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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ............................................... 4

2.1 Arquitetura genética do transtorno do espectro autista ........................ 8

2.2 Epidemiologia e etiologia .................................................................... 10

2.3 Neurofisiologia e neuropatologia ........................................................ 11

2.4 Genética e outros aspectos ................................................................ 12

2.5 As causas do transtorno ..................................................................... 12

2.6 Transtorno do espectro autista (TEA) e a linguagem: a importância de


desenvolver a comunicação ....................................................................... 15

3 DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) .. 19

3.1 Tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) ....................... 21

3.2 Métodos TEACCH, ABA e PECS ....................................................... 25

3.2.1 TEACCH....................................................................................... 25

3.2.2 ABA .............................................................................................. 26

3.2.3 PECS............................................................................................ 26

4 AUTISMO INFANTIL E AUTISMO NA VIDA ADULTA ............................ 29

5 Equoterapia, TCC, Psicanálise .............................................................. 27

5.1 Terapia Fonoaudiologia, Ocupacional e Esporte ................................ 28

6 A INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS COM AUTISMO ..................... 29

7 FAMÍLIA E AUTISMO............................................................................... 34

8 ESCOLA E FAMÍLIA ................................................................................ 37

9 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................. 40

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

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2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Fonte: povosindigenas.com

O transtorno do espectro autista, apresenta sintomas que podem causar


prejuízos ou alterações básicas de comportamento, visto que o transtorno é definido
como uma condição comportamental, também pode afetar a interação social da
criança, dentre outras características como comportamentos repetitivos ou
estereotipados, alterações na cognição, dificuldades na comunicação, como por
exemplo, na aquisição da linguagem verbal e não verbal. É importante ressaltar que
nos marcos de desenvolvimento dessas habilidades tem um atraso significativo, isso
pode ser desenvolvido nos primeiros anos de vida da criança.
Como caracteriza Almeida et al. (2018), o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
pode ser considerado como um dos transtornos que faz parte do grupo de transtorno
de neurodesenvolvimento e ele é mais predominante na infância. Dois domínios
centrais fazem parte do TEA e é caracterizado também por eles:

1) Padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividades;


2) Déficits na comunicação social e interação social.
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Os atrasos de comportamento social da criança autista estão associados as
dificuldades de se relacionar com outras pessoas e conforme a criança vai crescendo,
tendem a ficar mais evidentes, pois as demandas sociais aumentam a cada dia, isso
significa que a criança não atinge os marcos evolutivos esperados para a sua idade.
Podemos dizer então que o atraso do comportamento social são sinais precoce do
autismo. Na maioria das vezes essa condição sobre a dificuldade de interação social
e de relacionamento pode passar a impressão de que a criança não consegue
socializar com outras pessoas, por estar fechada dentro de seu mundo particular
(GAIOTO et al., 2018).
Já a aquisição da linguagem verbal é percebida quando a criança não aprende
a falar ou tem atrasos significativos quando comparada a outras crianças da mesma
faixa etária. A aquisição da linguagem são dificuldades de linguagem e estão
presentes na grande maioria das crianças autistas e podem ser representadas
também pela aquisição de linguagem não verbal que é quando a criança não
consegue apontar para objetos ou não sabe o significado de “mandar tchau” ou até
mesmo quando alguém está triste e que por isso está chorando, a criança não
consegue fazer essa identificação (GAIOTO et al., 2018).
As repostas repetitivas são outras características comum nas crianças autistas.
Essas respostas são consideradas estereotipias motoras em que a criança acaba se
estimulando e objetivando a regulação sensorial e até mesmo uma busca por
sensações físicas de prazer. A maneira como a criança lida com essas respostas
repetitivas seria uma forma de se reorganizar diante de um incômodo ou uma situação
desconfortável e diminuir a ansiedade. Em caso de extrema ansiedade ou estresse as
crianças com estereotipias usam essa ferramenta como forma de buscar conforto e
autorregulação (GAIOTO et al., 2018).
Outros exemplos que são comuns em crianças com estereotipias motoras são
observados o rocking e o flapping. O primeiro consiste em mover o tronco para a
frente e para trás, movimentar as mãos na frente do rosto, andar na ponta dos pés,
olhar objetos que giram, girar sobre o próprio eixo ou correr sem um objeto claro. O
segundo movimento estereotipado, o flapping, consiste em balançar as mãos. A
deficiência intelectual é outra característica comum em crianças autista. As pesquisas
apontam cerca de 50% das crianças (TEA) apresentam prejuízos intelectual. O

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prognóstico dessas crianças é considerado o pior, tendo em vista a comparação com
as crianças no espectro com inteligência normal, pois resistem ou têm mais dificuldade
para aprender novas atividades ou comandos e novas habilidades. (GAIOTO et al.,
2018).
O Transtorno do Espectro Autista, de modo geral, pode se apresentar de várias
formas, o mesmo apresenta um universo de possibilidades sintomatológicas, cada
criança apresenta um caso diferente e todas elas têm as suas particularidades
individuais que merecem cuidados e intervenções individualizadas. Mesmo que uma
criança tenha o mesmo grau de autismo de uma outra criança, no autismo, cada caso
é um caso diferente (GAIOTO et al., 2018).
Contudo, o fato de a multiplicidade ser complexa torna–se um verdadeiro
universo de características de sintomas que abarca problemas como dificuldades
sociais, sensoriais, acadêmicas, motoras e cognitivas, comportamentais. No entanto,
existem uma gama de possibilidades de intervenções clínica que são necessárias e
também são possíveis pelas suas multiplicidades, elas podem ajudar a vida dessas
crianças e de suas famílias (GAIOTO et al., 2018).
O tratamento deve ser desenhado de maneira individualizada para atender as
necessidades específicas de cada pessoa, levando em consideração a grande
complexidade que o (TEA) transtorno do espectro autista representa e na forma
individualizada e única de cada pessoa, dando a importância sobre as características
e demandas individuais e também a gravidade dos sintomas e prejuízos
apresentados.
De acordo com Gaioto et al (2018), as intervenções devem envolver a
coordenação de diversos serviços com o acompanhamento interdisciplinar e são eles:

 Educacionais,
 Psicoterápicas,
 Terapeuta ocupacional,
 Fisioterapeuta,
 Psicólogo comportamental,
 Fonoaudiólogo,
 Educador físico
 Psicopedagogo,

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 Neuropsicopedagogo
 Acompanhante terapêutico,
 Médicas que dependendo do caso poderá contar com médico
especialista,
 Educadores, entre outros profissionais.

A detecção precoce dos sinais e sintomas é primordial e importante, pois


quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhores resultados serão alcançados no
desenvolvimento cognitivo, as habilidades sociais e linguagem. De modo geral, os
familiares mais próximos e os pais conseguem identificar os primeiros sintomas e
sinais do transtorno (MIELE, 2016).
O autismo, hoje, é definido como Transtorno do Espectro Autista, isso significa
que são sintomas que fazem parte de um espectro amplo com vários sintomas
diferentes, levando em consideração que já são mais de 200 genes relacionados aos
sintomas do autismo, dessa forma se dentro de um gene já existem diversas variações
comportamentais, imagina então a quantidade de diferentes comportamentos que os
autistas têm em centenas de genes diferentes.
Deve-se ressaltar também sobre a atualização da síndrome de Asperger, a
mesma não existe mais nos manuais de diagnósticos como o DSM-5 (Manual
Estatístico dos transtornos mentais) onde os médicos se baseiam para realizar o
diagnóstico e também na nova versão do CID-11 (Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), na qual é
caracterizado por ser o código internacional da doença. Através do CID toda doença
tem um código que contém um número para ser universal e internacional, o que
determina a característica e o tipo de transtorno que a pessoa tem, de acordo com as
especificações desses manuais a síndrome de Asperger não existe mais, agora ela
se encaixa dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), como autismo leve.
Contudo, ao invés de mencionarmos síndrome de Asperger ou de autismo
clássico, agora tudo é TEA e, é separado em níveis diferentes de gravidade e também
pelas dimensões de sintomas que estão mais comprometidos e não mais em nomes
ou termos. Dessa forma, existem muitas variações na manifestação dos sintomas, o
que implica diferentes necessidades educacionais e terapêuticas, o conceito de

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espectro autista surgiu para mostrar que o -nome “autismo” pode representar um
conjunto bastante heterogêneo de individualidades.
Tendo em vista, que os principais pontos de critérios diagnóstico do TEA, já
mencionados acima, são: as dificuldades nas relações sociais, dificuldades na fala
e/ou na comunicação, estéreotipias e/ou interesses restritos.

2.1 Arquitetura genética do transtorno do espectro autista

O TEA é considerado uma doença geneticamente heterogênea e complexa, já


que apresenta diferentes padrões de herança e variantes genéticas causais. Para que
possa compreender a arquitetura genética atualmente definida do TEA, é importante
levar em consideração os aspectos epidemiológicos e evolutivos, bem como todo o
conhecimento disponível sobre as alterações moleculares relacionadas à doença.
Devemos considerar primeiramente, a frequência de variantes genéticas
presentes na população que é uma regra evolutiva primordial influenciada por elas: se
uma determinada variante tende a apresentar baixa frequência na população ou se
essa variante genética tem efeito nocivo para o organismo e afeta negativamente a
chance reprodutiva dos indivíduos (seu potencial reprodutivo), já que não será
transmitida para as próximas gerações (GRIESI-OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017).
Na verdade, esse é o caso da maioria das doenças monogênicas: geralmente
são raras devido à baixa frequência dos respectivos alelos causais na população. De
acordo com essa suposição, se uma doença que reduz a adaptabilidade é comum na
população, é improvável que seja causada por uma única variante com efeitos
funcionais extremamente deletérios. Por este motivo, o modelo de herança poligênica
ou multifatorial (que representam os genes combinados a fatores ambientais) são
deduzidos como doenças comuns com componentes genéticos e que fazem parte
desse modelo e são causadas pela herança de uma combinação de variantes
genéticas, e cada qual associadas a baixo risco de desenvolvimento da doença,
(GRIESI-OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017).
Como os efeitos do impacto do fenotípicos a tendência de cada variante é
baixa, se um indivíduo for portador de algumas delas, eles não desenvolverão a
doença e as variantes continuarão a ser transmitidas de geração em geração e se
tornarão comuns na população. Portanto, a possibilidade de um indivíduo herdar uma

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quantidade suficiente dessas variantes de baixo risco para desenvolver a doença não
é tão rara.
Baseado nestes conceitos, a herança responsável pela maioria dos casos de
TEA, vem do padrão poligênico ou multifatorial. Dessa forma, ao passar dos anos,
certificou –se que um número considerável de pacientes com TEA apresentava
mutações raras com efeito deletério sobre o desenvolvimento neuronal, que seriam
suficientes para sozinhas, causarem a doença.
Para Griesi-Oliveira e Sertié (2017), a mesma variante genética com potencial
efeito deletério é compartilhada pelos indivíduos afetados em algumas famílias, mas
também está presente em indivíduos não afetados, sugerindo um padrão monogênico
de herança com penetrância fenotípica incompleta. Deste então, atualmente os
padrões de herança do transtorno do espectro autista foram revisados e uma
interação entre variantes raras e comuns passaram a ser a explicação mais provável
para estes achados e para a arquitetura genética subjacente da doença. (Figura 1).

Figura 1 – Padrões genéticos

Fonte: GRIESI-OLIVEIRA; SERTIÉ (2017).


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Dessa forma, uma parte dos casos seria causada por um grande número de
variantes comuns de baixo risco que, unidas, tem a capacidade de desencadear o
desenvolvimento da doença. Em relação aos outros casos esses já são causados por
um número médio de variantes comuns de baixo risco, as quais levariam ao
desenvolvimento do TEA quando combinadas a uma variante rara de risco moderado
(GRIESI-OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017).
Também há casos em que algumas variantes de baixo risco levam ao
desenvolvimento da doença, quando combinadas com algumas variantes de risco
moderado. Em todas essas situações, o risco de recorrência de TEA na família é maior
do que em geral a população, levando em consideração que os alelos de risco estão
presentes neste grupo de indivíduos. Finalmente, o TEA também pode ser causado
por uma única mutação com efeito deletério. Estas mutações de alto risco são
geralmente eventos de novo, associados a uma alta penetrância (GRIESI-OLIVEIRA;
SERTIÉ, 2017).
Em relação a este caso, o risco de recorrência na família é o mesmo da
população em geral (exceto em casos de mutações germinativas). Apesar de
contribuir amplamente para o risco de TEA, essas variantes são difíceis de se
identificar, pois estão relacionadas a efeitos sutis, e a maioria ainda é desconhecida.
Portanto, muito do nosso conhecimento sobre os genes envolvidos na etiologia do
TEA vem de estudos que identificaram variantes de risco moderado a alto. Através
dos estudos sobre TEA estima-se que variantes com mais de 400 genes e diversas
variações no número de cópias (variações no número de cópias - CNV) correspondam
a eventos de deleção e duplicação, podendo representar um risco moderado a alto de
desenvolver a doença (GRIESI-OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017).

2.2 Epidemiologia e etiologia

Os fatores relacionados as questões epidemiológicas estão ligadas ao TEA


desde de o período perinatal até a idade adulta. Esses fatores são relacionados as
condições como a hemorragia gestacional, diabetes, uso de medicações como o ácido
valpróico, drogas e álcool, depressão materna e infecções durante a gravidez, são
consideradas através de pesquisas como situações de risco para o desenvolvimento
do TEA no período perinatal (MENEZES et al., 2020).

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Embora as complicações durante a gravidez e logo após o parto sejam
consideradas as mais influentes para o desenvolvimento de TEA, fatores genéticos e
neurogênicos, alterações imunológicas, exposição a mercúrio, entre outras questões
são estudadas como possíveis desencadeadoras do transtorno. Em relação ao
passado os números variam e têm crescido, devido à maior influência do TEA e
consequentemente aumento de estudos na área, mas, nestes, supõe que
globalmente, a média de prevalência do transtorno seja de 20,6/10.000, com variação
de 0,7/10.000 a 72,6/10.000. Por outro lado, dados epidemiológicos mundiais,
conjecturaram, em 2010, 113,6/10.000 casos (MENEZES et al., 2020).
Na América do Sul, a uma baixa taxa de prevalência que também aparece nos
poucos estudos encontrados. O baixo número de estudos sobre o transtorno, aponta-
se como possíveis causas para esses resultados, falta de profissionais de saúde e
população, falta de conscientização, e conseguinte, idade avançada de diagnóstico e
manutenção de registros precários, além de problemas metodológicos, como
amostras pequenas (MENEZES et al. 2020).

2.3 Neurofisiologia e neuropatologia

De acordo com os estudos de Menezes et al. (2020), a neurofisiologia e a


neuropatologia, aparecem como fatores-chave para o surgimento do Transtorno do
Espectro Autista, alterações no desenvolvimento cerebral, entre o período neonatal
até a adolescência, circunscrevendo vias neurofisiológicas e células variadas no
telencéfalo, centros corticais e subcorticais, inclusive marcando o crescimento, e o
aumento do cérebro na infância e na adolescência como contribuinte para TEA. Em
regiões ligadas a interpretação afetiva, após a adolescência, nota-se declínio no
crescimento e anormalidades, perspectiva social e comunicação, como a área de
Broca na região frontal, regiões temporal, com a área de Wernicke e dos lobos
parietais, amígdala, região caudal e gânglio basal, além do cerebelo
Quanto às vias, observa-se alterações na via media no fascículo lenticular,
prosencéfalo, no corpo caloso, na cápsula interna, envolvendo os neurotransmissores
serotonina, GABA e fatores neutróficos bem como receptores nicotínicos. Além de
tudo, os astrócitos e as células microgliais e de Purkinje também aparecem como
afetados e influenciadores para o desenvolvimento do TEA (MENEZES et al. 2020).

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2.4 Genética e outros aspectos

As pesquisas de Menezes et al. (2020) indicam que com média de 50% de


responsabilidade nas estimativas recentes, há trabalhos que registram variações de
40% a 90% de herdabilidade genética para Transtorno do Espectro Autista. No
desenvolvimento do TEA, no momento, os estudos apontam a presença de elementos
genéticos, epigenéticos e ambientais envolvidos. Existem indícios de que deleções ou
duplicações de segmentos de cromossomos e mutações no nível dos nucleotídeos se
associam à etiologia do transtorno.
Além do mais, diferentes mutações em um mesmo gene ou diferentes genes que
sofreram mutações em uma mesma via podem ser responsáveis por graus diversos
de severidade na manifestação do TEA. Dessa forma, podem alterar a expressão
gênica através das assinaturas epigenéticas, como a metilação da citosina na
cromatina, o que pode resultar de fatores ambientais, como exposição a metais
pesados (cádmio e mercúrio), a substâncias químicas industriais (benzeno, bisfenol e
dioxina) e a emissão de carbono veicular, também influenciando o desenvolvimento
do TEA (MENEZES et al., 2020).

2.5 As causas do transtorno

Sabemos que as etiologias do autismo são múltiplas, assim como existem


comorbidades com outros transtornos e distúrbios. Teoricamente existem explicações
que apontam para causas orgânicas e também que atribuem as causas ao caráter
psicológico. Pouco se sabe sobre essa condição. Os estudos internacionais sobre as
etiologias do TEA ainda não são conclusivos,
Os estudos de Benute (2020) explicam que os fatores genéticos e biológicos
são os responsáveis pelo TEA. Os mecanismos epigenéticos se mostram fatores
importantes, porém, as desordens hereditárias como fatores explicativos não são
descartadas.
De acordo com a autora, outros estudos validam essas descobertas, dentre
eles:

Portolese (2017) traz como evidências as pesquisas realizadas com gêmeos


cujos resultados mostraram alta reincidência de diagnóstico. Segundo ele as
pesquisas mostram, mesmo que ainda careçam de aprofundamento de

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estudo, que há maior risco de recorrência de TEA em famílias nas quais já
existe uma criança autista. Betancur (2011) acredita que as explicações
relacionadas à origem genética são frequentemente consideradas herança
poligênica, ou mesmo multifatores (BENUTE, 2020, p. 13).

Entretanto, mesmo que por muito tempo o TEA tenha sido explicado pela
herança poligênica, a descoberta sobre a capacidade das mutações dos neurônios
promoverem o transtorno, levou à compreensão dele ser caracterizado hoje, pela
junção de variações comuns e raras (BENUTE, 2020).
Dessa maneira, identificam-se diferentes padrões genéticos do TEA, tais como:

 Herança Monogênica Comum;


 Herança Oligogênica;
 Herança Poligênica.

Estudos epidemiológicos mostram os fatores ambientais como explicação para


o TEA:

[...] teratógenos, exposições tóxicas, infecções pré-natais, como rubéola e


citomegalovírus, insultos perinatais, estão presentes em alguns casos
atuando como “gatilhos ambientais”. Além do mais, a idade paterna e materna
de mais de 40 anos também foi descrita em alguns estudos como estando
associadas a uma maior prevalência desse transtorno (BENUTE, 2020, p.
14).

Há também fatores de risco para a ocorrência do TEA dentre eles estão: “a


prematuridade, assim, como em outras deficiências, malformação do sistema nervoso
central, infecções congênitas e síndromes, outras ocorrências de histórico
gestacional” (BENUTE, 2020, p. 14).
Em outras pesquisas observou-se que diferentes partes do cérebro trabalham
juntas, ou seja, o cérebro do autista tem dificuldade de integração. Isso pode afetar a
percepção sensorial, os movimentos e a memória e a dificuldade na realização de
atividades complexas.
Os especialistas também nos explicam outros resultados de pesquisa que
podem contribuir para uma melhor compreensão das complexidades que envolvem
os estudos sobre as possíveis causas do autismo. Nesse sentido, relata-se que:

Pesquisa publicada pela Autism Research, a partir do estudo do


Eletroencefalograma (EEG) de crianças com desenvolvimento dentro do
esperado para a idade e crianças com autismo, demonstra que nas crianças

13
com autismo o tempo gasto para integrar dois estímulos (som e vibração)
quando chegavam juntos foi maior do que para as crianças sem autismo
(INSAR, 2018 apud SANTOS F; et al., 2020). Outra conclusão dessa
pesquisa demonstra que o sinal apresentado no EEG, embora semelhante
nos grupos, na criança com autismo tinha força menor, representado por
ondas de menor amplitude (BENUTE, 2020, p. 14).

Esses estudos também concluíram que a prevalência de diagnóstico de TEA


na população varia de acordo com o sexo. Os resultados sinalizam a recorrência é
de 1 menina para 4 meninos. Ressalta – se que por apresentarem sintomas mais
leves, muitas meninas não são diagnosticadas.
A figura 2 ilustra os diferentes comportamentos entre os sexos:

Figura 2 – Comportamento TEA entre sexos

Fonte: encurtador.com.br/fNRX2

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2.6 Transtorno do espectro autista (TEA) e a linguagem

O homem é um ser estritamente social, é por isso que o homem precisa


construir vínculos e relações, que se desenvolvem principalmente por meio do uso da
linguagem, tanto verbal quanto não verbal, a vida do ser torna-se realidade, choca
e/ou compartilha informações, pensamentos, exibe ideias, sentimentos e conceitos, e
começa a desenvolver habilidades e competências que facilitam o pensamento e a
ação (BENUTE, 2020).
Os seres humanos são os únicos animais que podem se comunicar usando
símbolos. Esse poder simbólico não é apenas um marcador entre as espécies, mas
também um marcador da sociedade e entre os indivíduos. Os melhores
comunicadores são conhecidos por demonstrar melhores habilidades sociais e
tendem a ser emocionalmente mais saudáveis e mais satisfeitos.
A linguagem certamente facilita a comunicação. Portanto, a capacidade de se
comunicar por meio de signos e/ou símbolos é considerada a base para a formação
da sociedade e, por isso, o ser humano está constantemente experimentando
diferentes linguagens e métodos de comunicação na tentativa de criar/construir ou
desenvolver alguma coisa. No entanto, às vezes a comunicação significativa pode não
ser estabelecida, como foi observado em pessoas com transtorno do espectro autista
(TEA) (ANDRADE, 2021).
As dificuldades relacionadas ao comprometimento da comunicação analisadas
no TEA estão relacionadas à falta de comunicação utilitária, ou seja, os autistas
podem até formar frases complexas e até mesmo chegar a uma ampla gama de
palavras conhecidas, porém, não conseguem colocá-las em contexto, em vez de
estabelecer uma troca coerente de informações que permita a interação social.
Para ser considerado um sintoma desse transtorno (TEA), a comunicação não
funcional deve estar relacionada a outros fatores, como rotinas fixas e repetitivas, pois
é um aspecto importante do TEA. Atualmente, o TEA vem sendo discutido de diversas
formas, como discussões sobre o reconhecimento dos direitos sociais e os
sinais/sintomas mais visíveis das pessoas com esse transtorno, o que tem
impulsionado diversas pesquisas relacionadas a temas muito importantes
(ANDRADE, 2021).
Embora as pesquisas tenham se intensificado, o TEA ainda é considerado um
transtorno de causa desconhecida e está associado a condições genéticas e
15
ambientais. Eugen Bleuler começou a usar "Autismo" por volta de 1908 e, por
décadas, o TEA era conhecido apenas como autismo. Os médicos usam o nome para
se referir à falta de linguagem comunicativa em indivíduos com psicose endógena e,
por décadas, foi considerado um sintoma dessas psicoses. A partir das observações
de Bleuler, ele chegou à conclusão de que as pessoas com autismo vivem em um
mundo paralelo, muito distante da realidade (ANDRADE, 2021).
Seguindo a iniciativa de Bleuler, outros estudiosos também apresentaram uma
definição do termo "autismo" para separá-lo da psicose. Apesar das tentativas, o termo
tem sido associado a outras condições e não tem sido tratado isoladamente, de modo
que não são conhecidas as causas, características e formas ou estratégias que
favorecem o desenvolvimento desses indivíduos. Os principais pesquisadores desse
período foram Leo Kanner (1943) e Hans Asperger (1944). (ANDRADE, 2021).
A pesquisa sobre o autismo, como é definido atualmente, foi impulsionada pelo
artigo de Kanner, que definiu o autismo como uma psicose infantil, uma das
características distintivas da qual é a falta de interação social por meio da linguagem.
Para ele, esse fato tem muito a ver com o tratamento dispensado pelos pais e/ou
responsáveis, ou seja, porque esses responsáveis não interagiram com essas
crianças, não aprenderam a se relacionar com os outros. Referindo-se à indiferença
com que essas crianças eram tratadas por seus responsáveis, Kanner usou o termo
"mãe geladeira", por isso acreditava que o autismo era de natureza psicológica.
Lembrando que a síndrome de Asperger não é mais uma definição em um
manual de diagnóstico, é importante ressaltar que outro pesquisador que também
trabalha com autismo é Hans Asperger. Assim como Kanner, Asperger afirmou que
pessoas diagnosticadas com autismo são incapazes de interagir com outras, mas
essa condição não implica incompetência, pois altas habilidades são validadas na
realização de determinadas atividades. Para ele, a falta de interação tem a ver com
fatores emocionais. Embora importante, a pesquisa de Asperger só ganhou força
quando o Autism Diagnostic Manual foi publicado. (ANDRADE, 2021).
As pesquisas sobre o assunto se intensificam à medida que novos
pesquisadores trabalham nele. Por volta da década de 90, o autismo passou a ser
conceituado como um transtorno que interfere na construção da linguagem e na forma
como é utilizada como ferramenta para fortalecer as relações sociais. Desde 2013,

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foram desenvolvidas diretrizes para incluir o autismo em um contexto mais amplo
conhecido como transtorno do espectro do autismo (TEA) (ANDRADE, 2021).
De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, o
DSM V (2013), o autismo pode manifesta-se em três graus: leve, moderado e grave,
tornando-se assim um transtorno do espectro do autismo. O Quadro 1 explicita as
características dos níveis de gravidade do TEA.

Quadro 1 – Níveis dos TEA (DSM-V)

Fonte: Adaptado do DSM-V (2013).

O TEA apresenta uma gama de aspectos neurológicos e biológicos


relacionados que têm um impacto considerável nos aspectos comunicativos. As
características do TEA incluem o uso inadequado de pronomes, movimentos
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repetitivos, ecos e estereótipos. As características observadas na síndrome do
autismo variam na forma de exteriorização dos desvios de relações interpessoais,
linguagem, motricidade, percepção e patologias associadas ao distúrbio. A
intensidade destes desvios, os estados mais determinantes, também é diversificada
(SILVA W; COELHO, 2021).
Dessa forma, os estudos de Silva W.; Coelho (2021) mostraram que o TEA é
considerado um transtorno do desenvolvimento com graus variados, afetando os
domínios de interação social, comunicação e comportamento, com sintomas
frequentes, sendo assim fortalecidos gradativamente e com dificuldade de movimento.
Além disso, segundo os acadêmicos, eles apresentaram em seu estudo uma escala
de classificação do DSM (V), déficits na comunicação e comportamento social, como
forma de avaliar a gravidade do TEA e como base para sintomas contextuais e
ambientais, levando em consideração atrasos de linguagem, isso não pode ser
considerado uma característica específica do TEA, mas sim um fator que afeta os
sintomas clínicos.
Considerando o exposto, Silva W.; Coelho (2021) afirmam que no autismo
existem dificuldades na comunicação e interação social, com isso a utilização da fala
pode ser afetada, quando o autista apresenta essa dificuldade, comprometendo o seu
aprendizado da leitura, considerando que é importante ter o domínio da fala para
aprender a ler.
A pessoa com autismo que se enquadram no nível 1, na maioria dos casos
apresentam um nível de linguagem oral amplo e satisfatório em âmbito educacional,
entretanto existe uma quantidade considerável de autistas que apresenta resultados
insatisfatórios no processo de aprendizagem da leitura e escrita, por não cumprirem o
apoio de pré-requisitos necessários ao processo de ensino aprendizagem. Assim a
próxima seção será apresentada aquisição da consciência fonológica dentro do
Transtorno do espectro autista (TEA) (SILVA W.; COELHO, 2021).

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3 DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Fonte: cmcc.rs.gov.br

Os primeiros sintomas do Transtorno do Espectro Autista costumam ser


observados entre doze e vinte e quatro meses de vida do indivíduo, de acordo com a
5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais– DSM V,
pode se notar um ou outro atraso no desenvolvimento anterior aos doze meses de
idade, porém, começam a apresentar de forma mais acentuada a partir dos vinte e
quatro meses (CUNHA et al., 2020).
Estudos feitos por Cunha et al. (2020) nos explicam os vários aspectos
envolvidos no processo do diagnóstico do TEA. Ao longo deste tópico apresentamos
informações relevantes sobre esta temática. Os autores apontam que os traços de
condutas ligadas ao Transtorno do Espectro Autista aparecem na primeira fase da
infância. É característica do autismo que as crianças manifestem dificuldades na
interação com seus pares ou familiares, atraso no desenvolvimento da fala, fascínio
por objetos incomuns, irritação em locais cheios ou barulhentos, ausência das
interações sociais, estereotipia vocal e motora, onde se precisa seguir uma rotina, e
comportamentos definidos.
Os sintomas se manifestam de maneira mais intensa, a partir do segundo ano
de vida da criança, como por exemplo, a criança sente muita dificuldade em brincar
usando a imaginação, quando pega os brinquedos, não consegue se manter em pé
19
por algum período, não consegue utilizar os brinquedos da forma correta, apresenta
muita dificuldade ao conversar, sua fala por muitas vezes é incompreensível, dessa
forma a criança possui muitos empecilhos no ato de brincar.
O Transtorno do Espectro Autista é definido como prejuízo no desenvolvimento,
causado por um conjunto de condições comportamentais, assim como na cognição
da criança, comunicação e habilidades sociais. Coloca-se como importante conhecer
as principais características para que um diagnóstico seja realizado o mais rápido
possível de forma que a criança tenha a chance de evoluir nas características do
espectro, tendo em vista que os sintomas aparecem já nos primeiros anos de vida.
Esses estudos sinalizam, também, que a observação referente ao diagnóstico
deve se fundamentar em entrevistas com os pais da criança, professores e demais
pessoas que a acompanham, levando em consideração que o diagnóstico é clínico e
depende de uma observação mais sistemática a respeito do comportamento e
desenvolvimento da criança.
Para que tenha um diagnóstico preciso é necessário ter a ajuda de uma equipe
multiprofissional, como fonoaudiólogos, psicólogos, e pedagogos que irão investigar
todos os contextos da criança: histórico, social, afetivo, etc. Assim como, obter e
registrar as informações de todos os sinais que chamaram atenção dos pais desde
seus primeiros meses de vida, até mesmo sobre o parto e por fim, obter informações
sobre comportamentos da criança no meio social, escolar, lazer, seja com seus pares
ou familiares.
Observa-se, como algo comum em crianças diagnosticadas com TEA, a
presença de disfunções sensoriais também há uma sensibilidade a estímulos sonoros,
visuais, táteis e gustativos. A hipersensibilidade a estímulos auditivos causa um
desconforto muito prejudicial à socialização da criança, há dificuldade para frequentar
locais cheios e barulhentos.
De acordo com os autores que foram mencionados acima, as atividades
simples são fundamentais para a vida do ser humano, como banho, alimentar, dormir,
porém isso é algo se torna um momento de grande angústia e ansiedade para uma
criança hipersensível. De tal maneira que, o quanto antes for realizado o diagnóstico
para confirmar a presença ou não do TEA, mais cedo acontecera o processo de
intervenção com a criança, e consequentemente maiores serão os resultados

20
positivos no tratamento e na obtenção de uma melhora no desenvolvimento da
criança.
Começam a busca pela ajuda profissional, a partir do momento em que os pais
começam a perceber certos comportamentos diferentes que são reproduzidos pelos
seus filhos. É um processo delicado a questão da devolutiva do diagnóstico aos pais,
onde o profissional precisa saber passar e explicar todo o procedimento de maneira
menos impactante, para que os mesmos possam aprender a aceitar e conviver com
as diferenças de seus filhos, buscando por auxílio profissional para a criança passar
por um bom tratamento (CUNHA et al., 2020).

3.1 Tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O prognóstico leva em consideração três fatores determinantes


independentemente do tipo de intervenção realizada na criança autista e seu
desfecho, são eles, o grau de comprometimento de aspectos como, linguagem a
interação social e funcionamento cognitivo, a idade com a qual é diagnosticada e o
início do tratamento, tendo em vista que quanto mais comprometimento, pior é o
prognóstico. Existem vários tratamentos dispondo de igual variedade de efetividade
para cada caso, levando-se em conta a inexistência de intervenções completamente
eficientes (MESQUITA; PEGORARO, 2013).
Para ampliar o estudo sobre o tratamento do TEA, apresentamos, neste tópico,
os estudos de Mesquita; Pegoraro (2013). Essas autoras explicam que a estruturação
do processo de tratamento quanto a idade do indivíduo é defendida por alguns
autores, outros quanto as peculiaridades de cada criança, baseando-se no nível de
especialização do profissional envolvido, ou, ainda, com equipes multidisciplinares.
Sucintamente os alvos principais dos tratamentos são as habilidades de interação
social e linguagem, a fim de torná-las o quão funcional quanto possível, e
comportamentos desadaptativos, trabalhando-se para atenuá-lo,
Um dos tripés que sustenta o diagnóstico autístico é a linguagem e ela é
direcionada para o processo terapêutico fonoaudiológico. Ao decorrer do
desenvolvimento da criança autista a linguagem uma das preocupações iniciais dos
pais, na medida em que está não progride ou se desenvolve para posteriormente
regredir. Intervenção precoce em relação a linguagem na literatura se justifica pela

21
preocupação com o desenvolvimento, pois esta está diretamente associada ao
desfecho desfavorável, se seu decurso é tardio
Alguns estudos relacionam os prejuízos na linguagem com desfechos
desfavoráveis, estando os prejuízos demasiados desta, associados ao baixo nível
cognitivo e a comportamentos disruptivos. Ademais a linguagem também pode ser um
bom indicativo do prognóstico no desenvolvimento da vida da criança autista ao adulto
autista. Levando-se em conta a expressão extremamente variada do transtorno, as
características do uso da linguagem pelos autistas são peculiares mesmo quando esta
é comparada entre os mesmos (MESQUITA; PEGORARO., 2013).
De acordo com a pesquisa de Mesquita e Pegoraro (2013), as pessoas com
autismo apresentam outras manifestações, tais como:

 ecolalia imediata (repetição da fala alheia logo após sua emissão) ou a


ecolalia tardia (repetição da fala alheia algum tempo depois da emissão desta);
 a entoação, melodia, da voz idiossincrática;
 a inversão pronominal, ou seja, ao invés de dizer “EU” a criança autista diz
“VOCÊ”;
 melhor compreensão do uso de termos lacônicos do que frases permeadas
de analogia, metáforas, ironia ou mesmo sarcasmo; sendo que a falta de
linguagem verbal não é compensada pelo uso da não verbal

Para trabalhar essas manifestações, orientam-se intervenções


fonoaudiológicas que sejam pautadas na perspectiva do uso comunicativo da
linguagem e/ou maximização da qualidade desta. Os estudos também recomendam
outros tratamentos através de:

 Programas que se orientam sob enfoque desenvolvimentista com foco


especial na linguagem,
 Terapia da linguagem embasada sob a perspectiva pragmática,
 Terapia da fala,
 Terapia da linguagem sócio-pragmática,
 PECS (Picture Exchange Communication System)

22
 Comunicação facilitada, TEACCH (Treatment and Education of Autistic and
Related Communication Handicapped Children),
 Terapia fonoaudiológica e
 Análise Comportamental Aplicada.

A potencialização da linguagem tanto verbal quanto pré-verbal é relacionada a


intervenção sob abordagem desenvolvimentista. Ela é utilizada para fins
comunicacionais. O modelo desenvolvimentista busca fornecer ao autista a
possibilidade de espontaneidade e iniciativa ao começar um diálogo como o
Developmental Social-Pragmatic Model (DSP). Para a funcionalidade da comunicação
pode citar-se como exemplo o Social-Communication, Emotional Regulation,
Transactional Support model of intervention (SCERT) , sendo este orientado pela
terapia da linguagem sócio-pragmática; e para o desdobramento tanto interacionais,
tanto das habilidades comunicativas, como da ideia de sujeito, recomenda-se o
Developmental, Individual-difference, Relationship-based Mode internacionalmente
conhecido como DIR (MESQUITA; PEGORARO, 2013).
A intervenção também pode ser realizada por meio da comunicação alternativa.
Nesse caso, pode-se colocar como exemplo o PECS e TEACCH. O PECS (Picture
Exchange Communication System) permite que a criança tenha o acesso de imagens
como meio comunicativo ajudando-a a relacionar situações e conceitos, melhorando
sua compreensão. O TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related
Communication Handicapped Children), trabalha por meio de estímulos visuais e
proporciona à criança maior qualidade linguística e ao aprendizado, além de atenuar
comportamentos desadaptativos a “Comunicação facilitada”. Trata-se de uma técnica
que oferece figuras as crianças, por meio de cartões, os quais possibilitariam a
potencialização do uso da linguagem. (MESQUITA; PEGORANO, 2013).
Uma outra intervenção que promove o desenvolvimento da fala é a terapia da
linguagem sob a perspectiva pragmática. Ela interfere diretamente na
qualidade/quantidade comunicativa da criança. Os estudos que analisaram esse tipo
de intervenção mostraram que contextos que forneciam atenção e jogos
compartilhados maximizavam o uso comunicativo da linguagem, ao passo que
contextos pobres (com cadeiras e meses, por exemplo) não atingiam o mesmo efeito
em estudos realizados durante a terapia da linguagem.

23
A Análise Comportamental Aplicada (ABA) é outra intervenção que se orienta
sob a Análise Comportamental aplicada à linguagem. Durante a aplicação do (ABA)
são reforçados e modelados durante o processo terapêutico os comportamentos
socialmente requeridos, a fim de que sejam incorporados ao leque comportamental
da criança autista
Mesquita e Pegoraro (2013) explicam que a diminuição dos comportamentos
estereotipados e repetitivos e o aprimoramento da interação social são o foco dos
programas de intervenção dos modelos, e que serão apresentados no quadro 2.

Quadro 2 – Modelos de intervenção

DIR
O modelo de tratamento que promove as habilidades
(Developmental,
comunicativas, interacionais e a afirmação do autista
Individual-difference,
como sujeito. Dessa forma fornece qualidade e
Relationship-based
quantifica a interação social.
model)

Aborda aspectos disfuncionais da comunicação e dos


déficits da interação social e processamento sensorial.
SCERT
Outras procuram desenvolver as habilidades
(Communication,
imitativas e das brincadeiras nos autistas, pois estas
Emotional Regulation,
são associadas ao desenvolvimento da atenção
Transactional support
compartilhada, do uso intencional da comunicação, do
model of intervention)
jogo simbólico e empatia.

TEACCH
(Treatment and
Contribui para a diminuição comportamentos
Education of Autistic and
disruptivos.
Related Communication
Handicapped Children)

Utiliza-se para atenuar comportamentos considerados


indesejáveis. O grupo dos antipsicóticos atípicos
(AAPs) são administrados a fim de interferirem em
comportamentos demasiadamente desajustados,
podendo ser aplicados ao grupo das DITs. As
TRATAMENTO medicações estimulantes, que são usadas no
FARMACOLÓGICO tratamento de déficit de atenção com hiperatividade
(TDAH), agem na debilidade de agitações motoras,
hiperatividade e comportamentos não adaptativos. Os
anticonvulsivantes são usados especificamente na
população autista, visando a diminuição das
convulsões.

Fonte: Adaptado de Mesquita e Pegorano (2013).


24
Um estudo brasileiro identificou que a busca das famílias das crianças autistas
por diagnósticos e tratamentos apresenta um resultado aquém das das possibilidades
classificatórias descritas na literatura. O relatório desse estudo explica que das
crianças participantes da pesquisa: uma foi diagnosticada em torno dos 2 anos, sete
em torno dos três, seis aos quatro ou cinco, e mais seis por volta dos seis, sete anos
de idade. As famílias relatam que durante o processo do transtorno, elas alternavam
visitas a psicólogas, fonoaudiólogas, pediatras, médicas até conseguirem fechar o
diagnóstico e começar o tratamento. Aponta-se que, apesar desse tipo de estudo ser
carente, é de demasiada relevância, tendo em vista a orientação de políticas públicas
(MESQUITA; PERGA).

3.2 Métodos TEACCH, ABA e PECS

Os métodos TEACCH, ABA e PECS são um dos principais métodos utilizados


para o tratamento de crianças com TEA. Neste tópico, vamos citar um pouco mais
sobre ambos. É importante destacar que é necessário conhecer os sintomas e
entender a importância do diagnóstico, para acompanhar as crianças autistas.

3.2.1 TEACCH

O método de Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits


relacionados à Comunicação – TEACCH foi preconizado por volta da década 1960.
Ele utiliza avaliações psicopedagógicas, de práticas individuais, orientadas por um
profissional, para tratar as dificuldades das crianças. (CALVANCANTE I; et al., 2019).
Na busca de promover a aprendizagem, a intenção principal do método
TEACCH é organizar as tarefas, reduzindo comportamentos que não são adequados.
Pontua-se que este método visa a rotina da criança, estimulando-a através das
atividades que podem torna-la mais independente. Essas atividades são aplicadas
no dia a dia e realizadas através de painéis e quadros para promover uma melhor
compreensão da criança. É uma forma de reforçar positivamente a maneira como a
criança autista aprende e se organiza.
A aplicação do método TEACCH ocorre de forma individual, com base em
experiências concretas, as quais podem progredir conforme o desenvolvimento de
25
cada criança. É característico deste método o uso de recursos visuais para que a
criança entenda o ambiente em que vive através de símbolos (CALVANCANTE et al.,
2019).

3.2.2 ABA

O método Análise Aplicada do Comportamento (ABA) intenciona mudar o


comportamento inadequado das crianças, busca melhorar a interação social,
inserindo práticas que promovam o desenvolvimento de novas habilidades,
diminuindo as birras, e cada passo é realizado por etapa, respeitando as limitações
de cada criança. Através da instrução profissional e com base na singularidade de
cada caso as habilidades são trabalhadas de forma sequencial, uma após a outra.
De acordo com Calvancante et al. (2019), a definição do ABA é:

O método ABA, que é uma técnica proveniente do campo científico do


behaviorismo, tem por objetivo observar, analisar e explicar a associação
entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem, visando a
mais uma mudança de comportamentos específicos do que de
comportamentos globais (CALVANCANTE et al., 2019, p.8).

O método ABA permite que a criança aprenda de forma mais lúdica e agradável
por meio de estímulos, onde são analisados primeiramente os comportamentos
inadequados, e isso também acontece antes de qualquer intervenção na intenção de
encontrar o que promove esses comportamentos inadequados. Esses estímulos são
necessários para que tenha um entendimento e compreenda a melhor forma de
acompanhar cada criança com foco em suas necessidades subjetivas.

3.2.3 PECS

Outro método que é utilizado para o tratamento do autismo é o PECS. Com o


objetivo de melhorar a comunicação das crianças com TEA para expressar desejos
ou necessidades, utilizam-se figuras O método é também um facilitador da
aprendizagem e pode ajudar essas crianças tanto dentro das escolas, como no próprio
ambiente familiar.
Os estudos de Calvancante et al. (2019) explicam que:

[...] por ser observado como uma síndrome que acomete severamente o
indivíduo, o autismo traz consigo o estigma de que não há nada, ou quase
26
nada, que se possa fazer no âmbito educacional de seus portadores. Assim,
as terapias e os métodos de atuação se restringem mais a modificações de
comportamento (CALVANCANTE et al., 2019, p. 9).

3.3 Equoterapia, TCC, Psicanálise

De acordo com Cunha et al. (2020), se faz necessário tratar o autismo sob o
olhar de outros profissionais envolvidos no tratamento. Por isso, apontam-se outros
tipos de terapias, dentre elas estão: A Equoterapia, o TCC e a Psicanálise. As figuras
3, 4 e 5 resumem as contribuições de cada uma para o tratamento de pessoas com
autismo.

Figura 4 – Equoterapia

Equoterapia, cada vez mais vem sendo utilizada no


Brasil, por conta dos ótimos resultados. Essa
modalidade de terapia, abrange todas as atividades e
técnicas que utilizam o cavalo como mediador, onde
tem como foco maior educar ou reabilitar os pacientes
que apresentam deficiência tanto física quanto
psíquica. Este animal apresenta se muito inteligente,
pois possui uma boa memória, o que o torna capaz de
memorizar lugares, acontecimentos, objetos e
pessoas, podendo inclusive, refletir a maneira como
determinado indivíduo o trata.
Fonte: Adaptado de Cunha (2020).

Figura 5 – Terapia Cognitiva Comportamental (TCC)

Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) se


mostrou muito efetiva no tratamento de diversos
transtornos surgidos na infância. Em relação ao TEA-
AF, os estudos mostram grande eficácia em crianças e
jovens. Entende-se que nessa abordagem, mesmo
sendo adaptada para o atendimento infantil, implica
que os pacientes demonstrem um nível cognitivo
para que o trabalho seja efetivo.

Fonte: Adaptado de Cunha (2020).

27
Figura 6 – Psicanálise

A psicanalise tem como objeto de estudo no


TEA os seguintes aspectos relevantes nas
intervenções: o psíquico, o social e o orgânico,
priorizando as relações de desejo para que tenha
a formação subjetiva e o surgimento do sujeito
desejante. O tratamento do autismo na
psicanalise foca o que falta na constituição de um
sujeito psíquico, é de forma que sua
aprendizagem surja como uma consequência da
sua integração subjetiva no campo significante.

Fonte: Adaptado de Cunha (2020).

3.4 Terapia Fonoaudiologia, Ocupacional e Esporte

Cunha et al. (2020) salienta que no tratamento de crianças com TEA é


extremamente importante consultar um fonoaudiólogo especializado, pois o paciente
pode apresentar déficit na aquisição da linguagem verbal e dificuldade na linguagem
não verbal. A terapia ocupacional é necessária para a reorganização sensorial, pois a
criança com transtorno do espectro autista frequentemente apresenta problemas
sensoriais significativos que, sem terapia ocupacional, tornam a terapia psicológica
ineficaz
O ambiente sociocultural e afetivo da criança com TEA deve ser enriquecido
por situações como a introdução ao esporte e às atividades sociais, visto que essas
situações desencadeiam uma variedade de estímulos e naturalmente são
supervisionados pelos pais já orientados sobre o transtorno do espectro autista
Outro aspecto importante é garantir a interação das crianças autistas com
outras crianças da mesma faixa etária, pois, essa interação lhes proporciona
contextos sociais que lhes permitem ter experiências que levam a uma troca de ideias,
de papeis e atividades conjuntas que requerem negociação e discussão interpessoal
para resolver conflitos, ambos são compartilhados. Dessa maneira, é possível
aprimorar suas habilidades sociais e compreender que esse tipo de transtorno afeta o

28
desenvolvimento social de algumas crianças desde os primeiros anos de vida. Nesse
sentido, a escola desempenha um papel fundamental nos esforços para superar os
déficits sociais dessas crianças, possibilitando a promoção de habilidades de
socialização e o desenvolvimento de novos conhecimentos e comportamentos

4 AUTISMO INFANTIL E AUTISMO NA VIDA ADULTA

Fonte: senado.leg.br

As pesquisas sobre o prognóstico das pessoas com autismo não apresentam


resultados positivos. O risco de morte é 2,8% maior do que em pessoas sem autismo.
Curiosamente, esse encurtamento da longevidade não se deve aos sintomas do
autismo, mas a várias condições indiretamente relacionadas a ele, como o
sedentarismo, sono, ansiedade ou o uso contínuo de medicações para controle de
problemas de comportamento, (SCHMIDT,2016).
Estudos de Schmidt (2016) mostram que na idade adulta existe uma pobreza
na vida independente e educacional dessas pessoas, bem como em suas relações de
trabalho e com seus parceiros (as). Mais da metade dos jovens com autismo evadiram
da escola e não estão engajados em atividades laborais pagas, necessitando de apoio
institucional na vida adulta. Essa questão foi observada através de um estudo
americano recente

29
Dentre os fatores favoráveis, destaca-se que as oportunidades sociais, como
maior participação e divulgação nas instituições públicas e engajamento em grupos e
comunidade, podem gerar ganhos cognitivos e no funcionamento adaptativo.
Esses dados reforçam a necessidade de diagnosticar cada vez mais
precocemente em uma intervenção que minimize a dificuldade e promova a
autossuficiência, ou seja, a independência na vida adulta. Por outro lado, o pouco
interesse acaba sendo dispensado à criação de serviços para a vida adulta, levando
em consideração o fato de a atenção ao transtorno enfocar preponderantemente o
período da infância.
Dados longitudinais do Departamento de Educação estadunidense
apresentaram que, dentre os alunos que utilizaram os serviços de educação especial,
aqueles com autismo tiveram menor participação e maior isolamento social na vida
adulta que outras deficiências (SCHMIDT, 2016)
As pesquisas trazem esses relatos e destacam a demanda urgente para o
desenvolvimento de políticas públicas para adultos com autismo, seja por meio de
estratégias que facilitem o acesso em relação ao mercado de trabalho, seja por
residências que os acolham. Dessa maneira, pode se chegar à conclusão que embora
os avanços no entendimento do autismo e sua utilização para o desenvolvimento de
intervenções nos campos educacional e clínico, o levantamento nacional sobre esse
panorama mostra demandas pouco atendidas, em relação as pesquisas empíricas,
de natureza aplicada na geração de resultados, que apoiem o desenvolvimento de
políticas públicas para atendimento a essa população (SCHMIDT, 2016).

30
5 A INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS COM AUTISMO

Fonte: portalaraxa.com.br

Tanto por parte da família quanto da escola a chegada da criança com autismo
na escola regular gera grande preocupação. A família e os profissionais da educação
nesse momento se questionam sobre a inclusão dessas crianças, pois a escola
necessita de adequações.
Battisti; Heck e Michels (2015), salientam o desafio que as escolas enfrentam
quando recebem crianças com deficiência, pois pressupõe utilizar de adequações
ambientais, curriculares e metodológicas para seu desenvolvimento no processo de
ensino aprendizagem. Contudo, essa tarefa não é fácil, pois é necessário
comprometimento por parte de todos os envolvidos para que haja inclusão escolar, ou
seja, professores, alunos, pais, diretor, comunidade, enfim, todos que participem da
vida escolar direta ou indiretamente.
As autoras acrescentam ainda que torna-se necessário assegurar a
permanência com qualidade, para que o acesso esteja garantido. Dessa maneira, é
extremamente importante focar nos potenciais de cada aluno, é imprescindível
também que o educador transmita confiança e segurança para este, para que ele
consiga aprender de forma significativa. Além do mais, é necessário que currículo seja
apropriado de modo que promova modificações organizacionais, para que haja um

31
ensino de qualidade, estratégias de ensino e o uso de recursos, dentre outros
(BATTISTI; HECK; MICHELS, 2015) .
Sobre o currículo, Libâneo (2012) explica que este viabiliza e concretiza as
intenções expressas no projeto pedagógico. Ao mesmo tempo, o define como o
conjunto de disciplinas, experiências que devem ser proporcionadas aos estudantes,
resultados de aprendizagem pretendida, seleção e organização da cultura e princípios
orientadores da prática.
Portanto, quando a criança chega à escola, os professores devem levar em
consideração que a criança deve adquirir independência para além do conteúdo
escolar, sendo capazes de realizar atividades diárias por conta própria, pois os pais
costumam fazer tarefas que os filhos poderiam fazer por conta própria.
O Currículo Funcional Natural é um exemplo de currículo importante para a
promoção da autonomia e estímulos das crianças, cujo objetivo central é tornar o
aluno mais produtivo, independente e também mais aceito socialmente. No entanto, é
necessário determinar o que é funcional, e isso depende de diversos fatores, pois:

Aquela habilidade que pode ser considerada funcional numa determinada


comunidade, poderá não ser em outra. Portanto, ao eleger-se os objetivos
funcionais para ensinar, é necessário ter em mente aquilo que a pessoa
portadora de deficiência necessita aprender para ser exitosa e aceitável em
seu meio, como qualquer outra dessa mesma comunidade (SUPLINO, 2005
Apud BATTISTI; HECK; MICHELS, 2015, p. 16)

Partindo do princípio de que é necessário saber o que cada criança precisa


aprender, também é importante analisar e avaliar constantemente o currículo proposto
durante o processo de ensino-aprendizagem. Daí em diante, o educador poderá
avaliar o educando em seus avanços e entraves (BATTISTI; HECK; MICHELS, 2015).
Dessa forma, para que o educador consiga estabelecer essa relação sobre o
que e como ensinar ao aluno com autismo, é necessário um treinamento adequado,
caso contrário a metodologia utilizada em sala de aula não servirá para atingir o
objetivo desejado, o alcance da aprendizagem.
No estudo realizado por Battisti; Heck; Michels (2015) afirma-se que no
currículo dos cursos superiores, as informações sobre autismo são escassas e
desatualizadas, a bibliografia é escassa e a maioria dos textos é importada e
traduzida, assim como a experiência na área.
O professor, por sua vez, precisa estar ciente de que é importante que ele mude
suas crenças e atitudes, para que a criança autista possa aprender de forma
32
significativa, como qualquer criança que pode aprender, basta dar uma olhada
cuidadosa em suas habilidades e se concentrar nelas.
As autoras reforçam mais uma vez a importância da criança autista interagir
com outras crianças, pois, conforme Camargo e Bosa (2009, p. 67): “é preciso
possibilitar o alargamento progressivo das experiências socializadoras, permitindo o
desenvolvimento de novos conhecimentos e comportamentos, para ultrapassar os
déficits sociais dessas crianças”.
Outro aspecto que se ressalta positivamente é a convivência dessas crianças
com seus, o que permite que suas habilidades interativas sejam estimuladas, evitando
assim o isolamento contínuo. Dessa forma, o ensino regular irá favorecer o seu
desenvolvimento, através do convívio e de trocas de relações.
Adaptações pedagógicas, em atenção à inclusão escolar da criança com TEA,
também é importante que a criança autista se sinta próxima do professor, que o
professor incentive a classe a lidar com certos ruídos ou sons específicos que muitas
vezes são irritantes para a criança autista e que a criança tenha acesso a conselhos
sobre o que fazer no dia a dia e também tenha acesso as dicas do que acontecerá
por meio da informação visual.
É necessário que o professor utilize métodos educacionais para manter a
atenção dos alunos durante as aulas e que tenham por objetivo fazer com que a
criança autista de fato seja incluída e que seu processo de ensino aprendizagem seja
efetivado, portanto, muitos estudos são realizados sobre diferentes métodos.
Como já abordado anteriormente o método PECS - Picture Exchange
Communication System, facilita a comunicação e a compreensão da mesma e o
método Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped
Children (TEACCH), busca autonomia da criança autista, realizando um trabalho
através de estímulos visuais e corporais. Além dos métodos citados acima, existe
também o método SonRise, que visa capacitar todos os envolvidos com a criança
autista a desenvolver novas formas de comunicação e interação em conjunto por meio
de atividades lúdicas que possibilitem aprendizagem, autonomia e inclusão. Conforme
as pesquisadoras:

Esse é um dos métodos mais utilizados no Brasil, devido melhora significativa


durante o tratamento da criança no espectro autista, pois “oferece uma
abordagem educacional prática e abrangente para inspirar as crianças,
adolescentes e adultos com autismo a participarem ativamente em interações

33
divertidas, espontâneas e dinâmicas com os pais, outros adultos e crianças”
(BATTISTI; HECK; MICHELS, 2015, p. 19).

Esse método mostra a aceitação do autista em relação ao potencial de


desenvolvimento e essa questão torna – se princípio básico para o tratamento. E
partindo de uma pressuposição de que ocorra uma aprendizagem significativa das
crianças autistas, foram propostos muitos métodos, dessa forma é importante
destacar que os profissionais precisam conhecer as reais necessidades dessas
crianças envolvidos na educação dessas crianças, para que de fato haja uma
construção do conhecimento e uma verdadeira inclusão.

6 FAMÍLIA E AUTISMO

Fonte: atarde.uol.com.br

O sistema familiar desempenha um papel importante na formação do sujeito, é


um fator determinante para a constituição da personalidade e influencia o
comportamento do indivíduo por meio do ensino e da atuação dentro da família. A
família é responsável por cuidar, proteger e ensinar o indivíduo a viver em sociedade
(DUARTE, 2019).
Os casais, antes mesmo da gravidez, já estão pensando na chegada de um
bebê na família, e avaliando suas possibilidades, pensando no que seria essa criança
tanto na questão física ou até mesmo intelectualmente, porém, normalmente não há

34
menção de ter um filho deficiente. A chegada do bebê é uma experiência
verdadeiramente única, trazendo consigo um misto de sentimentos de curiosidade,
ansiedade até o nascimento e expectativas que vão além da realidade. E isso
desenvolve o vínculo entre os filhos e os pais quando eles já estão projetando suas
fantasias nos filhos (DUARTE, 2019).
Qualquer que seja o padrão familiar, a chegada de um novo membro, seja
planejada ou em uma situação inesperada, é muito natural para os pais idealizarem o
filho "perfeito". Com planos, às vezes detalhando a educação que deseja oferecer, o
tipo de negócio que deseja que seus filhos façam ou o modelo que espera deles,
(FIGUEIREIDO; SOARES; LIMA, 2020).
Junto com o TEA vem a carga do isolamento, da dor familiar, exclusão escolar,
entre outros, quando algo não sai conforme o esperado, o diagnóstico do Transtorno
do Espectro Autista, por exemplo, demanda uma série de mudanças nos planos, na
rotina e consequentemente no futuro dessa família. Dessa forma, acontece alterações
no meio familiar e, nem sempre, é possível lidar com as situações adequadamente,
portanto, é normal que os pais se preocupem (FIGUEIREIDO; SOARES; LIMA, 2020).
O fato dos pais não aceitarem o diagnóstico de primeiro momento pode
acarretar em um desgaste maior na família, atrasa o tratamento efetivo da criança e
isso explica o porquê de alguns pais procurarem diversos médicos em busca de outro
diagnóstico ou opiniões satisfatórias. Alguns pais e até profissionais se confundem ou
rejeitam os sintomas alegando serem traços da personalidade da criança,
principalmente nos casos mais leves do TEA. O diagnóstico da criança com síndrome
autista é visto como um momento de crise e angústia, pois há certo desequilíbrio entre
a qualidade da adaptação necessária e os recursos disponíveis para lidar com o
problema (FIGUEIREIDO; SOARES; LIMA, 2020).
De acordo com os especialistas, o TEA provoca sério comprometimento,
variando a intensidade dos sintomas manifestados, as pessoas com esse diagnóstico
precisam de um ambiente adequado, no qual, possa atender suas necessidades
básicas. Há uma disfunção comportamental (dificuldade nas atividades básicas da
vida diária), social (evitam compartilhar momentos ou interesses com os outros,
inclusive a família) e da comunicação (dificuldade no desenvolvimento da
linguagem). É possível que a criança ou adolescente apresente alguma comorbidade,
além dos sintomas característicos do autismo, “como deficiência intelectual, epilepsia,

35
déficit de atenção e hiperatividade, transtornos ansiosos, depressivos de
aprendizagem, entre outros” (FIGUEIREIDO; SOARES; LIMA, 2020 p. 98)
Podemos concluir que o autismo não afeta apenas o indivíduo, mas também
todos os demais membros que convivem ao seu lado. Entretanto, os pais que terão a
missão de contribuir para a evolução de seus filhos, diante todas as adversidades que
o transtorno traz junto com ele, é primordial que os pais superem essa fase do
diagnóstico, porque isso será essencial no prognóstico do TEA. É muito importante e
necessário que os pais conheçam bem as características de seus filhos e que
colaborem no trabalho em conjunto com os profissionais que os acompanharão
(FIGUEIREIDO; SOARES; LIMA, 2020).
Dessa forma, o auxílio dos pais é um elemento fundamental para as
intervenções e tratamento dos mesmos. Vale destacar mais uma vez que
dependendo do grau de comprometimento da criança com TEA, é necessário o
acompanhamento de uma equipe de multiprofissionais, ou seja, de diversas áreas
como: Psicólogo, Neuropediatra, Fonoaudiólogo, Psicopedagogo, Terapeuta
Ocupacional, Pedagogo, nutricionista, etc. (FIGUEIREIDO; SOARES; LIMA, 2020).
Se a família não acompanhar, não adianta a criança frequentar os profissionais
indicados, obedecer a posologia e horários fixados no caso de um tratamento
medicamentoso como também não conhecer os métodos utilizados. É necessária uma
certa disciplina na rotina cotidiana de uma pessoa com TEA para que haja evolução
de fato, já que muitas famílias se esforçam por uma vida funcional para seus filhos
com esse transtorno, portanto, tanto a família quanto a equipe multiprofissional
precisam trabalhar juntos para que consiga a grande evolução no tratamento de TEA
(FIGUEIREIDO; SOARES; LIMA, 2020).

Fonte: freepik.com

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7 ESCOLA E FAMÍLIA

Fonte: jornadaedu.com

É normal que os pais se preocupem, porque há muitas mudanças no meio


familiar, levando em consideração que por muitas vezes o autismo traz a carga do
isolamento social, a dor familiar e a exclusão escolar, e nem sempre é possível
encontrar maneiras adequadas para lidar com as situações decorrentes. Acima de
tudo, é necessário que a escola tome consciência do impacto desse transtorno na vida
familiar, que requer cuidados, atenção constantes, bem como cuidados e
atendimentos especializados e gastos financeiros e que sabemos que não são poucos
(SANTOS; RAMOS, 2014).
Esses danos moldam a vida das pessoas com autismo e de seus familiares e
podem ter efeitos e prejuízos como estresse, mudanças na rotina familiar e cotidiana,
sobrecarga emocional, dentre outros (SANTOS; RAMOS, 2014).
Os desafios e demandas desses indivíduos e familiares mudam com o tempo
e podem ter mais ou menos efeitos dependendo das oportunidades de
desenvolvimento da pessoa com autismo e do seu grupo familiar, dentre os contextos
de desenvolvimento que marcam a vida da pessoa com autismo, a escola é um
espaço que se destaca, tanto para eles como para seus familiares, onde às famílias
encontram recursos e apoio disponíveis, dentro contexto que estão inseridos
(SANTOS; RAMOS, 2014).
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A proposta da educação especial, dentro deste contexto, acontece por meio do
Atendimento Educacional Especializado (AEE), que tem como função identificar,
organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade, elaborar, especialmente nas
salas de recursos multifuncionais. Essa forma de atendimento complementa a
formação dos alunos e não deve ser visto de modo substitutivo ao ensino regular ou
um reforço (SANTOS; RAMOS, 2014).
Santos e Ramos (2014, p. 7) explicam sobre a realidade das pesquisas sobre
a inclusão escolar de alunos com autismos. Sua pesquisa traz os dados de outros
estudos. Nesse sentido, relata-se que:

Nunes et al. (2013) realizaram um estudo com objetivo de identificar as


produções científicas nacionais, entre 2008 e 2013, sobre a inclusão escolar
de pessoas com autismo no Brasil; seus resultados mostram que a presença
de alunos com transtorno do espectro autista aumentou nos últimos anos com
o movimento da inclusão (no ano de 2012 foram registrados 25.624 alunos,
segundo dados do Censo Escolar do Ministério da Educação), contudo,
observaram que o desconhecimento sobre a síndrome e a carência de
estratégias pedagógicas específicas podem acarretar poucos efeitos na
aprendizagem desta população. Os autores também identificaram, em alguns
estudos, os efeitos promissores do modelo colaborativo de trabalho (entre
professores de escolas regulares e especiais), do uso de recursos de
tecnologia assistiva, de adaptações curriculares, dentre outros.

As autoras continuam explicando que, embora todas as situações cotidianas


em casa devam ser educacionais, os pais às vezes se sentem inseguros em corrigir
seus filhos, procurando maneiras de trazê-los para o mundo familiar menos exigente
e deixar a escola para intervenções mais rigorosas. Uma grande ajuda para todas as
pessoas com autismo, independentemente da sua gravidade, vem das relações
familiares, pois o foco está na comunicação, interação social e afetividade
A escola e a família têm que concordar com as medidas e intervenções na
aprendizagem, especialmente, porque há grande demanda na educação
comportamental. Se em casa, os pais o deixam vestir-se sozinho, na escola ele irá
fazer a mesma coisa e se, na escola, durante o lanche, ele utiliza os utensílios com
autonomia, em casa, deverá fazer o mesmo. Esses ambientes, devem ser
semelhantes em objetivos e práticas educativas, apesar de diferentes fisicamente,
(SANTOS; RAMOS, 2014).
A família e a escola compartilham a responsabilidade pelos recursos que são
usados e pelas dificuldades que surgem ao longo do caminho. Trata-se da construção
de uma experiência compartilhada, em busca de alternativas de intervenção. Para

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eles, as teorias organicistas, baseadas na neuropsicologia, admitem que os
transtornos, mesmo brandos, podem se tornar muito piores em um ambiente cheio de
ruídos ou em uma família ruidosa.
É importante lembrar a sensibilidade do autista em ambientes com essas
características, que podem causar-lhe fobias, ansiedades e reações estereotipadas
em decorrência da ansiedade.
As atividades diárias necessitam ser gerenciadas para alcançar este objetivo
os afazeres e a rotina podem ser ferramentas eficazes para gerar a autonomia, uma
vez que o trabalho com o aprendente autista visa à conquista da sua independência.
Normalmente, no autismo, há uma tendência de se ater às rotinas, tendência que pode
ser usada a seu favor se os pais ou professores as usarem como reforço (SANTOS;
RAMOS, 2014).

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