Você está na página 1de 19

Abdalah Kassim Hemed Abdalah

Distúrbios da Personalidade

Universidade Rovuma
Nampula
2020
1

Abdalah Kassim Hemed Abdalah

Distúrbios da Personalidade

Trabalho de pesquisa de caracter


avaliativo, realizado no âmbito da cadeira
de Psicologia da personalidade II,
leccionado pelo MA. Gil Pedro
Licaneque.

Universidade Rovuma

Nampula

2020
2

Índice

Introdução ........................................................................................................................................3

2. Conceito da personalidade ...........................................................................................................4

3. Disturbios da personalidade ........................................................................................................5

3.1. Tipos de transtornos de personalidade .....................................................................................6

3.2. Causas dos transtornos de personalidade .................................................................................7

3.3. Caracteristicas e formas de manifestação de cada tipo/grupo de distúrbios da


personalidade ...................................................................................................................................8

3.4. Diagnóstico ............................................................................................................................14

3.4.1. Critérios gerais de diagnóstico (DSM-5, 2013) ..................................................................14

3.4.2. Diferença entre transtorno da personalidade e transtorno do comportamento ....................15

Conclusão ......................................................................................................................................17

Referências bibliográficas .............................................................................................................18


3

Introdução

Os Distúrbios de personalidade constituem uma das áreas mais controversas da


psicopatologia, sendo a melhor forma de as conceptualizar e classificar uma questão sujeita a
intenso debate há décadas. O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM)
classificou-as segundo um modelo categorial, havendo extenso suporte empírico a defender
uma transição para um modelo dimensional. Historicamente, a patologia da personalidade tem
sido fonte de intenso debate em Psiquiatria, havendo pouco consenso relativamente à melhor
forma de a conceber e classificar. Tal como tem sido concebida nas várias edições do DSM,
trata-se de uma área marcada por baixa fiabilidade diagnóstica e sobreposição entre as
diversas perturbações de personalidade.

Dividido em três (3) partes que correspondem, respectivamente, à introdução, ao


desenvolvimento e às conclusões, o trabalho busca fundamentalmente elucidar a definição de
distúrbios ou transtornos da personalidade, descrevendo os tipos e causas de distúrbios da
personalidade, diagnostico, suas ccaracterísticas e formas de manifestação de cada tipo/grupo
de distúrbios de personalidade. Para tal, compreenderam-se pesquisas bibliográficas de cunho
qualitativas, as quais se exploraram por meio das escritas em bancos de dados eletrônicos e
livros.
4

2. Conceito da personalidade

A palavra personalidade vem do latim persona, significando as máscaras usadas para definir
os personagens no teatro grego.

A Personalidade pode ser definida de modo sucinto como as características individuais que
correspondem a um padrão persistente de emoções, pensamentos e comportamentos (Pervin,
et.al, 2005).

Portanto, a definição da personalidade tende a ser ampla e acaba por incluir habilidades,
atitudes, crenças, emoções, desejos, o modo de comportar-se e, inclusive, os aspectos físicos
do indivíduo. A mesma, engloba também o modo como todos esses aspectos se integram, se
organizam, conferindo peculiar dade e singularidade ao indivíduo.

Na abordagem da personalidade, alguns termos são em pregados frequentemente com vários


significados, inclusive no senso comum. Alguns destes termos são: caráter, temperamento e
traço de personalidade.

 Carácter - é um termo que os teóricos preferem não usar, devido à diversidade de usos
existentes, inclusive no senso comum, para designar os aspectos morais dos indivíduos.
Eventualmente, podemos encontrá-lo na referência a reacções afectivas, ou, mais
comumente, para designar aquilo que diferencia um individuo do outro.

 Temperamento - é outro desses termos usados em vários sentidos. Ele deve ser entendido
como uma alusão aos aspectos da hereditariedade e da constituição fisiológica que
interferem no ritmo individual, no grau de vitalidade ou emotividade os indivíduos. Neste
sentido, afirma-se que os indivíduos têm uma quantidade de energia vital, maior ou
menor, que dará a tonalidade de seus comportamentos. Por exemplo, há o indivíduo “mais
calmo” e aquele “mais agitado”.

 Os traços de personalidade - representam padrões de pensamento, percepção, reação e


relacionamento que permanecem relativamente estáveis ao longo do tempo.
5

Os traços podem ser comuns a um grupo social (por exemplo, a persistência), ou podem variar
neste mesmo grupo social (por exemplo, a expressão da agressividade). As teorias que de
senvolvem essa “tipologia” de personalidade sofrem algumas críticas no sentido de que são
“artificiais”, porque é impossível encontrar-se um tipo puro, isto é, os indivíduos
normalmente localizam-se em algum ponto desta escala de opostos, por exemplo, quanto a ser
passivo ou ativo.

3. Disturbios da personalidade

Os traços da personalidade têm consequências, no sentindo de que suas características estão


associadas a uma variedade importante de indicadores nos níveis individual, interpessoal e
social, tais como: felicidade, saúde física e psicológica, espiritualidade e identidade; qualidade
das relações familiares, amorosas e com colegas; escolha, satisfação e desempenho
profissionais; envolvimento na comunidade, atividade criminosa, e ideologia política. (Ozer,
Benet e Martinez, 2006).

Portanto, os transtornos ou distúrbios de personalidade existem quando esses traços se


tornam tão pronunciados, rígidos e mal adaptativos (desacertados) que prejudicam o trabalho
e/ou funcionamento interpessoal.

Nesse sentido, diz-se que uma pessoa tem distúrbios da personalidade quando os tracos da
personalidade se acentuam demasiadamente no individuo (desiquilibrados), tornando-se
incoerentes, inflexíveis e desadaptados a realidade. Essas mal adaptações sociais podem
causar sofrimento significativo em pessoas com transtornos de personalidade e naqueles em
volta delas.

Um distúrbio da personalidade, pode ser caracterizado como um padrão persistente de


experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura
do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou início da fase adulta, é estável
ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo (Associação Americana de Psiquiatria,
2014).

A partir disso, pode se dizer que, o desturbio de personalidade é um tipo de doença


psiquiátrica pertencente a um grupo em que os traços emocionais e comportamentais de um
indivíduo são muito inflexíveis e mal-ajustados, de forma patológica e persistente. Esses
distúrbios comprometem seriamente a qualidade de vida dos pacientes, que sentem enorme
6

dificuldade em adaptar-se a determinadas situações e que, por isso, causam sofrimento e


incômodo a eles próprios e aos que estão por perto.

Geralmente , os desturbios da personalidade começam a tornar-se evidentes durante o final da


adolescência ou início da idade adulta; embora às vezes os sinais sejam aparentes mais cedo
(durante a infância). Traços e sintomas variam consideravelmente em termos de quanto tempo
eles persistem; muitos desaparecem com o tempo.

É comum que pessoas com distúrbios na personalidade tenham um repertório limitado de


emoções, atitudes e comportamentos para lidar com os problemas e estresse da vida cotidiana,
apresentando respostas desadaptativas que levam ao sofrimento e/ou prejuízos a si ou aos
outros. Para pessoas com transtornos de personalidade (ao contrário de muitos outros que
procuram aconselhamento), o sofrimento causado pelas consequências dos seus
comportamentos socialmente mal-adaptativos geralmente é a razão pela qual eles buscam
tratamento, em vez de qualquer desconforto com seus próprios pensamentos e sentimentos.
Assim, os médicos devem inicialmente ajudar os pacientes a ver que seus traços de
personalidade são a raiz do problema.

3.1. Tipos de transtornos de personalidade

De acordo com a , o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5, 2013)
divide os 10 tipos de transtornos de personalidade em 3 grupos (A, B, e C), com base em
características semelhantes. os transtornos de personalidade são, por imediata, subdivididos de
acordo com conjunção de traços que correspondem às manifestações comportamentais mais
assíduas. Os subtipos assim descritos são amplamente reconhecidos como formas maiores de
desvio de personalidade.

a) Grupo A

Este grupo esta relacionado a grandes psicoses. Estão neste conjunto:

 Transtorno de personalidade esquizóide


 Transtorno de personalidade esquizotípica
 Transtorno de personalidade paranoide.
7

b) Grupo B

Encontram-se neste grupo:

 Transtorno de personalidade antissocial


 Transtorno de personalidade borderline (ou transtorno de personalidade limítrofe)
 Transtorno de personalidade histriónica
 Transtorno de personalidade narcisista.

c) Grupo C

Neste grupo encontramos os seguintes transornos:

 Transtorno de personalidade esquiva


 Transtorno de personalidade dependente
 Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva .

3.2. Causas dos transtornos de personalidade

A causa exata dos transtornos de personalidade ainda é desconhecida. Entretanto, acredita-se


que muitos fatores genéticos e ambientais estejam envolvidos. Além disso, para cada tipo de
transtorno de personalidade, pode haver uma causa diferente. Algumas das causas possíveis
dos transtornos de personalidade incluem:

 Experiência desagradável da infância - pode haver uma história do exame ou o abuso


sexual ou a negligência nos primeiros anos. Sendo abusado como uma criança ou uma
vida em um ambiente que não promova o crescimento de habilidades sociais pode ser
prejudicial à personalidade de uma criança e pode causar os traços de carácter que
causam transtornos de personalidade.

 As drogas ou o abuso de álcool - podem ser encontrados entre indivíduos com


transtornos de personalidade, que podem tentar usar os vícios como meio dos ajudar
lidam com suas insuficiências ou diferenças percebidas. Isto pode criar um ciclo vicioso,
enquanto o uso da droga ou do álcool em si mesmo pode causar os problemas que seja
difícil de lidar.
8

3.3. Caracteristicas e formas de manifestação de cada tipo/grupo de distúrbios da


personalidade

a) Grupo A

O grupo A Em geral, as características predominantes são desconfiança, isolamento social e


empobrecimento afectivo.. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas
características e manifestações distintivas:

 Transtorno de personalidade esquizóide

O transtorno de personalidade esquizóide é caracterizado, em geral, por retraimento dos


contatos sociais ou afetivos (desinteresse em outras pessoas), preferência por atividades
solitárias e défice de afeto, desconfiança e suspeitas em relação aos outros, de modo que as
intenções são interpretadas como maldosas. Se manifesta no início da idade adulta e está
presente em uma variedade de contextos:

 Suspeita, sem fundamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado


por terceiros.
 Preocupa-se com dúvidas infundadas acerca da lealdade ou confiabilidade de amigos
ou colegas.
 Reluta em confiar nos outros por um medo infundado de que essas informações possam
ser maldosamente usadas contra si.
 Interpreta significados ocultos, de carácter humilhante ou ameaçador em observações
ou acontecimentos benignos.
 Guarda rancores persistentes, ou seja, é implacável com insultos, injúrias ou deslizes.
 Percebe ataques a seu carácter ou reputação que não são visíveis pelos outros e reage
rapidamente com raiva ou contra-ataque.
 Tem suspeitas recorrentes, sem justificativa, quanto à fidelidade do cônjuge ou parceiro
sexual.
9

 Transtorno da Personalidade Esquizóide

Caracteriza-se por distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão
emocional em contextos interpessoais. Manifestam-se no início da idade adulta e está presente
em uma variedade de contexto, nomeadamente:

 Não deseja nem gosta de relacionamentos íntimos, incluindo fazer parte de uma família.
 Quase sempre opta por actividades solitárias.
 Manifesta pouco, se algum, interesse em ter experiências sexuais com um parceiro.
 Tem prazer em poucas atividades, se alguma.
 Não tem amigos íntimos ou confidentes, outros que não parentes em primeiro grau.
 Mostra-se indiferente a elogios ou críticas.
 Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo.

 Transtorno da Personalidade Esquizotípica

O transtorno de personalidade esquizotípica é caracterizado por comportamento excêntrico,


esquisito, com hábitos estranhos, défices sociais e interpessoais, marcado por desconforto
agudo e reduzida capacidade para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou
perceptivas. Individouos com esse tipo de transtorno podem manifestar sinais como:

 Distorção do juízo e percepção do mundo.


 Desconforto nos relacionamentos íntimos.
 Percepções e pensamentos distorcidos.
 Falta de relacionamentos íntimos.
 Podem pensar que tem capacidades especiais (como ler mentes).
 Falha em questões básicas de relacionamentos interpessoais.
 Não entende regras sociais.
 Desconfiança.

 Transtorno de personalidade paranóide


10

O transtorno de personalidade paranóide é caracterizado por sensibilidade excessiva frente às


contrariedades, grande desconfiança em relação às outras pessoas e receio de perseguição. São
algumas manifestações:

 Recusa de perdoar insultos.


 Tendência a distorcer os fatos, interpretando acções imparciais ou amigáveis dos.
 outros como hostis ou de desprezo.
 Suspeitas injustificadas.
 Sentimento combativo a respeito de seus próprios direitos.
 Auto-referência excessive.
 Superestimação de sua importância.

b) Grupo B

Ogrupo B é caracterizado por parecer dramático, emocional ou errático. Contempla os


seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas:

 Transtorno de personalidade anti-social

O transtorno de personalidade anti-social é caracterizado por comportamentos e atitudes


disfuncionais. A pessoa tende a explorar as outras para ter ganho material ou pessoal. Elas não
fazem distinção entre certo ou errado, não consideram os direitos, sentimentos ou vontades
dos outros. As principais manifestações são:

 Desrespeito pelos outros.


 Uso de mentiras e fraudes para explorar os outros.
 Uso de charme ou sagacidade para manipular os outros em prol de si mesmo.
 Egocentrismo, senso de superioridade, vaidade e exibicionismo.
 Dificuldades recorrentes com a lei.
 Abuso ou negligência com crianças Hostilidade, irritabilidade significativa, agitação,
impulsividade, agressão ou violência.
 Ausência de empatia com as outras pessoas e de remorso por prejudicar os outros.
 Comportamentos perigosos e irresponsáveis.
 Relacionamentos pobres ou abusivos.
 Dificuldade em aprender com as consequências negativas de seu comportamento.
11

 Transtorno de personalidade histriônica

O transtorno de personalidade histriônica é semelhante, em alguns aspectos, com o transtorno


Borderline, porém, menos impulsivo. É caracterizado por afetividade superficial, lábia e busca
por atenção. Confira outras manifestações:

 Dramatização
 Teatralidade
 Expressão exagerada das emoções
 Egocentrismo
 Autocomplacência
 Falta de consideração pelo outro
 Desejo permanente de ser apreciado
 Preocupado se os outros gostam dele ou não
 Uso da linguagem corporal e imagem para seduzir, provocar
 Agem de forma submissa.

 Transtorno de personalidade borderline (ou transtorno de personalidade limítrofe)

O transtorno de personalidade borderline é um transtorno de ordem mental, que se caracteriza


por padrões de instabilidade e impulsividade nas relações interpessoais, na auto imagem e
afetos. As principais manifestacoes de borderline são:

 Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginário


 Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela
 alternância entre extremos de idealização e desvalorização
 Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou
 da percepção de si mesmo
 Impulsividade em, pelo menos, duas áreas potencialmente autodestrutivas (gastos,
 sexo, abuso de drogas, direção irresponsável, compulsão alimentar)
 Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento
 automutilante
 Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade do humor (disforia
 episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa, com duração geralmente de poucas
 horas e apenas raramente de mais de alguns dias)
 Sentimentos crônicos de vazio
12

 Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (mostras frequentes de


 irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes)
 Ideação paranóide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos
 intensos.

 Transtorno de personalidade narcisista

O transtorno de personalidade narcisista é caracterizado por um padrão invasivo de


grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia. Os portadores possuem
idealizações irreais de sucesso, senso de serem únicos e de superioridade. Entre as principais
manifestações estão:

 Hipersensibilidade à avaliação de outros


 Sentimentos de autoridade
 Sentimento de superioridade
 Exagero de suas capacidades e talentos
 Necessidade de atenção
 Arrogância
 Comportamentos autorreferentes
 Tirar vantagem de outros para atingir seus próprios objetivos.

c) Grupo C

O grupo C é caracterizado por parecer ansioso ou apreensivo. Contempla os seguintes


transtornos de personalidade e suas características distintivas:

 Transtorno de personalidade dependente

O transtorno de personalidade dependente é caracterizado por uma dependência excessiva em


relação aos outros, comportamento submisso e aderente. Muitos dos sintomas também são
presentes em outros transtornos. Confira outras manifestações do distúrbio:

 Dificuldade em tomar decisões do dia-a-dia sem uma quantidade excessiva de conselhos


e reasseguramento da parte de outras pessoas.
13

 Necessidade de que os outros assumam a responsabilidade pelas principais áreas de sua


vida.
 Dificuldade em expressar discordância de outros, pelo medo de perder apoio ou
aprovação.
 Dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria em vista de uma falta
de autoconfiança em seu julgamento ou capacidades, não por falta de motivação ou
energia).
 Vai a extremos para obter carinho e apoio, a ponto de oferecer-se para fazer coisas
desagradáveis.
 Sente desconforto ou desamparo quando só, em razão de temores exagerados de ser
incapaz de cuidar de si próprio.
 Busca urgentemente um novo relacionamento como fonte de carinho e amparo, quando
um relacionamento íntimo é rompido.
 Preocupação irealista com temores de ser abandonado à própria sorte.

 Transtorno de personalidade esquiva (ou de isolamento)

O transtorno de personalidade esquiva é muito semelhante ao transtorno


fóbicosocial,chamado de timidez patológica. Caracteriza-se pela Inibição social, sentimentos
de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa, que se manifesta no início da idade
adulta e está presente em uma variedade de contextos :

 Medo de ser analisado negativamente pelas outras pessoas


 Isolamento social (evita actividades ocupacionais que envolvam contacto interpessoal
significativo por medo de críticas, desaprovação ou rejeição).
 Reluta a envolver-se, a menos que tenha certeza da estima da pessoa
 Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos, em razão do medo de passar vergonha
ou ser ridicularizado.
 Inibição em novas situações interpessoais, em virtude de sentimentos de inadequação
 Vê a si mesmo como socialmente inepto, sem atractivos pessoais, ou inferior
 Extraordinariamente reticentes em assumir riscos pessoais ou envolver-se em quaisquer
novas actividades, porque estas poderiam provocar vergonho.
14

 Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva

O transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva se caracteriza por um quadro em que a


pessoa é extremamente perfeccionista, tem necessidade de ordem e de controle sob as pessoas
ao seu redor. Entre os principais sintomas estão:

 Frugalidade extrema com o dinheiro.


 Necessidade de ser extremamente pontual.
 Foco acima da média no trabalho ou nos estudos.
 Falta de capacidade de compartilhar ou delegar trabalho às pessoas.
 Dificuldade em deixar objetos de valor sentimental.
 Preocupação com planejamento, regras, listas e organização.
 Cumprimento rígido a códigos morais e éticos (dependente de regras).

3.4. Diagnóstico

Ao fazer um diagnóstico de transtorno de personalidade o clínico deve considerar todos os


aspectos do funcionamento pessoal, embora a formulação diagnóstica, para ser simples e
eficiente se referirá somente àquelas dimensões ou traços para os quais os limites sugeridos
para gravidade são alcançados.

Na maior parte das vezes, os sintomas são vivenciados pelo indivíduo como "normais" (eu-
sintônico), de forma que a diagnose somente pode ser estabelecida a partir de uma perspectiva
exterior (Fiedler, 1998).

As desordens da personalidade podem ser consideradas entre os transtornos mentais mais


complicados de diagnosticar e tratar. O diagnóstico é dificultado em parte pela própria natureza
dos sintomas, pouco diferenciados e com fronteiras menos nítdas com a normalidade, e pela
necessidade de uma avaliação longitudinal e em vários contextos (Bergeret, 2015).

3.4.1. Critérios gerais de diagnóstico (DSM-5, 2013)

Depois que os médicos suspeitam de um transtorno de personalidade, eles avaliam as


tendências cognitivas, afetivas, interpessoais e comportamentais utilizando critérios
diagnósticos específicos. Ferramentas diagnósticas mais sofisticadas e empiricamente
rigorosas estão disponíveis para médicos mais especializados e acadêmicos.
15

O diagnóstico de um transtorno de personalidade deve satisfazer os critérios abaixo,


juntamente com os critérios específicos do transtorno em consideração.

A. Comportamento e experiências que se desviam consideravelmente do que a cultura


vigente espera. Esse padrão é manifestado em duas (ou mais) áreas seguintes: Cognição
(percepção de si mesmo, dos outros ou de eventos); Afecto (o alcance, a intensidade, a
maleabilidade e a conveniência das respostas emocionais); Funcionamento interpessoal e;
Controlo do impulso.

B. O comportamento é inflexível e invasivo, com alcance em ampla gama de situações


pessoais e sociais.
C. O comportamento leva clinicamente a um significante desconforto e prejuízo nas áreas
de funcionamento social e ocupacional, ou outra área importante de funcionamento.
D. O padrão é estável, de longa duração e deve iniciar, pelo menos, na adolescência ou
início da idade adulta.
E. O comportamento não pode ser identificado como uma manifestação ou consequência
de outra doença mental.
F. O comportamento não pode ser identificado como uma manifestação ou consequência de
causas fisiológicas como abuso de substâncias ou uma condição médica geral tal como
dano cerebral.

Enfim, pessoas menores de idade que alcancem o critério de um transtorno de personalidade


não são, usualmente, diagnosticadas como tendo tal transtorno, ainda, elas podem receber um
diagnóstico correlacionado. Para se diagnosticar um indivíduo menor de idade com um
transtorno de personalidade, os sintomas devem estar presentes por, pelo menos, um ano. O
transtorno de personalidade anti-social não pode, por definição, ser diagnosticado em pessoas
menores de 18 anos.

3.4.2. Diferença entre transtorno da personalidade e transtorno do comportamento

Para explicar sobre esse ponto, é necessário nos atentarmos para a variáveis relacionadas à
personalidade e ao comportamento humano, que fazem com que ajamos de determinada
forma em detrimento de outras.
16

Assim, é importante apontar que, a personalidade de uma pessoa é formada, nada mais, nada
menos, por suas características individuais, forma de agir, pensar, sentir, valores morais,
traços emocionais, julgamentos, entre outros aspectos. Esse conjunto de elementos por sua
vez, torna o indivíduo um ser único e complexo perante o contexto em que vive.

Já o comportamento humano, é o resultado da interacção entre a programação genética que


controla a formação e organização do sistema nervoso e as circunstâncias ambientais em que
o individuo se encontra ao longo do seu processo de evolução.

Diz respeito à maneira como a pessoa se comporta e reage perante o meio em que vive, diante
de uma situação e dos estímulos recebidos em diferentes ambientes. E, cada um deles gera um
comportamento (positivo ou negativo) em nós.

Portanto, um transtorno de personalidade existe quando os traços da personalidade (padrões


de pensamento, percepção, reacção e relacionamento que permanecem relativamente estáveis
ao longo do tempo) se tornam tão pronunciados, rígidos e mal adaptativos que prejudicam o
trabalho e/ou funcionamento interpessoal. Essas mal adaptações sociais podem causar
sofrimento significativo em pessoas com transtornos de personalidade e naqueles em volta
delas.

Enquanto, os transtornos de comportamento são padrões de conduta que podem ameaçar as


relações normais entre o individuo e as pessoas que a rodeiam e tendem a piorar no decorrer
do tempo transformando-se num quadro de Transtorno de Conduta futuro (um padrão
repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros
ou normas ou regras sociais” apropriadas à idade). Crianças e adolescentes com transtorno de
comportamentos podem ser muito tímidos e isolados ou barulhentos e agressivos.
17

Conclusão

Os distúrbios de personalidade em geral são padrões generalizados e persistentes de perceber,


reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo ou comprometimento funcional.
Eles variam significativamente em suas manifestações, mas acredita-se que todos sejam
causados por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Muitos tornam-se menos
graves com a idade, mas certos traços podem persistir com alguma intensidade após os
sintomas agudos que levaram ao diagnóstico de um transtorno diminuírem. O diagnóstico é
clínico. O tratamento é feito com terapias psicossociais e, algumas vezes, terapia
medicamentosa.
18

Referências bibliográficas

1. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico dos

transtornos mentais – 5ª ed. (DSM-5):Editora, Artmed; 2014.

2. BERGERET, J. A Personalidade Normal e Patológica-3. Artmed Editora. 2015.

3. PERVIN, L.A, CERVONE, D, JOHN, O.P. Personality: Theory and Research. 9a. ed.:

Editora Wiley; 2005.

4. DÀNDREA, F.F. Desenvolvimento da Personalidade. Rio de Janeiro: Editora Bertrand

Brasil S. A, 8ª edição.

5. FIEDLER, Peter: Persönlichkeitsstörungen. In: Hans Reinecker (Hrsg.) Lehrbuch der

Klinischen Psychologie. Göttingen: Hogrefe, 1998.

6. OZER, D.J, BENET-MARTÍNEZ, V. Personality and the prediction of consequential

outcomes. Ann Rev Psychol. 2006.

7. Www.news-medical.net/health/Personality-Disorder-Causes-(Portuguese).Aspx&hl=pt-

PT.

Você também pode gostar