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SISTEMA NACIONAL DE
EDUCAÇÃO
DESIGUALDADES,
TERRITÓRIOS E DEMOCRACIA
(Publicação Eletrônica)
ISSN 2595-7481
Set. 2022
FICHA CATALOGRÁFICA
ISSN: 2595-7481X
1. Educação e Estado. 2. Federalismo. 3. Políticas públicas –
Educação. I. Araújo, Gilda Cardoso de. II. Título.
CDU: 37.014.5
ORGANIZADORES (Anais)
Gilda Cardoso de Araujo,
Rosenery Pimentel do Nascimento,
Lorrainy Ferrari,
Lilian Marques Freguete,
Gilvanna Carolina Ferreira Dalapicola
Adriana Sperandio
Ana Maria Ramos Pacheco
Carina Copatti
Deborah Gomes Moura
Eduardo Augusto Moscon de Oliveira
Fontele de Lima Junior
Franciely Lima
Gilda Cardoso Araujo
Itamar Mendes da silva
Júlia de Moraes Remydio
Lilian Marques Freguete
Lorrainy Ferrari
Maria da Graça Lobino
Michele Pazolini
Neide Cesar Vargas
Nicoly de Souza Moura
Patricia Luzorio Marques da Silva
Pedro Paulo Pimenta
Rodrigo Rodrigues
Rosenery Pimentel do Nascimento
Tatiana Peterle
Tatiana Silveira
Thaciana Lopes de Almeida
Thalia Campos de Oliveira
CONTATO
Endereço
Campus Goiabeiras – UFES, Centro de Educação de Educação Av. Fernando Ferrari, 514 – Goiabeiras, CEP: 29075-073, Vitória - ES/Brasil
E-mail do Grupo Federalismo E-mail da Anpae -ES
federalismo.ufes@gmail.com anpae.es@gmail.com
Site: www.federalismo.ufes.br
COMITÊ CIENTÍFICO
Coordenação:
Prof.ª Dra. Rosenery Pimentel do Nascimento – UFES
Prof. Dr. Eduardo Augusto Moscon de Oliveira – UFES
Pareceristas Ad Hoc
Profa. Dra. Alexsandra dos Santos Oliveira – UFF
Profa. Dra. Caroline Falco Fernandes Valpassos – UFES/LAGEBES
Profa. Dra. Daniela Patti do Amaral – UFRJ
Profa. Dra. Dulcinéa Campos Silva - UFES
Profa. Dra. Emilia Peixoto Vieira – UESC
Prof. Dr. Itamar Mendes da Silva – UFES
Prof. Dr. João Ferreira de Oliveira – UFG/GO
Profa. Dra. Liege Coutinho Goulart Dornellas – UNIPAC/GV
Profa. Dra. Luciene Martins de Oliveira Matos – FACELI/ES
Prof. Dr. Marcelo Siqueira Maia Vinagre Mocarzel – UFF
Profa. Dra. Maria da Graça Lobino – IFES/ES
Profa. Dra. Marlene de Fátima Cararo – UFES
Profa. Dra. Neide Cesar Vargas – UFES
Profa. Dra. Renata Duarte Simões – UFES
Prof. Dr. Rodrigo Ferreira Rodrigues – IFES/ES
Profa. Dra. Rosenery Pimentel do Nascimento – UFES/LAGEBES
Profa. Dra. Theresa Adrião – UNICAMP
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................... 9
APRESENTAÇÃO
O V Seminário do Grupo de Pesquisa Federalismo e Políticas Educacionais e o XI
Encontro Estadual da Anpae, ocorreu no período de 19 a 22 de setembro de 2022, no formato
online, sendo transmitido pela plataforma do YouTube no canal do Grupo de Pesquisa
Federalismo e Políticas Educacionais, e também pelo Facebook na página da seção Estadual da
Anpae – ES. O evento teve como tema: “Sistema Nacional de Educação: Desigualdades,
Territórios e Democracia”.
Destaca-se que, em sendo aprovado o PLP 235/19, estados, Distrito Federal e municípios terão
até dois anos para aprovar as normativas locais. Em tal cenário, a já consolidada parceria com
a Associação Nacional de Política e Administração – Seção Espírito Santo (ANPAE-ES)
somará forças para o enfrentamento dos desafios que se avolumarão para as redes e sistemas de
ensino, assim como para as unidades escolares do Estado do Espírito Santo, com fins de
universalizar o acesso à educação básica e erradicar o analfabetismo.
A produção dos anais foi organizada com a aprovação dos 58 trabalhos aprovados pelo Comitê
Científico, apresentados nas comunicações orais e sistematizados no formato de resumo
expandido, a partir dos eixos temáticos indicados na programação do evento, quais sejam:
As reflexões e análises proferidas pelos professores Dr. Daniel Cara (USP) e Dr. Fernando
Abrúcio sobre: “Federalismo, Sistema Nacional de Educação: Desigualdades, Territórios e
Democracia”, desenharam um panorama do atual pacto federativo, e das demandas pela
instituição do SNE, destacando os desafios surgidos com as recentes rupturas relativas à
democracia, assim como o desmonte das políticas públicas e a ampliação das desigualdades
sociais e educacionais.
O encerramento do nosso evento contou com a participação do professor emérito Vitor Paro da
(USP), que ressaltou pertinentes questões sobre a “Educação no contexto pós pandemia”,
abordando os desafios políticos e o necessário posicionamento crítico diante da realidade, para
transformá-la. Após o deleite de suas reflexões, foi realizado o lançamento do seu livro: “O
Capital para educadores aprender e ensinar com gosto a teoria científica do valor”.
Completando a nossa programação final, foi realizada a reunião ampliada do Fórum de Gestores
da Educação Básica do Espírito Santo (Fogebes), que o oportunizou aos participantes um
espaço aberto de diálogo, debate e análise dos desdobramentos das políticas educacionais no
âmbito local, nos diferentes sistemas/redes de ensino, instituições e instâncias educacionais.
INTRODUÇÃO
Este trabalho faz parte dos resultados finais do subprojeto de Iniciação Científica intitulada “O
Fundeb permanente e as Organizações da Sociedade Civil nos Conselhos Estaduais de
Acompanhamento e Controle Social do Fundeb (CACS-Fundeb): atuações e incidências”. A
pesquisa está vinculada ao Projeto n° 11198/2021 Federalismo e Educação Básica no Brasil:
atores e disputas na configuração do Sistema Nacional de Educação e do Regime de
Colaboração, pertencente ao grupo de pesquisa Federalismo e Políticas Educacionais, no
âmbito da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
a lei, as Organizações da Sociedade Civil (OSC) passariam a compor até duas cadeiras destes
conselhos fiscais. A partir disso, a pesquisa teve o seguinte objetivo: investigar quais foram as
OSC que passaram a ocupar as cadeiras dos CACS-Fundeb estaduais e do Distrito Federal a
partir de 2021, com a finalidade de investigar em quais áreas as mesmas atuam, para que
pudessem ser tipificadas e categorizadas. As análises foram balizadas por meio do aporte
teórico de Gramsci (1976, 2002), acerca da hegemonia e dos aparelhos privados e de Weber
(2016), sobre os consensos na política.
METODOLOGIA
O percurso metodológico da pesquisa consistiu na busca por meio de endereços virtuais das
secretariais estaduais de educação, notícias, leitura de Diários Oficiais, endereços eletrônicos
dos CACS-Fundeb estaduais e por pedidos formalizados por meio de e-SIC, pautados na Lei
12.527/2011 que versa sobre a transparência de dados públicos. Posterior a este processo, os
nomes das OSC foram organizados e partiu-se para uma busca virtual a fim de entender em
quais áreas essas organizações atuam. Doravante, com essas informações coletadas, as
organizações foram tipificadas por área de atuação e categorizadas de acordo com a Lei
13.019/2014, nomeada como o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil
(MROSC).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir da metodologia supracitada, verificou-se que grande parte dos estados não deu a
publicidade necessária às informações referentes à eleição das OSC que passaram a compor os
CACS-Fundeb, tendo os municípios se destacados numa maior transparência a estes dados, por
mais que os dados sobre estes não componham essa pesquisa. Nesse sentido, boa parte do nome
das OSC foi identificada por meio de pedidos e-SIC, recebidos, por meio de textos enviados
por e-mail que mencionaram os decretos estaduais que as nomeavam, memorandos e páginas
de decretos adquiridas por meio de pesquisa nos Diários Oficiais. Esses dados, junto às
informações sobre as OSC coletadas por meio de páginas de blogs, redes sociais, notícias e
dados referentes aos CNPJ, evidenciaram que boa parte das OSC não são da área educacional
e incidem em áreas que destoam consideravelmente desta última, como OSC ligada à
agricultura e à bandas musicais. Apesar da lei 14.113 liberar este tipo de situação, pois em seu
texto apresenta a conjunção alternativa “ou” educação, “ou” controle dos gastos públicos
(BRASIL, 2020), entende-se que as mesmas não são OSC apropriadas para lidarem com a
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fiscalização dos recursos públicos destinados à Educação, problemática que já era apontada em
relação aos conselheiros que assumiam as cadeiras dos CACS-Fundeb por parte da revisão
bibliográfica antes da inserção destas organizações nos conselhos em questão. Além disso,
constatou-se que algumas OSC ocupam, de forma irregular, as cadeiras dos CACS-Fundeb,
pois recebem recurso do fundo ao qual fiscalizam e das administrações estaduais, aspecto que
é proibido pela lei. A revisão bibliográfica sobre a temática evidenciou que a necessidade de
ocupação da sociedade civil nestes conselhos não é recente e que estes são espaços marcados
por práticas patrimonialistas. A partir disso, entende-se que a lei deixou este aspecto em aberto,
como uma espécie de brecha, que pode ser interpretada pela busca de consenso nas esferas
políticas, uma perspectiva pautada por Weber (2016), ao estabelecer o consenso na política
como comportamentos baseados nas ações de outras pessoas ao verem a possibilidade que suas
expectativas e planos possam ser cumpridos. Além disso, diante das fontes da pesquisa e dos
dados coletados, é possível que o debate sobre a sociedade civil nos CACS-Fundeb estaduais
possa ser, de certa forma, usurpado, para dar lugar a grupos que nada ou pouco se debruçam
sobre as questões referentes à Educação Básica e/ou seu financiamento, ou que possuem
interesses escusos em relação ao fundo público da educação, como é o caso de determinados
atores privados. Nessa perspectiva, Gramsci (1976) aponta que a esfera educacional é uma das
áreas em que o setor privado mais incide em busca da hegemonia, que se configura enquanto
domínio de viés moral e intelectual, revestida pela coerção. (GRAMSCI, 2002). O mesmo autor
elucida que, no âmbito do Estado, há a relação entre a força e o consenso, que são dois vetores
do exercício da hegemonia. Para o autor, em ambientes políticos, é preciso que se tenha um
equilíbrio entre ambos. (GRAMSCI, 1976). A partir disso, entende-se que possa ocorrer uma
busca pela hegemonia nos espaços dos CACS-Fundeb estaduais pela ocupação das cadeiras das
OSC estabelecidas pela legislação.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc108.htm. Acesso em 16
ago. 2022.
WEBER, Max. Metodologia das Ciências Sociais. Tradução de Augustin Wernet: introdução
à edição brasileirade Maurício Tragtenberg. 5ª edição. São Paulo: Cortez. Campinas, São
Paulo. Editora Unicamp, 2016.
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INTRODUÇÃO
Este trabalho integra investigação maior que levantou, sistematizou e analisou os Planos
Municipais de Educação (PMEs) dos municípios que compõem a Região Metropolitana da
Baixada Santista (RMBS) do estado de São Paulo, Brasil. O estudo, ancorado no campo das
políticas públicas educacionais, lançou mão de abordagem de natureza qualitativa de modo a
analisar elementos textuais presentes nas redações dos PMEs da referida região, considerando
que estes documentos são fundamentais para direcionar e normatizar as políticas públicas
educacionais em esfera municipal.
METODOLOGIA
O levantamento documental foi realizado nos sítios eletrônicos dos municípios que compõem
a RMBS. Os PMEs constituem fontes documentais significativas de análise, visto que dispõem
de dados para estudo, reflexão, acompanhamento e avaliação das políticas educacionais
empregadas pelos municípios. Conforme Gil (2002, p. 45-46) “[...] há que se considerar que os
documentos constituem fonte rica e estável de dados. [...] subsistem ao longo do tempo, tornam-
se a mais importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica”.
Realizou-se breve panorama dos processos de elaboração dos PMEs da RMBS enfatizando os
contextos de produção, assim como metas, diretrizes e princípios que garantem a qualidade da
educação ofertada e a gestão democrática educacional nas municipalidades.
Objetiva-se, assim, identificar, por meio de elementos textuais revelados pelos documentos
oficiais, potencialidades, entraves e percursos de elaboração dos PMEs nas respectivas
municipalidades considerando seus contextos de produção e o quanto as equipes técnicas
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ressalta-se a importância da discussão das políticas públicas de educação adotadas pelas esferas
governamentais, em todos os seus âmbitos – federal, estadual ou municipal – especialmente, no
tocante à garantia de uma educação justa, de qualidade, acessível, equânime, democrática e
libertadora. Nessa direção, é essencial considerar a complexidade dos aspectos políticos,
econômicos, sociais, culturais e demográficos que incidem no contexto municipal, bem como
a diversidade de atores (governamentais e não governamentais) que influenciam diretamente
na implementação das políticas públicas educacionais e na efetivação da garantia da qualidade
da educação ofertada pela municipalidade.
A construção dos PMEs pelos entes federados é uma exigência do Plano Nacional de Educação
(PNE - Lei Federal n. 13.005/2014) que imputa às municipalidades a responsabilidade de
elaboração de seus próprios dispositivos legais a fim de que a educação básica municipal seja
norteada e subsidiada por diretrizes consoantes com suas necessidades e realidades. O PME,
como lei, tem o intento de preservar o que foi planejado para a educação municipal com foco
em inibir e/ou dirimir as nocivas descontinuidade das políticas educacionais recorrentes em
muitos municípios brasileiros em que, a cada troca de gestão, as políticas tendem a ser
“reiniciadas”, uma vez que por não se configuram como iniciativas propostas pelos “gestores
atuais”, mesmo quando considerados bons planos educacionais, com objetivos e estratégias que
exprimem as reais necessidades e enfrentamento de problemas locais.
A RMBS foi criada em 1996 por meio da Lei Complementar Estadual n. 815 e é composta por
09 (nove) municípios: 1) Bertioga que atualmente tem uma população de 64.526 habitantes; 2)
Cubatão com 130.025 habitantes; 3) Guarujá com 318.774 habitantes; 4) Itanhaém com 99.751
habitantes; 5) Mongaguá com 55.216 habitantes; 6) Peruíbe com 66.747 habitantes; 7) Praia
Grande com 321.008 habitantes; 8) Santos com 429.513 habitantes e 9) São Vicente com
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360.262 habitantes. A RMBS abrange a porção central do litoral paulista ocupando uma área
de 2.419,93 km² o que corresponde a 1,0% do território do estado. Embora composta por apenas
09 (nove) municípios, é uma das Regiões Metropolitanas (RMs) mais importantes do Estado de
São Paulo, devido, principalmente, ao turismo dada sua localização na região sul da costa do
estado banhada pelo Oceano Atlântico.
No que diz respeito ao movimento de construção e aos processos de elaboração dos PMEs nos
municípios da RMBS é essencial considerar que as cidades possuem percursos sócio-históricos
de constituição federativo-municipais bastante distintos e muito peculiares em decorrência,
inclusive, do processo de colonização brasileira.
Vale destacar que os PMEs dos municípios em pauta deveriam estar em consonância com o
Plano Estadual de Educação (PEE). Contudo, o PEE do estado de São Paulo recebeu aprovação
somente em 2016, ano em que todos os PMEs da RMBS já estavam sancionados por seus
respectivos municípios. A elaboração dos PEEs, conforme indica estudo realizado por Souza e
Pires, se configurou como um processo complexo e destituído de autonomia regional, pois, nas
palavras dos autores “cumpre registrar [...] que os PEEs incorporaram também, em sua maioria,
as indicações feitas pelo PNE” (p. 79).
Nos PMEs observados da RMBS, construídos em sua grande maioria no ano de 2014 e
sancionados em 2015, é possível identificar linearidade textual e certa homogeneidade
discursiva. Percebem-se pequenas alterações pontuais ajustadas às realidades locais e aos
índices de melhoria na educação municipal, porém os textos que alicerçam as discussões, metas
e propostas revelam padronização em relação ao que é preconizado pelo PNE/2014.
Os achados corroboram com outros estudos já realizados em torno do tema. Martins e Novais
(2012), em investigação que analisou os PMEs das RMs de São Paulo aprovados entre os anos
de 2003 e 2004, observaram certa fragilidade textual, pois os documentos analisados pelas
autoras apresentavam “metas, objetivos e algumas poucas ações para alcançá-los”. Prosseguem
apontando o fato de que especialistas externos e pesquisadores acadêmicos atuaram na
formulação dos documentos, uma vez que os planos analisados apresentavam a mesma
estrutura: um histórico de constituição dos municípios; aspectos de construção das redes de
ensino. As autoras chamam atenção, ainda, para o fato de que alguns textos de municípios
diferentes repetiam dados educacionais idênticos, ou seja, não houve o cuidado de verificar ou
checar a veracidade das informações.
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Identifica-se, inicialmente, que a análise textual dos PMEs da RMBS evidencia aspectos sócio-
históricos que se referem à diversidade de origem e desenvolvimento dos municípios da
Baixada Santista, o que provoca desdobramentos em virtude de diferentes capacidades
institucionais das Secretarias Municipais de Educação para consecução de diretrizes oficiais em
conformidade com as necessidades das redes de ensino e de seus profissionais, corroborando,
também, resultados de estudos que discutem questões acerca da fragilidade de poder local
(SCAFF; OLIVEIRA, LIMA, 2018).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ADRIÃO, Theresa. Oferta do ensino fundamental em São Paulo: Um novo modelo. Educ.
Soc., Campinas, v. 29, n. 102, p. 79-98, abr. 2008. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0101-73302008000100005. Acesso em: 26 ago. 2022
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARTINS, Angela Maria; NOVAES, Glaucia Torres Franco. Planos municipais de educação
de regiões metropolitanas e temas curriculares: Uma análise de políticas educacionais.
Revista @mbienteeducação, 5(2): 143-51, jul./dez. 2012. Disponível em:
https://publicacoes.unicid.edu.br/index.php/ambienteeducacao/article/view/108. Acesso em
16 mar. 2022.
22
SCAFF, Elisangela Alves da Silva; OLIVEIRA, Marli dos Santos de; LIMA, Simone
Estigarribia de. O planejamento educacional frente às fragilidades do processo democrático
brasileiro. ETD - Educação Temática Digital, 20(4), 2018, p. 905-923.
https://doi.org/10.20396/etd.v20i4.8649255. Acesso em: 09 mar. 2022.
SOUZA, Ângelo Ricardo de; PIRES, Pierre André Garcia. As leis de gestão democrática da
educação nos estados brasileiros. Educ. rev., Curitiba, v. 34, n. 68, p. 65-87, abr. 2018.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/qLkpKmKtMCsK89ZY9yMN87H/?lang=pt.
Acesso em: 26 ago. 2022.
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INTRODUÇÃO
Outra conquista que vale ser destacada, foi o Decreto n. 6.571/2008, que garante a dupla
matrícula no ensino comum e no Atendimento Educacional Especial (AEE), alterando as regras
do Fundeb.
O novo Fundeb, aprovado pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC 26/2020), traz
importantes mudanças quanto ao financiamento da educação e que também contemplam a
educação especial. Uma delas é a que estabeleceu maior complementação da União, de 10%
para 23% até 2026, bem como, a criação do Custo-Aluno Qualidade (CAQ), que garante
recursos mínimos por estudante para qualidade do ensino
Nesse sentido, surge a seguinte problemática: quais parâmetros seriam necessários para calcular
um CAQ capaz de garantir uma educação de qualidade para os alunos público da educação
especial?
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METODOLOGIA
O presente estudo constitui-se de uma natureza qualitativa, já que o nosso objetivo é refletir
sobre o direito à educação dos alunos público da educação especial e os parâmetros necessários
para uma educação de qualidade para esses estudantes, levando em consideração que o
investigador da pesquisa de natureza qualitativa examina o mundo e a realidade a ser pesquisada
com a ideia de que nada é trivial, que tudo tem potencial para nos levar a compreender melhor
o nosso objeto de estudo (BOGDAN; BIKLEN, 1994).
Como metodologia, utilizamos a pesquisa bibliográfica dos estudos de Jamil Cury, a fim de
estabelecer um diálogo entre o direito à educação e a necessidade da criação de parâmetros
capazes de garantir o acesso a uma educação com qualidade para os alunos públicos da
educação especial.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para Cury (2002) o direito à educação parte do princípio de que o saber sistemático é mais do
que uma importante herança cultural. Como parte desse legado, o sujeito passa a ter o direito e
se apossar desses padrões cognitivos e formativos, que garantam a ele a possibilidade de
constituir-se como cidadão, participando dos destinos da sociedade e colaborando com a sua
transformação.
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Partimos desse princípio, para além da importância social da Educação Especial, que a
escolarização dos alunos com deficiência é um direito, pelo fato de serem sujeitos, e que assim,
como os demais alunos, têm o direito de ter acesso aos conhecimentos que possibilitarão a sua
participação e transformação da sociedade.
Nesse sentido, sendo a educação especial uma modalidade da educação básica, faz-se
necessário pensar em parâmetros capazes de indicar um padrão de qualidade da educação desses
estudantes. De acordo com a Nota Técnica PEC 26/2020, da Campanha Nacional pelo Direito
à Educação (p. 6),
Para tanto, os recursos do CAQ são calculados levando em consideração quatro dimensões: a
estrutura física e funcionamento, trabalhadores e trabalhadoras da educação, gestão
democrática e acesso e permanência, levando sempre em consideração que para se pensar em
uma educação pública de qualidade, temos que considerar os insumos que são destinados a ela.
Ao pensarmos mais especificamente nos parâmetros necessários para se garantir uma educação
de qualidade para os alunos público da educação especial, destacamos a necessidade de refletir
sobre os recursos para que esses alunos possam ter acesso ao conhecimento na escola,
considerando todas essas dimensões utilizadas para o cálculo do CAQ e outras que ainda
necessitam de pesquisas para que possam ser definidas e regulamentadas.
CONCLUSÃO
Uma educação de qualidade é direito de todos, entretanto, para que esse direito dos alunos
público da educação especial seja garantido, é necessário que eles tenham acesso à materiais,
tecnologias, espaços acessíveis, à profissionais de apoio escolar e a professores que tenham
uma formação específica, a fim de atender às subjetividades desses estudantes. Nesse sentido,
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apenas garantir a igualdade de acesso à educação, que os demais alunos, não atenderia a todas
essas especificidades.
Podemos concluir assim que é urgente a regulamentação do CAQ, bem como a realização de
pesquisas que possam subsidiar e definição de um CAQ capaz de garantir o acesso ao
conhecimento dos alunos público da educação especial, levando em consideração as
especificidades de cada tipo de deficiência e todos os recursos e metodologias atuais capazes
de garantir a aprendizagem desses estudantes.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Plano Nacional de Educação. PNE 2014-2024. Linha de Base. INEP. Ano 2015.
Disponível em: http://www.publicacoes.inep.gov.br/portal/download/1362. Acesso em: 20
jan. 2022.
GIL, A. 2010. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed., 3 reimpr., São Paulo: Atlas.
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INTRODUÇÃO
Nesse contexto, a Lei Complementar 799/2015, que criou o Programa Escola Viva, foi aprovada
em regime de urgência, o que dificultou o amplo debate e o diálogo com a sociedade capixaba
relacionado a amplitude do projeto. Tendo o ICE como principal parceiro e organizador do
projeto, nesses termos, foi visto, pela primeira vez na rede estadual de ensino, uma política
pública de educação tão ampla e impactante pautada na relação entre o público e o privado. O
projeto Escola Viva foi implantado no ano de 2015, durante o segundo governo Paulo Hartung
e vigorou até o ano de 2019, contando com 36 unidades escolares, ultrapassando a meta
estabelecida de 32 unidades, proposta pelo Governo capixaba (no plano estadual de educação?)
e pela ONG Espírito Santo em Ação (TEIXEIRA, 2017).
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Substituído no ano de 2020 pelo Programa de Ensino Integral, criado pelo Projeto de Lei
Complementar (PLC) 58/2019 do governador Renato Casagrande, também aprovado em
regime de urgência na ALES, o programa Escola Viva foi substituído deixando inúmeros
questionamentos, indagações e um legado significativo no currículo da educação básica da
Rede Estadual de Ensino do Espírito Santo.
Dentre as mudanças iniciadas na Rede Estadual de Ensino Básico com o advento da “Escola
Viva” destacamos: a criação de uma nova figura na organização hierárquica gestora, o Professor
Coordenador de Área (PCA) e as novas disciplinas: Eletivas, Projeto de Vida (que no novo
currículo substituirá as aulas de filosofia e sociologia no terceiro ano do Ensino Médio) e Estudo
Orientado, por exemplo. Sendo as duas últimas implantadas também no Ensino Fundamental
nas séries finais a partir de 2021.
Essa pesquisa apresenta-se proeminente para que se entenda como o programa Escola Viva,
oriundo de uma parceria público-privada, conseguiu influenciar tão significativamente o novo
currículo estadual da Educação Básica. Entender os meandros ideológicos e sua influência nas
políticas públicas de educação é crucial para a compreensão de que direção segue a política
educacional do “Estado do Espírito Santo”, se a caminho da emancipação ou da alienação.
METODOLOGIA
Por se tratar de uma pesquisa cuja abordagem principal é qualitativa, utilizamos como
procedimentos de coleta e produção de dados, a pesquisa documental e revisão de literatura,
conforme delimita GIL (2002, p. 43).
Foi feita a análise do currículo do programa Escola Viva e do Novo Currículo da Rede Estadual
de Ensino buscando a produção de dados dos principais pontos de convergência.
Consequentemente, foi realizado o fichamento dos livros, catálogos e artigos que compõem a
revisão bibliográfica e o quadro teórico, necessários à fundamentação da pesquisa. Contribuirão
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tanto para a análise de nosso objeto de estudo, quanto na identificação dos fatores contextuais
responsáveis pela temática.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A proposta de um Novo Currículo da Rede Estadual de Ensino do Espírito Santo que utiliza as
bases do Currículo do Programa Escola Viva, explicitamente formulado, gera várias perguntas
entre elas se destacam as seguintes:
Pode haver uma coordenação mais clara e mais democrática pelo órgão gestor da Rede de modo
a exercer as funções equalizadora e redistributiva?
É possível efetivar a autonomia e a democracia nas relações internas e externas das escolas de
modo a propiciar a efetivação do currículo no contexto do federalismo educacional?
Todavia, essas são perguntas que somente o desenvolvimento do Novo Currículo e a análise da
gestão da Rede educacional do Espírito Santo poderão responder.
CONCLUSÕES
protagonistas e críticos? Pela lógica não, para uma educação libertadora e emancipadora a
democracia é a regra magna que tem que ser a baliza de todo o processo, essa é a regra básica
para todo projeto.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Nesse prisma, ao partirmos do pressuposto de que as políticas públicas devem caminhar para a
universalização do direito educacional, o presente artigo propõe uma discussão no que tange às
políticas públicas existentes que visam atender a meta 6 disposta no Plano Nacional de
Educação, de modo especial no estado do Espírito Santo.
DESENVOLVIMENTO
Trata-se de um sistema político que busca um objetivo comum, sob a qual são distribuídos os
poderes e as funções entre o governo central e os governos regionais (CURY, 2010). Na
Constituição Federal de 1988, os fundamentos do federalismo são expostos no art. 3º da
Constituição Federal, guardando observância a uma matriz cooperativa de repartição de
competências, tanto nos aspectos legislativos, administrativos e tributários.
Dentro dessa discussão, como leciona Soares (2010), o direito à educação esteve presente em
todas as constituições brasileiras, desde a Constituição Imperial outorgada em 1824, até a
Constituição Federal promulgada em 1988. Desse modo, o artigo sexto da Carta Cidadã positiva
assegura o direito à educação como uma garantia social, mas acima de tudo fundamental para
o desenvolvimento intelectual e cidadão do indivíduo.
No ano de 2015, o governo estadual por meio da Lei complementar n. 700/2015 implantou o
Programa de Escolas Estaduais de Ensino Médio em Turno Único, denominado “Programa
Escola Viva”, com a proposta de organização e funcionamento de tempo único, com a a
metodologia da Escola da Escolha e no Projeto de vida do Estudante. Em 2019 o Programa foi
reestruturado por meio da Lei Complementar n. 928/19, que veio estabelecer as diretrizes para
a oferta da Educação em Tempo Integral nas Escolas Públicas Estaduais do Espírito Santo.
CONCLUSÃO
Diante da discussão proposta, foi possível perceber que há esforços por parte dos entes
federados em cumprir a meta seis do Plano Nacional de Ensino. Ademais, apesar das tentativas,
nota-se que há um distanciamento entre o plano formal e plano material para concretização das
metas estabelecidas, dado a magnitude dos Programas implantados. Os registros das
experiências locais e nacionais ainda procuram meios para se consolidarem, de fato, como
política pública. Desse modo, a pretensão de obter resultados imediatos tem provocado a
descontinuidade dos programas iniciados, uma vez que é preciso tempo de amadurecimento e
articulação dos programas indutores para alcançar resultados que expressem quantitativa e
qualitativamente os processos construtivos da aprendizagem. Espera-se que ass discussões
futuras relacionadas à abrangência das metas positivadas no PNE sejam o ponto central do
debate para a efetivação do direito à educação, de modo a articular os entes federados no regime
colaborativo.
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REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
positiva, foi necessária realizar uma adequação, distribuindo os documentos e legislações por
áreas: Educação Infantil; Ensino Fundamental; Tempo Integral; Diversidade, gênero e etnia;
Educação de Jovens e Adultos; Gestão democrática e participativa; Gestão de Pessoas;
Educação Especial; e por integrantes do GT, com a finalidade de que os destaques fossem
socializados com os demais, e os conceitos elaborados a partir do que já se é utilizado no
município.
Os três conceitos são complexos e envolvem aspectos legais, sociais, econômicos, políticos,
ideológicos, entre outros. Quando nos referimos a cada um deles de forma isolada, ou em
conjunto, estamos falando a partir de um contexto, de uma realidade e, neste estudo, estamos
tratando de qualidade, justiça e equidade tendo como foco de análise a educação do município
de Vitória/ES.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Carreira e Pinto (2007) entendem que o CAQ compõe-se de quatro categorias de insumos:
estrutura e funcionamento (construção e manutenção de prédios, materiais básicos de
conservação, equipamentos de apoio ao ensino); condições oferecidas pelos trabalhadores
(salário, plano de carreira, formação inicial e continuada); gestão democrática (participação da
comunidade, funcionamento dos conselhos, escolha democrática dos dirigentes, existência e
liberdade para associações de estudantes, professores e funcionários, construção conjunta de
projeto pedagógico); acesso e permanência na escola (alimentação, material didático, transporte
e vestuário). O documento final da CONAE 2010 propôs que o financiamento da educação
tenha como mecanismo de referência, o CAQ. O PNE (2014) afirma o CAQ como proposição
de implementação em curto prazo e de complementação federal para os entes que não o
atingirem.
QUALIDADE
38
O conceito de qualidade é complexo e envolve: (1) custeio adequado das atividades escolares
como aspecto fundamental e meio de garantir a aquisição de insumos em quantidades e
variedades apropriadas para assegurar condições objetivas para a oferta de uma educação
efetiva; articulado à (2) valorização dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem nas atividades de organização e gestão da escola; (3) atenção aos aspectos
pedagógicos; e à (4) consideração das expectativas da comunidade escolar quanto à aquisição
dos saberes ministrados pela escola (ALVES, 2012).
JUSTIÇA
É inerente da atividade escolar interagir e dialogar com as práticas sociais. A relação com o
social, o econômico, o cultural e o político é parte do cotidiano das unidades de ensino. Ser
guardiã de uma educação na perspectiva inclusiva em todas as suas dimensões é um
compromisso da escola.
EQUIDADE
Para dialogar com o conceito de qualidade e de justiça entendemos que é necessário trazer o
conceito de equidade que pode ser definida como o uso da imparcialidade para reconhecer o
direito de cada um, na busca de torná-los iguais, sem preconceitos ou privilégios. Assim, a
equidade busca garantir a oferta de oportunidades iguais a todos, tendo como objetivo uma
sociedade mais justa. É necessário olhar para as desigualdades de aprendizado entre as crianças
e estudantes de todas as realidades sociais, culturais, econômicas para garantir que estejam
aprendendo e aproveitando os processos educativos.
A relação entre qualidade e equidade que responderá pela justiça na educação, superando as
desigualdades sociais, garantindo a educação na perspectiva inclusiva e que todas as crianças e
estudantes estejam incluídos no processo democrático de direito (SOARES, 2005).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O plano Nacional de Educação foi estabelecido na Constituição Federal de 1988 (CF/88), art.
214, com duração de dez anos com a finalidade de “[...] articular o sistema nacional de educação
em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e
modalidades [...]” (BRASIL, 1988). Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n°
9.394/96 (LDB/96), art. 9º, foi previsto que cabe a União a elaboração do Plano Nacional, em
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
No ano de 2014, após quase quatro anos de tramitação entre o Ministério da Educação (MEC),
o Congresso Nacional e sociedade civil, o PNE foi aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 junho,
com 14 artigos, 20 metas e 254 estratégias que, durante os próximos 10 anos, orientarão as
diretrizes e as políticas educacionais. Para a efetivação das diretrizes a Lei n° 13.005/2014,
determina:
Art. 8° Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão elaborar seus
correspondentes planos de educação, ou adequar os planos já aprovados em lei, em
consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo de 1
(um) ano contado da publicação desta Lei.
§ 1° Os entes federados estabelecerão nos respectivos planos de educação estratégias
que:
I – Assegurem a articulação das políticas educacionais com as demais políticas
sociais, particularmente as culturais;
II – Considerem as necessidades específicas das populações do campo e das
comunidades indígenas e quilombolas, asseguradas a equidade educacional e a
diversidade cultural;
III – Garantam o atendimento das necessidades específicas na educação especial,
assegurado o sistema educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades;
IV – Promovam a articulação interfederativa na implementação das políticas
educacionais.
42
Assim, cabe aos entes federados a construção dos planos estaduais e municipais em articulação
com as diretrizes do Plano Nacional para o desenvolvimento de suas ações e políticas
educacionais, inclusive para as políticas de Educação Especial.
No que se refere à Educação Especial, a sua garantia como direito é ratificada na CF/88, no art.
208, Inciso I que assegura “[...] o atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988) e na LDB/96,
Capítulo V que estabelece a Educação Especial como modalidade de ensino que perpassa os
diferentes níveis de ensino. No ano de 2008, foi publicada a “Política Nacional de Educação
especial na Perspectiva da Educação Inclusiva” – PNEE-EI/2008 – (BRASIL, 2008), que
passou a orientar os sistemas de ensino para a organização de serviços e recursos de educação
especial. Vale destacar que os princípios definidos na atual política do governo federal (PNEE-
EI/2008) foram confirmados, em 2010, pela Conferência Nacional de Educação (Conae), que
mobilizou, no território nacional, diferentes grupos sociais na discussão de diretrizes e
estratégias para a construção de um novo Plano Nacional de Educação (LAPLANE; PRIETO,
2010). No documento é ratificado “[...] o direito de acesso irrestrito à educação, pautado na
garantia de condições para a implementação de uma Política Nacional de Educação Inclusiva”
(LAPLANE; PRIETO, 2010, p. 927) às pessoas com deficiência, Transtornos Globais de
Desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação nas classes comuns.
Diante desse cenário, buscamos nesse estudo refletir como a Educação Especial se configura
no Plano Municipal de Educação (PME) do município de Cachoeiro de Itapemirim-ES, com
vigência correspondente ao decênio 2015 a 2025.
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho partimos dos pressupostos da pesquisa qualitativa (MINAYO,
1994), a partir do desenvolvimento da pesquisa documental, na tentativa de identificar como se
configura a Educação Especial no PME do município de Cachoeiro de Itapemirim-ES, com
vigência para o período de 2015 a 2025. Shiroma, Campos e Garcia (2005, p.429) destacam
que as fontes documentais “[...] são relevantes tanto porque fornecem pistas sobre como as
instituições explicam a realidade e buscam legitimar suas atividades[...]”.
Desta forma, a análise documental abrange todo o processo de seleção, coleta, armazenagem e
consulta dos materiais que tendem a contribuir com o desenvolvimento da pesquisa, bem como
a análise e interpretação dos dados coletados.
43
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
45
INTRODUÇÃO
Este trabalho integra uma pesquisa em desenvolvimento que tem como objetivo discutir a
questão da evasão escolar e permanência no ensino médio integrado do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo - Campus Registro. As informações para a
construção deste trabalho estão sendo retiradas de documentos e dados públicos oficiais que,
após serem tratados, poderão compor uma base para implementação de novas políticas e
programas para aprimoramento de ações no local pesquisado.
O objetivo geral do estudo é levantar, sistematizar e analisar fontes oficiais com base no acervo
documental do IFSP, com o intuito de ampliar as discussões disponíveis a respeito das políticas
e ações de permanência e êxito dos alunos do IFSP/Campus Registro do ensino médio
integrado. Os objetivos específicos são: relacionar e analisar os índices de evasão escolar do
IFSP de 2017 a 2021; sistematizar e analisar dados dos programas de permanência e êxito do
Campus Registro; delinear informações que possam subsidiar a instituição com vistas a ampliar
as políticas de combate à evasão escolar.
METODOLOGIA
1
Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/pnp. Acesso em: 25 agos. 2022.
47
informações retiradas de entrevista pode colaborar para o surgimento de outras hipóteses que
possam surgir durante sua aplicação. De acordo com Gil (2002, p. 46), a pesquisa do tipo
documental permite acesso a uma fonte rica e estável de dados que possibilita o tratamento de
arquivos primários. Já a pesquisa do tipo bibliográfica permite ao investigador a cobertura de
uma gama de fenômenos muito mais ampla, ampliando a visibilidade do problema.
Foram reunidos dados extraídos da Plataforma Nacional Nilo Peçanha (PNP) sobre os números
da evasão escolar do IFSP - Campus Registro e confrontados com a média de outros campi
semelhantes do IFSP, com um recorte temporal de 2017 a 2021. Também foram sistematizados
e analisados documentos do mesmo período elaborados pela instituição como por exemplo, os
projetos político-pedagógicos, planos de desenvolvimento institucional, relatórios de gestão e
demais documentos levantados que foram julgados relevantes para o desenvolvimento desta
pesquisa.
Este trabalho apresenta e discute apenas questões referentes à taxa de evasão no Campus
Registro comparado ao grupo dos demais campus semelhantes, a partir do ano de 2020.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos podem ajudar a compreender melhor os motivos que levam esses jovens
a abandonarem ou permanecerem na instituição. Os núcleos de apoio ao ensino e demais setores
correlatos do IFSP podem utilizar as informações a fim de determinar novas ações de combate
à evasão.
CONCLUSÃO
Inicialmente, vale ressaltar que os fatores que levam os alunos a evadirem do ensino médio
integrado ou permanecerem nele podem ser diversos. Os fatores de evasão encontrados no
levantamento bibliográfico desta pesquisa são multifacetados: falta de informações iniciais
sobre o curso escolhido; localização da instituição que dificulta o acesso e gera maior custo de
deslocamento; problemas familiares; nível de instrução diferente entre os alunos advindos da
rede pública e os da rede particular de ensino; incompatibilidade de horários, entre outros. Já
os motivos que levam à permanência podem ser direcionados às políticas de assistência social
consistentes; ao quadro de docentes qualificados e com dedicação exclusiva; ao status por fazer
parte de um grupo seleto e pequeno da instituição; à rede de apoio ao aluno composto por
profissionais como psicólogo, nutricionista, psicopedagogo e assistente social, entre outros.
49
Embora esse desafio marque o Ensino Médio também nas outras redes de ensino é
preciso considerar que os IFs apresentam condições mais propícias ao bom desempenho
dos alunos visto que contam com profissionais com melhor formação, maior
remuneração, professores com dedicação exclusiva o que possibilita o atendimento
mais individualizado aos alunos no contraturno. Contam também com programas de
assistência estudantil que auxilia financeiramente os estudantes com maior
vulnerabilidade socioeconômica para que permaneçam na escola. Em geral, contam
também com melhor infraestrutura e materiais pedagógicos. (MILLIORIN, 2018, p.
162)
Neste cenário de incertezas, o Campus Registro promoveu, através dos editais nº 024/2020 e nº
017/2020 os empréstimos de computadores/ tablets e distribuição do Auxilio Conectividade de
Inclusão Digital para os alunos que preenchiam determinados critérios de vulnerabilidade
social. Foram disponibilizadas pelo campus, ainda, 150 unidades de cestas básicas através da
Cotação Eletrônica nº 03586/2020, com o intuito de atender aqueles alunos que apresentavam
maior risco social e pudessem ter suas questões de desigualdade minimizadas.
REFERÊNCIAS
Rosilene Lagares
Universidade Federal do Tocantins
roselagares@uft.edu.br
INTRODUÇÃO
2
Pesquisa em desenvolvimento no Programa de Doutorado em Educação da Amazônia em Rede/Polo
Palmas/Universidade Federal do Tocantins (PGEDA/Educanorte).
52
Da análise dos conceitos, observamos que, embora o PLP nº 47/2019 esteja apensado a esse
conjunto, efetivamente, não trata da instituição do SNE. Os PLP nº 25/2019 e nº 267/2020,
também, trazem o elemento cooperação e acrescentam a colaboração, propondo que as relações
entre os entes federados sejam pela colaboração respeitando as normas de cooperação. Os
Projetos tratam, ainda, da institucionalização do SNE considerando-se a organização existente
– Sistema Federal, sistemas estaduais, Sistema Distrital e sistemas municipais, e introduzem
expressões, como “articulação colaborativa dos sistemas”, “esforço organizado autônomo e
permanente”, “articulação de sistemas.” Assim, mantêm a cooperação e a colaboração como
desafios para conceituação e materialização.
Para a realização de uma audiência pública em uma Comissão da Câmara Federal se faz
necessário um requerimento assinado por um ou mais deputados. No requerimento, devem
constar o nome da audiência, o tema a ser debatido e as pessoas que serão convidadas para o
debate. (https://www.camara.leg.br. Acesso em: 10 mar. 2021).
Para este trabalho, foram utilizadas três categorias como recorte para identificar pessoas ligadas
ao Território da Amazônia Legal entre os convidados das audiências: naturalidade, local da
formação acadêmica e local de exercício profissional.
Dos 34 convidados para as seis audiências, são identificados como da Amazônia Legal, segundo
essas categorias, 07 convidados: Carlos Abicalil; Gilmar Soares Ferreira; Maria Goreth da
Silva e Souza; Flávia Nogueira; Gersem José dos Santos Luciano (Baniwa); Francisca
Novantino Pinto de Ângelo (Pareci); Wilder Kirliam da Costa Nascimento.
Nas falas proferidas nas seis audiências públicas, nenhum dos convidados fez uma abordagem
específica a respeito de um único Projeto, tratando de forma genérica de pontos relacionados a
todos os PLP.
3
Todos esses dados e informações foram colhidos nos dias 13 e 15 de agosto de 2021.
54
propondo, inclusive, a revogação da EC nº 59/2009. Não percebemos, nessa proposta, por parte
dos interlocutores, nem mesmo o cuidado de garantia dos demais temas abordados pela
Emenda, como por exemplo, a ampliação da obrigatoriedade da educação.
A Amazônia abrange cerca de 7 milhões de Km², dos quais 5,5 milhões são cobertos por uma
densa floresta tropical de clima úmido e quente que abrange nove países da América Latina
sendo: Suriname, Guiana, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana Francesa, Colômbia e o
Brasil, que absorve 60% de toda a composição geográfica.
No Brasil, é constituída pelos estados amazônicos, os quais são compreendidos como partes
constitutivas de um espaço geográfico denominado Amazônia Legal e é composta pelos estados
do Tocantins, Roraima, Maranhão, Amapá, Rondônia, Mato Grosso (com exceção do pantanal),
Amazonas e Pará (COSTA; BRASILEIRO, 2016).
A região é caracterizada por sua grande extensão territorial, com uma rica biodiversidade e
recursos naturais que a destacam como uma das mais ricas regiões do planeta. (COSTA;
BRASILEIRO, 2016).
Na fala dos sete representantes vinculados a Amazônia, não percebemos um posicionamento
ou referência específica a essa vasta e diversa territorialidade denominada Amazônia Legal.
Podemos supor que, por se tratar de um tema de abrangência nacional ou por estarem
representando instituições com capilaridade, também, nacional, os convidados tenham feito a
opção de não se referir especificamente ao Território Amazônico. Os convidados não
enquadrados nessas categorias, também, não fizeram referências direta ao seu lócus de origem
ou atuação.
Contudo, considerando o espaço representativos desses convidados amazônicos (sete entre
trinta e quatro) e, ao mesmo tempo, a necessidade de firmar a Amazônia Legal como território
produtor de conhecimento e cultura, muitas vezes não reconhecido nacionalmente, podemos
dizer que seria um espaço significativo de afirmação da cultura Amazônica.
CONCLUSÃO
Tendo por objetivo apreender a(s) concepção(ões) teórico-políticas a respeito do SNE dos
representantes da Amazônia Legal convidados a participar das Audiências Públicas sobre o
SNE, realizadas na Câmara de Deputados no período entre 2019 e o primeiro semestre de 2021,
55
no momento, podemos concluir que a tendência é pela instituição do Sistema, contudo o que
realmente irá determinar o passo a ser dado será a apreciação final dos Deputados e Senadores.
E neste caso, tudo pode acontecer.
No entanto, reiteramos que a disputa de projeto antagônicos na educação brasileira remonta sua
origem, como exemplos históricos recentes temos o processo de elaboração do PNE 2001 e da
própria LDB de 1996. E, com relação a instituição do SNE, não está sendo diferente. Mesmo
que convergente em muitos pontos, temos hoje em tramitação na Comissão de Educação da
Câmara de Deputados três Projetos e, ainda, encontra-se em apreciação no Senado Federal um
outro Projeto com o mesmo objeto.
Assim, além do que poderíamos chamar de dissonâncias convergentes, temos também espaço
para total oposição a instituição do SNE. A discussão deste tema no Congresso Nacional ainda
não está concluída. A correlação de forças se mantém e tem a tendência de se intensificar.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Na LDB/1996 também foi estabelecido o dever do Estado com a educação mediante a garantia
de “padrões mínimos de qualidade de ensino, definido como a variedade e quantidade mínimas,
por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem
(BRASIL, 1996, art. 4º, inciso IX).
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No município de Ibitirama, observou-se que, em 2009, havia um total de 2632 matrículas, sendo
que em 2019 o município contava com 2388. Observa-se ainda que a maior parte das matrículas
da série histórica encontra-se no Ensino Fundamental. Os números da Educação Infantil
apresentaram uma melhora de aproximadamente 67,02% no passar dos anos. O Ensino
Fundamental apresentou queda de 17,7%, mas com média de aproximadamente 1.689/ano. O
Ensino Médio teve uma queda de 38,85% durante os anos e o ano que contou com menor
quantidade de matrículas foi 2019, com 203 alunos.
O número maior de matrículas encontra-se na esfera municipal, mas houve uma queda de
10,28% no decorrer dos anos. Também existe grande quantidade de alunos na esfera estadual,
mas houve uma pequena queda de 6,88% de 2009 a 2019. Esses dados podem ser explicados
pelo fato de a CF/88 trazer a prerrogativa da oferta do Ensino Fundamental, que possui o maior
contingente de matrículas, para a esfera municipal e estadual. Além disso, o processo de
59
Constatou-se uma redução de 45,83% no número total de escolas do município de 2009 a 2019,
escolas de Ensino Fundamental foram as que mais tiveram queda, contanto com 22 escolas em
2009 e apenas 6 em 2019. Na Educação Infantil houve um aumento de 5 para 9 escolas, e no
Ensino Médio um aumento de 2 para 3. Também houve redução de 3 para 1 escolas que
ofertavam a EJA. Escolas que apresentavam matrículas em Educação Especial subiram de 2
para 6, levando em consideração o aumento do número de matrículas dessa modalidade. A
esfera municipal conta com o maior número de escolas sob sua jurisdição, mas com queda de
aproximadamente 52,38% a partir de 2009 (21 em 2009 e 10 em 2019). A esfera estadual se
manteve completamente estável em todos os anos da série histórica, com duas escolas por ano.
O número de docentes do Ensino Médio teve queda de 29,03% no decorrer da série histórica.
Apenas os anos de 2014, 2015, 2016, 2018 e 2019 apresentaram professores de Ensino Médio
Integrado ou normal (entre 6 a 9 professores), de acordo com a demanda de alunos nessa etapa
vistos nos gráficos anteriores. Os números da EJA tiveram um aumento de 57,14%.
Ao final observou-se que no ano de 2019 o município tinha 71 professores na educação infantil,
115 no ensino fundamental, 22 no médio, 2 em turmas multisseriadas e multietapas, 8 no Ensino
Médio Integrado e técnico e 22 na EJA.
60
Quanto ao município de Muniz Freire, a análise dos dados mostra que houve uma queda de
4610 matrículas em 2009 para 3791 em 2019. O contingente maior de matrículas se encontra
no Ensino Fundamental, com mais de 2000 matrículas em todos os anos da série histórica
estudada. Entretanto, os dados demonstram que houve uma queda de 20,41% do número de
matrículas dessa etapa de 2009 a 2019. Os números da Educação Infantil apresentaram uma
alta de 22,15% durante os anos, apesar de apresentarem queda de 19,57% de 2009 a 2012, e
aumento a partir desse ano.
Houve uma redução de 45,45% do número total de escolas no município de Muniz Freire. O
Ensino Fundamental também foi o que mais teve queda, com 37 escolas em 2009 e 17 em 2019.
A Educação Infantil teve pequeno aumento de 11 para 12 escolas, diferente do Ensino Médio,
que não teve alterações.
Percebe-se que o número maior de Escolas está sob a jurisdição da Dependência Municipal
(bem como o número maior de matrículas, como visto em gráficos anteriores). Entretanto,
houve uma redução de 50% no número de escolas municipais durante a série histórica, de 38
em 2009 para 19 em 2019.
O município apresentava um total de 244 docentes em 2009 e 241 em 2019. O maior número
de professores se refere àqueles que lecionam na etapa do Ensino Fundamental. Esse número
apresentou crescimento de 6,21% durante os anos da série histórica (de 161 em 2009 para 171
em 2019). Cabe destacar que também houve um aumento de 5,45% no número de docentes da
Educação Infantil, que tinha 55 em 2009 e 58 em 2019. O Ensino Médio também contou com
aumento, dessa vez de 10,2%. A esfera municipal concentra o maior número de professores, o
que confirma os dados anteriores que mostram um número maior de escolas e matrículas nessa
dependência. Houve uma queda de 10,5% neste número durante os anos. A esfera estadual vem
em seguida, apresentando uma alta de 7,04% no número de profissionais.
CONCLUSÃO
Esse estudo possibilitou compreender como se dá a oferta da Educação Básica nos municípios
de Ibitirama e Muniz Freire. Ao analisar os dados de número de matrículas, escolas e docentes
61
nesses municípios observou-se que, apesar do avanço das políticas educacionais promovidas
entre os anos de 2009 a 2016, como a implementação do FUNDEB, que amplia o financiamento
da Educação para toda Educação Básica, e a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos,
houve uma pequena redução no número de matrículas e de escolas nesses dois municípios.
Esses dados se articulam com o Relatório do Censo Escolar de 2020, que mostrou que desde
2016 houve uma redução no número de matrículas e escolas no Brasil. Mesmo com uma
redução, observou-se um aumento no número de docentes contratados pelos municípios
estudados.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Face ao exposto, têm-se o seguinte problema de estudo: Quais processos foram desenvolvidos
pela Secretaria Municipal de Educação da Serra (SEDU/Serra), Espírito Santo (ES), no período
de 2015-2019, para o estabelecimento da Educação Escolar em Tempo Integral (EETI) no
Ensino Fundamental? A escolha do período de 2015-2019 tem relação com o PNE, já que uma
de suas metas trata de oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, cinquenta por cento
das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, vinte e cinco por cento dos (as) alunos
(as) da educação básica, no período de dez anos de vigência da lei, que teve início em 2014.
Para direcionar essa análise, os objetivos para o trabalho foram: identificar o histórico da EETI
no município, verificar se houve constituição de equipe específica, analisar os dispositivos
legais produzidos; investigar as motivações que conduziram o processo; apontar e analisar o
estabelecimento de parcerias/arranjos privados para a implementação da EETI e identificar o
planejamento para expansão.
METODOLOGIA
63
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Uma das justificativas para a implementação da EETI no município da Serra foi a questão
social: [...]os alunos que não ficam suscetíveis [...] daquela comunidade que trabalha fora,
[...], [..] aluno estar envolvido em atividades, ele estar dentro de um ambiente que propicia seu
desenvolvimento, [...] transmite segurança (TS1).
Nesse sentido, Cararo (2015) aponta que atualmente a escola pública é demandada como espaço
do processo de aquisição do conhecimento, de construção da cidadania e de preparação para o
mundo do trabalho, mas também tem sido tensionada a assumir atribuições relacionadas à
segurança, cuidado e proteção à vulnerabilidade social.
O município da Serra produziu alguns documentos legais que tratam da EETI: Decreto nº
4566/2014; Lei nº 4.432/2015; Portaria N nº 008/2019 e a Política de Educação em Tempo
Integral para o município da Serra.
O último documento foi a Política de Educação em Tempo Integral para o município da Serra,
elaborado durante o ano de 2019 e que, segundo informações dos técnicos entrevistados, se
65
encontra no Conselho Municipal de Educação da Serra para análise, revelando assim, a tentativa
de construção coletiva e democrática do formato da EETI.
O município da Serra apresenta perspectivas para ampliação da oferta da EETI, como segue no
relato abaixo: Tem uma previsão para o ano que vem de uma escola nova, em Divinópolis [...].
[...] uma escola maravilhosa [...]: laboratório de informática, auditório, uma escola
climatizada, com quadras [...] sala de artes, de ciências [...] (TS1). A partir da declaração,
notamos que a escola mencionada é resultado de uma construção que foi realizada para
inauguração de uma Unidade de Ensino de Educação Integral, com espaços e possibilidades
que poderão contribuir com a formação integral do sujeito.
No próximo relato, o técnico expõe a necessidade de investimento: [...] não estamos falando
de ampliar só transformando a escola, é necessário a ampliação da infraestrutura o que requer
investimento, o que requer concursos públicos [...]. (TS2)
CONCLUSÃO
Na análise realizada, constatamos que a SEDU/ Serra procurou desenvolver a política da EETI,
enfrentou desafios, porém está distante de cumprir o que apontou em seu plano municipal,
sendo uma justificativa, a ausência de recursos financeiros para o desenvolvimento e expansão
da política da EETI.
No que tange aos documentos legais, o município percorreu caminhos, como elaboração de
decreto, portaria, da política, bem como, seu envio ao Conselho Municipal da Serra (CMES).
66
REFERÊNCIAS
ADRIÃO, T.; PERONI, V. A educação pública e sua relação com o setor privado:
implicações para a democracia educacional. Retratos da Escola, Brasília, v. 3, n. 4, p. 107-
116, jan./jun. 2009. Disponível em:
https://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/105/294. Acesso em: 11 mai. 2022.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação -
PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2014.
CARARO, M. de F. O Programa Mais Educação e suas interfaces com outros programas
sociais federais no combate à pobreza e à vulnerabilidade social: intenções e tensões.
2015. 339 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-graduação em Educação,
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2015.
Decreto nº 4.566/2014. Serra, 2014. SERRA, Prefeitura Municipal de.
Lei nº 4.432/2015. Serra, 2015. SERRA, Prefeitura Municipal de.
MOREIRA, Herivelto; CALEFFE, Luiz Gonzaga. Metodologia da pesquisa para o
professor pesquisador. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008
PERBONI, F.; ROSA, É. T. O Projeto escola da autoria: uma análise da proposta de educação
em tempo integral para o ensino fundamental da rede estadual de Mato Grosso do Sul. In:
JEFFREY, D. C.; SILVA, J. F. (org.). Educação Integral em estados brasileiros: trajetória e
política. Curitiba: CRV, 2019. p. 99-110.
Portaria N Nº 008/2019. Serra, 2019. SERRA, Prefeitura Municipal de.
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DA SERRA. Política de Educação em
Tempo Integral para o município da Serra, 2019.
67
INTRODUÇÃO
Tem como objetivo analisar a influência e importância da CNDE para a constituição do SNE,
realizando uma análise de suas ações relacionadas à política educacional; contextualizar o
surgimento, a expansão e a atuação da CNDE para a promoção de uma educação democrática,
justa e igualitária; teorizar e problematizar a atuação da CNDE na constituição do CAQi/CAQ,
bem como a relação desses mecanismos com o regime de colaboração e o SNE e; analisar os
interesses da CNDE na definição no processo de implementação do SNE e do Regime de
Colaboração que servirá de base para a sua articulação.
Dentre as principais ações da CNDE, destacou-se sua grande incidência política na elaboração,
desde 2002, dos mecanismos do Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) e do Custo Aluno-
Qualidade (CAQ), e sua participação na implementação do Plano Nacional de Educação 2014-
2024 (PNE), acompanhando e movimentando as instâncias federativas para o cumprimento dos
68
prazos e metas estabelecidos (Lei nº 13.005/2014), além de ter seus mecanismos de CAQi e
CAQ inclusos no plano.
METODOLOGIA
Com isso, a metodologia está pautada no conceito de ação social que, segundo Weber (2002),
se refere à conduta de um ator, seja este uma pessoa ou um grupo de pessoas. Divide-se em
quatro tipos ideais, sendo: ação social com relação a um objetivo, quando escolhas e caminhos
traçados pelo ator visam atingir determinado propósito; ação social com relação a um valor, em
que o ator traça escolhas de acordo com seus valores, visando manter sua honra; a ação afetiva
ou emocional, que seria uma reação emocional que depende do estado de humor do ator, não
sendo racional e; ação tradicional, que seriam hábitos e crenças do sujeito que estão enraizadas
em seu subconsciente, não racional. (WEBER, 2002; ARON, 2000).
Com vistas a analisar a intencionalidade da CNDE enquanto ator social, quando se envolve em
projetos, movimentos, eventos e/ou posiciona-se frente aos debates dentro do campo das
políticas educacionais, considera-se os tipos de ação social racional, em que cada ator realiza
as ações tendo um fim ou considerando um valor específico importante para si. Entretanto, os
tipos ideais, majoritariamente, agem concomitantemente nas escolhas e caminhos dos atores,
não sendo realizados de maneira isolada.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com a dificuldade em alavancar as políticas públicas educacionais no país, surge a CNDE, com
o objetivo de “somar diferentes forças políticas, priorizando ações de mobilização, pressão
política e comunicação social, em favor da defesa e promoção dos direitos educacionais”
(CAMPANHA, s.d.). Um dos principais focos da CNDE é a promoção de estratégias que gerem
maior investimento na educação básica pública, considerando o financiamento como peça-
chave para a promoção de um SNE efetivamente consolidado.
CONCLUSÃO
Embora a CNDE não seja destacada em um grande volume de pesquisas, sua contribuição para
o tema não deve ser descartada. Isso porque mostrou-se um importante movimento que busca
efetiva participação da sociedade civil frente às políticas educacionais, principalmente na
promoção de qualidade na educação socialmente referenciada. Ainda há muito a avançar nesse
campo, principalmente tendo em vista que, embora haja pressupostos legais em torno da
responsabilização dos entes federados, como no PNE, na CF (1988) e na LDBEN, esses ainda
não se consolidam em uma articulação clara e bem desenvolvida.
REFERÊNCIAS
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. Tradução por Sérgio Bath. 5ª Edição. São
Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 2000.
ARAUJO, G. C. Direito à educação básica: a cooperação entre os entes federados. Revista
Retratos da Escola, Brasília, v. 4, n. 7, p. 231-243, jul./dez. 2010
71
INTRODUÇÃO
Tal abordagem visa contribuir para o debate acerca das políticas públicas de alfabetização que
tiveram — como ficará demonstrado nas páginas subsequentes —, lugar de destaque nas
inciativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
para a Região da América Latina e do Caribe no século que antecede o nosso, mas que, como
decorrência da criação de vários organismos internacionais dedicados ao que, em um primeiro
momento, se configura como campos específicos de atuação — a exemplo da Organização
Europeia de Cooperação Econômica (OECE) criada em 1948 — tendenciam a análise
historiográfica.
4
Professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Doutorando em Educação pelo Programa de Pós-
Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) sob orientação da prof.ª Dr.ª
Cláudia Maria Mendes Gontijo.
73
associado aos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, mas também aos governos
militares. Mesmo com o rompimento político-democrático ocorrido em 1964, os militares
continuaram implementando políticas desenvolvimentistas (FONSECA, 2004, p. 225) ao
aderir, por exemplo, às iniciativas da Unesco em termos de matéria educacional, o que se faz
perceber mediante o envio de signatários do País às reuniões da própria Unesco no período em
tela.
Como parte do esforço de análise anunciado, a periodicidade, tão cara aos historiadores, é o
primeiro recurso de que nos valemos ao propor analisar o conjunto de ações voltadas para o
combate do analfabetismo no século XX. Para tanto, estamos atentos aos mecanismos
formulados para a América Latina e o Caribe pela Unesco que, desde sua fundação, em 1945,
tem direcionado esforços para, conforme define o preâmbulo de sua Constituição, [...] fazer
avançar, através das relações educacionais, científicas e culturais entre os povos do mundo, os
objetivos da paz internacional, e do bem-estar comum da humanidade [...] (UNESCO, 2002, p.
1).
Até 1963, 57 recomendações foram publicadas a partir das reuniões da Conferência. Nesse
contexto, vale destacar a Recomendação nº 23, de 1948, intitulada O Ensino da Escrita, abrindo
o leque de inciativas da Unesco relacionadas à alfabetização. Uma vez incumbida das iniciativas
direcionadas à promoção da educação em sua mais diversas facetas, a Unesco empreenderá, nas
décadas seguintes, um esforço significativo, em especial, na América Latina e no Caribe, na
forma de programas, publicações e recomendações voltados ao combate do analfabetismo, cuja
discussão travamos aqui, de maneira a sistematizar quais foram essas iniciativas.
METODOLOGIA
74
Por tratar-se de uma investigação de caráter documental e cientes de que “o estudo do passado,
remoto ou recente, requer método [...]” (LUCA, 2020, p. 14), a metodologia de pesquisa aqui
empregada consiste na exploração, à luz da concepção bakhtiniana de linguagem, de uma
seleção de documentos oficiais produzidos pela Unesco entre os anos de 1945 e 2000. O
documento, contudo, não é inócuo. “É antes de mais nada o resultado de uma montagem,
consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziu [...] O documento
é monumento. Resulta do esforço das sociedades históricas [...]” (LE GOFF, 1990, p. 547).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Sob essa perspectiva do fazer-se “sob medida”, identificamos a criação do Projeto Principal de
Educação para a América Latina e o Caribe (PPE), concebido a partir da Conferência Regional
de Ministros da Educação e de Ministros Encarregados do Planejamento Econômico dos
Estados membros da América Latina e do Caribe ocorrido na Cidade do México, em dezembro
1979. Sua formulação, no contexto de uma reunião cujo nome explicita o termo “planejamento
econômico” não deixa dúvida acerca da criação do PPE como instrumento político-econômico
associado à concepção de alfabetização funcional. O Programa, desenvolvido entre os anos de
1980 e 2000, inicia suas publicações e orientações em 1982, somando ao longo dos vinte anos
de sua vigência, cinquenta boletins que sistematizam as ações adotadas pela Unesco e os países
signatários do PPE, dentre eles o Brasil, em favor da alfabetização funcional na Região latino-
americana.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Fonte: Elaborado pela Dired/Inep com base em dados da Pnad contínua/IBGE 2012-2019). Meta: Taxa de
alfabetização igual a 93,5% em 2015 e 100% até 2024.
Verificamos, ainda no gráfico 1, que o país está 6,6% abaixo da meta estipulada para 2024.
A região sudeste é a que apresenta maior índice de alfabetização do país com 96,7%
(Gráfico I), sendo que em 2019 o estado do Rio de Janeiro possuía 97,9% da população
alfabetizada, São Paulo 97,4%, Espírito Santo 94,7% e Minas Gerais 94,5%.
78
O Espírito Santo, estado da região sudeste, apresentou queda de 2,7% na taxa de analfabetos
entre 2010 e 2019, enquanto no âmbito nacional a redução foi de 3% no mesmo período,
conforme aponta a tabela 1. Estes percentuais apontam reais fragilidades no alcance da
meta de erradicação do analfabetismo prevista para o ano de 2024. Os dados evidenciam
ainda que há demanda pela modalidade de Educação de Jovens e Adultos5 (EJA) a nível
nacional e estadual.
A Nota Técnica 40, publicada pelo Instituto Jones do Santos Neves em 2012, traz um
panorama sobre a evolução da taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais no
Espírito Santo e identifica os municípios de Água Doce do Norte, Brejetuba, Ecoporanga,
Ibitirama, Irupi, Mantenópolis, Mucurici e Ponto Belo com taxa de analfabetismo acima de
18%, fato que chama atenção, uma vez que o estado apresenta índice geral de analfabetismo
de 8% no mesmo período. Conforme tabela 2, elaborada com base nos dados do Censo
Demográfico de 2010 do IBGE, o município de Ponto Belo, dentre os municípios citados,
é o que apresenta maior índice de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais,
correspondendo a 22,0% desta população, seguido do município de Ecoporanga com
19,8%, ambos localizados na região do extremo norte do estado e que fazem fronteira entre
si.
5
A partir deste ponto optamos por referenciar a modalidade Educação de Jovens e Adultos, em alguns momentos,
apenas como EJA a título de fluência na escrita e na leitura.
79
Diante deste quadro emerge a necessidade de nos aproximar da realidade da EJA nos
municípios de Ecoporanga e Ponto Belo.
METODOLOGIA
O recorte temporal da pesquisa é definido pelos seguintes critérios: no ano de 2010 temos
os dados consolidados sobre analfabetismo no Espírito Santo, conforme publicação do
Instituto Jones dos Santos Neves, e por ser o ano do último recenseamento no Brasil; em
2019 a EJA completa 23 anos de existência, o que nos leva a supor que houve tempo hábil
para a concretização e implantação das ações educacionais para a modalidade; O
recenseamento de 2020 foi suspenso devido a pandemia da Covid-19 o que nos deixou sem
os índices oficiais consolidados de 2010 a 2020 sobre educação. Pesquisar o período de
2010 a 2020 permitirá construir uma visão atualizada do perfil da EJA e pode possibilitar
6
As Sinopses Estatísticas do Inep correspondem a um conjunto de tabelas com dados recolhidos por suas
pesquisas estatísticas, avaliações e exames. As informações são organizadas por temas e distribuídas de
acordo com as regiões brasileiras, suas respectivas unidades da federação e município. Disponível em
https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/sinopses-estatisticas.
7
O objetivo da estatística descritiva é resumir as principais características de um conjunto de dados por meio de
tabelas, gráficos e resumos numéricos. Descrever os dados pode ser comparado ao ato de tirar uma fotografia da
realidade (GUIMARÃES, 2008).
80
inferir sobre o possível cumprimento da meta 9 do PNE até 2024 pelos municípios de Ponto
Belo e Ecoporanga.
CONCLUSÕES
Mesmo que o estado do Espírito Santo venha investindo na oferta vagas, dentro das 156
escolas da rede estadual de ensino, e venha trabalhando para o fortalecimento do Pacto pela
Aprendizagem do ES é necessário ações mais contundentes para mudança da realidade dos
municípios que apresentam os maiores índices de analfabetismo.
Em trabalhos futuros é necessário desvelar os motivos do baixo número de matrículas para faixa
etária de 40 anos ou mais e, a partir disso, buscar compreender quais propostas precisam ser
81
implementadas para atender as necessidades deste público para que sejam integradas ao sistema
de ensino. Há necessidade de levantar juntos as instituições de ensino o relatório de matrículas
e aprovação por série para análise mais detalhada da realidade da EJA dos municípios de
Ecoporanga e Ponto Belo (ES).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Plano Nacional de Educação (PNE): Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, Aprova
o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Brasília: Câmara dos
Deputados/Ed. Câmara, 2014.
OLIVEIRA, Edna Castro de; BREGONCI, Aline de Menezes; SCOPEL, Edna Graça;
CANHAMAQUE, Helton Andrade..Ensaio: Trajetória da escolarização de jovens e adultos
no Brasil: de plataformas de governo a propostas pedagógicas esvaziada. aval. pol. públ.
Educ., Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 389-410, abr./jun. 2010.
82
INTRODUÇÃO
A educação como prática social favorece apropriação dos conhecimentos historicamente
produzidos pela humanidade e a produção de novos saberes (DOURADO, 2007). Portanto,
contribui para a formação integral e cidadã do indivíduo para que viva em sociedade de forma
atuante, crítica e transformadora. A Constituição Federal de 1988, em seus arts. 206 e 214,
estabelece a qualidade do ensino como um princípio legal que, por sua vez, significa
financiamento por parte do Estado, na tentativa de prover recursos disponíveis e progressivos,
a fim de assegurar o direito a educação a todos (XIMENES, 2014).
Dissertação
materna: um estudo sobre a política Nascimento, Anne versidade Fede-
1 2017 educacional de educação infantil Caroline e Silva ral do Paraná
para crianças surdas na rede Goyos
municipal de ensino de Curitiba
CONCLUSÃO
A temática de financiamento da educação básica é de extrema relevância, afinal, para que de
fato a educação contribua para que o sujeito se aproprie dos conhecimentos historicamente
produzidos, ela necessita ocorrer de forma equitativa, sendo um direito inalienável.
Na revisão de literatura, observou-se algumas lacunas no que diz respeito ao financiamento da
educação de surdos em abrangência nacional e municipal, ou seja, o tema tem sido pouco
explorado e, por isso, carece de aprofundamento investigativo. Considerando que as produções
acadêmicas permitem análises minuciosas e reflexões valiosas para o planejamento de ações e
políticas públicas desenvolvidas nos sistemas de ensino, e, em especial na luta em defesa pela
qualidade e acesso do ensino dos surdos, que será possível mediante uma política de
financiamento educacional.
A análise dos trabalhos permitiu conhecer as complexidades e desafios do financiamento da
educação especial, como, por exemplo, a precariedade da implementação de um sistema escolar
inclusivo, evidenciando a necessidade de ampliação de investimentos do Estado na oferta dessa
modalidade de ensino.
Concernente ao processo de escolarização dos surdos, os estudos analisados apresentam as
particularidades que devem ser consideradas na política educacional, na gestão educacional e
na prática escolar com vistas a garantir um padrão mínimo de qualidade, tais como: o uso
consciente de recursos visuais; a formação continuada dos professores, quanto à cultura surda
e conscientização da Libras como primeira língua dos surdos brasileiros pela comunidade
escolar; materiais didáticos adaptados; profissionais com formação específica, tais como
professor de Libras, intérprete de Libras – Língua Portuguesa e professor de ensino de Língua
Portuguesa; atendimento educacionais especializado, entre outros, em conformidade à Lei nº
10.436/2002 e ao Decreto nº 5.626/2005. Desse modo, apontam elementos que envolvem a
necessidade de recursos financeiros que garantam o processo de inclusão escolar dos surdos no
ensino regular.
Partindo do primado que a educação é um ato social e que, segundo Strobel (2008), em relação
a cultura surda, compreendida como o modo pelo qual o sujeito surdo entende o mundo e o
modifica a fim de torná-lo acessível e habitável, ajustando-o com as suas percepções visuais,
abrangendo sua língua, ideias, crenças, costumes e hábitos do povo surdo, torna-se de grande
significância a produção de novas pesquisas no campo do financiamento da educação especial
com um olhar voltado à escolarização dos surdos, visto que compete ao Poder Público assegurar
a todos o acesso, à permanência e à qualidade de ensino nos sistemas educacionais brasileiros.
86
REFERÊNCIA
DOURADO, L. F. Políticas e gestão da educação básica no Brasil: limites e
perspectivas. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, p. 921-926, out. 2007.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/es/a/w6QjW7pMDpzLrfRD5ZRkMWr/?lang=pt&format=pdf. Acesso
em: 25 ago. 2022.
STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. UFSC, 2008.
XIMENES, S. Direito à qualidade na educação básica: teoria e crítica. São Paulo:
QuartierLatin, 2014b.
87
INTRODUÇÃO
8
Os países de regime federativo, hoje, cobrem uma parte territorial considerável do mundo, abrigando
mais de 40% da população global, assim como são responsáveis por grande parte do produção econômica mundial,
considerando-se em conjunto os países federativos e os quase-federativos, tais como Reino Unido, Espanha e
Itália. (CHATTOPADHYAY et al., 2022)
90
flexibilidade na resolução das necessidades surgidas, embora Arretche (2020) seja contrária a
tal premissa, defendendo que a efetividade está muito mais associada ao nível de autonomia
dada aos entes em suas próprias jurisdições e o quanto participam das decisões em nível
nacional (self-rule or share-rule), seja em regime federativo ou unitário.
Brasil e EUA, não obstante serem governos federativos, apresentaram nos 12 primeiros meses
da pandemia da Covid 19, os maiores números nas estatísticas mundiais, tanto no que diz
respeito à contaminação quanto nas perdas de vidas pela doença. Tal fenômeno nos instigou a
investigar as semelhanças e distanciamentos entre os dois países no que tange à gestão da crise
educacional decorrente da suspensão do ensino presencial provocado pela crise sanitária.
O trabalho está ancorado nas pesquisas realizadas pelo Grupo de Pesquisa Federalismo e
Políticas Educacionais, do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal
do Espírito Santo. O estudo tem abordagem qualitativa e trata-se de uma pesquisa documental
bibliográfica, em que buscamos responder a seguinte questão norteadora: Qual o papel exercido
pelos governos federais do Brasil e dos EUA em prol à mitigação dos efeitos destrutivos da
Covid-19 no campo da educação pública?
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
A ruptura política em nível federal no Brasil e nos EUA reflete uma tendência ao populismo
autoritário que encontra fértil terreno na crescente insatisfação popular quanto às políticas
sociais de seus países. Tal movimento ocasionou grandes manifestações da sociedade civil 9,
como culminância do esgarçamento da ordem liberal-democrática. Os vigentes modelos
econômicos extremam as desigualdades e ameaçam as bases democráticas, provocando um
retrocesso sociopolítico que desemboca em “Eventos anômalos e inesperados como a Brexit e
a eleição de Donald Trump e Jair Bolsonaro” (ABRANCHES, 2020, p. 76). Os dois presidentes
foram eleitos num momento de desestabilização política provocada pela decadência econômica
nos dois países e, no Brasil, ampliada pelas medidas de austeridade fiscal implementada por
meio da EC 95/2016, entre outros fatores. Por aqui, ainda somou-se a este cenário uma intensa
polarização entre esquerda e direita expressa por um sentimento antipetista manifesto em uma
boa parcela da população, sentimento este exacerbado pela massiva exposição na mídia dos
casos de corrupção potencializados nos governos de Lula e de Dilma.
9
No Brasil, uma das maiores manifestações foi o “vem pra rua” ocorrido em 2013, deflagrada pelo aumento das
tarifas de transporte público em São Paulo, e que se espalhou por todo o país.
91
Nos EUA, a Constituição sequer cita o termo Educação em seu texto. Assim, cabe ao governo
federal apenas uma pequena parcela do financiamento da educação pública obrigatória (cerca
de 9% em 2022) por meio de programas de auxílio a minorias em vulnerabilidade. A liberal
filantropa Betsy DeVos foi nomeada Secretária do Departamento de Educação e trouxe consigo
o firme propósito de promover na educação pública o sistema de escolha escolar por meio de
vouchers, ampliando as possibilidades de ação do mercado no campo educacional daquele país.
Jair Bolsonaro notoriamente espelhou-se na figura de Donald Trump, desde sua campanha
eleitoral, operacionalizando sua visibilidade de forma ostensiva nas redes sociais, evocando
slogans com valores religiosos referentes à igreja, à pátria e à família e alcançando com essa
estratégia, muitos votos do eleitorado conservador e de direita, em sua maioria ligado aos
militares e às igrejas cristãs. A postura mimética de Bolsonaro continuou após sua eleição em
2019. O presidente demonstrou pouca (ou nenhuma) articulação política confrontando
desafetos e promovendo uma verdadeira guerra entre poderes e instâncias de pactuação
federativas.
O campo da Educação Pública foi, e já era desde quando ainda era deputado, uma de suas
principais frentes de combate e cujas estruturas parece ter sido um dos itens que tinha em mente
quando disse “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o
nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa [...]o nosso Brasil
caminhava para o socialismo, para o comunismo”10, por considerar as políticas educacionais
elaborados pelo MEC pautadas em bases ideológicas perniciosas. Nessa intenção, empossou
dentro no Ministério da Educação uma sequência de ministros que se sucederam sem que
nenhum programa relevante.
Nesse contexto administrativo de plena tentativa de mercantilização da educação pública, nos
EUA, e de constantes conflitos e desarticulação do governo federal com os demais entes
federados, no Brasil, é que eclodiu em março de 2020 a crise da Covid-19, interrompendo as
atividades presenciais nas redes de ensino de todo o Brasil e de quase todo os EUA, assim como
na maior parte do mundo.
AS AÇÕES NA PANDEMIA
10
O excerto citado é parte da fala de Bolsonaro num jantar com lideranças conservadoras, dentre os quais estava
Olavo de Carvalho, ocorrido em 17/03/2019, quando de sua visita a Washington. Valor Econômico. (2019)
disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2019/03/18/nos-temos-e-que-desconstruir-muita-coisa-diz-
bolsonaro-durante-jantar.ghtml Acesso em 01 set. 2022
92
Na educação, o governo federal no Brasil limitou-se a emitir algumas normativas tais como os
decretos de suspensão da atividade presencial que regulamentava o ensino remoto, mantidos os
200 dias letivos, e a antecipação dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE) para a distribuição de kits alimentação para as famílias mais vulneráveis. Também
instituiu o Comitê Operativo de Emergência (COE)11 em 11 de março de 2020, que congregava
representantes governamentais e da sociedade civil para discutir ações emergenciais, porém,
não houve partindo do COE nenhuma ação relevante de coordenação para enfrentamento das
adversidades surgidas na educação básica.
CONCLUSÃO
Conforme atesta Nóvoa (2020, p.9) “as melhores respostas à pandemia não vieram dos
governos ou dos ministérios da educação, mas antes de professores que, trabalhando em
conjunto, foram capazes de manter o vínculo com os seus alunos para os apoiar nas
aprendizagens”.
O dito “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil” perpetua-se de forma
acentuada na gestão de Bolsonaro, tendo em vista a inoperância do executivo central no campo
11
O COE/MEC é composto pelo Ministério da Educação (MEC), Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal
de Educação Profissional e Tecnológica (Conif); Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de
Ensino Superior (Andifes) e, agora, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
93
REFERÊNCIAS
ABRUCIO, Fernando Luiz et al. Combate à COVID-19 sob o federalismo bolsonarista: um
caso de descoordenação intergovernamental. Revista de Administração Pública [online].
2020, v. 54, n. 4, pp. 663-677. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0034-761220200354
https://doi.org/10.1590/0034-761220200354x>. Acesso em: 1 set. 2022
ARRETCHE, Marta Estados federativos e unitários: uma dicotomia que pouco revela. Revista
de Sociologia e Política [online]. 2020, v. 28, n. 74 Disponível em:
https://doi.org/10.1590/1678-987320287403 Acesso em 01 set. 2022
DALLARI, Dalmo de Abreu. O estado federal. São Paulo. 2. ed. Saraiva Educação, 2019
INTRODUÇÃO
RESULTADOS E DISCUSSÕES
12
Docente do Magistério Superior na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Campus Óbidos. Mestre
em Educação. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil –
HISTEDBR/Ufopa”.
95
No entanto, apesar das condições favoráveis projetadas pelo PNE quanto à Meta 19, tal
compromisso mantém-se permeado de desafios, inviabilizadores de sua incorporação, entre
eles: o cenário político-educacional em crise (SAVIANI, 2018) e o conjunto de relações
internas da escola (SOARES; COLARES; OLIVEIRA, 2020). Portanto, empecilhos em âmbito
macro e, também, micro na educação brasileira.
Por outro lado, Soares, Colares e Oliveira (2020), em estudos sobre a Gestão Educacional,
apontam o próprio conjunto de relações internas da escola como elementos enfraquecedores da
Gestão Democrática, com destaque para: ausência de participação da comunidade educacional,
conflitos internos, indicação política ao cargo de gestor, inoperância das políticas e projetos
educacionais, falta de autonomia, cobranças em avaliações externas e distanciamento de órgãos
representativo-deliberativos e a gestão. Ações estas que enfraquecem o compromisso
democrático-participativo, pairando certo incômodo na seguinte questão: como a escola poderá
ser democrática se esta não vive, de fato, uma democracia no conjunto de relações internas
existentes? Reflitamos.
13
Referente ao processo de Impeachment da presidenta Dilma Rouseff.
14
Emenda Constitucional Nº 95/2016 que limita os gastos públicos, por 20 anos, em Educação e Saúde.
15
Disponível em: https://www.observatoriodopne.org.br/.
97
CONCLUSÃO
A análise em torno do PNE e dos estudos sobre a Meta 19 é de grande importância para refletir
sobre as ações propostas (escrito) e as práticas existentes (feito) na escola pública, identificando
distanciamentos e proposições entre estas. Os autores adotados corroboram no sentido de
elencar a própria realidade, e suas condições, como empecilho para a implementação da Gestão
Democrática e a efetividade da condição participativa aos sujeitos educacionais. Conforme
destaco em estudo anterior, talvez o problema maior esteja nas condições de promoção ao cargo
de gestor, prevalecendo à indicação política, destituindo assim, um sentido coletivo-
democrático-participativo.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Nº 13.005 de 25 de junho de 2014. Brasília: Câmara dos deputados, 2014.
Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-
nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014 Acesso: 30 abr. 2020.
DOURADO, Luiz Fernandes. Gestão da Educação Escolar. Vol. 6. Brasília: UnB, 2006.
INTRODUÇÃO
O COMEV considerando sua função normativa, produziu, e foi homologada pela SEME
(Secretaria Municipal de Educação de Vitória-ES) por meio da Portaria 055/2008, a
Resolução/COMEV nº 07/2008 que fixou normas relativas à organização e funcionamento do
Ensino Fundamental na Rede Municipal de Ensino de Vitória - ES.
solicitou por meio de ofício no dia 25 de outubro de 2021, ao COMEV alteração dos artigos 5º
e 6º da Resolução COMEV Nº 07/2008.
O Parecer finaliza suas considerações com alguns questionamentos e dois deles trazemos como
referência para discutir neste estudo:
O objetivo deste estudo é identificar a existência de espaços coletivos por parte da SEME na
elaboração da proposta pedagógica de 2022, estabelecendo diálogo com a Gestão Democrática,
pois a organização dos espaços tempos nas Unidades de Ensino precisa ter como referência a
participação da comunidade escolar.
METODOLOGIA
101
Este trabalho é um estudo qualitativo, pois seu processo foi desenvolvido a partir de um
problema, considerando a temática estabelecida para o estudo, na busca de uma organização
coerente e consistente. (TRIVIÑOS, 1987). Esta é uma pesquisa documental, pois nossa fonte
primária são os documentos: Parecer nº 22/2021 e Resolução/COMEV nº 07/2008 que
envolvem o tema e também buscaremos estratégias para lidar com a subjetividade dos
documentos. (GIL, 2002)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As considerações evidenciadas no Parecer indicam que a proposta da SEME traz em seu bojo
a gestão pública neoliberal com base em FREITAS (2018, apud, VITÓRIA, 2021, p. 07),
argumenta também que a justificativa da SEME em relação ao resultado dos índices do IDEB
é frágil, considerando a contribuição da ESTEBAN (2018, apud, VITÓRIA, 2021, p. 08) “[...]o
discurso oficial adota os dados das avaliações externas para justificar uma possível melhoria da
educação. No entanto, as avaliações externas pouco contribuíram, ao longo dos anos, para a
educação e para a melhoria da aprendizagem. [...]”.
Em relação ao foco deste estudo, podemos sinalizar que o espaço democrático de participação
e produção coletiva pode ter sido desconsiderado, tendo em vista que segundo o histórico do
Parecer nº 22/2021, a SEME não construiu espaço de participação nas Unidades de Ensino e
nem no COMEV, o que sinaliza a falta de participação dos envolvidos do Ensino do município,
fragilizando a gestão democrática, pois o participar está entranhado nos mecanismos da Gestão
Democrática. Ressalta-se que o princípio da democracia “[...]explica, noutros termos, o sentido
performativo da prática de autodeterminação de membros iguais e livres de uma associação
estabelecida livremente[...]” (HABERMAS, 1997, p. 145).
Nesse sentido, faz-se necessário o entendimento que a legitimidade de uma norma depende de
amplo debate com todos/as envolvidos/as baseado nos argumentos livres e racionais. Pode-se
arriscar, que a SEME negligenciou o “fazer com” e tomou a decisão de “fazer para”, deixando
à margem os sujeitos do processo educacional.
CONCLUSÃO
Ao fazer análise do Parecer nº 22/2021 é possível identificar que a SEME não considerou o
princípio da gestão democrática, escamoteou da elaboração da proposta de organização do Ano
Letivo 2022 e alteração da Resolução COMEV no 07/2008 a contribuição da Comunidade
Escolar, bem como do COMEV. Quando identificamos a ausência de participação na feitura da
normatização educacional, podemos considerar que a gestão democrática se fragiliza em todo
o processo educacional, correndo risco da não observância da LDB.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2016.
INTRODUÇÃO
Esse relato tem como objetivo descrever e analisar a Assembleia Municipal de Educação da
Serra/ES (Amed) realizada pelo Conselho Municipal de Educação da Serra/ES (CMES). A
AMED está prevista no Art. 3º, Inciso X do regimento interno do CMES e deve ser realizada,
no mínimo uma vez por ano, com o objetivo de avaliar a política educacional do município,
com o apoio da Secretaria Municipal de Educação (Sedu), A AMED é organizada pelo CMES
que, mediante a seleção de um tema, convida palestrantes externos e internos da rede municipal
para analisar a temática proposta.
METODOLOGIA
Segundo Dias Sobrinho (1996), um processo de avaliação não se restringe apenas a aspectos
organizacionais e gerenciais de uma instituição, mas vai além, é muito mais abrangente.
Assim, toda e qualquer avaliação mostra-se como um movimento primordial, visto que objetiva
a melhoria da educação pública em todas as suas particularidades, bem como a prestação de
contas à sociedade.
A assembleia é o instrumento utilizado para avaliar a Política Educacional Municipal. Após
explanação do tema pelos/as palestrantes, abri para escuta aos participantes, como forma de
pesquisar a educação municipal. Segundo Gil, 2002, p. 46, “As pesquisas exploratórias têm
como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista
a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.
Assim, a partir da escuta aos participantes, faz-se os encaminhamentos necessários, com vistas
a buscar informações mais precisas e soluções em relação aos temas/problemas debatidos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
105
Ainda, Conforme Maria da Glória Gohn (GOHN, 2008, p. 335), os movimentos sociais são
“ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam distintas formas da
população se organizar e expressar suas demandas”. AMED é mais um instrumento de gestão
democrática utilizado pelo CMES. Nesse sentido, pensar em uma educação democrática, uma
rede de ensino democrática, é pensar sobre a participação de toda a comunidade escolar nos
rumos da educação municipal. Com efeito, outro aspecto importante a ser observado é que o
CMES não limita seu trabalho às paredes da sua estrutura física, conforme palavras de Paulo
Freire (BRASIL, 2004a, p. 9).
Nesse sentido, entre os anos de 2016 a 2019, participavam da AMED alguns profissionais da
educação indicados pela unidade de ensino e os demais ficavam nas Unidades de Ensino
estudando e debatendo os textos propostos pelo CMES.
Com o advento da pandemia em 2020 foi adotado o modelo virtual de assembleia mediante
realização de uma live transmitida pelo canal do Youtube do CMES. Na prática, esse formato
possibilitou a participação ampla de profissionais da educação da rede municipal, bem como de
alguns pais ou responsáveis e representantes da comunidade local, sendo percebida pelo número
106
pessoas acompanhando de forma online, pelas mensagens digitadas no chat e pela lista de
presença.
CONCLUSÃO
Ademais, compreende-se que mais momentos, como o da AMED são necessários para uma
discussão mais aprofundada acerca da política educacional municipal. Ainda, observa-se
também, que o caminho para efetivação da política educacional com característica participativa,
o envolvimento da sociedade civil na AMED é peça fundamental.
REFERÊNCIAS
DIAS SOBRINHO, J. Avaliação Institucional: Marco Teórico e Campo Político. In: Ver.
Avaliação. Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior, Ano 1, N° 1, Julho Brasil,
1996.
107
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar Projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.
SERRA. RESOLUÇÃO CMES N.° 199, de 20/12/2019. Aprova Regimento Referência para
as Unidades de Ensino da Rede Municipal da Serra. Serra, 2019.
108
INTRODUÇÃO
As ações antrópicas provocadas pelo uso indevido dos recursos naturais vêm causando
problemas ambientais severos e impactando a qualidade de vida da população e demais seres
vivos. Mais especificamente, podemos citar o elevado consumo de produtos e serviços como
fator preponderante no acúmulo de resíduos sólidos.
Atualmente, o plástico é um dos produtos mais utilizados na sociedade. Sabe-se que, ao ser
descartado corretamente por pessoas e empresas, o plástico, poderá passar por um processo de
reciclagem que garantirá seu reaproveitamento na produção do plástico reciclado, bem como a
preservação do meio ambiente. Segundo pesquisas desenvolvidas pelo Setor do Plástico, o
plástico reciclado tem praticamente todas as características do plástico comum, podendo ser
100% reutilizado, sem problemas para as indústrias, colaborando ainda, significativamente,
com o meio ambiente, sendo mais uma importante forma de preservação ambiental, como
também, uma fonte de geração de trabalho, emprego e renda.
Neste tocante, a Educação Ambiental (EA), como processo pedagógico no âmbito escolar, pode
ser a base para ações coletivas possibilitando a adequada gestão desses resíduos
(CEMBRANEL; FRANCISCHETT; RODRIGUES, 2019). Já para Loureiro et al (2009), “a
Educação Ambiental deve promover o desenvolvimento de hábitos e atitudes sadios de
conservação ambiental e respeito à natureza, a partir do cotidiano de vida da escola e da
sociedade”.
16
Resolução CNE/CP nº 2, de 15 de junho de 2012 - Educação Ambiental estabele as Diretrizes Curriculares
Nacionais para Educação Ambiental. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=10988-rcp002-12-
pdf&category_slug=maio-2012-pdf&Itemid=30192
109
De acordo com Maria e Zanon (2012) a criança pode ser formada no ambiente escolar onde
se aprende por meio do diálogo a refletir, questionar, adotar posturas e eleger valores, uma vez
que “a educação é uma forma de intervenção no mundo” (FREIRE, 2004, p. 38). É nos anos
iniciais do ensino fundamental que a criança desperta a curiosidade e desenvolve interesse
para atividades práticas. Porém, as provocações precisam fazer sentido em sua na vida para
que haja uma reflexão-ação. Neste processo, Dickmann e Stanqueviski (2019) enfatizam a
necessidade de uma educação crítica e emancipatória servindo como um guia para as
atividades que tenham propostas libertadoras.
Com o objetivo de promover ações que visem a promoção da Educação Ambiental por meio
da coleta seletiva, foi que surgiu o “Projeto Tampinha do Bem: desenvolvendo a educação
ambiental em uma perspectiva crítica”.
METODOLOGIA
A experiência aconteceu através do Programa Tampinha do Bem, sendo este motivado por uma
parceria do município de Serra com o Sindicato do Plástico do Espírito Santo – Sindiplastes. O
“Projeto Tampinha do Bem: desenvolvendo a educação ambiental em uma perspectiva crítica”,
constituiu-se de ações de coleta e arrecadação de tampinhas plásticas que seriam encaminhadas
para empresas de reciclagens. Além disso, foi possibilitado momentos formativos de
professores e alunos sobre conscientização ambiental.
LOCAL E PÚBLICO-ALVO
A intervenção aconteceu na escola pública municipal Manoel Vieira Lessa (MVL) que atende
17
Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf
110
estudantes dos Anos Iniciais do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I sendo esta localizada no
bairro Cantinho do Céu, no município da Serra e recebe também alunos dos bairros adjacentes:
José de Anchieta I, II e III, Vista do Mestre, Jardim Tropical, entre outros.
Nos dias atuais, os moradores do bairro Cantinho do Céu convivem com questões
socioambientais relacionadas ao descarte indevido de resíduos sólidos (principalmente nas
proximidades dos córregos da região), queima de lixo e incêndios nas áreas de vegetação de
turfa.
Não há movimento para realização de coleta seletiva, gerenciamento de resíduos sólidos e/ou
associações de catadores de materiais possíveis de serem reaproveitados. Porém, alguns
moradores (inclusive familiares de alunos) trabalham como catadores independentes
selecionando estes materiais entre os depósitos de lixo que foram se formando em terrenos
baldios, principalmente no entorno da escola. Percebe-se, contudo, que alguns alunos se sentem
desconfortáveis ao mencionar seus familiares como “catadores”.
As ações realizadas por meio do Projeto Tampinha do Bem tiveram como público-alvo: diretora
escolar, alunos, professores e demais funcionários (merendeiras, porteiro, auxiliares de serviços
gerais e secretárias).
A AÇÃO
RESULTADOS
Faz-se necessário compreender que a educação ambiental é uma prática política, sendo preciso
promover a participação e a construção de espaços onde ocorra a interação dos saberes que
estimulem a organização coletiva e a construção de ambientes colaborativos. De acordo com
Guimarães (2004, p. 48), “a EA crítica volta-se para uma práxis de transformação da sociedade
em busca de uma sustentabilidade calcada em novos paradigmas, condições materiais, posturas
éticas- políticas, entre outros”.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Diretrizes Curriculares Nacional para
Educação Ambiental. Brasília, 2012.
CEMBRANEL, Adir Silvério; FRANCISCHETT, Mafalda Nesi; RODRIGUES, Carla
Regina. Educação ambiental com estudantes e famílias na gestão dos resíduos sólidos
urbanos. Revbea, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 171-185, 2019.
174 p.
INTRODUÇÃO
Constituído por uma associação de pessoas representando diferentes segmentos que compõe o
sistema educacional, o conselho, como colegiado que privilegia a participação popular tem e
deve ter natureza pública, para proceder de forma a aconselhar, emitir parecer, deliberar com
relação a questões de interesse público em sentido amplo ou restrito. Dessa forma um Conselho
deve ser representado por meio de pluralidades, expressando as expectativas e vozes do grupo
social. Estas manifestações ocorrem inicialmente por meio de assembleias legitimadas, e
114
posteriormente por normas escritas sobre assuntos de interesse do ente nacional e/ou
subnacional, da política para a elaboração de política pública. Os conselhos organizam-se e
compõe-se sob os seguintes princípios: o caráter público, a voz plural representativa da
comunidade, a deliberação coletiva, a defesa dos interesses da cidadania e o sentido de
pertencimento (CURRY, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Regimento do COMEC foi aprovado pela Portaria 294/2009, neste documento no artigo 2º,
o Conselho trata-se de um:
[...] órgão que atua sobre a Política Educacional Municipal, que tem por finalidade
planejar, orientar e disciplinar as atividades de ensino público municipal [...]
(CARIACICA, 2009).
o final do processo de indicação. Em 2011, foi instituído a Lei Complementar nº 035/2011 que
“Dispõe sobre a Gestão Democrática do Ensino Público Municipal de Cariacica”
(CARIACICA, 2011), com essa Lei iniciou o processo então eleitoral para os cargos de diretor
e vice-diretor, mesmo com o apoio da Comunidade de Castelo Branco, que é extremamente
participativa e democrática, optei em não me candidatar, e assim, retornaria para a EMEF
Ayrton Senna18, onde compus a chapa como vice-diretora, eleitas, permanecemos por 02
mandatos até o final de 2014. Em 2015 fui atuar na SEME, e designada para o cargo de
assessoria técnica do COMEC, atendendo e assessorando a rede pública do município de
Cariacica e as escolas particulares de educação infantil. Assim que assumi o executivo me
deslocou me enviou para a Gerencia de Ensino, após 04 meses solicito o retorno ao Conselho,
fui atendida mas logo em seguida assumi como secretária executiva do CAE19. Observa-se que
há sempre interferência do executivo na Casa dos Conselhos20. Nos mandatos do COMEC
(GESTÃO 2015/2017 e 2017/2019), fui indicada pelo executivo para participar como membro
e nas plenárias de 2018 houve uma crescente oferta de programas/parcerias educacionais
associados a governos, ONGs e/ou organizações privadas sem fins lucrativos.
Conforme Adrião (2018) o estabelecimento das parcerias permite que o Poder Público possa
ressarci instituições e/ou empresas de direito privado, e assim, temos visto situações que
indicam a “privatização da gestão da educação pública” de forma lenta e velada não só pelo
discurso da melhora dos índices e por uma educação de qualidade, e são apresentados dados,
poucos se manifestam, os dados promovem uma inércia no órgão que poderia/deveria
questionar. Um dos dilemas que observamos é o fato da Casa dos Conselhos estar situada na
SEME, faz com que não reconheçam o Conselho como órgão independente, permitindo que
diversos secretários de educação e técnicos da secretaria não entendam a autonomia do
Conselho, desse espaço propiciando interferências e fragilidades. A falta de formação induz a
membros a diálogos próximos ao senso comum. O medo da exposição e suas consequências,
bem como a presença maciça do executivo nas plenárias facilita a aprovação dos projetos, as
discussões até existem, mas não são abordados por especialistas/estudiosos. Por exemplo, o
programa Pacto Pela Aprendizagem no Espirito Santo – PAES, iniciou em 2017, na época a
SEME havia refutado o programa. Entretanto, nesse mesmo ano o assumiram a adesão do
18
Na época a EMEF Ayrton Senna era denominada EMEF Vista Mar.
19
Conselho Municipal de Alimentação Escolar
20
Casa dos Conselhos é composto pelo Conselho Municipal de Educação – COMEC, Conselho Municipal de
Alimentação Escolar – CAE, Conselho Municipal do Novo Fundeb de Cariacica – COMFUC e Fórum
Municipal de Educação – FME.
116
CONCLUSÃO
Por fim, toda fragilidade observada no Conselho nos remete a diversas questões que necessitam
serem revistas como o espaço físico, formação de conselheiros, o fortalecimento da sociedade
civil que é algo que necessita ser revisto, muitos conselheiros não participam por acreditarem
que serão demitidos de seus empregos, e na verdade não há como garantir ou provar
posteriormente que possa ou não acontecer. É preciso mostrar exemplos públicos de sucesso
para a comunidade escolar, e que os avanços da educação não acontecem porque existe uma
instituição privada gerindo o processo, é a participação popular que vai oportunizar uma política
educacional com avanços. O Conselho necessita que os membros e representantes
compreendam a importância dos assuntos a serem debatidos pelo Conselho que por sua vez se
percebe enquanto porta voz da sociedade, enquanto órgão que atua sobre as Políticas
Educacionais que visa garantir direitos a todos e que promova a educação democrática.
REFERÊNCIAS
http://www.legislacaocompilada.com.br/cariacica/Arquivo/Documents/legislacao/html/L4172
2003.html. Acesso em: 20 ago. 2022.
CARIACICA. Lei 4701/2009, 24 de abril de 2009. Dispõe sobre o Conselho Municipal de
Educação. Cariacica, 2009. Disponível em: https://bit.ly/3Kd1mD6. Acesso em: 20 ago. 2022.
CARIACICA. Lei Complementar 035/2011, 17 de agosto de 2011. Dispõe sobre a Gestão
Democrática no Ensino Público Municipal de, 2011. Disponível em:
http://www.legislacaocompilada.com.br/cariacica/Arquivo/Documents/legislacao/image/C352
011.pdf. Acesso em: 20 ago. 2022.
CARIACICA. Portaria 294/2009, de 25 de novembro de 2009. Aprova o regimento Interno do
Conselho Municipal de educação. Disponível
em:https://www.cariacica.es.gov.br/static/files/REGIMENTO_COMEC_2009.pdf. Acesso em
20 ago. 2022.
CURY, C. R. J. Os Conselhos de Educação e a gestão dos sistemas. In: FERREIRA, N. S. C.;
AGUIAR, M. A. (Orgs.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São
Paulo: Cortez, 2000
GONÇALVES, Katia Cristina Mauricio Bastos. DUBBERSTEIN, Flavia Costa Lima.
Reflexões sobre pobreza no espaço do Conselho Municipal de Educação de Cariacica. In.
Anais do III Seminário Federalismo e Políticas Educacionais. Publicação Eletrônica / Grupo
de Pesquisa Federalismo e Políticas Educacionais, PPGE, UFES, Vitória, ES, 31 de outubro a
1º de novembro - 2018.
118
INTRODUÇÃO
O trabalho situa a crise democrática estabelecida no Brasil desde o golpe de 2016, tomando a
gestão democrática educacional como um cenário possível de observação das consequências
desse processo de enfraquecimento das instituições democráticas e da participação popular.
Com isso, o objetivo geral é relacionar a crise democrática e o arrefecimento do neoliberalismo
às políticas educacionais e suas consequências na efetivação da gestão democrática na educação
pública brasileira. O problema investigativo levantado foi: como a crise da democracia
brasileira tem impactado a consolidação da gestão democrática na educação pública brasileira?
Em relação à metodologia, a pesquisa é classificada como exploratória, sob orientação
metodológica da pesquisa bibliográfica, na qual, por meio do método dedutivo (MARCONI;
LAKATOS, 2012), utilizou estudos nos campos das ciências humanas e das políticas
educacionais como fontes de análise da democracia, especialmente a brasileira, e suas interfaces
com a gestão democrática.
A redemocratização brasileira, após 21 anos de Ditadura Civil-Militar (1965-1985) não foi forte
o suficiente para evitar um novo processo de abalo institucional. Estudos como o de Miguel
(2019) apontam que o sentido do golpe de 2016 foi reduzir o peso do campo popular nas
decisões políticas e interromper o projeto de construção de uma sociedade justa e democrática.
O cenário exposto por Miguel situa o Brasil no período pós golpe de 2016, entretanto, é preciso
considerar que a redemocratização ocorreu quase que em paralelo com a instituição do
neoliberalismo no país, no contexto anunciado por Francis Fukuyama como o fim da história,
que seria marcado pelo fim da União Soviética e a consolidação do sistema capitalista como
119
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No campo legal das políticas educacionais brasileiras, a gestão democrática do ensino público
já estava assegurada na Constituição de 1988 (Art. 206) e em outros ordenamentos jurídicos,
entre eles o Plano Nacional de Educação (PNE). De acordo com Cury (2013) o PNE existe para
assegurar a oferta do direito à educação, garantindo assim um direito social e contestando o
mercado como bem absoluto. O mais recente PNE (2014-2024) foi sancionado pela Lei nº
120
13.005, de 25 de junho de 2014, que define as bases da política educacional brasileira para a
década seguinte. Embora o projeto tenha sido enviado pelo governo federal ao Congresso em
dezembro de 2010, foi aprovado somente em 2014. Esse atraso de quatro anos para sancionar
a Lei denota as disputas que já cercavam as políticas educacionais brasileiras no período,
podendo representar um indício da fragilidade democrática do Estado brasileiro no que
concerne na defesa das políticas públicas voltadas para assegurar direitos fundamentais da
população e fortalecer as relações democráticas nos diversos campos sociais.
O PNE apresenta dez diretrizes objetivas e 20 metas, seguidas das estratégias específicas de
concretização. O texto prevê ainda formas de a sociedade monitorar e cobrar cada uma das
conquistas previstas. A diretriz VI do PNE apresenta a “promoção do princípio da gestão
democrática da educação pública”. A mesma legislação estabelece como meta 19 “assegurar
condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação,
associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade
escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto”.
A existência de conselhos municipais de educação e as formas de nomeação de gestores
escolares constituem alguns dos vestígios de desenvolvimento ou retração da gestão
democrática nas redes públicas de ensino.
CONCLUSÃO
Em consonância com a mobilização proposta por Cury, Paulo Freire nos deixou como legado
que política e educação não podem ser facilmente separadas devido à contradições e tensões na
elaboração e no desenvolvimento de políticas educacionais. Com isso, o compromisso consiste
em ratificar o papel transformador da educação, superando sua utilização como instrumento do
121
estado capitalista, para exercer seu papel emancipador e fortalecedor dos princípios
democráticos.
REFERÊNCIAS
CURY, Carlos Roberto Jamil. Planos Nacionais de Educação no Brasil. In: FERREIRA, Eliza
Bartolozzi; FONSECA, Marília (Orgs.). Política e planejamento educacional no Brasil do
século 21. Brasília: Liber Livros, 2013, p. 25-34.
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade
neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
21
Professora da EPT em escola pública estadual, Tecnóloga em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pelo
IFES e graduanda em História pela UFES. Especialista e Educação Pobreza e Desigualdade Social pela UFES.
123
22
Em ambos os casos, não foi possível localizar informações referente as formas de contratação, valores
empenhados, nem nos portais de transparência nem mesmo com a equipe responsável pelo setor de gestão escolar
na SEDU, uma breve pesquisa online mostrou que sistemas parecidos com esse adquiridos por secretarias
municipais de educação, possui valores que variam entre R$ 70.000,00 e R$ 300.000,00, e seria necessário uma
pesquisa mais profunda para checar tais informações.
124
O software não gera documentos básicos como histórico escolar e Certificado de conclusão,
com isso os profissionais da secretaria precisam escriturar tais documentos manualmente em
uma planilha de Excel sujeito a erros por falhas humana durante a digitação. Além disso, esse
tipo de aquisição e compra assim como outros insumos educacionais adquiridos do mercado
educacional muitas vezes atende mais os interesses dos fornecedores além configurar processo
interno de privatização. Ademais, essas escolhas não emergem de uma escuta cuidadosa com
os profissionais da gestão das unidades de ensino. Particularmente, as últimas gestões da
secretaria estadual de educação, tem sido marcada por uma postura prescritiva e arbitrária com
os profissionais da educação.
A decisão de aquisição dessas plataformas e seus desdobramentos práticos ocorreu sem o amplo
diálogo com os professores e pessoal de secretaria escolar. Também é visível nos comentários
dos colegas forte demanda do trabalho dos profissionais da educação que vem sendo obrigados
a fornecer segundo eles próprios muitas informações sobre sua atividade educativa nas planilhas
desses programas que requerem informações diárias, as quais anteriormente eram registradas a
mão, mas a posteriori ao processo de ensino aprendizagem. Essa tarefa vem se sobrepondo num
contexto de pouca valorização profissional e numa realidade onde as condições salariais e de
infraestrutura escolar não são as mais adequadas23. Recentemente, recebemos a informação que
23
Segundo JESUS, FÁVERO e NUNES (2011) Os profissionais da educação gastam muito tempo, devido ao
retrabalho gerado por sistemas de informações ineficientes que traz um acúmulo de trabalho, fazendo com que
esses profissionais fiquem sobrecarregados e estressados, e assim, muitos acabam por adoecerem, gerando uma
grande número de atestados médicos recebidos frequentemente pelas escolas, e com a ausência de um profissional
125
o atual aplicativo será substituído no próximo ano (2023), e fica a dúvida, será que todas as
informações contidas no banco de dados serão perdidas novamente? Até quando os
profissionais da educação precisarão fazer trabalhos tão onerosos para serem posteriormente
deletados?24
CONCLUSÃO
A segunda opção, mais ousada, seria a união implementar um programa de gestão escolar a
nível nacional, e disponibilizado para todos os estados e municípios, como já acontece com a
plataforma do censo escolar, porém diferente desta plataforma que recebem os dados apenas
para recenseamento, seria um aplicativo em tempo real, facilitando inclusive a movimentação
documental de estudantes transferidos de um estado para outro. Uma única plataforma nacional
os demais ficam ainda mais sobrecarregados para suprir a falta do colega gerando um círculo vicioso de
profissionais afastados por motivo de saúde.
24
JESUS, FÁVERO e NUNES (2011) destacam ainda que em sua pesquisa não localizaram nenhum software
livre, com as características necessárias para a gestão da informação do cotidiano escolar, com todos os módulos
imprescindíveis para atender as especificidades necessárias, pois esse tipo de software seria uma alternativa para
reduzir o gasto com a compra de softwares proprietário, mas que mesmo que no futuro apareceram software livre
direcionado a tais funções dificilmente ele se adequaria totalmente às necessidades das instituições de ensino, e
careceria de ajustes e implementação de novas funções no próprio sistema, necessitando de investimentos em
formação para os profissionais na adequação do programa.
126
para gerenciar o diário escolar e todos os documentos gerados a partir das informações
inseridas.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este Plano de Ação Estratégico dispõe sobre organização e direcionamentos no âmbito escolar,
para a execução das aulas não presenciais, bem como, descrição minuciosa de como foi
desenvolvida as atividades não presenciais, quais instrumentos de mediação e interação
utilizados com alunado da Escola Municipal Fazendo Arte considerando a Lei 9394/96 que fixa
as Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDBEN, consoante a Lei nº 2.162/08, alterada pela
Lei nº 2.327 de 28/05/2012, que instituí o Conselho Municipal de Educação de Cáceres
(CMEC) e a Lei nº. 2.319 de 03 de abril de 2012, que constituí o Sistema Municipal de Ensino
de Cáceres-MT, e, Resolução 005/2020-CMEC/MT, Resolução 006/2020 – CMEC/MT,
Resolução 025/2020 CMEC, Resolução 004/2021 CMEC, Parecer CNE/CP 19/2020, Lei
Complementar 158, 11 de março de 2021, Orientativo Pedagógico ano 2020 e 2021 da
Secretaria Municipal de Educação (SME) Cáceres-MT.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Considerando a suspensão das aulas presenciais na Rede Municipal de Ensino desde o mês de
abril/2020, conforme orientação do Ministério da Saúde através da Portaria 188/GM/MS, de
04/02/2020, e posteriormente Decreto Municipal 120 de 18/03/2020, declarando Emergência
em Saúde Pública de Importância Nacional, em razão da infecção humana pelo novo
Coronavírus (Covid-19), como um conjunto de ações para prevenir sua disseminação. Com a
finalidade de apoiar a continuidade da aprendizagem dos alunos durante o período de
distanciamento social foi necessária a retomada das atividades escolares de forma não
presencial. A Secretaria Municipal de Educação estabeleceu ao calendário escolar, um
129
replanejamento com atividades a serem executadas de forma não presencial pelos alunos, em
conformidade com o Ministério da Educação, favorecendo a aprendizagem e a continuidade de
seus estudos.
A Rede Pública Municipal de Ensino de Cáceres-MT, retoma as aulas com atividades escolares
não presenciais conforme Decreto 372/2020, como medida de prevenção e combate ao contágio
do novo Coronavírus (Covid-19) e objetivando cumprir carga horária mínima obrigatória,
conforme estabelece a Lei n° 9.394/96, Medida Provisória n° 934/2020, Parecer n° 005/2020-
CNE e Resolução Normativa n° 005/2020-CMEC, a Secretaria Municipal de Educação propõe
as atividades escolares não presenciais a partir de 15 de julho de 2020.
Conforme as orientações a respeito da Resolução 005/2020/CMEC, e o Orientativo Pedagógico
da SME ano 2020 e 2021 sobre o retorno das aulas com atividades escolares não presenciais foi
criado o grupo de WhatsApp de cada turma, pois esse era um canal de comunicação entre eles
e a escola. No entanto, para os pais que não possuem WhatsApp disponibilizamos de forma
impressa as atividades com orientativos e através das ligações manter o contato e o vínculo com
a família da criança.
Foram disponibilizadas nos grupos das turmas as atividades em três formatos: word, pdf,
imagem e o impresso juntamente com orientativo que estava na escola, conforme data marcada
para a entrega. No entanto, para aqueles pais que não buscarem as atividades no dia marcado,
a gestão entrou em contato para saber o motivo e justificar na Planilha de Avaliação da criança.
Os orientativos com atividades lúdicas foram encaminhadas pelo professor para coordenação
para que sejam feitas as cópias. A impressão foi realizada pela equipe gestora e auxiliar de
desenvolvimento infantil (ADI). E a entrega das atividades impressas realizada por cada
professor, com auxílio da ADI, auxiliar de serviços gerais (ASG) e equipe gestora, de forma
escalonada, exceto os profissionais que fazem parte do grupo de risco.
Para entrega das atividades realizamos um cronograma do dia e da hora que cada pai ou
responsável deverá ir à escola para retirar as atividades. Toda a entrega e a devolutiva das
atividades foram rigorosamente registradas em planilhas com a data de entrega. Também
respeitou todas as exigências sanitárias e de distanciamento com álcool 70%, viseira protetora,
máscara individual, luvas, sinalização do espaço.
Após a criança desenvolver a atividade proposta orientamos os pais que realizem as devolutivas
por meio de fotos, vídeos ou ligações, para evitar o contato com o material impresso, e
130
CONCLUSÃO
131
Sendo assim, o Plano de Ação Estratégico para as aulas não presenciais da Escola Municipal
Fazendo Arte do município de Cáceres-MT, foi criado a partir da necessidade de adequar-se ao
atual momento vivenciado isolamento causado pela pandemia do COVID-19. Planejado a partir
de discussões coletivas, por meio de videoconferência, tanto por meio das reuniões entre
gestores, quanto pelos professores da unidade escolar. Através do Projeto Político Pedagógico,
documento que norteia o trabalho pedagógico da unidade escolar, foi criado este Plano de Ação
Estratégico, em consonância com as Diretrizes Curriculares de Mato Grosso – DCN/MT, a Base
Nacional Comum Curricular – BNCC, que norteiam os conjuntos de ações dos planejamentos
e a realização das aulas não presenciais.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O SGE foi idealizado e desenvolvido na esfera pública municipal, de forma democrática, com
a participação da comunidade escolar com um olhar pedagógico e administrativo que pudessem
atender às demandas e necessidades diárias da escola. Isso sem a participação, contratação ou
compra de serviço ou consultoria privada. O sistema permite aos profissionais das escolas
acompanharem os alunos e as turmas (frequência, rendimento, acompanhamento pedagógico e
disciplinar, dentre outros), assim como fazer o registro das atividades pedagógicas (organização
curricular, plano de ensino, conselhos de classes, atividades complementares e plano de
trabalho pedagógico da Educação Especial). Além disso, o SGE gera relatórios que
caracterizam a unidade de ensino e que exibem resultados e indicadores (matrícula,
aprovação/reprovação, distorção idade/série, abandono), auxiliando na análise e na tomada de
decisões.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com a implementação do SGE, o trabalho se tornou mais conectado e acessível, pois os dados
são obtidos por meio de relatórios que o próprio sistema é capaz de gerar. Percebe se que há
um olhar positivo quanto a utilização, funcionalidades e contribuições que o SGE trouxe para
a dinamicidade do trabalho administrativo e pedagógico das escolas. De acordo com Paro
(2010), os instrumentos de trabalho que podem ser materiais ou conceituais se tornam objeto
de utilização direta para se chegar a um objetivo final e as técnicas contribuem como intermédio
para essa produção. Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 436) declaram que “[...] organizar
significa dispor de forma ordenada, dar estrutura, planejar uma ação e prover as condições
necessárias para realizá-la”.
Em relação a infraestrutura das escolas para utilização do Sistema de Gestão Escolar, foi
possível compreender que ainda há desafios a serem superados e que o ambiente escolar não é
capaz de garantir, por completo, o acesso à rede, para os profissionais que necessitam da internet
para realização do trabalho diário. Ademais, foi possível reconhecer que o SGE não é garantia
de maior qualidade no desenvolvimento das práticas organizativas escolares se elas não forem
utilizadas como alternativas de organização para dinamizar os processos da rotina escolar, visto
que as TICs vão além de ser simplesmente mais ágil, mas trata-se de fazer de forma
diversificada.
A utilização do sistema permite sair das concepções cotidianas para explorar o real e ter como
essência o fato de mediar a busca dos objetivos e utilizar de forma racional os recursos para
realização de determinados fins (PARO, 2012). Esse pensamento vai ao encontro da concepção
de Castells (2015) ao declarar que a educação é determinante no que se refere às oportunidades
que a conexão em rede oferece ao ambiente educacional, porém, essa educação necessita de
mudanças. No entendimento de Paro (2010), significa um ambiente apropriado e equipado com
materiais disponíveis e necessários para o desenvolvimento das atividades administrativas e
pedagógicas das escolas propiciando alcançar os objetivos com maior facilidade. Para Lévy
135
Seguindo o pensamento do autor acreditamos que o poder público precisa investir em políticas
públicas, além de oferecer condições favoráveis para o desenvolvimento das atividades
laborais, aperfeiçoando cada vez mais as práticas organizativas escolares com maior
dinamicidade. Consideramos que o SGE é o mesmo para todos, no entanto, é diferente para
cada um por ser um canal de comunicação organizacional que fornece uma base material de
informação e a apropriação da capacidade de intercomunicação em seu alcance e em seus usos.
CONCLUSÃO
Por meio dessa produção, foi possível analisar e compreender os fundamentos da gestão e
administração. Os achados da pesquisa proporcionaram conhecer a idealização do projeto e o
desenvolvimento do Sistema de Gestão Escolar (SGE) no município de Vitória/ES e a
implementação desse mesmo sistema na cidade de Vila Velha, além de compreender a
operacionalização da ferramenta por parte dos usuários no ambiente escolar ou mesmo fora
dele.
Ainda por meio da pesquisa, foi possível constatar que o SGE é um sistema que funciona como
uma engrenagem e se correlaciona com dados administrativos e pedagógicos e, por meio das
TIC, é possível perceber uma mutação no modo de lidar com as práticas organizativas escolares.
Contudo, é necessário garantir ao profissional da educação, condições para o desenvolvimento
de suas atividades laborais, no local em que atua, de maneira que ela não seja despersonificada
por falta de equipamentos, internet, dentre outros, em que o funcionário necessite levar afazeres
para casa gerando dupla jornada de trabalho. O estudo também propicia elementos pertinentes
para compreender que a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação podem
suplementar a gestão da educação pública no âmbito administrativo e pedagógico,
principalmente quando relacionadas aos dispositivos de armazenamento de informações.
REFERÊNCIAS
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 4. ed. São
Paulo: Loyola, 2003.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação
escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2012.
PARO, Vitor Henrique. A organização do trabalho na escola. VIII Semana da Educação.
Ribeirão Preto, nov. 2010 (Palestra: informação verbal).
137
INTRODUÇÃO
Este texto é parte de pesquisa maior, em andamento, sobre o papel dos Conselhos Estaduais de
Educação (CEEs) na organização da educação nacional; e seu objetivo é examinar a pertinência
e as conexões entre o arranjo federativo brasileiro em educação – as atribuições e competências
entre os entes federados em matéria educativa –, para a análise do papel dos CEEs em seus
respectivos sistemas de ensino. Em última análise, este texto examina se os estudos e debates
sobre o arranjo federativo brasileiro em educação contribuem para a análise sobre o papel dos
CEEs na organização da educação nacional.
METODOLOGIA
Trata-se de estudo que se apoia na Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011), para examinar as
duas leis de diretrizes e bases da educação nacional, a saber: LDB/1961 (BRASIL, 1961); e a
LDB/1996 (BRASIL, 1996), com o objetivo de levantar o conteúdo normativo sobre os CEEs.
As seguintes unidades de análise foram importantes para o presente estudo: i) atribuições e
competências dos entes federados; ii) formação dos sistemas de ensino; iii) natureza dos CEEs;
iv) atribuições e competências dos CEEs.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Federal (ABRUCIO, 1998). Neste caso, a novidade foi que os CEEs teriam a opção de delegar
parte de suas funções aos Conselhos Municipais de Educação (CMEs), em municípios que
considerassem oportuno.
A discussão sobre o papel dos CEEs nos sistemas de ensino estaduais ficou mais complexa,
especialmente a partir da redemocratização do país, após o fim da Ditadura Militar (1964-1985).
A Constituição Federal (CF/1988) (BRASIL, 1988) estabeleceu um novo contexto jurídico-
normativo para as políticas sociais no país, sobretudo a Educação, a Saúde e a Assistência
Social. Assim, a premissa estabelecida pela CF/1988 (BRASIL, 1988) é a de que a satisfatória
condução das políticas públicas no Brasil seria por meio do estabelecimento dos conselhos
gestores de políticas, de forma a democratizar o acesso aos serviços públicos. Além disso, a Lei
Maior estabeleceu que os usuários pudessem, por meio da participação direta, formular políticas
que se aproximassem da realidade de seus usuários ou, ainda, fiscalizar e controlar a prestação
destes serviços (DAGNINO, 2002; PERISSINOTO; FUKS, 2002; SOUZA, 2006; 2008;
GOHN, 2011).
No caso da Educação, tal perspectiva democrática pode ser entendida por meio da “gestão
democrática do ensino público, na forma da lei” disposta no Art. 206, inciso VI da CF/1988
(BRASIL, 1988). Embora suscite uma série de interpretações e debates sobre o assunto, que
fogem aos objetivos do presente texto, o fato é que, a própria noção de “regime de colaboração”
está relacionada à gestão democrática. O que importa registrar aqui é que, tanto o “regime de
colaboração” entre os entes federados, previsto nos Arts. 211 e 214 (BRASIL 1988), bem como
as “formas de colaboração” entre os entes federados, previstas no § 4º do Art. 211 (idem), ou
ainda as “normas de cooperação”, previstas no Art. 23, inciso V, Parágrafo Único (ibidem)
oportunizaram o debate público sobre a condução das políticas educacionais no Brasil,
ratificando, portanto, o princípio da gestão democrática na educação brasileira.
nova legislação educacional federal (BRASIL, 1996), como órgãos normativos dos respectivos
sistemas de ensino.
CONCLUSÃO
O levantamento das normas, regras e procedimentos que instituíram os CEEs apontam para a
grande importância da legislação educacional nacional na definição da natureza, atribuições e
competências destes órgãos normativos e deliberativos. A escolha por examinar a legislação
educacional nacional, por meio do arranjo federativo brasileiro em educação oportunizou um
maior aporte de referências para pensar o contexto histórico e processual (IMMERGUT, 1998)
em que estão imersos o CEEs.
REFERÊNCIAS
Durbens M. Nascimento
PPDSTU/NAEA/UFPA
durbens@ufpa.br
INTRODUÇÃO
Um dos objetivos específicos do estudo foi o de realizar levantamento de bibliografia que trata
sobre as relações de colaboração intergovernamentais em três plataformas virtuais: na
(CAPES25); na (ANPAE26); e na (ANPED27), no período de 2018- 2020. É o resultado desse
objetivo específico que apresento neste resumo expandido. O estudo optou por uma abordagem
de tipo qualitativa, com enfoque crítico-dialético, com vistas a desenvolver aproximações
25
CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível
http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/212-educacao-superior-1690610854/51461.
26
ANPAE: Associação Nacional de Política e Administração da Educação. Cf. Brenno SANDER. Introdução à
história da ANPAE como sociedade civil no campo da educação. DISPONÍVEL
https://www.anpae.org.br/website/documentos/estudos/estudos_01.pdf
27
ANPED: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. ANPED. 40 ANOS DE ANPED -
Editorial • Rev. Bras. Educ. 24 • 2019 Disponível https://doi.org/10.1590/S1413-24782019240059
142
interpretativas dos dados coletados de tal modo que se busque uma análise objetiva da realidade
estudada.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O federalismo consiste em uma forma de governo que procura organizar o modus operandi de
um Estado nação frente aos cidadãos que integram o seu território28 e às demais nações
mundiais, quando se apresenta soberanamente. É um território de territórios, pois sua
composição integra vários membros que resguardam sua autonomia administrativa, financeira
e política, sua diversidade seja histórica, cultural, populacional, a partir de um pacto jurídico,
confirmado por uma Carta constitucional onde se expressam a estrutura, organização,
atribuições de competências concorrentes e exclusivas proporcionando uma interdependência
entre o governo central, também denominado de União ou governo federal e os demais
governos designados de subunidades ou Estados-membros ou ainda como unidades federadas.
Ao longo da caminhada republicana outras cinco constituições federais do Brasil (1934, 1937,
1946, 1967/69 e 1988) foram firmando a organização do Estado nacional, como um governo
federal. Mas, foi a Constituição Federal de 1988 na escrita de seu texto, após longo período de
restrições de direitos individuais, políticos e sociais havidos com a ditadura cívico-militar, que
trouxe mais novidades para a federação brasileira a começar com o Art. 1º do Título I que
anuncia em seus princípios fundamentais a República federativa como a união indissolúvel de
seus membros Estados, Municípios e Distrito Federal. Contudo, o Art. 18 é incisivo ao
assegurar que os Municípios passariam a integrar a federação com novas características e
competências. Assim, deixaram de ser apenas integrantes territoriais e subordinados ao Estado
e a União e passaram a ter um protagonismo considerável na organização político-
administrativa no Estado nacional, assumindo responsabilidades como as dos demais membros
da federação, mesmo em condições materiais objetivas diversa.
Uma segunda e importante novidade da Constituição Federal de 1988 (CF/88) está diretamente
integrada com as formas de organizar as ações do Estado e de suas unidades administrativas, a
União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, por meio da determinação de atribuições
destinadas aos entes federativos, redefinindo as competências que devem ser sobretudo
promovidas pela articulação direta dos membros da federação. Por se tratar de Carta Magna,
isto é, um documento com as determinações e orientações gerais para toda sociedade brasileira,
28
Território entendido como espaço geofísico, social, cultural, histórico, material, território usado. (Milton
SANTOS. Território, globalização e fragmentação, passim.)
143
a própria CF/88 já adverte que algumas matérias devem receber regulamentação jurídica
complementar. Papel a ser cumprido pelo Congresso Nacional, na formação do aparato jurídico
necessário a efetivação dos preceitos legais.
Com relação as demandas sociais, ressalto do Título VIII (Da ordem social), o Art. 193 que
determina ao Estado brasileiro o dever de exercer a função de planejamento das políticas sociais
com a participação da sociedade em várias etapas de sua elaboração e na execução por meio
dos “processos de formulação, de monitoramento, de controle e de avaliação dessas políticas.”
(BRASIL, EC nº 108, 2020). Assim, a escrita sobre as políticas sociais trouxe novidades em
todas as áreas que procuraram firmar direitos sociais, individuais e coletivos, os políticos,
econômicos, previdenciários, na saúde pública, por exemplo, reestruturou sua oferta como
direito de todos e dever do Estado, mediante a garantia de políticas sociais orientadas para
prestação de serviços, com a destinação de recursos vinculados para efetivar as ações de saúde
ao constituírem um sistema único. Mas, a Seção I, contendo dez Artigos e tendo acrescido, mais
recentemente, o Art. 212 A29 que trata da educação, reteve minha atenção nos estudos.
(BRASIL, 1988)
Historicamente a escrita de uma seção específica que trata amplamente da educação nacional
foi uma vitória de movimentos sociais organizados em torno das bandeiras da educação
nacional30 que firmou o dever do Estado com a educação; indicou princípios e garantias para
oferta da educação; orientou quanto à organização de sistemas de ensino em cada ente federado,
sob um regime de colaboração, atribuindo as responsabilidades prioritárias e conjuntas para a
oferta da educação como direito social público. Por fim, assinalou vínculos financeiros
obrigatórios para cada unidade federativa e estabeleceu que o plano nacional de educação tem
por objetivo “articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração [...]”.
(BRASIL, 1988)
29
Artigo acrescido pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020, com produção de efeitos financeiros a partir de
1º/1/2021. (BRASIL, 2020)
30
Cf. Dermeval SAVIANI, A nova lei da educação: LDB- trajetória, limites e perspectivas. 1999. Nesse livro o
autor apresenta alguns movimentos do setor da educação nacional antes mesmo da escrita da seção Educação na
CF/88 e manifestações em favor da (re)escrita de uma lei de diretrizes e bases para a educação nacional. As
Constituições anteriores a 1988 em geral conjugavam educação com a cultura (1934, 1937 e 1946) ou com a
família e a cultura (1967/69). Apenas a CF/88 tratou da educação em seção específica que articulou somente esse
setor das políticas sociais. A importância desse destaque ocorre pelo crescente papel que tomou a educação pública
frente à organização da própria sociedade nacional, bem como a organização da categoria de trabalhadores e
trabalhadoras da educação começando (ou retomando) a formação de associações e sindicatos específicos da
educação.
144
A declaração para que as unidades federadas atuem em regime de colaboração federativa é tida
como um salto qualitativo indicado para promover as políticas sociais de Estado. O artigo 23
da CF/88 ao falar da competência comum entre a União, os Estados, os Municípios e o Distrito
Federal, determina em seu parágrafo único que sejam criadas Leis complementares com o
objetivo de estabelecer o “equilíbrio de ações” para o desenvolvimento da cooperação
(BRASIL, 1988). Alguns estudiosos, ao longo dos quase 35 anos de existência da CF/88, vêm
se dedicando em pesquisas que procuram observar o estado de desenvolvimento das relações
federadas, sob a recomendação do regime de colaboração, para a executar políticas sociais.
Alguns desses estudos aparecem na amostra abaixo.
O levantamento bibliográfico realizado nas plataformas virtuais exibe um total de seis registros
de artigos sobre a temática do federalismo, no período de dois anos, 2018-2020. A ANPED não
teve artigos notados com essa temática publicado no período de coleta. A plataforma que mais
teve artigos registrados sobre o federalismo foi a CAPES, um total de quatro. Cinco dos artigos
refletem o federalismo e a educação nos dois níveis da educação, são eles: Strelec; Costa e
Calderon (ANPAE, 2018); Carvalho (ANPAE, 2019); Araújo (CAPES, 2018); Almeida e Cabral
Neto (CAPES, 2018); Carvalho e Anderi (CAPES, 2020). Destaca-se o que há de mais
expressivo como tendências e preocupações apresentadas nos artigos.
Setores Sociais Básicos Automáticos (PMAT), (1997). Concluíram que “com tantas rotas,
produzir e implantar políticas públicas no federalismo brasileiro é um verdadeiro
caleidoscópio.” (REV. SERV. PÚBLICO, 2018, p. 85). O artigo de Almeida e Cabral Neto, ao
pesquisar sobre o PAR e suas redes semânticas, analisaram a necessidade de compartilhamento
de poder e comunicação para superar áreas de ações sobrepostas. (REVISTA BRASILEIRA
DE EDUCAÇÃO, 2018, p. 1). Finalmente Carvalho e Anderi, estudaram a educação superior
nos Planos Estaduais de Educação para observar desafios na tensão com o PNE (2014-2024), o
resultado foi que poucos Estados brasileiros firmaram compromisso com a expansão da
educação superior por meio de suas UEs. (REVELLI, 2020, p. 1)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Em um cenário de incertezas, com reformas constantes e corrosão dos direitos sociais, coloca-
se a necessidade de assegurar o direito à educação circunscrito na Constituição Federal (CF) de
1988 e reforçado nos demais dispositivos legais, bem como a garantia do cumprimento dos
objetivos e metas estabelecidos no Plano Nacional de Educação 2014-2024.
Ante o exposto, o presente trabalho justifica-se haja vista as incertezas e o conjunto de reformas
que perpassam a educação na atualidade, e que desconsideram as políticas em curso como a
universalização e ampliação do acesso ao ensino médio, por intermédio da Emenda
147
Constitucional 59/2009 e pelo conjunto de metas propostas para o ensino médio no Plano
Nacional de Educação 2014-2024.
A partir do contexto ora delineado, o presente trabalho suscita o seguinte problema: Quais os
desafios para a implementação da Meta 3 do Plano Nacional de Educação 2014-2024, com
vistas a garantir o acesso ao ensino médio e a ampliação da obrigatoriedade escolar? No intuito
de responder ao questionamento, delineamos como objetivo geral: Discutir os desafios para a
implementação da Meta 3 do Plano Nacional de Educação 2014-2024, com a finalidade de
garantir o acesso ao ensino médio e a ampliação da obrigatoriedade escolar.
METODOLOGIA
Como metodologia para alcançar o objetivo proposto, utilizou-se a análise documental e como
fonte de dados legislações que amparam o direito a educação no país, a Lei 13.005/2014, que
aprova o PNE, e o Relatório de Monitoramento do PNE, articulando os dados com os debates
que possuem como pressuposto a educação básica como direito.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No ano de 2009, mais uma Emenda Constitucional altera o Art. 208 da CF: a Emenda
Constitucional 59/2009. Esta EC converte o inciso I do Art. 208 da Constituição Federal,
alterando a obrigatoriedade e gratuidade previstos anteriormente para o ensino fundamental e
ampliando-os para “educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria” (BRASIL, 2009).
148
A ampliação por via da faixa etária compreende, em teoria, o percurso educacional da educação
infantil ao ensino médio. Em teoria tendo em conta que o percurso educacional não é igualitário
no Brasil, haja vista as desigualdades econômicas, sociais, culturais e a distorção idade-série,
de maneira que nem todos os jovens na faixa etária de 15 a 17 anos, idade considerada
apropriada para cursar o ensino médio, encontram-se inseridos nessa etapa da educação básica
nesse período considerado apropriado (BRASIL, 2020; SILVA, 2020).
O Plano Nacional de Educação 2014-2024 (PNE), aprovado pela Lei 13.005/2014, possui um
conjunto de 20 metas, as quais desdobram-se em diferentes estratégias para a educação
brasileira a serem implementadas no período de 10 anos. No que concerne ao ensino médio, o
PNE propõe na Meta 3 “Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população
de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a
taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%” (BRASIL, 2014).
Outro indício que sinaliza para o cumprimento da Meta 3, é o Indicador 3B que busca verificar
o percentual da população de 15 a 17 anos que frequenta o ensino médio ou possui educação
básica completa, e contém como meta atingir 85% de matrícula líquida no ensino médio até o
ano de 2024 (BRASIL, 2020).
No que tange ao acesso escolar dos jovens de 15 a 17 anos, o acesso não foi universalizado no
período estabelecido na Meta 3 do PNE, que foi 2016. Os dados de 2019 apontam ainda que
680 mil jovens, de 15 a 17 anos, encontram-se fora da escola e cerca de 1,9 milhão de jovens
de 15 a 17 anos que frequentam a escola ainda estão matriculados no ensino fundamental
(BRASIL, 2020).
As informações ora apresentadas corroboram com a pesquisa apresentada por Silva (2020).
Para a autora a Meta 3 do PNE justifica-se e virtude do histórico de exclusão do acesso ao
ensino médio no Brasil, apontando que ao fim do século XX menos de 25% da população em
idade de frequentar o ensino médio encontrava-se matriculada nessa etapa da educação básica
(SILVA, 2020). Ante à negação do direito ao ensino médio que ainda persiste no cenário
brasileiro, recorremos a Cury, que nos afirma que:
Do direito nascem prerrogativas próprias das pessoas em virtude das quais elas
passam a gozar de algo que lhes pertence como tal. Estamos diante de uma
proclamação legal e conceitual bastante avançada, mormente diante da dramática
situação que um passado de omissão legou ao presente (CURY, 2008, p. 296).
CONCLUSÃO
ensino médio ainda perpassam pela reforma do ensino médio e pela implementação da Base
Nacional Comum Curricular, os quais esvaziam e reduzem a formação humana, incentiva as
parcerias com instituições privadas, e, dentre outros retrocessos, desqualifica avanços
alcançados na educação brasileira.
REFERÊNCIAS
CURY, Carlos Roberto Jamil. A educação básica como direito. Cadernos de Pesquisa, v. 38,
n. 134, p. 293-303, maio/ago. 2008. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cp/a/QBBB9RrmKBx7MngxzBfWgcF/?lang=pt&format=pdf
SILVA, Monica Ribeiro da. Ampliação da obrigatoriedade escolar no Brasil: o que aconteceu
com o Ensino Médio? Ensaio: aval. pol. pub. Educ., Rio de Janeiro, v.28, n.107, p. 274-291,
abr./jun. 2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ensaio/a/mqfqFrxbKWWpcjhwrGNqsgn/?format=pdf&lang=pt.
152
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
contando com revisão de documentos oficiais públicos, como Projetos de Lei que versam sobre
o SNE, o Regime de colaboração, financiamento da educação e instâncias de pactuação
federativa, e o documento oficial da extinta Secretaria de Articulação com os Sistemas de
Ensino (SASE), documentos oficiais de iniciativas privadas, como o Todos Pela Educação e
audiências públicas sobre o SNE. Sendo assim, elencou-se o material documental supracitado
de atores públicos e privados, com foco em discussões do âmbito legislativo, em câmara alta e
baixa. O estudo baseia-se na esquematização dos dados coletados, organizados em planilha
objetivando atingir uma correlação de atores interessados na implementação do SNE, a partir
das informações reunidas e categorizadas. Tendo como aporte teórico os conceitos de Estado,
Hegemonia e aparelhos privados de Antônio Gramsci, estabelecemos que as políticas
educacionais são relações de força, segundo o autor, o Estado se comporta como força e
consenso, detentor do domínio intelectual e moral, um aliciador de hegemonia, representando
a vontade suprema, portanto o Estado é “[...] o ponto de contato entre a sociedade civil e a
sociedade política, entre o consenso e a força” (GRAMSCI, 2000, p. 265). A hegemonia como
controle de consensos, e o Aparelho Privado de Hegemonia (APH) representam as relações de
poder, segundo Gramsci (2000) responsáveis pela difusão das concepções, comportamento,
cultura e valores dominantes na sociedade.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No âmbito legislativo, as discussões sobre o SNE voltam ao centro da educação em 2014, com
o PLP n.º 413/2014, de autoria do deputado Ságuas de Moraes, do Partido dos Trabalhadores,
no Mato Grosso, primeira grande proposta desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), de 1996, que versa sobre o Plano Nacional de Educação, trazendo o art. 23 da
CF/88. Outras propostas são apresentadas ao longo dos anos seguintes, trazendo para o debate
outros atores como Fórum Nacional de Educação (FNE), apresentando medidas de articulação
dos entes federados visando alcançar metas do PNE (PONTES e LÍCIO, 2020). Assim como o
154
PLP n.º 448/2017, de autoria do deputado Giuseppe Vecci (PSDB), de Goiás, que traz o Fórum
Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCE), feito a partir das discussões sobre o
SNE, abordando a visão de outros atores sobre o sistema. Em 2019, com o PLP n.º 25/2019 da
Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM), e seus apensados PLP n.º 235/2019 de Flávio Arns
(REDE-PR), PLP n.º 47/2019 de Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), PLP n.º 216/2019 da
Professora Rosa Neide (PT-MT), PLP n.º 267/2020 de Rose Modesto (PSDB-MS). Os
documentos supracitados se dedicam na proposição da implementação do SNE e o regime de
colaboração, tratando de instâncias de pactuação federativa, além de tangenciar as discussões
quanto ao financiamento da educação, como tratado no PLP PLP n.º 235/2019, por exemplo,
que discorre sobre o CAQ, Custo Aluno Qualidade, uma forma de regular e nivelar por aluno,
ferramenta que objetiva calcular os gastos por aluno de forma que todas as escolas sejam
atendidas de acordo com suas necessidades, tendo em vista as desigualdades enfrentadas pelos
alunos que dependem da educação pública.
CONCLUSÃO
A instituição do SNE como lei, e sua efetivação na realidade material é essencial para que se
crie um ambiente estudantil igualitário e acessível, impedindo que o contexto socioeconômico
e geográfico limite a trajetória estudantil de brasileiros e brasileiras. No entanto, as análises
feitas até a produção deste texto revelam que, apesar de ser foco de discussões e debates há
muitos anos, o SNE ainda se mantém distante de sua concretização. Atualmente, mesmo com a
tramitação do PLP n.º 25/2019 apensado ao PLP n.º 235/2019 na Câmara dos Deputados, após
155
aprovação em câmara alta, o processo ainda caminha a passos lentos e largos, e a conjuntura
educacional brasileira não possui perspectiva de mudança num futuro próximo. Como mostra
Araujo (2018), essa é uma batalha há muito travada dentro do contexto político educacional
brasileiro: “[...] tanto o artigo 23 quanto o artigo 211 precisam de regulamentação por meio de
Lei Complementar, o que, após 30 anos de promulgação da CF de 1988 e 4 anos de aprovação
do PNE (2014-2024), ainda não foi feito.” (ARAUJO, p.965, 2018).
Fatores como a introdução de interesses privados no debate público, como citado anteriormente,
tornam ainda mais complexo o delineamento das responsabilidades de cada ente federado,
mesmo que prometa o contrário. Dessa forma, a participação civil não cresce de forma
concomitante à participação privada, afastando o debate da população.
REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução: Luis Antero Reto, Augusto Pinheiro.
São Paulo: Edições 70, 2011.
PONTES, Pedro Arthur de Miranda Marques. LÍCIO, Elaine Cristina. Mapeando o debate
sobre o Sistema Nacional de Educação: o que dizem as propostas sobre a criação de uma
nova instância de pactuação. Texto para discussão / Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada.- Brasília : Rio de Janeiro: Ipea , 1990- ISSN 1415-4765.
157
Carina Copatti
Departamento de Educação, Política e Sociedade - UFES
carina.copatti@ufes.br
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Esta pesquisa resulta de estudos sobre a relação entre reforma curricular e políticas de avaliação,
iniciados no contexto de atuação na Disciplina Política e Organização da Educação Básica
(POEB), e debate os processos de padronização e maior controle sobre a educação escolar sob
um modelo pautado na racionalidade neoliberal. Sendo assim, quanto à abordagem do
problema, desenvolve-se uma reflexão pautada em análise qualitativa. Quanto aos objetivos,
ancora-se na perspectiva crítico-hermenêutica, e com relação aos procedimentos, ampara-se em
uma abordagem bibliográfica.
Metropolitana da Grande Vitória, a fim de avançar estudos sobre este tema a partir da realidade
vivenciada nos contextos escolares capixabas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O modelo de regulação proposto a partir dos anos 1990, amparado na racionalidade neoliberal
e sob a perspectiva da Nova Gestão Pública (NGP), tem se tornado, conforme Oliveira, Duarte
e Clementino (2017), um instrumento na relação de governação entre os atores do Estado e da
sociedade civil. Isso ocorre não somente no Brasil, mas interfere em outros países da
Latinoamérica.
Grande parte de países da América Latina desde os anos 1990, reestruturando o Estado
por meio de princípios fundamentados na empresa capitalista, sob o argumento de
necessária modernização. Ela se insere em um discurso reformista que chega até a
escola baseado na eficácia e eficiência nos serviços públicos. (OLIVEIRA; DUARTE;
CLEMENTINO, 2017, p. 2).
Nesse sentido, os princípios da NGP, de acordo com Oliveira, Duarte e Clementino (2017), se
baseiam em um discurso reformador no âmbito do Estado e da educação, e impõe nova
orientação para as políticas públicas, traduzindo-se em normas, procedimentos administrativos
e em práticas que vão transformando valores e identidades junto aos docentes. Araujo (2011)
considera que tal processo acaba gerando:
[...] uma nova forma de regulação estatal que se dá não mais pela execução direta,
mas pela transferência de encargos, gastos e responsabilidades para outras instâncias
administrativas subnacionais, para as escolas e mesmo para as famílias, ao mesmo
tempo em que os marcos regulatórios do Estado são redefinidos a partir da lógica
típica do mercado de prescrição de metas, objetivos e controle de produtos e
resultados.
Assim, novas lógicas de organização e gestão tem sido usadas, tomando como meta os
resultados quantificáveis que colocam, muitas vezes, os professores no centro de
questionamentos, vistos como os únicos responsáveis pela qualidade ou pelos problemas da
escola e do processo de aprendizagem. Esse modelo de regulação traz à centralidade a avaliação
160
externa como dispositivo para mensurar a “qualidade da educação” ou sua “qualidade total 31”,
como mencionam Oliveira e Araujo (2005), Pasinato e Fávero (2020).
Como indicam Pasinato e Fávero (2020), no momento em que o Estado passa ao papel de
regulador, legislador e avaliador da execução, possibilita um mercado para as empresas e porta
de entrada para o capital, por meio do fornecimento de apostilas, cursos e materiais para
formação continuada para professores, assessorias, etc. Tal iniciativa resulta, atualmente, não
somente em maior interferência dos grupos empresariais ligados ao mercado em ações que
seriam de papel do Estado, mas também influenciam reformas educacionais, a exemplo da
Reforma do Ensino Médio (2017) e na aprovação da Base Nacional Comum Curricular (2018).
Conforme Peroni, Caetano e de Lima (2017, p. 418):
As reformas na educação brasileira fazem parte de um projeto que não dialoga com
os principais envolvidos nas propostas em curso – professores, alunos, comunidade
escolar – e apresenta-se como uma afronta à democracia. Os principais envolvidos no
processo de construção de uma base nacional comum curricular e do novo ensino
médio se apresentam como sujeitos individuais ou coletivos através de instituições
públicas e privadas que atuam no setor educacional, institutos e fundações ligados a
grandes empresas nacionais e internacionais, bem como instituições financeiras
ligadas ao mercado de capitais, visando construir um projeto hegemônico de educação
e de sociedade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n. 9.394/1996), no artigo 24, Inciso V
menciona que, dentre os aspectos para verificação do rendimento escolar deve-se considerar a
avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais
provas finais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s, 1998) consideram que o processo
avaliativo deve acontecer de forma contínua e sistemática por meio da interpretação qualitativa
do conhecimento construído pelo aluno.
Com a aprovação da BNCC, que visa o alinhamento de outras políticas e ações, em âmbito
federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração
de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno
31
Conforme Pasinato e Fávero (2020), a concepção de Qualidade Total na Educação é uma proposta ideológica
que visa, na esteira da política neoliberal, ajustar a educação enquanto campo estratégico, a lógica empresarial
voltada às necessidades de mercado.
161
A BNCC reitera que compete à União promover e coordenar ações e políticas em âmbito
federal, estadual e municipal, referentes à avaliação e outros processos voltados à educação
escolar, o que consideramos importante pelo regime de colaboração. No entanto, o tipo de
avaliação tomado como parâmetro a partir das reformas curriculares vem consolidando as
marcas do modelo neoliberal. Para Silva et. al. (2020, p. 110-111):
A partir do momento que se constrói no Brasil uma “cultura da avaliação” e rankings
passam a ser produzidos, nota-se da parte dos cidadãos uma maior preocupação com
a nota que a escola e o sistema de ensino do município e do estado onde vivem obtém
em exames. Assim, propostas políticas de governos municipais, especialmente que
incluam maior controle da educação e melhoria da qualidade do ensino, expresso no
Ideb, são bem aceitas.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Gilda Cardoso de. Estado, política educacional e direito à educação no Brasil: “O
problema maior é o de estudar”. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 39, p. 279-292,
jan./abr. 2011.
CHIRINÉA, Andréia Melanda; BRANDÃO, Carlos Fonseca. O IDEB como política de
regulação do Estado e legitimação da qualidade: em busca de significados. Ensaio: Avaliação
e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 23, n. 87, p. 461-484, abr./jun. 2015.
OLIVEIRA, Romualdo Portela de. ARAUJO, Gilda Cardoso de. Qualidade do ensino: uma
nova dimensão da luta pelo direito à educação. Revista Brasileira de Educação. n. 28, Jan
/Fev /Mar /Abr., 2005.
OLIVEIRA, Dalila A.; DUARTE, Alexandre W.; CLEMENTINO, Ana Maria. A nova gestão
pública no contexto escolar e os dilemas dos(as) diretores(as). RBPAE, v. 33, n. 3, p. 707-
726, set./dez. 2017.
PASINATO, Darciel. FÁVERO, Altair A.; As políticas neoliberais no brasil: sua influência
na educação básica e superior. Revista Atos de Pesquisa em Educação. Blumenau, v.15, n.3,
p.903-928, jul./set., 2020.
PERONI, Vera. CAETANO, Maria Raquel. DE LIMA, Paula. Reformas educacionais de
hoje. As implicações para a democracia. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 11, n. 21, p.
415-432, jul./dez. 2017.
SILVA, Itamar M. NAJJAR, Jorge N. V.; LADEIRA, ANGELA M. A. S.; SANTOS, Anna
C. R. IDEB e políticas educacionais em quatro municípios da grande vitória. Estud. Aval.
Educ., São Paulo, v. 31, n. 76, p. 104-133, jan./abr. 2020.
163
INTRODUÇÃO
A elaboração de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi prevista pela Constituição
de 1988, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9394/96 e pelo Plano
Nacional de Educação (PNE), Lei 13005/14. Esse processo contou com três versões, sendo a
primeira etapa iniciada com a organização e direção da Secretaria de Educação Básica (SEB) e
do Ministério da Educação e Cultura (MEC), através de uma comissão de especialistas, os quais
foram responsáveis pela sistematização das duas primeiras versões da BNCC. Segundo Aguiar
(2018a), a comissão que trabalhou na primeira fase do documento era constituída por 116
especialistas, de 37 universidades, além de professores e membros do Conselho Nacional de
Secretários de Educação (CONSED) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação (UNDIME). A nomeação da comissão ocorreu em junho de 2015 e a conclusão da
proposta preliminar em 15 de setembro do mesmo ano.
Neste sentido, o problema desta pesquisa é elaborado a partir da seguinte questão: Quais as
consequências e a quem interessou a implantação da última versão da Base Nacional Comum
Curricular?
Em sintonia com esse problema, o objetivo geral consistiu em refletir sobre as consequências
da implantação da Base Nacional Comum Curricular e identificação dos interessados nas
diversas mudanças nas políticas educacionais através do referido documento.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Beltrão, Taffarel e Teixeira (2020) ressaltam que a reforma do Ensino Médio e a proposição da
BNCC resultaram em um processo conflituoso com uma oposição popular considerável
observada a partir de ocupações de escolas, notas públicas, protestos e mobilizações que foram
impulsionadas tanto por alunos e professores quanto por sindicatos e entidades científicas que
reivindicavam o fim das mudanças. Em contrapartida, veículos de mídia, fundações com
vínculos empresariais e setores da iniciativa privada manifestavam apoio e buscavam reforçar
a necessidade da reforma.
165
Kuenzer32 (2017) é referendada por Beltrão et al. (2020), para afirmar que a escolha de apenas
uma área de conhecimento no Ensino Médio é fundamentada no pragmatismo, a fim de atender
as trajetórias de vida e projetos futuros. Nesse sentido, o conhecimento que não se articular ao
projeto escolhido, torna-se inútil, pois a utilidade à vida produtiva laboral e o atendimento às
demandas atuais do modo de produção capitalista tornam-se os critérios para definir se um
conhecimento é bom e valoroso.
Dessa forma, alguns componentes curriculares foram reduzidos ou até mesmo suprimidos do
currículo. Tais proposições são evidenciadas a partir da análise da carga horária destinada à
formação comum, que anteriormente à reforma era de 3.200 horas e que agora não poderá ser
superior a 1.800 horas.
Para Martineli et al. (2016), a BNCC responde a um conjunto de reformas e ações políticas para
garantir uma formação com a disseminação de valores e princípios do modelo de organização
social vigente, respondendo assim às necessidades de reestruturação produtiva. Grando et al.
(2019) reforça tal concepção ao afirmar que a flexibilidade do currículo e os itinerários
formativos que compõem a BNCC, têm caráter reducionista de acesso ao conhecimento com
uma formação direcionada aos projetos de vida e escolhas juvenis em detrimento da formação
geral básica, com uma preparação centrada no imediatismo que o mercado de trabalho exige,
buscando atender as necessidades do sistema capitalista.
32
A autora Acacia Zeneida Kuenzer publicou em 2017 o artigo intitulado “Trabalho e escola: a flexibilização do
ensino médio no contexto do regime de acumulação flexível”.
166
Beltrão, Taffarel e Teixeira (2020) comentam que os defensores da reforma do Ensino Médio
já empreendiam esforços há anos visando incorporar na educação pública processos
característicos do campo empresarial, dentre eles a meritocracia, a gestão por resultados, a
competição, a concorrência, a desregulamentação, os incentivos, os pagamentos por mérito, a
testagem, a responsabilização vertical e maior participação da iniciativa privada. Na visão de
Sena (2019), a reforma do Ensino Médio é a substituição da gestão democrática pela gestão
empresarial.
CONCLUSÃO
Conclui-se a partir deste ensaio que, a publicação negligente e apressada da BNCC acarretou
no atendimento às demandas do modo de produção capitalista com uma formação que
dissemina valores e princípios, reduzindo o acesso ao conhecimento e a formação geral básica.
Trata-se assim de uma preparação centrada no imediatismo exigido pelo mercado de trabalho.
Tais mudanças beneficiam e interessam principalmente às fundações com vínculos
empresariais e setores da iniciativa privada, resultando em um desmonte de conquistas
democráticas e populares.
REFERÊNCIAS
33
Para mais informações consultar: https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Educacao-fecha-parceria-para-ofertar-
tres-cursos-tecnicos-do-Ensino-Medio-Profissional Acesso em 05 de março de 2022.
167
BELTRÃO, José, Arlen. TAFFAREL, Celi, Nelza, Zulke. TEIXEIRA, David, Romão. A
Educação Física no Novo Ensino Médio: implicações e tendências promovidas pela
reforma da BNCC. Revista Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 16, n. 43, p. 656-
680, 2020.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que se realiza por meio dos pressupostos do estudo de
caso. Segundo André (2013), o método busca pela produção de conhecimentos sobre um certo
elemento colocado em análise, estabelecendo relações entre ele e situações mais amplas que o
afetam. Segundo a autora, “[...] estudos de caso podem ser usados em avaliação ou pesquisa
169
educacional para descrever e analisar uma unidade social, considerando suas múltiplas
dimensões e sua dinâmica natural” (ANDRÉ, 2013, p. 97).
Os dados foram coletados em dezembro de 2020, por meio dos seguintes procedimentos: a)
pedido de autorização à gestão da escola; b) aplicação de questionário por meio do formulário
google. Participaram da pesquisa profissionais da escola e estudantes do Ensino Médio, com
adesão de 100% dos professores e 60% dos estudantes. O questionário apresentava algumas
questões de múltipla escolha e outras abertas, organizadas em sessões, contemplando aspectos
emocionais, sociais e econômicos, além de sessão específica voltada para os processos de
ensino-aprendizagem.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os dados do estudo apontam que a unidade de ensino buscou constituir um conjunto de ações
para o trabalho com o currículo do Ensino Médio, considerando o período de isolamento social
produzido pela Pandemia da COVID-19. Destacamos, a partir da análise das respostas aos
formulários, três questões: a) a reorganização curricular; b) a criação de estratégias pedagógicas
para promover a acessibilidade curricular pelos estudantes; c) o processo de mediação realizada
pelos profissionais da escola para o trato das questões curriculares.
A análise de uma pedagoga sinaliza o desafio vivido pela escola: “[...] como trabalhar o
currículo durante o período de isolamento social? Reorganizar o currículo foi um dos grandes
170
desafios que a pandemia nos trouxe, inclusive porque sabíamos que teríamos que trabalhar com
um continuum curricular. Mas o que ensinar? O que era essencial?”. Diante da provocação,
concordamos com Paraíso (2015, p. 52), quando problematiza que o trabalho com os currículos
precisa ser movido pela diferença, considerando que “[...] tudo metamorfoseia, para levar vida
a um currículo. É necessário que algo aconteça, toque e que convenha para a vida daqueles/as
que ali estão”.
Desde o fechamento das escolas, em março de 2020, o ensino remoto passou a fazer parte da
vida dos estudantes da Rede Estadual do Espírito Santo, por meio do Programa Escolar que se
efetivou por intermédio de aulas pela TV, mediante convênio de cooperação firmado com a
Rede Estadual do Amazonas. Tal política gerou desconforto entre os profissionais da educação,
pois as aulas não retratavam a realidade capixaba. Esse “entrave” levou o governo do Estado a
criar o Programa Ideação, ou seja, aulas elaboradas pelos professores da rede Estadual do
Espírito Santo que foram gravadas em estúdio e socializadas com os alunos.
Além disso, atividades impressas foram produzidas para que os estudantes retirassem na escola
e as levassem para casa, assim como a criação de um aplicativo (um tipo de plataforma digital)
para a cessão de vídeos, atividades, textos e outros recursos necessários para o trabalho
curricular do Ensino Médio. Essas estratégias foram avaliadas pelos estudantes, professores e
familiares, considerando a democratização da escola que se efetiva pela participação coletiva,
de modo que o envolvimento de cada pessoa venha expressar os interesses da sociedade local
(PARO, 1998).
O último eixo de análise traz o processo de mediação realizada pelos profissionais da escola
para o trato com as questões curriculares. Destacam-se: reuniões remotas realizadas entre
professores, pedagogos e a gestão da escola para o planejamento curricular. Além disso, a
utilização de mídias e estratégias para a realização das aulas e acompanhamento aos alunos.
Foram criados grupos de WhatsApp para cada turma e para os responsáveis pelos estudantes.
Como dito, muitas aulas foram gravadas e socializadas, assim como atividades impressas
171
CONCLUSÃO
Os desafios da educação pública não são poucos, no entanto, acrescido pelos efeitos da
Pandemia da COVID-19, adaptações curriculares tiveram que ser repensadas e/ou adaptadas no
contexto escolar. Entendemos que, diante dessa realidade imposta pelo distanciamento social
das pessoas, novos percursos e diferentes formas de ver, sentir e desenvolver as atividades
escolares produziram necessárias mudanças no âmbito das dimensões administrativas,
financeiras e pedagógicas da escola, que nos impulsionou e nos provocou o repensar sobre as
práticas participativas, dialógicas e democráticas com todos os envolvidos no processo
educacional.
Sendo assim, novas trilhas organizacionais de gestão escolar e ações no âmbito do planejamento
didático e curricular desse contexto educacional contaram com articulações didáticas para o tão
sonhado retorno do ensino presencial. Foi a partir desse currículo vivido que a avaliação das
atividades planejadas norteou o Plano de Ação da Unidade de Ensino e demais projetos
educacionais para os estudantes, profissionais, Conselho de Escola e comunidade local.
172
Nesse sentido, a escola analisada percorreu caminhos mediados pelo diálogo, acompanhamento
e avaliação desses tempos/espaços apresentados, objetivando a qualidade do ensino público, o
acesso, a permanência e aprendizagem dos discentes.
Sabemos que não podemos “voltar” a uma “vida normal” (nem sabemos se um dia a tivemos),
pois ações e prioridades tiveram que ser reinventadas/implementadas no novo cenário causado
pela Pandemia da COVID-19, que vão desde os investimentos financeiros municipais, estaduais
e federais à aquisição de equipamentos tecnológicos e didáticos adquiridos pela verba do
Conselho de Escola.
Assim, a Educação, como direito público social e subjetivo, precisa ser sustentada por políticas
públicas educacionais, tendo em vista a formação integral dos estudantes, a apropriação do
conhecimento e a formação para a cidadania. Compreender que somos pertencentes a esse
espaço social e educacional nos possibilita refletir em prol de uma sociedade mais significativa
e menos excludente e desigual.
REFERÊNCIAS
PARAÍSO, Marlucy Alves. Um currículo entre formas e forças. Educação (Porto Alegre,
impresso), v. 38, n. 1, p. 49-58, jan./abr. 2015.
INTRODUÇÃO
A disciplina eletiva foi prevista na legislação do Novo Ensino Médio em consonância com a
nova BNCC (Base Nacional Curricular Comum) e compõe o grupo de componentes
integradores do novo currículo do Estado do Espírito Santo. Por meio delas serão desenvolvidas
temáticas que se articulem com os componentes curriculares juntamente com os interesses e
projetos de vida dos estudantes. Segundo as diretrizes pedagógicas da secretaria de educação
do Espírito Santo, SEDU (2021, p.22), “as eletivas ocupam um lugar central no que tange à
diversificação das experiências escolares, oferecendo um espaço privilegiado para a
experimentação, a interdisciplinaridade e o aprofundamento dos estudos”.
Essa experiência de ensino foi realizada na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
“Misael Pinto Netto”, localizada no município de Aracruz. A escolha seguiu a partir da
apresentação das propostas para todas as turmas do matutino e vespertino e os alunos se
inscreveram em diversos componentes e atividades ofertadas segundo seus interesses.
Uma das atividades propostas como eletiva concentrou-se em refletir sobre o lugar e papel das
mulheres negras tema que não surge como uma simples demanda associada a necessidade de
se pensar numa temática para a disciplina. Ela nasce, fruto de anos de escuta e de outro trabalho
já realizado na escola, onde meninas, na sua maioria negras, compunham um grupo mediado
por psicólogas denominado “Cuide-se”.
174
O projeto que tinha como estratégia a escuta e diálogo de questões voltadas para a autoestima,
violência psicológica e física e empoderamento seguiu como uma dinâmica que favorecesse a
ideia de pertencimento a unidade escolar, empatia e sororidade. A contribuição desse estudo se
encontra no entendimento da própria realidade de forma a encorajar a participação social, muita
das vezes inibida pelo vazio da informação.
METODOLOGIA
A eletiva teve início com a construção da árvore genealógica a partir das memórias e histórias
orais contadas por seus familiares, leituras da história “A eterna luta das mães negras” de Maciel
de Aguiar (1995), pesquisa e socialização de histórias de mulheres negras, tais como Elza
Soares, Ruth Rocha, Antonieta de Barros, Carolina Maria de Jesus, Dandara, dentre outras, que
se tornaram símbolo de resistência e identidade negra.
Como uma forma de interação com toda a escola e familiares foi realizado a produção e
divulgação de cartaz sobre a origem do nome “bolo da nega maluca”, textos e poemas sobre o
dia internacional da mulher, socialização da história e confecção das bonecas abayomi, bem
como, reflexão com as famílias sobre suas impressões sobre as mesmas.
Foram realizados momentos de debates e reflexão por meio da análise de vários vídeos que
tratavam de reflexões sobre empoderamento feminino negro, a valorização do cabelo afro e as
mudanças na indústria dos cosméticos, pensamentos da filósofa Djamila Ribeiro, análise
reflexiva do filme “Felicidade por um fio”, que traz à tona questões muito pertinentes como
autoconhecimento, empoderamento e preconceito.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
175
A primeira proposta de construção de identidade na eletiva foi apresentada por uma psicóloga
que desenvolveu uma vivência onde os (as) estudantes foram convidados a montarem sua
árvore genealógica fora do padrão europeu, onde valorizou-se a memória e as histórias orais
contadas por seus parentes em detrimento ao uso exclusivo de documentos escritos. Essa
proposta foi materializada por meio de palavras escritas que representavam essas lembranças.
Nas palavras de Galvão (2005, p.330) “Histórias orais dão passado histórico às pessoas nas suas
próprias palavras”. A proposta conseguiu atingir essa finalidade, e ainda mais, o exercício de
ouvir a história do outro fez emergir o sentimento de empatia, em virtude de aproximações de
experiências parecidas relacionadas ao alcoolismo e violência.
Estabelecido por meio de diferenças que visam inferiorizar grupos através de um processo de
desumanização e pela perda da essência do ser, a colonialidade do ser visivelmente se manifesta
ainda hoje através dos altos índices de violência contra mulheres negras, situações onde as
mesmas são vítimas de racismo, além da dificuldade de romperem com o ciclo da exclusão
expressos nos dados de escolaridade e salários nas pesquisas do IBGE.
Momentos de estudo, debate e reflexão como este, possibilitam desenvolver a percepção sobre
si mesmo, a confiança em suas próprias capacidades, questionando a realidade, aprendendo a
se posicionar contra a discriminação e compreendendo a cidadania enquanto participação social
e política.
CONCLUSÃO
Uma proposta de reflexão e estudo com duração de um trimestre escolar não finda a necessidade
emergente de se pensar em como a historiografia oficial ainda pautada pela história de um único
continente e em como a diversidade cultural ainda é tão silenciada em nome de um
monoculturalismo justificado pela mestiçagem e pelo mito da democracia racial em nosso país,
porém se constitui uma marca de resistência, uma voz que ecoa em meio a tamanha violência
imposta a grupos, como as mulheres negras, negligenciadas pelo currículo oficial.
REFERÊNCIAS
GUIAR, Maciel de. Constância d'Angola : a eterna lutadas mães negras. São Mateus, ES: Ed.
Brasil-Cultura: Centro Cultural Porto de São Mateus, 1995.
BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de marco de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e
34
Bonecas Abayomi confeccionadas durante a eletiva.
35
Dinâmica realizada a partir da apresentação da proposta da eletiva.
36
Produção de árvore genealógica construída com base nas memórias e histórias contadas por seus familiares.
177
INTRODUÇÃO:
Este estudo37 versa sobre processos avaliativos desenvolvidos por profissionais que atuam em
Centros Municipais de Educação Infantil de Vitória/ES, de modo a problematizar como se têm
considerado os contextos de vida de crianças em situação de pobreza e extrema pobreza,
refletindo sobre as desigualdades sociais existentes e os impactos provocados no contexto
escolar. Ao desenvolver o estudo, nos atentamos ao fato de aproximadamente de 11% 38 da
população da cidade de Vitória conviver em contextos de pobreza e de extrema pobreza,
todavia, buscamos abranger outras carências sociais para além da condição de renda.
37
Proveniente da pesquisa de Mestrado “Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil e os contextos de vida
de crianças empobrecidas na cidade de Vitória-ES”, defendida no Programa de Pós-Graduação de Mestrado
Profissional em Educação da Ufes.
38
Dados referentes as famílias cadastradas e beneficiárias do Programa Bolsa Família no ano de 2020 na cidade
de Vitória, conforme disponível no sítio virtual do Ministério da Cidadania.
179
vida das crianças. Salientamos que, na Educação Infantil, com base na legislação vigente (Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 e a Resolução CNE/CEB nº 05/2009),
a avaliação da aprendizagem deve ser realizada por meio de instrumentos de registros
descritivos de caráter processual e contínuo, com o objetivo de refletir sobre os percursos de
aprendizagem. No entanto, observa-se que as práticas classificatórias e seletivas de avaliação
de outras etapas/níveis de ensino têm adentrado a etapa de ensino da Educação Infantil,
desconsiderando as especificidades da infância e desse nível escolar.
Diante disso, torna-se necessário fortalecer os saberes-fazeres dos profissionais que atuam na
Educação Infantil e as propostas pedagógicas das unidades de ensino para compreender a
criança a partir de suas especificidades e problematizar os modos como as práticas avaliativas
e os relatórios descritivos consideram os contextos de vida das crianças, dentre vários aspectos,
as vivências da pobreza e da extrema pobreza. Assim, é fundamental reconhecer a existência
das desigualdades sociais e os modos como elas estão vinculadas ao contexto escolar,
objetivando contribuir com modos diferenciados de se pensar a avaliação no contexto da
formação de crianças na primeira infância.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONCLUSÃO
possui uma função política e social possível de provocar mudanças nas vidas desses sujeitos,
quando as ações pedagógicas pensam as realidades dessas crianças (ARROYO, 2019).
REFERÊNCIAS
FRANCO, M. A. S.; BETTI, M. Pesquisa-ação: por uma epistemologia de sua prática. In:
FRANCO, M. A. S; PIMENTA, S. G. (Orgs.). Pesquisa em educação: a pesquisa-ação em
diferentes feições colaborativas. São Paulo: Edições Loyola, 2018, p.15-24.
INTRODUÇÃO
Assim, o estado do Espírito Santo (Brasil), vem desenvolvendo e aprimorando o Paebes desde
2000 que tem como principal objetivo “[...] avaliar o desempenho da rede pública estadual de
ensino fundamental e médio” (ESPÍRITO SANTO/SEDU, 1999, p. 13). O estado da Baja
California implementou o Exeims-BC em 2012, com o objetivo de: “[...] fornecer algumas
características específicas potenciais dos alunos para ingressar no nível MS [Médio Superior]”
(BAJA CALIFORNIA, 2012).
184
Destacamos que tanto o Brasil como o México se constituem como Estados Federados, ou seja,
possuem uma organização estatal federativa com a divisão de competências e responsabilidades
entre os entes que os constituem. No Brasil existem três entes federados: União, estados e
municípios. No México existem dois: Federação e os estados. Um ponto de congruência entre
os países se dá na educação, pois tanto no México como o Brasil é de responsabilidade dos
estados a oferta: do ensino médio, no Brasil e da educação primária e secundária, no México.
Diante do exposto, objetivamos realizar uma análise comparativa entre o Paebes e o Exeims-
BC a partir de duas categorias: Histórico e Estrutura das provas.
Este trabalho se justifica pela necessidade de ampliação de pesquisas que discutem os exames
estandardizados nas políticas de avaliação e por não termos encontrado produções acadêmicas
que comparem esses exames.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre os anos dos exames encontramos as seguintes diferenciações: a) antes da primeira edição
oficial do Exeims-BC foram feitos dois testes pilotos, o que não ocorreu com o Paebes; b) os
exames foram implementados em anos diferentes, o Paebes em 2000 e o Exeims-BC em 2012;
c) O Paebes ocorria de quatro em quatro anos em suas três primeiras edições e o Exeims-BC
anualmente, desde a sua criação; d) de 2000 a 2009 só existia o Paebes (que ocorria no final do
ano), em 2009 iniciou o Paebes-Alfa (voltado para a alfabetização) e em 2015 o Paebes-Tri
(aplicado pelos próprios professores), o Exeims-BC sempre foi um exame único.
Todavia, os objetivos que norteiam os exames se diferenciam: enquanto o Paebes busca avaliar
o desempenho da rede pública estadual de ensino fundamental e médio de uma maneira ampla,
o Exeims-BC objetiva fornecer características específicas potenciais dos alunos para o ingresso
no nível Médio Superior. Mesmo que ambos possam fornecer elementos para a elaboração de
políticas educacionais, o Exeims-BC não tem isso como um dos seus focos explícitos, como o
faz o Paebes.
Ademais, o Paebes Alfa e o Paebes Tri têm menos da metade das questões do Exeims-BC, esse
processo pode ser explicado ao levarmos em consideração o objetivo desses exames: o Paebes
Alfa avalia o processo de alfabetização dos anos iniciais do ensino fundamental e o Paebes-Tri
se caracteriza como uma avaliação trimestral para o acompanhamento da aprendizagem dos
alunos pela escola e pelo professor (é aplicado e corrigido pelos professores).
CONCLUSÃO
187
Além disso, há maior clareza na finalidade do Exeims-BC, que foi desenvolvido para permitir
aos estudantes o ingresso no ensino Médio Superior (equivalente ao nosso ensino técnico), do
que no Paebes, que tem como função avaliar o desempenho da rede pública estadual com vistas
à melhoria da qualidade da educação. No que tange à qualidade, esta se constitui como foco de
críticas entre os pesquisadores (LIMA; FASSARELLA, 2021), pois não fica claro o que se
compreende por qualidade, tampouco há a participação dos professores na elaboração das
provas e da política de avaliação como um todo. Por fim, destacamos a política de bonificação
dos professores baseada no resultado do Paebes como uma característica primordial dessa
política, o que não acontece no caso do Exeims-BC.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Em sua trajetória histórica esses exames apresentaram como objetivos: promover mudanças nos
padrões comportamentais dos estudantes, dar respostas significativas às perguntas que
envolvem essas avaliações, estabelecer metas aos currículos e tomar os seus resultados como
principal indicador de qualidade das escolas e construir um banco de dados quantitativo para a
criação de padrões avaliativos nacionais com vistas à comparação com os exames
internacionais, para citar alguns.
Este trabalho se justifica pela necessidade de ampliação de pesquisas que discutem os impactos
das avaliações de sistemas nas políticas educacionais que envolvem as diferentes etapas e níveis
de ensino em contexto estadual, nacional e internacional (GATTI, 2016) e pela tímida produção
do conhecimento sobre os exames estandardizados envolvendo o estado do Espírito Santo.
Assim, objetiva analisar as especificidades, aproximações e/ou distanciamentos entre os
exames estandardizados Paebes/Brasil e o Exeims-BC/México, compreendendo e
problematizando a constituição de uma cultura política (BERSTEIN, 1998) focada nos exames
estandardizados, o período de implementação destes, levando em consideração os organismos
responsáveis por sua elaboração e natureza, correlacionando-os com as concepções que lhe
oferecem suporte.
189
Nesse sentido, também se faz necessário investigar no âmbito estadual (brasileiro e mexicano),
pois o ensino médio no Brasil é de competência dos estados de acordo com o Pacto Federativo,
presente nos artigos 21, 22, 23 e 24 da Constituição Federal Brasileira, e, no México, também
existe a competência da oferta da educação por nível da federação e dos estados. Além do mais,
a “padronização” do ensino pode afetar a autonomia da escola e dos atores que nela atuam, a
partir da limitação do desenvolvimento de ações voltadas a atender às suas especificidades.
Esses estudos podem contribuir para a construção da escola como um lugar plural, democrático
e de formação humana, pensando no fortalecimento da educação pública.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
190
O Paebes é realizado nas diferentes instituições do estado do Espírito Santo e se configura como
uma prova impressa, sendo que os professores são orientados em alterar o seu planejamento,
uma vez que, a escola se mobiliza para darem ênfase aos conteúdos que são abordados nas
provas. De maneira a isso, os resultados do exame são disponibilizados às escolas através de
um site de acompanhamento mediante a uma plataforma digital, no qual apenas o corpo
pedagógico da escola tem acesso (FASSARELLA; LIMA, 2021). No Brasil, prevalecem
aspectos tradicionais, no sentido de avaliar os alunos por meio de uma prova escrita
(ABICALIL, 2002). o Exeims-BC é realizado de maneira digital e, como preparação, os jovens
possuem acesso a um guia temático. A sua aplicação ocorre dentro de uma sala com os recursos
acessíveis: computadores e internet.
CONCLUSÃO
Entendemos que a cultura político-educacional desses países tem em sua zona de abrangência
valores partilhados por organismos multilaterais (como a OCDE, o Banco Mundial e a Unesco)
192
que inseriram nos países latinoamericanos a concepção de educação entendida como adequada
para os países subdesenvolvidos (como o Brasil e o México). O Paebes e o Exeims-BC são
componentes importantes da cultura político-educacional estabelecida nesses países, de modo
que se constituem como indícios de uma concepção de educação e de uma cultura política que
é mais ampla, sobretudo ao considerarmos as relações entre os países latinoamericanos, os
países desenvolvidos e os organismos multilaterais.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este artigo visa contextualizar, a partir do olhar dos professores de uma escola filantrópica
localizada em Vila Velha, ES, algumas problematizações basilares sobre o currículo, bem
como evidenciar as adaptações concernentes a necessidade Mutatis Mutandis dos currículos
a partir dos desafios trazidos para o enfrentamento da pandemia COVID-19, tendo em vista
que as instituições de ensino também se viram diante do desafio de adotar novas estratégias
para acesso às aulas, exigindo a reinvenção da educação por parte dos professores, demais
profissionais da educação, alunos e suas famílias.
Entendemos com Janete, Silva e Delboni (2018) currículo como um processo de conversação e
ação complexa como forma de afetar e ser afetado na produção do trabalho coletivo. Um
currículo que seja humanizado; que respeite as subjetividades; que liberte; que traga esperança;
que quebre as barreiras aprisionadoras. Um Currículo Mutatis Mutandis “que mude o que
precisa ser mudado”.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada no trabalho foi a pesquisa qualitativa, a partir dos olhares dos
professores de uma escola filantrópica, localizada em região de vulnerabilidade social do
município de Vila Velha, ES, ofertante de bolsas de estudos de 100% de gratuidade, por meio
de análise socioeconômica, conforme Lei 12.101/2009, a aproximadamente 400 crianças,
adolescentes e jovens ingressantes desde o 6º ano do Ensino Fundamental II até a 3ª série do
Ensino Médio.
Para verificação e interpretação dos dados utilizamos a análise de conteúdo proposta por Bardin
(1997) que tem como base a qualificação do sujeito, refletindo sua percepção e sua relação com
o objeto pesquisado e seus fenômenos. Partindo do método de análise escolhido, tivemos como
Sujeitos os professores da escola acima referenciada; como objeto, os currículos praticados
durante a pandemia COVID-19 e quanto ao fenômeno, as multiplicidades das pessoas (alunos
e professores) envolvidas no coletivo da escola. Sendo assim, foi aplicado questionário online
composto por três perguntas com questões abertas onde os professores participantes puderam
relatar nas respostas suas concepções sobre currículo e seus desdobramentos no período de
isolamento social e aulas remotas, provocados pela pandemia COVID-19.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com Chagas (2020), Rondini, Pedro e Duarte (2020) professores e escolas tiveram
que se adaptar aos novos modelos educacionais que foram adotados em circunstância da
196
pandemia. Os professores precisaram adaptar tanto aulas, quanto conteúdo para serem
replicados em plataformas digitais, utilizando tecnologias digitais da informação, muitas vezes
sem preparação nenhuma para o desempenho desta atividade, tornando-se uma preparação
superficial, apenas para suprir as novas formas de transmitir conteúdos geradas pela situação
de pandemia. Percebemos, entretanto, que as respostas dadas pelos professores trazem
adaptações de currículo apenas em torno de conteúdos e de metodologias, sem adentrar na
diferença entre os estudantes e nas suas singularidades, de modo a alcançar “encontros
potentes” (PARAÍSO, 2015, p. 52) que os levariam, quem sabe, a caminhos mais
recompensadores.
A terceira e última pergunta foi direcionada aos participantes no intuito de verificar se estes
consideraram que durante o momento pandêmico as adaptações curriculares voltadas para a
nova forma de ensino foram capazes de atender todos os sujeitos envolvidos no processo:
Fatores como falta de acesso à internet, falta de aparelhos adequados, espaços adequados para
os momentos de estudos, como nos mostra Rodrigues (2020) ao apresentar o conceito de
197
divisão digital, evidencia a acesso ou a falta dele por parte dos alunos e professores quanto às
tecnologias:
Partindo da perspectiva de que existem tensões de caráter social, político, econômico, cultural
e histórico que interferem diretamente nos currículos aplicados nos cotidianos escolares, nos
parece ainda tradicional a concepção de currículo esboçada pelos professores entrevistados e
não como um acaso, mas apenas um reflexo do modelo que temos de Escola, a que busca o
currículo normatizado em detrimento do humanizado.
Num segundo ponto, observamos que não foi total consenso a existência de adaptações
curriculares diante da situação de pandemia, o que pode ser reflexo dos entrevistados
ministrarem disciplinas diferentes, mas também, e muito provável, trata-se do resultado de
uma situação avassaladora que exigiu das escolas, assim como dos professores em suas “novas
salas de aula”, adaptações e estratégias nunca antes pensadas.
Por fim, compreendemos que para um Currículo Mutatis Mutandis que “mude o que precisa ser
mudado” e que encoraje o aluno a atravessar o portão da escola deixando seus medos do lado
de fora, assim como trata Paraíso (2015), precisamos estar atentos e abertos a acolher as
singularidades dos estudantes, num processo de encontros potentes e transformadores.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 225 p.
DELEUZE, G. Diferença e repetição (L. Orlandi & R. Machado, Trads). Rio de Janeiro:
Graal, 1988.
Cidimar Andreatta
FACELI Faculdade de Ensino Superior de Linhares
cidimar.andreatta@faceli.edu.br
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A pesquisa em questão adota uma abordagem qualitativa por meio de análise documental,
bibliográfica e pesquisa de campo, pois pretende analisar aspectos do “novo ensino médio” em
uma escola estadual, localizada no município de Linhares, estado do Espírito Santo. O objetivo
é analisar a implementação do novo ensino médio frente a escolha dos itinerários formativos
por parte dos estudantes da primeira série do ensino médio.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
200
O Novo Ensino Médio no estado do Espírito Santo (ES) vem sendo implementado pautado na
Lei 13.415, de 16 de fevereiro de 2017 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio, Resolução nº 3, de 21 de novembro de 2018. Dentre suas propostas, o aprimoramento do
protagonismo juvenil, a valorização do projeto de vida e a integração do estudante de forma
consciente e autônoma na vida social e no mundo do trabalho são condições fundamentais para
a valorização da aprendizagem e o desenvolvimento integral do estudante.
Em maio de 2021, a CI/SEDU/SEEB Nº30 (ESPÍRITO SANTO, 2021), informa que “As
instituições ou redes de ensino devem orientar os estudantes no processo de escolha do seu
itinerário formativo” (BRASIL, 2018). Assim, a Secretaria de Estado da Educação (SEDU)
anuncia as novas diretrizes para o ensino médio e divulga um documento orientador do processo
de implementação do Novo Ensino Médio denominado de “Guia do Estudante”. Este guia tem
com o objetivo de informar aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental as principais
mudanças ocorridas no novo ensino médio. Neste intuito, buscamos investigar de que forma as
redes de ensino público divulgaram e orientaram as novas diretrizes do ensino médio.
Os resultados da pesquisa de campo indicam que 69,3% dos estudantes - oriundos da rede
municipal - não obtiveram informações das diretrizes curriculares do ensino médio. Isto quer
dizer que a divulgação de informações alcançou apenas 30,7% dos estudantes - número
equivalente às matrículas de 9º ano na rede estadual, conforme censo escolar 2021. Em relação
aos estudantes que tiveram acesso às informações e ou orientações, declaram, notadamente que
a escola (67,2%) foi o maior canal de informação; 13,8% pelas mídias sociais e os demais
declaram que não receberam. Estes dados confirmam-se com o número de respondentes na
pesquisa aplicada pela SEDU: no universo de 4.057 respostas de estudantes da rede municipal
do ES, cerca de 37 (0,8%) estudantes da rede municipal de Linhares responderam ao
questionário online, explicitado na figura 1 (SEDU, 2021).
Figura 1 – Questionário online
As diretrizes apontam no Art. 8º, inciso V, que a escolha do Itinerário Formativo deve se alinhar
ao projeto de vida do estudante (BRASIL, 2018) e ao aprofundamento de estudos que deseja.
Assim, de que forma os discentes oriundos das escolas públicas vêm se apropriando destas
mudanças que impactam sua trajetória escolar, pessoal e profissional? 67,2% dos respondentes,
advindos da rede municipal, responderam que não estudaram as disciplinas de Projeto de Vida
(PV) e Estudo Orientado (EO), enquanto 32,8% correspondente à rede estadual estudaram.
Conforme previsto na Resolução CEE
Nota-se que há um número expressivo de escolhas que não coadunam com o projeto de vida
dos estudantes. Estes dados refletem em relação ao conhecimento das mudanças no novo ensino
médio e a escolha do itinerário formativo pela família (pais/responsáveis) do estudante de 9º
ano: 57,1% responderam que sim, enquanto 42,9% responderam que não tinham informações.
Verifica-se a inconsistência do que se estabelece em documentos e o que é efetivamente
materializado. Em relação a fazer a escolha do itinerário formativo, 43,4% concordam
totalmente e 40,2% concordam parcialmente, enquanto que 10,1% discordam de forma parcial
e 6,3% totalmente. Soma se 16,4% que de alguma forma discordam.
Pode-se afirmar que os desafios da implementação do chamado novo ensino médio ficará a
cargo da escola, em face aos estudantes que fizeram escolhas de itinerários formativos sem
conhecimento e ou informações nos anos finais do ensino fundamental. Apesar de afirmarem
202
que são favoráveis às mudanças, os dados revelam incertezas e dúvidas dos estudantes em
concluir a educação básica por meio de um itinerário formativo. A nova arquitetura curricular,
a partir da oferta de matrícula em 2022 para os estudantes matriculados na 1ª série, se
consolidará com a implementação dos Itinerários Formativos de Aprofundamento na 2ª e 3ª
séries do ensino nos anos de 2023 e 2024, respectivamente.
CONCLUSÃO
Para autora, as novas diretrizes curriculares vêm sendo implantada na educação capixaba a
partir do Programa Escola Viva (2015-2018) cujo modelo alinha-se ao projeto empresarial
arquitetado por atores privados como Instituto de Corresponsabilidade para Educação (ICE),
que influenciam na gestão da educação por meio do currículo, da gestão e da pedagogia.
Notoriamente, o currículo implementado em âmbito capixaba segue princípios norteados pela
gestão empresarial na educação pensado pelo ICE [...] “O projeto empresarial é trazer um
modelo “inovador”, batizado de Escola da Escolha, “com foco no Jovem e na construção de
seu Projeto de Vida” (ICE, 2015). A crítica à referida disciplina, na trajetória escolar dos
estudantes, confere a compreensão que os seus objetivos se encontram desvinculados da
concretude contraditória da realidade social, econômica e política.
O caráter prescritivo do currículo arquitetado sem a participação de todos os atores da das redes
de ensino, como ocorrido na comunidade escolar do município de Linhares, reafirma a
dimensão excludente e reitera uma perspectiva de proposição de implementação autoritária de
governos. O discurso que o protagonismo dos jovens estudantes capixabas poderá escolher o
itinerário formativo do seu projeto de vida é uma premissa limitada às condições estruturais da
rede de ensino. Isso quer dizer que há elementos condicionantes que podem interferir na oferta
de itinerários formativos, ou seja, do projeto de vida do estudante, já que as normativas
permitem que as secretarias de estado da educação definam a oferta e o número de itinerários
203
REFERÊNCIAS
MATOS, Luciane Martins de Oliveira Matos. Programa Escola Viva (es): uma análise do
modelo de gestão educacional / Luciane Martins de Oliveira Matos. Rio de Janeiro, 2020. 203
f. Tese. (Doutorado em Educação) – Universidade Estácio de Sá, 2020.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, impulsionados por movimentos sociais de lutas contra a discriminação e a
favor das diferenças, temos observado avanços relacionados com o direito à educação dos
alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e/ou
superdotação, considerados público-alvo da educação especial (PAEE). Tais avanços são
perceptíveis tanto no campo das legislações e políticas educacionais, quanto no âmbito das
escolas que passam a receber esses grupos supracitados, antes excluídos do processo de
escolarização comum aos demais alunos.
Assim, entendemos que inclusão é um princípio educacional que deve ser assumido por ações
políticas, culturais, sociais e pedagógicas, desencadeadas em defesa do direito a todos os alunos
de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. Como nos
assevera Ainscow (2009, p. 19), o desenvolvimento da inclusão “[...] nos envolve na tarefa de
tornar explícitos os valores que servem de base para nossas ações, práticas e políticas, e para a
nossa aprendizagem sobre como melhor relacionar as nossas ações a valores inclusivos”.
METODOLOGIA
Neste estudo, desenvolvemos uma pesquisa de natureza qualitativa que busca uma exploração
das opiniões e representações sociais do tema que pretende investigar, porém não precisa
abranger a totalidade das falas e expressões dos interlocutores porque, em geral, a dimensão
sociocultural das opiniões e representações de um grupo que tem as mesmas características
costuma ter muitos pontos em comum, ao mesmo tempo em que apresentam singularidades
próprias da biografia de cada interlocutor (GOMES, 2010)
RESULTADO E DISCUSSÕES
Gestora-pesquisadora: Penso que deveria ser mais ativa (Atividade escrita, 2020).
Gestor-pesquisador: Acho que tenho muito a aprender com esse movimento. Às vezes
fico muito absorvido com as demandas de meu município e o fórum vai ficando num
plano secundário. Não que ele seja menos importante. Penso que, à medida que o
fórum [...] for ajudando as questões peculiares de nossos municípios, ele vai
ganhando um papel mais destacado (Atividade escrita, 2020).
CONCLUSÃO
AINSCOW, M. Tornar a educação inclusiva: como essa tarefa deve ser conceituada? In:
FÁVERO, O. et al. (org.). Tornar a educação inclusiva. Brasília: Unesco, 2009. p. 11-24.
ALMEIDA, M. L.; MELO, D. C. F.; FRANÇA, M. G. Repercussão da política nacional de
educação especial no Espírito Santo nos últimos dez anos. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 45,
2019. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ep/v45/1517-9702-ep- 45-e217129.pdf.
Acesso em: 17 jun. 2022.
BARBIER, R. A pesquisa-ação. Brasília: Liber Livro, 2007.
CELIO SOBRINHO, R. C. A relação família e escola a partir da processualidade de um
fórum de famílias de alunos com deficiência: contribuições de Norbert Elias. 2009. Teses
208
INTRODUÇÃO
Presenciamos, a partir dos anos 2000, um aumento no número de matrículas de pessoas com
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas
escolas públicas brasileiras, influenciado pelas políticas educacionais na perspectiva inclusiva
(Matos & Mendes, 2015). Com isso, os processos de ensino-aprendizagem vêm se
desenvolvendo e se reelaborando ao longo do tempo, por meio da utilização de ferramentas que
visam ao desenvolvimento pedagógico e à aprendizagem do educando, respeitando suas
especificidades.
Para refletir sobre a questão, nos desafiamos a constituir ações colaborativas entre professores
do ensino comum visando ao fortalecimento dos processos de ensino-aprendizagem de alunos
público-alvo da Educação Especial matriculados no 9º ano do Ensino Fundamental de uma
escola da Rede Estadual de Ensino, localizada em Irupi/ES.
METODOLOGIA
Para tanto, dialogamos com diferentes autores: Barbier (2007), Almeida (2019), Minayo
(2010), dentre outros, pois nos ajudam a compreender e a interpretar o objeto de uma maneira
mais crítica e propositiva. Utilizamos diferentes procedimentos para o registro dos dados, sendo
eles: diário de campo e uso do celular para gravações de áudios e registros de fotos. Para Barbier
(2007, p. 134), o diário de itinerância nos permite registrar nossos “[...] pensamentos,
sentimentos, desejos, sonhos muitos secretos”.
Diante da proposta de pesquisa, definimos as estratégias para coleta de dados e sua análise.
Grupos focais para levantar diferentes pontos, compreensões e ações visando uma perspectiva
inclusiva. Com isso, objetivamos: a) compreender como tem se desenvolvido o trabalho
pedagógico na perspectiva inclusiva; b) analisar os movimentos que podem promover maior
conectividade entre as diferentes áreas de conhecimento; c) fomentar trabalhos colaborativos
no ambiente escolar, objetivando o acesso ao conhecimento de todos os alunos.
212
Como modo de armazenar os dados, opta-se pela gravação dos grupos focais que ao serem
transcritos, permitem-nos capturar as observações/considerações dos participantes sobre as
temáticas elencadas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A responsabilidade com a educação é reforçada na Lei de Diretrizes e Bases, quando nos diz
que a educação é “[...] dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Lei n. 9.394, 1996,
art. 2º).
Outra questão perpassa pela importância do planejamento. Se desejamos uma escola inclusiva,
precisamos pensá-la com nossos pares. Precisamos romper com práticas solitárias que levam
os professores a planejarem e a mediarem os processos de ensino-aprendizagem de modo tão
individual e caminharmos rumo a ações mais coletivas. Precisamos pensar que não
escolarizamos um aluno recortado que lida com o conhecimento de modo fragmentado. A
colaboração potencializa a ação docente e o modo como o estudante significa o que lhe é
ensinado.
O trabalho pedagógico por meio de projetos ajuda o estudante a pesquisar e a conectar um saber
com o outro. Nesse momento de pandemia, essa estratégica didática permite o discente a se
213
sentir mais apoiado pelos professores em sua coletividade e a não se ver diante do compromisso
de cumprir um conjunto de atividades que não se articulam e dialogam entre si.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Para tanto, buscamos respaldo teórico nos pressupostos da matriz histórico-cultural que
compreende aprendizagem humana na interação do indivíduo com a cultura e com o meio
social, processo mediado, tendo, o professor, a incumbência de criar condições pedagógicas
para a relação entre o estudante e o conhecimento. As práticas pedagógicas permeadas por
momentos de planejamento, mediação do conhecimento, utilização de recursos didáticos
diversificados e a criação de apoios tem papel fundante na relação que o estudante com
deficiência intelectual estabelece com o conhecimento, colocando-se como uma alternativa
216
mediadora entre alguém que tem o direito de aprender e o que foi historicamente produzido
como cultura.
METODOLOGIA
O estudo se realiza por meio da pesquisa qualitativa e do Estudo de Caso. Segundo Ludke e
André (2013), o método se fundamenta no pressuposto de que ao analisar uma certa situação
em particular, pode-se articular interpretações sobre o objeto analisado com questões mais
amplas que a afeta.
O processo de coleta de dados tem sido constituído no transcurso do ano letivo de 2022. Os
participantes do estudo são: quatro (04) professores do ensino comum, quais sejam: das
disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia. Nessa perspectiva, foi
convidada uma professora de Educação Especial que atua na turma. Para fomentar e constituir
esse trabalho, também contou com a participação de um (01) pedagogo, (01) uma coordenadora
e a diretora, perfazendo um total de 08 profissionais envolvidos na pesquisa. A pesquisa foi
aprovada no Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do
Espírito Santo e os dados vêm sendo categorizados e analisados com as contribuições dos
pressupostos da matriz histórico-cultural e autores dedicados a estudar a Educação Especial na
perspectiva da inclusão escolar.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Estudo de Caso se realiza em uma turma do 7° ano do ensino fundamental. Quanto aos
estudantes público-alvo da educação especial, temos matriculados dois discentes. Trata-se de
dois estudantes com deficiência intelectual, ambos com doze anos de idade. Para tanto, uma
professora de educação especial busca desenvolver seu trabalho de maneira colaborativa com
os demais professores do ensino comum.
Três eixos de análise têm sustentado a produção do conhecimento sobre a relação entre práticas
pedagógicas inclusivas e a inclusão de estudantes com deficiência intelectual nos anos finais
do Ensino Fundamental. O primeiro diz respeito à necessidade de articulação dos
planejamentos entre os professores do ensino comum e de Educação Especial. Nos processos
de inclusão de estudantes com deficiência intelectual no ensino comum na referida unidade de
ensino, verificamos que alguns professores do ensino nutrem certo medo e resistência,
responsabilizando o docente de Educação Especial pela aprendizagem dos estudantes com
deficiência intelectual.
O segundo eixo se dirige para o que chamamos de trabalho coletivo. Segundo a Política
Nacional de Educação Especial na perspectiva da inclusão escolar (BRASIL, 2008), o
atendimento educacional especializado se coloca como um conjunto de ações pedagógicas de
caráter complementar/suplementar ao currículo escolar. Diante disso, o trabalho coletivo na
escola aponta caminhos para se pensar em como garantir a acessibilidade curricular para os
estudantes com deficiência intelectual na classe comum para se articular o que será realizado
pelo atendimento educacional especializado de como a complementar/suplementar a formação
desses sujeitos.
218
O último eixo diz respeito a importância de ampliação das políticas de formação continuada em
Educação Especial para os professores que atuam nos anos finais do Ensino Fundamental.
Falamos de profissionais da Educação que trazem para os cotidianos escolares conhecimentos
ainda superficiais sobre os processos de escolarização de estudantes com deficiência intelectual
e se veem desafiados a promover a acessibilidade curricular e ações coletivas com os
professores do atendimento educacional especializado, mas sem conhecimentos teórico-
práticos que apontem os caminhos alternativos necessários.
CONCLUSÃO
O estudo destaca a necessidade do debate acerca das práticas pedagógicas numa perspectiva
inclusiva, visto que o ambiente escolar deve ser considerado como plural, um espaço
heterogêneo e diverso, por isso, é preciso pensar sobre as práticas docentes considerando o
direito de aprender do estudante com deficiência intelectual. Nesse caminho, temos o professor
como um dos profissionais essenciais do saber por representar um elo intermediário entre o
estudante e o conhecimento. Nessa via, Vigotski (1997) afirma que é fundamental a
responsabilidade dos educadores no ambiente escolar quando favorece o desenvolvimento dos
educandos por meio do ensino e da aprendizagem pela vida da mediação, pois, podemos dizer
que apropriação do conhecimento é uma atividade mediada. Entendemos por mediação a
219
criação de caminhos alternativos para criar um elo entre um objeto e um sujeito que busca
aprender.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
221
O estudo tem como objetivo constituir práticas pedagógicas com professores e alunos de uma
sala de aula multisseriada da Rede Municipal de Educação de Domingos Martins/ES visando
fortalecer à escolarização de estudantes com deficiências nas interfaces entre Educação
Especial e Educação do Campo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O estudo aponta que a Educação em contextos do campo é marcada por lutas e movimentos
sociais que almejam uma política de educação pensada com os povos do campo visando
escolarização e acesso aos conhecimentos escolares. Desvela que esses conhecimentos
necessitam estar em diálogo com a realidade campesina que, durante décadas, foi invisibilizada
em detrimento de outros conhecimentos considerados hegemônicos, o qual Santos (2006)
chama de racionalidade técnica monocultural ou razão indolente.
222
Para superar essa realidade, a Educação do Campo possui legitimidade nos processos didáticos
por ela desenvolvidos, tornando-os significativos e em defesa de um projeto de
desenvolvimento social, ecológico e economicamente justo. Neste projeto, a escola do campo
possui um papel estratégico, contemplado em suas especificidades e em suas propostas e
práticas pedagógicas. Portanto, na escolarização dos alunos público-alvo da Educação Especial
em salas multisseriadas do campo, compreendemos o quanto os currículos dessas escolas
necessitam reconhecer o Campo como um território repleto de modos de existência, saberes,
costumes, culturas ancestrais que precisam ser reconhecidos como válidos e explorados nas
práticas pedagógicas realizadas com os alunos. Por isso, Santos (2018) propõe reverter toda
lógica que engessa novas/outras possibilidades de produção das subjetividades humanas.
Precisamos constituir movimentos de resistência para defender currículos que advoguem, como
afirma Boaventura de Sousa Santos (2008), por conhecimentos prudentes que levam a uma vida
decente. Falamos de currículos que possibilitem os estudantes encontrarem sentido no que lhes
é ensinado para analisar criticamente os processos de exclusão e desigualdade social tão
presentes nas sociedades capitalistas. Currículos que reconheçam a ecologia de saberes
223
existentes e que os estudantes têm o direito de se apropriar. O estudo aponta que currículos mais
acessíveis e comprometidos com a vinculação do estudante com a sociedade promove
emancipação e a formação de cidadãos capazes de buscar alternativas para enfrentamento da
desigualdade social e cognitiva que assola a trajetória de muitas pessoas. Currículos dessa
natureza são fundamentais para fortalecermos as escolas inclusivas que buscam se readequar
para atender aos itinerários de aprendizagem dos alunos.
Outro destaque se reporta à formação do professor para atuar em escolas do campo. Precisamos
trazer a temática para a formação inicial e garantir que ela tenha se expanda para a formação
continuada. Os povos do campo demandam de currículos que se comprometam com a mediação
dos conhecimentos, vistos não dentro de uma lógica monocultural, mas plural. Diante disso,
esse educador demanda se apropriar de conhecimentos a serem mediados com a turma; das lutas
e produções de homens e mulheres do campo e a do direito que cada estudante possui de ter a
sua diferença reconhecida, sem apagar a igualdade do direito de acessar o conhecimento. Diante
disso, a formação de professores precisa articular teoria e prática e ajudar esse profissional a
compor práticas pedagógicas que agucem a curiosidade discente e o desejo de aprender. Por
isso, os professores além do direito à formação, precisam contar com as redes de apoio para
fazer da sala de aula um lugar de aprendizagens.
CONCLUSÃO
O estudo está em fase de produção dos dados, mas nos possibilita fazer algumas reflexões que
corroboram a constituição de elementos responsáveis pela produção de conhecimento sobre as
interfaces da Educação Especial com a Educação do Campo.
Por este motivo, falar de Educação Especial como modalidade de ensino, dentro de uma outra
modalidade de educação, como na Educação do Campo, requer de nós professores-
pesquisadores um olhar atencioso e minucioso para o cotidiano escolar, a vistas de desconstruir
paradigmas, romper preconceitos e buscar por maiores possibilidades de articulação entre essas
modalidades e entre os currículos e o atendimento educacional especializado, objetivando
garantir aos estudantes público-alvo da Educação Especial a aprendizagem para além dos muros
escolares.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O estudo buscou constituir processos de formação continuada com professores de uma unidade
de Educação Infantil da Rede Municipal de Cachoeiro de Itapemirim/ES, visando fortalecer a
inclusão de crianças pequenas com deficiências na primeira etapa da Educação Básica. Dentre
os desafios que atravessam a inclusão dessas crianças encontra-se o necessário investimento na
formação continuada dos professores, tendo em vista muitos desses profissionais vivenciarem
processos de formação inicial sem o aprofundamento teórico-prático acerca da Educação
Especial em uma perspectiva inclusiva, apresentando conhecimentos ainda superficiais sobre a
temática, além de frágeis políticas de formação continuada para os professores em atuação na
Educação Infantil.
A pesquisa foi realizada a partir do pressuposto que denominamos de formação na/da escola,
entendida como aquela realizada nos espaços-tempos escolares e a partir da escola. Diante
disso, objetivamos apresentar dados da pesquisa que desencadeou processos de formação
continuada na/da escola, visando à inclusão de crianças pequenas público-alvo da Educação
Especial e matriculadas na unidade de ensino pesquisada.
METODOLOGIA
considerando a interação entre a literatura da área e o que foi observado no transcorrer da coleta
de dados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Outro eixo de debate trazido nos momentos de formação na/da escola se reportava aos modos
como as crianças público-alvo da Educação Especial eram significadas pela escola e que
mudanças de olhar/percepção se colocavam como necessárias. Muitas vezes, essas crianças são
simplificadas em suas condições, fazendo sobre elas recair um conjunto de prognósticos que
acenam para não possibilidades de aprendizagem e de desenvolvimento. Diante das questões
observadas no transcorrer da pesquisa, colocou-se em análise a necessidade de se reconhecer
que o humano é educável e capaz de aprender. Assim, os participantes da pesquisa eram
convidados a refletir sobre os impactos dos modos como subjetivavam as crianças, fazendo,
sobre elas recair laudos produzidos pelos modos como olhamos/significamos as trajetórias
daqueles que trazem demandas mais específicas de aprendizagem para os cotidianos escolares.
Esse eixo de discussão nos ajudou a refletir sobre o que Vieira (2015) denominou de “laudos
de olhar”, ou seja, rótulos que colocamos naqueles que fogem de modo mais drástico do que é
considerado padrão pela sociedade contemporânea. Tais “laudos” tem levado os profissionais
da Educação a inserirem um conjunto de “nãos” nas trajetórias escolares de estudantes com
deficiências, produzindo narrativas como “não aprendem”; “não conseguem”; “não devem estar
nas escolas”. A reflexão crítica sobre tais modos de produção de diagnósticos convidou o grupo
participante da pesquisa a colocar em análise os impactos dos modos como olham/avaliam as
crianças no usufruto do direito social à Educação.
Além dos laudos do olhar, o grupo foi convidado a refletir que o diagnóstico em Educação
Especial demanda debates na formação docente e nas práticas organizativas das escolas, tendo
em vista a dependência desses dispositivos para matrícula nas escolas comuns,
encaminhamentos ao atendimento educacional especializado e a crença de que os alunos com
laudo têm o direito de progressão automática. Bueno (2008) problematiza o olhar faltoso e
patológico sobre a escolarização e o desenvolvimento dos alunos, discutindo o quanto a escola
desmerece o que a pesquisa em Educação Especial aponta: um conjunto de elementos que criam
barreiras para acesso aos conhecimentos sistematizados. Diante disso, o diagnóstico em
Educação Especial precisa não somente colocar o estudante como o centro do processo
investigativo, mas também os sistemas de ensino atuando de modo mais amplo para que os
profissionais da escola possam requerer e constituir as condições objetivas para a realização do
228
O terceiro eixo trazido nos momentos de formação na/da escola constituídos pela investigação
se direcionou sobre os modos como os professores também se avaliavam/significavam como
professores de estudantes público-alvo da Educação Especial. Muitas vezes, mediante a
matrícula dessas crianças nas escolas de ensino comum, os docentes desenvolvem um
sentimento de paralisia docente, ou seja, um sentimento de que nada sabem para a mediação do
conhecimento com esses sujeitos. Diante disso, passamos a refletir sobre o que também
sabemos e, no caso da Educação Infantil, os conhecimentos docentes sobre as dimensões do
brincar, cuidar e educar. Descobrir o quanto o professor também dispõe de conhecimentos
necessários à inclusão das crianças com deficiências na primeira etapa da Educação Básica se
coloca como um caminho profícuo para se estreitar as redes de apoio com a classe comum e o
que pode ser complementado/suplementado pelo atendimento educacional especializado para a
criança ter maiores oportunidades de acessibilidade curricular.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Diante dessa realidade, o Estado não consegue suprir as necessidades básicas dos encarcerados
e muito menos de lhes proporcionar as mínimas condições para a manutenção da dignidade
humana. A superlotação, a ausência de atendimento básico à saúde e à educação, as precárias
condições de higiene, dentre outros problemas, resultam na violação de direitos que, para
muitos, já vinham sendo negados ao longo da vida.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2021) pontua que o total de pessoas privadas de
liberdade no sistema penitenciário brasileiro, no ano de 2020, era de 753.966 presos. Ao
analisarmos a realidade social desses sujeitos, os dados mostram que 397.816 ou 66,3% dos
presos no país são pretos, 722.353 são homens, 24,6% pertencem à faixa etária de 18 a 24 anos
e 24,0% entre 25 e 29 anos, indicando, assim, que a população carcerária brasileira tem um
perfil definido: homens, pretos, jovens e pobres.
No centro dessas questões, está a histórica negação de direitos de sujeitos que vivem em um
país que foi e continua sendo excludente, governado por um Estado e por uma legislação que
criminalizam os pretos, os periféricos, os não escolarizados e, sobretudo, os pobres e os
extremamente pobres. A esses sujeitos, inúmeros direitos foram negados: o direito a uma vida
digna, à alimentação, à moradia, ao trabalho, à segurança, ao lazer. Por terem uma história
marcada pelo empobrecimento ao longo da vida e por estarem expostos a todo o tipo de
231
violência, esses sujeitos violam as leis elaboradas pela sociedade e por ela são condenados ao
sistema prisional.
Mediante esses apontamentos, destacamos algumas problemáticas que instigam e movem esta
pesquisa. A primeira delas evidencia a falta de consciência dos encarcerados em relação a
diversos direitos que lhes foram negados, o que compromete o exercício da plena cidadania.
Considerando que estamos lidando com sujeitos privados de liberdade, uma segunda
problemática está relacionada à negação do acesso à educação no sistema prisional. A falta de
oportunidades de forma igualitária e a injusta sociedade de classes, responsável pelos históricos
processos de exclusão que atingem os pobres e os extremamente pobres, também
impossibilitam o acesso dos detentos a um processo educacional de qualidade.
Com isso, destacamos a urgência em trazer para o debate os efeitos da pobreza e da extrema
pobreza na vida desses sujeitos, entendendo a pobreza como resultado da negação de direitos,
e as possibilidades de enfrentamento dessa condição social por meio da educação formal e de
qualidade, inclusive no sistema prisional.
METODOLOGIA
Para a concretização do estudo, optamos pela pesquisa-ação colaborativa por busca o caráter
participativo através da escuta sensível e contínua, permitindo a intervenção do pesquisador na
realidade vivida pelo sujeito pesquisado. Recorremos a Franco e Pimenta (2018, p. 51) quando
afirmam que “a pesquisa-ação vem sendo proposta há algumas décadas, por incluir os
participantes e promover possibilidades de transformação da realidade social”.
Com base nas escolhas metodológicas, realizamos um curso de formação dentro da sala de aula
do Centro de Detenção e, no decorrer desse processo, dialogamos com os participantes, alunos
232
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A condição de pobreza também exerce influência no destino dos encarcerados do CDPS, visto
que apenas 10% dos alunos pesquisados têm assistência jurídica de um advogado particular e
233
os demais são assistidos pela defensoria pública, o que pode se constituir como um entrave para
os julgamentos, levando anos até que recebam a sentença. O que frequentemente foi apontado
pelos detentos é o desejo pela garantia de direito de investigação, defesa e julgamento.
A grande maioria demonstrou preocupação com a vida e a reinserção social após o cumprimento
da pena. “Como vou conseguir emprego depois que sair daqui? Eles procuram saber e não
contratam a gente porque somos ex-presidiários”. Apontaram que os crimes pelos quais foram
presos gera ainda mais preconceito e que estão cientes de que dificilmente serão aceitos em
outro meio, o que provoca insegurança.
Cabe ressaltar que a educação, antes de tudo, é um direito universal que deve ser assegurado a
todas as pessoas, independentemente da condição social. É um direito que potencializa o
exercício de outros direitos como o trabalho, a saúde, a segurança e a participação cidadã. A
educação auxilia e permite a obtenção dos objetivos centrais de (re)habilitação que incidem em
resgate social em uma dimensão de autonomia, sustentabilidade e minimização da
discriminação, auxiliando os custodiados no processo de reconstrução social.
Apesar de educação brasileira ser alienante, elitizada, focada na acumulação do capital e para a
sujeição ao trabalho, o processo de escolarização é importante para que o indivíduo se liberte e
consiga enxergar um horizonte que não seja o mundo do crime (FERREIRA, 2010).
CONCLUSÃO
O processo educacional de qualidade compreende fortalecer a noção de cidadania nos sujeitos
através de práticas emancipadoras criadas a partir de mediações pedagógicas concretas. Assim,
234
a educação precisa ser garantida a todos os sujeitos, inclusive aos encarcerados, para que seja
consolidada a construção da cultura do direito, da participação, da democracia e do exercício
da cidadania.
Concordamos que a sociedade precisa avançar em políticas públicas para que o acesso à escola
seja garantido a todos e os saberes escolares façam sentido para os alunos (TASONIERO,
2018). As problemáticas se acumulam e se confirmaram nos encontros no CDPS. Contudo,
apostamos que escolarização dos sujeitos encarcerados se apresenta como possibilidade de
enfrentamento da condição de pobreza, compreendendo-os como um público oriundo de
processos de exclusão que precisam ser superados para que tenhamos uma sociedade mais justa
e igualitária.
REFERÊNCIAS
Elizabeth Serra
Instituto Nacional de Educação de Surdos
serra@ines.gov.br
INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como objetivo analisar as mudanças operadas pela Lei 14.191/21,
estatuto que dispôs sobre a modalidade Educação Bilíngue de Surdos (EBS) no texto da atual
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), n. 9.394/96.
A educação de surdos tem ganhado cada vez mais destaque nos debates sociais e acadêmicos.
Nas últimas duas décadas, a comunidade surda vem propugnando por uma educação bilíngue39,
pela valorização da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e pelo reconhecimento da singularidade
sociolinguística e identitária dos surdos (SKLIAR, 1999; QUADROS, 2006; SOUZA, 2006;
STUMPF, 2009). Nesse contexto, os movimentos surdos40 advogam pela implementação de
classes e escolas bilíngues de surdos e pelo fortalecimento das já existentes41.
A intensificação do processo de luta por uma educação bilíngue e dos Estudos Surdos ocorreu
nos anos de 1990, indo ao encontro de um processo já existente em outros países. Iniciava-se,
pois, a construção de um arcabouço epistemológico em que os surdos passavam a ser
compreendidos não como deficientes, mas como um grupo político/linguístico minoritário
39
Abordagem pedagógica que leva consideração as especificidades dos estudantes surdos, tendo a Libras como
língua de instrução e a Língua Portuguesa, na sua modalidade escrita, como segunda língua. O presente texto irá
utilizar o termo “educação bilíngue” para se referir a essa abordagem e a sigla EBS para tratar da nova modalidade
instituída pela Lei 14.191/21.
40
A rigor, existem vários itinerários quando se trata de movimentos surdos; há aqueles que defendem a
singularidade linguística dos surdos e o reconhecimento da língua de sinais, assim como aqueles que propugnam
pelo uso de tecnologias para possibilitar a audição e a oralização – a exemplo do movimento Surdos que ouvem.
Contudo, considerando a delimitação do escopo deste trabalho, serão abordados apenas os primeiros tipos de
movimentos surdos indicados acima, os quais, por sua vez, embora reivindiquem os direitos linguísticos dos
surdos, não possuem, de certo, uma proposta monolítica frente aos processos de contestação/resistência/luta na
sociedade. Desse modo, a sua indicação se mantém pluralizada no presente texto: movimentos surdos.
41
Segundo informação disponível no sítio do Ministério da Educação (2021), baseada em dados do Inep (2020),
no Brasil, atualmente, existem 64 escolas bilíngues de surdos, com 63.106 educandos surdos matriculados.
236
METODOLOGIA
Para atingir o objetivo da pesquisa, foi realizada uma pesquisa do tipo documental (GIL, 1991),
tendo como principal objeto de estudo a Lei 14.191/21, a qual, como acenado, dispõe sobre a
modalidade EBS. Esse tipo de pesquisa, segundo Gil (ibid, p. 52), constitui uma “fonte rica e
estável de dados”. Utilizou-se como referência para a análise as principais demandas dos
movimentos e Estudos Surdos em relação à abordagem educacional bilíngue.
RESULTADOS E DICUSSÕES
Ao longo dos anos, os movimentos surdos lograram importantes conquistas; no que se refere
aos ordenamentos, podem ser citados os seguintes textos, os quais, apesar de seus limites,
reconhecem direitos linguísticos e educacionais: Declaração Universal dos Direitos
Linguísticos (1996), Lei 10.436/02, Decreto 5.626/05, Decreto 6.949/09 (que aprovou a
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência), Lei 13.005/14 (que
aprova o Plano Nacional de Educação), Lei 13.146/15 (Lei Brasileira da Inclusão) e a Lei
14.191/21 – documento objeto de estudo deste trabalho. No Decreto 5.626/05, a pessoa surda
foi conceituada como “aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo
por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua
Brasileira de Sinais – Libras” (BARSIL, 2005). Contudo, no texto da LDB, até 2021, não havia
referência ao termo “surdos” e à língua de sinais.
Quanto à Lei 14.191/21, destacam-se, inicialmente, dois elementos fulcrais ao atendimento das
demandas históricas dos movimentos surdos: a inclusão de um novo princípio à educação
nacional que consigna “o respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das
pessoas surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva” (BRASIL, 2021) e o reconhecimento
da educação bilíngue de surdos como uma modalidade de educação escolar própria (art. 60-A).
A conceituação dessa nova modalidade endossou o já previsto no inciso IV do art. 28 da LBI
no que se refere ao reconhecimento da Libras como primeira língua, mas acrescentou outros
aspectos, especificando os sujeitos que poderiam optar por esse tipo de ensino (surdos, surdo-
237
cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou
com outras deficiências associadas) e fazendo referência aos loci formativos (escolas bilíngues
de surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns ou em polos de educação bilíngue de
surdos)42. Sobre o conceito apresentado no art. 60-A, nota-se a ausência de referência a questões
pedagógicas que envolvem o oferecimento da educação bilingue de surdos (currículo,
planejamento, metodologias, formas de avaliação etc.) e que vão além da presença da Libras
como como língua de instrução. De todo modo, no âmbito das Disposições Gerais da LDB,
foram acrescentados alguns dispositivos envolvendo esses temas, tal como será visto mais
adiante.
O referido documento, porém, não altera o artigo § 3º do art. 32, que define que o ensino
fundamental regular deve ser “ministrado em língua portuguesa”, assegurando (somente) às
comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas. A rigor, esse artigo reafirma o
que está previsto na Constituição de 1988 e, talvez, por isso, não tenha sido alterado. Porém,
vale lembrar que o Decreto 6.949/09, que tem status de Emenda Constitucional, garante que a
42
Vale advertir que, nos termos inscritos na LBI (caput do art. 28 e seu §1º), o oferecimento da educação bilíngue
de surdos foi definido como obrigatoriedade apenas do poder público e não das instituições privadas.
238
educação de pessoas surdas e surdocegas seja ministrada nas línguas mais adequadas a esses
indivíduos.
CONCLUSÃO
A análise realizada mostrou que a Lei 14.191/21 apresenta importantes conquistas se forem
consideradas demandas dos movimentos surdos, mesmo com os seus não-ditos e limites. Nesse
documento, os programas para o desenvolvimento da educação bilíngue de surdos devem ser
construídos de forma participativa, sendo entendidos como compromissos do Estado brasileiro
(posto que precisam ser inseridos no PNE) e não como propostas de governo. Além disso, a
nova lei faz referência ao papel da União (em relação à implementação da EBS e/ou ao seu
aprimoramento), ao regime de colaboração e ao PNE. Todos esses temas são muito caros à
educação, mas a tônica das atuais políticas governamentais tem sido a desresponsabilização da
União no provimento da coisa pública – com consequente sobrecarga dos demais entes
federados, especialmente, dos municípios –, o autoritarismo e a desconsideração do PNE como
plano do Estado brasileiro. Desse modo, embora a nova lei apresente relevantes avanços, eles
nascem num terreno devastado, totalmente infértil aos processos democráticos e à produção de
políticas verdadeiramente públicas.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Elaborada por um Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº. 555/2007, prorrogada pela
Portaria nº. 948/2007 e entregue ao Ministro da Educação, em 07 de janeiro de 2008, a Política
Nacional de Educação Especial em uma perspectiva inclusiva (PNEE/2008) apresentou um
conjunto de orientações político-pedagógicas direcionadas a subsidiar os processos de
escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades-superdotação nas escolas de ensino comum. Encaminhamentos quanto ao público-
alvo da Educação Especial, financiamento, perspectiva político-pedagógica do atendimento
educacional especializado, funcionamento das salas de recursos multifuncionais e formação de
professores são alguns elementos que compõem o documento supracitado.
Diante da assertiva, realizamos um estudo com as redes públicas de ensino do Espírito Santo
para compreender as implicações da PNEE/2008 nas políticas locais, envolvendo profissionais
da Educação Especial que atuam no atendimento educacional especializado e em Secretarias de
Educação, buscando pela produção de conhecimentos comprometidos em fortalecer as ações
político-pedagógicas necessárias aos processos de escolarização dos alunos nas escolas
comuns.
METODOLOGIA
O estudo teve por objetivo cartografar as políticas locais de Educação Especial impulsionadas
pela PNEE/2008, envolvendo municípios localizados no Estado do Espírito Santo, tendo em
vista o fortalecimento do direito à Educação para estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
241
Por meio de grupos focais, realizados remotamente, no segundo semestre de 2020 e primeiro
de 2021, envolveu professores do atendimento educacional especializado e gestores de
Educação Especial de Secretarias Municipais de Educação e da Rede Estadual para analisar
atravessamentos do documento nos seguintes âmbitos: a) matrícula; b) redes de apoio; c)
atendimento educacional especializado; d) público-alvo da Educação Especial; e) gestão das
unidades de ensino em uma perspectiva inclusiva; f) dentre outros. Para tanto, envolveu redes
de ensino da: a) região metropolitana de Vitória; b) serrana; c) sul; d) norte. Foram constituídos
subgrupos de pesquisa entre professores da Ufes, mestrandos, doutorandos e bolsistas de
iniciação científica para coordenar os grupos focais em cada uma dessas regiões. Ao todo,
estiveram envolvidos em torno de 80 (oitenta) participantes na investigação.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O estudo evidenciou (a partir da análise dos dados produzidos nos grupos focais) os
movimentos que foram impulsionados no Estado do Espírito Santo com a publicação da
PNEE/2008. Uma primeira questão versa sobre a crescente matrícula de alunos com
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas
escolas comuns capixabas, situação que dialoga com o referido documento quando reafirma o
direito à Educação para esses estudantes nas escolas comuns, assegurando “[...] políticas
públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos” (BRASIL, 2008, p.
5).
A matrícula desses estudantes tem impulsionados a criação de redes de apoio nas unidades de
ensino, situação que busca se efetivar na contratação de professores de Educação Especial,
estagiários, cuidadores, intérpretes de Libras, dentre outros. Percebe-se que documentos como
a PNEE/2008 quando se colocam impulsionadores do direito social à Educação para os
estudantes aqui mencionados, acabam por também fomentar a constituição de várias políticas
para que os professores encontrem maiores condições de trabalho e os discentes o acesso ao
conhecimento.
242
A formação de professores também se apresentou como uma política que vem se fortalecendo
no Espírito Santo a partir da PNEE/2008, tendo em vista o referido documento sinalizar que
“[...] para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial
e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos
da área”. O citado documento também se reporta aos professores do ensino comum e convoca
os sistemas de ensino a ampliarem as políticas de formação para todos os professores, de modo
tal que formação comtemple “[...] conhecimentos de gestão de sistema educacional inclusivo,
tendo em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com outras áreas, visando à
acessibilidade arquitetônica, os atendimentos de saúde, a promoção de ações de assistência
social, trabalho e justiça” (BRASIL, 2008, p. 18).
Sobre o alunado a ser contemplado pelas políticas de Educação Especial, os participantes dos
grupos focais sinalizaram que o conceito outrora utilizado “estudantes com necessidades
educacionais especiais”, trazido em outros documentos internacionais e nacionais – como a
Declaração de Salamanca de 1994 e a Resolução nº 2/2001 de 11/09/2001) –, levava as redes
de ensino a encaminharem todos os alunos com trajetórias mais diferenciadas de aprendizagem
para os serviços de Educação Especial. Em contrapartida, com a PNEE/2008, foram delimitados
“aqueles com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação”, no entanto, mediante o fato de no Espírito Santo se (e até no
contexto brasileiro de modo mais amplo) significar a Educação Inclusiva na Educação Especial,
a delimitação desses três grupos de alunos e a inexistência de outras redes de apoio para outros
estudantes, as escolas acabam por ficar sem apoios, produzindo o que podemos chamar de
243
deficiência socialmente produzida, para que o aluno venha ter algum tipo de apoio. Como
afirma Santos (2007, p. 30), convivemos em uma sociedade que “[...] não se sabe pensar
diferenças com igualdade; as diferenças são sempre desiguais”. Diante disso, emerge a
necessidade de criação de redes de apoio plurais para apoio a estudantes diversos e
investimentos na formação dos profissionais da Educação para entender as aproximações e
singularidades entre os pressupostos da inclusão escolar e a Educação Especial.
A gestão das escolas e dos currículos se colocaram como eixos de análise, tendo em vista a
importância de as escolas de reorganizarem para acolhimento das trajetórias de aprendizagem
dos alunos. Os participantes reiteraram a relevância de se ampliar as reflexões sobre a Educação
Especial com os gestores das unidades de ensino, tendo em vista a necessidade de incorporação
da temática nos Projetos Políticos Pedagógicos e nos Planos de Ação. Compreendem que a
Educação Especial ganhou impulsos a partir de documentos e normativas nacionais e
internacionais (como a PNEE/2008), necessitando muitas unidades de ensino ainda se
readequarem arquitetonicamente e no campo curricular para garantir aos estudantes a
acessibilidade curricular. Os participantes no grupo focal compreendem avanços nos processos
de inclusão dos alunos quanto analisam as matrículas e as políticas de permanência, mas
reconhecem que o direito à apropriação do conhecimento se coloca repleto de desafios, situação
que nos leva a concordar com Santos (1996, p. 37) quando nos leva a pensar na constituição de
uma sociedade e escola a partir “[...] do paradigma de um conhecimento prudente para uma
vida decente”.
CONCLUSÃO
A pesquisa apontou que a PNEE/2008 tem fortalecido os movimentos que vêm sendo
constituídos no Estado do Espírito Santo para a garantia de acesso, permanência e aprendizagem
na escola comum para os estudantes com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades/superdotação.
indutora de políticas comprometidas com o direito social à Educação, por, dentre vários
motivos, convocar o Estado a assumir o seu papel na implementação de políticas para que as
escolas se configurem inclusivas e reafirmar o direito à Educação na igualdade/diferença.
Podemos dizer que no Estado do Espírito Santo, há um mosaico de políticas visando à
escolarização dos estudantes aqui mencionados nas escolas comuns, assim como um conjunto
de desafios a serem enfrentados, no entanto, precisamos sempre avançar e enfrentar quaisquer
linhas de pensamento que busquem enfraquecer direitos socialmente conquistados, dentre eles,
o da Educação das pessoas com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
A pesquisa dialoga com as culturas juvenis em contextos escolares empobrecidos e tem como
objetivo central compor movimentos culturais com jovens matriculados no ensino médio, em
uma escola pública estadual localizada no município de Cariacica/ES, visando elaborar
possibilidades de enfrentamento da pobreza e da extrema pobreza que impactam a vida de
parcela considerável desses sujeitos nos espaços/tempos escolarizados.
Provocados a buscar novas orientações e rotas de contato (PAIS, 2006), dialogamos com as
juventudes empobrecidas direcionando olhares para as potencialidades e destacando as
sociabilidades produzidas pelos jovens ao organizarem as próprias vivências. As conversações
apontam que os jovens que adentram os espaços/tempos escolares são identidades singulares,
que produzem conhecimentos e saberes que não podem ser negligenciados pela educação
formal. Pesquisadores como Abramo (1994) e Dayrell (2003; 2007), entre outros, evidenciam,
em seus estudos, a diversidade de formas com que a condição juvenil é vivida e experimentada
e nos convidam a pensar os jovens como sujeitos sociais.
246
METODOLOGIA
Para responder ao problema de pesquisa, optamos pela abordagem qualitativa. Por ser uma
investigação de cunho social e empírico, essa abordagem busca conhecer a maneira com que os
sujeitos se relacionam e significam os cotidianos. Assim, a pesquisa visa construir, na interação
com os participantes, possibilidades de adentrar e intervir nos contextos sociais (MINAYO,
2001).
A pesquisa-ação se realiza por meio dos movimentos culturais com jovens entre 15 e 17 anos,
matriculados no ensino médio, marcados, em sua maioria, pela condição de pobreza e extrema
pobreza. Selecionamos os participantes considerando a configuração socioeconômica dos
sujeitos, oriundos de famílias atendidas por programas sociais e de transferência de renda ou
que recebem algum benefício social.
Para concretização da pesquisa, recorremos a Borelli (2008, 2019), Dayrell (2003, 2007, 2016)
e Groppo (2004, 2016, 2017), que apontam as especificidades com que os jovens organizam os
seus modos de vida e produzem as culturas juvenis.
247
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Juventude é uma categoria conceitual polissêmica que aponta para um universo amplo de
abordagens e definições. Groppo (2004, 2016, 2017) indica que estamos lidando com uma
construção histórica e social e que não se prende a marcadores etários fixos ou à uma fase da
vida. Essa concepção dialoga com os estudos de Abramo (1994) e Dayrell (2003) quando
apontam que os jovens organizam um amplo de vivências, segundo valores específicos e modos
singulares de compreender a realidade. Ser jovem é uma experiência vivenciada sob diferentes
matizes, que não está presa a aspectos específicos da vida ou regida por marcadores
universalizantes e definitivos.
A pobreza, entendida como fenômeno macroestrutural e diverso (CARARO, 2015), é uma das
graves condições sociais que atravessam os jovens. As juventudes empobrecidas que chegam à
escola pública apresentam, em seus corpos e relações, vivências e saberes que não podem ser
desconsiderados, manifestam modos de vida e valores que fazem parte de suas singularidades
e são tradutores de sentido. Desse modo, entendemos que as culturas juvenis que chegam à
escola tensionam a cultura escolar tradicional e provocam outras possibilidades de diálogos.
esses sujeitos e desprovido de sentido concreto. Para Pais (2006, p. 13), “[...] é importante
desvendar as sensibilidades performativas das culturas juvenis em vez de nos aprisionarmos a
modelos prescritivos com os quais os jovens não se identificam”.
Dayrell (2007) aponta que os jovens, além de alunos, são sujeitos marcados por experiências
vividas e sentidas, que transcendem os espaços/tempos escolares. Desse modo, as relações que
vão se estabelecendo no interior da escola, entre os grupos juvenis e deles com demais atores,
carregam as marcas da própria condição humana, seja como contradição ou (re)criação.
Assim, ao longo dos encontros formativos, temos buscado dialogar com os jovens levando em
consideração as experiências vivenciadas por esses sujeitos em seus contextos de vida, os
saberes que já possuem, a capacidade que eles expressam quando lidam com aspectos mais
dinâmicos da realidade, como arte, cultura, tecnologia.
CONCLUSÃO
A pesquisa tem demonstrado que os espaços/tempos de educação formal não têm conseguido
dialogar com os jovens empobrecidos. Muitos desses sujeitos, por viverem em contextos
precários e desiguais, acabam naturalizando a condição de pobreza e as violências.
juvenis e para a compreensão dos modos de vida e das experiências constitutivas desses
sujeitos. Além disso, podem fomentar questionamentos e a conscientização diante de realidades
tão desiguais que atravessam as juventudes, seguindo o que Arroyo (2014) pontuou: “os pobres
têm o direito de se saberem pobres” e de conhecerem as estruturas que os empobrecem.
REFERÊNCIAS
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Paulo, 1994.
ARROYO, M. G. Outros Sujeitos, outras pedagogias. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
BARBIER, R. A Pesquisa-Ação. Brasília: Liber, 2007.
BORELLI, S. H. S.; ROCHA, R. M. Juventude, midiatizações e nomadismos. Comunicação,
mídia e consumo, São Paulo, v. 05, n. 13, jul, p. 27-40, 2008.
BORELLI, S. H. S. et al. Cultura como vetor de proteção: protagonismo de crianças e
adolescentes. São Paulo: EDUC, 2019.
CARARO, M. F. O programa mais educação e suas interfaces com outros programas
sociais federais no combate à pobreza e à vulnerabilidade social: intenções e tensões. Tese
(Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal
do Espírito Santo, Vitória, 2015.
DAYRELL, J (org.). Por uma pedagogia das juventudes: experiências educativas do
Observatório da Juventude da UFMG. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2016.
DAYRELL, J. O jovem como sujeito social. Faculdade de Educação. Universidade Federal
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Maria Isabel e EUGÊNIO, Fernanda (org.). Culturas jovens: novos mapas do afeto. Rio de
janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.
250
Lorrainy Ferrari
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito
Santo
ferrarilorrainy@gmail.com
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
O Estado em Gramsci é resultado de “[...] sociedade política + sociedade civil, isto é, hegemonia
couraçada de coerção” (GRAMSCI, 2002, p. 244), além de ser um espaço privilegiado de
disputa pela hegemonia. A partir do consenso das massas – as relações de confiança do grupo
dominante – e da coerção, que pode ser tanto do ponto de vista legal – refere-se à disciplina.
Para que um grupo invista na disputa pela hegemonia, é lançado mão de vários artifícios como
religião, educação, mídias, produção de consenso a partir de intelectuais, bem como, alianças
na sociedade.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em 2014, o PNE foi aprovado em dissonância das deliberações da Conae, indicando os ADE
como forma de colaboração e ao contrário do Art. 214 da CF/88, o PNE aponta a criação do
SNE para articular PNE. Posterior a aprovação do PNE, a Conae de 2014 é realizada com a
254
temática do SNE mais uma vez. Nos anos seguintes, a Sase lançou, em parceria com alguns
acadêmicos, textos curtos sobre o SNE, mas sem exequibilidade. Além disso, em 2015, a
secretaria também criou um GT sobre o Custo Aluno Qualidade (CAQ), que, assim como os
textos sobre o SNE, não subsidiou elementos para institui-lo. Por fim, com o golpe jurídico-
midiático-parlamentar da presidente Dilma Vanna Rousseff, tanto a Sase, o FNE e a Conae
tiveram sua composição reconfiguradas.
CONCLUSÃO
O recorte temporal deste resumo data a criação do TPE como uma organização representante
dos interesses da classe dominante que disputa a hegemonia e, de fato, conseguiu enraizar
espaço no MEC, como parte do Estado. O que se percebe é que o contexto político do lulismo
com movimentação de ações pendulares e antagônicas, revela na verdade, uma disputa pela
hegemonia em moldes diferentes do que Gramsci sistematizou.
A hegemonia às avessas não é uma dominação direta, ela abre espaços de diálogo e delibera
avanços para subsidiar a sensação de progresso, de participação e controle político – todavia,
trata-se de uma aparência e com isso pode-se exemplificar com base na realização da Coneb e
das Conaes, a criação de espaços como a Sase e o FNE. Quando analisado com o conjunto das
ações no âmbito do MEC discorrido neste trabalho, evidencia-se, na verdade, a pavimentação
dos ADE, a partir falta de regulamentação do Art. 23, para pactuação entre entes federados e a
iniciativa privada – com especial destaque ao TPE. Tal ação esvazia a dimensão federativa,
precariza as possibilidades de instituição do SNE e da regulamentação do Regime de
Colaboração e contribui para o avanço da dominação hegemônica neoliberal.
Por fim, as ações do MEC no recorte temporal de 2006 a 2016, indicam pequenos avanços
educacionais que fornecem elementos para os profissionais da educação se sentirem à frente da
política, entretanto, ao passo que lhe eram concedidos avanços, os interesses do empresariado
eram privilegiados na tomada de decisões.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Francisco de. Brasil: uma biografia não autorizada. 1. Ed. São Paulo. Boitempo.
2018.
SINGER, André. Os sentidos do lulismo: reforma gradual e pacto conservador – 1. ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 2012.
256
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A discussão teórica desse resumo está ancorada nos estudos de Araújo (2012, 2013) e Cassini
& Nascimento (2018). Como procedimento metodológico, consultamos fontes documentais
virtuais (artigos, ensaios e textos postados em páginas eletrônicas) disponíveis nos endereços
eletrônicos dos Movimentos Colabora e Todos pela Educação, nos quais se encontra um
conjunto de publicações sobre a temática em tela.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Fundação Itaú Social, como é de nosso conhecimento, atua em vários municípios brasileiros,
realizando serviços de consultoria na formulação e acompanhamento de políticas públicas. Em
relação ao tema do regime de colaboração, publicações disponíveis no acervo documental
digital do Movimento Colabora indicam que a referida fundação vem, desde 2013,
empreendendo ações na organização de Consórcios Intermunicipais, propondo ainda a criação
de Câmaras Técnicas da Educação.
da discussão sobre o SNE, o referido movimento já propagava suas ideias por meio de artigos
e livros digitalizados. Uma das obras em destaque foi o livro denominado Regime de
Colaboração e Associativismo Territorial, organizado por Mozart Ramos e Fernando Luiz
Abrúcio, que apresenta as bases conceituais e normativas dos arranjos de desenvolvimento da
educação e algumas experiências exitosas pelo país. Destaco os textos escritos por Abrúcio,
Ramos e Cruz, que reforçam a ideia da implementação desses arranjos como essenciais para o
fortalecimento do regime de colaboração na educação brasileira. (TODOS PELA
EDUCAÇÃO, 2022)
Já no volume ‘Regime de Colaboração: textos para consulta’, ressalto o artigo de Fernando Luiz
Abrúcio, apresentando sete aspectos que ele considera fundamentais para o fortalecimento e a
consolidação do regime colaborativo: 1º)instituição de fóruns federativos, reunindo diferentes
instituições; 2º) redirecionamento e indução do papel de coordenação no nível estadual; 3º)
apoio ao associativismo intermunicipal e o fortalecimento da cooperação; 4ª) reorientação das
ações encaminhadas pelo Governo Federal, estimulando um modelo de relações
intergovernamentais mais articuladas com os governos subnacionais; 5º) estabelecimento de
mecanismos de estímulo à cooperação federativa, orientado sob os princípios da gestão por
resultados, conforme ocorre nos ADEs; 6º) levantamento de experiências exitosas de
coordenação federativa e 7º) aperfeiçoamento do padrão federativo de financiamento da
educação. (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2022).
Araújo (2013), expressa sua inquietação com a atuação do empresariado e a sua aposta na
organização dos ADEs. Segundo a autora, convém lembrar que as influências do setor
empresarial extrapolam a criação de agendas e organização de fóruns para o debate sobre o
tema, mas, principalmente, replicam ideias que buscam a redefinição da ação e atuação dos
entes federativos, sobretudo a esfera federal, com vistas a transformar os ADE numa política
de Estado que abarque as instâncias federativas.
Ainda para Araújo (2012), foi após a aprovação do Parecer da Câmara de Educação Básica do
Conselho Nacional de Educação (CEB/CNE) nº09/2011, que outras possibilidades de
interlocução entre as instâncias administrativas públicas e privadas foram gestadas, a exemplo
dos arranjos de desenvolvimento da educação (ADEs). Diga-se de passagem, essa ideia de
arranjos esteve presente anteriormente, no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE),
elaborado no ano de 2007 e se manifesta também no Plano Nacional de Educação (2014/2024),
até então vigente.
Para Cassini & Nascimento (2018), o que acontece é o emprego recorrente do termo “regime
de colaboração” em práticas associadas à coordenação e/ou forma de colaboração e as políticas
indutoras da União, revelando-se, portanto, segundo elas, equívocos conceituais, jurídicos e
administrativos.
Como se compreende, a partir de Araújo (2013), regime de colaboração não é o mesmo que
formas de colaboração, uma vez que, adverte a autora, o primeiro pressupõe estabilidade e
continuidade, uma vez garantida sua institucionalização por lei complementar, em
contraposição ao segundo, que pode consistir em uma ação pontual, esporádica ou momentânea
nas relações entre os entes federados.
Concordo com os pesquisadores que entendem que devem ser aclarados nos textos dos projetos
de lei sobre o SNE, quais serão os mecanismos de cooperação federativa para a efetivação e
garantia do direito à educação por parte do Estado brasileiro.
CONCLUSÃO
Entendo que estudos dessa natureza são importantes, considerando que se encontra em
tramitação a regulamentação do Sistema Nacional de Educação no Congresso Nacional, por
meio do Projeto de Lei Complementar (PLP) 235/19. Como se sabe, a não instituição desse
sistema até o momento de escrita desse texto, é resultante também da arena de disputas entre
260
Nesse sentido, é importante que possamos não apenas acompanhar os debates sobre a instituição
do SNE, mas, sobretudo, estarmos atentos aos textos dos PLP 235/2019 e o PLP 25/2019
sobretudo no que diz respeito às relações federativas, financiamento e a participação da
sociedade civil para a consolidação do referido sistema.
Conforme mencionado nesse texto, as entidades ligadas ao Movimento Colabora e Todos pela
Educação vem participando ativamente dos debates sobre as temáticas do Regime de
Colaboração e, desta feita, do Sistema Nacional de Educação. O ativismo dessas organizações
se manifesta em publicações, assessorias e participações em eventos e audiências públicas no
Congresso Nacional.
Concluo ressaltando que os Movimentos Colabora e Todos Pela Educação buscam, pela via de
estudos técnicos, a inserção e o convencimento de suas ideias educacionais e modelos de
experiências intergovernamentais- baseadas em arranjos territoriais -no debate sobre a
construção do Sistema Nacional de Educação.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como temática central a privatização da educação básica na rede
pública no município de Cariacica. Objetiva sistematizar e analisar informações acerca dos
programas e projetos em vigência no período pesquisado, bem como fazer um mapeamento dos
atores privados responsáveis pela execução dos mesmos em “parceria”43 com a Secretaria
Municipal de Educação de Cariacica. Optamos pelo recorte no período entre 2012 a 2022 para
analisar a incidência desses programas/projetos na última década.
43
Segundo Adrião 2022, o termo parcerias é uma expressão que não transcreve na íntegra seu significado, pois
não é uma relação colaborativa entre setores que atuam horizontalmente, trata-se de processos pelos quais a
educação pública brasileira se subordina a setores privados por meio da transferência de responsabilidades do
Estado ou da flexibilização de regulamentações para atuação daqueles setores.
263
Adrião (2022) alerta que, no Brasil, a partir da Constituição de 1988, não deveria pairar dúvidas
de que a Educação é dever do ESTADO e da família e um direito das crianças e adolescentes,
portanto os processos de privatização da educação pública é uma transferência da
responsabilidade do Estado, prevista na Constituição de 1988, para o setor privado. Ela
categoriza essa privatização em três dimensões: privatização da oferta, da gestão e do currículo.
Discorre também sobre o movimento do empresariado na gestão pública por meio das
“parcerias” público-privadas na execução de projetos na educação.
De acordo com a autora, a privatização da oferta “operacionaliza-se por meio de três formas:
financiamento público, aumento das matrículas em estabelecimentos particulares e introdução
de políticas ou programas de escolha parental” (ADRIÃO, 2018. p. 4). Já a dimensão da gestão,
a autora caracteriza em dois âmbitos, a saber: a privatização educacional que atua sobre os
processos decisórios da política educativa do sistema de ensino; e a privatização da gestão
escolar, quando a interferência se dá na gestão de escolas. E, na dimensão da privatização do
currículo, os atores determinam a organização e concepção curricular por meio de fornecimento
de formação de professores, materiais didáticos, tecnológicos como software, plataformas
digitais, dentre outros. Essa incidência abrange as relações entre professores e estudantes.
(ADRIÃO, 2018).
METODOLOGIA
RESULTADO E DISCUSSÕES
O presente estudo, que ainda está em curso, foi realizado, no primeiro momento, por meio de
pesquisa documental no site da prefeitura municipal de Cariacica e nos sites das fundações,
institutos, ongs e empresas. Encontramos diversas matérias, contratos, termos de cooperação
que foram analisados e, a partir desta pesquisa, produzimos a tabela a seguir. Inicialmente,
mapeamos 13 programas implementados na rede municipal de Cariacica no período de 2012 a
264
2022; atores responsáveis pela execução dos mesmos; sobre quais dimensões educacionais
(oferta, currículo e gestão) incidem; qual público-alvo pretende alcançar, ano de início e prazo
de vigência.
Constata-se uma crescente adesão aos programas de privatização da educação e, com base nos
dados elencados, percebe-se que Cariacica tem sido pioneiro no Espírito Santo quanto a adotar
a maioria destes programas. Grande parte dos programas se encontra na dimensão do currículo,
tendo como público-alvo, principalmente, os professores. Atuam em processos formativos com
vistas à melhoria dos resultados nas avaliações de larga escala, concebendo a educação
mercadorizada com a finalidade de preparação de capital humano (LAVAL, 2004).
Cariacica
(AEC)
"Boas Energias EDP-ES Currículo Professores, 2019 até o
na Escola" pedagogos e presente
diretores. momento
Eduq+ MGovBrasil/ Currículo Famílias 2019 até o
presente
momento
Política de Fundação Vale Currículo Professores da Setembro de
direitos educação 2019 até janeiro
humanos infantil de 2021
Economia Prolata Currículo Professores 2021 até o
circular no Recicladores e presente
contexto escolar Associados momento
Prestação de R1 Projetos, Currículo Estudantes 2021 até o
serviços Tecnologia e presente
técnicos para entretenimento momento
produção de LTDA
conteúdos
digitais
pedagógicos
Melhoria da WiLivro Currículo Estudantes 2022
proficiência em Soluções
língua Tecnológicas
portuguesa e Educacionais
matemática LTDA
Fonte: Elaboração própria, com base em dados dos sites da prefeitura de Cariacica, Espírito Santo em Ação e
Ensina Brasil.
CONCLUSÃO
Outras etapas desta pesquisa serão realizadas com vistas à descrição mais detalhada de cada
programa, buscando compreendê-los em sua totalidade para, dessa forma, sair apenas da
aparência e procurar traçá-los à luz do desenvolvimento econômico, político e social do
município e as influências da política partidária. A proposta planejada pretende aprofundar a
análise das questões econômicas a fim de desvelar as ações privatistas em relação ao
aligeiramento do neoliberalismo. Para tanto, será solicitado, baseando-nos na lei de acesso à
informação, cópia detalhada de todos os programas executados pela Secretaria Municipal de
266
REFERÊNCIAS
Ricardo Miranda
Mestre em Filosofia (UFES).
Professor de Filosofia – SEDU/ES.
ricardomirandacd@yahoo.com.br
INTRODUÇÃO
Com o chamado Novo Ensino Médio decorrente de uma série de alterações curriculares,
mudanças nas diretrizes e organizações educacionais além da introdução da BNCC, tivemos
explicitamente, a partir de 2017, sucessivas implementações de uma formação de cunho
neoliberal na proposta educacional em nosso País. Enquanto a ênfase agora volta-se para
algumas disciplinas como Português e Matemática e novidades como Projeto de Vida e Estudo
Orientado, outras disciplinas tiveram significativa redução da carga horária e restrição de
conteúdo, como é o caso de Filosofia e Sociologia.
Todavia, ainda que limitada e extremamente condensada a Filosofia não pode perder sua função
de despertar e promover o conhecimento crítico-reflexivo. Entre os temas relevantes da
disciplina Filosofia temos a Filosofia Política responsável pela conscientização e reflexão
crítica da vida política e sua ligação com o ser e o convívio em sociedade. Em que pese a
existência de uma notória aversão aos assuntos relacionados a política por grande parte das
pessoas, entendemos que é justamente esse distanciamento e apatia que proporcionam em nosso
País uma política nefasta e de interesses e privilégios de poucos, isto é, temos um
desconhecimento e despreparo da população para o debate e crítica aos acontecimentos e ações
políticas que acabam favorecendo aqueles que fazem da política um meio de vida para
interesses particulares e não coletivos. O Ensino de Filosofia Política tem grande
responsabilidade na formação do cidadão e nos rumos políticos que se pretende para uma
sociedade melhor. Para tanto, entendemos que um ótimo ponto de partida deve ser uma
compreensão de política a partir do pensamento de Ernesto Laclau e de Chantal Mouffe. O que
se pretende com essa discussão é o expurgo da indiferença e aversão a política, estando em jogo
exatamente o futuro de nossa democracia, uma vez devemos primar pelo fortalecimento da
consciência crítica, do pensamento reflexivo e buscar a consolidação e manutenção do nosso
regime democrático com ampla e irrestrita participação política dos cidadãos, cujos passos
iniciais também ficam a cargo do Ensino de Filosofia Política aos educandos.
269
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Aos educandos do Ensino Médio é muito comum no Ensino de Filosofia Política a limitação a
uma brevíssima introdução ao pensamento político de Platão, Aristóteles, Maquiavel e uma
curta explanação sobre os Contratualistas clássicos – Hobbes, Rousseau e Locke. Contudo,
entendemos relevante expandir a reflexão política fazendo uso das contribuições filosóficas dos
pensadores contemporâneos Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. As reflexões de ambos estão
voltadas para o campo da teoria política, apresentando-se como teóricos pós-marxistas44 uma
vez que buscam “superar os limites de uma visão determinista do processo histórico, de acordo
com a qual as possibilidades de transformação política estariam determinadas pela evolução da
realidade econômica” (NEVES, 2019, p. 11). Podemos afirmar que eles se afastam do
marxismo clássico no seu aspecto finalístico de superação da burguesia pelo proletariado
através da revolução, além do excessivo adensamento da economia na política. Todavia,
aproximam-se das ideias de Marx ao entender a necessidade de uma ruptura com a ordem
capitalista maciçamente dominante.
A formulação de uma teoria do discurso em Ernesto Laclau e Chantal Mouffe ganha força com
a publicação, em 1985, de Hegemonia e Estratégia Socialista, tendo como suporte o
pensamento, no campo da linguística, de Saussure e Wittgenstein. Para os nossos autores um
discurso ao produzir sentido o faz de forma precária, contingente e limitada uma vez que esse
mesmo sentido tende a ser alterado numa disputa de discursos hegemônicos. O foco de Laclau
e Mouffe está voltado para a existência social dos seres e objetos (e não na mera existência
material-física), uma vez que essa existência social é dotada de sentido por estar imersa num
44
Cf. Posmarxismo sin pedido de desculpas (LACLAU; MOUFFE, 2000).
270
discurso. Nesse contexto, afirmam que não há sentidos sociais que possam ser previamente
constituídos dada a impossibilidade de se garantir que certos sentidos possam ser
necessariamente universalizados. Isso se deve, em parte, ao elevado grau de complexidade do
social que impede a totalização de conteúdos particulares onde toda tentativa de fechamento de
um único sentido social será sempre uma busca precária e incompleta.
A noção de discurso não está desacoplada das práticas, ficando, pois, afastada a recorrente
dicotomia “discurso-prática” (mental-material), “uma estrutura discursiva não é uma entidade
meramente ‘cognitiva’ ou ‘contemplativa’; é uma prática articulatória que constitui e organiza
as relações sociais” (LACLAU & MOUFFE, 2015, p. 167). Com efeito, um discurso apresenta-
se como prática articulatória que se desdobra em relações sociais fixando sentidos parciais.
Ao mesmo tempo que o discurso é sempre precário e contingente, também será limitado pela
sua própria negação, no chamado corte antagônico. O antagonismo é apresentado pelos nossos
autores em seu ponto fundamental como o limite de toda a objetividade numa forma precisa de
presença discursiva: “Isso deve ser entendido em seu sentido mais literal: como afirmação de
que o antagonismo não tem um sentido objetivo, de modo que é aquilo que impede a
constituição da objetividade como tal”. (LACLAU, 2000, p. 34). No antagonismo temos a
seguinte situação: “a presença do ‘Outro’ me impede de ser plenamente eu mesmo. A relação
advém não de totalidades plenas, mas da impossibilidade de sua constituição. A presença do
Outro não é uma impossibilidade lógica: ela existe; logo, não é uma contradição” (LACLAU
& MOUFFE, 2015, p. 202). Diante dessa relação antagônica temos a impossibilidade de
constituição de um discurso pleno, fechado, acabado. As próprias identidades apresentam-se
incompletas face ao antagonismo. Assim, existindo um “nós” teremos a sua incompletude de
identidade pela relação antagônica com um “eles” o que impossibilita a incorporação de um
discurso único, integral. O antagonismo encontra-se no discurso, na política, na sociedade,
sempre como impossibilidade da objetividade. Para Laclau, a política é um antagonismo que se
constitui.
Se por um lado nossos autores afirmam a impossibilidade de fixação última de sentido, por
outro, admitem a existência de fixação de sentidos parciais, o que também vale para a noção de
sociedade: “Se o social não consegue se fixar a si mesmo nas formas inteligíveis e instituídas
de uma sociedade, o social só existe, no entanto, como um esforço para construir esse objeto
impossível” (LACLAU & MOUFFE, 2015, p. 187). Esse esforço é justamente a política,
marcada pela presença do antagonismo no social. Os antagonismos, por seu turno, constituem
271
A hegemonia, por seu turno, surge, de acordo com Laclau e Mouffe (2015), como movimento
estratégico de articulação do social e político a partir das impossibilidades decorrentes do
antagonismo. Se por um lado temos uma identidade que vive numa constante busca pela sua
completude estando, contudo, fadada a impossibilidade de conseguir tal êxito45, por outro lado,
temos a hegemonia, numa tentativa de preencher a ausência de plenitude, o que também ocorre
de forma parcial, precária e contingente.
Mouffe direcionou suas pesquisas à distinção entre o político e a política com a consequente
teorização do chamado modelo agonístico de democracia. Em linhas gerais e muito breves,
nossa filósofa parte da distinção entre “a política” e “o político”46 , estando este no nível
ontológico e aquele no nível ôntico de modo que “o político” relaciona-se aos espaços de poder
e conflito, enquanto “a política” seria o campo das instituições e das ações práticas do político.
45
Isso corresponde ao que Laclau denomina de “falta constitutiva” ou “incompletude identitária”.
46
Nas palavras de Mouffe: “Mais precisamente, é assim que diferencio ‘o político’ da ‘política’: entendo por ‘o
político’ a dimensão de antagonismo que considero constitutiva das sociedades humanas, enquanto entendo por
‘política’ o conjunto de práticas e instituições por meio das quais uma ordem é criada, organizando a coexistência
humana no contexto conflituoso produzido pelo político” (MOUFFE, 2015, p. 8).
272
CONCLUSÃO
Com as mais recentes mudanças no Ensino Médio verificamos uma redução significativa nos
temas de Filosofia em especial no que diz respeito a Política. O Ensino de Filosofia Política
pode se tornar mais palatável e atrativo partindo das concepções teóricas de Ernesto Laclau e
Chantal Mouffe, que nos oferecem uma visão crítica e radical. Categorias como antagonismo,
hegemonia mostram-se basilares para o ensino de Filosofia Política, assim como a distinção
entre a política e o político. Uma compreensão nítida, a partir de Laclau e Mouffe, sobre as
categorias ligadas à Política proporcionará ao educando uma reflexão mais crítica e concreta da
nossa realidade social, bem como, possibilitará o seu enaltecimento como cidadão da práxis
política.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta um recorte dos resultados de uma tese de doutorado que investigou os
processos de institucionalização das relações intergovernamentais para assegurar a cooperação
e a colaboração federativas na gestão da educação na Bahia, tendo como foco os consórcios
públicos intermunicipais, a partir da Lei nº 11.107/2005. Devido às fortes desigualdades
regionais no Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu o Pacto Federativo, a ser
efetivado por meio das formas cooperação (art. 23) e do regime de colaboração (art. 211).
Todavia, como o Pacto Federativo ainda não apresenta definição clara de operacionalização
entre os entes federados e não existe um Sistema Nacional de Educação devidamente
regulamentado, assiste-se no país a aprovação de diversos formatos de arranjos no federalismo
brasileiro para assegurar a gestão interfederativa de políticas públicas educacionais.
Ao longo dos anos, várias leis regulamentaram a descentralização da gestão pública no país
para viabilizar a cooperação federativa, dentre elas a Lei nº 11.107/2005, que dispõe sobre
normas gerais de contratação de consórcios públicos pela União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios para a realização de objetivos de interesse comum. Após a regulamentação da
referida lei pelo Decreto nº 6.017/2007, os entes da federação passaram a ter maior segurança
institucional, contribuindo para o aprimoramento da gestão consorciada no Brasil. Desde então,
o número de consórcios públicos vem se ampliando em todo o país, apresentando resultados
efetivos em experiências de gestão consorciada de políticas públicas entre os entes federados.
Na Bahia, a maioria dos municípios apresenta baixa capacidade de arrecadação de receitas
próprias, em função de sua base econômica ser eminentemente agrária e rural e os impostos
incidirem, em grande parte, sobre serviços e atividades urbanas. Há uma dependência desses
274
Para coordenar os rumos da nova política da gestão territorial foi criada, na estrutura
administrativa da Secretaria de Planejamento do governo - SEPLAN, a Diretoria de
Planejamento Territorial (DPT), que, em articulação direta com as secretarias de governo e a
sociedade civil dos territórios, mobilizou a implantação de 35 consórcios públicos (SEPLAN,
2020). Assim, a pesquisa em torno da qual se faz esse recorte teve como objetivo geral: Analisar
as experiências de consórcios públicos intermunicipais que atuam na área da educação em
Territórios de Identidade da Bahia, com vistas a conhecer sob que condições institucionais e
estruturais ocorrem a cooperação e a colaboração interfederativas no espaço territorial.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para análise dos casos foram selecionadas quatro categorias: 1) aspectos normativos e políticos
que embasam a política de consórcios públicos; 2) gestão consorciada, estrutura administrativa
e planejamento territorial; 3) relações interfederativas na gestão consorciada; 4)
governabilidade e participação social do poder local na gestão consorciada.
No que se refere à primeira categoria, a pesquisa evidenciou que o arranjo de gestão territorial,
por meio dos consórcios públicos intermunicipais na Bahia, traz uma regulamentação normativa
significativa, com condições de promover a descentralização de serviços públicos entre Estado
e municípios, com segurança institucional. Quanto à segunda categoria os achados
evidenciaram a relevância dos consórcios no planejamento e desenvolvimento da política
territorial, pois, assegura a celeridade, a economia, a eficiência e maior capilaridade do Estado
na gestão dos serviços públicos, visto que a Bahia é um estado com vasta extensão territorial,
com 417 municípios, o que limita a atuação direta das secretarias de governo em cada ente. Por
meio do consórcio, os municípios dos territórios investigados têm conseguido formular e
implementar políticas públicas conjuntas, a partir de suas demandas locais.
Com a terceira categoria foi possível perceber que o consórcio tem conseguido promover a
cooperação, tanto horizontal, por meio dos contratos de rateios, quanto vertical, através do
financiamento de ações via convênios e contratos com o Governo do Estado e com a União. A
cooperação vertical com o Estado tem sido a principal fonte de financiamento das políticas.
Entre os anos de 2013 a 2015 os consórcios conseguiram captar consideráveis valores de
recursos para o desenvolvimento de políticas de desenvolvimento territorial em várias áreas.
Com isso, a gestão consorciada aparenta ser um modelo de arranjo capaz de atender a
cooperação federativa, prevista no artigo 23 da CF de 1988.
Quanto a quarta categoria desta pesquisa observou-se que a gestão consorciada apresenta
fragilidades na governabilidade e no controle social pelo poder local. A gestão consorciada da
educação territorial ocorre entre os gestores públicos municipais e seus parceiros privados, sem
a participação de colegiados territoriais, câmaras municipais, conselhos, sindicatos de
professores, universidades públicas e movimentos sociais do território. Conforme afirma,
Moura (2001), o êxito de qualquer processo de desenvolvimento local depende sempre da
mobilização e participação da comunidade local, o estabelecimento de parcerias, visão
abrangente e integrada de desenvolvimento, considerando sempre os aspectos econômicos,
sociais, políticos, culturais e ambientais que compõem o território.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Dessa forma, partindo das legislações nacionais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional - LDBN em seu título VI - dos Profissionais da Educação, aponta que a formação
destes, terá como fundamentos: I – a presença de sólida formação básica, que propicie o
conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; II – a
associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em
serviço. (BRASIL, 1996)
Bem como, define que a União, o Distrito Federal, os estados e os Municípios devem atuar em
regime de colaboração a fim de promover formação inicial e continuada do magistério e adotar
mecanismos facilitadores de acesso e permanência nos cursos de formação de professores em
nível superior para atuação na educação básica pública.
Nessa perspectiva, o Plano Nacional de Educação - PNE (2014) coaduna e reforça com os
preceitos estabelecidos pela LDB, estabelecendo como uma das metas a serem cumpridas:
15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos cursos de formação de nível médio e
superior dos profissionais da educação, visando ao trabalho sistemático de articulação entre a
281
Adiante, a Política Nacional de Formação de Professores que tem como seus princípios a
articulação teoria e prática, articulação instituição formadora e escolas de educação básica,
apresentou como umas das várias problemáticas do seu diagnóstico “Estágios curriculares sem
planejamento e sem vinculação clara com as escolas” (BRASIL, 2017).
Em contraponto a esta situação, surge no final do ano 2021 a Organização dos Estagiários da
Prefeitura de Vitória que emerge de um contexto de irregularidades e más condições de
trabalho, dentre elas, o descumprimento do Termo de Compromisso - TCE firmado entre a
PMV, o aluno - estagiário, a instituição de ensino, desvio de funções, ausência de professor de
Educação Especial impossibilitando orientações com o trabalho executado com os Alunos -
Público da Educação Especial, falta de atividades e de materiais adaptados, sobrecarga de
trabalho (acompanhamento de mais de um aluno PAEE, em salas diferentes, implicando em
descontinuidade e fragmentação do trabalho realizado), entre outros fatores que culminaram
282
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estágio não obrigatório remunerado não encontra posição de destaque nas produções
acadêmico científicas quando se trata acerca de uma unidade formativa de futuros professores.
O foco dos trabalhos até então, incide portanto, sobre a relevância do estágio curricular
283
obrigatório. Esse dado nos mostra que pouco se tem discutido sobre as potencialidades do
estágio remunerado não obrigatório enquanto uma política voltada a juventude do município
de Vitória - ES, bem como, uma política de formação de futuros professores que valoriza a
intrínseca articulação entre a teoria e prática e a ocupação privilegiada simultaneamente em
dois locais distintos de produção de saber e de conhecimento: a escola e universidade.
Nesta perspectiva, através de revisão de literatura, percebe-se que o estágio remunerado não
obrigatório é subalternizado pelas pesquisas científicas, mas também pelas diretrizes do
município. Tomamos como referência a Política Municipal de Educação Especial, visto que,
em grande parte os estagiários configuram-se em profissionais de apoio do atendimento
ofertado pela Educação Especial, conforme previsto no TCE. De acordo com o referido
documento, cabe ao professor especializado: Orientar, quanto à aplicação de recursos de
tecnologia assistiva, os estagiários e demais profissionais envolvidos no processo de ensino
aprendizagem, em colaboração com a equipe pedagógica. (SEME, 2018). Salienta-se que esta
é a única menção aos estagiários ao longo de todo o documento legal.
Dessa forma, em busca de melhores condições de trabalho foi impulsionada uma luta
organizada e unificada no qual envolveu diversas ações, sendo estas, o estabelecimento de
284
CONCLUSÃO
Portanto, a partir da análise das ações realizadas pela Organização de Estagiários da Prefeitura
de Vitória, concebem mudanças significativas quanto à postura da organização diante do
trabalho com os estagiários.
E ademais a indicação de lei número 6911/2022, designado pela vereadora Camila Valadão
- PSOL que a partir de uma reunião com a organização dos estagiários, requereu a oferta de
ticket de alimentação para estes.
REFERÊNCIAS
Adams, F. W., Melo, R. J. de, & Nunes, S. M. T. (2021). A importância do estágio para
a formação inicial docente sob a ótica de licenciandos em educação do campo. Pesquisa
E Debate Em Educação, 11(2), 1–19, e31985.
CARVALHO, Scarlett O.’hara Costa. Reflexões acerca da experiência do Estágio
Supervisionado em Educação Infantil. Práticas Educativas, Memórias e Oralidades-Rev.
Pemo, v. 2, n. 1, p. 1-12, 2020.
Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá
outras providências. Brasília: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 26
jun.
285
Robert Kennedy
SME/ Cáceres- MT
Ronertkennedysm@gmail.com
INTRODUÇÃO
A valorização dos profissionais da educação se configura como parte estratégica das políticas
educacionais para se alcançar a qualidade da educação. Estratégia que envolva a garantia de
salário digno, carreira atraente, jornada compatível com as atividades escolares, condições de
trabalho, boa infraestrutura e ações que envolvam a gestão democrática dentro dos ambientes
escolares. Estas exigências se fazem presente na Constituição Federal - CF/88, Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional - LDBN n° 9.394/96, meta 18 do Plano Nacional de Educação -
PNE (2014-2014), Parecer da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de
Educação CEB/CNE nº 18/2012, Lei do Piso n° 11.738 de 2008 entre outros documentos que
visam a defesa da valorização dos profissionais da educação. Assim como na meta 16 do Plano
Municipal de Educação de Cáceres/MT (2015-2025); META 16: Valorizar os profissionais da
educação da rede municipal da Educação Básica, a fim de equiparar o rendimento médio dos
demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do 4º ano da vigência deste PME.
(PME, 2020).
A meta do referido plano faz parte da luta dos profissionais da Educação Básica, atravessada
pela falta de recursos financeiros que impede o cumprimento do financiamento da educação.
Luta marcada pela necessidade de mudanças econômicas e políticas, “mudanças estruturais de
ordem econômica que prescinde imediatamente de posições políticas, tanto de âmbito macro
quanto micro” (RIBEIRO, p. 12. 2020).
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
É sabido que uma das formas de valorização do magistério consiste em políticas públicas a fim
de assegurar uma carreira e remuneração compatível com a complexidade que a profissão exige.
Em 16 de julho de 2008 foi sancionada a Lei n° 11.738, que instituiu o piso salarial profissional
nacional para os profissionais do magistério público da educação básica. Posteriormente, em
27/02/2013, o Supremo Tribunal Federal – STF decidiu pela constitucionalidade da Lei que
regula o piso salarial nacional dos profissionais do magistério público da educação básica. A
decisão tem efeito erga omnes, ou seja, obriga a todos os entes federativos ao cumprimento da
Lei, inclusive o município de Cáceres -MT.
Em fevereiro de 2022 o piso nacional do magistério de 2022 foi regulamentado pela Portaria
67/2022 homologado o Parecer 2/2022/CHEFIA/GAB/SEB/SEB de 31 de janeiro de 2022, com
fulcro na Lei n° 11.738/2008. Com efeito, resultou no reajuste de 33,24% percentuais. Em
janeiro de 2022 o Reajuste Geral Anual foi de 14,35% para todos os servidores do município,
288
No mesmo mês, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais – SSPM convocou a categoria
da educação municipal para tratar de diversas pautas, conforme convocação do dia 07/02/2022,
dentre as pautas, constava o Piso Salarial Nacional em 18/02/2022, outra convocação, e a
assembleia reuniu novamente para discutir as mesmas pautas. Em 29/03/2022 os profissionais
da educação municipal foram convocados para paralisação em defesa da educação municipal
que ocorreu em 30 de março de 2022. E conforme consta na ata nº 25/2022 do SSPM a
paralisação foi necessária uma vez que as tentativas de negociação com a administração teriam
sido frustradas. Após a paralização o Executivo Municipal pediu aos profissionais da educação
um prazo, que corresponderia até o final do primeiro quadrimestre. Prazo este, prontamente
atendido pela categoria. Porém, encerrado o período de estudo e análise das contas a categoria
foi até ao executivo exigir uma resposta, que foi negativa para todas as pautas.
Diante da negativa, os profissionais da educação não viram outra saída que não fosse a deflagrar
a greve até que houvesse uma negociação. Na data de 03/06/2022 o SSPM comunica o
Executivo Municipal a partir do ofício nº 046/2022/SSPM a decisão unanime da assembleia
pela greve a partir do dia 07/06/202 afim de lutar por um direito já constituído e tutelado,
inclusive endossado pelo STF, bem como instituído pelo PME como uma estratégia da Meta
14 que consiste em “assegurar conforme Lei nº 11.738 de 16 de julho de 2008, que na
elaboração do Plano de Carreiras, Cargos e Salários seja utilizado o Piso Salarial profissional
nacional como o patamar mínimo de referência”. O município demorou mais de 30 dias para
iniciar diálogo e negociações, preferiu judicializar pedindo a ilegalidade da greve dos
profissionais da educação. A Desembargadora, do caso, em 22/06/2022 prolatou decisão da
tutela de urgência para retorno dos profissionais no prazo de 48 horas às atividades, sob pena
de multa diária fixada em R$1.000,00 (hum mil reais). Em assembleia a categoria decidiu por
pagar a multa e permanecer em greve, bem como contestar judicialmente.
Início de julho de 2022 o executivo pela primeira vez se dispõe ao diálogo e faz uma proposta
de acordo, esta, foi rejeitada e a categoria produziu uma contraproposta, que não foi atendida.
Logo, em 08 de julho, o sindicato, vereador, e o secretário de assuntos estratégicos do executivo
municipal conversaram e decidiram minutar coletivamente através de representantes uma
proposta máxima em relação ao piso nacional do magistério de 4% porcento as negociações
perduraram mais alguns dias, até que a proposta foi aceita pela categoria, uma vez que outras
289
CONCLUSÃO
Essas conquistas são os frutos de muitos embates e lutas da classe trabalhadora da educação,
que constitui processo de extrema complexidade dada a nossa história educacional, na qual ora
se revela o caráter centralizador dessas políticas, ora o seu caráter descentralizador, num
percurso de descontinuidade (SAVIANI, 2009). Todavia os debates sobre a construção dessas
políticas, assim como a das políticas de fundos, têm suas matérias vinculadas e votadas em
plena reforma do Estado, justificadas na necessidade de contenção de gastos sociais pela
máquina pública. Isso aconteceu com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e Valorização do Magistério - FUNDEF e o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB
que são pilares de sustentação do financiamento da educação brasileira, inclusive garantindo
um percentual para o pagamento remuneratório dos professores. Assim, como as Resoluções nº
03/1997 e nº 02/2009 – CNE que fixam diretrizes para os Planos de Carreira de professores.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
No dia treze de abril de 2022 foi aprovado em plenária do Conselho Municipal de Educação
(COMEV) o Parecer/COMEV 02/2022 - Técnico da Comissão de Legislação e Normas - CLN,
acerca da Lei Municipal no 9777/21, que institui a Bonificação por Desempenho no âmbito da
Secretaria Municipal de Educação (SEME), cria a Comissão de Bonificação por Desempenho
e dá outras providências.
Com essa ação da gestão, de enviar o referido projeto de lei, o COMEV é instigado a se
posicionar por meio de Parecer conforme legislação municipal, Lei 4746/1998 em seu artigo
terceiro quando fala das suas competências “[...]emitir parecer sobre questões e assunto de
natureza pedagógica e educacional que lhe sejam submetidas pelo Governo do Município, pelo
Secretário Municipal de Educação, bem como por outras autoridades, entidades e pessoas
interessadas.” (VITÓRIA, 1998, p. 02).
O foco deste estudo é discutir sobre o Parecer/COMEV 02/2022 que se posiciona a respeito da
lei 9.777/2021 do município de Vitória, que institui a bonificação por desempenho no âmbito
da SEME. Tendo como referência a retirada de direitos conquistados pelo magistério ao longo
do seu processo de lutas, quando regulamenta que para ter “direito” à bonificação, o docente
deve abdicar do direito de licença médica, licença para acompanhar familiares em atendimento
médico, licença nojo, licença gala. Nessa perspectiva, pode-se construir reflexões que para
292
alcançar a recompensa disponibilizada pela administração, o/a professor/a não poderá adoecer,
enlutar-se ou mesmo comemorar casamento.
PROBLEMA
O objetivo deste trabalho é analisar as perdas de direitos que os/as professores/as tiveram ao
serem submetidos à lei 9.777/2021 de bonificação por desempenho da SEME, do município de
Vitória, relacionando a responsabilização do fracasso/sucesso para professores/as e estudantes.
METODOLOGIA
Este trabalho tem como abordagem o relato de experiência. Fizemos essa escolha pelo nosso
envolvimento com o processo de elaboração do Parecer/COMEV 02/2022, sendo que uma
compõe a relatoria e a outra atuava como presidenta do COMEV. Nossa vivência com a feitura
do documento, coloca-nos em condições de relatar o percurso de reflexões produzidas nos
encontros e lives promovidas pelo COMEV. O roteiro a ser usado poderá auxiliar na
compreensão do referido parecer, fazendo com que amplie o entendimento da temática.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Aos falarmos sobre a perda de direitos do magistério, o parecer explicita críticas à SEME por
falta de políticas públicas e faz inferência a respeito das licenças médicas e licença para
293
Outro aspecto que o parecer faz referência é a destituição do direito de celebrar o amor, ou seja,
os/as professores/as tinham direito à licença gala de 07 dias para celebração de seu matrimônio.
A partir da lei 9.777/2021 o profissional que fizer a escolha de usufruir seu direito “[…]ao
tirarem licença gala, perdem a ‘valorização’ e caem na classificação dos/das sem mérito, pois
apenas os/as ‘preguiçosos/as’ celebram o amor e a vida.” (VITÓRIA, 2022, p. 03).
O parecer sinaliza com base em Esteban(2008) que o discurso oficial indica os dados das
avaliações padronizadas como mecanismo de melhoria da educação. No entanto, a referida
autora aponta que “[...]as avaliações externas pouco contribuíram, ao longo dos anos, para a
educação e para a melhoria da aprendizagem. (VITÓRIA, 2022, p. 08).
Dessa forma, a lei de bonificação tem como referência as metas determinadas para as Unidades
de Ensino e no índice do PAEBES. Nesse contexto, a organização pedagógica pode caminhar
na perspectiva de resultados e é assombrada pela vigilância severa dos organismos externos.
"[...]o que está em jogo não é a possível certeza de ser sempre vigiado, tal como no clássico
panóptico, e sim a incerteza e a instabilidade de ser avaliado de diferentes maneiras, por
diferentes meios e por distintos agentes” (BALL, 2001, p. 110).
que foi desenvolvida e amplamente discutida junto à comunidade escolar e dialoga com as
realidades educacionais do município.
Paro (2012) elabora uma crítica sobre a remuneração por mérito aos professores dizendo que é
uma medida descabida que revela o desconhecimento das condições da atividade pedagógica,
e, nela, revelam-se dois supostos: “[...]suposição da incúria do professor no desenvolvimento
de suas atribuições”, precisando ser estimulado para tal como acontece na produção capitalista;
e, o segundo, “[...]o reconhecimento (não explícito) de que o salário do professor não é
suficiente para propiciar-lhe condições mínimas de trabalho” (PARO, 2012, p. 601).
CONCLUSÃO
Destacamos que a valorização salarial é algo que se reflete ao longo da carreira das/dos
professoras/es e impacta positivamente na sua qualidade laboral e de vida e que, de acordo com
a Constituição Federal, os vencimentos de um/uma trabalhador/a precisam suprir as suas
necessidades vitais básicas, bem como as de sua família, com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O presente resumo apresenta o trabalho docente com audiovisuais discutindo temas como
ecologia, discriminação e preconceito dialogados na disciplina de Diversidade e Diferença na
Educação, ministrada pela professora doutora Patrícia Gomes Rufino Andrade47, no mestrado
profissional em educação da UFES.
O trabalho docente envolve uma diversificação de metodologias e práticas, que façam sentido
aos estudantes e promovam conhecimento e cidadania. Uma dessas oportunidades são as
práticas escolares com audiovisuais nos quais um assunto pode ser introduzido, ou ainda uma
oficina pode ser criada. O artigo aqui apresentado abordou os assuntos já citados através do
episódio “O casamento de Roy” da série “Família Dinossauro” em que ocorreram conversas a
partir do episódio culminando com algumas atividades.
METODOLOGIA
47
A professora faz parte do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros. É professora Adjunta do Centro de Educação,
UFES.
297
diferenças de status e de hierarquias, de modo que a mera introdução de dispositivos legais não
é suficiente para garantir a compreensão do debate que perpassa as definições de igualdade e
diferença. A diferença não é uma característica natural, esse processo acontece na relação social
e é produzido em conexão com as relações de poder e em meio a essa estrutura a diferença é
avaliada de forma negativa em detrimento ao não diferente, contudo “[...] “essa outra coisa”, o
“não diferente”, também só faz sentido, só existe na “relação de diferença” que a opõe ao
“diferente” (SILVA, 2007, p. 87). Alguns episódios da série televisiva “Família Dinossauro”,
contribuem neste artigo para dialogar sobre igualdade e diferença ao trazer o audiovisual como
ferramenta acessível, que aproxima e transmite o texto científico por meio de imagens e sons.
No episódio “O casamento de Roy”, retornando a fala onde o personagem Dino dialoga com
seu filho Baby:
A narrativa acima, revela um “tipo ideal” de dinossauro construído ideologicamente pela classe
dominante, onde os seres que andam apenas com duas patas são considerados bons, aceitáveis
dentro da sociedade dos dinossauros, por sua vez os dinossauros que andam com as quatro patas
são considerados maus, pois dentro de uma visão estereotipada da sociedade em que vivem,
correspondem a seres biologicamente inferiores. A ideia que relaciona os dinossauros
quadrúpedes a seres maus, pode ser considerada preconceito racial, pois ao se espalhar nas
relações sociais carregando tais estereótipos, impede o “ser diferente” de ampliar seus espaços
sociais, se configurando na discriminação.
Mônica: Fran, não acredito!!! Fui despedida do meu emprego hoje, só porque
sou quadrúpede!
Fran: O que? Mônica que loucura!!! Tem certeza?
Mônica: Tenho, a ordem saiu da diretoria, se você tem quatro patas está fora,
dispensaram a mim, duas mesas e uma mesinha de café.
Charlene: Mãe, corre liga a tv! Oi Mônica, você precisa ver isso!
Voz do apresentador na tv: Hoje uma reunião especial do conselho de sábios,
mudou radicalmente a legislação tornando ilegal qualquer um que tenha
quatro patas. Todos os dinossauros quadrúpedes têm vinte e quatro horas para
abandonarem suas propriedades e voltarem para o outro lado do pântano a não
ser que sejam casados com um bípede ou se disponham a passar pelas
alterações cirúrgicas necessárias.
As discussões desenvolvidas até aqui nos possibilitam constituir outras reflexões e práticas,
entendendo que as disparidades que atravessam as diferenças e igualdades têm profundas raízes
que estão ligadas à raça, gênero e cultura.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após tecer um plano de aula com as ideias principais a serem discutidas, o episódio foi levado
para a sala de aula, buscando compreender as percepções dos estudantes do 6º e 8º ano do ensino
fundamental, na disciplina de Geografia. Tendo como embasamento teórico o pensamento de
Paulo Freire: “A teoria sem a prática vira ―verbalismo, assim como a prática sem teoria, vira
ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e
modificadora da realidade.” (2021, p.25)
Antes da exibição do episódio, foi explicado um pouco sobre a série, sendo que alguns
estudantes disseram que conheciam a “Família Dinossauros”, outros reconheceram durante o
episódio. Nas aulas anteriores a exibição do episódio haviam sido discutidos os temas principais
contido no mesmo, como os problemas ambientais com o 6º; e discriminação e preconceito ao
abordar as migrações na América Latina com o 8º ano. Lembremos que estes são temas
transversais da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e podem ser discutidos em várias
disciplinas e séries do ensino fundamental e médio.
Ao discutir o episódio foram feitas algumas problematizações: Qual o tema central do episódio?
Quais assuntos foram abordados? O que mais chamou atenção? O objetivo era ouvi-los falar,
deixando livres.
Algumas dificuldades inerentes há muitos cotidianos escolares aconteceram, como o áudio não
ser tão bom em uma aula devido há outro evento na escola, a imagem não ser tão visível, pois
a sala de vídeo tinha muita claridade. Apesar dos problemas, o diálogo com os educandos foi
muito interessante, destacando a seguinte fala: “Este episódio possui muita crítica social”.
299
Outros temas levantados pelos estudantes foram: casamento, casamento forçado, machismo,
preconceito, desmatamento, desemprego, discriminação. Determinados temas foram mais
abordados em algumas turmas que em outras, mas sabemos enquanto professores, que
diversidade de pessoas promovem também aulas diferentes. Na aula seguinte foi retomado o
diálogo e uma nova conversa sobre o tema foi iniciada. Após esse momento foi solicitado uma
atividade, sendo que, como registro no caderno, poderia ser um breve resumo sobre o episódio,
uma comparação entre o que foi visto com a realidade, ou ainda um desenho.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
300
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. 23ª impressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Diferença e identidade: o currículo multiculturalista. In: ______.
Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2007. p. 85-90.
INTRODUÇÃO
Partindo da Constituição Federal Brasileira de 1988, que cita em seu artigo 205 que a
educação é um direito de todos e dever do Estado contando com a colaboração e incentivo da
sociedade, seguindo pelo artigo 206 que cita um dos princípios sendo o da garantia do padrão
de qualidade para a educação e perpassando pela realidade encontrada no sistema educacional
brasileiro, em nossas experiências cotidianas como profissionais da educação, percebemos a
urgência em dialogar a respeito da qualidade da educação brasileira através de uma efetiva
cooperação.
DESENVOLVIMENTO
De 2015 a 2022, estive à frente da Direção no CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil)
Georgina da Trindade Faria, localizado em São Pedro, no município de Vitória – ES, onde
implementamos “Formação Continuada na Escola”, através do uso de Plataforma Digital
VIXEDUCA e também a Aprende Vix, ambas administradas e disponibilizado acesso pela
secretaria municipal de educação de Vitória para formação dos profissionais, o que
possibilitou maior alcance, qualidade de conhecimento e a construção colaborativa de
documentos coletivos para essa Unidade de Ensino, além é claro de ser economicamente mais
viável para participação de todos os interessados e palestrantes convidados. Diferentes
profissionais, vindos de setores diferentes, municípios da Região Metropolitana com sistemas
educacionais diferentes, conseguiram unir esforços e produzir uma diretriz interna para que
essas diferenças trazidas não interferissem e causassem divisões internas.
Novas concepções de formação trazem, como um dos eixos principais, os grupos de formação,
que não se constroem somente por meio da acumulação de saberes no processo de formação
inicial universitária e acadêmica, mas, sobretudo, por meio de um trabalho eminentemente
303
reflexivo, o qual amplia e favorece as discussões e as trocas tão importantes para a construção
do conhecimento.
Segundo Freire (2001), faz parte da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa.
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino... No meu entender, o que há de
pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que
se acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a
busca, a pesquisa. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. (FREIRE,
2002, p. 14).
É na troca que o saber se complementa, pois cada pensamento se conecta a outro e vão se
formando novas ideias que levarão a novas buscas e consequentemente a novos saberes tecendo
assim uma teia de conhecimento construída coletivamente.
Os temas eram selecionados logo nos primeiros dias de atividades letivas no início de cada
ano, onde os servidores, livremente e espontaneamente indicavam temáticas e assuntos a
serem abordados em um processo de construção colaborativa da ementa a ser implementada
ao longo do percurso letivo.
De modo geral a dinâmica de formação considerava debates que ocorriam nas datas agendadas
em calendário realizadas, portanto, presencialmente, mas de forma complementar também
recorria a sistemas online, disponibilizados pela SEME mas gerenciados pela equipe gestora
da unidade, onde cada participante realizava atividades na plataforma como forma de registro
das temáticas abordadas e complementando a carga horária de formação.
304
O certificado ao final do ano, era emitido pela própria direção da escola validado pela GFDE
para fins de progressão funcional.
Sendo assim, como tal recurso e prática a estratégia efetivou a colaboração no processo de
formação continuada na educação infantil, articulando vários segmentos da unidade bem
como profissionais articulando diferentes experiências, vivências e formações.
Partindo das próprias vivências cotidianas na educação (como docente, pedagoga e diretora
escolar) e fazendo uma análise de vários estudos mais amplos realizados sobre os efeitos da
cooperação, colaboração, pactuação entre entes federados é urgente a necessidade de
implementar um modelo que favoreça a integração e articulação, nas diferentes redes e
sistemas de ensino, a participação dos diferentes atores sociais.
Atualmente, no estado do Espírito Santo, temos o Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo
(Paes), uma iniciativa do Governo do Estado com o objetivo de fortalecer a aprendizagem das
crianças desde a educação infantil até as séries finais do ensino fundamental, desenvolvida a
partir do estabelecimento de um regime de colaboração entre o estado e as redes/sistemas
municipais de ensino por meio de adesão voluntária instituída pela Lei Estadual nº 10.631 de
28 de março de 2017 criado e o Fundo Estadual de Apoio à Ampliação e Melhoria das
Condições de Oferta da Educação Infantil no Espírito Santo instituído pela Lei Estadual nº
10.787/2017, cujas normas e critérios para regulamentar os procedimentos administrativos
referentes ao repasse e execução de recursos financeiros provenientes do fundo foi ditado pelo
Decreto Estadual nº 4.217-R/2018.
Temos, como atores pactuados e participantes do PAES a UNDIME (União dos Dirigentes
Municipais de Educação) e em nível nacional o CONSED (Conselho dos Secretários de
Educação dos Estados), esses se destacam pela articulação de colegiados e organizações de
educação pública. O que vale refletir é que essas associações partem de princípios, iniciativas
e desejos que contemplam uma educação de qualidade e para todos, mas efetivamente
precisamos criar instâncias que alcancem a todos os profissionais envolvidos na equidade e
qualidade educacional. De fato, a colaboração é uma alternativa constitucional.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS