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Bons estudos.
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MÓDULO 6
Abordagens de tratamento baseadas em evidência
Nesse módulo iremos apresentar as principais abordagens utilizadas no tratamento
da dependência química, focando especialmente naquelas que tem um corpo robusto
de evidência de eficácia.
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – AS ABORDAGENS PSICOSSOCIAIS COM EVIDÊNCIA DE EFICÁCIA E MELHORES PRÁTICAS.............05
Evidências de Eficácia e Efetividade na Prática Clínica
Estudos sobre a Eficácia de Abordagens Psicossociais
Melhores Práticas no Tratamento Psicossocial da Dependência Química 1. Estabelecer os critérios
Intervenção Breve
Entrevista Motivacional utilizados para a determinação
Modelo Transteórico para Motivação de evidência de eficácia das
Terapia Cognitivo-Comportamental
Atuação abordagens psicossociais.
Prevenção de Recaída
Manejo de Contingências
Aplicação Prática do Manejo de Contingências 2. Descrever as cinco
abordagens psicossociais
UNIDADE 2: TRIAGEM, AVALIAÇÃO E PROJETO TERAPÊUTICO.................................................................................29 com evidência de eficácia no
Triagem e avaliação inicial
Projeto Terapêutico tratamento da dependência
Plano Individual de Atendimento química: Intervenção Breve,
Plano Individual de Atendimento
a Entrevista Motivacional,
UNIDADE 3: O TRATAMENTO PSICOSSOCIAL NO CONTEXTO DOS HOSPITAIS E CLÍNICAS ESPECIALIZADAS.......38 a Terapia Cognitivo
Comportamental, o Manejo
ENCERRAMENTO DO MÓDULO.....................................................................................................................................40 de Contingência e a
Prevenção à Recaída.
REFERÊNCIAS...............................................................................................................................................................41
4. Apresentar elementos
importantes na elaboração
do Plano Individual de
Atendimento (PIA).
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UNIDADE 1
AS ABORDAGENS PSICOSSOCIAIS COM EVIDÊNCIA DE EFICÁCIA E MELHORES PRÁTICAS
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Terapia de aumento de
abordagens de tratamento que compõem suas diretrizes. motivação
Álcool, maconha e nicotina Adultos, mulheres grávidas Nivel 2
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desenvolveram a Entrevista Motivacional, as abordagens da TCC possuem vantagem significativa dentro do arcabouço
confrontativas produziriam efeito iatrogênico e até mesmo do MTM, pois são condizentes com os processos de mudança
contraproducente (FIGLIE, 2013). que se presumem operar em muitos dos estágios. (ROTGERS;
NGUYEN, 2008, p. 279).
Essa concepção é baseada no modelo Transteórico para Assim, a Entrevista Motivacional consiste em abordagem
Motivação, desenvolvido por Diclemente e Prochaska (1998) de grande utilidade em variados estágios de tratamento,
mas sendo bastante útil para pessoas que estejam
ambivalentes ou resistentes. Essa abordagem é
Modelo Transteórico para Motivação fundamentada na motivação, ambivalência e prontidão
Observando-se que a motivação para a mudança é um para mudança.
processo que está em constante oscilação, foi desenvolvido
por Diclemente e Prochaska (1998) o Modelo Transteórico da Quando uma pessoa que sofre por um transtorno devido ao
Motivação (MTM). De acordo com este modelo, os estágios uso de substâncias psicoativas busca por ajuda, ela pode
para mudanças são: Pré-contemplação, Contemplação, ter uma série de dúvidas, medos e defesas; ou seja, ela
pode chegar carregada de histórias e querendo justificar
Planejamento, Ação e Manutenção.
cada uma delas.
Presume-se que os estágios sejam sequencialmente não
variáveis, de forma que o indivíduo deve passar por eles na
ordem durante cada episódio de tentativa de mudança. Cada
estágio do MTM envolve diferentes processos cognitivos,
comportamentais e afetivos que servem para facilitar ou
inibir o movimento em direção à mudança. [...] As abordagens
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A seguir colocaremos as características deseja emagrecer, mas continua comendo alimentos que
prejudicam esse processo.
de cada uma dessas fases e como estão
relacionadas ao atendimento: Ação: Os indivíduos realizam medidas eficazes para alterar o
comportamento e o ambiente, visando superar o problema.
Pré-contemplação: Os indivíduos não estão convencidos Quando colocam em prática o novo hábito, estão no estágio
de que necessitam mudar, acreditam que as coisas estão da ação.
bem e não estão dispostos a realizar a mudança, apesar A teoria também se refere a fases intermediárias, como a
dos prejuízos demonstrados pelo ambiente e pelas pessoas preparação para mudança, o lapso, a recaída, conforme
que convivem com eles. Assim, pessoas que estão na pré- demonstrado no ciclo da figura a seguir.
contemplação até podem realizar pequenas alterações no
comportamento por pressão externa, porém só as manterão
enquanto essa pressão existir.
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de não ser amado ou a de ser desamparado. A partir Níveis de cognição segundo a TCC
de uma crença central, se desenvolvem as crenças
Pressuposto de que ao crescer, o indivíduo cria crenças
intermediárias.
sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo a sua
• Crenças intermediárias: são as mais elaboradas, volta. Existem crenças nucleares, ou centrais, que são a
relacionadas ao resultado do processo de base da nossa personalidade e as crenças subjacentes,
aprendizagem e baseadas na crença central. Ditam ou intermediárias.
regras, atitudes ou suposições. Por exemplo: “Só serei
amado se for perfeito”; “Se não der conta não mereço
mais a atenção de ninguém”. E essas crenças disparam
os pensamentos automáticos.
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Dependendo de como foram as experiências de vida A TCC trouxe novas ferramentas para o tratamento do
desse indivíduo, essas crenças podem ser distorcidas Transtorno por Uso de Substância (TUS), em especial,
ou disfuncionais, que levam a pensamentos igualmente quando percebemos, por meio do monitoramento dos
disfuncionais, e por consequência, comportamentos pensamentos automáticos, como eles influenciam as
inadequados. (BECK, 2013; GREENBERGER; PADESKY, 2016; emoções e como essa terapia pode ser útil na prevenção
WRIGHT, et al., 2018; BRASIL, 2019). de recaídas e, consequentemente, na manutenção da
abstinência.
A terapia cognitivo-comportamental se baseia em quebrar
o ciclo: crença, pensamento e comportamento.
Principais técnicas:
• Monitoramento cognitivo
• Registro diário de pensamentos automáticos
disfuncionais (RPD)
• Identificação de pensamentos automáticos (PA)
• Avaliação e questionamento de PA
• Avaliação e modificação de crenças
• Resolução de problemas
• Treinamento de assertividade e habilidades emocionais
• Exame das vantagens e desvantagens
• Exposição gradual e dificuldade crescente
• Experimentos comportamentais
• Cartões de enfrentamento
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SAIBA MAIS
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principalmente nos primeiros 90 dias sendo os nove meses não estar atento a sentimentos negativos, tais como
seguintes também considerados parte do período de risco tristeza, dor, frustração, raiva, e, sentimentos positivos,
de recaída. como euforia e alegria. (JUNGERMAN, 2013)
Já as Decisões Aparentemente Irrelevantes são decisões
A prevenção à recaída surge como estratégia que traz do dia a dia, corriqueiras, que parecem ser inofensivas,
responsabilidade ao indivíduo e busca o seu autocontrole mas que acabam levando o indivíduo a situações de risco.
para lidar com a recaída. É, portanto, a partir do (JUNGERMAN, 2013)
aprendizado e da observação dos hábitos e pensamentos
de cada acolhido, que são trabalhadas as técnicas a Assim, estratégias especificas da prevenção de recaída são
serem desenvolvidas nos processos cognitivos ligados desenvolvidas, dentre elas: treinamento de habilidades,
à dependência química, são elas: a autoeficácia, os reestruturação cognitiva e intervenção no estilo de vida.
resultados esperados, as atribuições de causalidade e
os processos de tomada de decisões (BECK, 1976 apud
MARLATT; GORDON, 1993; BRASIL, 2019).
Manejo de contingências
No processo de prevenção à recaída, é importante destacar
Atualmente é possível afirmar que o Manejo de Contingência
dois conceitos: Situações de Alto Risco e Decisões (MC) é uma das intervenções psicossociais que apresenta
Aparentemente Irrelevantes. maior consenso entre os principais órgãos de referência
quanto a sua eficácia no tratamento da dependência
Nas Situações de Alto Risco observa-se evidente o risco química (HIGGINS et al, 2008). Higgins publicou um conjunto
ao uso de drogas, como por exemplo, manter vínculo de de estudos que demonstram a eficácia do MC na redução
amizade com pessoas que fazem uso de álcool e drogas, do consumo de substâncias, em promover a abstinência
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continuada bem como aumentar a participação e a adesão Esse condicionamento é persistente ainda que já sejam
ao tratamento de pessoas com TUS. Além disso, o MC pode ser manifestadas as consequências aversivas relacionadas ao
aplicado como um componente terapêutico para praticamente uso abusivo. Nesse sentido, o MC consiste em manipular
todo modelo e estrutura de tratamento para os TUS. variáveis do ambiente atual do indivíduo, visando o aumento
de reforçadores contingentes a essas respostas alternativas
Os resultados obtidos por estudos com MC no tratamento e/ou incompatíveis ao consumo
de TUS foram tão robustos ao demonstrarem eficácia
no tratamento de Dependência Química que, em 1998, o
National Institute on Drug Abuse (NIDA) desenvolveu um As técnicas baseadas em MC derivam diretamente da
manual prático de como implementar de forma adequada Teoria Comportamental de B. F Skinner que diz respeito
o MC nos serviços de tratamento aberto para usuários de ao condicionamento operante. Essa teoria propõe
cocaína. No ano de 2007, foi quando o National Institute for que o comportamento de consumir substâncias é um
Health and Clinical Excellence (NICE) recomendou a adesão comportamento operante e por sua vez, controlado pelas
ao tratamento por MC à Agência Nacional do Tratamento do consequências que produz. (MIGUEL, A. Q. C., 2019). Nesse
Abuso de Substância do Reino Unido sentido, o manejo de contingências (MC) é uma estratégia
utilizada no tratamento do uso de álcool e outras drogas que
O MC é uma intervenção baseada em princípios do
incentiva a mudança para um comportamento mais saudável
condicionamento operante. De acordo com essa abordagem
(BRASIL, 2019). Em outras palavras, a técnica se baseia em
da psicologia, o consumo problemático de determinada
promover consequências reforçadoras quando os indivíduos
substância é mantido devido às suas consequências
reforçadoras (por exemplo, seus efeitos fisiológicos que atingem as metas objetivadas em tratamento (presença no
geral prazer e euforia, ou também a satisfação decorrente a tratamento ou manutenção da abstinência). A perspectiva
sensação pertencimento a um grupo social etc.) e pela falta do uso da técnica do MC garante que o condicionamento
de outros reforçadores contingentes a respostas alternativas operante tem um papel central nos comportamentos ligados
e/ou incompatíveis a esse consumo (Higgins et al., 2004). ao uso e dependência de substâncias.
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um exame negativo para crack/cocaína sua abstinência cocaína, o participante também deixava uma amostra
era valorizada pela equipe. Quando o exame submetido negativa de bafômetro. Além disso, um bônus extra de
estava positivo para crack/cocaína, a equipe valorizava o 10,00 reais era dado quando todos os 3 exames semanais
fato de o participante continuar aderido ao tratamento e o submetidos estivessem negativos para crack/cocaína,
encorajava a tentar ficar abstinente no próximo exame. No álcool e THC. Ressalva-se que, vales para exames negativos
entanto, diferente do procedimento do grupo controle, no para álcool e THC somente eram dados quando o exame
procedimento experimental, o participante recebia vales para crack/cocaína também estivesse negativo.
com certo valor monetário como reforço por ficar abstinente
de crack/cocaína. Os vales podiam ser trocados por Quando o participante faltava, recusava a fazer os exames,
produtos disponíveis na comunidade em um raio de 1 km do ou deixava uma amostra positiva para crack/cocaína,
serviço, com acompanhamento de um dos pesquisadores. ele não recebia nenhum vale naquele dia, e tinha seu o
esquema de reforçamento reiniciado no valor de 5,00
Após a emissão do primeiro exame de urina negativo para reais. Caso o participante estivesse presente em todos os
crack/cocaína o participante recebia imediatamente um vale encontros e apresentasse todos os exames negativos, ele
com valor monetário de 5,00 reais. Esse valor aumentava receberia um total de 942,00 reais em vales ao longo das
em 2,00 reais para cada exame consecutivo negativo para 12 semanas do tratamento. O procedimento envolvendo
crack/cocaína até chegar ao valor máximo de 15,00 reais. exames de urina e recebimento de vales não excedeu mais
Desta maneira, aumentando de 5,00 reais para 7,00, 9,00, de 10 minutos por dia.
11,00, 13,00 e 15,00 reais, respectivamente. Se o participante
deixasse os três exames semanais negativos para essas
substâncias ele também recebia um bônus de 20,00 reais.
Para incentivar a abstinência de álcool 2,00 reais a mais
eram dados quando, junto ao exame negativo para crack/
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Resultados de Adesão:
A intervenção teve 12 semanas de duração. Duas avaliações
de seguimento foram realizadas 3 e 6 meses após as
12 semanas do procedimento de intervenção. Após o
seguimento do sexto mês os participantes do grupo
controle foram convidados a participar de mais 12 semanas
de tratamento recebendo o procedimento experimental.
Com isso participantes do grupo experimental foram
acompanhados por 9 meses enquanto participantes
inicialmente destinados ao grupo controle foram
acompanhados por 12 meses.Os resultados desse estudo
demonstram o quanto esses tratamentos para dependência
Resultados de abstinência:
de crack podem se tornar significativamente mais eficazes
com a inclusão das técnicas do MC no que se refere a
participação no tratamento, a adesão ao tratamento, a
redução no padrão do consumo de crack, e na promoção
da abstinência continuada.
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O resultado mais expressivo desse estudo foi que ao final possível usar essa metodologia para reforçar outros
das 12 semanas da intervenção, mais de metade (51,5%) comportamentos como a participação em diferentes tipos
dos participantes que receberam MC se mantinham de tratamentos, bem como para a adesão a tratamentos
em tratamento em comparação a nenhum participante farmacológicos.
que recebeu o tratamento convencional/padrão (TP). As
chances de completar todo tratamento foram quase 70x O manejo de contingências serve como técnica facilitadora
maiores entre os usuários de crack que fizeram o manejo da adesão ao tratamento, sendo complementar a uma
de contingências em relação ao grupo controle. diversidade de intervenções que possam promover
significado, inclusive nos Planos de Atendimento Singular
Além disso, embora não tenham sido alvos primários, a (PAS). Nem todos os indivíduos são percebidos como
intervenção também reduziu sintomas de depressão e motivados para programas de tratamento, devemos
ansiedade (MIGUEL et al., 2017). Além disso, mais de 90% considerar, assim, que a falta de desejo e problemas de
dos participantes no grupo experimental acharam o MC conduta também podem influenciar negativamente o
de fácil compreensão; todos relataram gostar de sua estabelecimento de um ambiente terapêutico.
experiência com o MC; mais de 80% disseram que o MC os
ajudou consideravelmente; e mais de 90% indicaram que o
MC poderia ajudar muito outras pessoas com dependência O MC aplicado ao tratamento dos TUS é um dos tratamentos
de crack (MIGUEL et al., 2018). psicossociais mais estudados na literatura internacional,
por meio de ensaios clínicos e estudos de metanálise. Todos
Os resultados encontrados no Brasil são consistentes os estudos sustentam que o tratamento por MC aplicado
com uma série de ensaios de efetividade realizados em sozinho, ou em conjunto com outros tratamentos, é eficaz em
diferentes países e com usuários de outras substâncias. promover a abstinência continuada e a adesão ao tratamento
Outro ponto importante, é que, embora os melhores para pessoas com TUS. Mais especificamente, estudos de
resultados de estudos envolvendo MC no quesito manter metanálise encontraram que o MC apresenta um tamanho
abstinência utilizavam o comportamento de ficar abstinente de efeito que varia de moderado a alto, sendo esse o maior
como comportamento alvo que se deseja reforçar, é tamanho deda Dependência
Curso EaD Tratamento efeito Química
encontrado para
no contexto Hospitalar qualquer
(Hospital tratamento
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psicossocial para TUS. (SIMÕES, YAMAUCHI e MIGUEL, 2022)
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UNIDADE 2
TRIAGEM, AVALIAÇÃO E PROJETO TERAPÊUTICO
A identificação precoce de usuários de substâncias em risco, A prevenção secundária é destinada a sujeitos que já
bem como o manejo apropriado desses casos, pode ser evidenciam algum sintoma do problema, o que, no caso do
determinante para prevenir o agravamento da situação e o consumo de drogas, pode ser extrapolado para o grupo que já
aumento de exposição a riscos diversos. fez a experimentação de álcool e outras drogas e que pode ou
não fazer uso ocasional. Essa ação visa evitar que esse uso
Classificamos os tipos de intervenção dentro do espectro se torne abusivo e problemático, reduzindo as chances de
dos diferentes graus de agravamento da exposição ao que o abuso se transforme em dependência (BRASIL, 2022).
risco. Para além dos três níveis de intervenções preventivas
(primária, secundária e terciária), existem as intervenções de Por sua vez, a prevenção terciária é destinada aos usuários
tratamento, que têm como linha de partida a identificação do que já apresentam uso problemático e, nesse caso, a
problema (BRASIL, 2022). intervenção preventiva é o tratamento com profissionais
especializados para redução dos danos associados ao
De acordo com a classificação proposta por Leavell e Clark abuso da substância em questão e, eventualmente, a busca
(1958), as ações preventivas podem ser identificadas como da abstinência (BRASIL, 2022).
primárias, secundárias ou terciárias.
O tratamento com abordagem multidisciplinar deve
A prevenção primária é aquela que ocorre numa fase anterior levar em conta as diferentes demandas de apoio e
ao desenvolvimento da doença e, nesse caso, adaptando o assistência. Sendo assim, ações assistenciais devem ser
conceito à prevenção do uso de drogas, com o objetivo de correspondentes ao estágio de motivação do indivíduo em
evitar a experimentação inicial de drogas (BRASIL, 2022). suspender o uso da substância em questão (BRASIL, 2022).
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pessoa carrega consigo e que leva ao uso (PERRONE, 2014). Introdução: contém o panorama geral, epidemiológico e
Outro ponto importante observado é que os familiares que as referências de boas práticas presente na literatura
acompanham as pessoas que estão em busca de ajuda, científica em serviços semelhantes.
muitas vezes estão tão adoecidos quanto o dependente Objetivos: contém os objetivos gerais e específicos
e precisavam de acolhimento, orientações e devem ser do serviço.
encaminhados para grupos específicos para familiares,
como por exemplo, o Amor Exigente, para que possam ter Plano assistencial: descreve em detalhes as linhas
um suporte e entender como lidar com seu familiar nesse de cuidado assistenciais.
momento tão decisivo de sua vida. Processos clínicos: descreve os principais processos
clínicos assistenciais contextualizados dentro das
linhas de cuidados.
Projeto Terapêutico
Considera-se fundamental um projeto terapêutico que
seja desenvolvido no contexto de hospitais e clínicas
especializadas, assim como em qualquer outro tipo de
serviço de tratamento do TUS. Ele deverá ser fundamentado
em práticas baseadas em evidências e elaborado com a
colaboração de toda equipe multidisciplinar. Para elaborar
um projeto terapêutico, é importante compreender que ele
deverá conter os seguintes itens.
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É importante destacar que o PIA deve conter não somente processo, sendo esses, no caso de crianças e adolescentes,
a programação das atividades a serem desenvolvidas dentro passíveis de responsabilização civil, administrativa e criminal,
da instituição, mas também o planejamento após a alta, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da
incluindo as estratégias de enfrentamento e prevenção Criança e do Adolescente.
à recaída. § 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a responsabilidade
da equipe técnica do primeiro projeto terapêutico que atender o
O PIA é flexível e deve ser aprimorado ao longo do processo usuário ou dependente de drogas e será atualizado ao longo das
de recuperação. diversas fases do atendimento.
§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo:
SAIBA MAIS I - os resultados da avaliação multidisciplinar;
II - os objetivos declarados pelo atendido;
III - a previsão de suas atividades de integração social ou
A elaboração do PIA é prevista por lei, conforme as capacitação profissional;
legislações listadas abaixo: IV - atividades de integração e apoio à família;
Lei 13.840/2019 – Art.23-B. V - formas de participação da família para efetivo cumprimento
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a elaboração do plano individual;
e execução do projeto terapêutico individual a ser adotado, VI - designação do projeto terapêutico mais adequado para o
levantando-se no mínimo: cumprimento do previsto no plano; e
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e VII - as medidas específicas de atenção à saúde do atendido.
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou dependente de § 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da data
drogas ou das pessoas com as quais convive. do ingresso no atendimento.
§ 3º O PIA deverá contemplar a participação dos familiares § 7º As informações produzidas na avaliação e as registradas no
ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o plano individual de atendimento são consideradas sigilosas.
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UNIDADE 3
O TRATAMENTO PSICOSSOCIAL NO CONTEXTO DOS HOSPITAIS E CLÍNICAS ESPECIALIZADAS
As abordagens psicossociais fornecem não só um alicerce • Estágio de motivação: Abordagens psicodinâmicas ou
teórico para a compreensão do fenômeno da dependência técnicas que requerem maior adesão no tratamento,
química, caso a caso, mas, também, um arcabouço de como por exemplo exercícios para fazer fora do
técnicas e estratégias de manejo e manutenção do tratamento. contexto do tratamento da Psicoterapia Cognitivo-
Comportamental serão menos efetivos entre
Ainda que os profissionais atuantes no campo da saúde pacientes que se encontram “pré-contemplativos, ou
mental disponham de formações teóricas diversas, as seja, sem motivação para o tratamento.”
quais irão embasar a compreensão e tomada de decisões • Perfil psicológico: O uso de algumas técnicas de
em cada caso, a complexidade do tratamento exige Psicoterapia Cognitivo-Comportamental será limitado
sempre uma diversificação de técnicas, que muitas vezes em pacientes ainda no período de desintoxicação
extrapolam a abordagem teórica propriamente dita. É ou entre aqueles que sofrem mais das sequelas
muito comum que profissionais que atuam na dependência neurológicas do uso abusivo. Nesses casos as
química utilizem em sua prática clínica um amplo “cardápio” abordagens mais comportamentais serão mais
de técnicas advindas de diferentes abordagens. efetivas
• Contexto: A aplicação de algumas técnicas de
O uso dessas ferramentas deve ser ponderado,
Prevenção de Recaída entre pacientes internados,
considerando o contexto que o paciente se encontra, a
que não tem risco de recaída.
depender de diversos fatores tais como:
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BECK, J.S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2ª ed. Porto FERNANDES, S. S. et al. Evasão do tratamento da dependência de drogas:
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BOSSO, R. A., 2020. Estruturação de programas de reinserção social
Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1414-
para pessoas com transtornos por uso de substâncias. O Tratamento da
462X2017000200131&lng=pt&nrm=iso .2017
Dependência Química: um guia de boas práticas. Rogério Adriano Bosso (org.) &
Juliano Pereira dos Santos (org.). Edição. Curitiba: Appris. FIGLIE, N. B. Entrevista Motivacional e Terapia Cognitivo-Comportamental no
Tratamento Do Uso De Substâncias Psicoativas. IO tratamento da dependência
BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção
química e as terapias cognitivo comportamentais: um guia para terapeutas.
às Drogas. Modulo X. In: BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria Nacional de
ZANELATTO, N. A.; LARANJEIRA, R. Porto Alegre: Artmed, 2013.
Cuidados e Prevenção às Drogas. Curso Compacta: capacitação de monitores e
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