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Depressão

A depressão é a perda/abaixamento da pressão anímica e traduz-se por


diminuição da energia psíquica e vital, da líbido, da motivação e do interesse pelo real.
O seu sintoma patognómico é o abatimento, desaceleração ou abrandamento, e na sua
génese está a perda da esperança de recuperar o afecto perdido. A depressão gera-se
numa relação de amor não correspondida, numa economia depressígena, em que o
sujeito dá mais do que recebe.
Na etiologia da predisposição depressiva está o facto da criança ter sido
investida de um modo narcísico pela mãe: a mãe amou-a como uma parte do seu próprio
corpo, como uma posse ou prolongamento de si mesma e não como um ser separado ou
diferente. É um investimento narcísico do objecto, em que o objecto adopta uma
posição narcísica. Tal relação, narcisicamente orientada, que a mãe estabelece com o
filho tende a ser uma relação severa e exigente, condicionando na criança um Eu ideal
de origem materna, precocemente organizado, representando para o sujeito uma
sensação de insucesso real e inconstante. Ou seja, neste tipo de mães, o filho, não
correspondendo à expectativa de compensação narcísica delas próprias, é, do ponto de
vista objectal, ambivalentemente investido: desejado, apesar de tudo, mas
profundamente rejeitado, pela desilusão real que trouxe à efectivação do fantasma
inconsciente da mãe. Não só rejeitam o filho como também não o atendem nos seus
desejos mais genuínos e pessoais, estando prejudicada toda a sua importante função de
holding. A criança tem, assim, dificuldade em constituir um self-objecto transitório.
Então, o indivíduo, carente de um bom objecto de segurança narcísica, fica
constantemente dependente de Self-objectos.
A carência afectiva precoce vai acarretar grandes falhas na identificação
primária, mimética ou adesiva, lacunas e deficiente coesão do Self. Portanto, a perda do
amor do objecto é a causa depressígena principal.
Não há depressão sem culpa e sobretudo sem inferioridade, porque a retirada de
amor do objecto é por si só desnarcisante, levando à baixa auto-estima. Quando
predomina a culpa, é a chamada depressão de culpa ou depressão masoquista, que se
caracteriza por sentimentos de culpa, inflexão interna da agressividade,
desculpabilização do objecto e sua idealização, identificação projectiva e introjecção
maligna (apropriação das partes negativas do objecto). O indivíduo atribui a si mesmo a
responsabilidade da perda do amor do objecto, como resultado de uma agressividade
que dirigiu a este, um vez que, face à agressividade do objecto, e por receio de
abandono ou perda de amor de que tanto carece, assume uma atitude de submissão e
sujeição à agressividade do objecto. Se, por outro lado, predomina o sentimento de
inferioridade, chama-se depressão de inferioridade ou depressão narcísica, em que
predominam sentimentos de inferioridade e ruína narcísica, estando afectada a auto-
estima, a auto-imagem, a percepção, sentimentos e valorização própria. O conflito
intrapsíquico desenrola-se em torno da sexualidade.
A culpa resulta, em primeiro lugar, da idealização do objecto e da tendência a
desculpabilizá-lo e, em segundo lugar, resulta da indução de culpa pelo objecto, que se
idealiza e faz idealizar. Assim, o sujeito projecta a sua bondade e introjecta a maldade
do objecto, dando-se um processo de inversão da experiência vivida. Há depressão
porque há objecto depressígeno, que é culpabilizante, inferiorizante ou desnarcisante.
A estrutura da depressão é marcada, para além da insuficiência narcísica, pela
dependência oral-anaclítica e pela severidade do Supereu. Há uma marcada dependência
de um objecto protector, que satisfaz (objecto oral) e que apoia (objecto anaclítico). É
uma relação de dependência, de vinculação infantil, de aderência ao objecto, de
necessidade de um Eu auxiliar. A estrutura do depressivo deve-se também à enorme
severidade do Supereu, que nunca perdoa mas castiga, é o objecto interno convertido
em instância crítica que constrange a expansividade do ser. É um Supereu de natureza
materna, fabricado na relação com o objecto primário, donde a sua maior confusão com
o Eu, uma vez que a distinção entre o Self e a imago materna é sempre mais difícil e
incompleta.
O que se encontra na disposição depressiva é a desistência dos interesses
próprios em favor da manutenção do amor do objecto. O depressivo ama para ser amado
e admirado, pois é pobre em sentimentos de auto-estima e auto-valorização. O indivíduo
ama por dependência afectiva, porque precisa do amor do outro. Na sua conduta diária
estes indivíduos repetem a relação primária de objecto já que não foram considerados
como seres autênticos, com uma identidade própria, mas sim como objectos de desejo
dos seus próprios objectos.
A personalidade depressiva é caracterizada pela deficiente organização do
investimento narcísico e pela baixa auto-estima. O indivíduo é dominado por um
sentimento de frustração, de não realização dos seus planos e projectos, em função das
decepções sofridas no seu passado infantil: decepção primária e decepção edipiana. É
uma situação de falta do desejado e não uma situação de perda.
Para Coimbra de Matos, no tratamento da depressão, o terapeuta tem de ajudar o
paciente na recuperação da idealidade perdida na idealização do objecto e na inculpação
do objecto, ou seja, tem de ajudar o paciente a processar uma inversão do processo
patológico. No trabalho de desidentificação pretende-se a redução da severidade do
Supereu, o desbloquear das fixações infantis e a identificação à função analisante do
analista. Só após a expulsão do objecto interno maléfico (que retrata o objecto externo
abandonante) se pode reconstituir um objecto interno bom, securizador e estabilizador,
ou seja, se constrói uma boa imagem da relação primária ou se completa a introjecção
de um bom objecto.
Assim, durante a análise, transcorre um processo de restauração do Self e de
introjecção bonificadora do objecto interno.

Luto e Depressão

Luto e depressão são duas reacções diferentes, que diferem essencialmente na


natureza da perda e na maneira como o sujeito lida com essa perda.
O luto é uma reacção normal à perda de um objecto importante, sendo uma fase
transitória, e necessária, de readaptação do investimento a novos objectos. O paradigma
subjacente é a morte do objecto (Coimbra de Matos). O sintoma fundamental é a
tristeza, não havendo sentimento de inferioridade.
É, então, uma depressão reactiva, que é uma depressão normal, que caracteriza a
reacção de uma personalidade de estrutura genital ou pós-edipiana à perda de um
objecto privilegiado. Fala-se neste caso de depressibilidade, que é a qualidade de se
poder deprimir, de ser capaz de fazer um trabalho de luto (sinal de uma boa saúde
mental). O abandono do objecto faz-nos ficar deprimidos e revoltados com a pessoa.
Há, no entanto, lutos normais e lutos patológicos. No luto normal a perda é
menos culpabilizante porque a hostilidade para com o objecto é muito menor. No luto
patológico o indivíduo não acredita que o objecto desapareceu e tem a convicção que
este pode voltar (luto delirante).
A depressão é a reacção à perda do amor do objecto. o sintoma fundamental é o
abatimento, o desânimo, o desalento, e há baixa de auto-estima, já que a retirada do
amor do objecto fere a auto-estima do sujeito. Na depressão patológica há uma
desculpabilização do objecto desamante e uma culpabilização pelo abandono do outro.
O sujeito aceita o abandono e culpa-se a si próprio.
Segundo Freud, a melancolia (depressão patológica) é a reacção patológica de
uma personalidade marcada pela extrema dependência objectal, comportando uma
pesada regressão oral-narcísica, com uma introjecção ambivalente do objecto perdido. O
sujeito sente que, ao perder o objecto, se destaca e afasta uma parte essencial de si
mesmo. Trata-se de uma depressão manifesta e egodistónica, estando relacionada com a
relação objectal primária com a mãe. Ou seja, quando a mãe não é um objecto contentor
que responde de forma satisfatória ao bebé, aquilo que o bebé tenta projectar na mãe
não lhe é devolvido, o que leva o bebé a introjectar nele próprio os aspectos bons e
maus do objecto (o bebé fica com uma estrutura de self dependente; introjecta a
incapacidade do objecto). Estes últimos passam a fazer parte do self e estrutura do
sujeito, deste modo, o self não cresce de forma independente mas de forma dependente,
porque é sentido como incapaz. Assim, quando o outro parte, uma porção do sujeito
parte também (devido à dependência).

Patologia Borderline

A organização borderline é um quadro clínico que se situa na fronteira entre a


psicose e a organização depressiva ou neurose, tem sintomas da linha psicótica e da
linha neurótica e oscila entre os dois tipos de relação (de compromisso ou neurótica, e
de rejeição ou psicótica). É uma psicose minor, também designada estado-limite, caso-
limite, estado limítrofe, quadro-fronteiriço ou pré-psicose.
O paciente limite, ao invés do psicótico, mantém o investimento no mundo
exterior, continua a interessar-se pelas pessoas em geral, as coisas do mundo e a vida. A
decepção com alguém ou o desprazer com uma situação leva-o à ruptura do laço
afectivo e ao desinvestimento da realidade circunstancial, sendo uma retirada localizada,
que não se estende ao resto do universo, e temporária, voltando ao fim de algum tempo
a investir o mesmo objecto, devido à relação de objecto clivada que mantém, alternando
dois tipos de relação: por um lado, uma relação de aceitação e aproximação do objecto,
em que há uma denegação da realidade maléfica do objecto, com idealização objectal;
clivagem do objecto, em que a parte maligna deste é separada e atribuída a outro
objecto, ou ao próprio, dando-se a introjecção da malignidade do objecto. Por outro
lado, estabelece-se uma relação de rejeição-perseguição, em que o objecto é sentido
como rejeitante e/ou persecutório. O sujeito distancia-se afectivamente, desinveste o
objecto ou, numa reacção mais moderada, isola, congela ou bloqueia o afecto positivo.
Na etiopatogenia da condição limite está a insuficiência narcísica dos pais, ou
seja, a sua própria personalidade limite. A necessidade que alguns pais têm que os filhos
preencham as suas lacunas narcísicas (sendo inteligentes, perfeitos, bonitos, etc.),
rejeitando-os quando assim não acontece, pode dar origem a um estado-limite. É um
amor condicionado, não incondicional, que empobrece a interacção e a vida mental.
Actualmente, consideram-se duas ordens de factores causais preponderantes: por um
lado, pais intrusivos, abafantes, controladores, agressivos e traumatizantes (famílias
fechadas); por outro lado, pais distantes, abandonantes, negligentes e rejeitantes
(famílias desunidas).
Um aspecto significativo do funcionamento limite é a existência de uma certa
confusão entre percepção e fantasia, realidade exterior e realidade interna. A força das
convicções, a dominância da crença, o recurso ao pensamento mágico e a persistente
omnipotência do pensamento que caracterizam estes doentes, contribuem para esta
confusão entre realidade e fantasia. Contudo, esta indistinção não conduz à certeza
delirante ou à confirmação alucinatória, a não ser que ocorra uma descompensação
psicótica.
Segundo Coimbra de Matos importa analisar o problema das fronteiras do Self e
da estabilidade dos seus conteúdos. No mundo borderline a idade está permanentemente
em risco e a auto-estima é insuficiente para uma integração perfeita do próprio (Self em
mosaico). Está-se no domínio da ansiedade invasiva (medo da perda do objecto,
enquanto apoio do sujeito, de função anaclítica, auxiliar do Eu imaturo), com ameaça de
desintegração. O doente limite recorre abundantemente à identificação projectiva.
Reconhece o espaço interno do objecto e o desenvolvimento do seu próprio mundo
interior, mas não conseguiu uma suficiente estabilidade, coesão, domínio e aceitação
dos seus conteúdos internos, sendo fácil desembaraçar-se daquilo que em si o incomoda
ou causa problema, projectando-o no outro. É uma evacuação agressiva que alivia a
tensão e o conflito intra-psíquicos. O borderline está a caminho da organização
depressiva, da interiorização permanente de um objecto afectivo, sem nunca ultrapassar
o limiar da depressão. A perda do objecto é-lhe então insuportável, porque ainda não
conseguiu construi-lo dentro do seu mundo interior. Quando o perde é o desespero, o
desamparo, o sentimento de abandono.
Frequentemente, o borderline projecta no objecto externo atributos do objecto
interno arcaico ou do objecto da relação privilegiada. É uma projecção identificativa, ou
seja, identificação do outro por projecção de uma imago familiar. O recurso a esta
defesa pressupõe a existência de uma certa constância do objecto introjectado e alguma
internalização da relação. Os frequentes movimentos de projecção e introjecção podem
levar a uma certa confusão entre Self e objecto, mas não há fusão, típica das
personalidades psicóticas.
A angústia de separação, a depressão de abandono, o sentimento de solidão e
desamparo, e de vazio interior traduzem o desconforto e mal-estar, a aflição, a tristeza e
o desespero destes pacientes. Há também uma baixa tolerância à frustração e uma
desorganização fácil perante exigências de adaptação ou stress excessivo. Também a
contrariedade, o aborrecimento e as explosões de irritação são frequentes. O borderline
facilmente responsabiliza os outros pelo seu insucesso e ressente-se se não apoiam os
seus insensatos empreendimentos. Mas fica muito envergonhado quando as coisas lhe
correm mal, agravando a sua inibição e, com ela, a frustração e consequente raiva
acrescida.
A sintomatologia do borderline é polimorfa. Verifica-se uma flutuação dos
estados do Eu e labilidade dos níveis de organização egóica, atraso na maturação do Eu,
dificuldade de separação dos pais, com uma fixação oral-narcísica. A tentativa de escoar
a dor através do agir engana a angústia de separação. Assim se processa o acting-out no
borderline: livrar-se da angústia e da dor de uma perda objectal insuportável, não
vivível. Assim o trabalho de luto não se processa. Em suma, a personalidade borderline
é caracterizada por instabilidade afectiva, impulsividade, labilidade dos estados do eu e
perturbação da identidade.
O tratamento psicológico da perturbação borderline visa, em primeira linha, a
compreensão, análise e resolução transfero-contratransferencial da depressão de
desamparo. A reactivação da angústia de separação abre a possibilidade de regressão ao
serviço do Eu, dando continuação à relação desenvolvimentista interrompida.
A transferência simbiótica que se desenvolve, restaura a falha narcísica,
permitindo uma contínua, consistente e não traumática progressão para a separação,
individualização e autonomia, levando à introjecção do bom objecto. O Self revigora-se
e torna-se mais coeso. O indivíduo diferencia-se, confirma a sua identidade e afirma a
sua intenção e os seus desejos. O sentimento de abandono esbate-se, uma vez que o
sujeito está seguro da sua existência no interior do objecto amado. É recuperada a auto-
confiança e restituída a expectativa confiante ou confiança básica no outro. Assim,
esbate-se a clivagem, e o recurso à identificação projectiva vai diminuindo,
acompanhando-se de uma progressiva introjecção da bondade do objecto.
Pode ser indicada uma psicoterapia de apoio, uma psicoterapia psicanalítica ou
uma terapia familiar.

Patologia Psicótica

A característica fundamental, nuclear da psicose é o desinvestimento do mundo


objectal, ou seja, o paciente desinteressa-se pela relação com os outros, isola-se do
mundo e dos outros. Este desinvestimento da realidade objectal é designado pela
retirada psicótica ou retirada autística, esquizóide ou ainda, retirada narcisíca. Esta
retirada da relação é massiva. Há um desinvestimento massivo do próprio objecto, da
representação do objecto e, no limite, esse desinvestimento enorme pode resultar num
mundo interno vazio de representações objectais, dando-se um despovoamento do
mundo interior do psicótico e um progressivo empobrecimento do próprio pensamento
do sujeito.
O pensamento do psicótico é desorganizado, o que se compreende, já que aquilo
que mantém vivo o pensamento nos indivíduos é o interesse pela relação com os outros.
Se não há motivação ou interesse pela relação objectal os pensamentos começam a ficar
dispersos, confusos, incongruentes. Deste modo, a desorganização do pensamento é
uma consequência do desinvestimento que o psicótico faz no mundo objectal. O
psicótico, uma vez que desinvestiu na relação com os outros, fica sem “coisas” em que
pensar, o que o leva a inventar objectos. Esta “invenção” traduz-se nas alucinações e
delírios que o psicótico desenvolve. Os delírios e alucinações surgem no psicótico como
uma defesa contra o vazio imenso do seu mundo interior, como tentativa de reparação
do mundo interior.
No psicótico, há uma insuficência/inaptidão em distanciar-se no aspecto
imaginário e simbólico, o que deixa espaço para sistemas equivalentes de expressão
directa das pulsões, por reificação e não por mentalização, havendo uma coisificação de
qualquer esboço de mentalização.
A psicose caracteriza-se por uma fixação e uma não superação do registo pré-
objectal. Na fase oral existe a presença da dupla polaridade da introjecção ou projecção,
sem haver diferenciação entre a realidade interior e o meio circundante. Segundo
Lebovici (1956), é a existência de um ego separado do objecto que resolve a situação
pré-objectal, diferente da relação objectal em que há uma separação do sujeito e do
objecto. Como no psicótico não há a organização de um ego separado do não ego, não
há a diferenciação entre e realidade exterior e interior/ fantasmática.
A mãe do psicótico pode manter o bebé numa situação imprópria ao
desenvolvimento das manifestações pessoantes: caso das mães hiperprotectoras, das
mães ausentes e das mães narcísicas. Encontra-se frequentemente no psicótico uma
perturbação na função do desejo, sendo ele incapaz de significar o movimento
pulsional. O psicótico tem deficiências na sua função estruturante em relação ao
continente, e também ao nível do conteúdo, ao ter uma necessidade patológica de
exclusividade, o que impede a criança de sair para o exterior, nomeadamente para o pai.
A omnipotência materna impede a relação da criança com o pai, e também a introdução
da criança numa relação triangular, no plano imaginário, daí a insuficiente edificação
egóica do psicótico.
A criança fica constrangida da sua conquista do objecto e da instauração da sua
autonomia, acabando por constituir dois pólos de funcionamento que se ignoram: um
pólo interno de crescente pressão pulsional, que visa a descarga espontânea das pulsões
e que se realiza nas passagens ao acto; e um pólo externo de representação, que não
expressa o seu desejo e que é o eco alienado de um exterior estranho que não é
mediatizado pelo desejo. As imagens e as percepções são organizadas numa sintaxe que
não expressam um desejo ou uma escolha pessoal, aparecendo como o reflexo da
organização exterior trazida de fora.
Pode-se encontrar mecanismos de defesa neuróticos ou mais regressivos nos
psicóticos, o que representa uma tentativa de solução para o paciente, para que a
angústia de castração permita escapar temporariamente à angústia de fragmentação, que
o poderia oprimir. Na negação, há uma perturbação do juízo da realidade, uma vez que
o sujeito, apesar de se aperceber que a mãe o rejeita, ele nega essa realidade, uma vez
que não pode passar sem o amor dela. Esta negação da realidade é mobilizada pelo
carácter insuportável que ela tem. Na identificação projectiva, o indivíduo tem
sentimentos que nega serem seus, atribuindo-os ao objecto, projectando os seus
sentimentos no outro. Na projecção, o sujeito vai deslocar as partes suas partes más para
o objecto. O movimento de projecção para o exterior sob forma alucinatória ou delirante
do objecto mau é um mecanismo típico do movimento oral. A vantagem desta projecção
psicótica reside na possibilidade do afastamento para o extremo distal da parte má, é a
projecção no meio exterior.
Assim, as principais características são a retirada psicótica (retracção do mundo
objectal, tendo como consequência a progressiva confusão entre fantasia e realidade,
que culmina na perda completa da realidade); a identidade desintegrada – self em
arquipélago (grande difusão da identidade); auto-estima muito baixa (ruína da auto-
estima com fragmentação do self); predomínio da desconfiança sobre a confiança;
predomínio da agressividade sobre o afecto positivo; predomínio da posição narcísica;
fixação na desvinculação; e sensação de vazio.
O tratamento psicanalítico da psicose é acompanhado frequentemente com
recurso à medicação e à intervenção socioterapêutica, não só para evitar ou retardar a
progressão do defeito psicótico, como para restaurar capacidades atingidas. Na psicose
o acontecimento ou relação patogénicos não foram simbolizados, são elementos brutos
senso-emocionais, dos quais o indivíduo se defende pela clivagem, o que leva ao
empobrecimento da vida mental e a um inquietante desconhecimento da realidade
interna e externa, donde um sentimento de impotência do eu e a ameaça de
despersonalização e desrealização.
A retoma do desenvolvimento suspenso começa ao nível da aquisição de uma
relação de confiança básica sustentável e sustentada. Só após o sujeito sentir que vive
no interior do objecto está disponível para a introjecção do objecto, estruturando-se
agora a constância do bom objecto interno, permissiva ela mesma de uma verdadeira
autonomia do eu/self. A nova relação possibilita todo um novo crescimento – o analista
é um novo objecto desenvolvimental.

Patologia Psicossomática

O bebé, assim como a criança, o adolescente e até o adulto, precisam do olhar do


outro, que ateste o seu valor e competências, para criar, manter e regular a auto-estima,
olhar esse que revele a sua capacidade para ser amado e desejado. É esta relação interior
que preside ao nascimento e desenvolvimento da vida mental, que gera e gere o
narcisismo essencial, constituinte da coesão e coerência do Self e do vigor e harmonia
funcional do aparelho psíquico.
Segundo Coimbra de Matos, a pessoa predisposta à patologia psicossomática
não foi, ou foi insuficientemente, investida como indivíduo único e especial, pelos seus
pais. Esta vivência organiza-se antes do estabelecimento da memória de
reconhecimento, isto é, antes da representação mental do objecto. Assim, não havendo
lugar para o sentimento de perda do objecto, ou do amor do objecto, é apenas
vivenciada a perda/ausência da resposta empática necessária e desejada.
A desarmonia afectiva na díade, isto é, a falta da adequada e oportuna resposta
objectal de contacto e conforto, desencadeia e organiza a depressão falhada, que é uma
depressão não organizada mentalmente, porque não tem objecto; uma depressão que se
deve a uma falta de compreensão empática e resposta adequada do objecto de
vinculação. A depressão não vivida, em que o indivíduo não sente a dor, a mágoa, o
abatimento e a tristeza, a culpa e a desvalorização, é também uma depressão não
elaborada, que falhou como sinal e sintoma de alerta para uma situação relacional
externa e interna de uma vivência insustentável; depressão, também, que falhou no seu
propósito intrínseco de provocar mudança.
Não tendo recebido amor, o indivíduo não vive a experiência fundamental e
fundadora de ser amado, sem a qual não há o movimento da expansão a que chamamos
mente, a criação contínua; não há espaço para o desejo próprio, assim como para a
fantasia e a lógica dos afectos – é o sonho falhado.
A carência de afecto, não elaborada psiquicamente, tem repercussões no
organismo biológico, uma vez que o não funcionamento da «almofada psicoafectiva»
sujeita o organismo à acção de acontecimentos relacionais traumáticos que, juntamente
com a frustração, produzem uma instabilidade no funcionamento orgânico, por
acumulação de tensões sem descarga – é a raiva amordaçada. Há uma diminuição da
reactividade dos sistemas biológicos de adaptação e um abatimento da auto-regulação
homeostática, bem como da capacidade auto-reparadora do organismo.
Na etiopatogenia da patologia psicossomática encontram-se duas ordens de
factores psíquicos: por um lado, a falha na estrutura do Self por falta da resposta
adequada necessária e suficiente do objecto (patologia da falha narcísica, que origina
depressividade), e por outro, a expectativa amorosa frustrada e a experiência traumática
primariamente recalcada. A depressividade é a causa frequente da maior parte das
doenças psicossomáticas. A perda afectiva ignorada ou vivida como luto e não
elaborada na dimensão mental depressiva, ou seja, com tristeza, infelicidade e
desinteresse, culpa e/ou inferioridade, raiva, humilhação e ressentimento, leva ao
adoecer psicossomático. A origem da depressividade relaciona-se com perdas afectivas
cumulativas na primeira infância e limitação/proibição excessiva do comportamento
espontâneo e criativo, portanto, carência afectiva e repressão precoces. O recalcamento
primário é um mecanismo primitivo de defesa psíquica do eu, isto é, de exclusão da
consciência, pela não representação e não integração mental do acontecimento
traumático, do qual ficou apenas a emoção desencadeada e os impulsos activados.
Forma-se, então, um inconsciente não reprimido, porque não contém conteúdos
representativos, reprimidos ou recalcados. O afecto, desligado da representação da
experiência vivida, difunde-se pelo psíquico e pelo somático, causando a disfunção do
organismo.
O lugar do acontecimento não vivido ficou vazio – é, segundo Coimbra de
Matos, o vazio traumático. Esta ausência da experiência necessária, por falta, carência
do meio, deixou uma falha ou lacuna no aparelho psíquico e no Self. O trauma aqui foi
a ausência da experiência. Aquilo que não foi compreendido e portanto não pôde ser
significado, não é pensável, não é utilizável como objecto de pensamento. Povoam o
espaço psíquico como conteúdos estranhos, mas não servem para elaborar a realidade
interna e externa, para dar sentido ao mundo subjectivo e ao mundo objectivo.
A resposta patogénica à carência/insuficiência do investimento primário no
sujeito, à falha narcísica básica, é feita por um duplo comportamento: verifica-se, por
um lado, submissão e conformismo e, por outro lado, adaptação ao real, servida por
uma lógica da razão, conveniência e utilidade, não havendo espaço para o desejo
próprio, para a fantasia e lógica dos afectos, donde o pensamento neutro e literal.
Na patologia psicossomática assistimos ao não investimento da realidade
objectal, porque o sujeito também não foi investido diacriticamente, como ser específico
e diferente de todos os outros. Como tal, não tem existência nem sente ter existência
própria e constante no interior do objecto. Não sendo reconhecido não se reconhece, é
alexitímico, ou seja, é incapaz de sentir os sentimentos, que são pouco diferenciados,
protopáticos. A relação com o outro é uma relação branca, sem espessura afectiva nem
dimensão imaginária, uma relação neutra, funcional, hiperadaptada à realidade.
O sujeito cresce por identificação maciça ao objecto ideal pré-concebido, ou
seja, a construção da identidade dá-se por identificação ao modelo (alotriomórfica), o
que leva a que, por um lado, o sujeito não tenha uma identidade própria e exclusiva, e
por outro, não conheça o objecto real, já que o psicossomático vê o outro por
identificação projectiva benigna ou positiva, que não é mais do que a incapacidade
primária destes indivíduos para reconhecer as poções malignas e estranhas do outro, por
uma incapacidade própria de reconhecer os seus estados afectivos.
O tratamento da doença psicossomática desenvolve-se em duas dimensões: faz-
se uma reparação da falha narcísica na relação transferencial, retomando a relação
suspensa e fazendo uma introjecção construtiva; faz-se também uma reactivação
transferencial da experiência traumática, levando à rememoração do passado vivencial
traumático. Ou seja, predomina a construção e a repetição transferencial. Segundo
Coimbra de Matos não há melhoria na cura sem desimpedimento das funções
competitivas do Eu, pelo que a nova relação animadora deve estimular não só a
potencialidade evolutiva do paciente, como também a sua capacidade agressiva e
competitiva para se libertar da submissão patológica aos objectos externos e
interiorizados.
Estes indivíduos não se lembram do sonho, ou seja, não há um investimento na
sua subjectividade e, quando se lembram, este é factual e continuidade do seu registo
diurno. Há um défice simbólico, ou seja, uma incapacidade de fantasiar.

Patologia Neurótica

A neurose trata-se de uma afecção psicogénica em que os sintomas são a


expressão simbólica de um conflito psíquico que tem as suas raízes na história infantil
do sujeito, e constitui compromissos entre o desejo e a defesa. A neurose tem origem,
principalmente, nos momentos do desenvolvimento psicossexual da criança, e são
perturbações que incidem sobre a relação da triangulação neurótica (genital).
A principal característica das neuroses é a ansiedade circunscrita ou delimitada,
que não invade todo o funcionamento mental do sujeito (ao contrário da angústia
psicótica que é muito mais invasiva). Tal como funciona a angústia, também a
depressão, a raiva, a fúria, a irritabilidade, o humor, e todos os afectos, são
perfeitamente controláveis (enquanto que na psicose os afectos são invasivos de todo o
funcionamento mental e não são controláveis; são, portanto, afectos difusos). A
ansiedade circunscrita é também o que se chama angústia de castração, que se traduz no
medo de perder atributos psicológicos e/ou físicos da sua sexualidade (no psicótico
predomina a angústia de morte).
Na neurose a auto-estima está ligeiramente diminuída e passa-se ao nível da
imagem sexuada, que se deve à insuficiência narcísica. Fazem uma perfeita distinção
entre fantasia e realidade, ao contrário dos psicóticos que não têm um bom juízo da
realidade em que se encontram. Predomina nas neuroses o ciúme patológico, vivido na
relação triangular, que é sexualizada.
O funcionamento neurótico pode ser de três tipos: obsessivo, histérico e fóbico
(ainda que haja o histerofóbico).
A neurose obsessiva é o tipo de neurose mais grave e mais estruturada, marcada
pela presença das obsessões, compulsões, ritos e por uma personalidade especial. O
obsessivo ficou parado no Complexo de Édipo, não tendo feito a triangulação,
expressando assim um conflito edipiano em linguagem pré-genital. Um dos efeitos do
trauma infantil foi o ferimento narcísico que, prejudicando a auto-valorização, vai
diminuir a confiança na capacidade de ser amado. Há uma regressão do ego, sendo o
interesse genital deslocado sobre o interesse anal.
Na neurose obsessiva há uma regressão «do acto ao pensamento» (Freud), ou
seja, há um hiperinvestimento do pensar (pela ruminação ideativa, omnipotência das
ideias, transferência dos afectos para objectos simbólicos). Há ainda um isolamento do
afecto na relação com os objectos reais, uma vez que o sujeito se coloca numa posição
narcísica e controla as relações, pois tem dificuldade em se relacionar (mantêm uma
distância relacional). O hiperinvestimento do pensamento, com bloqueio do impulso a
agir, evidencia-se na riqueza das formações reactivas e é bem legível nos tiques, na
gaguez, na obstipação e na ejaculação retardada. É, portanto, o excesso de controlo, que
é uma das características fundamentais da estrutura anal.
Os rituais são tentativas exteriores que surgem como forma de organizar um
conflito interno. Descreve-se habitualmente o obsessivo com um Eu dividido: uma parte
racional lógica, em que as relações de objecto são principalmente defensivas, e uma
parte mágico-animista, regressiva, presidindo à formação de sintomas. Vive-se a
«ameaça» da cisão, pelo que a atenuação, pulverização e transferência contínua dos
afectos que lhe dá uma aparente rigidez, uma complexidade dos sintomas e um
comportamento obsessivo. O obsessivo é extremamente controlador e o seu principal
objectivo é ter poder para controlar os outros.
A neurose histérica pode assumir duas formas: de conversão ou de angústia. Na
histeria de conversão é utilizado o corpo como defesa, característica de um falso Self,
que está completamente desestruturado. Na histeria de angústia, esta angústia é fixada
num objecto exterior, já que não houve a separação com a mãe e o indivíduo ficou preso
no objecto. Há portanto uma angústia de dependência/não-dependência, e o seu conflito
é entre a rejeição e a aceitação do objecto. A histeria organiza-se na infância, através da
falta de amor dos pais. Assim, fazem uma vicariância erótica, em que tentam conquistar
o objecto de amor por um canal erótico, ou seja, o histérico erotiza toda a relação
objectal, o que corresponde a uma regressão oral precoce (na hierarquia das zonas
erógenas e da estrutura da pulsão libidinal) e a uma regressão da estrutura do Eu aos
primeiros estádios evolutivos (objecto funcional, parcial, ocasional, transitório e
substituível). O Eu é então não estruturado, difuso, predominantemente corporal,
construído em torno do narcisismo primário, da experiência sensível e do alívio das
tensões originadas no desconforto corporal.
Esta regressão é parcial, circunscrevendo-se à dinâmica do prazer, condicionada
pela fixação prévia e pela dificuldade de obter um compromisso satisfatório ao nível do
conflito edipiano. Assim, a regressão aparece como defesa contra a relação de objecto
genital, oro-edipiana (fuga perante o Édipo, teatralidade, representação e jogo).
Predomina o projecto e tentativa de passagem ao acto que é sistematicamente ineficiente
e insatisfatório pela intervenção da culpabilidade e do recalcamento. As condutas de
precipitação na histeria que se exprimem na transferência de afectos e emoções são
tanto mais evidentes quanto menos for utilizado o recalcamento do impulso, gerador de
angústia e culpa.
Relativamente à neurose fóbica encontra-se uma intensa ligação aos objectos
primários, infantis, à imago materna, e tudo o que ela condensa e representa. Esta
dificuldade de separação do objecto anaclítico resulta de uma relação com a figura
materna demasiadamente fechada, com uma sobrecarga de perigos atribuídos ao mundo
exterior, organizada em torno da ansiedade da mãe e da necessidade desta reter a
atenção e o interesse da criança, o que está na base do seu medo de abandono,
desamparo e solidão. Agarrando-se muito ao filho faz dele o seu «seguro de amparo
afectivo».
A fobia trata-se de uma sistematização da angústia, desencadeada pela presença
de um objecto ou situação que não são, em si mesmo, objectivamente perigosos. A
neurose fóbica apela para mecanismos de defesa como a exteriorização e o
deslocamento, substituindo a angústia ligada a um perigo interno pelo medo de um
perigo externo. As condutas fóbicas são, geralmente, de evitamento, quer da
aproximação do objecto quer da competição, e de procura de segurança. Os traços de
carácter deste tipo de neurose organizam-se geralmente em torno da ansiedade, da
inibição (sexual) e da imaturidade. Utilizam a formação reactiva e a fuga para a frente
para enfrentar o presumível perigo.
Border
Etiogenia: Típico:
- falha narcísica dos pais – filho - relação anaclitica ou suporte
- idealização do objeto - Outro como meio para um fim –
- sente perda do amor do objet clivagem (aspetos positivos e negativos
- falha na representação interna separados do objeto e nele)
- idealização projetiva
-estabilidade da instabilidade
- comportamentos manipulativos
- falta de tolerância à frustração
- desvio para o processo de pensamento
primário
- teste de realidade intacto
- dissociação
- identificação projetiva
Etiopatogenicos:
Mahler:
a) Autismo normal: vivência
sensorial – indiferenciação eu-
outro
b) Simbiose: diferenciação
progressiva – relação fusional
mãe-bebé
c) Separação individuação
i. Diferenciação
ii. Exploração
iii. Reaproximação
iv. Constância de objeto – bem
sozinha
Qualquer fase pode correr mal, sendo que
na border a fase iv. não acontece. Pq a
mae não o deixa explorar, ou não recebe
bem porque o bebe se foi embora …
depende como as mães vivem estas fases

Kernerg:
- sublinha a fase de reaproximação – pode
haver uma crise nesta fase porque o bebe
acha que o facto de se tentar separar da
mãe pode culminar no desaparecimento da
mãe ou que esta o abandone
- não consegue consolidar a representação
interna do outro e não se consegue
diferenciar

Bergeret:
- (self em mosaico) não há estrutura, mas
vai fazendo arranjos – instabilidade. Pode
se desorganizar e passar a psicose ou pode
organizar-se numa estrutura neurótica.
Adler:
- maternage – não há função continente –
procura o conteúdo no externo-
- sentimento de indisponibilidade da mãe
- sentimentos de vazio, depressão e
dependência

Psicose
- não há função alfa – não há contenção - Angústia de aniquilação/fragmentação
- mãe não tem capacidade rêverie - interno contagia o externo – projeções
- não tolera a ausência (pq o sujeito é que são vistas como reais – certeza
fragmentos) e para não perceber esta delirante
ausência do objeto com que esta - não há simbolização/fantasia
simbioticamente ligado não representa – - identificação projetiva (+ utilizado) e
não tem capacidade simbólica – pode clivagem
funcionar como defesa - dois polos: pulsões extremas e realizados
- mae não permite desenvolvimento de – passagem ao ato; não exprime nem
processos pessoantes penda as pulsões

Bion
- Não há aparelho mental para pensar
estas angustias
Winnicott
- Experiencias negativas na fase
simbiótica - visão abandónica do outro
Freud
- Predominância do ID e afastado da
realidade
- Ego longe da realidade
- Realidade repudiada e substituída
Mahler
- Procuram reestabelecer a alegria
primária
-Fusão também leva à angustia
Balanço entre o desejo de fusão e medo de
desintegração
Ogden
- “Modelo do conflito”
- Desejo de estado com significado
- Desejo de destruir um significado
- Porque o significado é ameaçador e
causa dor superior a um possível
manejamento
Klein
- Posições esquizo-paranoide
-relação com o objecto: bom seio, mau
seio
Mau seio introjectado leva o mundo
externo a ser vivido como ameaçador e
persecutório.

Luto/ depressão/ melancolia


Luto

- Perda do objecto;
- Transitório;
- Readaptação do investimento a novos
objectos;
- Não há sentimento de inferioridade.

Depressão Etiologia da Depressão

Klein - Perda da esperança de recuperar o afecto


perdido;
- Posição depressiva, a mãe é vista como - Relação de amor não correspondido;
objecto total; - Relação severa e exigente com a mãe
- Medo de destruir a mãe; leva a criança a ter uma sensação de
- Pessoas depressivas reactivam a posição insucesso real e inconstante;
depressiva devido à perda do amor do - Dificuldade em construir um self-objecto
objecto. transitório, o que leva a estar dependente
de outros self objectos.

Melancolia Etiologia da Melancolia

- Eu-outro pouco diferenciados, abandono - Lentificação motora extrema;


no luto, impossibilidade de investir no - Pouca expressão mimica;
objecto; - Incapacidade de reagir sem ser com
- Agressividade para o outro é revertida tristeza;
para o próprio; - Falta de esperança;
- Super acusação por culpa; - Auto-acusação (delírios de culpa);
- Luta antidepressiva pela negação; - Sentir de abandono;
- Não desvaloriza o objecto mas - Pouca diferenciação entre eu e o outro;
desvaloriza a dependência face ao outro; Perseguição do mau objecto e desejo dos
- Objecto perdido a nível emocional mais bons objectos;
do que real. - Defesas maníacas;
- Façhas no envelope psíquico.
Autismo
- Fechado ao contacto e à relação com o
outro;
- Foi vivida uma situação extrema vivida
como muito angustiante que leva ao
fechamento do autista;
- Fortaleza à volta do próprio;
- O mal não entra e o bom também não
(Involucro Autista);
- Sem representações mentais, sem
simbolização, tudo o que é mau não tem
significado o que impede arranjar outras
estratégias defensivas;
- Sem vida mental, exacerbar a
sensioralidade para fugir à desorganização
(“Identificação Adesiva”)
- Desmantelar, pedaços sem sentido para
não desorganizar;
- Segurança e contenção através da
fortaleza e sensorialidade.

Fóbicos
- Sistematização da angustia; Etiologia de Fóbicos
- Situações e objectos vistos como
perigosos; -Relação com a mãe muito fechada;
- Deslocamento da angustia interior para - Dificuldade de separação do objecto
um perigo externo que é inofensivo e raro; anaclitico;
- Sobrecarga de perigos que são atribuídos
Defesas: ao mundo exterior, organizados em torno
- Evitamento; da ansiedade materna.
- Procura de Segurança;
- Formação reactiva.

- Deslocamento, projecção e evitamento;


- Dificuldade na gestão da agressividade;
- Dificuldade de mentalização, ou alguém
seguriza ou fuga.

Freud

- Impulsos que procuram manifestar-se


mas são inaceitáveis, superego muito
forte;
- Representação recolocada e afecto
deslocado para outro objecto.
Obsessão-compulsão
Personalidade:
- Comportamentos são ego-sintonicos e
não provocamento de stress.

Neurose:
- Função primária da obsessão: regulação
da ansiedade, pensamentos ego-distónicos
recorrente (obsessões), para aliviar esta
ansiedade recorrem a compulsões
(comportamentos ritualizados);
- Regressão à fase anal (controlo);
- Agressividade e erotização fortes,
desorganizante;
Dependencia = Perigo.

Compreensão Psicodinamica

- Pais pouco disponíveis ou efectuosos,


leva a zanga, sem poder, entra em
contacto com esta, por medo da perda do
amor do objecto; formação reactiva;
- Pais não os valorizam, insegurança que é
compensada com padrões de pensamento
rígido;
- Parado no complexo de Edipo;
- Hiperinvestimento no pensar;
- Isolamento do afecto;
- Sujeito numa posição narcísica e de
controlo nas relações;
- Rituais externos para tentar organizar
conflito interno;
- Angustia da perfeição, superego
incansável e punitivo.

Histeria
Psicodinamica

- Dificuldades com aspectos fálico-


edipicos;
- Ferida Narcisica por não poder ter a mãe
como o pai a tem;
- Mantém um vinculo inconsciente com a
mãe, evita a ferida narcísica;
- Sindrome de conversão;
- Histeria de conversão, mal psíquico não
é vivido conscientemente e é deslocado
para o corpo, que tem por base um falso
self destruturado;
- Histeria de Angustia, não separação da
mãe, preso no objecto; conflito de
rejeição/aceitação;
Falta de amor dos pais, vicariencia erótica,
erotização das relações;
- Regressão oral precoce, parcial;
- Tentativas de passagem ao acto,
insatisfatórias e ineficientes pela culpa e
recalcamento;
- Transparência de afectos e emoções mais
evidentes se menos for recalcado o
impulso, gerador de angustia e culpa.

Personalidade psicossomática
- Aspectos e emoções retidos por falta de Etiologia da Personalidade
capacidade de os aceder e comunicar Psicossomatica
(alexitimia), não elaboração dos aspectos;
- Agressividade contida, bloqueada e não - Escassa fantasia;
dirigida. - Recalcamento da função imaginária;
- Pobre vida emocional;
- Aparentemente desprovido de desejo;
- Muito bem adaptados socialmente
(hiperconformistas, desenvolve-se por
identificação maciça ao objecto ideal pre-
concebido – não tem identidade própria,
não conhece o objecto real);
- Não há elaboração e integração mental, o
corpo é atingido;
- Narcisismo frágil que não suporta
choques, desorganizações;
- Pensamento operatório;
- Depressão falhada – funcionamento
depressivo que o individuo não tem
consciência, fica retido no psiquismo do
sujeito e reflecte-se no funcionamento
somático;
- Problema de separação e individuação –
a separação é negada;
- Familia muito fechada nela própria,
empobrecimento do mundo mental dos
pais reflecte-se na criança;
- Mães possivelmente deprimidas,
frustradas, ausentes – funciona apenas
como mães funcionais e a criança
apercebe-se que se adoecer recebe
atenção.
- Não há lugar para elaborar sentimentos –
quando se sentem aflitos têm sintomas
corporais;
- Usa o aspecto narsicico para se defender
da depressão, do vazio relacional, daí a
valorização e perfeccionismo do exterior.
- Libido voltada para o próprio, o que
produz passividade e falta de força.

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