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TRANSTORNO DO ESPECTRO

AUTISTA (TEA): anotações do


tópico e caderno
INTRODUÇÃO
O transtorno do espectro autista (TEA) faz psrte do grupo de desordens do
neurodesenvolvimento. Se é um transtorno do neurodesenvolvimento, obrigatoriamente
precisam estar presentes na infância, tem que a aparecer durante o desenvolvimento.

Impacta consideravelmente no curso de desenvolvimento do indivíduo

Evidencia-se nos comportamentos restritos e repetitivos, assim como os déficits


expressivos na comunicação social. Só existe autismo se tiver essas duas características.

Enquanto uma condição altamente variável, demanda uma caracterização individual


detalhada visando uma intervenção adequada e direcionada a um prognóstico coerente e
otimista.

Dois tipos de "surgimento do autismo":


1) Logo no início da vida -> são crianças que não possuem olhar compartilhado.
Exemplo: não olhar para o chocalho quando a mãe pede.
2) Aparecimento tardio (entre 18 e 24 meses) -> os sintomas não eram perceptíveis - as
crianças tiveram um desenvolvimento aparentemente normal, mas com o passar do
tempo, as demandas sociais aumentam, os sintomas, consequentemente, tornam-se mais
evidentes e o desenvolvimento passa a regredir.

Não existe cura para o autismo. Tem mudança no quadro com o tratamento adequado.

Já foi comprovado cientificamente que vacinas não causam autismo.

Não existe mais o termo "autista de alto funcionamento" ou "síndrome de asperger".


Dizer que é leve, não significa que não tem alteração.

DEFINIÇÃO
O termo autismo origina-se do grego autós que significa "de si mesmo"

A existência de uma população com o diagnóstico de autismo clinicamente muito


heterogênea impôs a adoção do conceito de espectro autista:

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•Permite acolher desde pacientes extremamente comprometidos e com deficiência intelectual
até pacientes intelectuais e capazes (antes chamado de síndrome de asperger), incluindo -se
ainda todas as variações entre esses extremos.

A consistência diagnóstica é dada pelo reconhecimento de um conjunto de sinais e


sintomas compartilhados por todos os pacientes que têm autismo.

ASPECTOS HISTÓRICOS
O autismo foi descrito inicialmente por Leo Kanner, em 1943. A partir da observação de
11 crianças Kanner descreveu a presença de 4 características básicas:

Déficits nas relações sociais;

Déficits na linguagem e comunicação;

Resistência à mudança, insistência nas mesmas coisas e inflexibilidade, estereotipias


motoras;

Início precoce, nos primeiros anos de vida.

Em 1944, Hans Asperger identificou quatro crianças com dificuldades na socialização,


com habilidades linguísticas preservadas, mas com problemas na comunicação social.

No final da década de 1970 uma pesquisa epidemiológica destacou três déficits


característicos em crianças com autismo:

"Tríade de Lorna Wing"

1) déficit na comunicação;

2) prejuízo na interação social;

3) limitação na capacidade imaginativa, na utilização da fantasia ao brincar.

Em 1980 o autismo foi reconhecido com uma categoria nosológica na terceira edição do
DSM.

Em 1994, o DSM4 expande o conceito de autismo, ampliando este quadro para cinco
condições:

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DSM 5: TEA
A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos,
conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia:

1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social


anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de
interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais.

2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social,
variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade

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no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência
total de expressões faciais e comunicação não verbal.

3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo,


de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a
dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de
interesse por pares.
A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões de comportamento
restritos e repetitivos.

B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme


manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os
exemplos são
apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto):

1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex.,


estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases
idiossincráticas).

2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de


comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em relação a pequenas
mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de
saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos
diariamente).

3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex.,
forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente
circunscritos ou perseverativos).

4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos


sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a
sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação
visual por luzes ou movimento).

C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas


podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as
capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na
vida).

D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social,


profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente.

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E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do
desenvolvimento
intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do
espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de
transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar
abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento.

DIAGNÓSTICO
Para diagnosticar o TEA, deve-se avaliar as crianças a partir de dois eixos centrais:

1. Alterações significativas na comunicação e sociabilidade;

2. Apresentar variedade restrita de interesses, comportamentos repetitivos;

Deve-se considerar a necessidade de apoio exigido (três níveis de gravidade):

necessidade de apoio;

necessidade de apoio substancial;

necessidade de apoio muito substancial;

O diagnóstico de TEA é fundamental para garantir à criança e sua família os serviços


necessários;

O diagnóstico e intervenção precoce sinalizam melhor prognóstico, oferta de tratamentos


efetivos que otimizam o funcionamento da criança com resultados cada vez melhores;

O contexto pode impactar na gravidade dos sintomas, amenizando ou potencializando

O TEA está associado a alterações genéticas, cognitivas, moleculares e comportamentais.

O diagnóstico do autismo é clínico e realizado a partir da:

Observação dos aspectos cognitivo e comportamentais do paciente;

Entrevista com família;

A investigação com frequencia envolve avaliações complementares: psicopedagógica,


fonoaudiológica, avaliação cognitiva e exames médicos;

No Brasil, o diagnóstico de TEA pode ser feito por profissionais da área de saúde:
médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais; que atual,
preferencialmente, numa perspectiva multi/ interdisciplinar;

A formação especializada e a prática clínica são essenciais para uma avaliação adequada;

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No Brasil, a CID-10 é referência de codificação, mas o DSM5 se constitui como guia
descritivo para realização do diagnóstico;

SINAIS DE ALERTA
6 meses:

Poucas expressões faciais, baixo contato ocular, ausência de sorriso social e pouco
engajamento sociocomunicativo;

9 meses:

Não faz troca de turma comunicativa; não balbucia “mama ou papa”; não olha
quando chamado; não olha para onde o adulto aponta; imitação pouca ou ausente.

12 meses:

Ausência de balbucio; não apresenta gestos convencionais (abanar para dar tchau,
por exemplo); não fala mamãe ou papai, ausência de atenção compartilhada;

Em qualquer idade: perdeu habilidades

Sintomas comuns: usa pessoas como ferramenta, resiste a mudanças de rotina; não se
mistura com outras crianças; não mantém contato visual; age como se fosse surdo; resiste
ao aprendizado; apresenta apego não apropriado a objetos; não demonstra medo de perigo;
apresenta risos e movimentos não apropriados. resiste ao contato físico; acentuada
hiperatividade física, entre outros.

VISÃO GERAL DAS POSSIBILIDADES DE


INTERVENÇÃO E MULTIDISCIPLINARIDADE
O padrão-ouro de intervenção no autismo é a intervenção precoce, realizada por uma
equipe multidisciplinar, que deve começar quando há suspeita ou logo após o diagnóstico;

Dada a heterogeneidade dos quadros de TEA, a avaliação específica de cada caso servirá
para indicar intervenções adequadas;

A base do tratamento do autista é composta por 3 pilares: família, equipe de educação e


equipe de sáude;

A reavaliação ao longo do processo interventivo é fundamental, e acompanha as


mudanças que ocorrem ao longo da vida do indivíduo;

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As modalidades terapêuticas voltadas para as crianças com TEA têm como proposta de
base:

Aumentar o potencial de desenvolvimento social;

A comunicação;

A proteção do funcionamento intelectual;

A redução de danos;

Melhoria na qualidade de vida;

Autonomia.

As intervenções envolve a família, buscando diminuir as angústias e auxiliando na busca


por terapias baseadas em evidências científicas;

Possibilidades de intervenção

ABA: estratégias que apresentam maior respaldo científico, são baseadas na análise
aplicada do comportamento mais conhecida pela sigla ABA

O modelo Denver de Intervenção Precoce (MDIP) tem como base a análise aplicada
do comportamento (ABA)

A terapia de integração sensorial organiza as informações sensoriais, com estratégias


que promovem a exploração adequada do corpo no ambiente;

Tecnologias da informação e comunicação (NTICS)- aplicativos, jogos, softwares e


outros recursos tecnológicos são desenvolvidos no intuito de aprimorar a intervenção
com autistas;

A comunicação suplementar e alternativa (CSA) utilizada especialmente para os


autistas que apresentam restrição na fala, utilizando, principalmente o sistema de
comunicação por trocas de figuras (PECS);

O treinamento parental - o objetivo central da orientaçã de pais é a psicoeducação;

Modelo TEACCH muito utilizado na área da educação, com o objetivo de


estruturação do ambiente por meio da organização de rotinas e estabelecimento de
sequências de atividades;

APOIO À FAMÍLIA
O diagnóstico de autismo impacta diretamente na dinâmica familiar;

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O peso cultural de ter um membro da família com autismo é grande, por isso, é
fundamental que a família, como um todo, seja acolhida;

O entendimento dos sintomas é fundamental para que a família consiga lidar com o
diagnóstico e trilhar o caminho da intervenção de maneira eficaz;

A ideia central das práticas centradas na família é a promoção do desenvolvimento de


suas competências, reconhecendo seus pontos fortes e capacidades, ressaltando suas
potencialidades;

INCLUSÃO
A inclusão envolve, primeiramente, a aceitação e o respeito à diferença, mas para aceitar
é preciso conhecer, se aproximar, entender a realidade;

Barreiras à inclusão:

A inclusao escolar é um direito universal, que no Brasil é validado na Constituição


Federal, em seu artigo 205 “toda criança tem direito à escola”.

A inclusão propõe a oportunidade de obter e manter níveis adequados de


aprendizagem considerando a peculiaridade de cada aluno.

O desconhecimento das características apresentadas pelas crianças com TEA e a


falta de estratégias pedagógicas adequadas impactam diretamente no processo de
inclusão dessas crianças;

A inclusão de crianças com autismo geralmente esbarra em entraves estruturais,


materiais e também na falta de formação da comunidade escolar para que possam
compreender os fenômenos comportamentais desse grupo de alunos. A lei n 12.764
estabelece diretrizes para o desenvolvimento de ações e políticas de atendimento à
pessa com TEA. As políticas públicas possibilitam a concretização dos direitos
fundamentais, e com base nas necessidades da população;

Políticas públicas

Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012:

Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da pessoa com


Transtorno do Espectro Autista;

A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com


deficiência, para todos os efeitos legais.

VII - o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados


no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a

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pais e responsáveis;

VII - o estímulo à pesquisa científica com prioridade para estudos


epidemiológicos tendentes a dimensionar a magnitude e as características
do problema relativo ao TEA no país.

III- o acesso a ações e servições de saúde, com vistas à atenção integral às


suas necessidades de sáude, incluindo:

a) O diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;


b) O atendimento multiprofissional;

c) A nutrição adequada e a terapia nutricional;

d) Os medicamentos;

e) Informações que auxiliam no diagnóstico e no tratamento.

IV- o acesso:

a) À educação e ao ensino profissionalizante;

b) À moradia, inclusive á residência protegida;


c) Ao mercado de trabalho;

d) À previdência social e à assistência social

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