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AUTISMO

Guia introdutório sobre o TEA


Introdução
O conhecimento é o primeiro passo para identificar e auxiliar
uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Pensando nisso, preparamos este ebook para guiar você em
relação às dúvidas introdutórias que recebemos sobre o tema.

Organizamos este conteúdo em alguns tópicos:

1. O que é autismo?
2. Causas e mitos sobre o autismo
3. Identificação e diagnóstico
4. Tratamento
5. Tecnologia que auxilia o tratamento
O que é autismo?
O Transtorno do Espectro do Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que influencia no
comportamento do indivíduo. Por haver nuances no espectro, os sintomas variam entre cada pessoa autista, mas
há alguns fatores em comum que ajudam a identificá-lo.

As comunidades médica e científica definem que o TEA apresenta três características


fundamentais que podem se manifestar isoladamente ou em conjunto. São elas:

● Dificuldade de comunicação;
● Dificuldade de socialização;
● Padrão de comportamento restritivo e repetitivo (estereotipias).

As pessoas com autismo não apresentam um aspecto físico diferente; as alterações são percebidas
apenas por meio de comportamentos .
Sabe-se que 1 para 59 crianças
americanas têm diagnóstico de TEA.

No Brasil, não existem dados semelhantes, mas, usando a


estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que
1% da população mundial tem autismo, dessa forma,
podemos estimar que existam mais de 2 milhões de autistas
no país, ou melhor, mais de 2 milhões de famílias que são
impactadas pelo autismo no Brasil.

Graciela Pignatari
Doutora em biologia molecular e diretora executiva da Tismoo, startup que usa
sequenciamento genético para entender e tratar o transtorno no país.
Outros distúrbios e a definição de
TEA segundo o DSM-5
É comum que muitas pessoas se refiram ao autismo, asperger, autismo tardio e outros
distúrbios de forma separada. Mas em 2013 esse conceito mudou.
Desde 1952, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) faz a publicação do Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Esse material tornou-se uma referência na classificação de
diagnósticos de transtornos mentais, um guia que passou a ser utilizado por médicos de todo o mundo. Com
o avanço dos estudos, à medida que novas descobertas científicas foram surgindo, versões atualizadas do
manual foram anunciadas.

A 5ª e última edição do Manual, o DSM-5, foi lançada em 2013. Nessa versão, os transtornos do
neurodesenvolvimento foram combinados em um único diagnóstico, chamado de “Transtorno do Espectro
Autista (TEA)”. Portanto, por apresentarem características comportamentais parecidas, as condições que
eram anteriormente vistas de forma independente passaram a fazer parte do mesmo espectro.

O DSM-5 estabeleceu três níveis de gravidade do TEA: nível 1, 2 e 3. Segundo Joice Andrade, neuropsicóloga e
integrante da equipe do Jade Autism, “justamente por se tratar de um espectro, o transtorno passou a ter
níveis de classificação”.
Níveis de gravidade
do autismo
Antes da publicação do DSM-5, o nível 1 era conhecido popularmente
Nível 1 como “autismo leve”. Pessoas com o Nível 1 apresentam menos
prejuízos se comparados aos outros níveis de autismo e, justamente por
isso, normalmente demoram mais tempo para serem diagnosticadas.

Os sintomas incluem desinteresse ou dificuldade em iniciar


interações sociais, respostas atípicas para abertura social, falência na
conversação e tentativas de fazer amigos de forma estranha e mal
sucedida. Além disso, também podem apresentar dificuldade para
trocar de atividades, problemas com organização e planejamento.

Mesmo com sintomas mais leves e com independência para realizar


muitas tarefas, o tratamento e apoio terapêutico é indispensável.
Níveis de gravidade
do autismo

Nível 2 Pessoas diagnosticadas com Nível 2 têm prejuízos mais aparentes.


Mas, apesar de necessitarem de suporte substancial, muitos ainda
conseguem ter alguma independência.

Seus desafios podem incluir um maior déficit na comunicação


verbal e não verbal, aflição para mudar o foco ou a ação,
comportamentos repetitivos, sensibilidade à luz e aos sons. Em
alguns casos, o funcionamento mental pode ser abaixo da média.
Níveis de gravidade
do autismo

Nível 3 Pessoas diagnosticadas com o nível mais crítico do espectro apresentam


graves prejuízos no funcionamento. Por isso, podem necessitar de muito
suporte, até mesmo para realizar as tarefas de autocuidado do dia a dia,
como a higiene pessoal.

A abertura social dessas pessoas é muito limitada, com respostas mínimas


à interação e pouquíssima sensibilidade a determinados estímulos
sensoriais. A dificuldade para lidar com mudanças fica ainda mais extrema,
fazendo com que a alteração de ação ou de foco gere ainda mais aflição.

Além disso, apresentam comportamentos repetitivos ainda mais


significativos, grande prejuízo intelectual e de linguagem, podendo até
mesmo não se comunicar verbalmente.
Causas do autismo

O autismo é um transtorno multifatorial


que envolve fatores genéticos e
ambientais que podem se inter-relacionar
de diferentes formas.

Um estudo publicado em 2019 pelo JAMA


Psychiatry afirmou que o risco do autismo
é majoritariamente genético, em torno de
97%, com herdabilidade de 81%. Isso confere
apenas 1% a 3% aos fatores ambientais. A
pesquisa foi realizada com 2 milhões de
indivíduos em cinco países diferentes.
Sobre os fatores genéticos
Embora a genética seja um elemento importante no desenvolvimento do
autismo, ainda existe uma dificuldade na identificação dos genes
associados ao transtorno. Outros estudos já mostraram que o autismo não
é resultado de alterações em um único gene. Isso porque modificações em
cerca de 800 genes já foram associadas ao transtorno.

Sobre os fatores ambientais


Em relação aos fatores ambientais, o estudo publicado pelo JAMA
Psychiatry também mostra que a exposição de agentes intrauterinos
durante a gestação, como drogas, infecções e traumas, podem ter a ver
com o desenvolvimento do autismo.

A identificação das causas ambientais é um campo que ainda necessita de mais estudos.
MITOS sobre o autismo

A vacinação causa Pessoas com TEA não Toda pessoa com autismo têm
autismo olham nos olhos inteligência acima da média

Estudos científicos Embora o desconforto em Alguns autistas têm sim uma


comprovam que vacinas manter o contato visual seja inteligência acima da média, mas isso
NÃO causam autismo. Por algo recorrente entre pessoas também não é uma regra. Inclusive, há
isso, não deixe de vacinar o no espectro, não é uma regra. dados de pesquisas realizadas pelo
seu filho(a). Cada autista tem CDC (Centro de Controle de Doenças
características únicas, dos Estados Unidos) indicando que 38%
podendo apresentar ou não das pessoas com autismo têm
esse sintoma. deficiência intelectual.
MITOS sobre o autismo

O autismo afeta apenas O autismo Glúten, caseína,


pessoas do sexo masculino tem cura toxinas,
poluentes...
O número de meninos diagnosticados com autismo é cerca O autismo não é uma
de 4 vezes maior que o de meninas. Mas é importante doença, por isso, não Compostos químicos,
considerar que a maioria das metodologias de diagnósticos tem cura! Mas há desnutrição,
do TEA usam como referência dados de pessoas do sexo diversos tratamentos alimentação, vitaminas,
masculino. Por isso, a falta de informações sobre as que podem auxiliar ácido fólico, estresse,
particularidades e sintomas mais comuns em pessoas do no desenvolvimento amamentação e
sexo feminino podem ocasionar resultados tendenciosos. de novas habilidades depressão pós-parto
Isso faz com que muitas meninas e mulheres do espectro, e melhorar os NÃO causam autismo!
principalmente com autismo nível 1, sejam negligenciadas,
sintomas do autismo.
sofram com atrasos na identificação desse transtorno ou,
até mesmo, passem toda a vida sem receber o diagnóstico
correto.
Identificando o autismo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é
frequentemente identificado pelos pais,
professores e médicos até o terceiro ano de vida
da criança, período em que os primeiros sinais do
autismo costumam aparecer.

As principais características que indicam a


possibilidade de a criança ser autista são
dificuldade de comunicação, dificuldade de
socialização, comprometimento cognitivo,
padrões de comportamento restritivos e
repetitivos (estereotipias).
Sinais do autismo
No dia a dia da criança é possível perceber ações que apontam para esses
desvios comportamentais. Alguns exemplos são:

→ Atraso no aparecimento da fala → Isolamento social


→ Dificuldade de estabelecer contato visual e físico → Comportamentos repetitivos (estereotipias)
→ Hipersensibilidade, medo ou irritabilidade a → Rotinas e rituais elaborados e inflexíveis
certos sons e texturas → Fixações e fascinações direcionadas e intensas
→ Dificuldade ou desinteresse em brincar com → Poucas expressões faciais e gestos
outras crianças → Ansiedade excessiva

Observação: A criança não precisa ter todos os sinais para ser diagnosticada com autismo (TEA). Devido à
amplitude do espectro, nem todas as pessoas vão apresentar as mesmas características.
Diagnóstico
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que exige diagnóstico precoce. Quanto antes o autismo
for detectado, mais fácil conter os efeitos, o que garante um bem-estar maior para a pessoa no espectro.

Após observar desvios no comportamento da criança, os pais devem encaminhá-la para especialistas. Entre eles
pediatras, neurologistas e psiquiatras infantis. Estes profissionais atuarão para confirmar o diagnóstico e irão
orientar os pais em relação aos próximos passos.

O diagnóstico do autismo é um processo singular de cada paciente. Ainda que existam padrões de sintomas e
comportamentos, é importante lembrar que o profissional adequado e a documentação correta ajudam muito.
Isso se dá justamente pela ampla gama de sinais de TEA e a importância de identificar padrões.

Para o diagnóstico, muitos profissionais realizam uma entrevista com os pais para entender o comportamento da
criança. Também é comum recorrerem a fotos, vídeos e depoimentos dos professores e educadores. Devido à
possibilidade de ser uma condição genética, alguns profissionais também buscam investigar outros casos de
autismo na família da criança.

Com a identificação desses sinais, seguidos por um diagnóstico clínico, é possível encaminhar a pessoa para os
tratamentos adequados.
Tratamento

O autismo não é uma doença, mas uma


condição neurológica. Por isso, não tem cura!
Mas, independente disso e do nível de autismo, a pessoa
deve ser acompanhada por profissionais especializados.
Os mais indicados são fonoaudiólogos, terapeutas
ocupacionais, psicoterapeutas e nutricionistas (em
casos de seletividade alimentar).

Os tratamentos e medicamentos prescritos por esses


profissionais podem ajudar a diminuir os prejuízos
causados pelo transtorno, possibilitando uma melhor
interação, comunicação e o desenvolvimento de
habilidades para realizar as atividades do dia a dia,
adquirindo a autonomia necessária para a vida adulta.
Tratamento para o autismo
O trabalho com crianças autistas pode ser feito a partir de diversas abordagens profissionais.
Conheça algumas delas:

→ ABA (Applied Behavior Analysis): terapia comportamental que visa analisar as respostas da
criança à diferentes situações. Ela trabalha com intervenções personalizadas para que o
paciente saiba como reagir diante do mesmo cenário fora do ambiente terapêutico.

→ TEACHH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados à


Comunicação): auxilia o autista a compreender o ambiente ao seu redor e o que se espera
dele (como na escola e no trabalho, por exemplo). O objetivo dessa abordagem é
proporcionar independência, principalmente em relação às atividades já aprendidas.

→ PECS (Sistema de Comunicação por Troca de Figuras): auxilia principalmente os pacientes


com fala inexistente ou limitada. Figuras são utilizadas como forma principal de diálogo e
substituem a comunicação verbal sem que a criança fique desamparada.
Medicamentos para crianças autistas

Uma pergunta muito comum que recebemos é: existe um medicamento capaz de


curar o autismo? A resposta é NÃO!

O autismo não tem cura. Contudo, os medicamentos podem diminuir alguns sintomas, como a
irritabilidade, e melhorar o bem-estar da criança.

Entretanto, isso só deve ser feito por meio da indicação e acompanhamento de um profissional de
saúde. Normalmente, este trabalho fica sob a responsabilidade dos neuropediatras. São eles que
devem avaliar os sintomas e prescrever o medicamento adequado.

Em seguida, os pais de uma criança autista devem estar cientes que o tratamento medicamentoso
não deve ser feito isoladamente. A criança também deve ser acompanhada por outros profissionais
(como fisioterapeutas, psicólogos e pediatras).

Leia mais sobre medicamentos para crianças autistas.


Tecnologia que
auxilia o tratamento
Estudos mostram que o uso da tecnologia na
administração da terapia para autismo é muito eficaz.

Ela ajuda a diminuir a distância entre as horas de terapia


recomendada e a quantidade que crianças com TEA costumam
receber.

Essas indicações, somadas às evidências que demonstram que


crianças autistas têm uma tendência a tablets, celulares e
videogames.
A tecnologia é algo que abre portas no desenvolvimento de uma
criança. Entretanto, ela não é o principal elemento. É preciso que
as habilidades sejam ensinadas à medida que os jogos vão sendo
jogados. Essas brincadeiras online não devem ser uma fuga ou
uma forma de entreter a criança enquanto os pais fazem outra
coisa. Elas devem, na verdade, ser usadas em conjunto, para
estimular a interação. Há jogos para desenvolvimento de atenção,
de coordenação motora, de raciocínio lógico e de alfabetização.
Há também jogos em que os participantes precisam interagir
entre si para definir estratégias, por exemplo. Cada jogo vai
trabalhar uma determinada habilidade. A escolha, portanto, deve
ser orientada pelo terapeuta e pelos pais dessa criança.

Beatriz Zeppelini Nasser


Pedagoga, psicomotricista, especialista em Análise do Comportamento Aplicada ao
Autismo, especialista em Educação Especial e mestranda em Análise do
Comportamento Aplicada
Conheça o Jade Autism
Tudo isso incentivou a criação do Jade Autism!
O Jade Autism é um software terapêutico utilizado para o estímulo e
acompanhamento de pacientes autistas e com outras comorbidades
cognitivas. As soluções gamificadas estimulam a aprendizagem e o
desenvolvimento cognitivo dos jogadores de acordo com técnicas baseadas
em evidências científicas. As atividades incentivam a resolução de
problemas, a utilização de pensamentos estratégicos e a tomada de decisão,
tudo isso de forma divertida!

O APP conta com mais de 100.000 usuários com TEA em 179 países pelo
mundo. Algumas instituições no Brasil como a APAE, Unimed, entre outras,
também utilizam a ferramenta.

O Jade é um excelente suporte ao tratamento de pessoas no espectro por


fornecer relatórios e gráficos de prognóstico, possibilitando que os
especialistas tenham mais praticidade, agilidade e assertividade no
momento de analisar as respostas e o desenvolvimento de seus aprendizes.

Saiba mais e baixe o APP do jade Autism.


Esperamos que este material
tenha sido útil para você!
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