tinha lotes de terra, era casado,
tinha muitos amigos”. (P2)

“Tinha uma vida normal trabalhei em um supermercado, servi ao exército, fiz estágio na
Petrobras, saía com amigos”. (P3)

“Eu era a mulher que mais andava arrumada em Alagoinhas, tinha muitos amigos, mas sou
falsa mudava o tempo todo e as pessoas que me conheciam sabiam do que eu ia gostar ou
não”. ( P4)

Antes dos sintomas começarem a surgir e eles acabarem sendo rotulado como portadores de TAB, seus familiares e
amigos os tratavam muito bem e eles eram respeitados pelos os amigos, sendo socialmente aceitos. Entretanto, essa
situação mudou após o diagnóstico. Os amigos que tinha se afastaram, e alguns familiares também passaram a evitá-los
chegando muitas vezes a fechar a porta de suas casas quando eles se aproximavam.
Quando questionados em relação à forma de ser tratados pela sociedade e as mudanças que aconteceram em suas vidas
após o diagnóstico, eles mencionam que o fato de serem usuários de uma instituição que trata de pessoas com problemas
mentais acaba influenciando de forma negativa no tratamento da sociedade para com eles, o que de certa forma acaba
gerando um desconforto que os fazem pensar que o ambiente ideal para eles é nessa instituição. É possível através das
falas observadas que esses pacientes apresentam sofrimento pela forma que são vistos e tratados pela sociedade,
chegando ao ponto de limitar suas relações sociais somente aquele ambiente.

Mudou a forma de ser visto pela sociedade:

“Mudou, tem horas que não me acho uma pessoa normal e aqui estou no lugar de pessoas
anormais como eu”. (P1)

“As pessoas diziam que era um doido alegre e inteligente que sabia conversar. Nunca fui mal
tratado ou descriminado pelas pessoas que estavam ao meu redor, só quando estou em crise
que incomodo os vizinhos e brigo com todo mundo”. (P2)

“Mudou. Porque as pessoas acabam fazendo gozação, me chamando de doido e me


recriminando quando sabem que sou usuário do CAPS”. (P3)

“O povo já me via como doida e eu não sabia, já marcava presença no lugar que eu passava
e acho que não mudei nada”. (P4)

Torna-se possível através da observação das falas desses pacientes acima citadas, analisar que a interferência existente
para o estabelecimento dessa relação, mostrada pela dificuldade que a sociedade apresenta de aceitar o que para ela é
tido como diferente, onde não se busca aprender a lidar com esse portador de TAB e sim tirar eles dessa convivência
social, trazendo sofrimento não só para eles, mas também para seus familiares.

Parte 2: Análise da relação familiar, paciente e sociedade.


Nessa segunda etapa, são examinadas as respostas colhidas através do estudo de caso, buscando investigar de que forma
é estabelecida a relação desse familiar, paciente e sociedade tendo como foco as seguintes situações: a) vida antes dos
sintomas; b) mudou alguma coisa nas relações estabelecidas após diagnóstico; c) continua tendo o mesmo número de
amigos; d) percebe algum tipo de resistência de relacionamento fora do vínculo familiar; e) existe algum tipo de
sofrimento; f) como é para você saber desse diagnóstico; g) mudou alguma coisa no convívio familiar; h) de que forma
essa situação vem influenciando no convívio de vocês com a sociedade.
O resultado da entrevista com familiar mostra que as mudanças após esse diagnóstico foram muitas já que antes esses
indivíduos tinham uma vida normal, mudando não só a vida do paciente mais a da família que acabou tendo que
reorganizar suas vidas para dar uma atenção diferenciada a esse familiar diagnosticado como portador de TAB.

Mudou as relações estabelecidas após diagnóstico:

“As pessoas de fora ficaram com receio por saber que ela é usuária do CAPS”. (F1)

“As pessoas que eram amigas dele se afastaram quando ele está atacado e quando ele esta
bebendo fica pior”. (F2)
“Mudou, ele fica zangado com a gente sem a gente fazer nada, fica agressivo, tem horas que
quer até enfrentar o pai”. (F3)

“Muitos mudaram, mais as que eram amigos, amigos mesmo não, e muitos tinham medo dela
e evitava e muitos parentes mesmo quando ela estava atacada, fechava a porta com medo
dela”. (F4)

Os resultados encontrados através da entrevista com o familiar mostra que esses pacientes tem que se adequarem a essa
nova vida pós-diagnóstico, já que a forma de ser visto socialmente também muda e o rótulo toma uma proporção ainda
maior do que o imaginado, chegando ao ponto dele se ver sozinho onde o único apoio que pode encontrar é em alguns
membros da família que ainda compreendem a sua dor e as pessoas que se diziam amigos simplesmente lhe “viraram as
costas”.
Continua tendo o mesmo número de amigos:

“Não a amizade dela agora é mais com as pessoas do CAPS”. (F1)

“As pessoas que eram amigos dele se afastaram e quando ele tá atacado e bebendo fica pior
e corta o efeito do remédio, ele é bipolar e é um processo que não se ver, é luta”. (F2)

“Não. Ele gosta desse povo bem baixo, os esmole, mendigo, moradores de rua, ele dorme
fora, a gente fala pra não ter amizade com esse povo. Ele só fica agressivo quando está em
crise”. (F3)

“Não. Um ou outro assim e só fala “oi” mais amigos à parte”. (F4)

A entrevista realizada com esses familiares possibilitou um esclarecimento maior no contexto paciente com a sociedade,
afim de saber se existe alguma resistência dele para estabelecimento dessa relação, os dados colhidos sobre, mostram
que não existe essa resistência por parte deles e sim da sociedade que acaba se esquivando de manter esse contato por
saberem se tratar de uma pessoa que possui o diagnóstico de portador de TAB, o que acaba fazendo com que essas
pessoas fiquem receosas em estabelecer contato com eles.
O sofrimento provocado por esse diagnóstico é algo bastante forte não só para esses familiares, mas também para os
pacientes que além de sofrerem por serem os portadores desse diagnóstico sofrem também por verem o sofrimento dos
seus pais, irmãos e filhos, o discurso apresentados por eles mostra isso de forma bem clara. A família além desse
problema tem que aprender a lidar com a rejeição da própria família a doença, já que alguns familiares acabam deixando
de acreditar que esse paciente possa conseguir estabilizar esse humor e conseguir ter uma vida mais próxima do normal.

Sofrimento:

“Tem é difícil, mas a gente tem que apoiar e dar atenção pra ela”. (F1)

“O sofrimento é grande e quando a gente vê que ele está bebendo não é felicidade é tristeza
porque eu já fico apreensivo com o que pode acontecer. O transtorno não é só pra ele é em
geral, é um problema muito sério”. (F2)

“Sofrimento demais. Quando ele cisma com uma coisa ele só quer aquilo... Em tempo de
festa ninguém dorme porque quando ele bebe fica agressivo, falando um monte de loucura”.
(F3)

“Ave Maria demais. Porque nem toda hora a gente aceita e tem paciência, damos apoio e
tudo e qualquer coisa a gente tá rente. A gente sempre deixa ela a vontade e pergunta sempre
onde ela vai e com quem”.(F4

O uso indevido de álcool é a comorbidade mais associada ao TAB sendo capaz de alterar a expressão, o curso e o
prognóstico do mesmo (Vieta et al, 2001; Levin; Hennesy, 2004; Krishnan, 2005 citado por Miasso. p.217). Mostrando
que o uso de álcool por portadores de TAB é algo cada vez mais constante e que acaba atrapalhando muito o andamento,
principalmente se esse não estiver associado ao tratamento psicoterápico, para que haja esse apoio psicológico.
Quando perguntados na influência social provocada na vida deles com esse diagnóstico, eles afirmam que a diferença
existe, porque as pessoas passam a referenciar a rotulação adquirida por esse paciente a família e a apontar como “o
filho de”, “o irmão de”, provocando até certo constrangimento nos familiares já que isso é feita de uma forma
desrespeitosa, normalmente em meio a outras pessoas.
A família sente a influência desse diagnóstico, tornando a vida desse familiar e paciente difícil, pois já estão sensibilizados
pela situação que estão vivendo diariamente e tem que conviver com essa indiferença social a essa pessoa que foi
diagnosticado com TAB, tendo que se adaptar a essa nova situação, já que o número de amigos torna-se cada vez menor.

Influência no convívio social:

“Não ela chega e conversa com qualquer pessoa, não é agressiva só quando ela é atacada”.
(F1)

“O nome da família sempre está em jogo fala-se sempre ‘é filho de’ é ‘irmão de’, as pessoas
que tem amizade sabe separar e acaba amenizando a situação, tem fases que ele esta
atacado. A família é grande quando tem algum acontecimento, a família chega junto pra não
deixar que nada aconteça com ele e explica a situação”. (F2)

“A gente convive. Tem pessoas que conversa que gosta dele, já tem outras que não gostam.
Mas a gente sente a diferença no tratamento não fica igual. Mesmo porque quando ele está
em crise, ele fica bastante agressivo e as pessoas tem medo e ele fala bastante palavrão”.
(F3)

“As pessoas só procuram saber, mas tem medo de ficar perto, porque ela é agressiva e
quando esta zangada está zangada mesmo. Mudou o comportamento das pessoas porque
tratam ela meio de lado, não confiam nela”. (F4)

Através das entrevistas realizadas, foi possível constatar que esse paciente não vem fazendo um acompanhamento
psicológico frequente, associado com o uso da medicação, o que pode comprometer a eficácia do tratamento, já que
para um melhor resultado seria necessária que esse tratamento psicoterápico acontecesse conjugado com a medicação
inicialmente e depois essa medicação seria retirada de forma gradativa de acordo com andamento da terapia e a
necessidade do paciente, possibilitando a ele uma psicoeducação. Alguns desses pacientes afirmam não julgar necessário
o tratamento psicológico porque fazem acompanhamento constante com a psiquiatra, relatando não gostar de ir para o
psicólogo porque ele só faz conversar e não passa remédio.

5. Discussão
A discussão dos resultados será apresentada em duas etapas. Inicialmente serão discutidas a influência desse diagnóstico
na vida desse paciente e as possíveis mudanças no convívio familiar e social. Na segunda etapa será discutido de que
forma esse diagnóstico afeta no convívio dos familiares com esses pacientes e com a sociedade.
Um dos objetivos do estudo foi identificar de que forma o diagnóstico afeta as relações estabelecidas por esse paciente
e como a sociedade reage diante dessa situação frente a esse paciente e seus familiares.
A expectativa inicial do estudo foi identificar através da coleta de dados informações que possibilitassem um
esclarecimento maior em relação à forma que eram vistos e tratados pela sociedade e como isso afetava o
estabelecimento de relações entre eles.
A análise dos dados possibilitou conhecer o impacto do recebimento do diagnóstico tanto para esse paciente quanto
para os familiares, evidenciando através dos dados como era a vida deles antes e depois de serem diagnosticados como
portadores de TAB, se houve alguma mudança na forma de serem tratado pela sociedade e pelos familiares, se houve
algum tipo de sofrimento com o diagnóstico.
Para Tung (2007), “a verdade é que quanto mais cedo e mais profundamente o paciente e seus familiares entenderem o
transtorno bipolar, maior é a chance de se conseguir controlar a doença e minimizar suas consequências”. Tornando
assim o processo menos doloroso, já que dificilmente se entende algo que não se conhece. A entrevista mostra que esses
pacientes limitaram-se ao diagnóstico que receberam e não buscaram conhecer a doença inicialmente, só com a sucessão
de crises que apresentaram que sentiram a necessidade de saber mais sobre o assunto, seja buscando pessoas da área de
saúde ou até mesmo trocando experiência com outros portadores da doença.
Os resultados encontrados nas entrevistas com os pacientes e familiares mostram como a aceitação social é um fator
importante para o estabelecimento de relações e como a falta dela pode trazer sofrimento para ambas as partes
envolvidas no processo, é possível através da literatura mostrar essa relação. De acordo com Baum (2006), “O reforço
social modela o comportamento que é normal para aquela cultura. Considerando que o comportamento resulta de
relações de reforço, estas são mais básicas do que o comportamento”. A falta desse reforço social nesses indivíduos
portadores de TAB acaba gerando um desconforto, que acaba atingindo não só a eles, mas também seus familiares que
estão em contado direto com eles aumentando o sofrimento, por se sentirem excluídos socialmente.
Segundo Tung (2007), “o diagnóstico médico de doença mental, emerge imediatamente uma série de preconceitos
associados a essa condição: incurabilidade, desfiguramento da personalidade, incapacidade total e absoluta, isolamento
forçado da sociedade, perda total da liberdade e de livre-arbítrio”. Quando perguntados na entrevista se o diagnóstico
tinha trazido algum tipo de sofrimento, é possível observar no discurso que esse sofrimento existe tanto para os
pacientes, quanto para os familiares e que mesmo que explicado de forma diferente, ele causa muita angústia seja pelo
fato de não poder mais exercer a atividades que eram consideradas por eles como rotineira, seja por perceberem a
angústia que seus familiares sentem ao vê-los dessa forma sendo tratados muitas vezes com indiferença pela sociedade.
De acordo com GAMACHE, 2000; LAUBER et al.,2003 apud Miasso (2006), “Quando em crise, principalmente na
forma de mania, os pacientes podem apresentar comportamentos de agressividade dirigidos aos familiares e a outras
pessoas do ambiente social com a quais convivem”. A essa agressividade apresentada nos momentos de crise se deve o
fato de algumas pessoas que antes estabeleciam com eles uma relação de amizade e cordialidade, passe a tratá-los com
indiferença, mantendo certa distância desse paciente.
O rótulo de portador de doença mental é um grande agravante para essas pessoas, porque além de terem que conviver
com a doença, são obrigados a conviver com a indiferença social e familiar, gerando um grande sofrimento, talvez, por
conformismo acabem dizendo que se sentem melhor na unidade de saúde a qual fazem parte, porque lá não se sentem
diferentes e sim iguais aos outros que estão naquele mesmo ambiente. Segundo Souza (2006), o preconceito, estigma,
curiosidade, vergonha e a não aceitação da doença fazem parte do contexto das relações intra e extra-familiar, causando
constrangimento e conflitos.
O sofrimento produzindo pelo diagnóstico da doença não se restringe ao paciente, se estende também aos familiares, já
que no período em que este paciente está em crise, quem acaba respondendo de forma mais categórica sobre suas
atitudes são os familiares, tendo que solucionar os problemas provocados por eles. De acordo com Carter e Mc Goldrik
(p.375,1995 apud Souza, 2008), “o familiar sofre uma tensão que é provocada tanto pela frequência das transições entre
crise e não crise quanto pela continua incerteza de quando ocorrerá à próxima”.
Nesse sentido, torna-se cada vez mais difícil para esses familiares manter-se bem para cuidar não só desse paciente, mas
de si e dos outros familiares que estão ao seu redor, mostrando um equilíbrio constante para o enfrentamento, fazendo-
se necessário o conhecimento do que é a doença e de que forma ela se apresenta. Na coleta de dados feita, foi possível
verificar que a grande maioria desses familiares sabia descrever o curso do desenvolvimento da doença, enquanto outros
descreviam de forma superficial, apresentando receio de falar mais claramente sobre o transtorno.
Segundo Miasso, Cassiani e Pedrão (2010), “entre os pressupostos assumidos pelos vários autores para o estudo da
adesão, as diferenças mais evidentes encontram-se entre aqueles que focalizam o fenômeno no paciente e aqueles que
buscam a compreensão em fatores externos a ele”. A adesão ao tratamento e a avaliação individual do quadro desse
paciente possibilita não só a família, mas aos profissionais que o estão acompanhando uma visão mais diversificada em
relação ao quadro apresentado pelo paciente e quais seriam os próximos passos para o andamento do tratamento.
Alguns trabalhos tem mostrado que a inclusão de familiares no tratamento de pessoas com TAB tem efeito positivo no
curso do tratamento, havendo, assim maior entendimento e aceitação do transtorno (Sherril et al,1997; Osinaga, 2004
apud Miasso p.215). A família é fundamental no tratamento devido à atenção que dada a esse paciente, não só pelo
estado no qual ele se encontra, mas por fazer parte da família e neste momento, está precisando de uma atenção
diferenciada. De acordo com Tucci, Corrêa e Dalben (2001), “as formas de interação dos pacientes com seus familiares
afetam o curso das doenças mentais como um todo”. Podendo essa ser de uma forma positiva ou negativa, dependendo
da intervenção feita por esse familiar, principalmente se ela acontecer no momento de crise desse paciente.
A família tem um problema ainda maior no período de crise desse paciente porque ele se envolve em situações diversas,
algumas colocando em risco sua integridade física e por não entender que se trata de uma doença a sociedade acabam
tentando revidar as agressões sofridas por ele, gerando uma angústia nos familiares que tentam protegê-los e ao mesmo
tempo explicar o porquê dele está agindo dessa forma. No discurso dos familiares, constantemente eles têm que intervir
frente à sociedade para proteger os familiares portadores de TAB. Além disso, muitas vezes acabam se esquivando de
estar em alguns ambientes por vergonha do que o portador de TAB fez, ou por ser rejeitado por pessoas de determinado
grupo por ser parente de uma pessoa que não é socialmente aceita por eles. Os familiares tornam-se reféns de um rótulo
que não os pertence, mas que o acompanham pelo simples fato de ser parente desse paciente.
No TAB, de acordo com Basco (2009), os indivíduos tentam entender a si mesmos e suas experiências. Querem saber
o que é estável e permanente em suas vidas e o que parece transitório ou fruto da doença mental. Tentando se
entenderem talvez seja o caminho mais fácil para serem entendidos pelos outros e deixarem de ser vistos apenas como
portadores de TAB e passarem a ser vistos como pessoas, não mais como pacientes.
6. Considerações Finais
Os resultados obtidos com o presente estudo mostram que o diagnóstico tanto para portador de TAB quanto para o
familiar, traz inúmeras complicações e muito sofrimento como: dificuldades de concentração, irritabilidade,
agressividade, problemas com as relações interpessoais, dificuldades de desempenhar atividades rotineiras, por se
sentirem excluídos socialmente, deixando muitas vezes de se envolver em atividades em função do rótulo que adquirem.
Tudo aquilo que escapa do padrão estabelecido como normal e ideal, acaba sendo alvo de medo e afastamento. A falta
de conhecimento sobre doenças mentais por parte da população é, no fim das contas, a grande fonte de preconceito e
sofrimento.
O preconceito é um fator de exclusão gerando nesses pacientes e familiares um medo, por não saberem de que forma
vão ser recebidos por serem diagnosticados como portadores de TAB, fazendo com que eles acabem estabelecendo
uma conduta inadequada para o padrão social previamente estabelecido, gerando desconforto não só para ele, mas para
os seus familiares.
De certa forma, é necessário enfatizar que esse processo não se limita apenas ao TAB, mas também às outras doenças
mentais. A complexidade estabelecida nas relações interpessoais entre paciente, sociedade e familiares acaba
intensificando o sofrimento já existente devido à forma que são estabelecidas essas relações, gerando certa dissonância
na estruturação das mesmas.
Na coleta de dados, foi identificada no discurso de uma das mães, que em muitas das vezes acabam tendo que ir contra
os seus outros filhos para proteger esse que no momento precisa de sua proteção e auxílio, mostrando que ser mãe e
pai vai bem além do título de familiar, porque eles se sentem muito mais responsáveis pelos seus filhos do que os outros
componentes da família, tornando para eles essa tarefa de cuidar desse filho portador de TAB ainda mais difícil, pois é
marcado por todo um envolvimento emocional característico de pais preocupados com o bem estar de seus filhos, que
se sentem na obrigação de protegê-los, mesmo que para isso tenham que ser privado das relações interpessoais que antes
estabeleciam.
As pesquisas nesse campo ainda são poucas, os estudos realizados estão voltados mais para outras doenças onde dentre
elas está à esquizofrenia, poucos estudos também em relação a o convívio desse paciente com familiar e sociedade,
mostrando que é uma área ainda pouco explorada pelos pesquisadores, já que os mesmo estão preocupados com o
avanço farmacológico, esquecendo-se muitas vezes que é necessário que se veja esse paciente como um todo e não de
forma fragmentada, sendo necessário que se trate não só os sintomas apresentados, mas que através da terapia se
reeduque esse paciente para que ele aprenda a lidar com essa nova situação e identificar quando algo estiver errado, afim
que com o tempo ele aprenda a ter o auto-controle sobre suas ações, sem que precise continuar fazendo o uso contínuo
de remédios.
Quanto mais estudos relacionados ao assunto surgirem, melhor será para esses portadores e familiares de TAB, porque
ocorrerá a desmistificação de que essas pessoas tenham que ser banidas da sociedade, fazendo-se necessário um
conhecimento científico independente de abordagem e teorias metodológicas que utilizam para que haja a tentativa de
compreender de que forma esse processo é estabelecidos e as possíveis consequências trazidas por eles tanto na vida
desse paciente quanto na do familiar.
Sobre os Autores: Luciana Moreira Costa - Graduanda do 9º semestre de Psicologia da Faculdade Santíssimo
Sacramento. Orientação: Paulo Henrique Barbosa do Carmo - Professor e orientador de pesquisa na Faculdade
Santíssimo Sacramento, psicólogo e mestre em psicologia pela Universidade Federal da Bahia.

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