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MÓDULO 4
Modalidades no tratamento da dependência química
Neste módulo, estudaremos sobre os formatos de tratamentos com evidências
de eficácia, levando em consideração os guias de boas práticas estabelecidos por
instituições, associações e organizações internacionais, tais como NIDA (National
Institute on Drug Abuse-EUA), APA (American Psychology Association-EUA), NICE
(National Institute of Health Excellence-Grã Bretanha), Centro de Dependências e
Saúde Mental (Canadá) e EMCDDA (European Monitoring Centre for Drugs and Drug
Addiction-Europeu).
Autoria
André de Queiroz Constantino Miguel
Clarice Sandi Madruga
Kátia Isicawa de Sousa Barreto Bons estudos.
Rogério Adriano Bosso
Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
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SUMÁRIO
UNIDADE 1 – FORMATOS DE TRATAMENTO COM EVIDÊNCIA DE EFICÁCIA...............................................................05
Determinação de eficácia, efetividade e melhores práticas
Pesquisa multicêntrica
Evidência, níveis de evidência e seu papel na ciência 1. Compreender sobre os formatos
Melhores Práticas
Órgãos de referência que propõem melhores práticas no tratamento da Dependência Química de tratamento com evidências
Boas práticas em tratamento propostas pelo National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Estados Unidos
Boas práticas em tratamento propostas pela Associação Americana de Psicologia (American Psychology Association – APA) – de eficácia.
Estados Unidos da América.
Diretrizes SAMHSA (Substance Abuse and Mental Health Services Administration)
Boas práticas em tratamento propostas pelo Centre for Addiction and Mental Health – Canada
Boas práticas em tratamento propostas pelo Instituto Britânico de Excelência em Saúde (NICE- National Institute of Health 2. Apresentar os guias de boas
Excellence) – Reino Unido
Boas práticas em tratamento propostas pelo Centro de Monitoramento Europeu de Drogas e Droga Dependência (EMCDDA- práticas de tratamento da
European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction).
dependência química utilizados
UNIDADE 2 – MODALIDADES DE TRATAMENTO COM EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA.....................................................20 por instituições, associações e
Modalidades de Tratamento Básico
Desintoxicação organizações internacionais.
Tratamento Ambulatorial
Internação Curta
Internação Longa
Modalidades de Tratamentos Específicas 3. Compreender sobre os modelos
Serviço para Família
Serviço para Mulheres de tratamento baseados
Serviço para LGBTQI+
Serviço para Jovens e adolescentes em evidências bem como
Grupos de autoajuda compreender os modelos de
Tratamento para o Tabagismo
Tratamento para dependência de maconha tratamento utilizados no Brasil.
REFERÊNCIAS...............................................................................................................................................................33
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UNIDADE 1
FORMATOS DE TRATAMENTO COM EVIDÊNCIA DE EFICÁCIA
Abordamos anteriormente, de maneira rápida, sobre o que Existem exigências metodológicas específicas para que
consideramos ser uma “evidência científica” e sobre os possamos afirmar que certa intervenção ou programa
critérios para definição das práticas baseadas em evidência. seja considerado eficaz. Primeiramente, é necessário que
Iremos, agora, aprofundar esse conhecimento e aplicá- existam dois grupos de comparação: o chamado grupo
lo para compreender a origem das melhores práticas no teste, ou grupo “experimental”, e um outro grupo chamado
que tange aos formatos e modalidades de tratamento em “grupo controle”. Tal característica irá definir o estudo como
dependência química. sendo Experimental.
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Pesquisa multicêntrica
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Evidências provenientes de estudos de coorte e de caso- Relatório de casos ou dado obtido de forma sistemática, de
Nivel 4 controle bem delineados. Nivel 5 qualidade verificável ou dados de avaliação de programas.
Evidências originárias de revisão sistemática de estudos Opinião de autoridades respeitáveis baseada na competência
Nivel 5 descritivos e qualitativos. Nivel 6 clínica ou opinião de comitês de especialistas, incluindo
interpretações de informações não baseadas em pesquisas.
Evidências derivadas de um único estudo descritivo ou
Nivel 6 qualitativo. FONTE: GALVÃO, 2006
Nivel 7
Evidências oriundas de opinião de autoridades e/ou relatório Do nível 1 ao 5 existe uma variação dentro de cada nível que
de comitês de especialistas
vai de A-D, que reflete a credibilidade científica da pesquisa.
FONTE: GALVÃO, 2006.
Por exemplo, se a pesquisa é categorizada no nível 1-A
significa que o estudo tem o delineamento adequado;
Já a qualidade dos estudos baseados em evidências é
entretanto, se a pesquisa é classificada no nível 1-D significa
classificada em seis níveis, conforme apresentado na
que o delineamento possui falhas e a confiança nos
ilustração abaixo.
resultados deve ser questionada.
Nivel 1 Metanálise de múltiplos estudos controlados. Práticas “baseada em evidências” consistem em métodos,
Nivel 2 Estudo individual com delineamento experimental abordagens ou protocolos de atendimento que tiveram sua
eficácia e/ou efetividade comprovadas, através de diversos
Estudo com delineamento quase-experimental como estudo
estudos, utilizando metodologias científicas para a avaliação
Nivel 3 sem randomização com grupo único, pré e pós-teste, séries
temporais ou caso controle. de intervenções terapêuticas
Estudo com delineamento não-experimental como pesquisa Quando consideramos a pesquisa na literatura para a
Nivel 4 descritiva correlacional e qualitativa ou estudos de caso. determinação de intervenções baseadas em evidência,
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1ª Etapa: pesquisa básica sobre o vírus e identificação de A partir desse exemplo com estudos de vacinas, podemos
novas propostas de vacinas. compreender que os estudos para medir eficácia de uma
intervenção ou tecnologia em saúde acontecem em condições
2ª Etapa: realização de testes pré-clínicos (in vitro e/
ideais e controladas (PORTELA, 2000; BRASIL, 2019).
ou in vivo), com o objetivo de observar a segurança e o
potencial da vacina.
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de drogas, pode-se encontrar na literatura muitos manuais associações e organizações internacionais que
de boas práticas que foram elaborados por grupos de desenvolveram guias de referências para os formatos de
pesquisadores de diversas partes do mundo. Esses grupos tratamentos.
tomam como base, os resultados das pesquisas mais atuais
no campo no momento da escrita. Assim, as instituições, associações e organizações nas
quais nos embasamos são:
Agora você sabe que todas as vezes que os pesquisadores • National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Estados Unidos da América
se referirem ao uso de “intervenções baseadas em • Associação Americana de Psicologia (APA) – Estados Unidos da
evidências”, eles trarão para a prática clínica abordagens América
de tratamento que já foram, profunda e exaustivamente, • Centre for Addiction and Mental Health – Canadá
• Instituto Britânico de Excelência em Saúde (NICE- National Institute
estudadas em diversos países e com populações distintas
of Health Excellence) – Reino Unido
(BRASIL, 2019).
• Centro de Monitoramento Europeu de Drogas e Droga Dependência
(EMCDDA- European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction)
– Comunidade Européia
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Boas práticas em tratamento 2. O tratamento precisa estar imediatamente disponível. Pelo fato
de muitos usuários de drogas estarem ambivalentes quanto a
propostas pelo National Institute on seu desejo de receber ajuda, é fundamental que os serviços
Drug Abuse (NIDA) – Estados Unidos disponham de uma estrutura preparada para receber um indivíduo
imediatamente após a sua iniciativa de buscar tratamento.
3. O serviço precisa assistir o paciente em suas múltiplas
O Instituto Americano de Abuso Drogas (NIDA) desenvolveu
necessidades e não apenas o uso de drogas.
seu guia de boas práticas baseadas em pesquisas no 4. Aderir ao tratamento é fundamental para que esse seja efetivo.
campo da dependência química. Nele destacam-se 13 Estudos sugerem que permanecer aderente por no mínimo três
pontos que devem ser contemplados e utilizados por meses está associado a melhores prognósticos, como o de
serviços de tratamento da dependência química, a saber: abstinência.
5. Terapias comportamentais individuais, em casal, família ou grupos
1. A dependência química é uma doença complexa, porém tratável, são utilizadas em maior frequência e com maior evidência de
que afeta as funções cerebrais bem como o comportamento do eficácia.
usuário. O abuso de drogas produz alterações cerebrais estruturais 6. Tratamentos farmacológicos podem ser efetivos, especialmente
e funcionais que podem persistir por um longo período após a quando associados a tratamentos psicossociais.
interrupção do uso das substâncias. Isso, em parte, explica porque 7. Todo serviço deve ter um planejamento individualizado para cada
usuários de drogas estão em risco de recaída mesmo após um longo paciente, precisando ser modificado continuamente a fim de
período de abstinência. se adequar às novas demandas que possam emergir durante a
• Não existe um tratamento único apropriado para todos os indivíduos. recuperação do paciente.
O tratamento precisa variar dependendo de características do 8. Muitos dependentes de substâncias também apresentam outras
paciente e do tipo de droga da qual ele é dependente. É preciso comorbidades psiquiátricas (ex. transtornos de humor) bem como
adequar serviços, técnicas e tratamento às demandas específicas complicações clínicas (ex. cirrose hepática). O tratamento integral
de cada indivíduo para que o tratamento possa ser efetivo. do paciente, contemplando todos os possíveis diagnósticos, deve
ser um dos objetivos do serviço.
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9. A desintoxicação é somente uma das etapas do tratamento. Quando 1. Terapia cognitivo comportamental;
feita de forma isolada e não integrada às outras ações de tratamento 2. Manejo de contingências;
terá pouco efeito na recuperação de longo prazo do paciente. 3. Terapia por reforçamento comunitário com manejo de contingências;
10. O tratamento não precisa ser voluntário para ser efetivo. Sanções 4. Terapia de aumento de motivação;
familiares, de trabalho ou impostas pelo judiciário podem aumentar a 5. Terapia comportamental de família/casal, e
retenção e o sucesso do tratamento. 6. Terapia de facilitação dos 12 passos.
11. O uso de drogas durante o tratamento deve ser monitorado
constantemente. Saber que seu uso está sendo monitorado pode ser Trataremos sobre cada uma das abordagens psicossociais
um grande incentivo ao usuário. Adicionalmente, saber rapidamente baseadas em evidência em momento específico.
da existência de um lapso ou uma recaída pode ser importante para
o serviço repensar as estratégias de tratamento a serem usadas
nestes contextos.
12. Serviços especializados em dependência química devem testar Boas práticas em tratamento
todos seus pacientes para HIV/AIDS, hepatites B e C, tuberculoses propostas pela Associação
e outras doenças transmissíveis (devido à alta prevalência Americana de Psicologia (American
dessas doenças nesta população). Oferecer aconselhamentos em
redução de riscos para essas doenças, bem como, uma rede de
Psychology Association – APA) –
encaminhamento para o tratamento destas doenças é importante. Estados Unidos da América.
A Associação Americana de Psicologia (APA) desenvolveu
Intervenções psicossociais recomendadas pelo NIDA um manual sobre “Práticas de tratamento com eficácia
Entre as intervenções psicossociais com eficácia baseadas baseada em evidência para transtornos por uso de
em evidências, o NIDA sugere as sequintes intervernções substâncias” (Evidence-based treatment practice for
para transtornos da dependência: substance use disorder) (APA, 2005). Uma das principais
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contribuições deste manual foi dividir, de forma clara, o fluxo segundo estágio de tratamento ativo, todo paciente deve receber
de atenção ao paciente em três estágios: um conjunto de intervenções psicossociais e/ou farmacológicas
adequadas para o seu caso, sempre prezando a escolha por
1. Triagem, intervenção breve e encaminhamento. Neste primeiro estágio de abordagens com evidência de eficácia.
triagem, todo indivíduo com necessidade de atendimento em hospitais 3. Engajamento contínuo como parte de um plano de recuperação de
gerais, pronto-socorro, unidades básicas de saúde e ambulatórios longo prazo. No terceiro e último estágio, o manual destaca que a
médicos deve passar por uma breve triagem com um profissional dependência química é uma doença crônica e para que haja uma
treinado, geralmente um enfermeiro. Este enfermeiro deve aplicar um redução dos riscos de recaída é importante manter o paciente
questionário que contemple uso de risco, abuso e dependência para aderente e engajado ao tratamento por um longo período.
as substâncias psicoativas mais prevalentes na região (geralmente Por conta disso, os serviços devem desenvolver ações que
álcool). Importante lembrar que este instrumento precisa apresentar respondam às demandas destes pacientes (geralmente difere
evidência de eficácia, ser estruturado, breve e validado para aquela daquelas dos pacientes que estão iniciando a abstinência) para
população. Após ser feita a triagem, o procedimento deve ser encerrado mantê-los aderidos.
para todos os indivíduos que não estiverem em risco ou apresentando
abuso ou dependênciade substâncias. Intervenções psicossociais recomendadas pelo APA
2. Tratamento ativo que incluam desintoxicação, tratamento Do ponto de vista das intervenções psicológicas, este
ambulatorial e de comorbidades. Aqueles em risco ou apresentando
manual destaca as seguintes intervenções maior evidência
um padrão de abuso são encorajados a receber uma “intervenção
de efetividade:
breve”, realizada no próprio serviço por um profissional treinado,
1. Entrevista motivacional;
com duração de duas a quatro semanas. Todos aqueles com um
2. Terapia de aumento de motivação;
padrão de consumo mais grave e, possivelmente, de dependência,
3. Terapia cognitivo comportamental;
bem como aqueles que não apresentaram uma melhora com a
4. Terapias de casal/família estruturadas;
intervenção breve, devem ser imediatamente encaminhados para
5. Manejo de contingências;
os serviços especializados em dependência química mais próximo à
sua residência. Destaca-se que este estágio do tratamento também 6. Tratamento por reforço comunitário, e
é, na verdade, uma ação de prevenção secundária e terciária. No 7. Terapia de facilitação dos 12 passos.
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Importante enfatizar que tais técnicas não são excludentes, Diretrizes SAMHSA (Substance Abuse and Mental Health
podendo ser praticadas tanto em conjunto como em Services Administration)
parte do tratamento. No que diz respeito aos tratamentos Advindas dos Estados Unidos da América, as diretrizes
farmacológicos, o manual sugere que nem todo paciente SAMHSA (Substance Abuse and Mental Health Services
necessita tratamento medicamentoso e que apenas Administration) trazem modalidades para o tratamento
as medicações com eficácia comprovada devem ser de diferentes substâncias, discriminando a população
utilizadas. Além disso, destaca a importância de aplicá- em que apresentam melhor eficácia bem como o grau de
las em conjunto com intervenções psicossociais, já que evidência disponível:
tal procedimento está diretamente associado a uma maior
eficácia da intervenção.
Tratamento
Resicencial Álcool, opióides, cacaína, crack Adultos, pacientes com transtornos psiquiátricos graves, moradores de rua NIVEL 5
(internação)
Aconselhamento Álcool, opióides, cacaína, maconha Adultos, adolescentes, pacientes com transtornos psiquiátricos graves, moradores de rua NIVEL 2
Individual
Aconselhamento
em Grupo Álcool, opióides, cacaína, maconha Adultos, adolescentes, pacientes com transtornos psiquiátricos graves, moradores de rua NIVEL 5
Grupos de Álcool, opióides, cacaína, crack, Adultos, adolescentes, pacientes com transtornos psiquiátricos graves, moradores de rua NIVEL 5
Autoajuda maconha
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12. Serviço para jovens com dependência e/ou transtornos concorrentes (Youth addiction and concurrent álcool, opioides e benzodiazepínicos, tabaco, maconha, Jovens de
disorder services) cocaína e estimulantes 14 a 24 anos
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Boas práticas em tratamento boas práticas do Reino Unido. Neste manual, destaca-se
a importância da triagem e encaminhamento de indivíduos
propostas pelo Instituto Britânico de em risco, abuso ou dependência de drogas para tratamentos
Excelência em Saúde (NICE- National especializados. O manual menciona a importância do serviço
Institute of Health Excellence) – em se adaptar às demandas do paciente, uma vez que estas
Reino Unido se transformam durante todo percurso de recuperação.
Por último, é destacada a importância do acompanhamento
O Instituto Britânico de Excelência em Saúde (NICE)
continuado do paciente mesmo após o término do tratamento
desenvolveu um manual sobre tratamentos psicossociais
(NTA, 2017).
efetivos para dependência química.
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UNIDADE 2
MODALIDADES DE TRATAMENTO COM EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA
Modalidades de Tratamento Básico De acordo com os guias de boas práticas apresentados
anteriormente, as modalidades de tratamento básico são:
Nem todo paciente vai se beneficiar da mesma forma • Desintoxicação;
de um mesmo tratamento. Diversos motivos - culturais, • Tratamento Ambulatorial;
sociais, econômicos, psicológicos - além de características • Internação Curta, e
diferentes das dependências fazem com que não exista um • Internação Longa.
único modelo efetivo no tratamento da dependência para
todos os indivíduos. Dependendo dessas variáveis, algumas
pessoas podem precisar de tratamentos mais intensivos
enquanto outras de tratamento mais extensivos. Do
Desintoxicação
mesmo modo alguns requerem tratamento medicamentoso A grande maioria dos programas de tratamento considera a
enquanto outros de tratamentos com abordagens desintoxicação como a primeira fase de tratamento. Nesta
psicoterápicas. Por este motivo, faz-se importante saber fase, período no qual a droga é eliminada do corpo, a maioria
desenvolver uma gama de tratamentos diferentes a fim de dos pacientes passa por diversos efeitos fisiológicos agudos
ajudar o maior número de pessoas com as características e, potencialmente, perigosos de caráter extremamente
mais variadas possíveis. aversivos. Por isso é importante desenvolver um contexto
específico, com auxílio farmacológico adequado, para
minimizar os riscos e sofrimento do paciente.
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Serviço para Jovens e adolescentes Os grupos de autoajuda podem ser utilizados em diferentes
tipos de programas de tratamento, mas podem também
Serviços que oferecem tratamentos individualizados e funcionar de forma completamente autônoma. Mais de 90%
personalizados para adolescentes e jovens adultos em das cidades dos EUA possuem pelo menos um espaço onde se
risco, abuso ou dependência de substâncias e outras reúnem gratuitamente grupos de autoajuda para discussão de
comorbidades psiquiátricas. Os serviços oferecem terapias problemas ligados às drogas. De forma resumida, esses grupos
individuais e em grupo, manejo de casos, atendimento buscam, através do diálogo entre pares, ajudar um ao outro a
psiquiátrico e suporte familiar. promover um estilo de vida livre de drogas. Pesquisas apontam
para eficácia e principalmente para custo eficácia (devido ao
Grupos de autoajuda extremo baixo custo dessas intervenções) no tratamento da
dependência química (MAGILL; RAY, 2009; FERRI et al, 2006;
Os grupos de autoajuda, como os Alcoólicos Anônimos (AA) TONIGAN, 2008; TONIGAN et al, 1996).
e Narcóticos Anônimos (NA), possuem uma longa história
Falaremos mais sobre grupos de mútua ajuda em outro momento.
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UNIDADE 3
MODALIDADES DE TRATAMENTO DISPONÍVEIS NO BRASIL
Vamos compreender, agora, as modalidades de tratamento saúde, tipos de atendimentos e tratamentos realizados),
para o Transtorno por Uso de Substâncias (TUS) utilizadas melhorando, assim, a qualidade da assistência prestada.
no Brasil e como as Redes de Atenção Psicossocial (RAPS-
SUS) e de Assistência (SISNAD) estão organizadas para
contemplar essas modalidades de tratamentos.
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prestado na área da dependência química deverá se manter Idealmente, cada serviço para tratamento de transtornos
em constante contato com esses sistemas. aditivos deve mapear a rede do seu território, identificando
seus equipamentos e serviços prestados. É importante que
Constituição de uma rede assistencial ampla e diversificada todo profissional atuante na área da Dependência Química
para as pessoas com dependência química para oferta conheça as unidades de referência que sua comunidade
de tratamento de acordo com suas necessidades clínicas pode contar, não só os serviços públicos, mas, também, os
e sociais. Seguem os serviços que devem compor a rede disponíveis na sociedade civil organizada.
assistencial: promover e garantir a articulação e a integração
das intervenções para tratamento, recuperação, reinserção Assim, as modalidades de tratamento são distribuídas em
social, por meio das Unidades Básicas de Saúde, Ambulatórios, grandes eixos: Desintoxicação, Tratamento Ambulatorial,
Centros de Atenção Psicossocial, Unidades de Acolhimento, Acolhimento em equipamentos de longa permanência e
Comunidades Terapêuticas, Hospitais Gerais, Hospitais Internações.
Psiquiátricos, Hospitais-Dia, Serviços de Emergências, Corpo
de Bombeiros, Clínicas Especializadas, Casas de Apoio e Traremos aqui uma descrição breve de cada modalidade. O
Convivência, Moradias Assistidas, Grupos de Apoio e Mútua aprofundamento sobre cada equipamento da RAPS e SUAS
Ajuda, com o SISNAD, o SUS, o SUAS, o SUSP e outros sistemas será feito em outros momentos.
relacionados para o usuário e seus familiares, por meio de
distribuição de recursos técnicos e financeiros por parte do
Estado, nas esferas federal, estadual, distrital e municipal (a Desintoxicação
ampliação da rede de assistência aos dependentes químicos
A desintoxicação é ofertada para atendimentos específicos
segue o que ocorreu com a “Nova Política Nacional de Saúde
para tratamento de intoxicação por uso de substância
Mental”, publicada em dezembro de 2017. (BRASIL, 2020).
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Modelos de Internação para dependência grave, está sob risco de morte ou com sua
crítica prejudicada devido ao uso. Sendo assim, o indivíduo
Tratamento dos usuários de Álcool está sem condições de percepção de sua real condição
e outras Drogas e sem possibilidades de avaliar devida e adequadamente
Antes de iniciarmos a temática sobre internação de curta suas escolhas.
e longa permanência, precisamos entender como, no
Brasil, são estabelecidos os modelos de internação para No Brasil, as modalidades de internação para tratamento
tratamento dos usuários de Álcool e outras Drogas. de usuários de álcool e outras drogas foram previstas em
2006, pela Lei 10.216 (também conhecida como Lei Paulo
Você já deve ter ouvido falar nas modalidades de internação Delgado), e dispõe sobre os três modelos de internação:
existentes no Brasil, bem como as discussões e polêmicas voluntária, involuntária e compulsória.
em relação às modalidades de internação involuntária e
compulsória. Mas você as conhece? Sabe como funciona Em 2019, com a publicação da Lei 13.840, que dispõe
cada uma dessas modalidades de internação? sobre o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas,
estabeleceu-se que o tratamento do usuário de
Antes de prosseguirmos, é importante ressaltar que a substâncias psicoativas deverá ser realizado na rede de
internação, seja ela de qual modalidade for, é sempre atenção à saúde, priorizando a modalidade de tratamento
o último recurso que o profissional que trabalha com a ambulatorial e incluindo, excepcionalmente, a internação
demanda da dependência química deve lançar mão, pois em unidades de saúde e hospitais gerais. Esta lei prevê
as internações são indicadas para casos severos de dois tipos de internação: voluntária e involuntária, e só
dependência, em que a pessoa acometida pelo transtorno serão indicadas quando os recursos extra-hospitalares se
por uso de substâncias fecha critérios diagnósticos para mostrarem insuficientes.
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Internação Voluntária: deverá ser precedida de declaração escrita Na Atenção Especializada, os Centro de Atenção
da pessoa solicitante de que optou por este regime de tratamento. Psicossocial III (CAPS III) e os Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Droga III (CAPS AD III).
Internação Involuntária: deve ser realizada após a formalização
da decisão por médico responsável; será indicada depois da As Clínicas especializadas, conforme estabelecido no
avaliação sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de uso e Parecer do Conselho Federal de Medicina nº 8/2021, podem
na hipótese comprovada da impossibilidade de utilização de realizar tratamentos, uma vez que possuem estrutura para o
alternativas terapêuticas previstas na rede de atenção à saúde; processo de internação, tanto de curta permanência quanto
perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação, de longa permanência.
no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu término
determinado pelo médico responsável.
Tratamento de Longa Permanência
Previsto no componente da RAPS “Atenção Residencial de
Tratamento de Curta Permanência Caráter Transitório”, o tratamento de longa permanência
O tratamento de curta permanência está previsto na RAPS é realizado em Unidades de Acolhimento e Serviços de
no Componente de Atenção Hospitalar, bem como alguns Atenção em Regime Residencial, entre os quais estão as
serviços da Atenção Especializada. Este tratamento prevê Comunidades Terapêuticas.
duração de internação de até 15 dias.
A RAPS determina que o tempo de permanência seja
Na Atenção Hospitalar os serviços disponíveis são: Hospital estabelecido de 6 e 9 meses, para Unidade de Acolhimento
Geral e Hospital Psiquiátrico. e CTs, respectivamente.
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Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
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