“Dilemas de profissionais de unidade de terapia intensiva diante da terminalidade”
O artigo discorre sobre a rotina de profissionais intensivistas, que lidam diariamente
com situações onde não há mais possibilidade de cura para o paciente, e muitas vezes, testemunham a morte destes. Tomadas de decisões são tomadas na UTI e muitas vezes envolvem os profissionais de saúde, pacientes e familiares. Decisões essas que devem ser assertivas e seguras para que garantam o máximo de dignidade para o paciente. Muitas dessas decisões envolvem questões morais e éticas que diversas vezes impõem uma sobrecarga emocional e de responsabilidade para os profissionais. O artigo tratava-se de uma pesquisa de campo, exploratória, quali-quantitativa, realizada na UTI de um hospital público estadual de médio porte. E tinha como objetivos identificar os dilemas enfrentados no cuidado ao paciente em condição terminal; investigar os valores subjacentes à conduta desses profissionais e definir as principais dificuldades e sentimentos vivenciados diante dos problemas colocados pela situação. A análise do discurso foi utilizada para identificar esses objetivos,a pesquisa envolveu um total de 12 profissionais, dentre os quais eram: quatro médicos, quatro fisioterapeutas e quatro enfermeiros. Os profissionais identificaram a “bioética” como um tema “difícil” e “complexo” isso foi confirmado pela análise do discurso de alguns profissionais que o tema gera uma série de questionamentos para os próprios, levando-os a reflexões de ligação de princípios pessoais. Segundo o estudo do autor, os profissionais de Fisioterapia e Enfermagem tiveram maior dificuldade para discutir sobre o tema do que os profissionais médicos. Bem como o elevado percentual dessas duas categorias que disseram ter necessidade para buscar maiores aprofundamentos e estudos sobre o tema. O estudo ainda supõe que, a partir do contato frequente com situações de terminalidade, os profissionais intensivistas acabam adquirindo “ mecanismos de defesa” frente a situações desse tipo. Ele ainda cita que muitas vezes a tomada de decisões sobre determinadas condutas acaba sendo de responsabilidade apenas dos profissionais da medicina, sendo esta uma questão que deveria ser discutida entre todos os profissionais envolvidos, mas que por conta de lacunas na formação das demais categorias, os médicos acabam se tornando protagonistas nisso. Existe, portanto uma necessidade de formação e constante atualização entre os profissionais intensivistas, para que todos tenham o ponto em comum que é a tomada de decisões segura e ágil que respeite os princípios bioéticos e humanísticos necessários para atuação em unidades de Terapia Intensiva. O artigo é muito interessante, do ponto de vista que nos leva a refletir sobre a responsabilidade (esta que deve ser compartilhada) bem como a capacidade de reflexão e auto- reflexão para, não apenas profissionais intensivistas, mas qualquer profissional de saúde para que todos nós possamos ter total domínio sobre aspectos bioéticos e éticos.