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Curso Gratuito Introdução à


Educação Física Escolar e
Psicomotricidade

Carga horária: 30 hs
Conteúdo programático

Introdução

Psicomotricidade: história, conceito e os elementos psicomotores para o


desenvolvimento

A importância das brincadeiras na educação física

Aplicação das brincadeiras para desenvolvimento da psicomotricidade de modo


integral

A psicomotricidade como ferramenta pedagógica nas aulas de educação física

A Educação Física escolar

A Educação Física escolar e a sua relação com a aprendizagem

A Educação Física e sua relação com a Psicomotricidade

Propostas de Trabalho

Importância e aplicabilidade

Jogos e brincadeiras no ensino infantil

Propósitos do Jogo

Classificando Jogos

Brincadeira e Jogos

O jogo na vida da criança

O jogo e sua importância para o desenvolvimento da criança

A educação física: seus benefícios para a educação infantil dentro das perspectivas
metodológica psicomotricidade

Referências
INTRODUÇÃO

O propósito da psicomotricidade na educação física é desenvolver o corpo de

modo integral, tendo sua característica à união do corpo, mente e sentimento, tudo

relacionado ao mundo interno e externo do indivíduo, devendo este desenvolvimento

ser iniciado na educação infantil para que a criança inicie a formação por completa.

(XISTO; BENETTI, 2012)

Por meio das atividades lúdicas como jogos, brinquedos, brincadeiras é

possível desenvolver integralmente a aprendizagem da criança, ampliando as

capacidades como afetividade, concentração e percepção motora, fazendo com que

o indivíduo se envolva com outros por meio de jogos, potencializando e testando seus

limites e emoções. Sua prática pode ser vista tanto na escola quanto no cotidiano da

criança, devendo ser estimulada pelo professor de educação física que entrará como

mediador, intervindo para o desenvolvimento. (CAMARGOS; MACIEL, 2016)

Todos os recursos disponíveis devem ser utilizados dentro da educação física,

visando à formação da criança, haja vista que, muitos problemas desenvolvidos na

aprendizagem podem estar relacionados a um campo da psicomotricidade mal

desenvolvido ou pouco estimulado. (RAMOS; FERNANDES, 2011)

PSICOMOTRICIDADE: HISTÓRIA, CONCEITO E OS ELEMENTOS

PSICOMOTORES PARA O DESENVOLVIMENTO


A psicomotricidade aplicada na

educação física teve sua origem na

França, em 1966, com o intuito de

desenvolver a integralidade do corpo

na educação. Ainda cita que os

professores tinham como objetivo

pedagógico principal, a excelência dos

movimentos de uma forma mecânica. (XISTO; BENETTI, 2012)

Por volta da década de 80, surge um questionamento sobre o papel da

educação física dentro da escola, e com isso o surgimento de novas propostas

teóricas pedagógicas específicas da educação física e, a abordagem psicomotora é

uma delas, tendo como principal representante Jean Le Boulch. (FERREIRA;

SAMPAIO, 2013)

A psicomotricidade sendo a ciência que tem como objeto de estudo o homem

através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo.

Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições

cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o

movimento, o intelecto e o afeto.

Na escola primária, a educação psicomotora deve ser vista como a base do

ensino, uma vez que desenvolve a consciência corporal, lateralidade, domínio do

tempo, coordenação de movimentos e a situar-se no espaço. (LE BOULCH, 2001).

Processo de desenvolvimento psicomotor, em conjunto de todos os elementos

motor, intelectual, emocional e expressivo é divido em primeira infância (0 a 3 anos) e

segunda infância (3 a 7 anos), tendo sua maturação concluída aproximadamente aos

8 anos. (BUENO, 1998)


O mundo exterior é mais interessante entre os 15 meses aos 3 anos, permitindo

a formação do seu lado afetivo e expressivo, estabilizando o seu lado espontâneo e

controlado, permitindo um ajustamento das funções o levando a um bom

desenvolvimento. Entre os 3 e 6 anos o processo de formação passa a ser o mundo

interno, formação do espaço temporal e esquema corporal do indivíduo e este

processo na psicomotricidade não pode ser formado com rupturas entre o mundo

ilusório e o mundo que reina uma organização e estrutura. (LE BOULCH, 2001)

Sendo assim, a psicomotricidade aplicada pelos educadores físicos em seu

método pedagógico no ensino infantil, são atividades lúdicas como as brincadeiras,

para o desenvolvimento da criança. (CAMARGO; MACIEL, 2016). Molinari e Sens

(2003) complementam a relação da psicomotricidade com a educação física, como

estratégia didática, para uma melhor conduta com mental do indivíduo e seu

movimento harmonioso.

Beckert (2015) ainda cita que, a relação do corpo e mente possui dois fins, a

ampliação dos movimentos corporais baseado em suas funções e o auxílio do

crescimento no campo afetivo por meio do mundo externo.

O movimento corporal é uma forma de comunicação e de relação com outros e

o mundo. O corpo é capaz de comunicar-se com ele próprio e ao meio ambiente do

indivíduo através de expressões, seja adulto ou criança. Mas nas crianças, o processo

de interação corpo, mente e sentimento está em estado de transformação, devendo

ser trabalhado na educação infantil por vias da psicomotricidade. (RAMOS;

FERNANDES, 2011)

As mudanças ocorridas na capacidade mental, como aprendizagem, a

linguagem, memória, pensamento e raciocínio, estão relacionadas ao


desenvolvimento cognitivo. A formação da personalidade e atributos próprios do

indivíduo por meio de relações sociais está relacionada ao desenvolvimento social e

afetivo. (PAPALIA; OLDS, 2000)

Juntamente com o desenvolvimento intelectual e social, existem elementos

psicomotores que caracterizam a psicomotricidade. Estes elementos permitem o

movimento do corpo e o reconhecimento do indivíduo sobre si, como as atividades

motoras, a coordenação motora ampla e fina, o equilíbrio postural, ritmo, lateralidade,

conhecimento corporal, todas trabalham em conjunto e tem suas características, como

citado no quadro abaixo. (AQUINO, 2012)

Quadro 1 – Elementos Psicomotores


A aprendizagem está em conjunto das ordens físicas, psíquica e sociocultural,

capacitando a criança a ser, a aprender, a fazer e a ter, organizando e equilibrando

sua relação com os diferentes meios e se relacionando com o mundo, devendo ser

estimulada durante o início do seu desenvolvimento. (SEARA; ZAGO, 2010)

Ao formar o indivíduo por meio da aplicação da psicomotricidade, o professor

estruturará os movimentos corporais, afetivos e lógicos. As situações e expressões

criadas pela criança junto com outras, desenvolve seu lado social. (MOLINARI; SENS

2003). O profissional de educação física deve compreender o valor da

psicomotricidade na evolução dos elementos intelectuais e físicos do aluno.

(BECKERT, 2015)

A não aplicação ou falta de estimulo dos elementos psicomotores de base

durante o desenvolvimento infantil, acarretará para a criança dificuldades em sua

evolução física, psíquica e social, como dificuldade em criar, expressar, socializar com

outros, possibilitando problemas na aprendizagem da escrita, leitura, direção,

podendo torná-la insegura, tímida, além das restrições nas capacidades motoras.

(KAMILA, 2010)

Silva et al. (2017) ainda cita que, os problemas encontrados na formação

escolar não se refere ao nível de classe onde encontra-se a criança, mas que a raiz

do problema está na estruturação dos elementos de base.

Le Boulch (1986) afirma: Muitos dos problemas de reeducação, não seriam

mais colocados, se, ao lado da leitura, da escrita, da aritmética, uma parte do tempo

escolar fosse reservado a uma educação psicomotora cujo material principal seria o

movimento, associado a exercícios gráficos e as manipulações.

É necessário o respeito da faixa etária de cada indivíduo e suas dificuldades

dentro do ensino, permitindo a formação da personalidade sem limitação,


transformando em um ser crítico, capaz de agir perante o meio em que vive,

buscando a felicidade. (BECKERT, 2015)

A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

De acordo com as Diretrizes

Curriculares para Educação Infantil de

2010, o currículo pedagógico deve ser

estruturado e direcionado pela prática

de brincadeiras e interações, que

proporcione diversidade de

experiências, adquirindo

conhecimentos sobre si e o mundo, possibilitando o desenvolvimento do indivíduo

de modo integral.

Para o desenvolvimento das capacidades físicas, mentais, sociais e afetivas de

uma criança, o professor de educação física deve buscar formas de envolvê-la, com

atividades que gere a vontade e o prazer em praticar. Propondo aulas onde a criança

se movimente, socialize, exponha sentimentos e emoções, possibilitando a

capacidade de pensar, criar e recriar. E as atividades lúdicas como as brincadeiras,

brinquedos e jogos entram como aliadas para esse processo pedagógico na educação

física. (AQUINO 2012; SEARA; ZAGO, 2010)

A ludicidade está intrínseca no ser humano desde a pré-história. O ato de

brincar é a mais pura forma da criança se expressar, é brincando que ela expressa o

que está sentindo e interioriza o mundo ao seu redor. Porém, o ato de brincar vai muito

além, é neste momento que os jogos começam a apresentar-se, e


será através deles que a criança desenvolverá boa parte de suas habilidades

motoros e cognitivas.

Para melhor compreensão sobre a relação do desenvolvimento da criança por

meio de brincadeiras, se faz necessário conhecer alguns conceitos a respeito do

lúdico, jogo, brinquedo e brincadeira:

Segundo Almeida e Shigunov (2000): a brincadeira refere-se ao

comportamento espontâneo ao realizar uma atividade das mais diversas. O jogo, é

uma brincadeira que envolve certas regras, estipuladas pelos próprios participantes.

O brinquedo é identificado como o objeto de brincadeira. A atividade lúdica

compreende todos os conceitos anteriores.

Cordazzo e Vieira (2007) tem a seguinte definição sobre estas atividades:

A palavra em português que indica a ação lúdica infantil é caracterizada pelos

verbos brincar e jogar, sendo que brincar indica atividade lúdica não estruturada e

jogar, atividade que envolve os jogos de regras propriamente ditos. [...] a função do

brinquedo é a brincadeira. O brinquedo tem como princípio estimular a brincadeira e

convidar a criança para esta atividade. A brincadeira é definida como uma atividade

livre, que não pode ser delimitada e que, ao gerar prazer, possui um fim em si mesmo.

Jogos, brinquedos e brincadeiras estão respectivamente ligados ao lúdico,

vinculado à alegria, ao prazer, espontaneidade, gerando prazer e satisfação ao

realizar alguma atividade. Visto de forma cultural, o lúdico é caracterizado como a

forma da criança assimilar e interpretar o mundo, a cultura, objetos, as relações e

afetividade com outras pessoas, podendo desta maneira, o lúdico estar vinculado

tanto a cultura da criança quanto ao prazer. (CORDAZZO; VIEIRA, 2007)


A utilização de jogos dentro do ensino, além de proporcionar o prazer, alegria

e divertimento na realização da atividade, formará o conhecimento de regras que

devem ser seguidas, desenvolvendo a competição e sensação de perda, vitória,

conquista e derrota e a possibilidade em trabalhar em equipe, desenvolverá a

socialização. Já as brincadeiras estão atreladas a criatividade, que possibilita

mudanças através da criação do novo (ALMEIDA; SHIGUNOV, 2000). Um estímulo

para auxiliar na evolução psíquica, a brincadeira deve ser vista como um instrumento

de grande importância para o desenvolvimento infantil (ROLIM; GUERRA;

TASSIGNY, 2008).

O jogo pelo ponto de vista educacional significa divertimento, brincadeira,

passatempo, pois em nossa cultura o termo jogo é confundido com competição. Os

jogos infantis podem até incluir uma ou outra competição, mas visando sempre a

estimular o crescimento e aprendizagem com relação interpessoal, entre duas ou mais

pessoas realizadas através de determinadas regras, ainda que jogo seja uma

brincadeira que envolve regras. (FANTACHOLI, 2011)

Tavares e Souza Junior (2010), afirmam que as atividades por meio da

brincadeira devem ser trabalhadas de forma livre e espontânea, permitindo que a

criança se conheça por meio das suas escolhas e ações, desenvolvendo sua

personalidade e autonomia, tendo o professor como aliado para a orientação do

desenvolvimento promovendo a preparação para conhecimentos mais difíceis, por

meio da interação entre professor e aluno. Ao utilizar a prática das brincadeiras dentro

da educação física, como método de ensino/aprendizagem, é possível perceber as

necessidades de cada criança, os níveis de seu desenvolvimento e sua organização.

Silveira (2011) ressalva que, o brincar desenvolve várias habilidades,


tendo a possiblidade de vivenciar novos conhecimentos, por tanto é necessária sua

aplicação.

As brincadeiras devem ser resgatadas, de forma que os próprios alunos tragam

para a educação física novas experiências de atividades vivenciadas tanto na escola

como em seu cotidiano, fazendo com que tenham mais opções de atividades e

brincadeiras e que estas, proporcione satisfação, já que simula a vivência do dia-a-dia

do aluno. Desta forma, observa-se que, as brincadeiras são fortes influências para o

processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança, sendo praticadas dentro ou

fora da escola. (TAVARES; SOUZA JUNIOR, 2010)

APLICAÇÃO DAS BRINCADEIRAS PARA DESENVOLVIMENTO DA

PSICOMOTRICIADE DE MODO INTEGRAL

Com a prática das brincadeiras dentro do ambiente escolar, a criança vivência

experiências corporais, que a possibilita de criar conceitos e organizar esquemas. O

professor tem o papel de intermediador do desenvolvimento, possibilitando a

capacidade de aprender, por meio de descobertas ao propor situações e estímulos

variados, proporcionando experiências concretas, vividas com seu corpo de forma

geral. (BECKERT, 2015)

Ramos e Fernandes (2011) propõem que, para o desenvolvimento integral da

criança dentro do ambiente escolar, além do professor ser comprometido, deve haver

um planejamento antecipado que visa alcançar um objetivo, e que este planejamento

seja sempre reavaliado, traçando novas metas, por meio de observações feitas

durante as atividades, onde o desenvolvimento do aluno seja avaliado, tanto o motor

quanto social e emocional, os recursos não precisam ser


modernos e sofisticados, mas que disponha de um espaço onde consiga

desenvolver a aprendizagem da criança.

Diante desta opinião, AQUINO et al. (2012); KAMILA et al. (2010) e RAMOS e

FERNANDES (2011), propõem algumas atividades e brincadeiras que podem ser

utilizadas para se trabalhar os elementos psicomotores de base, contribuindo para o

desenvolvimento da criança:

Coordenação Motora Ampla – brincar de rolar, balançar, dar cambalhota,

amarelinha, futebol, rodar pneu de borracha, morto ou vivo, estátua, passar a bola,

passar anel, esconde-esconde, ciranda, jogar bexiga no alto sem deixar cair no chão,

pular corda e saco, brincar de queimada, rouba bandeira e fazer mimica;

Coordenação Motora Fina – recortes de papel, pinturas com tinta e giz, pegar

bola de gude utilizando os dedos como pinça, desenho de figuras geométricas na

areia, fazer bolinha de crepom, amarrar e desamarrar, tampar e destampar garrafa

pet, equilibrar ovo na colher, queimada, rouba bandeira, boliche e tiro ao alvo.

Lateralidade – corda, rodas e cirandas, dobradura, futebol de botão, caça ao

tesouro, amarelinha e manuseio de bolas com as mãos direita e depois esquerda;

Equilíbrio – caminhar por cima de cordas ou tacos, correr ou pular entre degraus

de escada, andar sobre prancha de equilíbrio e permanecer com um pé e voltar a

andar;

Estruturação Espacial – qualquer atividade onde a criança deva se localizar: à

frente, atrás, ao lado, à direita, à esquerda, embaixo, em cima, acima, para frente,

para trás, para cima/baixo, fora/dentro, perto/longe. Pode ser desenvolvido brincando

de cabra-cega, tiro ao alvo, estafetas com arcos e pular saco.

Orientação Temporal – qualquer atividade a qual se tenha a percepção do

movimento: rápido/lento, forte/franco, primeiro/seguinte/último, deslocamento por


marcação de batidas de pés e mãos ou outro instrumento, cantar cantigas,

queimada, boliche e tiro ao alvo;

Ritmo – praticar sons por meio de instrumentos confeccionados por materiais

recicláveis: chocalhos (latas), pratos (tampa de panela), tambores (lata de tinta). Por

meio de música: o professor toca um instrumento e as crianças caminham de acordo

com a pulsação;

Esquema Corporal – brincadeiras de cabra-cega, adoleta, bambolê, morto ou

vivo, jogos de imitação, danças livres, de rua, circulares; juntar partes de boneco

desmontável, desenhar o contorno do corpo de outra criança no chão, brincadeiras na

frente do espelho e mimica.

Além dos elementos psicomotores Ramos e Fernandes (2011) e Bueno (1998),

propõem outros desenvolvimentos perceptíveis, que são capacidades do indivíduo e

que também devem ser estimulados visando sua formação:

Percepção Olfativa – reconhecer os perfumes de flores, ou diferenciar cheiros

do cotidiano, pó de café, perfume, produtos de limpeza;

Percepção Gustativa – reconhecimento dos sabores, texturas, consistência:

comer alimentos diferentes que nunca haviam provado. Comer de olhos fechados,

diferenciar entre doce e salgado, azedo ou amargo, quente e frio;

Percepção Auditiva – criar sons fracos e fortes com o mesmo instrumento

(palmas, latas), descobrir entre dois sons qual o mais forte.

Percepção Visual – identificar e juntar objetos iguais, como tampinhas,

bolinhas, latinhas, agrupar objetos pelas formas, cor ou tamanho;

Percepção Tátil – apalpar vários tipos de tecidos, algodão, madeira, papel.

Fazer a criança andar por cima de vários objetos de consistência dura, jogados em
um tapete, de olhos vendados, para que reconheça sua consistência por contraste

do tapete macio.

Por meio das brincadeiras utilizadas para o desenvolvimento, Ferreira e Rubio

(2012), defendem a importância da utilização das músicas como um instrumento

sonoro, que serve de estímulo para a movimentação do corpo e formação do esquema

corporal, além de outras áreas como a afetiva/emocional.

Diversos aspectos relacionados à vida da criança podem ser desenvolvidos

pela prática das brincadeiras. Visando não apenas o aspecto motor, Almeida e

Shigunov (2000), destacam outros aspectos que são desenvolvimentos por meio de

atividades lúdicas, e que contribuem para formação da criança:

Aspecto Social – brincadeiras com bonecas e carrinhos, a criança manifesta

representações sociais, tendo como resultado a socialização;

Aspecto Educacional – quebra cabeça, jogos de montar e caça ao tesouro:

tem como objetivo a ampliação dos conhecimentos específicos e habilidades

cognitivas e psicomotoras;

Aspecto psicológico – jogos de confronto e competições: tem o objetivo de

compreender as emoções e a personalidade, tendo como possíveis resultados o

medo, cooperação, a sensação de perder e ganhar;

Aspecto Antropológico – brincar de casinha: a reprodução de atividades dos

adultos objetiva o reflexo de costumes, e resulta no conhecimento de cada cultura e

suas características.

Aspecto Folclórico – brincar de pião, cavalo de pau, amarelinha, que objetiva

o conhecimento de tradições e costumes, como resultado a sua manutenção.


Ao trabalhar as brincadeiras na educação física, o professor deve visar

objetivos para a formação da criança, como torná-la independente, segura, confiante,

conhecedora de seu corpo, valorização dos seus hábitos, a saúde, gerando

curiosidade para o desconhecido, explorando o ambiente visando à cooperação para

conservar. Por meio destas atividades lúdicas é possível provocar estímulos que

desenvolvam as emoções, desejos e necessidades, estabelecendo relações sociais,

formando seus interesses e pontos de vista, utilizando as variadas formas de

linguagem, como corporal, musical, oral e escrita, contribuindo para exposição de

suas ideias e para uma formação significativa da criança. (AQUINO 2012)

A PSICOMOTRICIDADE COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NAS

AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Na criança, a afetividade e a formação de sua personalidade estão

correspondentes à psicomotricidade, certas atividades possibilitam a criação e a

interpretação do mundo em que vivem, deste modo o ensino deve ser proporcionado

por meio de atividades lúdicas, jogos que trabalhem o desenvolvimento motor e

efetuam uma aprendizagem dinâmica e eficiente. (ARAÚJO E VALADARES, 1999).

De acordo com Enderle (1987) é necessário que a criança conheça seu corpo

e saiba seus limites, podendo assim conhecer o espaço que vive e possa mudar o

ambiente em que vivera e a sua personalidade.

Neste sentido Freire (1991) aponta que a Educação Física tem a finalidade de

estimular o desenvolvimento psicomotor, e como razão fundamental, o de aumentar e

melhorar a criatividade dos profissionais para que ocorra um maior auxílio na formação

integral do educando, possibilitando o desenvolvimento funcional e o


auxílio na expansão e equilíbrio de sua afetividade através da interação com o

ambiente.

Anteriormente a psicomotricidade destacava-se no desenvolvimento motor,

define Chauzaud (1987), mas com o passar do tempo, estudou a relação entre o

desenvolvimento motor e intelectual da criança, e modernamente estuda os aspectos

de noção de tempo e espaço, estruturação espacial e lateralidade.

Pode-se relatar que a psicomotricidade é a capacidade psíquica de realizar

movimentos, não abordando somente a realização do movimento propriamente dito,

mas da atividade psíquica que modifica a imagem para a ação em estímulos para os

procedimentos musculares adequados. (ENDERLE, 1987).

A psicomotricidade ajuda na intervenção e na prevenção de resultados

insatisfatórios no processo de ensino aprendizagem de cada indivíduo. (FONSECA,

1995).

Segundo Le Bouch (1984) a educação psicomotora irá conquistar seus

objetivos na escola, nos anos iniciais, pois nessa fase que a criança se conhece e

também a seu corpo, suas vontades e constrói sua personalidade, determinando

conceitos, pensamentos, ideias, crenças, por fim tornando um ser consciente.

De acordo com André (1999) a psicomotricidade demanda

educação e uma melhora dos movimentos

realizados pelo indivíduo, trazendo em conta os

seus aspectos psicomotores que serão

trabalhados e aprimorados por meio dos jogos

recreativos e lúdicos, exercícios,

brinquedos, brincadeiras cantada e ginástica escolar.

A Educação Física é uma educação integral dos seres


humanos onde a psicomotricidade atua como essencial ferramenta que consiste a

cada indivíduo um ser completo e único, podendo pensar, agir e sentir de forma

consciente, visto que ela está relacionada com a Educação Física, mas com a

obrigação de refletir em um processo de aprendizagem e desenvolvimento amplo e

global para os indivíduos, possibilitando a ligação entre os aspectos do

desenvolvimento humano (motor, intelectual, afetivo e social) estabelecendo relações

consigo (corpo-mente) e com o mundo material e simbólico e desta forma desenvolver

seus aspectos psicomotores, coordenação motora fina e global, estruturação espacial,

lateralidade entre outros. (FONSECA, 2004).

A criança se relaciona com o mundo em busca de modificações que

proporcionam o movimento em seu âmbito educacional garantindo sua socialização

com o meio em que vive, proporcionando mecanismos que requer uma expressão de

aprendizagem. (PEREIRA, 2009).

Portanto visa uma habilidade do indivíduo em motivar-se por aspectos que

podem ser trabalhados de maneira que garante uma função do seu ser, construindo

parâmetros que buscam identificar o seu interior.

Ressalta-se que nos anos iniciais do ensino fundamental a criança deve

descobrir atividades que possam ser construídas e vivenciadas que favoreçam o

indivíduo a capacidade de interação que o cerca. (MELO, 1996).

De modo geral o educador deve ter o intuito que a criança possa ter um breve

conhecimento sobre o que o educador vai propor em suas aulas, pois, assim,

garantem em sua personalidade o conhecimento prévio que permitem saberes na

interação de maneiras significativa, de acordo com PCN’s, 2000.

Visando uma percepção simbólica o educador precisa ser licenciado, pois

garantem ao indivíduo uma exclusividade de melhora em seu potencial baseando na


coerência dos fatores da psicomotricidade que tem uma relação no âmbito

educacional explorando movimentos e conhecimentos ao seu princípio.

Através da Educação Física Escolar, segundo os Parâmetros Curriculares

Nacionais simboliza o embasamento do conhecimento onde torna o indivíduo a

capacidade de diferenciar meios que consistem no seu âmbito, ou seja, contextualizar

de forma crítica a exploração do corpo e mente.

Desde o princípio a criança busca a socialização em trabalhar atividades em

conjunto que busca o retorno de sua aprendizagem com satisfação baseando-se nos

fatores da psicomotricidade.

A criança torna cria uma percepção e uma visibilidade que permite de forma a

pensar e repensar o que está em sua volta priorizando-se de fato com o meio em que

está inserido.

A psicomotricidade enfoca o movimento com o meio, tornando-se um suporte

para auxiliar a criança a adquirir o conhecimento do mundo que a rodeia. Através de

seu corpo, de suas percepções e sensações, da manipulação de objetos, dá à criança

a oportunidade de descobrir, criar e aprimorar conhecimentos que muitas vezes ficam

escondidos, e que não são desenvolvidos dentro da sala de aula (FERRONATTO,

2006).

A Educação Psicomotora deve ser aplicada e desenvolvida por meio de

favorecer o vínculo da criança com o ambiente em que é introduzida, utilizando o

movimento para beneficiar o desenvolvimento num todo.

A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda

criança que seja normal ou com problema. “Responde a uma dupla finalidade:

assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidade da criança e


ajudar sua afetividade a expandir-se através do intercâmbio com ambiente humano”.

(LE BOUCH, 1992).

A criança é um indivíduo em desenvolvimento e a psicomotricidade tem o papel

de contribuir para que ela se encontre nos saberes corporais, motores e afetivos

expandindo as condições fundamentais para as aprendizagens escolares.

(FURTADO, 1998).

A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base

na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares; leva a

criança a tomar consciências do seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço a

dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos.

“A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida

com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já

estruturadas” (LE BOUCH, 1992).

A Psicomotricidade interfere na aprendizagem, atuando na capacidade motora

partindo do raciocínio até possuir argumentos para a resolução de problemas e na

criação de suas próprias estratégias preceitos essenciais das aprendizagens

escolares. (VILAR, 2010).

A Educação psicomotora emprega-se do movimento para o crescimento das

capacidades cognitivas e motoras.

A educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e jogos

adequados a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de ser.

“Devendo estimar toda uma atitude relacionada ao corpo respeitando as diferenças

individuais e levando a autonomia do indivíduo como lugar de percepção, expressão

e criação em todo seu potencial” (NEGRINE, 1995).


Um trabalho intensivo a fim de aprimorar a coordenação motora de um aluno

recém ingressado no ambiente escolar poderá evitar problemas futuros de

aprendizagem e comportamento, até mesmo relacionamento social levando em conta

que eles podem ser reflexos de uma má formação motora.

O desenvolvimento de uma criança na idade escolar pode ser bem mais

satisfatório com um trabalho unindo os princípios da Educação Física e da

psicomotricidade, pois ambas interferem diretamente no desenvolvimento de um

indivíduo, podendo juntas proporcionar ao aluno uma melhor formação psicomotora e

disputarem si um autoconhecimento através de atividades lúdicas e trabalhos

dinâmicos.

A Educação Física escolar

A identidade da Educação Física escolar vem sendo moldada por várias

décadas, tendo a mesma passado por diversas fases e desde então essas influências

no campo pedagógico e científico.

Sabe-se que atualmente na área da Educação Física escolar existe várias

concepções que visam em comum o rompimento com o modelo mecanicista,

esportista e tradicional na prática pedagógica. A visão esportiva e de desempenho na

prática de atividades de Educação Física escolar em que buscava a descoberta de

novos talentos e a melhoria da aptidão física e que se excluíam os pouco habilidosos

tem ficado para trás.

A relação da Educação Física escolar e o seu papel social além de

competições, desempenho e descoberta de talentos e passou-se a discutir a influência

das teorias críticas da educação. Ocorrendo então uma mudança no


enfoque, no que se referia aos objetivos, conteúdos e pressupostos pedagógicos de

ensino aprendizagem, ampliando para além da visão biológica, enfatizando também

as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas, reconhecendo o aluno como

ser humano integral.

Esse reconhecimento de ser humano integral com suas origens cultura é

contemplado nos múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a

respeito do corpo e do movimento.

A Educação Física escolar e a sua relação com a aprendizagem

Segundo Darido a Educação Física escolar apresenta-se por meio de seus

conteúdos: conhecimento sobre o corpo, jogos e brincadeiras, esporte, dança

(atividade rítmica expressiva), ginástica, lutas e capoeira, para além do fazer.

Os objetivos da Educação Física escolar na aprendizagem no Ensino

Fundamental, ocorre por intermédio da democratização e acesso a informações e

experiências ambientais propostas pelo cotidiano escolar, proporcionar e promover a

autonomia dos alunos, e oportunidade de refletir sobre suas ações de maneira crítica.

A característica do envolvimento da Educação Física na aprendizagem se dá

expressivamente por meio de atividades de práticas corporais, projetos

interdisciplinares e transdisciplinares e ensino reflexivo, o qual explora a integração

professor - aluno, mídia - imaginário e cultura escolar.

De acordo com Soares (1992) a Educação Física na escola se

apresenta além do desenvolvimento motor e da

aptidão física, mas sim na utilização da pratica


reflexiva sobre a cultura corporal em seus aspectos mais amplos relacionados ao

conhecimento global.

Ao pesquisar-se os Parâmetros Curriculares Nacionais, observa-se que a

Educação Física e a Educação de uma maneira geral buscam proporcionar aos alunos

o desenvolvimento integral, sistematizando situações de ensino aprendizagem que

garantam acesso ao conhecimento prático e conceitual visando o aprimoramento de

suas potencialidades.

Independente dos conteúdos a serem trabalhados, os processos de ensino

aprendizagem devem ser considerados nos alunos em todas as dimensões (cognitiva,

afetiva, corporal, ética, estética, relação interpessoal e inserção social), o mesmo deve

aprender além das técnicas, mas que sua aprendizagem possas contribuir para

construção de um estilo pessoal.

No entanto, nas aulas de Educação Física embora seja bem evidente os

aspectos corporais, e a aprendizagem estejam vinculados a prática corporal o aluno

precisa ser observado nos seus aspectos cognitivo, afetivo e corporal em todas as

suas ações. No processo de Ensino aprendizagem a Educação Física, não se

restringe a simples prática corporal, mas em capacitar o aluno a refletir suas

possibilidades como ser humano.

Portanto, aprender a movimentar-se implica em planejar, experimentar, avaliar,

optar entre alternativas, coordenar ações do corpo com objetos no tempo e no espaço

e interagir com outras pessoas, e devem ser considerados e favorecidos os

procedimentos cognitivos no processo de ensino aprendizagem.

A Educação Física e sua relação com a Psicomotricidade


A Educação Física escolar nos dias atuais vem sendo pensada como ação

educativa integral do ser humano, assim como a psicomotricidade que relaciona o

indivíduo como um ser completo e único capaz de pensar e agir, deixando de lado as

características de dualidade de corpo e mente, e sim como um ser capaz de integrar-

se com si próprio e com o meio.

O trabalho da educação psicomotora é indispensável no desenvolvimento

motor, afetivo e psicológico do indivíduo para sua formação integral, e explorado por

meio de jogos e atividades lúdicas que oportunize a conscientização do próprio corpo

e ser.

Esta concepção de formação integral nos conceitos da Educação vem sendo

abordada como uma nova forma educativa para a formação de um ser completo e

autônomo de suas ações.

Assim como a psicomotricidade a Educação Física escolar era abordada

apenas como ferramenta de desenvolvimento motor. No entanto hoje com a inovação

nas perspectivas de uma Educação Física escolar que reconhece o ser humano como

um ser complexo de emoções e ações próprias, propiciadas por um contato corporal

e a sua relação com o mundo.

Entende-se que a Educação Física escolar e a sua relação com a

psicomotricidade têm como base as necessidades do ser humano em integrar-se com

o si próprio e com o ambiente por meio de ações e movimentos conscientes e de

experiências vivenciadas e adquiridas em todas as etapas da vida.

Tendo em vista que a psicomotricidade valoriza no ser a capacidade de

experimentar sentimentos e emoções através dos movimentos de seu próprio corpo,

a Educação Física associada a ações psicomotoras possibilita um desenvolvimento


global através do movimento corporal consciente, que sente, pensa e agi em

diferentes situações, sendo este um ser humano autônomo em suas realizações.

Atuando, no entanto, um modelo pedagógico em que a psicomotricidade nas

aulas de Educação Física escolar esteja fundamentada na interdependência do

desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo dos indivíduos e como componente

curricular na formação das estruturas de base para as tarefas educacionais e

cotidianas.

Propostas de Trabalho

Atividades pré-desportivas de cultura corporal de movimento.

Atividades recreativas de cultura corporal de movimento (na integra do

trabalho).

Importância e aplicabilidade
Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através

do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está

relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições

cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o

movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado

para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das

experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua

linguagem e sua socialização.

A Educação Física Escolar atualmente levou-nos a perceber as diversas

possibilidades de garantir a formação integral dos alunos por meio do movimento

humano. No entanto, a busca por ferramentas de auxílio na aprendizagem escolar tem

se tornado uma constante multidisciplinar, na qual a Educação Física e o

conhecimento da psicomotricidade nas aulas abrangem a relação desenvolvimento

motor e intelectual da criança. Compreendendo que os estudos atuais ultrapassam os

problemas motores, pesquisam-se as ligações com as áreas psicomotoras:

Coordenação Motora Fina e Global, Estruturação Espacial, Orientação Temporal,

Lateralidade, Estruturação Corporal e as relações com a aprendizagem no contexto

escolar.

Segundo Barreto (2000) o desenvolvimento psicomotor é importante na

prevenção de problemas de aprendizagem. Portanto, a psicomotricidade nas aulas de

Educação Física pode auxiliar na aprendizagem escolar, contribuindo para um

fenômeno cultural que consiste em ações psicomotoras exercidas sobre o ser humano

de maneira a favorecer comportamentos e transformações. O homem comunica-se

através da linguagem verbal, também através de gestos, movimentos, olhares, forma

de caminhar – sua linguagem corporal. A esta comunicação, a este


estar-no-mundo intenso dentro do limite da corporeidade-espaço próprio do sujeito,

pode-se nominar psicomotricidade.

Embora, conforme admitem os próprios autores, esta visão possa ir longe

demais enquanto generalização, os estudos sobre o desenvolvimento humano

parecem seguir esquemas, descrevendo o desenvolvimento normal para que se

possa compreender o diferente. A psicomotricidade não foge a esta regra quando

define os padrões considerados normais para o desenvolvimento psicomotor

(considerando descrições feitas pela neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia e áreas

afins), desenvolvendo pontos de referência escalonados a partir dos quais se poderão

construir todos os testes infantis e as escalas de quociente de desenvolvimento; e, por

conseguinte, avaliar e diagnosticar o atraso atual, assim como o desenvolvimento

futuro. (Coste, 1981) “A identidade da Psicomotricidade e a validade dos conceitos

que emprega para se legitimar revelam uma síntese inquestionável entre o afetivo e o

cognitivo, que se encontram no motor, é a lógica do funcionamento do sistema

nervoso, em cuja integração maturativa emerge uma mente que transporta imagens e

representações e que resulta duma aprendizagem mediatizada dentro dum contexto

sociocultural e sócio-histórico” (Fonseca, 1988).

Segundo Fonseca (1988) em Psicomotricidade, o corpo não é entendido como

fiel instrumento de adaptação ao meio envolvente ou como instrumento mecânico que

é preciso educar, dominar, comandar, automatizar, treinar ou aperfeiçoar, pelo

contrário, o seu enfoque centra-se na importância da qualidade relacional e na

mediatização, visando à fluidez eutônica, a segurança gravitacional, a estruturação

somatognósica e a organização práxica expressiva do indivíduo. Privilegia a totalidade

do ser, a sua dimensão prospectiva de evolução e a sua


unidade psicossomática, por isso está mais próxima da neurologia, da psicologia, da

psiquiatria, da psicanálise, da fenomenologia, da antropologia etc.

A psicomotricidade é a posição global do sujeito. Pode ser entendido como a

função de ser humano que sintetiza psiquismo e motricidade com o propósito de

permitir ao indivíduo adaptar de maneira flexível e harmoniosa ao meio que o cerca.

Pode ser entendido como um olhar globalizado que percebe a relação entre a

motricidade e o psiquismo como entre o indivíduo global e o mundo externo. Pode ser

entendido como uma técnica cuja organização de atividades possibilite à pessoa

conhecer de uma maneira concreta seu ser e seu ambiente de imediato para atuar de

maneira adaptada. (De Meur y Staes, 1984).

A Educação Física e a psicomotricidade são metodologias interligadas em que

o desenvolvimento dos aspectos motor, social, emocional dos movimentos corporais

é vivenciado, através de atividades motoras. Pode-se afirmar que a Educação Física

possui um impacto positivo no pensamento, no conhecimento e ação, nos domínios

cognitivos, na vida do ser humano. Entretanto o indivíduo fisicamente educado vai

para uma vida ativa, saudável e produtiva, criando uma integração segura e adequado

desenvolvimento de corpo, mente e espírito.

Portanto, a Educação Física, pelas suas possibilidades de desenvolver a

dimensão psicomotora das pessoas, com os domínios cognitivos e sociais, é de

grande importância no desenvolvimento da aprendizagem escolar. Assim a Educação

Física, através de atividades afetivas, psicomotoras e sociopsicomotoras, constituem-

se num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso na interação entre o espírito

e o corpo, a afetividade e a energia, o indivíduo e o grupo, promovendo a totalidade

do ser humano.
JOGOS E BRINCADEIRAS NO ENSINO

O que é jogo? Jogos têm sido definido como “atividades nas quais uma ou mais

crianças se envolvem em uma brincadeira cooperativa, colaborativa ou competitiva,

com ou sem um objeto, dentro da estrutura de certas regras e limites” (Alisson e

Barreto, 2000). Jogos dão as crianças uma oportunidade de utilizar combinações de

habilidades motoras independentes ou combinações entre habilidades motoras

(estabilidade locomotoras e manipulativas) e conceitos de movimento (consciência de

espaço- mudança de direção; consciência de esforço- mudanças de velocidade, e

consciência de relacionamento- em relação a objetos, alvos, limites, outros jogadores,

com intuito de atingir uma meta.

Propósitos do Jogo

A inclusão de jogos na aula de educação física começa, em geral, durante a

educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental, professores usam jogos

como uma ferramenta educacional. Cada jogo realizado deve ser escolhido por
razões especificas, que dependem da natureza da aula. Estas razões podem ir desde

a prática de habilidades motoras especificas e o aprimoramento de vários

componentes da boa forma física, até a promoção de aprendizagem social ou

desenvolvimento de conceitos acadêmicos.

Classificando Jogos

Um jogo possui 5 componentes críticos que são estes: limites, regras, uso de

habilidades motoras e conceitos de movimento, estratégias e papeis do jogador. Há

quatro abordagens básicas para classificar jogos: a abordagem das categorias do

jogo, a abordagem de jogos para compreensão, a abordagem do conteúdo central e

a abordagem dos jogos desenvolvimentista.

O jogo pode ser definido como uma atividade ou ocupação voluntaria, o real e

a fantasia se encontram, que possuem característica competitiva, ocorrem no espaço

físico e de tempos determinados, desenvolve- se sobre regras aceitas pelo grupo de

participantes, e são, em geral, habilidade física, o desempenho individual diante das

situações de jogo, e as vezes a sorte, os componentes responsáveis pela

determinação dos seus resultados. Com frequência, sua prática se dá num clima de

tensão e expectativa, principalmente face ao desconhecido antecipado do resultado

final.

Entende – se brincadeira como uma categoria mais abrangente, que inclui os

jogos e também outras ações, como as correrias nos pátios, o mexer com areia ou

com a água, a tentativa de saltar um grande número de degraus ou procurar alcançar

um objeto num nível elevado como um galho de arvore ou um cordão e etc.


Educadores e outros pesquisadores da educação incentiva a prática do jogo

como forma de aperfeiçoar o desenvolvimento infantil. Pode se afirmar que os jogos

estão adquirindo gradualmente uma nova dimensão. Vistos sob o enfoque de

integração aos currículos das escolas, deixam de ser consideradas atividades

secundárias e passaram a ser pedagogicamente como partes dos conteúdos.

Brincadeira E Jogos

A brincadeira, para Kishimoto (2003),

é a descrição de uma conduta estruturada,

abrangendo regras e jogo infantil, com o

intuito de possibilitar o envolvimento das

crianças durante um determinado tempo.

Segundo Kishimoto (2003), essa

pouca seriedade está relacionada ao cômico e ao riso; a criança, ao brincar, se

distancia da vida cotidiana, ou seja, encontra-se no mundo imaginário; o jogo só é jogo

quando apenas pensam em brincar. Contudo, para a autora, muitas vezes o jogo

engajado no processo educativo desvirtua esse critério ao priorizar a aprendizagem

de noções e habilidades durante as aulas; além do mais, o professor, ao trabalhar com

o jogo de forma coercitiva, impossibilitando a liberdade de expressão das crianças,

faz com que predomine um ensino direcionado por ele.

O JOGO NA VIDA DA CRIANÇA


As atividades lúdicas, desde muitos séculos, integram-se ao quotidiano das

pessoas sob várias formas, sejam elas individuais, sejam elas coletivas, sempre

obedecendo ao espírito e à necessidade cultural de cada época. E assim podemos

evidenciar que dentro das atividades de lazer, vivenciadas especialmente na idade

infantil, o jogo toma um aspecto muito significativo quando ele se desvincula de ser

meio para atingir a um fim qualquer.

Revendo a história, certificamo-nos de que sua importância foi percebida em

todos os tempos, principalmente quando se apresentava como fator essencial na

construção da personalidade da criança. Com o passar dos tempos, na era cristã,

várias concepções foram se formulando em torno do jogo. Umas de maneira muito

significativa, outras discriminando a criança e seu interesse pelas atividades lúdicas.

O jogo e sua importância para o desenvolvimento da criança.

Segundo Ferreira (2004) “jogo é uma atividade física ou mental fundada em um

sistema de regras que definem a perda ou o ganho” (p. 438). Já para Huizinga apud

Ayoub (2005) jogo é uma atividade própria do ser humano, que só pode ser assim

denominado caso não esteja sujeito a ordens e seja voluntária. Partindo dessas ideias

é possível identificar o quão complexa é a definição de jogo, porém indo de encontro

ao princípio de que iremos abordar a respeito de suas implicações na aprendizagem,

nada mais justo do que aceitar a definição de Huizinga, pois a criança só será capaz

de retirar algo significativo do jogo caso este lhe traga possibilidades de remodelar

seu pensar, seu agir e criar, podendo assim transformar uma imaginação em ação

para posterior aprendizagem.


Diante das infinitas possibilidades de aprendizagem por via do jogo, é válido

ressaltar sua importância pedagógica. No processo de aquisição de conhecimentos a

criança expõe características as quais são apuradas por meio deste, dando

possibilidade de através do mundo imaginário auxiliado pela coletividade formular um

conceito, uma ideia.

 Sobre isso se destaca:

Todos conhecemos o grande papel que os jogos da criança desempenha a

imitação, com muita frequência estes jogos são apenas um eco do que as crianças

viram e escutaram aos adultos, não obstante estes elementos da sua experiência

anterior nunca se reproduzem no jogo de forma absolutamente igual e como

acontecem na realidade. “O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido,

mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova

realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança”.

(VYGOTSKI, 1979).

Para tanto, após toda uma discussão pautada no significado e importância do

jogo, temos uma pequena ideia de quão ampla são as suas possibilidades,

principalmente no que diz respeito a construção de uma identidade infantil, em uma

sociedade tão desgastada, nada mais justo do que propiciar a seus futuros adultos

convivências pautadas na imaginação, na construção do saber coletivo por meio da

invenção da realidade. Como já dizia Huizinga apud Kishimoto (2008), o jogo vem da

satisfação, e um indivíduo satisfeito torna-se estimulado e adentra num processo de

busca pelo desconhecido, de criação de infinitas possibilidades que norteiem a quebra

de barreiras e obstáculos no percurso da vida.


A EDUCAÇÃO FÍSICA: SEUS BENEFÍCIOS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

DENTRO DAS PERSPECTIVAS METODOLÓGICA PSICOMOTRICIDADE

Dando início ao movimento articulado, surge a perspectiva da Psicomotricidade

com o trabalho de Jean Le Bouch em contraposição ao modelo esportivista que levou

o professor de educação física a ultrapassar os limites lógicos e o rendimento corporal

em sua abordagem pedagógica. Utiliza da ludicidade para impulsionar o processo de

desenvolvimento e aprendizado. Traz a ideia de aprendizagem significativa,

espontânea e exploratória da criança, bem como suas relações interpessoais. Tem

foco na criança pré-escolar, analisa o jogo infantil e seus significados, tem na

psicomotricidade seus objetivos funcionais, onde os mecanismos de regulação entre

o sujeito e os seus meios permitem o jogo, da adaptação, que implica os processos

de assimilação e acomodação. (BOUCH, 1982, apud AZEVEDO et al, 2006).

A abordagem discutida anteriormente apresenta uma ideia consistente de como

a brincadeira, o jogo, o jogo simbólico, e entre outras atividades são fundamentais

para o desenvolvimento da criança. A partir das relações estabelecidas com regras, a

crianças ampliam o seu olhar infantil do mundo, criando uma nova realidade, ou seja,

aprendendo. Por isso, faz-se necessário ressaltar a importância do jogo como pré-

requisito para o desenvolvimento da aprendizagem.


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