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Quem sou?

Ana Maria Prata Pravato - Pedagoga,


Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga.
Formação em Modificabilidade Cognitiva – PEI
Básico e I pelo Hadassah Institute – Canadá.
Palestrante, escritora, assessora pedagógica e
institucional e professora. Estudante de Psicologia.
Proprietária da Mediar Intervenção Clínica
Educacional. Vinte e seis anos de experiência
profissional.

Contatos:
Tel: (27) 99979-9533
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Autismo e Altas Habilidades /// 2


Definição:
O QUE É O AUTISMO?
O TEA é uma condição do
neurodesenvolvimento que
pode se manifestar desde a mais
tenra infância. A criança com esse
transtorno apresenta
comprometimentos no
desenvolvimento das funções
associadas aos comportamentos
estereotipados, na área de O Autismo Infantil é uma Síndrome
comunicação e na interação presente desde o nascimento e se
social. TEA é caracterizado por manifesta invariavelmente antes dos
déficits persistentes na interação 36 meses de idade. Caracteriza-se
social recíproca (iniciar e por respostas anormais a estímulos
sustentar) e por padrões de auditivos ou visuais e por problemas
comportamento e interesses graves quanto à compreensão da
restritos e/ou repetitivos e linguagem falada.
inflexíveis.

Em alguns casos, a fala custa a aparecer e, quando isto acontece, nota-se


ecolalia, uso inadequado dos pronomes, estrutura gramatical imatura e
inabilidade de usar termos abstratos. Há também, em geral, incapacidade
na utilização social, tanto da linguagem verbal como da corporal. Ocorrem
problemas muito graves de relacionamento social antes dos cinco anos de
idade, como incapacidade de desenvolver contato olho a olho, ligação
social e jogos em grupo.
O comportamento é usualmente ritualístico, com rotinas de vida inflexíveis,
resistência a mudanças, ligação a objetos estranhos e um padrão de
brincar estereotipado.
Fica diminuída a capacidade para pensamentos abstratos e simbólicos e
para jogos imaginativos.

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A inteligência varia muito. A performance é com frequência melhor em tarefas
que requerem memória simples ou habilidade visoespacial, comparando-se
com aquelas que requerem capacidade simbólica ou linguística. Há,
entretanto, crianças autistas que manifestam apenas alguns destes sintomas.
Em outras, porém, elas variam em níveis de gravidades leves, moderados e
severos. Devido ao fato de que nenhum sintoma por si só é exclusivo do
autismo, os diagnósticos são
frequentemente confusos e complexos, principalmente quando o profissional
não está bem informado, necessitando de experiência e formação específica.

Existem formas mais graves nas quais crianças com TEA podem apresentar
comportamentos destrutivos, autolesivos e forte resistência a mudanças. Há
ainda crianças com níveis de inteligência mais preservados, onde é possível
observar determinadas habilidades bastante desenvolvidas, constituindo-se
em verdadeiros talentos relacionados a sensibilidade musical, habilidades
matemáticas, memorização, desenhos, pinturas, dentre outros.

Os 14 sintomas
cardeais para o
reconhecimento
do Transtorno
Autista

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PREVALÊNCIA DO AUTISMO

Os Estados Unidos atualizaram novos números da prevalência de autismo: 1


para 54. Os dados estatísticos foram publicados em março de 2020 pelo
CDC (Centers for Disease Control and Prevention — o Centro de Controle de
Doenças e Prevenção do governo dos EUA). Houve um aumento de 10%, em
relação aos dados de 2014, que era de 1 para 59.
Não há estudos estatísticos oficiais de quantas pessoas possuem o autismo
no Brasil e nem mesmo sobre quantas possuem o diagnóstico. Em 2018, foi
encaminhado um projeto de lei que viabiliza a coleta destes dados. Em 2020,
o senado aprovou projeto de lei que inclui o questionário do autismo no senso
demográfico brasileiro. O questionário básico possui 26 questões e será
aplicado em cerca de 71 milhões de domicílios brasileiros, ou seja, cerca de
10% da população brasileira. Atualmente, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), estimasse que há 2 milhões de pessoas com o transtorno no
país.

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DIAGNÓSTICO

No Brasil, são usados dois instrumentos para realizar o diagnóstico e a classificação


de transtornos mentais:

•CID: Código Internacional de Doenças, que atualmente se encontra na décima edição.

•DSM: Manual de Classificação de Doenças Mentais da Associação Americana de


Psiquiatria.

Atualmente, o uso dos destes e de outros instrumentos complementares( escalas de


comportamentos, testes neuropsicológicos etc.) possibilita a preparação de uma
condução terapêutica e educacional mais adequada.

O DSM está na 5ª edição, sendo denominado DSM-V. O CID está na 11ª edição, que
foi lançado recentemente.

DSM-V

No DSM IV, nós tínhamos 5 subtipos no diagnóstico de Transtorno Global do


Desenvolvimento:

 Transtorno Autista 299.0 [F84.0]


 Transtorno de Rett 299.80 [F84.2]
 Transtorno Desintegrativo da Infância 299.10 [F84.3]
 Transtorno de Asperger 299.80 [F84.5]
 Transtorno Global do Desenvolvimento SOE. 299.80 [F84.9]

A Síndrome de Rett foi excluída do TEA e passa a ser um diagnóstico distinto.

Os demais transtornos globais do desenvolvimento não existirão como diagnósticos


distintos. Assim, passa a ser um transtorno ao invés de quatro: Transtorno do Espectro
Autista - TEA.

Motivos da mudança:
Uma vez que todas as pessoas com Transtornos do Espectro Autista exibem alguns
dos comportamentos típicos, é melhor redefinir o diagnóstico por gravidade que ter
um rótulo completamente separado. Um único diagnóstico de TEA reflete melhor os
atuais achados.

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DSM-V: TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Critérios diagnósticos: 299.00 (F84.0)

A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos


contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia
(os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos):
1. Déficits na reciprocidade sociemocional, variando, por exemplo, de abordagem
social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a
compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para
iniciar ou responder a interações sociais.
2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação
social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco
integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na
compreensão e uso de gestos, a ausência total de expressões faciais e
comunicação não verbal.
3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por
exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos
sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em
fazer amigos, a ausência de interesses por pares
Especificar a gravidade atual:
A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões de
comportamento restritos e repetitivos (ver Tabela)

Cont. Critérios diagnósticos: 299.00


(F84.0)
B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme
manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os
exemplos são apenas ilustrativos e não exaustivos)
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p.
ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia,
frases idiossincráticas).
2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões
ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo
em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos
de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou
ingerir os mesmos alimentos diariamente).
3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco
(p. ex., forte apego a ou preocupações com objetos incomuns, interesses
excessivamente circunscritos ou perseverativos).
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por
aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura,
reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de
forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento.
Especificar a gravidade atual:
A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões
restritos e repetitivos de comportamento (ver Tabela)

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Cont. Critérios diagnósticos: 299.00 (F84.0)

C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas


podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as
capacidades limitadas ou poder ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na
vida).
D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional
ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente.
E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do
desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência
intelectual ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o
diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a
comunicação social deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento.
Nota: Indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem estabelecido de transtorno autista,
transtorno de Asperger ou transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação
devem receber o diagnóstico de transtorno do espectro autista. Indivíduos com déficits
acentuados na comunicação social, cujos sintomas, porém, não atendam, de outra forma,
critérios de transtorno do espectro autista, devem ser avaliados em relação a transtorno de
comunicação social (pragmática).
Especificar se:
Com ou sem comprometimento intelectual concomitante
Com ou sem comprometimento de linguagem concomitante
Associado a alguma condição médica ou genética conhecida ou a fator ambiental
Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental
Com catatonia.

Níveis de gravidade para o transtorno do espectro autista – DSM-V


Nível de Comunicação Social Interesses restritos e
gravidade comportamentos repetitivos.
Nível 3: Déficits graves em habilidades de Inflexibilidade de
Exigindo comunicação social verbal e não comportamento, extrema
apoio muito verbal causam prejuízo graves no dificuldade em lidar com a
substancial funcionamento; grande limitação mudança ou outros
em dar início a interação e comportamentos restritos
mínima resposta às propostas /repetitivos interferem
sociais dos outros. Por exemplo, acentuadamente no
uma pessoa com fala inteligível de funcionamento em todas as
poucas palavras que raramente esferas. Grande
inicia as alterações e, quando o sofrimento/dificuldade para
faz, tem abordagens incomuns ou mudar o foco das ações..
apenas para satisfazer a
necessidades e reage somente a
abordagens sociais muito diretas.

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Níveis de gravidade para o transtorno do espectro autista – DSM-V
Nível de Comunicação Social Interesses restritos e
gravidade comportamentos repetitivos.
Nível 2: Déficits graves nas habilidades de Inflexibilidade do
Exigindo comunicação social verbal e não comportamento, dificuldade de
apoio verbal; prejuízos sociais aparentes lidar com a mudança ou outros
substancia mesmo na presença de apoio; comportamentos
l limitação em dar início a interações restritos/repetitivos aparecem
sociais e resposta reduzida ou com frequência suficiente para
anormal a aberturas sociais que serem óbvios ao observador
partem de outros. Por exemplo, casual e interferem no
uma pessoa que fala frases funcionamento em uma
simples, cuja interação se limita a variedade de contextos.
interesses especiais reduzidos e Sofrimento e/ou dificuldade de
que apresenta comunicação não mudar o foco ou as ações
verbal acentuadamente estranha.

Níveis de gravidade para o transtorno do espectro autista – DSM-V

Nível de Comunicação Social Interesses restritos e


gravidad comportamentos repetitivos.
e
Nível 1: Na ausência de apoios, os déficits Inflexibilidade de
Exigindo na comunicação social causam comportamento causa
apoio prejuízos notáveis. Dificuldade em interferência significativa no
iniciar interações sociais e exemplos funcionamento em um ou mais
claros de respostas atípicas ou sem contextos. Dificuldade em trocar
sucesso a abertura sociais dos de atividade. Problemas para
outros. Pode parecer apresentar organização e planejamento são
interesse reduzido por interações obstáculos à independência .
sociais. Por exemplo, uma pessoa
que consegue falar frases
completas e envolver-se na
comunicação, embora apresente
falhas na conversação com os
outros e cujas tentativas de fazer
amizades são estranhas e
comumente malsucedidas

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ESCALAS DE
RASTREAMENTO DE
AUTISMO

• Links de acesso para escalas de rastreamento do autismo.


Vale considerar, que o professor não é o profissional do
diagnóstico. As escalas servem para auxiliar na habilidade de
observação do comportamento e para indicar sinais de alerta.
Não informe os pais um pré-diagnóstico, apenas informe os
comportamentos observados e encaminhe para os
profissionais habilitados: neuropsicólogos, psiquiatras,
psicopedagogos e outros especializados em autismo.

Links de acesso:

https://institutoinclusaobrasil.com.br/instrumentos-
diagnosticos-para-avaliar-o-autismo-tea/

https://www.scielo.br/img/revistas/rprs/v30n3/v30n3a11_a1.jpg

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A avaliação visa:

 Buscar prontidão para aprendizagem, situando-a numa faixa


etária de desenvolvimento.
 Oferecer ao indivíduo, à família e à escola uma atenção
mais especializada.
 Identificar os comportamentos apresentados pelo sujeito:
comportamentos desruptivos, padrão cognitivo (linguagem,
atenção, percepção e memória), habilidades sociais
adquiridas, motricidade etc.
 Proporcionar uma melhor qualidade de vida.
 Ajudar a entender possíveis evoluções dos quadros
apresentados.
 Identificar os centros de interesses, as habilidades motoras
e o tempo de atenção dirigida.

Formas de avaliar.

1. Avaliações formais.
2. Avaliações informais.

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A DUPLA-EXCEPCIONALIDADE: RELAÇÕES
ENTRE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO
E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM
A dupla-excepcionalidade pode ser entendida como a alta performance, talento,
habilidade ou potencial, associada a uma desordem psiquiátrica, educacional,
sensorial e física. Pessoas que demonstram capacidades superiores em uma ou
mais áreas poderiam ao mesmo tempo apresentar deficiências ou condições
incompatíveis com essas características.
O reconhecimento da dupla condição é resultado de observações clínicas, muito
mais do que estudos teóricos e empíricos.
MITO: AH/SD – não apresentam dificuldades educativas, emocionais,
comportamentais ou especiais, mesmo estando inclusas pela lei brasileira como
uma condição que necessita de atendimento educacional especializado/2012.
CLASSIFICAÇÃO DE GRANDES GRUPOS DE CRIANÇAS DUPLAMENTE
EXCEPCIONAIS COM AH/SD
Alta capacidade linguística - bons resultados na educação infantil, mas queda
de desempenho no ensino conforme a elevação das exigências do currículo
escolar, principalmente nas áreas de dificuldades, tornando os déficits mais
evidentes.
Dificuldades percebidas precocemente acabam mascarando seus talentos. Tais
crianças são encaminhadas para salas de reforço, mas não para a de
aceleração de sua potencialidade.
Crianças com talentos que mascaram as dificuldades, atuando de forma a
impedir a percepção e estimulação de seu potencial. Com comportamentos,
atitudes e realizações de crianças com essas características não se
assemelham com as comumente atribuídas a pessoas com habilidades
cognitivas desenvolvidas, pelo contrário, são comuns aspectos como:
resistência e comportamentos perturbadores em sala, hiperatividade,
negativismo, desempenho abaixo da media em leitura, escrita e matemática,
imaturidade social, etc. A dupla-excepcionalidade, e atingiria cerca de 41% da
população com esse quadro. Reconhece-se, assim, a possibilidade de
existência de diferentes modos de superdotação, bem como a heterogeneidade
dos indivíduos que compõem esse grupo. Três grandes áreas devem permear o
atendimento e pesquisa sobre essa dupla excepcionalidade: (a) identificação
apropriada, (b) intervenção e (c) suporte emocional e social.

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DUPLA-EXCEPCIONALIDADE ENTRE A SÍNDROME
DE ASPERGER(AS) E AS AH/SD (AS/AH/SD):

Unidos a critérios diagnósticos para AH/SD, deve-se observar também maiores


dificuldades de mudança de rotina e de contato social, ausência de compreensão
de abstração (considera tudo “ao pé da letra”), maiores complicações de ordem
motora e estereotipias. Ocorre na Síndrome de Asperger/Autismo de alto
funcionamento maior dificuldade em comportamentos que envolvam empatia e
expressão da afetividade; são criativos com jogos de palavras e em trocadilhos,
mas o humor estará alterado, não entendendo piadas e situações que exigiam
maior abstração (comumente isso não ocorre em crianças com AH/SD
puramente); as dificuldades no contato social serão frequentes
Sujeitos com AS E AH/SD. Para tanto, foram agrupados as características em
quatro categorias: cognição, interação social, comportamento adaptativo e
comunicação. Categorias semelhantes também foram apontadas por Simões ET
AL. As semelhanças compartilhadas entre AS e AH/SD seriam a ausência de
atrasos significativos na linguagem e desenvolvimento cognitivo, assim como
presença de fluência, precocidade e linguagem falada e escrita (hiperlexia),
vocabulário sofisticado, linguagem sofisticada e formal, desenvolvimento superior
em determinada área de interesse e desenvolvimento não equiparado entre
cognitivo e social/afetivo. Em indivíduos com AH/SD, diferentemente daqueles que
apresentam AS, encontrar-se-ia um maior desenvolvimento das seguintes
habilidades: alto grau de curiosidade, atenção concentrada, interesse por
problemas filosóficos, morais, políticos e sociais, assim como originalidade para
resolver problemas e criatividade.
Por fim, dentre as características de comunicação mais observadas nos indivíduos
com As, e que não se fazem presentes nas AH/SD, estariam as dificuldades para
iniciar ou manter conversa, o discernimento de um assunto como adequado, a
falta de linguagem corporal adequada, a incapacidade de interpretar a linguagem
corporal e expressões faciais alheias, a fala pedante e exagerada, as dificuldades
em identificar diferenças e variedades de sons da linguagem. Apontaram para uma
inteligência superior, habilidades em diferentes áreas (português, língua
estrangeira, ciências, matemática, informática e desenho), concomitantemente à
presença de dificuldades emocionais e sociais, claramente concluídos como um
caso de dupla-excepcionalidade.

Referência: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300008

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A HIPERLEXIA COMO UM PROBLEMA
O diagnóstico do Autismo se difere do diagnóstico de Altas
Habilidades/Superdotação no que se refere ao aprendizado da leitura. A
criança com autismo também aprende de forma autônoma a leitura, mas
difere na habilidade de interpretação. Por isto, a hiperlexia no autismo é um
problema tendo em vista que, no inicio da infância, quando ocorre a leitura
precoce, há confusões com relação ao diagnóstico.
Uma criança que lê sozinha aos 3/4 anos de idade, geralmente, é
considerada um “pequeno gênio”, sendo desconsiderados sinais indicativos
de TEA: pouco interesse por atividades infantis; inadaptação social dos
comportamentos; falha na capacidade de imaginação e de interpretar;
vocabulário extremamente sofisticado, inclusive na fala, mas sem
compreensão do significado dos mesmos; resistência a mudanças de
rotinas em seu horários e atividades; busca encontrar padrões em todas as
situações.
A hiperlexia pode ser conceituada como uma síndrome, como um elemento
do diagnóstico do autismo, que envolve a capacidade de leitura precoce e a
obsessão por números e letras.

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ESTRATÉGIAS PARA REVERTER A
HIPERLEXIA

A primeira coisa que costumamos fazer é não incentivar o prosseguimento


dessa leitura compulsiva e descontextualizada. O que precisamos fazer é
contextualizar, utilizando o objeto de leitura de forma generalizada e que
esteja relacionada ao seu contexto cotidiano e social.
Outra estratégia é pedir que a criança desenhe aquilo que está
supostamente lendo, para dar início a uma representação gráfica, visto
que a leitura sem a escrita é outro problema causado pela hiperlexia.
Dicas de atividades enriquecedoras: incentivar o pensamento imaginativo
e a brincadeira, transformando sucata em brinquedos, brincar com letras,
inibir um pouco a quantidade de livros e revistas que está à mostra, dar
preferência a livros que possuam imagens mais compatíveis à faixa etária
da criança, explorar atividades lúdicas de teatros, de fantoches, de
músicas, de modelagens etc.
Se a criança rejeitar todas essas estratégias, indica-se a associação com
o método fônico, valorizando a prosódia (entonação) e a compreensão
das palavras e dos contextos . De certa forma, em casos de hiperlexia,
uma das principais estratégias é justamente inibir a leitura mecânica, o
que acaba fazendo com que muitos pais se preocupem com a perda de
interesse da criança pela leitura e pela escola. Porém, se soubermos
indicar o caminho adequado, isso não ocorrerá de forma alguma.

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MATERIAIS E LEITURAS
DE ALTAS HABILIDADES

https://www.lucianawickert.com.br/altas-
habilidades-superdotacao

https://novaescola.org.br/conteudo/1360/repletas
-de-necessidades

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altasha
bilidades.pdf
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S1413-65382009000300011&lng=pt&tlng=pt

http://www.altashabilidades.com.br/

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/m
e000452.pdf

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COMO A PESSOA COM TEA APRENDE?

Aprendizagem explicita: evidente e clara.

Respeitando o seu estilo cognitivo diferenciado.

Quando as tarefas são visualmente estruturadas: clareza visual,


organização visual e instrução visual.

O que é mais importante:

 AÇÃO – o que o sinalizador significa


para o indivíduo.
.
 O apoio visual – precisa favorecer a
aprendizagem da tarefa específica e as
aprendizagens futuras.

O APOIO VISUAL OFERECE INFORMAÇÕES CONCRETAS

Autismo e Altas Habilidades /// 19


COMORBIDADES

TRATAMENTO

Não existe ainda um tratamento específico que elimine as bases fisiológicas


irregulares ou anormais das pessoas com TEA. O tratamento consiste em
minimizar determinados sintomas, como hiperatividade, estereotipias,
agressividade (consigo e com os outros), irritabilidade, transtornos alimentares
e do sono. Necessita-se -considerar também a importância da rapidez do
diagnóstico e do tratamento para que o pessoa possa estar, o quanto antes,
mais capacitada para participar dos programas de atividades e terapias
psicossociais.
A farmacologia tenta administrar
alguns sintomas e não a curá-
los, uma vez que não temos, até
hoje, total evidências da(s)
causa(s) destes transtornos. Não
são todos os sintomas que terão
um tratamento prioritário, mas os
que causam maior prejuízo na
qualidade de vida da pessoa, os
que põem em risco a vida das
pessoas e os que prejudicam a
sua aprendizagem como, por
exemplo, a insônia, a
hiperatividade, a auto e a
heteroagressão. Vale considerar
que a
a pessoa com TEA, assim como
qualquer ser humano, possui um
corpo com uma composição
bioquímica diferente. Então, um
medicamento pode servir para
um e não servir para outro.

Autismo e Altas Habilidades /// 20


QUAIS AS PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS PARA
REABILITAÇÃO DA PESSOA COM TEA?

 Modificação de comportamento -ABA


 Terapia de "Holding“.
 Aproximação direta do paciente/aluno;
 Comunicação facilitada.
 Procedimentos de integraçã0o sensorial.
 Educação Especial: TEACCH.

 Ainda não se conhece a cura para o TEA. No entanto, existem


abordagens educacionais e de tratamentos que reduzem alguns
dos desafios associados a estas deficiências. A intervenção
terapêutica pode ajudar a diminuir os comportamentos destrutivos
e a intervenção educacional deve ensinar atividades que
promovam maior independência dessas pessoas. O tratamento,
para ser eficaz, precisa atender as necessidades comportamentais
individuais.1

PROCEDIMENTOS
Encontramos procedimentos diferentes, como terapia ABA, musicoterapia,
equoterapia, reorganização neurológica, integração sensorial,
comunicação facilitada, PECS (comunicação por figuras), vitaminas, dietas
etc. Alguns destes tratamentos foram comprovados cientificamente. O
importante é se manter atualizado e escolher os tratamentos possíveis.

 Links de acessos de materiais para intervenção:


PECS:

• https://pecs-brazil.com/sistema-de-comunicacao-por-troca-de-figuras-
pecs/https:/
• /lagartavirapupa.com.br/tag/pecs/
• https://www.autistologos.com/m-todo-teach

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Ainda que as intervenções educacionais sejam a chave para melhorar a
vida das pessoas com TEA, alguns pais e profissionais acreditam que
certos procedimentos exerçam papel importante no desenvolvimento das
habilidades comunicativas e na redução dos sintomas comportamentais
associados com o autismo. Estas terapias complementares incluem
música, arte, esportes, terapia com animal. Todas podem favorecer
no aumento das oportunidades de comunicação, desenvolvendo a
interação social e proporcionando conquistas.

Precisamos avaliar e investir na potencialidade de nossas crianças e


adolescentes, tanto da área de saúde mental quanto da educação
especial e lutar por uma vida mais digna para as pessoas com TEA. Não
sabemos ao certo o que elas sentem, se sofrem, se têm consciência de
seu problema, mas não podemos nos prender a isso e deixá-las
entregues à própria sorte. Ao invés disso, devemos a cada momento
percebê-las além da superfície e dar-lhes a chance de serem
compreendidas. Buscar recursos que favoreçam sua comunicação. Neste
sentido, acreditamos que uma integração entre os diversos
procedimentos terapêutico/pedagógicos, consolidando um modelo
integrativo, poderá melhorar a nossa forma de atingir os objetivos mais
nobres da vida humana: a dignidade de vida, amor, aceitação e
pertencimento.

Autismo e Altas Habilidades /// 22


COMO ELABORAR UM CURRÍCULO FUNCIONAL?

É preciso avaliar exaustivamente as capacidades da criança/jovem


para elaboração de uma proposta de intervenção curricular.

COMO É ELABORADO O PLANO DE INTERVENÇÃO?

• Não há um currículo pré-programado.

• A construção se dá por meio de uma


avaliação criteriosa.

• Com base na avalição, traçar o perfil de


desenvolvimento: habilidades e déficits.

Autismo e Altas Habilidades /// 23


Definição dos objetivos a serem alcançados.

Propostas de atividades visualmente estruturadas,


respeitando o estilo cognitivo diferenciado de quem
apresenta TEA.

Elaboração de materiais adaptados para o ensino


estruturado da pessoa com TEA.

O Processo de elaboração e execução das atividades a serem


aplicadas é lento e detalhista.

Material a ser utilizado.

Quantidade de informações.

Manuseio acessível.

Durabilidade de atividade.

Analise do contexto a ser aplicado: casa,


escola, terapia, sala de recurso.

Autismo e Altas Habilidades /// 24


Avaliar exige:
Observar sem interpretar as habilidades ou comportamentos que
estão sendo avaliados.
Definir as áreas a serem avaliadas – áreas em que se deseja intervir
.
Escolher as atividades correspondentes aos objetivos traçados.

Benefícios do uso de estruturas visuais para crianças e adolescentes


com TEA:
 Estruturas facilitam a compreensão.
 Auxiliam na aprendizagem.
 Reduzem comportamentos inadequados e distrabilidade.
 Estimulam o foco e a atenção.
 Permitem que se faça uso de suas habilidades em uma variedade
de ambientes.

Material estando pronto, necessita ser apresentado


individualmente.

ETAPAS

Construção Realização Introdução


Ensino da
da atividade.
independente de novos
tarefa. (autônomo). elementos.

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SUGESTÃO DE MATERIAIS SOBRE
AUTISMO PARA USAR EM SALA DE AULA

https://estudante.ifpb.edu.br/static/files/cartilha_espectro_autista.pdf -
CARTILHA
https://www.pinterest.pt/ofelixbatista/discrimina%C3%A7%C3%A3o-
visual/https://diversa.org.br/materiais-pedagógicos – MATERIAIS PARA
COMPRAR
https://www.youtube.com/watch?v=OaI-ii4HsdI -TEA - AUTISMO
EXPLICADO PARA CRIANÇAS | FAFÁ CONTA
https://www.youtube.com/watch?v=z40CGS-g0vs - MEU AMIGO FAZ IIIII
- CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS POR FAFÁ CONTA

Autismo e Altas Habilidades /// 27


HISTÓRIAS SOCIAIS

Indivíduos com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)


tendem apresentar déficits em comportamentos sociais, como
linguagem e interações interpessoais. Intervenções utilizando
histórias sociais têm mostrado resultados promissores no
ensino de comportamentos socialmente adequados e na
redução de comportamentos socialmente inadequados em sala
de aula, entre outros ambientes. Histórias sociais são
personalizadas a partir do repertório comportamental de cada
criança e apresentam as contingências de reforçamento
envolvidas no comportamento desejado, no próprio ambiente
em que o comportamento ocorre. Pesquisas e experimentos
indicam aumento nos comportamentos adequados e diminuição
nos inadequados após o uso de histórias sócias . Portanto, as
histórias sociais parecem representar uma estratégia
promissora na redução de comportamentos inadequados e
aumento de adequados em sala de aula, com tempo curto de
aplicação e baixo custo de construção dos materiais utilizados.

Links para acessos de artigos e recursos a serem adquiridos .


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Autismo e Altas Habilidades /// 28


Lembre-se:

O imput (entrada) visual está mais


preservado que o imput auditivo.

Sempre dispor o material da


esquerda para a direita.

Construir conceitos básicos:


classificação, estruturação do
conceito de igualdade e de
diferença.

O aprendizado é um ciclo contínuo.

Autismo e Altas Habilidades /// 29


REFERÊNCIAS
American Psychiatric Association [APA]. (1994). Pervasive Developmental Disorders. In: Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-4. (4th ed, pp. 65-78) Washington, DC: American Psychiatric
Association American Psychiatric Association [APA]. (2013).

Bosa, C. (2002). Atuais interpretações para antigas observações. In C. R. Baptista & C. Bosa. (Orgs.).
Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenção. (21-39). Porto Alegre: Artmed.

Brasil, Constituição. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, Distrito
Federal.

Brasil. (1996). Dispõe sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394. Brasília

Brasil. (2001). Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Decreto n° 3. Brasília.

Brasil. (2007). Atendimento educacional especializado. Orientações gerais e educação à distância. Brasília.

Brasil. (2009). Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e
seu Protocolo Facultativo. Decreto n° 6.949. Brasília.

Brasil. (2011). Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras
providências. Decreto n° 7611. Brasília.

Brasil. (2012). Regulamenta a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional
de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Decreto n° 8368. Brasília.

Brasil. (2012). Dispõe sobre a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista, e altera o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Lei nº 12.764.
Brasília.

Brasil. (2013). Orientação aos Sistemas de Ensino para a implementação da Lei nº 12.764/2012. Nota
Técnica n°. 24. Brasília. Brasil. (2014). Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Lei nº
13.005. Brasília.

Brasil. (2014). Orientação quanto a documentos comprobatórios de alunos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação no Censo Escolar. Nota Técnica n°. 04.
Brasília.

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