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FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA

CUIDADOR INFANTIL
República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal do Sul de Minas Gerais

Equipe Técnica

Adriana Correia Almeida


Marly Cristina Barbosa Ribeiro
Professoras-autoras

Clayton Silva Mendes


Organizador

Flávia Figueirêdo
Revisora

Natalia Bae
Diagramadora

Licença

Creative Commons - CC BY SA
https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/CCBYSA

Material produzido com recursos do TED 10726 -


Projeto Qualifica Mais Emprega Mais MEC/SETEC/IFSULDEMINAS.

Informações e Contato:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - IFSULDEMINAS.
Pró-Reitoria de Extensão. Coordenação-Geral do Pronatec/Novos Caminhos.
Avenida Vicente Simões, nº 1.111 - Bairro Nova Pouso Alegre - Pouso Alegre/MG.
CEP: 37553-465
E-mail: proex@ifsuldeminas.edu.br
portal.ifsuldeminas.edu.br
Apresentação

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais


(IFSULDEMINAS) tem como objetivo ofertar educação profissional e tecnológica nas
diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos
e tecnológicos com a prática pedagógica, visando promover o desenvolvimento social,
tecnológico e econômico. Busca-se implementar os objetivos institucionais por meio
de diversas ações educativas, entre elas as que promovam a oferta de cursos de
Formação Inicial e Continuada (FIC) à comunidade. A Formação Inicial e Continuada
qualifica e prepara as pessoas para a vida produtiva e social, promovendo a inserção
e reinserção de jovens e adultos para o mercado de trabalho. Neste sentido, inclui
cursos de capacitação profissional, aperfeiçoamento e atualização profissional de
trabalhadores em todos os níveis de escolaridade. Abrange cursos especiais, de livre
oferta, abertos à comunidade, além de cursos de qualificação profissional integrados
aos itinerários formativos do sistema educacional, presenciais e à distância.
Este material foi estruturado numa construção de conhecimento que articula teoria
e prática, com o objetivo de capacitar e mobilizar saberes empíricos (desenvolvidos
ao longo da vida social, escolar e laboral), expandindo-os para que, assim, o futuro
profissional possa atuar de maneira eficaz em situações concretas, tendo uma
compreensão mais real e global do mundo do trabalho. Os métodos pedagógicos e as
práticas de ensino terão o aluno como centro do processo educacional e sujeito ativo
de sua própria aprendizagem. São propostas situações de ensino e de aprendizagem
norteadas por objetivos específicos, os quais definem as práticas que o estudante
precisa realizar para aprender e imprimir sentido à sua formação, fazendo com que
ele exercite habilidades técnicas e obtenha capacidade de pensar criticamente. Nesse
sentido, o IFSULDEMINAS reafirma seu compromisso de promover uma educação
transformadora das realidades cultural, social, laboral, política e ética.

Clayton Silva Mendes


Coordenador-Geral
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
IFSULDEMINAS – Campus Passos
Biblioteca Clarice Lispector

A444c Almeida, Adriana Correia.


Cuidador infantil [recurso eletrônico] / Adriana Correia Almeida, Marly
Cristina Barvosa Ribeiro ; organizador Clayton da Silva Mendes. -- Passos :
IFSULDEMINAS, 2022.
132 p. : il.

Série: Cadernos IFSULDEMINAS FIC n. 6


ISBN: 978-65-89334-44-6

1. Cuidadores de crianças. 2. Crianças – Desenvolvimento. 3. Educação


infantil. I. Ribeiro, Marly Cristina Barbosa. II. Mendes, Clayton da Silva,
organizador. III. Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (Campus Passos).
IV. Título.

CDD 370
Elaborada por Jussara Oliveira da Costa – CRB 6/2801
Bibliotecária IFSULDEMINAS – Campus Passos
Sumário
UNIDADE 1. O cuidador e a criança............................................................ 11
1. Compreendendo a criança................................................................. 11
2. O cuidador......................................................................................... 14
3. Mercado de trabalho para o cuidador................................................ 16
Atividades de aprendizagem.................................................................. 20
Referências bibliográficas..................................................................... 21

UNIDADE 2. Ética e a Garantia dos Direitos da Criança.............................. 23


1. O estatuto da criança e do adolescente – ECA.................................... 24
Atividades de aprendizagem.................................................................. 31
Referências bibliográficas..................................................................... 32

UNIDADE 3. Noções de Psicologia e de Desenvolvimento Infantil.............. 33


1. A psicologia e a inteligência.............................................................. 33
2. Estímulo e aprendizagem................................................................... 35
Atividades de aprendizagem.................................................................. 40
Referências bibliográficas..................................................................... 41

UNIDADE 4. Educação infantil: atividades pedagógicas,


lúdicas e de criação.................................................................................. 43
1. Iniciando a nossa conversa: por que brincar é importante?................ 43
2. Diferentes representações do lúdico: jogar, contar histórias e
os fantoches.......................................................................................... 53
2.1 Os jogos.................................................................................................. 53
2.2 A contação de histórias e o faz de conta do teatro de fantoches..... 57
Atividade de aprendizagem................................................................... 63
Referências bibliográficas..................................................................... 64

UNIDADE 5. Crescimento e desenvolvimento infantil e monitoramento


do estado de saúde da criança.................................................................. 65
Introdução............................................................................................ 65
1. Dados antropométricos..................................................................... 65
1.1 Antropometria........................................................................................ 65
1.2 Como aferir as medidas nos primeiros meses de vida........................ 66
1.3 Importância das consultas médicas..................................................... 67
2. Desenvolvimento normal da criança.................................................. 67
2.1 Desenvolvimento físico......................................................................... 67
2.2 Desenvolvimento cognitivo.................................................................. 69
3. Calendário nacional de vacinação...................................................... 71
3.1 Importância da vacina para a saúde da criança e da população....... 71
3.2 Idade apropriada para vacinas.............................................................. 71
4 Cuidados básicos com a criança de 0-6 anos........................................ 72
4.1 Alimentação........................................................................................... 72
4.2 Higiene do ambiente............................................................................. 72
4.3 Higiene da criança................................................................................. 73
4.4 Dentes e higiene bucal.......................................................................... 74
4.5 Cuidados com administração de medicamentos................................ 76
4.6 Reações alérgicas.................................................................................. 76
4.7 Cólicas do lactente................................................................................ 78
5. Prevenção de acidentes e primeiros socorros.................................... 79
5.1 Envenenamento..................................................................................... 82
5.2 Queimaduras.......................................................................................... 82
5.3 Intoxicação alimentar............................................................................ 83
5.4 Aspiração, asfixia e afogamentos......................................................... 84
5.5 Atropelamentos, quedas e traumas..................................................... 87
5.6 Choques elétricos.................................................................................. 88
5.7 Corte contuso e sangramentos............................................................ 88
6. Sinais de abuso sexual....................................................................... 89
6.1 Mudança de comportamento............................................................... 89
6.2 Proximidade excessiva........................................................................... 90
6.3 Regressão............................................................................................... 90
6.4 Segredos................................................................................................. 90
6.5 Hábitos.................................................................................................... 91
6.6 Questões de sexualidade...................................................................... 91
6.7 Questões físicas..................................................................................... 91
6.8 Negligência............................................................................................. 91
Atividades de aprendizagem.................................................................. 93
Referências bibliográficas..................................................................... 94

UNIDADE 6. Qualidade de vida da criança: nutrição e


alimentação na infância............................................................................ 95
1. A importância do leite materno: primeira fonte de alimentação da
criança.................................................................................................. 95
1.1 Benefícios da amamentação para a saúde da mulher....................... 96
1.2 Fatores que auxiliam a produção do leite materno........................... 96
1.3 Fatores que prejudicam a amamentação............................................ 97
1.4 Cuidados na amamentação.................................................................. 97
1.5 Cuidados com o bebê após amamentar.............................................. 99
2. Transição do aleitamento materno para outros alimentos................100
2.1 Esquema de alimentação até os dois anos de vida..........................100
2.2 Alimentação após os dois anos..........................................................101
3. Problemas de saúde relacionados à alimentação da criança..............103
3.1 Obesidade.............................................................................................104
3.2 Anemia..................................................................................................105
3.3 Diabetes tipo II.....................................................................................105
3.4 Colesterol alto......................................................................................105
3.5 Hipertensão..........................................................................................105
3.6 Distúrbios gastrointestinais................................................................106
Atividades de aprendizagem.................................................................107
Referências bibliográficas....................................................................109

UNIDADE 7. Doenças prevalentes na infância e assistência à


criança com deficiência...........................................................................109
1. Doenças prevalentes na infância e a criança doente..........................109
1.1 conheça bem a rotina e o comportamento da criança....................113
2. Atenção integrada às doenças prevalentes na infância (aidpi)...........112
3. A triagem neonatal...........................................................................112
4. Laboratório de prática em shantala .................................................114
5. Deficiência intelectual (di)................................................................114
5.1 transtornos do espectro do autismo..................................................116
5.1.1 cuidados com a criança autista.............................................117
5.2 transtornos mentais e do comportamento.......................................119
6. Deficiência física..............................................................................119
6.1. amputação ou ausência de membro.................................................120
6.2 nanismo – deficiência acentuada no crescimento...........................120
6.3 membros com deformidade congênita..............................................120
6.4 ostomia.................................................................................................120
6.5 deficiência auditiva..............................................................................120
6.6 deficiência visual..................................................................................120
6.7 deficiência múltipla.............................................................................120
6.8 Paralisia Cerebral.................................................................................121
6.8.1 Cuidados durante uma crise convulsiva...............................122
6.9 Síndrome de Down...............................................................................123
6.9.1 Características físicas da criança com
síndrome de Down............................................................................123
6.9.2 Alguns problemas de saúde associados à
síndrome de Down............................................................................124
6.9.3 Cuidados com a saúde da criança com
Síndrome de Down............................................................................125
7. Estado gripais - COVID-19 em crianças..............................................125
7.1 Cuidados básico para evitar a covid e gripes.....................................126
8. Verminoses.......................................................................................126
8.1 Cuidados para evitar............................................................................127
Recapitulando o conteúdo....................................................................127
Atividades de aprendizagem.................................................................128
Referências bibliográficas....................................................................129
Bibliografia complementar...................................................................130

Currículo das professoras-autoras...........................................................131


Palavra das
professoras-autoras

Cursista, seja bem-vindo!


Este material foi elaborado com o objetivo de complementar a sua formação de
cuidador infantil, fornecendo suporte teórico e prático para desenvolver suas funções
com os cuidados das crianças.
Como um bom cuidador, é importante que você conheça e reconheça uma
criança em termos físicos, psicológicos e conforme a legislação em nosso país. Você
perceberá, ao longo de seus estudos, quanta responsabilidade terá ao cuidar de um
ser em formação, e por isso, a sua qualificação é extremamente importante nesse
processo.
O cuidador infantil bem capacitado encontra um mercado de trabalho bastante
amplo, podendo atuar como apoio em creches infantis, berçários, brinquedotecas,
eventos para o público infantil, empresas, entre outros setores.
Sendo assim, convidamos você a iniciar este curso e, com muito entusiasmo, a
se aprofundar no universo infantil e em suas demandas, para que possa aproveitar
ao máximo a sua capacitação.
Bons estudos!
Adriana Correia e Marly Cristina Barbosa Ribeiro
Professoras-autoras

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10
Unidade 1
O cuidador e a criança

Unidade 1 – O cuidador e a criança

Cursista,
Dando continuidade aos nossos estudos, nesta unidade lidaremos com a concepção
do que é ser criança e com a principal lei de proteção a ela: o Estatuto da Criança e
do Adolescente.
Sendo assim, inicialmente definiremos o que é ser criança, compreenderemos
qual é o papel do cuidador para o bom desenvolvimento dela e discorreremos sobre
quais possibilidades o mercado de trabalho poderá oferecer a você que decidiu se
aperfeiçoar nesse ofício tão importante ao apoio à sociedade.
Bons estudos e vamos lá!

1. COMPREENDENDO A CRIANÇA
O que é ser uma criança? Como um bom cuidador, é importante que você conheça
e reconheça uma criança em termos físicos, psicológicos e conforme a legislação
em nosso país.
Em termos legais, o nosso Estatuto da Criança e Adolescente, o chamado ECA,
em seu Artigo nº 2, diz-nos:

Art. 2º Considera-se criança,


para os efeitos desta Lei, a
Estatuto da Criança e do
pessoa até doze anos de
Adolescente, Lei nº 8069,
idade incompletos, e ado-
de 13/07/1990
lescente aquela entre doze
e dezoito anos de idade.

O ECA é uma Lei extremamente importante a ser estudada mais detidamente na


próxima unidade. É através dela que diversos direitos são garantidos, não somente
aos pequenos, mas também aos nossos adolescentes.

11
Cuidador infantil

Você, como cuidador, atenderá crianças de aproximadamente até onze anos de


idade e, neste estudo, perceberá a responsabilidade assumida nesse processo.
Para compreendermos o desenvolvimento da criança como um todo, é importante
saber que ela passa pela infância.
Diferente de outras épocas, hoje compreende-se que a infância não é somente
a transição de uma fase da vida até chegar à adolescência. A infância deve ser
compreendida por FASES, descritas como:
a) Primeira Infância: Até os dois anos de idade

É o período no qual a criança deve ter a sua alimentação baseada no leite


materno e as mães devem ter assegurados seus direitos trabalhistas, para
que possam fornecer esse alimento aos bebês. Nessa fase, geralmente a mãe
é a primeira e principal referência da criança, que está em amamentação.
b) Segunda Infância: Dos dois aos seis anos, também conhecida como fase
pré-escolar.

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Unidade 1 – O cuidador e a criança

É a fase em que o desenvolvimento motor da criança está “a todo vapor”. A


criança começa a ficar mais independente, curiosa, conhece mais palavras
e se interessa pelo mundo à sua volta.
Você deve ter muita disponibilidade para estimulá-la, brincar e proporcionar
um ambiente acolhedor para toda a curiosidade que ela mostrará. Lembre
de nunca punir uma criança por ela querer saber mais sobre o mundo e sobre
o que a cerca.
c) Terceira Infância: Dos seis anos até o início da puberdade. Pode-se chamar
também de fase escolar.

Nessa fase, a criança está mais independente, tem bom domínio da língua
e aprende a usar a escrita e os números. É criativa e participativa. Quer
estar em grupos e sente a necessidade de estar em pares. Precisa de muita
orientação e de conversa sobre limites, pois está em processo de formação
de sua personalidade e de seus valores.

Tendo sido apresentado brevemente às fases da infância da criança. (voltaremos a


tratar das características de cada uma delas no decorrer do nosso curso), é necessário
que conheça as características básicas das fases da infância, informação que pode
auxiliá-lo como cuidador/cuidadora a compreender o processo de desenvolvimentos
dos pequenos, bem como atentá-lo caso alguma criança demonstre não estar em
pleno desenvolvimento na etapa.
Para avançarmos, é importante que você saiba que o crescimento e o
desenvolvimento de uma criança dependem basicamente de acesso ao tratamento

13
Cuidador infantil

da sua saúde física e mental, à educação e alimentação de qualidade, da segurança


e qualidade de vida em seu lar.

2. O CUIDADOR

Os primeiros cuidadores da criança podem ser a mãe, o pai, os irmãos ou mesmo


os avós. Entretanto, essa rede de cuidados vem se ampliando e agora você está aqui
conosco, se capacitando para poder exercer esse importante ofício, auxiliando no
cuidado e desenvolvimento da criança.
Você percebeu a sua responsabilidade no processo de auxiliar o desenvolvimento
infantil de uma criança? Sim! Você tem uma participação essencial, pois em alguns
casos, poderá passar muitas horas cuidando dos filhos de outras pessoas, enquanto
elas, assim como você, também precisam trabalhar.
Cuidar de uma criança excede os cuidados básicos diários, tais como, dar banho,
dar comida, trocar a fralda...
Cuidar efetivamente de um pequeno ou de uma pequena é garantir a integridade
física e mental dessa criança, enquanto ele ou ela ficar sob a sua responsabilidade.

PARA REFLETIR

Cuidador/cuidadora, como você pode auxiliar no processo de desenvolvimento


da criança que estará aos seus cuidados?

Quando você for escolhido para ser cuidador por uma família ou outra instituição,
saiba que um grande voto de confiança lhe está confiado. Delegar o cuidado de uma

14
Unidade 1 – O cuidador e a criança

criança a outra pessoa é um ato que envolve escolhas muito fortes aos pais/tutores
legais. Por isso, é muito importante conhecer e se aperfeiçoar nesses cuidados.

Lembre sempre que apesar de cada etapa da infância ter algumas características
gerais, cada criança é única, e que as diferenças entre elas devem ser fatores para
enriquecer a maneira como elas aprenderão as coisas.
As experiências que vivemos em nossa infância influenciam significativamente
o adulto que nos tornamos. Por isso, as pessoas que cuidam de crianças devem
em primeiro lugar GOSTAR DE CRIANÇAS. Devem ter disponibilidade e vontade
de estimulá-las, compreender que elas não são “adultos em miniatura”, manter
conversas compreensivas, ficar alertas aos riscos de acidentes, entre outras situações
que trataremos no curso.
Lembre-se, antes de tudo, de que ao cuidar de uma criança:
• Não economize afeto e atenção;
• Observe sempre o comportamento da criança, desde seus interesses até
seus possíveis incômodos para que você possa atuar de maneira assertiva;
• Elogie e estimule as ações das crianças para que elas possam aprender novas
habilidades.

15
Cuidador infantil

3. MERCADO DE TRABALHO PARA O CUIDADOR


A profissão de “cuidador infantil” está referenciada na Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho, e é importante, como futuro profissional,
que você compreenda o que isso significa.

CBO é um documento, em formato de tabela, que retrata a realidade das profissões


do mercado de trabalho brasileiro, sem diferenciação entre aquelas regulamentadas
e as de livre exercício profissional. Foi instituída com base legal na Portaria nº 397,
de 10 de outubro de 2002.
A CBO trata do reconhecimento da existência de determinada ocupação no mercado
de trabalho brasileiro.
É importante que você saiba que a CBO não regulamenta profissões, apenas as
classifica, essa responsabilidade é do Congresso Nacional.
A CBO é atualizada praticamente anualmente e seus dados alimentam as bases
estatísticas de trabalho e servem de subsídio para a formulação de políticas públicas
de emprego. É divulgada pela Secretaria Especial da Previdência e Trabalho do
Ministério da Economia (antigo MTE - Ministério do Trabalho).
Você pode acessá-la no site http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf

Fontes: https://empregabrasil.mte.gov.br/76/cbo/ e
https://www.salario.com.br/ocupacao/cargos/cbo-516210-cargos/

A ocupação de cuidadores de crianças, de jovens, de adultos e de idosos na CBO


pertence ao grupo dos trabalhadores nos serviços de embelezamento e cuidados
pessoais e tem o código “CBO 5162-10”.
Segundo a CBO, os cuidadores de crianças, de jovens, de adultos e de idosos (CBO
5162-10) cuidam de bebês, crianças, jovens, adultos e idosos, a partir de objetivos
estabelecidos por instituições especializadas ou por responsáveis diretos, zelando

16
Unidade 1 – O cuidador e a criança

pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação


e lazer da pessoa assistida.
A CBO, ao elencar o cuidador infantil como ocupação, sob a categoria de
prestadores de serviços, amplia a possibilidade de sua atuação profissional como
autônomo, bem como, de se tornar assalariado em uma instituição.
É impossível listar todas as ações que devemos ter ao cuidarmos das crianças,
todavia, pontuamos algumas delas que são importantes, de acordo com a CBO 5162-
10, a saber:
• Verificar o estado de saúde da criança diariamente;
• Proporcionar brincadeiras saudáveis, a fim de promover a curiosidade, o
desenvolvimento motor e a sociabilidade infantil;
• Estimular a fala, contando histórias, lendo pequenas histórias, cantando;
• Falar de maneira calma e assertiva com os pequenos;
• Acompanhar na realização do dever escolar, incentivando o interesse nos
estudos;
• Informar aos responsáveis legais mediante comportamentos que julgar dife-
rentes, por exemplo, agressividade ou apatia, lesões, queixas etc.;
• Acompanhar as crianças pequenas em suas refeições;
• Ofertar alimentos saudáveis e em horas apropriadas;
• Não oferecer remédios que não sejam indicados pelo profissional de saúde
ou pelo responsável legal (que também deve procurar o médico);
• Jamais agredir fisicamente;
• Não agredir verbalmente e nem gritar;
• Verificar ambientes e situações que podem colocar em risco a criança e,
quando forem identificados, avisar aos responsáveis legais;
• Jamais oferecer bebidas alcoólicas;
• Jamais oferecer cigarros ou algo parecido às crianças;
• Oferecer roupas adequadas ao clima, trazendo conforto e integridade à criança;
• Oferecer um ambiente saudável em casa;
• Manter uma rotina de horários com a criança (hora para dormir, comer, tomar
banho, estudar, brincar...);
• Não ofertar demasiadamente celulares, TV e tablets à criança. Lembre-se de
que há outras maneiras de estimulá-las, tais como, ler um livro, contar uma
história, cantar, passear de mãos dadas numa praça ou no parque, perguntar
como foi o seu dia e escutar com atenção.

O cuidador/cuidadora infantil bem capacitado/capacitada encontra um mercado


de trabalho bastante amplo. A inserção cada vez mais crescente das mulheres no

17
Cuidador infantil

mundo do trabalho, a expansão dos ambientes lúdicos e recreativos e a oferta de


creches são alguns dos fatores que possibilitam a abertura de vagas para o cuidador.
Sendo assim, você pode encontrar trabalho em:
a) Berçários e creches
Nessas instituições você pode atuar como apoio aos professores de Educação
Infantil.

DICA

Assista ao vídeo de uma breve reportagem de cuidadores infantis e suas ações:


Cuidadores infantis do Programa “Manhã Total” da TV Paranaíba:
https://youtu.be/1hOa-8owRmg

b) Espaços lúdicos, de recreação e brinquedotecas

SAIBA MAIS

O que é uma brinquedoteca?


É um ambiente lúdico e apropriado preparado para estimular a criança a brincar.
Nele há brinquedos e materiais que devem conduzir a criança a explorar, a sentir,
a experimentar e a fantasiar.

18
Unidade 1 – O cuidador e a criança

c) Agências que recrutam cuidadores e cuidadoras profissionais para trabalhar


em eventos com crianças (salão de festas infantis, áreas de recreação em
shoppings ou restaurantes, empresas que promovem o “dia do lúdico” para
as mães etc.);
d) Abrigos, Casas de transição e Organizações Não Governamentais (ONGs) que
cuidam de crianças;
e) Hospitais (como recreadora e na brinquedoteca desses estabelecimentos);
f) Em sua residência ou na residência da criança.
É importante que você saiba o seu papel ao assumir os cuidados de uma criança.
Essa foi apenas uma etapa introdutória em favor da compreensão da sua importância
no processo de desenvolvimento integral de um ser humano em formação. Por isso,
este curso lhe proporciona o estudo e o conhecimento de alguns aspectos que fazem
parte daquilo que compõe o universo da criança, incluindo a legislação que a protege,
as características de seu desenvolvimento físico, mental e psicológico e os cuidados
em cada etapa de sua vida.
Ainda temos muito a caminhar em nosso curso. Vamos lá?!

19
Cuidador infantil

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1. Quais as fases XXcompõem a infância de uma criança?

2. Cite cinco cuidados essenciais, segundo a CBO 5162-10, que você deve ter ao
cuidar de uma criança.

20
Unidade 1 – O cuidador e a criança

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Lei nº 8.069, 13 de julho
de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Diário Oficial da União. ano 1990, Disponível em: https://bit.ly/3wwam0A

BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário: Programa Criança Feliz. Cuidados


para o Desenvolvimento da Criança (CDC) - Manual de orientação às famílias. Autores:
Patrice Engle e Jane E. Lucas. Tradução realizada pela equipe técnica do Instituto Alfa
e Beto com autorização da UNICEF. Tradução do original Care for Child Development,
2012. Disponível em: https://bit.ly/3Kq3ibB

BRASIL, INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. PRONATEC. Formação Inicial e Continuada:


Cuidador Infantil. Edilomar Leonart. 2012.

21
Unidade 2
Ética e a Garantia dos
Direitos da Criança

Unidade 2 – Ética e a Garantia dos Direitos da Criança

Cursista,
Nesta unidade você aprenderá sobre a importância das leis de proteção à criança e
ao adolescente. O nosso percurso perpassará a compreensão da ética e sua relação com
as leis, destacando a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990.
É importante que você se aproprie do tema abordado nesta unidade, pois, como
adulto/adulta que cuidará de uma criança, terá responsabilidade legal sobre ela
durante o tempo em que estiver sob o seu cuidado.
Bons estudos e vamos lá!

A ética é o conjunto de princípios e de valores usados na decisão da conduta


social. Este material trará o conceito usado por Mário Sérgio Cortella em um de
seus textos “Ética é sempre em coletividade” (2018), em que nos diz que a ética é
a regulação da conduta da vida, isso quer dizer que por vivermos em coletividade é
preciso existir princípios e valores para a nossa convivência, de maneira que todos
nós tenhamos uma vida plena e digna. Sendo assim, a ética só existe porque estamos
em um todo, em uma sociedade, em um país.

Compreendendo o que é ética a partir do professor


Cortella, e por vivermos em sociedade, sabemos que
temos que cumprir algumas regras e condutas para
o bem estar de todos. As leis foram criadas para que
isso se assegurasse.

23
Cuidador infantil

Art. 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar


à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade,
o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberda-
de e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.

Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

1. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA

SAIBA MAIS

Assista alguns lúdicos e breves vídeos que explicam mais sobre o ECA:
1) Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): Saiba o que é (Fundação Abrinq):
https://youtu.be/xHeimJk8YoQ
2) Turma da Mônica - Estatuto da Criança e do Adolescente | ECA – Controladoria
Geral da União (CGU): https://youtu.be/l1gR1YxsbUs

“Toda criança e todo adoles-


cente tem direito à liberdade,
saúde, uma boa alimentação,
uma boa educação, o direito de
ir e vir.”
Texto introdutório do ECA

24
Unidade 2 – Ética e a Garantia dos Direitos da Criança

O ECA1 é um documento que reúne todos os direitos das crianças e dos


adolescentes, garantindo o acesso à educação, ao lazer, à dignidade, à saúde, à
convivência familiar e comunitária, aos objetos pessoais.
O ECA foi inicialmente apresentado, aclamado e aprovado pelo Brasil na Convenção
sobre os Direitos da Criança da ONU, em 1989. Ele foi considerado um conjunto inovador
e de olhar diferenciado para a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes,
tornando-se referência para outros países da América Latina.
Por fim, o ECA foi instituído pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, durante
o mandato do então presidente Fernando Collor de Melo.
O primeiro artigo dessa Lei nos aponta claramente o seu objetivo:

Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à


criança e ao adolescente.
Art. 1º

Inicialmente, o texto já determina seu público assistido, trazendo consigo toda


a responsabilidade atribuída à sociedade no que se refere ao cuidado com suas
crianças e adolescentes.
O artigo segundo define legalmente o conceito de criança e de adolescente:

Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a


pessoa até 12 anos incompletos, e adolescente
aquela entre doze e 18 anos de idade.
Art. 2º

Observe que o segundo artigo possibilita o entendimento de que o seu trabalho


como cuidador/cuidadora lidará com as crianças em seu sentido legal. Já seus artigos
três e quatro permitem a compreensão do lugar social prioritário que as crianças e
os adolescentes devem ter.

1. Você pode encontrar essa Lei na íntegra no link https://bit.ly/3wwam0A.

25
Cuidador infantil

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes


à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Art. 3º

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público


assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissio-
nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária.

Art. 4º

Os artigos mencionados nos levam à ideia central da Lei: a proteção e o


cuidado integral à criança e ao adolescente.
O ECA tem mais de 260 artigos, todos referentes à proteção da criança e do
adolescente. Não conheceremos cada um deles, entretanto, selecionamos os mais
importantes para que você, como cuidador/cuidadora, possa cumprir a sua obrigação
legal de cidadão adulto no contato com a criança.
O Art. 3º explicita a importância de se proporcionar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade,
reafirmando a responsabilidade do papel como cuidador/cuidadora, como aquele
que propicia um ambiente seguro e íntegro, para que as crianças se sintam capazes
e protegidas.
O Art. 4º atenta para a prioridade que crianças e adolescentes devem ter na
sociedade. Para tanto, conclama a comunidade, a família, o poder público e a
sociedade como um todo como responsáveis pela proteção aos pequenos.

26
Unidade 2 – Ética e a Garantia dos Direitos da Criança

Você sabia que as crianças e os adolescentes têm o direito de:

Ter prioridade de atendimento em Receber socorro em uma situação


postos de saúde e em hospitais. de acidente de qualquer natureza.

Ao longo de toda o texto do ECA, em vários de seus artigos, fica destacado que
nenhuma criança ou adolescente poderá sofrer negligência (desatenção, descuido),
discriminação (preconceito), exploração, violência, crueldade ou humilhação.
Por isso, é muito importante que você saiba que presenciar ou ser informado
de uma agressão a uma criança ou adolescente e não denunciar ou intervir pode
configurar como crime por omissão.
Segundo a UNICEF2, a violência se dá de forma diferente de acordo com a idade
da vítima. Crianças, quando pequenas, sofrem com frequência, em decorrência da
violência doméstica, perpetrada por um agressor conhecido e que, muitas vezes,
reside na mesma casa e, quando chegam à pré-adolescência, sofrem atos violentos
nas ruas. (inserir ao lado deste parágrafo a imagem Menino-Capuz)

SAIBA MAIS

Você também pode assistir um breve vídeo explicativo, da UNICEF, sobre os


diversos tipos de violência infantil, acessando este link: https://youtu.be/
nBTyYgr0W7Q
“Você conhece as formas de violência contra crianças e adolescentes? | UNICEF
Brasil”

Os tipos de violências podem ser:


• Física;
• Psicológica;
• Sexual;
• Institucional (quando acontece dentro de uma instituição que deveria pro-
teger a criança);
• Negligência e abandono.

Ainda de acordo com a UNICEF, é essencial capacitar os profissionais que trabalham


com crianças e adolescentes, pois eles são fundamentais para prevenir, identificar
e responder às violências contra esse público e ampliar a implementação da Lei nº

2. A UNICEF é o Fundo das Nações Unidas para a Infância. Para conhecer mais sobre isso, você
pode acessar o site https://www.unicef.org/brazil/.

27
Cuidador infantil

13.431, de 04/04/20173, voltada à escuta protegida de crianças e de adolescentes


vítimas e testemunhas de violência.
Para realizar a denúncia de casos suspeitos de agressão à criança ou ao adolescente,
é preciso que você os reporte diretamente ao Conselho Tutelar da localidade de moradia
da criança. Esse órgão é responsável por verificar a situação da criança ou adolescente
e, caso seja necessário, realizar ações rápidas para cessar a violação de direitos.

O Conselho Tutelar é responsável por notificar a


Justiça da Infância e da Juventude e o Ministério
Público para que sejam tomadas as medidas legais
necessárias.

Como cuidador/cuidadora é preciso ficar atento/atenta à matrícula e à frequência


da criança na escola, que são direitos assegurados pelo Art. 53. Por isso, ao verificar
que uma criança que esteja sob os seus cuidados não frequenta a escola, é importante

3. Essa Lei está disponível no site.

28
Unidade 2 – Ética e a Garantia dos Direitos da Criança

que, em primeiro lugar, converse com os seus responsáveis e, em caso de o problema


permanecer, você denuncie junto ao Conselho Tutelar. Colocar esse parágrafo em
um balão chamando atenção
Além do Conselho Tutelar, existem alguns outros canais de denúncias aos quais
você também pode recorrer. São eles:

Disque 100 A Secretaria de Direitos Humanos recebe denúncias


de forma rápida e anônima e encaminha o assunto
aos órgãos competentes no município de origem da
criança ou do adolescente. Disque 100 de qualquer
parte do Brasil. A ligação é gratuita, anônima e com
atendimento 24 horas, todos os dias da semana.
Ministério Público Todo Estado conta com um Centro de Apoio
Operacional (CAO), que pode e deve ser acessado
na defesa e garantia dos direitos das crianças e dos
adolescentes, no qual os promotores de Justiça
podem auxiliar.
Acessando o site, você consegue o contato do CAO
em qualquer estado:
https://www.childhood.org.br/
informe-se-e-saiba-como-agir#denuncie
Polícia Militar – Disque 190 A Polícia Militar é quem deve ser acionada em casos
de necessidade imediata ou socorro rápido. O 190
recebe ligações de forma gratuita em todo o territó-
rio nacional.

Fonte: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2021/02/07/saiba-como-denunciar-abusos-
e-maus-tratos-contra-criancas-e-adolescentes.ghtml

Por fim, como forma de sistematização, elencamos abaixo alguns temas


envolvendo a criança e o adolescente e os referidos artigos do ECA a eles atrelados
para que você possa conhecer um pouco mais e acessar de maneira rápida em uma
consulta mais pontual.

Situação Artigos do ECA


Criança: definição, proibição de trabalho, medidas de
2, 60, 98, 225 e 244
proteção e crimes contra criança e adolescente.
Dever da Comunidade, da Sociedade, de Todos 4, 18, 54, 79
Direito à amamentação 8e9
Abuso Sexual 130
Conselho Tutelar – atribuições e regras 135 e 136
Conselho Tutelar – comunicação de casos de maus tra-
56
tos, evasão escolar e repetência
continua...

29
Cuidador infantil

Situação Artigos do ECA


Creche e Pré-escola: oferecimento, multas e punições 54, 56, 208, 232, 233 e
para quem não comunicar maus tratos 245
Crimes contra a criança e adolescente 225 a 244
Portadores de deficiência: garantia de atendimento espe- 11, 54
cializado, de educação especializada
Educação 53, 54, 56, 57, 58, 59
Medidas aplicáveis aos pais e aos responsáveis 129
Adoção: exigência para adoção 39, 42, 43, 45 e 46

LEMBRETE

em caso de dúvidas, é importante procurar pelo órgão adequado para ajudá-


la(o). O quadro acima é um apoio para a sua aprendizagem, já a interpretação
da situação e a aplicação da Lei cabem ao órgão e à instituição responsável.

Cursista,
Você chegou ao final de mais uma unidade de estudos. Esperamos que você
tenha aprendido a importância de conhecer a respeito do ECA, assimilando a ética
ao seu percurso profissional de cuidador de crianças.

30
Unidade 2 – Ética e a Garantia dos Direitos da Criança

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1. Como você explicaria a aplicação da ética em sua profissão de cuidador infantil?

2. Qual é a importância do Conselho Tutelar? Pesquise se em sua cidade há esse


órgão e como ele faz o atendimento em caso de necessidade.

31
Cuidador infantil

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORTELLA, M. S. Ética é sempre coletiva. Disponível em https://bit.ly/3CwggCG

BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Lei nº 8.069, 13 de julho
de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Diário Oficial da União. ano 1990, Disponível em: https://bit.ly/3wwam0A

BRASIL, Presidência da República, Secretaria-Geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos.


LEI Nº 13.431, DE 4 DE ABRIL DE 2017. Disponível: https://bit.ly/3KjvaOJ

BRASIL, FEDERAL, Senado. Constituição federal de 1988. Fonte: Planalto. gov. br: https://
bit.ly/3ok9Yy2.

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Unidade 3
Noções de Psicologia e de
Desenvolvimento Infantil

Unidade 3 – Noções de Psicologia e de Desenvolvimento Infantil

Seja bem-vindo a mais a esta unidade, cujo objetivo principal é lhe propiciar a
compreensão básica de como os processos mentais infantis e a inteligência se formam
no ser humano. Para isso, compreenderemos como alguns conceitos da Psicologia
tratam o universo infantil.
É importante que você conheça não só os caminhos básicos do desenvolvimento,
mas mental da criança, pois no dia a dia, é você quem será responsável por cuidar
dela. Por isso, vamos ampará-lo com alguns conceitos que lhe ajudarão a compreender
o porquê de a criança agir como age, além de auxiliá-lo em seu processo de
desenvolvimento e de crescimento intelectual.
Esperamos que você aproveite bastante os itens a serem apontados aqui e que
você possa aplicá-los no seu dia a dia como cuidador/cuidadora de crianças.
Vamos começar então?!

1. A PSICOLOGIA E A INTELIGÊNCIA
A primeira coisa que devemos entender é o que é Psicologia. Temos certeza
de que você já deve ter escutado falar muito essa palavra, mas neste curso, vamos
compreendê-la de uma maneira mais técnica.
A Psicologia é a área do conhecimento científico que se constituiu muito
recentemente, há pouco mais de cem anos. Ela tem como objeto de estudo o ser
humano, e para analisá-lo estabeleceram-se métodos e técnicas específicas, divulgados
numa linguagem científica. Lembre-se de que é a parte da ciência que estuda a
nossa mente, o nosso comportamento e a maneira como interagimos no ambiente
físico e em sociedade.

A palavra psicologia deriva das palavras


latinas psique (alma) e logos (razão).

33
Cuidador infantil

Falamos, ainda, que a Psicologia estuda a nossa subjetividade, ou seja, aquilo que é
particular de cada um, que é próprio do indivíduo. É o estudo do nosso comportamento
observado e de nossos pensamentos, tentando compreender o que pensamos e o
porquê o fazemos. Além disso, essa ciência leva em consideração as nossas cargas
genéticas e biológicas para compreender o nosso local no mundo como seres humanos.
Uma das particularidades que temos como ser humano é a produção de
conhecimento. É a forma como desenvolvemos a nossa inteligência. Por isso, a
Psicologia contribuiu e contribui para que possamos compreender como as crianças
se desenvolvem, interagem e aprendem no mundo.
E é com a ajuda dela, da Psicologia, que você, cuidador, poderá compreender
como a inteligência se constitui e como poderá interagir com os pequenos, produzindo
a eles estímulos para o seu desenvolvimento.

SAIBA MAIS

Há uma reportagem muito interessante na Revista Nova Escola sobre Howard


Gardner. Acesse o link e conheça mais sobre esse importante psicólogo e cientista:
https://bit.ly/3pJb3Qr

Ao falarmos em inteligência, é importante que você saiba que não há uma


definição única para esse termo. Há cientistas que defendem, inclusive que, nós,
seres humanos, temos inteligências.
Howard Gardner é um psicólogo americano, professor da Universidade de
Harvard, conhecido principalmente pela sua teoria das inteligências múltiplas.
Para esse cientista, os seres humanos têm habilidades múltiplas, o que faz com
que tenhamos talentos diferenciados para atividades específicas. E o que leva as
pessoas a desenvolverem as capacidades e habilidades são a educação que recebem
e as oportunidades que encontram (vamos ver um pouco mais a frente que são os
chamados estímulos).

DICA

Esse é um dos principais livros do professor Celso Antunes.


Vale a pena a leitura!

34
Unidade 3 – Noções de Psicologia e de Desenvolvimento Infantil

Em nosso país, um dos maiores estudiosos das inteligências múltiplas é o professor


Celso Antunes4, um pesquisador que tem muitos de seus estudos baseados nas teorias
de Howard Gardner e que escreveu vários livros sobre o assunto, auxiliando educadores
a compreenderem e a criarem atividades e jogos estimulantes para desenvolver as
inteligências infantis.
Para o professor Celso Antunes (1998, p. 15), podemos desenvolver nossas
capacidades e habilidades a partir de estímulos diferenciados, o que pode nos
levar a aprender música, a gostar de artes, de matemática, de escrever poesias.
Ele destaca que os cincos primeiros anos da vida de uma criança são fundamentais
para desenvolver as inteligências e para que o desenvolvimento cerebral atinja
toda sua potencialidade e multiplique o seu poder de criar conexões e continuar se
desenvolvendo sempre até atingir a sua maturidade. É preciso que o seu cérebro
faça “ginástica”, ou melhor, que receba estímulos, que podem ser recebidos tanto
pelos adultos que a cercam quanto por outras crianças. (ao lado deste parágrafo,
inserir imagem Meninos-Tocando)
Ainda de acordo com o professor Celso (1998, p.16), além dos estímulos,
é essencial que seja garantida à criança o aleitamento materno, um ambiente
saudável e um sono de qualidade. Ele ressalta que há pesquisas que mostram
que a criança, ao dormir entre os três e seis meses, tem formadas as proteínas
fundamentais para memória e a capacidade de aprendizado e de crescimento
das diversas inteligências.

2. ESTÍMULO E APRENDIZAGEM
Segundo o professor Celso Antunes (1998, p.18), os estímulos são o alimento
das inteligências. Ele ainda nos ressalta que, para verificar quais e como proporcionar
estímulos às crianças, é preciso observá-las o tempo todo, inclusive, você pode até
anotar algumas observações sobre elas e suas interações no dia a dia, para acompanhar
o seu desenvolvimento. Lembrando-se, sempre, de que nunca devemos comparar
uma criança a outra, pois todos temos particularidades e pertencemos a contextos
diferentes, sociais ou familiares.
A aprendizagem e o desenvolvimento dependem da interação do sujeito com
o mundo, por isso as trocas, as relações entre as crianças e com os adultos são
extremamente importantes. Tendo sempre como entendimento de que a criança
é um sujeito ativo, não é um ser passivo, e tem desejo profundo de conhecer o
mundo em que está inserida. Por isso, é bastante importante que como cuidador/
cuidadora infantil, você provoque a sua curiosidade e proponha interações que a
deixem interessadas em outras descobertas.

4. Para conhecer mais sobre o professor Celso Antunes, você pode acessar o site http://www.
celsoantunes.com.br/

35
Cuidador infantil

Antes mesmo de nascermos, já começamos a receber mensagens e estímulos, e


o nosso desenvolvimento vai se formando a partir do que vivenciamos desde então
e ao longo das situações que vivenciamos em nossa vida.
O desenvolvimento é um processo que se espelha na evolução da inteligência
do indivíduo, que se forma a partir da maneira como nos relacionamos afetivamente
e socialmente com os demais. Por isso, o contexto em que estamos inseridos, como
vivemos, qual é a nossa rotina, quem nos dá afeto, o papel da escola em nossas vidas,
as nossas trocas sociais, têm responsabilidade para a produção da sua personalidade.
A criança, como você já sabe, não é passiva, ela precisa de atividade, e foi um dos
maiores cientistas sobre o tema “desenvolvimento cognitivo e infantil”, chamado
Jean Piaget, quem afirmou isso e nos provou cientificamente a sua teoria.
Jean Piaget foi um biólogo suíço que dedicou a sua vida a estudar como o processo
de desenvolvimento se dá nas crianças. Vem de Piaget a ideia de que o aprendizado
é construído pelo sujeito.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre Jean Piaget, você pode assistir a um vídeo bastante
interessante, acessando ao link: https://youtu.be/MwKEO2pkLP8

Imagem Nova Escola

36
Unidade 3 – Noções de Psicologia e de Desenvolvimento Infantil

Ele foi responsável pela criação de uma teoria que inaugura a corrente
construtivista5, esta que trata da aprendizagem que acontece a partir do processo
de desenvolvimento do conhecimento a partir de uma atividade que realizamos. Por
isso, para Piaget, cabe ao adulto favorecer a atividade mental da criança, já que o
conhecimento se dá por descobertas que ela mesma faz.
Segundo Piaget, há quatro estágios básicos do desenvolvimento cognitivo, sendo
definidos como (baseados em Ferrari, 2008):
1º Estágio) Sensório-motor ( de 0 a 2 anos): As crianças adquirem a capacidade
de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas.
É um período anterior à linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de si
mesmo e dos objetos a sua volta. É a fase na qual a criança é egocentrada.
2º Estágio) Pré-operacional (dos 2 aos 7 anos): Caracteriza-se pelo surgimento
da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de
símbolos. A criança continua egocêntrica e ainda não é capaz, moralmente, de se
colocar no lugar de outra pessoa.
3º Estágio) Operações concretas (dos 7 aos 11 ou 12 anos): Caracteriza-se pela
aquisição da noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais
e a habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. A criança já
pode dominar conceitos de tempo e número.
4º Estágio) Operatório-Formal ou Formal (Próximo aos 12 anos): O sujeito
começa o estágio das operações formais. Essa fase marca a entrada na idade adulta,
em termos cognitivos.

À medida que os seres humanos se afastam


da primeira infância, ou seja, ultrapassam os
seis anos de idade, as diferenças em cada um
vão aumentando.

As contribuições de Jean Piaget para a compreensão acerca da aprendizagem


em cada faixa etária são essenciais, porém, é importante que você também se
lembre de que, apesar de existirem algumas etapas que são padronizadas e que têm
características gerais, cada indivíduo é único, pois cada um de nós é composto, além
de nossas cargas biológicas, de nossas vivências em sociedade.

5. Se você se interessou sobre o que é a corrente construtivista pode acessar o link e ler um inte-
ressante artigo sobre o tema: https://bit.ly/3TuHVu7

37
Cuidador infantil

SAIBA MAIS

Conheça mais sobre outros estímulos. Acesse essa cartilha do Governo do Rio Grande do
Sul e tenha uma boa leitura: https://bit.ly/3R99zL1

O mais importante, como adultos, e você, como cuidador de crianças,


especificamente, é ficar atento a possíveis estímulos que podemos oferecer aos
pequenos. Logo abaixo, você encontra alguns estímulos que podem ser oferecidos
para as crianças até os 7 anos de idade.

Faixa Etária Possíveis estímulos para a criança


De 0 a 2 anos Estimule-a a pensar em respostas simples do tipo “sim” e “não”.
Ensine-a a imitar sons de animais, de carros, aviões, motos etc.
Conte histórias e incentive interações.
Compare pequenas quantidades de objetos.
Estimule brincadeiras que tenham que apertar, sacudir, arremessar.
Ensine a dançar.
Cante músicas e estimule-a a cantar.
Brinque com jogos que estimulem o equilíbrio.
Estimule-a a perceber o calor, o vento, a chuva.
Estimule sensações “diferentes”, como pisar na grama, na areia.
Brinque de esconde-esconde.
Estimule emoções.
Apresente as cores.
Apresente pequenas quantidades e estimule a contar com os dedos
de uma das mãos.
Valorize a comunicação não-verbal.
3 a 4 anos Estimule-a a descobrir “perto”, “longe”. Discuta um trajeto ou
caminho curto a seguir.
Estimule-a a perceber o uso do tempo.
Trabalhe a espacialidade.
Estimule-a a desenhar.
Elabore conversas que envolvam respostas mais longas do que
“sim” e “não”.
Estimule-a a cantar.
Estimule-a a ordenar objetos maiores e menores.
Trabalhe verbalmente grandezas do tipo: pequeno, grande, médio.
continua...

38
Unidade 3 – Noções de Psicologia e de Desenvolvimento Infantil

3 a 4 anos Faça comparações entre objetos.


Proponha brincadeiras coletivas.
Proponha brincadeiras usando o corpo, como jogar bola, corrida.
Estimule-a a realizar contagens de objetos que ultrapassem 10.
Conte histórias e leia com ela.
Brinque de mímicas.
De 5 a 7 anos Pode iniciar a conhecer palavras em uma língua inglesa.
Pode iniciar o aprendizado de um instrumento musical.
Proponha jogos com regras predefinidas, como dominó.
Estimule a fazer amigos.
Estimule-a a escolher o que deve comer no lanche, por exemplo.
Estimule-a a ler pequenas histórias e a contar depois para você.
Brinque de descobrir pequenos enigmas.
Ofereça a opção de escolher a roupa que vai usar.
Peça que auxilie em pequenas tarefas domésticas.

Adaptada de ANTUNES (1998).

Chegamos ao final de mais uma unidade, cursista!


Esperamos que você tenha internalizado o conceito de criança como um ser
extremamente ativo e que precisa do nosso auxílio para que possa continuar se
desenvolvendo integralmente. Por isso, foram apresentadas a você algumas ideias
importantes sobre como podemos fazê-lo. Saber como a inteligência, ou melhor, “as
inteligências” se formam e o nosso papel nesse processo é essencial, pois é a partir
dele e com nossos estímulos que ocorrem a aprendizagem.

39
Cuidador infantil

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1. Se você fosse explicar para um colega o que são inteligências, o que diria?

2. Por que Jean Piaget afirmou que a criança precisa de atividade? O que você
compreendeu sobre isso?

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Unidade 3 – Noções de Psicologia e de Desenvolvimento Infantil

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das inteligências múltiplas. Petrópolis, R.J.:
Vozes, 1998.

FERRARI, Márcio. Jean Piaget, o biólogo que colocou a aprendizagem no microscópio.


01/10/2008. Disponível em https://bit.ly/3TkN87F

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Unidade 4
Educação infantil: atividades
pedagógicas, lúdicas e de criação

Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

Cursista,
Seja bem-vindo a mais a esta unidade. O principal objetivo é propiciar a você
um repertório de atividades lúdicas a serem desenvolvidas com as crianças. Você
relembrará algumas brincadeiras que já vivenciou pessoalmente, além de conhecer
outros recursos que podem auxiliar o desenvolvimento motor e cognitivo dos pequenos.
Esperamos também que esta unidade desperte a criança em você e que, assim,
possa compreender ainda melhor o quanto é importante o ato de brincar e a descoberta
para o pleno desenvolvimento infantil.
Esperamos que você aproveite bastante os itens a serem apontados e que eles
possam ser aplicados no seu dia a dia como cuidador de crianças.
Vamos começar então?!

1. INICIANDO A NOSSA CONVERSA: POR QUE BRINCAR É


IMPORTANTE?
Quando estudamos Psicologia no Desenvolvimento Infantil, na Unidade 4,
você conheceu Jean Piaget, um biólogo que dedicou a sua vida ao estudo do
desenvolvimento cognitivo das crianças e dos adolescentes. Foi Piaget quem declarou
que a criança precisa de ação, de atividade para se desenvolver, não só fisicamente, mas
mentalmente. Nesse sentido, se pensarmos no ato de brincar, logo compreendemos
que isso também pode ser considerado uma atividade, pois mobiliza, na criança, uma
série de ações para realizar a brincadeira escolhida.
Pense, por exemplo, num grupo de crianças brincando de esconde-esconde: cada
um pensa onde se esconder, em como não ser visto e se beneficiar, tocando o ponto
de partida. Há estratégias e interações que ocorrem ao brincar que, muitas vezes,
passam despercebidas pelos adultos que cuidam das crianças.

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Cuidador infantil

Lev Vygotsky foi um psicólogo de origem russa, nascido em 1896 e falecido aos
36 anos. Ele desenvolveu seus estudos para compreender como se dá o processo
de desenvolvimento intelectual, e um dos pilares de sua teoria é a defesa de que as
relações sociais têm papel principal nisso.

SAIBA MAIS

Lev Vygotsky (1896-1934)

Se você quiser conhecer um pouco mais sobre ele, assista ao breve


vídeo disponível no link: https://youtu.be/BS8o_B5M9Zs

Para esse cientista, a interação que cada pessoa estabelece com determinado
ambiente é o que cria uma experiência pessoalmente significativa.
Assim, se pensarmos na criança, sabemos que uma das atividades mais prazerosas
para ela é brincar. É brincando que ela se diverte, que ela interage, que inventa papéis
sociais, que aprende novas habilidades. Nesse sentido, podemos compreender que brincar
é, de acordo com Vygotsky, uma experiência pessoalmente significativa para a criança!
Em um artigo, dois estudiosos da Psicologia da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), doutores Mauro Luís Vieira e Scheila Cordazzo, destacam que
Vygotsky defende que a brincadeira, mesmo sendo livre e não estruturada, possui
regras que conduzem o comportamento das crianças e que o brincar é essencial
para o desenvolvimento cognitivo da criança, pois os processos de simbolização e
de representação a levam ao pensamento abstrato.

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Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

SAIBA MAIS

Texto: A brincadeira e suas implicações nos processos de aprendizagem e de


desenvolvimento.
Autores: Mauro Luís Vieira e Scheila Cordazzo - UFSC
Disponível em: https://bit.ly/3KkBbKW
Vídeo: A importância do brincar | Renata Meirelles e Severino Antônio – Café
Filosófico – CPFL Cultural: https://youtu.be/tc136kE-bQc

Pensando nessa última afirmação em destaque, observe uma criança enquanto


brinca, por exemplo, de mercadinho. Ela “assume” um papel social, ou seja, faz de
conta que é um adulto, podendo ser a mãe, a avó, o pai… Usa alguns materiais ou
brinquedos que representarão o dinheiro e a mercadoria. Por fim, age, “indo” ao
mercado e fazendo as suas compras. Esse faz de conta é essencial para que a criança
possa assimilar atividades que ela vivencia em seu exterior, mas que produzem um
conjunto de saberes que serão úteis para o seu desenvolvimento em diferentes
etapas de sua vida.

Como estamos ressaltando até aqui, há inúmeras brincadeiras livres para estimular
o desenvolvimento das crianças, por exemplo:
• Contar e recontar histórias;
• Fazer dramatizações, usar fantoches para teatrinho;
• Propor vários tipos de desenho, usando, inclusive, o corpo para pintar;
• Cantar cantigas infantis;
• Brincar de trava-língua;
• Pular corda;
• Balanço na árvore (quando possível e com segurança);

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Cuidador infantil

• Fazer Bambolê;
• O que é, o que é?

SAIBA MAIS

Brincadeiras livres que usem as habilidades vocais, como cantar, o trava-língua,


recontar histórias, por exemplo, são muito importantes para o desenvolvimento
oral da criança.
Aliás, você sabe o que é um trava-língua? É uma frase formada por palavras
com sílabas difíceis de articular quando pronunciadas de forma rápida.
Por exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Lembrou agora?!
Fonte: https://www.normaculta.com.br/o-que-e-um-trava-lingua/

Há um manual produzido pelo Ministério da Cidadania que tem título de Jogos


e brincadeiras das culturas populares na Primeira Infância (BRASIL, 2019) e é muito
rico, pois traz inúmeras brincadeiras e jogos para estimulação das crianças na primeira
infância, ou seja, até os seis anos, todos classificados por faixa etária e pelas principais
estimulações que produzem no sujeito. É importante que você o acesse e amplie
seus estudos. Garantimos que a leitura é lúdica, prazerosa e informativa.

Você pode acessar esse material na íntegra, acessando o link:


https://bit.ly/3Kmpeo4

Para você ir se inteirando, trazemos aqui, algumas das brincadeiras que estão nesse
material e que podemos, tranquilamente, realizar com os/as pequenos/pequenas.

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Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

Nome da brincadeira: Frente a Frente com o Espelho (BRASIL, 2019, pág. 13)

Faixa etária: até os 3 meses de idade


O que estimula: Vínculos afetivos, desenvolvimento sensório-motor e visual do bebê
Sobre essa brincadeira: O primeiro trimestre de vida do bebê pede que o adulto
proponha atividades com foco na comunicação face a face, e em atividades
que possibilitem interação, especialmente em função do seu sistema visual em
desenvolvimento, e também por sua necessidade de estimulação permanente
da comunicação não verbal, a linguagem dos bebês. A facilidade para sustentar
a cabeça varia entre os bebês. É importante proporcionar apoio ao pescoço e à
cabeça nas primeiras semanas, principalmente nos momentos de interação face
a face, no colo, ou na cadeirinha. É importante possibilitar que o bebê fique em
diferentes posturas e posições.
Desenvolvimento: Coloque o bebê de frente para um espelho, primeiramente no
colo, depois deitado ou sentado em um tapete ou colchonete. Essa atividade estimula
o desenvolvimento motor, através de diferentes posições, o autorreconhecimento
e o desenvolvimento visual.

47
Cuidador infantil

Nome da brincadeira: Cesto dos Tesouros ((BRASIL, 2019, pág. 23)

Faixa etária: a partir dos 6 meses


O que estimula: Curiosidade, investigação, manipulação de diferentes objetos,
coordenação motora ampla (movimentos em direção ao cesto) e fina (preensão dos
objetos), comunicação e linguagem. Promove o espírito de exploração da criança.
Sobre essa brincadeira: É interessante que essa atividade seja feita com o adulto/
cuidador sentado junto ao bebê, acompanhando e nomeando as suas descobertas,
promovendo “conversas” sobre cada objeto, seus sons e função. Ao fazer isso, além
de possibilitar a exploração de objetos, estimula a comunicação e vínculo positivo
entre a criança e o cuidador.
Material: Cestos, caixas ou bacias, e objetos macios, seguros e coloridos, de diferentes
formas e texturas, para o bebê segurar. Escolha objetos diversos da casa, que sejam
seguros, coloque num cesto ou caixa e deixe o bebê explorar.
Modo de fazer: Coloque os diferentes objetos dentro do recipiente escolhido, e
ofereça ao bebê para que os explore.

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Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

Nome da brincadeira: A expedição – ((BRASIL, 2019, pág. 28)

Faixa etária: a partir dos 9 meses


O que estimula: Desenvolvimento motor; conhecimento sobre o ambiente ao redor;
percepção visual e sensorial.
Sobre essa brincadeira: O objetivo dessa atividade é começar a ensinar o respeito
e o cuidado pela natureza, além de possibilitar a fruição do convívio com seus
elementos. Esteja sempre junto e observando muito ao longo da brincadeira!
Desenvolvimento: Sempre que possível, leve o bebê para que possa ter contato com
a natureza e fazer pequenas descobertas. Deixe-o engatinhar durante um tempo,
permanecendo ao seu lado, explicando o que ele for encontrando: flores, pedrinhas
etc. Diga o nome das flores e cheire-as, observe e dê nome aos insetos, sopre folhas
secas, todas essas ações estimulam a criança a conhecer e criar vínculos positivos
com o meio ambiente e a natureza.

49
Cuidador infantil

Nome da brincadeira: Brincando com areia (BRASIL, 2019, pág. 55)

Faixa etária: a partir dos 12 meses


O que estimula: Atividade de estimulação sensorial, imaginação, criatividade,
habilidade motora fina, expressão gráfica e artística.
Sobre essa brincadeira: Mais uma vez, elementos simples, que fazem parte do
cotidiano de muitas crianças, como areia, galhinhos, pedrinhas e pequenos recipientes
ou potes, possibilitam momentos de entretenimento, elaboração de cenários e
muita expressão criativa
Material: Pracinha ou espaços com areia ou, ainda, caixas grandes ou recipientes
plásticos com areia limpa. Demais elementos, como pazinhas, galhos, pedrinhas e
pequenos potes, peneiras e outras ferramentas.
Modo de fazer: Deixe a criança explorar com pés, mãos e diferentes ferramentas, a
textura e possibilidades de assumir formas que a areia oferece, de modo a estimular
a criatividade, o desenvolvimento sensório-motor e a imaginação. Sente-se próximo
à criança e mostre como é possível fazer diferentes desenhos e grafismos com os
diferentes instrumentos e também com as mãos e dedos. Estimule a criança a fazer
seus próprios desenhos.
Variações: Trabalhar com areia seca e úmida, e de diferentes cores (usando corante
alimentício ou anilina para colorir).

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Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

Nome da brincadeira: Bolhas de sabão (BRASIL, 2019, pág. 42)

Faixa etária: a partir dos 3 anos


O que estimula: Desenvolvimento do aparelho fonador, através do exercício do
sopro, coordenação motora fina.
Sobre essa brincadeira: É muito fácil fazer a alegria da criançada comprando
kits prontos de bolha de sabão. Mas aqui está uma receita para fazer sua própria
fórmula para excelentes bolhas de sabão, estruturadas e que podem ser feitas
com sopradores maiores, ou com raquetes para bolhas gigantes. Uma vantagem
do instrumento caseiro é que a criança não coloca o rosto nem a boca em
contato com a mistura de bolhas. Dessa forma, crianças menores podem fazer
suas bolhas gigantes.
Desenvolvimento: Material para a fórmula para fazer bolha de sabão: Um litro
de água, 250 ml de detergente líquido para louça, e quatro colheres de sopa
de açúcar.
Modo de fazer: Misture todos os ingredientes em um recipiente plástico com
tampa, e deixe descansar por uma noite. O açúcar ajuda a estruturar as bolhas,
que sairão em grande quantidade, maiores e durando mais tempo!

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Cuidador infantil

Nome da brincadeira: Arte com elementos da Natureza ((BRASIL, 2019, pág. 57)

Faixa etária: a partir dos 4 anos


O que estimula: Percepção visual, contato com a natureza, percepção ambiental,
motricidade fina, fruição artística, criatividade.
Sobre essa brincadeira: Muitas crianças gostam de recolher as pedrinhas, galhos,
folhas ou flores caídas pelo chão. A proposta dessa atividade é aproveitar esses
“materiais” para fazer arte.
Material: Elementos coletados na natureza, como pedrinhas, flores, conchinhas
folhas e galhos, papel e cola branca (opcionais).
Como fazer: Utilizando estes elementos, montar objetos, paisagens e cenários
com a criança, podendo, se quiser, colar todos os elementos em uma base de
papel de qualquer tipo com cola branca, ou deixar montado no chão, sem colar.
O importante é exercitar a criatividade e a imaginação, criando novas imagens a
partir de elementos já conhecidos.

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Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

DICA

Assistia este breve vídeo sobre a importância do brincar:


https://youtu.be/jBsRvI3nX_M

Até aqui esperamos que você tenha aprendido a importância que as brincadeiras e
o espaço lúdico devem ter para a formação dos processos mentais e físicos da criança.

SAIBA MAIS

Conheça um pouco mais sobre o universo infantil acessando o site:


https://www.tempojunto.com/. Esse site é um repositório muito
enriquecedor, há vários vídeos do canal do TempoJunto.com também no
Youtube. Assista “TOP 10 BRINCADEIRAS PARA CRIANÇAS DE 4 A 5 ANOS:
https://youtu.be/nbiMov3Zo1k

A partir daqui, compreenderemos um pouco sobre as contribuições que os jogos,


a contação de histórias e o teatro têm para a constituição da identidade da criança
e, como você, como cuidador, pode auxiliá-la.

2. DIFERENTES REPRESENTAÇÕES DO LÚDICO: JOGAR, CONTAR


HISTÓRIAS E OS FANTOCHES
Como cuidador, além das brincadeiras livres, aquelas sem regras definidas,
você deve apresentar outras, apoiadas em regras, como os jogos, deve contar
histórias e, até mesmo, apresentar e criar historinhas de teatro, podendo utilizar,
por exemplo, fantoches. Tudo isso, sempre tendo como objetivo principal, estimular
o desenvolvimento da criança, a partir do lúdico, presente no universo infantil.

2.1 Os Jogos
Os jogos, além de possibilitar o desenvolvimento do pensamento lógico, permite
que a criança elabore estratégias, conviva com seus pares, aprenda a se comunicar
melhor, a respeitar regras e os limites dos outros. Como afirmam COTONHOTO,
ROSSETTI e MISSAWA(2019),

Em diversos espaços, os jogos e brincadeiras possibilitam às


crianças a construção do seu próprio conhecimento, pois ofe-
recem condições de vivenciar situações-problemas, a partir do
desenvolvimento de jogos planejados e livres que permitam à
criança uma vivência no tocante às experiências com a lógica e
o raciocínio e permitindo atividades físicas e mentais que favore-
çam a sociabilidade e estimulem as reações afetivas, cognitivas,
sociais, morais, culturais e linguísticas. (p. 41)

53
Cuidador infantil

Os jogos podem ser de regras individuais ou cooperativos.


Para ilustrar melhor para você alguns exemplos de jogos de regras individuais, é
bastante que nos lembremos da amarelinha, ou ainda, do boliche. O objetivo nesse
tipo de jogo é a criança chegar a um objetivo particular, por exemplo, no boliche,
derrubar todos os pinos na sua vez de jogada.

Já, exemplificando os jogos cooperativos, quem nunca brincou de cabo de guerra


ou de escravos de Jó? O objetivo nesse tipo de jogo é coletivo, ou seja, o grupo de
crianças precisa estar conectado entre si para chegar ao final com sucesso.

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Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

SAIBA MAIS

Kit de Desenvolvimento da Primeira Infância:


Uma Caixa de Tesouros de Atividades: https://maecoruja.pe.gov.br/wp-content/
uploads/2018/05/Kit-de-Desenvolvimento-da-Primeira-Inf%C3%A2ncia.pdf

Há um material produzido pela UNICEF (UNICEF, 2014) “Kit de Desenvolvimento


da Primeira Infância: Uma Caixa de Tesouros de Atividades” o qual traz além de
atividades, brincadeiras e jogos que podem ser realizados com as crianças. É muito
importante que você o acesse. Para tanto, o link está disponível no box ao lado.
Enquanto você não acessa o material na íntegra, foram selecionados quatro
jogos e suas respectivas faixas etárias e habilidades para que você se familiarize com
a ação do jogar em um universo tão infantil.

1. Quebra-Cabeça de Tabuleiro (UNICEF, 2014, p.14)

O que fazer
• A retirada das peças do quebra-cabeça será a primeira habilidade que o bebê adquirirá
com bastante facilidade. Bater as peças do quebra-cabeça umas contra as outras ou
no chão também é muito divertido, pois faz muito barulho, que o bebê adora.
• Deixe o bebê explorar formas de identificar e analisar a peça do quebra-cabeça e o
formato do orifício onde se encaixa.
• Observe como o bebê compara a imagem da peça do quebra-cabeça e o orifício
onde se encaixa.
• Incentive a criança conversando e mencionando as cores e formas do quebra-cabeça.

O que observar
• O bebê está aprendendo a usar seus olhos para ajudar-se a estender a mão e apanhar
objetos. Assim, peças com formas, texturas e tamanhos diferentes são especialmente
úteis para melhorar essa habilidade

55
Cuidador infantil

2. Bolas de Esponja (UNICEF, 2014, p.27)

O que fazer
• Role uma bola na direção do bebê. Deixe-a observar como a bola rola no chão.
• Deixe o bebê tocar e segurar a bola. É por meio do tato que os bebês aprendem sobre
o mundo.
• Os bebês gostam de segurar e sentir coisas de texturas diferentes. Deixe-os sentir
a maciez da bola. Isso os ajudará a querer movimentar e fortalecer seus músculos.

O que observar
• Os bebês aumentam seu controle ao manusear a bola.
• Os bebês desenvolvem seu senso de curiosidade.
• Os bebês interagem com os monitores.

3. Caixa de Formas (UNICEF, 2014, p.32)

O que fazer
• Deixe as crianças praticar e brincar com a caixa de formas sozinhas.
• Organize duas equipes e peça às crianças que introduzam as formas na caixa uma
de cadavez o mais depressa possível.
• Coloque todas as formas no chão, diga os nomes das formas e peça às crianças que
mostrem onde estão as estrelas, os retângulos, os triângulos, os círculos. Se não
conseguirem encontrá-los, mostre quais são e peça novamente às crianças que os
encontre.
O que observar
• As crianças verificam sua própria capacidade de encontrar as formas correspondentes
aos orifícios da caixa.

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Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

4. Empilhar e Agrupar (UNICEF, 2014, p.46)

O que fazer
• Coloque um objeto em frente ao bebê e empilhe outro em cima enquanto ele observa.
Dê um objeto para o bebê empilhar.
• Fale sobre o que ele está fazendo.
• Dê-lhe tempo para explorar os materiais livremente.

O que observar
• Os bebês conseguem colocar uma coisa em cima da outra.
• Os bebês demonstram interesse em algo novo.

Agora que você já compreendeu mais sobre a importância dos jogos e conheceu
algumas propostas para aplicar com as crianças, continuaremos nossos estudos,
tratando da importância da contação de histórias e do teatro para o desenvolvimento
da identidade infantil.

2.2 A contação de histórias e o faz de conta do teatro de


fantoches
Quem não gosta de uma boa história? Tenho certeza de que você, cursista, deve
gostar. Então… da mesma forma, as crianças também gostam e podem, gostar ainda
mais, quando os adultos que estão ao seu redor as estimulam.
Para uma estudiosa da arte de contar histórias, a mestre Emanoela Silva
(SILVA,2021)6, as histórias podem ser contadas em diversas ocasiões e a partir de
contos de literatura infantil que já existem, ou de contos que são típicos de uma
região, uma lenda, por exemplo.
A contação de histórias não precisa ocorrer somente na escola, ela pode ser
realizada por um familiar antes de dormir ou na hora de acordar, por um cuidador,
em um teatro reproduzido por autores, ou seja, quando alguém escreve ou inventa
uma história e a dramatiza. O autor escreve, lê e pode dramatizar. Por isso, como
cuidador/cuidadora, “abuse” desse recurso! Conte muitas histórias e incentive as
crianças a recontarem aquilo que ouviram, como também, faça com que elas mesmas

6. Você pode ler uma síntese do trabalho da Mestre Emanoela Silva acessando ao link: https://bit.
ly/3PSc3wm

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Cuidador infantil

contem as suas, incentivando sua criatividade e seu processo linguístico, seja da


língua falada, de sinais e por gestos.

Trazendo ainda os estudos de Emanoela Silva, ela nos chama atenção, ao apontar que

Devemos contar histórias para as crianças desde bebês, ou até


mesmo antes do nascimento, contar histórias é um ato de amor e
envolve vários outros sentimentos, porém a mãe pode transmitir
esse amor para seu filho mesmo ele ainda estando no seu ventre.
Muitas vezes, acredita-se que não se deve contar histórias para
bebês pois ainda não falam, não entendem, não são totalmente
desenvolvidos. Muito pelo contrário, os bebês ainda estão em
desenvolvimento e as histórias são fundamentais para isso, é
importante que durante a contação de histórias para essa faixa
etária sejam utilizadas imagens, músicas, fantoches, palitoches
etc. E o contador deve chamar a atenção de seu público através
de gestos e tendo uma fala suave que acompanhe a história.[...]
(SILVA, 2021, p. 2)

Não se esqueça de cantar para e com as crianças. Cantar estimula não somente
a oralidade, mas proporciona integração, ajuda a enfrentar a timidez e estimula a
coordenação motora.

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Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

DICA

Há vários vídeos no Youtube e canais com ótimas contações de história.


Aproveite para acessar os vídeos abaixo e assistir. Tenho certeza de que
você voltará a ser criança!
DOIS PASSARINHOS - história pra contar usando as mãos | Fafá Conta
Nesse vídeo, a contadora usa as mãos para contar uma pequena história.
https://youtu.be/d36AOM9FqG4
A ÁRVORE GENEROSA - história infantil contada | Fafá Conta
Nesse belo vídeo, Fafá conta a história de um livro de literatura infantil. É
lindo! https://youtu.be/rw1Aa4kq5U4

SAIBA MAIS

Se você ainda não ouviu nada sobre a dupla do “Palavra Cantada”, trabalhando
como cuidador de crianças, tenho certeza de que ouvirá.

No site da dupla, podemos encontrar uma descrição sobre como surgiu esse
importante trabalho que já formou algumas gerações de pessoas.

Segundo o site (http://palavracantada.com.br/), a Palavra Cantada foi


fundada em 1984 pelos músicos Sandra Peres e Paulo Tatit. A ideia é criar
melodias, letras e arranjos originais, em favor de uma poética que respeite
a inteligência e a sensibilidade das crianças. Qualidade e sucesso seguem
o mesmo compasso. Desde a sua criação, a Palavra Cantada é premiada e
elogiada pela crítica, graças a esse trabalho cuidadoso.

Aproveite e assista no Youtube duas das várias produções que existem do


Palavra Cantada, selecionadas para você.

Palavra Cantada | Imitando os Bichos:


https://youtu.be/slShEL-N1mA

Palavra Cantada | Lavar as Mãos:


https://youtu.be/CaTXgmHyMSk
www.vagalume.com.br

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Cuidador infantil

Além das histórias inventadas, cantadas, das lendas e daquelas que estão em livros
de literatura infantil, podemos nos apoiar no uso do teatro de fantoche para incentivar
a brincadeira, o ambiente lúdico de aprendizagem e o faz de conta para as crianças.

DICA

Há bons materiais e sugestões para a produção e uso do fantoche com as


crianças. Veja aqui, algumas das propostas que foram publicadas pela Revista
Nova Escola e acesse os links para conhecer mais.
Produção de um teatro de bonecos, com materiais simples e baratos:
https://bit.ly/3QPTcDd
Prática de inclusão das crianças , a partir do teatro de fantoche:
https://bit.ly/3KhkeAY

Você já deve ter assistido, ou até mesmo, pode ter brincado com o teatro de
fantoches7. Além do aspecto lúdico, os fantoches, por instigarem a imaginação,
o raciocínio lógico e a criatividade, podem auxiliar no processo de aprendizagem
das crianças. Como cuidador/cuidadora, você poderá se utilizar desse recurso para
propor reflexões e situações. Ao apresentar os fantoches para o/a pequeno/pequena,
despertamos a sua atenção, exercitamos a sua memória e inteligência, ajudando
inclusive, a ampliar o seu vocabulário e a organizar ideias.

DICA

Uma forma simples e barata de trabalhar com o teatro de fantoches, é criar


os “dedoches”. Isso mesmo, dedoches… são os fantoches de dedo. Podemos
fabricá-los em papel, em tecido, em EVA… assista ao vídeo dessa artesão e
tente produzir um para você! https://youtu.be/0V5K9aGX4Ts

7. No site https://bit.ly/3dToTx0 você encontra algumas boas dicas para o trabalho com o teatro
de fantoches.

60
Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

No manual produzido pelo Ministério da Cidadania, Jogos e brincadeiras das


culturas populares na Primeira Infância (BRASIL, 2019), o qual trabalhamos há alguns
itens nesta unidade, há uma atividade muito rica proposta, abordando o teatro de
fantoches de mamulengos. Essa atividade, além de contemplar o que tratamos até
aqui sobre a importância do desenvolvimento psicológico e físico da criança, possibilita
que a apresentemos à riqueza de nossa cultura, pois o mamulengo é uma brincadeira
clássica da região do Nordeste.

FANTOCHES DE MAMULENGO

Faixa etária: a partir de 5 anos


O que estimula: Coordenação motora fina, conhecimento social sobre a cultura de
matriz nordestina, fruição artística, comunicação e linguagem.
Sobre essa brincadeira: Mamulengo é um tipo de fantoche típico do nordeste brasileiro,
especialmente do Estado de Pernambuco. A origem do nome é controversa, mas acredita-
se que ela se originou de mão molenga - mão mole, ideal para dar movimentos vivos
ao fantoche. Um ou mais manipuladores dão voz e movimento aos bonecos.
Suas apresentações eram em praça pública, em geral nos arrabaldes durante os
festejos religiosos, apresentando temática em geral bíblica ou sobre atualidades.
O mamulengo faz parte da cultura popular nordestina, sendo praticada desde a
época colonial. Retrata situações cotidianas do povo que a pratica, geralmente
situações cômicas e sátiras.
continua...

61
Cuidador infantil

FANTOCHES DE MAMULENGO
Material: Uma receita de papel machê, para fazer a cabeça do fantoche, rolinhos
de papelão vazios, pincéis, tintas, retalhos de tecidos para as roupas e de lã para
os cabelos.
Receita de papel machê: um rolo de papel higiênico, sem o miolo, cola branca e
uma colher de sopa de água sanitária. Coloque o papel higiênico em uma bacia,
cubra com água e acrescente uma colher de água sanitária.
Desenvolvimento: Pique o papel dentro da bacia, depois aperte o papel até formar
uma massa. Retire o excesso de água, apertando ou com um coador. Misture com
cola branca até dar o ponto. Com a massa pronta, comece a moldar a cabeça do
fantoche no corpo, que será de rolinho de papelão. Molde o fantoche. Deixe secar de
um dia para o outro e inicie a fase de pintura, coloque acessórios, roupas e cabelos,
que podem ser costurados ou colados com cola de tecido.

Cursista,
Chegamos ao final de mais uma unidade de estudos do curso de Cuidador Infantil.
Você deve ter observado que brincar é coisa séria! Brincadeiras à parte, é importante
que você tenha aprendido que o ato de brincar no universo infantil deve proporcionar
aventura, prazer e diversão à criança, por outro lado, como cuidador, é a partir dele
que você deverá criar estratégias para que a criança vá, aos poucos e com muito
cuidado, se desenvolvendo mentalmente e fisicamente. Por isso, propor interações
e exploração de espaços, dialogar, cantar, apresentar jogos, contar histórias, pedir
para recontem fatos e outras histórias, é só parte da responsabilidade que você tem
nesse processo.
Esperamos, ainda, que você acesse os materiais de apoio citados ao longo desta
unidade (sites, vídeos e leituras complementares), pois eles são essenciais para
prepará-lo melhor nessa caminhada.

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Unidade 4 – Educação infantil: atividades pedagógicas, lúdicas e de criação

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM

1. Qual a importância de se propor um jogo coletivo para crianças pequenas? Qual


jogo você proporia e por quê?

2. Após estudar aqui na Unidade sobre a importância do faz de conta para a criança,
o que você pensa sobre o papel do teatro de fantoches como auxiliar de sua prática
como cuidador?

63
Cuidador infantil

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Cidadania. Jogos e brincadeiras das culturas populares na Primeira
Infância /Ministério da Cidadania. 1. ed. atual. – Brasília : Ministério da Cidadania, 2019.
66p. : 30 cm.

CORDAZZO, Scheila Tatiana Duarte; VIEIRA, Mauro Luís. A brincadeira e suas implicações
nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Estudos e pesquisas em psicologia,
v. 7, n. 1, p. 92-104, 2007. Disponível em https://bit.ly/3KkBbKW

COTONHOTO, Larissy Alves; ROSSETTI, Claudia Broetto; MISSAWA, Daniela Dadalto


Ambrozine. A importância do jogo e da brincadeira na prática pedagógica. Constr.
psicopedag., São Paulo , v. 27, n. 28, p. 37-47, 2019. Disponível em <https://bit.
ly/3pHTSPk>. acessos em 24 abr. 2022.

SILVA, Emanoela Cargnin da. Uma boa história, um bom contador, uma criança e a
imaginação: características da contação de histórias. Revista Educação Pública, v. 21,
nº 22, 15 de junho de 2021. Disponível em: https://bit.ly/3pMjESu

UNICEF. Unidade de DPI do UNICEF. Uma Caixa de Tesouros de Atividades. NY. EUA. 2014.
Disponível em https://bit.ly/3e07SRX

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Unidade 5
Crescimento e desenvolvimento
infantil e monitoramento do estado
de saúde da criança
Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e monitoramento do estado de saúde da criança

INTRODUÇÃO
Cursista, nesta unidade você aprenderá sobre o desenvolvimento infantil e
o monitoramento do estado de saúde da criança, essas informações serão muito
importantes para que você consiga reconhecer as alterações no estado normal da
saúde da criança. Familiarizando-se com o calendário nacional de vacina, sabendo
quais delas são obrigatórias e que são aplicadas logo após o nascimento do bebê
e quais variam de região para região. Falaremos também sobre os cuidados da
criança, incluindo a prevenção de acidentes na infância, pois elas são curiosas e não
têm noção do risco que correm, abordando a importância do conhecimento sobre
as práticas de primeiros socorros.
Então vamos começar os estudos!

1. DADOS ANTROPOMÉTRICOS
1.1 Antropometria

65
Cuidador infantil

Você já deve ter ouvido alguém perguntando para uma mãe de um bebê recém-
nascido: Com quantos quilos ele nasceu? Com quantos centímetros? Foi normal ou
cesária?
Você sabe por que as crianças são medidas assim que nascem? O ato de medir o
corpo humano é chamado de antropometria, que é a medida das dimensões físicas
de uma pessoa. Essas medidas são realizadas desde os primeiros minutos de vida do
bebê. As áreas medidas são: o peso do corpo, a circunferência da cabeça, do tórax, do
abdômen e o comprimento. Essas medidas são aferidas no momento do nascimento,
pois através da comparação ao que é considerado o padrão normal para um recém-
nascido, é possível até mesmo identificar se o bebê já apresenta algum problema
físico. Um exemplo disso é a hidrocefalia, microcefalia e o nanismo.
O conhecimento das características do recém-nascido possibilita que você
reconheça alterações no corpo e assim possa comunicar aos pais e ou ao profissional
da saúde para que essas alterações possam ser avaliadas, acompanhadas e corrigidas.
Com relação ao peso, é comum que os recém-nascidos tenham uma perda de 5% a
10% do peso com o qual nasceram, começando a recuperá-lo a partir do 8º dia de
vida. O acompanhamento do crescimento infantil deve ser registrado periodicamente
na Carteira de Saúde da Criança, onde encontram-se as curvas de crescimento.
Organização Mundial de Saúde (OMS).

1.2 Como Aferir as Medidas nos Primeiros Meses de Vida


Peso: para obter resultados mais precisos, é importante que a criança seja
medida em balança pediátrica mecânica ou eletrônica (capacidade máxima 16 Kg),
sem roupas, inclusive sem fralda, e que fique o mais imóvel possível.
Comprimento (C): é a medida de crianças menores de 24 meses, é utilizado o
estadiômetro infantil (uma régua própria em que a criança é encaixada entre duas
hastes para ficar o mais reta possível). A criança deve ser medida na posição deitada
com as pernas relaxadas, apoiar a cabeça na haste fixa e a peça móvel é deslocada
até tocar os pés da criança.
Perímetro Cefálico (PC): o crescimento cerebral se completa quase que totalmente
nos dois primeiros anos de vida. Para se aferir o PC, utiliza-se uma fita métrica, que deve
ser passada ao redor da cabeça, da esquerda para a direita, acima das sobrancelhas e
passando por cima da porção mais anterior do osso frontal (testa), atrás das orelhas
(não incluir as mesmas) e sobre a proeminência occipital (parte atrás do crânio). Essa
medida deve ser efetuada na posição deitada em recém-nascidos, e na criança maior,
deve estar na posição semissentada no colo da mãe ou do cuidador.
Índice de massa corporal (IMC): recentemente, tem-se recomendado a utilização
do Índice de Massa Corporal (IMC), esse índice permite diagnosticar situações de
desnutrição ou de excesso de peso. A avaliação periódica do crescimento permite
acompanhar o estado de saúde da criança, e identificar as que apresentam maior risco
à saúde e os agravos nutricionais que necessitarão de intervenção. (BRASIL 2020)

66
Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

1.3 Importância das consultas médicas


O acompanhamento da criança deve se iniciar desde o pré-natal. No período do
pré-natal é possível identificar alguns problemas de formação e saúde do bebê. Após
o nascimento, o acompanhamento é obrigatório e deve ocorrer com frequência no
primeiro ano de vida, pois essa faixa etária está mais suscetível a intercorrências, que
podem se agravar rapidamente. O cronograma de consultas deve incluir no mínimo:
• 1 consulta mensal até 6º mês
• 1 consulta a cada três meses a partir do 6º ao 12º mês
• 1 consulta semestral até 24 meses
• 1 consulta anual a partir do 3º ano de vida.

Quem acompanha a criança nas consultas deve informar todas as intercorrências


que ocorreram no período. É bom manter anotações para comunicar ao pediatra.
Observação: Este cronograma vai variar de acordo com o desenvolvimento e
estado de saúde da criança, podendo aumentar a frequência das consultas.

2. DESENVOLVIMENTO NORMAL DA CRIANÇA


2.1 Desenvolvimento Físico

Como você viu acima, as consultas médicas são muito importantes para
acompanhar o desenvolvimento da criança, por isso é essencial que você seja um
bom observador,
As informações a seguir são relativas às atividades que a criança será capaz de
realizar durante cada etapa do desenvolvimento. Preste muita atenção a cada uma
delas, para que você reconheça as alterações e possa informar aos pais e/ou aos
profissionais de saúde, pois há muitos casos em que é o cuidador quem acompanha
a criança às consultas médicas.

67
Cuidador infantil

A aprendizagem neuropsicomotora se estabelece principalmente ao longo da


infância, podendo sofrer a influência de fatores nutricionais, genéticos e ambientais.
Se houver dificuldade de aquisição de determinada habilidade, os pais ou cuidador
deverão ser orientados quanto à necessidade de estimulação; na persistência e
evolução progressiva do déficit de desenvolvimento, a criança deverá ser encaminhada
à referência de risco, quando necessário. (BRASIL, p. 15. 2020)
Para facilitar a compreensão dessa fase, observe o quadro abaixo que contém a
idade da criança e as reações físicas e sensoriais que ocorrem com maior frequência
em cada faixa etária

Idade Reações Físicas Reações Sensoriais


Até o final do • O bebê sorri. • Fixa e acompanha com
3º mês • Sustenta a cabeça. os olhos o objeto que lhe
interessa.
• Descobre as mãos e brinca
com elas, gosta de levá-las à • Vira a cabeça para o som.
boca
Dos 3 aos 6 meses • Busca objetos com as mãos • Acompanha os objetos com
e tenta segurá-los, leva-os à os olhos.
boca, passa-os de uma mão à • Localiza o som.
outra.
• A criança sente prazer em
• Vira-se sozinho. mitir e ouvir seu próprio som.
• Rola na cama.
• Senta com apoio.
• Descobre os pés, brinca com
eles e leva-os à boca
• Produz som com a boca
Dos 6 aos 9 meses • Senta sem apoio. • Expressa suas emoções.
• Usa os braços e as mãos para • Reconhece o rosto da mãe
se equilibrar. ntre os demais e pode reagir
• Passa um objeto de uma mão à sua ausência com angústia.
à outra.
• Brinca de esconde-achou.
• Gosta de ficar com quem
conhece e pode estranhar as
pessoas.
continua...

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Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

Idade Reações Físicas Reações Sensoriais


Dos 9 aos 12 • Balbucia monossílabos e ini- • Acompanha com os olhos
meses be-se com o “não”. Levanta-se objetos em qualquer postura.
e consegue ficar de pé com Localiza o som, em qualquer
apoio, posteriormente, já fica direção.
em pé sozinho. Pode engati-
nhar e tentar dar os primeiros
passos.
• Adquire desde os 9 meses a
preensão tipo pinça: segura
objetos com os 3 dedos,
usando polegar.
Dos 12 aos 36 • As experiências sociais • Apresenta bom desen-
meses adquiridas. volvimento dos órgãos dos
• Controle dos esfíncteres, sentidos.
Andar e falar propiciam maior
autonomia

Quadro 1. Reações físicas e sensoriais por faixa etária


Elaborada a partir das informações de (BRASIL, 2020).

Observação: A vocalização nos primeiros 6 meses de idade não significa que a criança
escuta. Esse período assinala o início da fase cortical do desenvolvimento, ausência
de memória dos reflexos primários, com mudança significativa do tônus muscular.

2.2 Desenvolvimento Cognitivo

Cognição é a capacidade que o indivíduo tem de processar informações com a


finalidade de perceber, integrar, compreender e responder adequadamente os estímulos
do ambiente, levando o indivíduo a pensar, a analisar e a avaliar como cumprir uma

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Cuidador infantil

atividade. Para que tudo isso aconteça de forma integral, é necessário que determinadas
regiões do cérebro estejam íntegras e bem desenvolvidas.(Neurosaber, 2016)
Para cada idade, há uma fase determinada, essas fases do desenvolvimento
foram identificadas e denominadas pelo psicólogo Jean William Fritz Piaget, suas
observações de como as crianças reagem a seus ambientes tornaram-se a teoria do
desenvolvimento cognitivo mais conhecida e influente até hoje. Piaget dividiu a fase
de desenvolvimento em 4 quatro estágios. (CALINI, BRESSA. 2017)
Vamos conhecer de forma muito resumida cada uma das fases, observe o quadro
abaixo.

Idade Estágio Comportamento


do nascimento até Estágio sensório-motor Nessa fase, as crianças apren-
cerca de 2 anos dem sobre o mundo por meio
dos sentidos e da manipulação
de objetos.
2 a 7 anos de idade Estágio pré-operacional Durante esse estágio, as crian-
ças desenvolvem a memória e
a imaginação. Eles também são
capazes de entender as coisas
simbolicamente e entender as
ideias do passado e do futuro.
de 7 a 11 anos Estágio operacional Durante esse estágio, as crianças
concreto se tornam mais conscientes dos
eventos externos, bem como
de outros sentimentos que não
os seus. Eles se tornam menos
egocêntricos e começam a com-
preender que nem todos com-
partilham seus pensamentos,
crenças ou sentimentos.
de 11 a 15 anos Estágio operacional Durante esse estágio, as crianças
formal são capazes de usar a lógica para
resolver problemas, ver o mundo
ao seu redor e planejar o futuro

Quadro 2. Estágios Do Desenvolvimento Cognitivo De Jean Piaget


elaborado a partir de Caliani, Bressa (2017).

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Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

3. CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO


3.1 Importância Da Vacina Para A Saúde Da Criança e da População
A vacinação é uma ação de extrema importância para o crescimento saudável
das crianças. As vacinas ativam o sistema imunológico, fazendo com que ele produza
anticorpos especiais contra uma série de doenças. Algumas dessas doenças podem
levar à morte ou deixar graves sequelas na pessoa acometida.
A qualidade é proporcional ao número de crianças e adultos vacinados, pois a
vacina não promove somente a proteção individual, mas coletivamente, porque evita
a propagação em massa de doenças de muitas doenças. (FIOCRUZ, 2018)

3.2 Idade Apropriada Para Vacinas


Para você compreender melhor o cronograma de vacinas, observe o esquema
abaixo. Observe as vacinas, a idade para iniciar a aplicação de cada uma, quantas
doses de cada uma devem ser aplicadas e os eventos adversos. A cada aplicação de
vacina, o profissional da saúde da sala de vacina orienta quais cuidados devem ser
tomados caso a criança ou adulto apresente algum desses eventos.
Observação: Nunca dê medicamentos que não foram recomendados, não aplique
pomadas, compressas frias ou quentes no local sem que o profissional de saúde
tenha recomendado.

71
Cuidador infantil

4. CUIDADOS BÁSICOS COM A CRIANÇA DE 0-6 ANOS


4.1 Alimentação
Você conhecerá o preparo da alimentação na unidade: Qualidade De Vida Da
Criança: Nutrição E Alimentação Na Infância. Neste trecho, vamos falar um pouco
sobre o momento da alimentação.
Com exceção do aleitamento materno, que deve ser sob livre demanda, as
demais refeições precisam ter um horário habitual, com uma rotina e um ambiente
agradável no momento da refeição.
• É muito comum crianças fazerem refeições na frente da televisão, mas isso
não é saudável, pois a criança acaba se alimentando mal, ou come pouco ou
come demais, podendo levar à desnutrição ou à obesidade.
• Não ofereça guloseimas para a criança antes das refeições e nem líquidos
enquanto comem, isso pode fazê-las se sentirem satisfeitas e recusarem
os alimentos.
• Não fale que um alimento é ruim ou que você não gosta de determinado
alimento, as crianças tendem a repetir as palavras dos adultos e aceitarem
o julgamento dos adultos sobre determinados alimentos.
• Estabeleça um horário para a alimentação, prepare o ambiente (cadei-
rão próprio para a refeição, mesa, talheres, guardanapos etc.), coloque a
criança sentada, deixe que ela tente comer sozinha, que ela experimente
diferentes alimentos.
• Quando a criança recusar um determinado alimento, procure oferecer o
mesmo alimento, mas preparado de outra forma, por exemplo, a cenoura,
que pode ser ofertada de diferentes formas, crua em saladas, de suco, purê,
bolos, sopa com outros legumes, cozida junto a carnes, no feijão ou no arroz.
Viu quantas opções? Às vezes, o que não agrada é a forma como o alimento é
preparado e não o alimento em si.

4.2 Higiene do Ambiente


Antes de falarmos sobre higiene a criança, vamos às dicas para se ter um ambiente
saudável.
Muitos problemas de saúde podem ser evitados pela manutenção de um ambiente
limpo e agradável. Algumas decisões ajudam nessa decisão, a saber:
• Mantenha janelas abertas durante o dia;
• Opte por móveis simples, com bordas lisas e de fácil limpeza;
• Limpe diariamente, com água, sabão e produtos de limpeza adequados.
Evite produtos com odor ativo, como os derivados de amoníaco. Evitar usar
vassouras e espanadores, bem como aspiradores que não tenham filtros para
reter partículas bem pequenas;

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Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

• Troque travesseiros uma vez por ano; prefira modelos com espuma inteiriça.
Encape os colchões e travesseiros com capas especiais contra os ácaros,
troque as roupas de cama semanalmente;
• Seque toalhas de banho ao sol.

4.3 Higiene da Criança

Banho do bebê: prepare todos os utensílios para o banho: toalha, sabonete,


shampoo, roupas fraldas, creme protetor de assaduras etc. Coloque água na banheira
e teste a temperatura com o dorso da mão ou dos cotovelos, pois são partes mais
sensíveis do corpo e de onde você sentirá melhor a temperatura da água. Mantenha
o ambiente fechado para evitar correntes de ar frio. Retire as roupas do bebê, retire
a fralda e, caso haja fezes, faça uma boa higiene antes de levá-lo para a banheira.
• Enrole o corpinho do bebê em uma toalha, antes de colocá-lo completamente
na banheira, lave seu rosto protegendo os ouvidos para que não entre água,
depois passe o shampoo na cabeça com movimentos circulares e suaves,
incline a cabeça levemente para trás e enxágue bem.
• Retire a toalha do corpo, seque a cabeça e coloque o bebê na banheira, passe
sabonete em todo corpo, não esqueça as dobrinhas, debaixo dos braços e
pescoço, enrole o bebê na toalha e seque bem todo o corpo.
• Procure utilizar produtos neutros e sem cheiro para evitar alergias.
• Nunca deixe o bebê sozinho na banheira, para evitar afogamentos
• Não o deixe sozinho sobre cômodas, beiradas de cama ou de outros móveis
para evitar queda.

Além de ser higiênico, o banho é relaxante e também ajuda a diminuir as cólicas.


Observação: O momento do banho é importante para observar se há assaduras,
arranhões causados pela unha, picadas de insetos, manchas e qualquer outra alteração
no corpo da criança.

73
Cuidador infantil

Banho em crianças: conforme as crianças vão crescendo, elas vão ficando mais
autônomas e isso deve ser estimulado. Comece sempre separando as roupas, toalhas
e produtos que serão utilizados no banho. Abra o chuveiro e teste a temperatura da
água, coloque a criança embaixo do chuveiro e comece o banho pelo rosto, cabeça
e tórax. Ensine a criança a lavar as genitálias.
Observação: Assim como no bebê, o banho é um momento importante para
observar qualquer alteração no corpo da criança, se há assaduras, alterações na pele,
arranhões causados pela unha, picadas de insetos, manchas, piolho etc.
Lavagem das mãos: a lavagem das mãos é essencial para evitar contaminação,
por vários microorganismos, como: bactérias, vírus, vermes causadores de doenças.
Ela deve ser feita com muita frequência durante o dia, após brincar, usar o banheiro,
voltar de passeios, chegar da escola/creche, colocar as mãos no chão, antes das
refeições e quando apresentar qualquer sujidade.
Existe uma maneira correta de lavar as mãos de adultos e de crianças.
Higiene durante o desfralde: a fralda deve ser trocada sempre que a criança
evacuar, a demora na troca de fralda suja pode causar assaduras e infecções de urina.
Cortar as unhas: mantenha as unhas da criança curtas para não acumular sujeira e
evitar arranhões. Utilize tesouras sem pontas e procure cortar as unhas nos momentos
em que a criança esteja calma para evitar acidentes.

4.4 Dentes e Higiene Bucal


Esse é um cuidado que exige atenção. Então vamos detalhar um pouquinho mais
e falar sobre a dentição e quando começam os cuidados com ela.
O normal é que, por volta dos 6 meses de vida, os dentes de leite (decíduos)
comecem a nascer, podendo haver retardo de até os 12 meses. Se os dentes não
começarem a nascer após esse período, é necessário comunicar o médico ou o
odontologista, pois existe a possibilidade de ocorrer anodontia (ausência dos dentes).
A criança pode nascer com dentes (dentes natais) ou até mesmo pode acontecer
de os dentes nascerem no primeiro mês de vida (dentes neonatais). Sendo necessário
extraí-los por serem superficiais, prejudicarem a amamentação e pelo risco de caírem
e o bebê aspirar para o pulmão.
A limpeza da boca da criança deve ser iniciada nos primeiros dias de vida, com
uma gaze ou fralda limpa, embebida em água potável ou solução com uma colher
de água oxigenada (vol. 10) em ½ copo de água potável (fria) que deve ser passada
delicadamente na gengiva e em toda a mucosa oral do bebê pelo menos uma vez
ao dia. (Brasil 2020)

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Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

Por volta dos 18 meses, surgem os molares decíduos, e o cuidado com a limpeza
deve ser mais intenso com a introdução obrigatória da escova dental, pois esses dentes
apresentam sulcos que podem reter placas bacterianas que levam à formação de cárie.
Aos 36 meses, a dentição decídua se completa com 10 dentes superiores e 10
inferiores.
Dicas para uma dentição saudável:
• Amamente sempre que possível: a amamentação promove o desenvolvimento
dos ossos e dos músculos da face que não estão completamente formados no
bebê, e que futuramente influenciarão nas funções de mastigação, deglutição
e fonação. Além de terem menor probabilidade de desenvolver lesões de cárie.
• Faça a higiene bucal da criança após a ingestão de alimentos e medicamentos,
principalmente xaropes doces que têm potencial de causar cárie. Crianças que
tomam mamadeira à noite precisam fazer a limpeza bucal antes de dormir.
• Não coloque açúcar em frutas e sucos para que a criança aprecie o sabor
natural dos alimentos.
• Caso apresente manchas brancas que indiquem descalcificação e/ou cavi-
dades no dentes, a criança deve ser encaminhada à equipe de saúde bucal,
para tratamento e aplicação de verniz com flúor.
• Caso o hábito da chupeta/bico já esteja instalado, deve-se removê-lo o
quanto antes para prevenir as alterações e possibilitar sua reversão natural
do formato da cavidade bucal.
• O bico da mamadeira deve ser curto, com orifício pequeno e que não se
aumente o furo para dar alimentos mais espessos. Alimentos mais espessos
devem ser ofertados em copos ou colheres.
• O uso do fio dental está indicado quando os dentes estão juntos, sem espaços
entre eles, uma vez ao dia.

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Cuidador infantil

• Recomenda-se que o creme dental fluoretado seja usado com a supervisão


dos pais e/ou cuidadores, em quantidade mínima, com o incentivo para a
criança cuspir a pasta após a escovação. (Brasil, 2020)

SAIBA MAIS

Você já ouviu falar do Brasil Sorridente? É a Política Nacional de Saúde


Bucal. Assista o vídeo Brasil Sorridente: Política Nacional de Saúde Bucal:
https://www.youtube.com/watch?v=Rt5FUhNEukI

4.5 Cuidados com Administração de Medicamentos


Em algum momento você terá que cuidar de uma criança ou até mesmo um
adulto doente, de modo que os cuidados na administração de medicamentos serão
muito importantes para evitar erros, a saber:
• Medicamentos devem estar guardados fora do alcance das criança e bem
fechados;
• Crianças devem ser medicadas somente com orientação médica, na dose e
horários corretos;
• É preciso ler o rótulo antes de administrar para verificar se é o medicamento
correto;
• É preciso ler a receita para se certificar de que é o medicamento certo, a via
de administração (oral, nasal, retal, ocular, ouvido, ou pele) e quantas vezes
deve ser administrado ao dia.
Atenção: Pode ocorrer de a criança apresentar reação alérgica, se ocorrer a
administração do medicamento, ela deve ser interrompida e o médico comunicado
imediatamente.
Logo abaixo há alguns exemplos de reações alérgicas:

4.6 Reações Alérgicas


A reação alérgica é uma resposta imunológica exagerada que se desenvolve após
a exposição a uma substância estranha ao nosso organismo (antígeno). Essa reação
ocorre em indivíduos suscetíveis (geneticamente) e previamente sensibilizados.
Reações alérgicas podem ser agudas ou crônicas, em alguns casos, é necessário
socorro urgente para evitar a morte da pessoa (choque anafilático).
Quando a pessoa já conhece o que lhe causa alergia, ela evita essas substâncias
e, muitas vezes, já carrega consigo um antialérgico ou antídoto recomendado pelo
médico.

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Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

Diversos produtos e substâncias podem causar reações alérgicas. Exemplos como


medicamentos, alimentos, tecidos, perfumes, produtos de limpeza, ácaros e baratas,
mofo (fungos), epitélio (pele) e pelos de animais (gatos e cães), esporos de fungos,
pólens de flores, picadas de insetos, como abelhas e formigas.
As alergias se manifestam de várias maneiras e em partes diferentes do corpo:
• Nos olhos: conjuntivite alérgica é a mais comum, provocando irritação,
vermelhidão, coceira e lacrimejamento dos olhos.
• Na pele: manifesta-se com lesões e coceira intensa, vermelhidão, calor local,
inchaço, em alguns casos, pode ser muito grave, acometendo o corpo inteiro.
• Nariz: espirros repetidos, coriza líquida e abundante, coceira nasal insistente
(ou coçam também os olhos, os ouvidos, o céu da boca e a garganta), muco-
sa nasal congestionada e narinas entupidas, olhos avermelhados, irritados,
lacrimejando e coçando, sensação de escorrimento da secreção pela parte
de trás do nariz, que pode provocar pigarro ou tosse insistente, alteração do
olfato e do paladar, tosse crônica noturna, sinusite, amigdalites, faringites
e otites repetidas.
• Vias respiratórias: dificuldade de respirar, sensação de “aperto” ou de
opressão no peito (“peito preso”), falta de ar ou cansaço, chiados no peito,
tosse, com ou sem eliminação de secreção. (BRASIL, 2005; BRASIL 2020)

Caso a criança apresente algum desses sintomas, comunique ao médico durante


a consulta para melhor avaliação e conduta.
• Anafilaxia ou choque anafilático: É uma reação alérgica mais grave que leva
ao acometimento de todo o organismo, com dificuldade de respiração, perda
de consciência e, por vezes, a morte, quando não tratada imediatamente.
Atenção ao sinais e sintomas do choque anafilático:
• sensação de desmaio;
• pulso rápido;
• dificuldade de respiração, incluindo chiados no peito, tosse;
• náusea e vômito;
• dor no estômago;
• inchaço nos lábios, língua ou garganta (pode levar ao edema de glote);
• placas altas e com coceira na pele (urticária);
• pele pálida, fria e úmida;
• tontura, confusão mental, perda da consciência;
• parada cardíaca. (BRASIL, 2005; BRASIL 2020)

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Cuidador infantil

Na presença desses sintomas, deve-se procurar o serviço de urgência e emergência.

Corpo de bombeiros - 193


Defesa civil - 199
Disque denúncia - 181
Polícia civil - 197
Polícia militar - 190
Samu - 192

Os números de emergência são padronizados em todo território nacional, mas


no seu município pode haver outros número de emergência, como: ambulância,
hospitais, prontos socorros etc.

4.7 Cólicas Do Lactente


Alguns bebês podem apresentar crises de cólicas com maior frequência É um
momento difícil, principalmente para a mãe que passa muitas horas acordada, Ela
precisa de muito apoio emocional e de descanso. Cuidados são importantes para
evitar a cólica e para aliviá-las. Explique aos pais a importância de manter a calma.
Permaneça com a criança em um ambiente tranquilo e com música suave. Um
banho morno pode ser útil. O abdômen todo imergido na água ajuda a eliminar os
gases que provocam a cólica.
Massagem abdominal: movimento de rotação na barriga (no sentido horário)
ou fazer flexões repetidas com as pernas da criança até os joelhos comprimirem a
barriga, quando a criança não tiver sido amamentada. (BRASIL, 2020)

DICA

Procure na unidade Doenças Prevalentes Na Infância E Assistência À


Criança Com Deficiência, o procedimento da Shantala é uma massagem
relaxante que alivia as dores abdominais: https://www.youtube.com/
watch?v=LqUuR2nCOdA

• Coloque o bebê em decúbito ventral sobre uma bolsa de água morna, toalha
aquecida ou almofada aquecida coberta. Muito cuidado com a temperatura
para não provocar queimaduras.
• Coloque o bebê de barriga para cima e faça movimentos lentos com as perni-
nhas como se estivesse andando de bicicleta fazendo leve pressão na barriga.

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Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

• Mude a posição do bebê com frequência; caminhe com ele apoiado nos seus
braços de barriga para baixo, aplicando pressão suave no abdômen. Aplique
a técnica da Shantala.
• Envolva o lactente firmemente com um cueiro macio.

• Pendure no berço algum dispositivo que estimule a vibração e o som de um


passeio de carro ou reproduza sons relaxantes, sons semelhantes aos ouvidos
dentro do útero, ou música.
• Amamente por menos tempo e com maior frequência e coloque o lactente
para arrotar durante e após as amamentações, usando a posição no ombro
ou sentado ereto.
• Nos casos de bebês amamentados, a mãe deve evitar todos os laticínios por um
período experimental. (BRASIL 2021; HOCKENBERRY, M.J.; WILSON, D. 2014)

LEMBRETE

nem todo choro é sinal de cólica. Anote a frequência do choro da criança e


comunique o pediatra na consulta.

5. PREVENÇÃO DE ACIDENTES E PRIMEIROS SOCORROS


Primeiros socorros são os cuidados de emergência dispensados a uma vítima de
acidente ou de mal súbito, até que ela possa receber o tratamento médico adequado
e definitivo.
Nunca deixe a criança sozinha. Chame alguém para ajudar, ligue para emergência
enquanto atende a criança e deixe o telefone no viva-voz. Observe os sinais vitais para

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Cuidador infantil

informar o socorrista ainda por telefone. Procure manter a calma e siga as orientações
do socorrista pelo telefone. Enquanto não consegue ajuda, inicie os procedimentos
de Reanimação Cardiopulmonar (RCP).
Observe os seguintes sinais: nível de consciência, respiração, frequência cardíaca
e sangramento. Não é necessário nenhum equipamento para verificar esses sinais.
• Nível de consciência: Chame a pessoa em voz alta, aperte o ombro ou outra
parte do corpo para verificar se ela responde a estímulo doloroso.
• Frequência cardíaca: Verifique se há batimentos cardíacos, apalpando o
pulso na região lateral do pescoço (Carótida).
• Respiração: Observe se há movimentos respiratórios com o tórax expandindo.
• Perfusão periférica: Cor arroxeada dos lábios ou nas unhas.
• Dilatação da pupila: (meninas dos olhos aumentadas).

Seja rápido para observar esses sinais, quanto antes começar a RCP, mais chances
de sobrevivência e de menor sequelas a vítima terá.
• Respiração boca a boca: Com os dedos da mão que estão sobre a testa,
tape as narinas da criança, coloque sua boca aberta sobre a dela e sopre
com força. Ao perceber que o peito da criança se expande, tire a boca para
que o ar seja expelido.
Atenção: Nunca realize a manobra em caso de obstrução de vias aéreas. Não
realize caso não se sinta seguro ,devido à possibilidade de contaminação.

• Reanimação cardiopulmonar (RCP): Para realizar a RCP, posicione-se de


joelhos ao lado da vítima, coloque as mãos sobrepostas na região interma-
milar dois dedos acima no processo xifóide, use o peso do corpo para fazer a
massagem, faça de 100 a 120 por minuto, reveze com outras pessoas o ciclo
das compressões a cada 2 minutos, a profundidade da compressão deve ser
de pelo menos 5 a 6 cm em adultos e 2 a 3 cm em crianças pequenas.
Realize 30 compressões para cada 2 respiração se estiver sozinho, 15
compressões para cada 2 ventilações se tiver mais uma pessoa para ajuda.

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Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

A ressuscitação deve ser realizada até que o quadro da vítima se estabilize ou


que venha a óbito. Se não sentir-se seguro para fazer a respiração boca a boca, se
empenhe na massagem cardíaca.

Hemorragias:
• Observe de onde vem o sangramento, se o corte é superficial, comprima
firmemente o local com pano limpo.
• Em cortes mais profundos, você deve fazer a compressão no ponto arterial
que fica anterior ao sangramento, comprimir uma artéria, distante do feri-
mento. Esse procedimento é executado frequentemente na artéria braquial
e femoral.
• Observação: Aplicar torniquete somente quando existir amputação traumática
do braço ou da perna, em que não tenha respondido às técnicas anteriores
e caso o socorro médico fique a mais de 30 minutos de distância.
• Sangramento nasal: apenas mantenha a cabeça na posição natural, coloque
gelo no local e se o sangramento persistir, procure o serviço médico.
• Quando um corte é mais superficial e atinge veias, o sangue é mais espesso e
escuro e escorre. Quando o corte é mais profundo e atinge artérias, o sangue
é mais fluido, é vermelho vivo e sai em jato. Nesse tipo de sangramento, o
risco de morte se a hemorragia não for estancada é muito alto.

Fraturas:
• Mantenha a vítima em repouso, evitando movimentar a área atingida.
• Estanque a hemorragia da fratura exposta conforme orientação anterior
sobre hemorragias.
• Proteja o ferimento com um curativo usando compressas, lenço ou pano limpo.
• Faça a imobilização de modo a atingir as duas articulações próximas à lesão.

81
Cuidador infantil

• Amarre talas com ataduras ou tiras de pano com firmeza, mas sem apertar,
em 4 pontos.
• Verifique o pulso, a sensibilidade e a perfusão para informar aos socorristas;
• Remova a vítima para o hospital mais próximo;
• Não tente colocar o osso no lugar, pois pode aumentar o sangramento.

5.1 Envenenamento
Produtos de limpeza e venenos para matar insetos e ratos são a principal causa
de envenenamento acidental em crianças.

Cuidados preventivos:
• Evite ter esses produtos em casa, mas se for necessário, mantenha-os bem
lacrados, fora do alcance das crianças e de animais domésticos.
• Embalagens de produtos químicos e agrotóxicos devem ser descartados em
locais apropriados, conforme legislação.

Primeiro socorros:
• Nunca provoque vômitos,
• Não ofereça água, leite ou qualquer outro tipo de líquido;
• Procure serviço de saúde imediatamente;
• Se possível, leve a embalagem do produto que a criança ingeriu junto, para
que o médico possa identificar qual é a substância e qual antídoto deve ser
administrado.

5.2 Queimaduras
A maioria das queimaduras com crianças, especialmente entre as idades de seis
meses e dois anos, é causada por comidas quentes e líquidos derramados na cozinha.
A água quente da pia e da banheira é também responsável por muitas queimaduras
em crianças, sendo mais graves, pois cobrem uma porção maior do corpo do que as
ocasionadas por outros líquidos quentes.

Cuidados preventivos:
• Sempre teste a temperatura da água do banho, usando o dorso da mão ou o
cotovelo, movimentando a água de um lado para o outro para misturar toda
a água quente com a fria.
• Evite carregar comidas ou bebidas quentes quando estiver próximo à criança.
• Não use toalha comprida na mesa, a criança pode puxá-la e derrubar uten-
sílios e líquidos quentes sobre ela.
• Fique atento quando estiver usando forno para que a criança não se aproxime.

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Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

• Mantenha produtos abrasivos (álcool, querosene, gasolina etc.) longe do


alcance de crianças.

Primeiro socorros:
• Lave com água corrente limpa;
• Cubra com pano limpo e úmido;
• Não fure as bolhas;
• Procure o serviço médico;
• Nunca aplique nenhum tipo de produto sobre o local queimado, para não
agravar a condição da queimadura.

5.3 Intoxicação Alimentar


Causada por alimentos estragados, contaminados por bactérias, vencidos ou
contaminados por agrotóxicos.

Cuidados Preventivos:
• Lave as mãos em água corrente e sabão antes de preparar e oferecer a ali-
mentação para a criança;
• Higienize o preparo e o manuseio dos alimentos;
• Garanta o armazenamento e a conservação adequados;
• Use água fervida e filtrada para oferecer à criança e também para o preparo
das refeições;
• Não ofereça à criança sobras de alimentos da refeição anterior;
• Prepare apenas a quantidade de alimentos que a criança costuma comer,
para evitar sobras;
• Se não tiver um refrigerador em boas condições, prepare os alimentos da
criança próximo ao horário da refeição;
• Lave utensílios da criança, frutas e verduras em água corrente e os coloque
em imersão em água com hipoclorito de sódio a 2,5% por 15 minutos (20
gotas de hipoclorito para um litro de água);
• Reduza os efeitos de agrotóxicos, imergindo as frutas e verduras por 20
minutos em solução de uma colher de sopa de bicarbonato para 1 litro de
água, por 20 minutos;
• Aplique medidas de segurança e de descarte de resíduos.

Primeiros Socorros
• Os sinais de intoxicação alimentar são vômitos, febre, dor abdominal e diarréia
e podem levar a criança à desidratação rapidamente.

83
Cuidador infantil

• Ofereça líquidos e alimentos leves como sucos, sopas e chás para a criança.
• Observe a frequência com que a criança evacua e apresenta vômitos, não dê
medicamentos para prender o intestino, pois pode piorar a infecção intestinal
por prender as bactérias no intestino.
• Verifique a temperatura da criança.
• Observe sinais de desidratação como: boca seca, pouca urina, olhos fundos,
palidez e fraqueza.
• Se após ofertar líquidos, a criança persistir com vômitos e diarréia, procure
atendimento médico.

5.4 Aspiração, Asfixia e Afogamentos


Asfixia é qualquer bloqueio das vias respiratórias que pode ser causado por objetos,
líquidos, alimentos, traumas, afogamento, traumatismo no tórax, envenenamento
por drogas, gases, fumaça, enforcamento e choque elétrico.
As crianças são as principais vítimas de asfixia.

Cuidados Preventivos:
• As crianças devem dormir em colchão firme, de barriga para cima, cobertos
até a altura do peito com lençol ou manta presos embaixo do colchão e os
bracinhos para fora.
• O colchão deve estar bem preso ao berço (não mais que dois dedos de espaço
entre o berço e o colchão) e sem qualquer embalagem plástica.
• As grades do berço devem estar fixas e ter no máximo 6 cm de distância
entre elas.
• Não deixe brinquedos, travesseiros, objetos macios quando a criança estiver
dormindo no berço.
• Brinquedos devem ser comprados apropriados para idade da criança, objetos
pequenos como botões, colar de contas, bolas de gude, moedas, tachinhas
e partes de brinquedos podem causar engasgo e sufocação, pois as crianças
podem colocar na boca e nas narinas.
• Cuidado com cortinas ou persianas com cordas para evitar que crianças
menores corram o risco de enforcamento.
• Sacolas e sacos plásticos são muito perigosos, pois as crianças têm o hábito
de pôr na cabeça.
• Para evitar afogamento em crianças, alguns cuidados devem ser redobrados:
A maior parte dos afogamentos com bebês acontece em banheiras e bal-
des, até dois anos, mesmo vasos sanitários podem ser perigosos. A primeira
causa de afogamento com crianças é a falta de supervisão, geralmente por
questão de segundos.

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Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

Cuidados Preventivos para evitar afogamentos de crianças:


• Nunca deixe as crianças, sem vigilância, próximas a pias, vasos sanitários,
banheiras, baldes e recipientes com água.
• Esvazie-os logo depois de usá-los.
• Guarde baldes e recipientes de cabeça para baixo.
• Piscinas devem ter cercas e serem mantidas cobertas com proteção especial

Primeiros Socorros:
Para cada tipo de asfixia, há um tipo de socorro imediato, mas em todos, a
prioridade é desobstruir as vias aéreas para passagem de oxigênio. Se a criança estiver
em parada cardíaca inicie manobras cardiopulmonares.
• Por sacos plásticos: Retire o saco rapidamente, rasgando-o com as mãos.
Se a criança estiver consciente, leve-a para um local bem ventilado. Observe
sinais de alterações de nível de consciência e, se necessário, procure o serviço
de saúde para avaliação médica.
Se a criança estiver em parada cardíaca, inicie manobras de reanimação
cardiopulmonar.
• Corpos estranhos na boca em criança ou adulto: Manobra de Heimlich
Posicione-se por trás e enlace a vítima com os braços ao redor do abdome
(se for uma criança, ajoelhe-se primeiro), caso ela esteja consciente. Uma
das mãos permanece fechada sobre a chamada “boca do estômago” (região
epigástrica). A outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que
empurra a “boca do estômago” para dentro e para cima, como se quisesse
levantar a vítima do chão. Faça movimentos de compressão para dentro e
para cima (como uma letra “J”), até que a vítima elimine o corpo estranho.
Avalie os sinais e prossiga os primeiros socorros conforme o quadro apresentado
pela vítima.

85
Cuidador infantil

• Corpos estranhos no nariz: Tente fazer a criança respirar pela boca e segurar
o ar nos pulmões. Aperte a narina desobstruída e peça para a criança assoar.
Essa manobra requer a colaboração da criança, o que nem sempre é possível.
Se o objeto não for expelido ou se a criança não colaborar, não insista. Leva-a
imediatamente ao pronto-socorro mais próximo. Não faça respiração boca
a boca, pois corre o risco de empurrar o objeto ainda mais.
• Por vômitos: Deite a criança de lado. A cabeça deve ficar mais baixa que o corpo.
• Com os dedos, tape as duas narinas da criança. Coloque a sua boca na dela e
aspire forte até retirar o máximo de vômito dos pulmões. Não deixe a criança
deitar de costas. Leve-a ao pronto-socorro mais próximo.

86
Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

• Engasgo em bebê: Coloque o bebê de bruços em cima do seu braço e faça


cinco compressões entre as escápulas (no meio das costas). Vire o bebê de
barriga para cima em seu braço e efetue mais cinco compressões sobre o
esterno (osso que divide o peito ao meio), na altura dos mamilos. Tente visua-
lizar o corpo estranho e retirá-lo da boca delicadamente. Se não conseguir,
repita as compressões até a chegada a um serviço de emergência (pronto
socorro ou hospital)Não faça respiração boca a boca, pois corre o risco de
empurrar o objeto ainda mais.
• Afogamentos: Se a vítima estiver inconsciente e sem batimento cardíaco,
não perca tempo tentando retirar água dos pulmões. Inicie a massagem
cardiopulmonar conforme primeiros socorros. a vítima deve ser encaminhada
ao serviço médico urgentemente.

5.5 Atropelamentos, Quedas E Traumas


O descuido dos adultos é o maior fator de que envolve atropelamentos de crianças,
quedas e traumas. Entre os principais responsáveis por quedas com bebês estão os
móveis, as escadas e os andadores. Este último é responsável por mais acidentes do
que qualquer outro produto infantil destinado a crianças de 5 a 15 meses. A maior
parte das lesões resulta de quedas em escadas ou simplesmente de tropeços quando
estão no andador, sofás e cadeiras.
Não se engane, mesmo uma pequena queda pode causar sérios danos a uma
criança. Outra causa de trauma é sacudir a criança com força pra frente e para trás,
pois o movimento rápido do cérebro faz com que ele bata nas paredes do crânio
causando concussões e edemas cerebrais.

Cuidados Preventivos:
• Prefira o cercado (chiqueirinho).
• Instale telas ou grades nas janelas e sacadas.
• Nunca coloque berços ou outros móveis próximos a uma janela.
• Procure adquirir móveis com pontas arredondadas ou proteja as pontas com
protetores de quinas.
• Evite móveis com vidro ou outro material que possa quebrar e cortar.
• Mantenha uma mão na criança, enquanto troca as fraldas.
• Não deixe a criança sozinha em mesas, camas ou outros móveis.
• Não deixe a criança sem cadeirinha apropriada no carro.
• Segure firmemente a mão da criança quando estiver andando nas ruas.
• Mantenha os portões bem fechados.
• Ensine as crianças desde pequenas a prestarem atenção ao atravessarem a rua.
• Jamais sacuda a criança bruscamente.
• Use a cadeirinha em qualquer trajeto, desde a saída da maternidade.

87
Cuidador infantil

• Os bebês devem viajar no bebê-conforto, instalado de costas para o movimento


do veículo, até completarem um ano de idade e pesarem pelo menos 13 kg.
• Nunca coloque a criança no banco da frente de um carro.

Primeiros Socorros:
• Avalie os sinais e prossiga com os primeiros socorros conforme o quadro
apresentado pela vítima.

5.6 Choques Elétricos


• Os principais fatores de risco para acidentes com choque elétrico são:
• Tomadas descobertas, onde a criança põe dedinho;
• Carregador de celular e computador conectado na tomada sem estar conec-
tado nos aparelhos, facilitando que a criança coloque a boca;
• Equipamentos eletrônicos com fios desencapados;
Choques elétricos podem causar queimaduras, paradas cardíacas e levar a morte.

Cuidados Preventivos:
• Manter tomadas tampadas;
• Nunca deixar carregadores conectados;
• Verificar com frequência as condições de aparelhos eletrônicos e elétricos;
• Não deixar fios de extensões elétricas espalhados pela casa;

Primeiros Socorros:
• Desligue o objeto da tomada ou da fonte de energia.
• Avalie os sinais e prossiga com os primeiros socorros, conforme o quadro
apresentado pela vítima.

5.7 Cortes Contuso e Sangramentos


Ferimentos do tipo corte contuso são causados por objetos perfurocortantes
como: facas, pedras, ferramentas, cacos de vidros, entre outros. Podem causar
infecções, perda de membros e até ocasionar a morte por hemorragias a depender
da área do corpo afetada, da profundidade do corte e da demora no atendimento.

Cuidados Preventivos
• Manter utensílios domésticos cortantes fora do alcance das crianças;
• Descartar corretamente vidros e latas que podem causar ferimentos, embru-
lhado em jornais ou embalando caixas de papelão;
• Desprezar agulhas e seringas em embalagem fornecidas em postos de saú-
de ou em latas com tampas entregues no posto de saúde para o descarte
apropriado;

88
Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

• Encaminhar sobras de medicamentos ao posto de saúde.

Primeiros socorros:
• Avalie os sinais e prossiga com os primeiros socorros, conforme o quadro
apresentado pela vítima.

6. SINAIS DE ABUSO SEXUAL

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 70% das vítimas de estupro


do país são menores de idade.
Veja abaixo alguns sinais de abuso sexual em crianças e adolescentes:

6.1 Mudança de comportamento

• Mudança no comportamento das crianças/adolescentes de maneira repen-


tina e brusca, que também pode se apresentar com relação a uma pessoa
específica, o possível abusador, portanto, de fácil percepção.
• A maioria dos abusos acontecem com pessoas da família, às vezes, apresentam
rejeição a essa pessoa, fica em pânico quando está perto dela. São formas
que as vítimas encontram para pedir socorro. Em outros casos, a rejeição não
se dá em relação a uma pessoa específica, mas a uma atividade. A criança/

89
Cuidador infantil

adolescente não quer ir a uma atividade extracurricular, visitar um parente ou


vizinho ou mesmo voltar para casa depois da escola ou frequentar a escola,
o determinado esporte que tanto gosta.
• A criança/adolescente começa a apresentar medos que não tinha antes - do
escuro, de ficar sozinha ou perto de determinadas pessoas.
• Mudanças extremas no humor: de extrovertida e passa a ser muito introver-
tida, de calma e passa a ser agressiva.

6.2 Proximidade excessiva


• Apesar de, em muitos casos, a vítima demonstrar rejeição em relação ao abu-
sador, é preciso usar o bom senso para identificar quando uma proximidade
excessiva também pode ser um sinal.
• A violência costuma ser praticada por pessoas da família, na maioria dos
casos. Exemplo: se, ao chegar à casa de familiares ou conhecidos ,a criança/
adolescente desaparece por horas brincando com um primo mais velho /
tio/ padrinho ou
• Se é alvo de um interesse incomum de membros mais velhos da família em
situações em que ficam sozinhos sem supervisão, é preciso estar atento ao
que possa estar ocorrendo nessa relação.
• Nessas relações, muitas vezes, o abusador manipula emocionalmente a
vítima que nem sequer percebe estar sendo vítima naquela etapa da vida, o
que pode levar ao silêncio por sensação de culpa. Essa culpa pode se mani-
festar em comportamentos graves no futuro como a autolesões e até ideias
suicidas ou o suicídio.

6.3 Regressão
• Coisas simples, como fazer xixi na cama ou voltar a chupar o dedo. Ou ainda
começar a chorar sem motivo aparente.
• Se isolar com medo, não ficar perto de amigos, não confiar em ninguém, não
sorrir ou usar roupas incompatíveis com o clima como mangas longas, capuz
(pode ser sinal de autolesão) ou fugir de qualquer contato físico.
A criança e o adolescente sempre avisam, mas, na maioria das vezes, não é de
maneira verbal.

6.4 Segredos
• Para manter o silêncio da vítima, o abusador pode fazer ameaças de violência
física e promover chantagens para não expor fotos ou segredos comparti-
lhados pela vítima.
• É comum também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de benefício
material para construir a relação com a vítima.

90
Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

• É preciso explicar para os filhos que nenhum adulto ou criança mais velha
deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com
adultos de confiança, como a mãe ou o pai.

6.5 Hábitos
• Vai desde um mau desempenho escolar, falta de concentração ou uma recusa
a participar de atividades, até mudanças na alimentação (anorexia, bulimia)
ou distúrbio do sono como pesadelos, insônias ou medo de ficar sozinha ou
no modo de se vestir.
• A mudança na aparência pode ser também uma forma de proteção encontrada
pela criança, como uma menina se vestir como um menino na adolescência
para fugir de possíveis violências.

6.6 Questões de sexualidade


• As vítimas podem reproduzir o comportamento do abusador em outras
crianças/adolescentes. Como por exemplo, chamar os amiguinhos para
brincadeiras que têm algum cunho sexual ou algo do tipo; ou a vítima que,
nunca falou de sexualidade, começar a fazer desenhos em que aparecem
genitais, podendo ser um indicador.
• Especialmente crianças que, ainda muito novas, passam a apresentar curio-
sidades excessivas ou comportamentos diferentes, como quando ela, em vez
de abraçar um familiar, dá beijo, acaricia onde não deveria, ou quando faz
uma brincadeira muito sexualizada.
• O uso de palavras diferentes das aprendidas em casa para se referir às partes
íntimas também é motivo para se perguntar onde seu filho aprendeu tal
expressão.

6.7 Questões físicas


• Há também os sinais mais óbvios de violência sexual que deixam marcas
físicas que, inclusive, podem ser usadas como provas à Justiça.
• Existem situações em que a criança/adolescente acaba até mesmo contraindo
infecções sexualmente transmissíveis ou gravidez.
• Deve-se ficar atento a possíveis traumatismos físicos, lesões que possam
aparecer, roxos ou dores e inchaços nas regiões genitais ou anal, roupas
rasgadas, vestígios de sangue ou esperma, dores ao evacuar ou urinar.
• Dores inespecíficas como abdominal, cefaléia, em membros, torácica (afas-
tadas as hipóteses biológicas) podem indicar sinais de alerta

6.8 Negligência
• Muitas vezes, o abuso sexual vem acompanhado de outros tipos de maus
tratos que a vítima sofre em casa, como a negligência.

91
Cuidador infantil

• Filhos que passam horas sem supervisão ou que não têm o apoio emocional
da família, com o diálogo aberto com os pais, estarão em situação de maior
vulnerabilidade a esse tipo de abuso. Crianças e jovens excessivamente
expostos aos celulares, às redes sociais e aos jogos on-line estão mais sujei-
tos a apelos sexuais.

A revelação de abuso sexual de uma vítima pode ser intencional ou não intencional,
completa ou incompleta, verbal ou não verbal. Algumas estratégias que entornam
a expressão das crianças incluem fazer desenhos e usar brinquedos para encenar a
situação pela qual passou. É importante ressaltar que a maneira como você reage à
revelação pode afetar a recuperação desse trauma.
• Se uma criança/adolescente revelar a você que está sendo abusada sexual-
mente, dê a ela atenção total.
• Acreditar nela é crucial para o seu bem-estar psicológico.
• Permita que a vítima use suas próprias palavras e leve o tempo que precisar.
• Faça com que a criança/adolescente tenha certeza de que fez a coisa certa
ao lhe contar.

O que não fazer


• Fazer muitas perguntas à vítima, pois isso pode aumentar desnecessariamente
a pressão e interferir nos procedimentos legais (que podem ser considerados
como direcionadores da revelação da criança/adolescente). O importante
nesse estágio é ser um ouvinte encorajador e garantir que ela esteja segura.

O que fazer
• Você pode comunicar a uma delegacia especializada em proteção da criança
ou ao conselho tutelar de sua cidade.
• Fazer denúncia anônima também. Use o DISQUE 100. Esses organismos contam
com profissionais especificamente treinados em obter os relatos das vítimas.
• Além disso, mesmo que a criança/adolescente não revele o abuso, você pode
relatar suas preocupações e suspeitas a esses órgãos ou a algum profissional
de sua confiança, como o pediatra do seu filho, o hebiatra, o educador.

92
Unidade 5 – Crescimento e desenvolvimento infantil e
monitoramento do estado de saúde da criança

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Agora que você tem informações suficientes sobre o que é alimentação saudável,
vamos testar esses conhecimentos com essa pequena atividade.

1. Observe o calendário nacional de vacinas e registre a idade em que a primeira dose


das vacinas abaixo devem ser aplicadas e quantas doses de reforço devem ser feitas.
BCG (proteção contra formas graves da tuberculose):

Poliomielite (proteção contra a paralisia infantil):

Tetravalente (proteção contra difteria, tétano, coqueluche e meningite causada pela


bactéria Haemophilus):

Tríplice viral (proteção contra o sarampo, a rubéola e a caxumba):

Hepatite B (proteção contra a hepatite B):

Febre amarela (proteção contra a febre amarela):

2. Descreva os passos da RCP.

3. Em qual posição um bebê deve ser colocado ao realizar a manobra de Heimlich?

4. Para qual o número você deve ligar para fazer uma denúncia anônima de abuso
sexual infantil?

93
Cuidador infantil

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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em: https://bit.ly/3R7GoIR. Acesso em: 08 abr. 2022.

Brasil. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança: orientações para


implementação. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 180 p. : il.
Disponível em: https://bit.ly/3rtqH3O. Acesso em: 08 abr. 2022.

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CALIANI, F. M.; BRESSA, R. C. REFLETINDO SOBRE A APRENDIZAGEM: As Teorias de Jean


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CRUZ, R. C. Reanimação Cardiopulmonar Pediátrica. Quais as atualizações de 2019?


PebMed, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3MbcO1Q. Acesso em: 08 abr. 2022.

FIOCRUZ. Asfixia. [S.D]. Disponível em: https://bit.ly/36l0ZqS. Acesso em: 08 abr. 2022.

HOCKENBERRY, M. J.; WILSON, D. W. Fundamentos de Enfermagem Pediátrica.

Tradução da edição 9ª ed. Elsevier, 2014.

INSTITUTO NEURO SABER. Desenvolvimento Cognitivo Infantil: percepções, reações


e competências, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3KPuJeu. Acesso em: 08 abr. 2022.

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2021. Disponível em: https://bit.ly/3JLV4bS. Acesso em: 08 abr. de 2022.

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PETRY, P. C. Brasil Sorridente: Política Nacional de Saúde Bucal. Youtube, [2021?].


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porque ela evita a propagação em massa de doenças que podem levar à morte ou a
sequelas graves. INCQS, Fiocruz, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3M8wP9v. Acesso
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Disponível em: https://uni.cf/3KO7otD. Acesso em: 08 abr. 2022.

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Unidade 6
Qualidade de vida da criança:
nutrição e alimentação na infância

Unidade 6 – Qualidade de vida da criança: nutrição e alimentação na infância

Cursista,
seja bem-vindo a esta etapa do curso de cuidador infantil, aqui você conhecerá
um pouquinho sobre a importância de uma boa alimentação desde o nascimento
e como isso afetará o desenvolvimento e a saúde da criança. Você também saberá
quais os principais alimentos que compõem uma dieta equilibrada e em qual idade
eles devem ser introduzidos na refeição da criança, até que ela possa compartilhar
dos mesmos alimentos que os membros adultos da família. Esse conhecimento
será muito importante para o seu trabalho tanto para estimular e apoiar a mãe na
amamentação quanto para a preparação de uma alimentação saudável para a criança,
que estará aos seus cuidados.
Bons estudos!

1. A IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO: PRIMEIRA FONTE DE


ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA
A Organização Mundial da Saúde OMS (2003) orienta que a amamentação seja
exclusiva até o sexto mês de vida do bebê e iniciada na primeira hora logo após o
parto, pois fortalece o vínculo entre mãe e bebê. O colostro, primeira porção do
leite produzido em pequena quantidade pelas glândulas mamárias, é ideal para os
primeiros dias de vida do bebê, pelo seu alto teor de proteínas, água, vitaminas, sais
minerais, enzimas e hormônios que protegem o recém-nascido contra infecções,
sendo assim, um fator extremamente importante no combate à mortalidade infantil.

95
Cuidador infantil

1.1 Benefícios da amamentação para a saúde da mulher

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou os seguintes benefícios à


saúde das mulheres que amamentam seus filhos:
• Riscos diminuídos de desenvolver diabetes tipo 2;
• As mulheres que amamentam apresentam um risco muito menor de contrair o
câncer de mama, sendo que esse risco é 22% menor comparado às mulheres
que nunca amamentaram e, quanto maior for o tempo que a mulher tiver
amamentado todos os filhos, essa proporção também aumenta, variando
de 7% a 9%;
• Mesmo que essas mulheres venham a desenvolver o câncer de mama e
forem submetidas à cirurgia, se elas tiverem amamentado pelo menos por
seis meses, elas têm um risco aproximadamente 3 vezes menor de morrer
pela doença, comparadas com aquelas que amamentaram por um tempo
menor do que 6 meses;
• Menor chance para as mulheres que amamentam de desenvolver o câncer
de endométrio (revestimento interno do útero) e de ovário;
• Diminuição das chances de retorno das crises de enxaqueca;
• Auxílio na redução do peso.

1.2 Fatores que auxiliam a produção do leite materno


• Ansiedade com relação à produção de leite e achar que seu leite é fraco: essa
é uma situação comum entre as mulheres desde a gravidez.
(Oriente a mãe sobre o fato de que nos primeiros dias a produção do colostro,
apesar de ser pequena, é muito importante para a saúde do bebê. Explique
a ela que ela não deve se comparar a outras mães, pois cada organismo é
diferente do outro. Converse com a mãe sobre os passos a seguir para uma
boa produção do leite e amamentação).

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Unidade 6 – Qualidade de vida da criança: nutrição e alimentação na infância

• Um ambiente tranquilo e com menos fatores de estresse.


(A família precisa colaborar para tranquilidade do ambiente com menos
ruídos e auxílio nas tarefas domésticas.)
• Ingestão de líquidos: água tratada, filtrada e fervida no mínimo 1 litro.
(Dê dicas à mãe para deixar garrafas com água por perto e tomar 2 copos pela
manhã e 2 copos pela tarde, e tomar líquidos como sucos e chás, enquanto
estiver amamentando).
Colocar o bebê para sugar com mais frequência,estimulando-o com leves
toques no rosto, caso ele segure a mama sem sugar. O bebê não deve
permanecer no seio após a mamada ou enquanto dorme, pois isso pode se
tornar um hábito que prejudica o descanso da mãe.
• Se necessário, é preciso esvaziar as mamas após o bebê estiver satisfeito.
(O leite excedente pode ser guardado em geladeira por 12 horas ou congelado
por até 15 dias para ser ofertado ao bebê quando a mãe não estiver por perto
ou ser doado a bancos de leite materno).
• Uma alimentação variada, equilibrada, que evite dietas restritivas (regimes).
A mãe que amamenta precisa comer até 500 calorias a mais para conseguir
manter seu estado nutricional e compensar a energia gasta para produção do
leite. Por isso, a mulher que amamenta costuma ter o seu apetite aumentado.

DICA

Link para localizar banco de leite materno no Brasil: https://bit.ly/3pQPi0Y

1.3 Fatores que prejudicam a amamentação


Ofertar chás, sucos e água ao bebê faz com que ele fique satisfeito e prejudica
a sucção, fazendo com que ele mame menos leite materno.
A oferta desses líquidos em chuquinhas ou mamadeiras pode ser um meio de
contaminação e de aumento do risco de doenças, além de fazer com que o bebê
engula mais ar (aerofagia), propiciando desconforto abdominal pela formação de
gases e, consequentemente, cólicas no bebê.
Além disso, pode-se instalar a confusão de bicos, dificultando a pega correta da
mama, e aumentar os riscos de problemas ortodônticos e fonoaudiológicos.

1.4 Cuidados na amamentação


• Ambiente tranquilo;
• Higiene das mãos e na mama antes de amamentar;

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Cuidador infantil

• Postura confortável para mãe e bebê;


• O pescoço do bebê está ereto ou um pouco curvado para trás, sem estar
distendido;
• A boca está bem aberta;
• O corpo da criança está voltado para o corpo da mãe;
• A barriga do bebê está encostada na barriga da mãe;
• Todo o corpo do bebê recebe sustentação;
• O bebê e a mãe devem estar confortáveis.
OBS:Uma almofada nas costas, um apoio para os pés, um travesseiro no colo
da mãe para apoiar o bebê e deixá-lo mais próximo ao corpo da mãe, são
exemplos de recursos que podem auxiliar para uma melhor posição da mãe
e bebê. O IMPORTANTE É A MÃE ESTAR CONFORTÁVEL.

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Unidade 6 – Qualidade de vida da criança: nutrição e alimentação na infância

• Pega correta do bebê na mama

1.5 Cuidados com o bebê após amamentar


Sempre após a mamar, no seio ou mamadeira, coloque o bebê para arrotar com
a cabeça apoiada nos ombros, durante o arroto, o bebê pode regurgitar um pouco de
leite, por isso é importante deixá-lo na posição vertical antes de colocá-lo no berço.
Para o bebê dormir é mais seguro colocá-lo de barriga para cima, isso previne
os casos de broncoaspiração, isso é, quando o bebe engasga com o próprio vômito,
indo para o pulmão, podendo causar pneumonia e até mesmo a morte.
As consultas ao pediatra são de extrema importância para acompanhamento
do desenvolvimento da criança.
O aleitamento materno só deve ser substituído sob orientação médica .

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Cuidador infantil

2. TRANSIÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO PARA OUTROS


ALIMENTOS
2.1 Esquema de alimentação até os dois anos de vida
O esquema abaixo apresenta alguns passos para que os pais ou responsáveis
possam ajudar a criança no contato com as novas texturas e sabores durante a
alimentação, incentivando assim a passagem gradual do leite materno exclusivo
para novos alimentos. Nele está exemplificado a idade, o tipo de alimento, a fonte
onde ele é encontrado e o número de vezes que deve ser ofertado à criança por dia.

QUADRO 1 - ESQUEMA DE TRANSIÇÃO ALIMENTAÇÃO INFANTIL

FONTE DE QUANTAS VEZES


IDADE TIPO DE ALIMENTO
ALIMENTO POR DIA
Até 6 meses Somente leite Aleitamento À livre demanda
materno materno exclusivo
Ao completar Leite Materno, Leite materno À livre demanda
6 meses Papa de fruta, Papa de frutas 1 vez ao dia
Papa salgada Papa de legumes 1 vez ao dia
cereais, tubérculos,
carnes, verduras,
frutas e legumes
Ao completar Leite Materno, Leite materno À livre demanda
7 meses Papa de fruta, Papa de frutas 3 vezes ao dia se
Papa salgada Papa de legumes estiver mamando
cereais, tubérculos, 5 vezes ao dia se
carnes, verduras, estiver desmamada
frutas e legumes
Ao completar Leite materno Leite materno À livre demanda
8 meses Gradativamente pas- cereais, tubérculos, pastosa (papas/
sar para a alimenta- carnes, verduras, purês) e, gradativa-
ção da família frutas e legumes mente, aumentando
essa consistência até
chegar à alimenta-
ção da família.
Ao completar Leite materno Leite materno À livre demanda
12 meses até Comida da família Comida da família Oferecer à criança
2 anos diferentes alimentos
ao longo do dia. Uma
alimentação variada
é uma alimentação
colorida.
Fonte: Quadro elaborado a partir das informações da SBP (s.d).

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Unidade 6 – Qualidade de vida da criança: nutrição e alimentação na infância

2.2 Alimentação após os dois anos

A partir dessa idade, a criança pode compartilhar dos mesmos alimentos da


família, a menos que haja alguma restrição médica.
Para o preparo de uma refeição balanceada é importante conhecer os grupos de
alimentos que devem compor um cardápio equilibrado e também variar os ingredientes
utilizados de acordo com sua disponibilidade, já que em algumas épocas do ano é
possível encontrar certos produtos com mais facilidade.

101
Cuidador infantil

QUADRO 2 - ESQUEMA DE TRANSIÇÃO ALIMENTAÇÃO INFANTIL

GRUPO EXEMPLOS DE IMPORTÂNCIA NA REFEIÇÃO


ALIMENTOS
Cereais, pães e Milho, arroz, aveia, trigo, Alimentos ricos em carboidratos
tubérculo centeio, massas, farinhas, devem aparecer em quantidades
pães, inhame, batatas e maiores nas refeições, principal-
mandioca mente nas papas, pois aumentam
a densidade energética, além de
fornecer proteínas.
Ve r d u r a s e acelga, alface, alho-poró, Alimentos ricos em vitaminas, mine-
legumes coentro, endívia, escarola, rais e fibras. Devem ser variados,
repolho, rúcula e salsa; pois existem diferentes fontes de
Legumes: abóbora, abobri- vitaminas nesse mesmo grupo. Os
nha, berinjela, beterraba, alimentos de coloração alaranjada
cará, chuchu, gengibre, são fonte de betacaroteno (pró vita-
inhame, jiló, milho-verde, mina A). As folhas verde-escuras
nabo, pepino, quiabo e possuem, além de beta-caroteno,
tomate ferro não heme, que é mais absor-
vido quando oferecido junto com
alimentos fonte de vitamina C
Frutas Banana, morango, maçã, Alimentos ricos em vitaminas, mine-
laranja, manga, aba- rais e fibras. São, também, impor-
cate, acerola, Kiwi, lichia, tantes fontes de energia. Após
mamão, melancia, mara- completar 6 meses a criança deve
cujá, murici, pinha, pitaia, receber 2 frutas por dia, e nenhuma
caqui, caju entre muitas fruta é contraindicada.
outras
Leites e produtos Leite de vaca, de cabra, Para crianças menores de 6 meses,
lácteos queijos e iogurtes o leite materno pode ser o único
alimento. Para crianças maiores de
quatro meses totalmente desma-
madas, se recomenda a oferta de
leite de vaca (ou outro) na forma
pura ou adicionado de fruta. Esse
grupo é básico para crianças meno-
res de 1 ano e complementar para
crianças maiores de 1 ano. Fornece
cálcio e proteína. O cálcio é fun-
damental para o desenvolvimento
ósseo da criança.
continua...

102
Unidade 6 – Qualidade de vida da criança: nutrição e alimentação na infância

GRUPO EXEMPLOS DE IMPORTÂNCIA NA REFEIÇÃO


ALIMENTOS
Carnes, miúdos e Esse grupo é fonte de proteína de
ovos origem animal (carne e ovos). As
carnes possuem ferro de alta biodis-
ponibilidade e, portanto, previnem
a anemia. A oferta desses alimen-
tos deve fazer parte da papa ofere-
cida para a criança. As carnes são
oferecidas trituradas, desfiadas ou
cortadas em pedaços pequenos. Os
miúdos contêm grande quantidade
de ferro e devem ser recomenda-
dos para consumo no mínimo 1 vez
por semana. Não existem restrições
para carnes e ovos a partir dos 6
meses de idade.
Leguminosas Feijão, grão-de-bico, lentilha, Esses alimentos são fonte de prote-
soja, amendoim, ervilha. ína, além de oferecerem quantida-
des importantes de ferro não heme
e de carboidratos. Quando combina-
dos com o cereal, como, por exem-
plo, o arroz, e um alimento rico em
vitamina C, podem ser comparáveis
ao valor protéico das carnes.
Óleos e gorduras O óleo de amendoim, o óleo A gordura está presente natural-
de soja, o óleo de milho, a mente nas carnes e no preparo das
manteiga, o toucinho refeições salgadas, devendo ser evi-
tado o excesso e as frituras antes
de 2 anos de idade.
Açúcares e doces Antes dos dois anos de vida não
é recomendado o oferecimento
de açúcar, pois a criança está for-
mando seus hábitos alimentares,
que perpetuarão para a vida toda.
Sabe-se que os alimentos ofereci-
dos nos primeiros ano de vida com
frequência passam a fazer parte do
hábito alimentar.
Fonte: Quadro elaborado a partir de Brasil (2004).

Atenção! Fique sempre atento aos cuidados com a higiene no preparo e manuseio
dos alimentos; garanta o seu armazenamento e conservação adequada.

103
Cuidador infantil

Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras


guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.

3. PROBLEMAS DE SAÚDE RELACIONADOS À ALIMENTAÇÃO DA


CRIANÇA
A nutricionista Tatiana Zanin alerta para alguns problemas de saúde que podem
surgir na infância devido à má alimentação, alguns deles serão apresentados, fique
atento aos sinais, assim você poderá relatar ao profissional de saúde qualquer alteração
observada. http://www.fsp.usp.br/nupens/novo-estudo-do-nupens-reforca-relacao-
entre-obesidade-e-consumo-de-ultraprocessados/

3.1 Obesidade
A obesidade é causada pelo excesso no consumo de produtos industrializados,
como biscoitos, salgados, salgadinhos, sorvete, salsicha e linguiça, massas, açúcar e
frituras. A obesidade pode desencadear vários outros problemas de saúde na criança,
assim como no adulto, como dificuldade de respirar, devido a que gordura pressiona
a faringe, que é o canal por onde o ar passa, causando roncos e insônia.
Além das dores articulares por desgastes nas articulações e aumento da
inflamação no organismo.
O excesso de peso pode ser verificado por meio do Índice de Massa Corporal
(IMC). Ele consiste na divisão do peso (em kg) da pessoa pela sua altura (em metros).
Depois eleva-se esse valor obtido ao quadrado.
Segundo a OMS, quando esse resultado está entre 18,5 e 24,9 kg/m², a pessoa
está no seu peso normal.
Se o valor for entre 25,0 e 29,9 kg/m², existe o sobrepeso.
Quando for acima desse valor, detecta-se que a pessoa está obesa.
Exemplo: uma pessoa que tem 77 kg de peso e 1.5 m de altura

104
Unidade 6 – Qualidade de vida da criança: nutrição e alimentação na infância

3.2 Anemia
A principal causa da anemia é a deficiência de ferro no sangue devido ao baixo
consumo de alimentos ricos em ferro e vitamina C, esta que é necessária à absorção
de ferro pelo intestino.
Sinais de alerta: Palidez da pele e mucosa, cansaço, falta de apetite, dor de
cabeça, tontura, falta de ar, dor no peito, dificuldade de aprendizado e concentração,
sonolência.

3.3 Diabetes tipo II


A diabetes tipo II vem associada ao excesso de peso devido ao aumento no
consumo de açúcar, ela também está ligada ao grande consumo de alimentos ricos
em farinha, como pães, bolos, massas, pizzas, salgados e tortas, os mesmos alimentos
que causam a obesidade e que podem levar a diabetes, junta-se a isso a falta de
atividade física.
Sinais de alerta: Sede excessiva; urinar com muita frequência em grande
quantidade, apetite voraz, emagrecimento, cansaço.

3.4 Colesterol alto


O colesterol alto está associado à ingestão de alimentos ricos em gorduras
hidrogenadas como biscoitos, salgados e produtos industrializados, açúcar ou farinha
são os principais vilões para o aumento do colesterol.
Exemplos de alimentos que aumentam o colesterol:
1. Margarina (fonte de gordura Trans)e produtos industrializados confecciona-
dos à base de margarina;
2. Carnes gordas: miúdos, bacon, costela, vísceras, pernil, pele de frango, são
ricos em gorduras saturadas.
3. Queijos “amarelos”: prato, coalho, emmental, brie, cheddar, mussarela,
parmesão, minas padrão, entre outros.
4. Leite integral, manteiga e creme de leite.
O colesterol elevado pode levar a complicações cardiovasculares, como infarto,
AVC e aterosclerose.

3.5 Hipertensão
A hipertensão, embora na maioria das vezes, a hipertensão infantil esteja associada
a outros problemas, como doenças nos rins, no coração ou no pulmão, ela também
está associada ao excesso de peso e ao consumo de sal.
O que fazer: é necessário investigar a causa principal do problema e controlar o
peso, além de consumir alimentos anti-inflamatórios, como frutas, verduras, atum,
sardinha, castanhas e sementes.
Sinal de alerta: dor de cabeça, tontura, falta de ar, distúrbios visuais ou fadiga

105
Cuidador infantil

3.6 Distúrbios gastrointestinais


Distúrbios gastrointestinais podem afetar qualquer órgão do sistema digestório.
São sintomas desses distúrbios: diarreia; constipação; hemorragia do trato
digestivo; regurgitação; dificuldade em engolir; dor abdominal crônica; dor ou
sangramento retal; náuseas e vômitos; sensação de nó na garganta; dor torácica;
dispepsia
Há outros fatores que podem levar a esses problemas de saúde, como a
predisposição genética, doenças, uso de medicamentos etc., mas a alimentação
desajustada é um dos mais evidentes, assim, uma alimentação adequada é o principal
meio de prevenção.

106
Unidade 6 – Qualidade de vida da criança: nutrição e alimentação na infância

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Agora que você tem informações suficientes sobre o que é alimentação saudável,
vamos testar esses conhecimentos com essa pequena atividade.

1. Preencha os espaços vazios com as informações correspondentes:

O colostro, primeira porção do leite produzido em pequena quantidade pelas


, é ideal para o primeiros dias de vida pelo seu alto teor de
, água, vitaminas, sais minerais, e
protegem o recém-nascido contra ,
sendo assim um fator extremamente importante no combate à .

2. A partir dos 2 anos de vida, a criança já pode comer os mesmos alimentos que o
restante da família. Quais informações sobre os alimentos podem te ajudar a preparar
uma alimentação equilibrada para a família?

3. Cite pelo menos 3 problemas de saúde que podem ser consequência de uma má
alimentação.

107
Cuidador infantil

Parabéns por chegar até aqui!


Você aprendeu sobre a importância do aleitamento materno, como orientar e
auxiliar a mãe, a importância da amamentação para a saúde da mulher e da criança.
Também aprendeu os principais grupos de alimentos e a importância deles para
o bom desenvolvimento físico e como esses alimentos são importantes para prevenir
alguns problemas de saúde.
Agora siga em frente nos estudos e vamos para a próxima unidade.

108
Unidade 6 – Qualidade de vida da criança: nutrição e alimentação na infância

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Os dez passos para uma alimentação saudável para menores de 2 anos. Brasília:
Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://bit.ly/3CufXbx. Acesso em: 04 abr. 2022.

OMS. Organização Mundial da Saúde. Proteção, promoção e apoio ao aleitamento


materno: o papel especial dos serviços materno-infantis. Genebra, 2003. Disponível em:
https://bit.ly/3cpuIBV. Acesso em: 04 abr. 2022.

Revista tua saúde. 8 doenças causadas pela má alimentação na infância. 2021. Disponível
em: https://bit.ly/3dSdayJ. Acesso em 07 abr.2022

SBP. Benefícios da amamentação para a saúde da mulher. [s.d]. Disponível em: https://
bit.ly/3dMALkg. Acesso em: 04 abr. 2022.

SBP. Leite materno e alimentação complementar: 10 passos para a saúde. [s.d]. Disponível
em: https://bit.ly/3QTFzmB. Acesso em: 04 abr. 2022.

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Unidade 7
Doenças prevalentes na infância
e assistência à criança com
deficiência

Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

Cursista,
Vamos iniciar mais uma unidade do curso de cuidador infantil. Para que você
tenha uma melhor compreensão do que é doença, vamos definir o que é saúde. Saúde
é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência
de doença ou enfermidade. Para se manter saudável são necessários cuidados básicos
com o corpo, mente e ambiente desde a infância. Quando há um desequilíbrio nesses
componentes, a pessoa pode ser acometida de doenças que podem até se tornarem
crônicas, isso é, serem irreversíveis.

1. DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA E A CRIANÇA DOENTE


Catapora, caxumba, rubéola, coqueluche, meningite, sarampo, poliomielite são
doenças de prevalência na infância e que estão controladas devido às campanhas
de vacinação que são realizadas no Brasil, mas existem doenças e enfermidades que
acometem as crianças com frequência, algumas podem ser evitadas com cuidados
básicos de higiene, outras podem se complicar e deixar sequelas para toda a vida.

111
Cuidador infantil

1.1 Conheça Bem a Rotina e o Comportamento Da Criança


Uma forma de identificar alterações no estado de saúde da criança é através da
mudança em seu comportamento e rotina como: sono, alimentação, choro, movimentos
de partes do corpo, por exemplo, um bebê que esfrega as mãozinhas no ouvido pode
estar com dor, uma criança que dorme além do normal, pode estar com febre.
O cuidador infantil precisa ser um bom observador para identificar os sinais e
sintomas, uma vez que quanto menor for a criança, mais limitada será sua comunicação
verbal.
Sinais são tudo o que você pode ver de alteração no corpo da criança, e sintomas
são tudo o que ela sente.

2. ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA


INFÂNCIA (AIDPI)
A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é um dos indicadores mais eficazes para
refletir aspectos da saúde de crianças, como a qualidade de vida de uma determinada
população. Existem claras associações entre riqueza e nível de desenvolvimento de
um país ou região e suas TMI. Nas regiões pobres do mundo, onde essas taxas são
mais elevadas, a maioria das mortes infantis poderia ser evitada com medidas simples
e eficazes. Mais de 70% desses óbitos se devem à pneumonia, diarréia, desnutrição,
malária e afecções perinatais, ou uma associação delas. (BRASIL, 2002)

3. A TRIAGEM NEONATAL
Na maioria das vezes, só identificamos uma doença quando a pessoa apresenta
algum sinal ou sintomas, porém através da triagem neonatal, mais conhecida como
“teste do pezinho”, é possível identificar alguns fatores que podem levar a doenças
graves e tratá-las precocemente, evitando consequências graves à saúde da criança.
Em alguns estados brasileiros, a triagem é realizada na própria maternidade antes
do bebê sair de alta, também é realizada em pontos de coleta da Atenção Básica
Saúde, em casas de parto ou comunidades indígenas.
A amostra de sangue é colhida através de uma picada no pezinho do recém-
nascido e o sangue coletado em um cartão próprio que é confeccionado em um
papel absorvente.

112
Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

Essa coleta deve ser realizada até o 5º dia de vida do bebê, documentada e
informada no sistema de informação existente, o resultado deve ser avaliado pelo
médico, registrado no cartão de saúde da criança.
Em 2021, o Ministério da Saúde, através da Lei nº 14.154, de 26 de maio de
2021, atualizou o programa de triagem neonatal:

§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-nascido


serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no âmbito
do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na forma
da regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com
implementação de forma escalonada, de acordo com a seguinte
ordem de progressão:

I - etapa 1:
a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias;
b) hipotireoidismo congênito;
c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias;
d) fibrose cística;
e) hiperplasia adrenal congênita;
f) deficiência de biotinidase;
g) toxoplasmose congênita;

II - etapa 2:
a) galactosemias;
b) aminoacidopatias;
c) distúrbios do ciclo da ureia;
d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos;

113
Cuidador infantil

III - etapa 3: doenças lisossômicas;


IV - etapa 4: imunodeficiências primárias;
V - etapa 5: atrofia muscular espinhal.

§ 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste do


pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente, com
base em evidências científicas, considerados os benefícios do ras-
treamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando
as doenças com maior prevalência no País, com protocolo de
tratamento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema
Único de Saúde. (BRASIL, 2021)

A partir dos resultados do teste do pezinho, em fase pré-sintomática, é possível o


acompanhamento e tratamento das crianças nas quais foram detectadas alterações.
Outros exames realizados também são testes como o da orelhinha e do olhinho
para identificar possíveis problemas de audição e de visão.

4. LABORATÓRIO DE PRÁTICA EM SHANTALA


Você já ouviu falar das PICS, Prática Integrativas e Complementares? Essas práticas
propõem uma abordagem integral das pessoas, que levam em conta a interação do
ser humano com o meio ambiente e a sociedade. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) incentiva e fortalece a inserção, o reconhecimento e a regulamentação dessas
práticas, produtos e praticantes nos sistemas nacionais de saúde. (BRASIL 2021)
A Shantala é recomendada para prevenir e tratar cólicas, fortalecer a musculatura,
contribuir para os sistemas nervoso e respiratório, traz consciência corporal e beneficia
o laço entre pais e o bebê.
Link do vídeo https://www.youtube.com/watch?v=LqUuR2nCOdA

5. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI)


A característica principal da DI é a atividade intelectual significativamente abaixo
da média de normalidade, associada a limitações de duas ou mais áreas de habilidades
adaptativas, tais como: comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização
dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e
trabalho. A DI pode dificultar a aprendizagem, a comunicação, o desenvolvimento da
linguagem oral, da leitura, escrita e a sociabilidade. A deficiência intelectual resulta
de variedade de fatores, que vão desde condições associadas a alguma síndrome
genética, lesões cerebrais, enfermidades que provocam alterações físicas, sensoriais
e neurológicas, entre outros. Esse conjunto de situações tem como fator comum as
disfunções cognitivas e de linguagem, resultando em dificuldades nos processos de
comunicação e aprendizagem.

114
Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

Em 2020, o Ministério da Saúde estabeleceu Protocolo para o Diagnóstico


Etiológico da Deficiência Intelectual e apresenta definições e da DI:
A Deficiência Intelectual (DI) é uma condição complexa que traz dificuldade
de longo prazo, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a
participação plena e efetiva do indivíduo na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas, conforme preconizam a Convenção Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu protocolo facultativo, do qual o Brasil é
signatário.
O termo deficiência intelectual corresponde ao retardo mental na Classificação
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10). De acordo
com a nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que deverá entrar em vigor
em 2022, a DI é incluída entre os distúrbios (ou transtornos) do neurodesenvolvimento,
especificamente os do desenvolvimento intelectual, que correspondem a um amplo
contingente de condições etiologicamente distintas.
A mesma portaria traz as recomendações terapêuticas que são direitos da pessoa
com DI.

Recomendações terapêuticas
No atendimento de casos de deficiência intelectual, independentemente do
estabelecimento do diagnóstico etiológico e quando for de interesse do indivíduo
ou de seus familiares, são recomendados:
• Acompanhamento médico clínico ou especializado: Indicado para todos
os pacientes que tenham diagnóstico estabelecido, seja o mesmo clínico,
citogenômico ou molecular.
• Aconselhamento genético: Indicado para todos os pacientes ou famílias
nos quais for possível reconhecer um padrão de herança ou que tenham
diagnóstico estabelecido, seja clínico, citogenômico ou molecular.
• Avaliação por fisioterapeuta, fonoaudiólogo(a) e terapeuta ocupacional: Para
instituição de terapias de habilitação e apoio, quando cabíveis, visando a
estimular de forma orientada, e tão logo quanto possível, o desenvolvimento
das potencialidades dos indivíduos avaliados.
• Avaliação por psicólogo ou pedagogo: Para avaliação, estimulação e orien-
tação relacionadas ao neurodesenvolvimento do paciente, assim como para a
educação ou reeducação de suas funções cognitivas, sensoriais e executivas.
Também pode ser recomendado para familiares ou cuidadores com evidên-
cias de sofrimento e desajuste psicossocial. A avaliação psicopedagógica é
indicada para indivíduos em idade escolar, sendo destinada à elaboração
de situação de ensino que favoreça a superação da dificuldade apresentada
pelo paciente com déficit de aprendizagem.

115
Cuidador infantil

• Práticas Integrativas e Complementares: Em paralelo às terapias de apoio


estabelecidas, estão indicadas práticas integrativas e complementares para
todos os indivíduos com déficit intelectual, no sentido de promover melhor
qualidade de vida, minimizando dificuldades adaptativas, atuando nos even-
tuais transtornos de comportamento associados, potencializando seu desen-
volvimento e autonomia, considerando suas limitações e respeitando sua
individualidade.

Você pode até estranhar o porquê desse assunto estar aqui nesta disciplina, mas
você sabe qual a porcentagem de pessoas com DI no Brasil?
Segundo o Censo 2010, em torno de 46 milhões de brasileiros declaram ter
algum grau de dificuldade para enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus, ou ter
algum tipo de deficiência mental/intelectual, sendo para esse último, a declaração
equivale a 2,6 milhões (1,4%) de pessoas com deficiência mental ou intelectual.
Esses dados ainda não foram atualizados, então esse número pode ser ainda
maior. Com uma incidência tão alta de casos, há uma grande chance de que você,
em algum momento, tenha que cuidar de alguma criança com deficiência.
Então é bom conhecer um pouco sobre os diagnósticos que incluem a DI e
outras deficiências.

5.1 Transtornos Do Espectro Do Autismo


De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-V), é possível observar as primeiras manifestações do autismo antes dos 36
meses de vida. O autismo é caracterizado por comprometimento da interação
social recíproca, da comunicação verbal e não verbal e comportamentos repetitivos
e estereotipados que podem variar desde formas leves até graves. Não podemos
padronizar todos os autistas, pois há muitas variações nesse diagnóstico e essas
variações estão presentes na capacidade de interação social, desenvolvimento
intelectual e cognitivo.
A avaliação e o diagnóstico do autismo dependem de avaliação médica criteriosa,
sendo muito importante que seja realizada o mais precocemente possível.
Quanto antes as intervenções forem realizadas, mais significativos serão os
resultados para o autista, uma vez que o desenvolvimento cerebral é mais ativo nos
primeiros anos de vida, tanto na sua estrutura, quanto na sua funcionalidade. As
experiências de vida de um bebê são fundamentais para o funcionamento das conexões
neuronais (comunicação entre os neurônios) e para a constituição psicossocial,
tornando esse período um momento sensível e privilegiado para intervenções.

116
Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

Nas ações de assistência materna e infantil da Atenção Básica, por exemplo, as


equipes profissionais são importantes na tarefa de identificação de sinais iniciais de
problemas de desenvolvimento. (BRASIL, 2018).

5.1.1 Cuidados com a criança autista


• Fatores de risco para a segurança do autista. A criança, o adolescente, e
até mesmo o adulto autista, não têm noção de determinadas situações de
risco e podem se colocar em situações perigosas, por isso é necessário um
acompanhamento mais próximo. Há casos de autismo mais leve que não
implicam tantos riscos. Observe bem essas dicas resumidas a partir do site
do Instituto Neurosaber.
• Perigos ambientais. Os autistas não percebem os perigos de entrar em um
lugar que ofereça riscos a ela. Lugares escuros e com penumbras podem
causar confusão. Cuidados com objetos e estruturas arquitetônicas como
escadas, elevadores, estacionamentos etc. Mantenha a vigilância e não deixe
a criança sozinha, redobre os cuidados em lugares estranhos a ela.
• Direção – Espaço. Dificuldade com direção e espaço, eles têm a dificulda-
de de reconhecer direita e esquerda, podendo se perder com facilidade. O
autista pode estranhar espaços onde os móveis e objetos são trocados ou
mudados de lugar e podem sair correndo pelos lugares por conta da falta
de percepção de espaço.
• Percepção social. A criança autista tem dificuldade de interpretar frases
com linguagem figurada, piadas, por isso, pode reagir de forma inesperada
a determinadas situações e ser mal-interpretada por quem não conhece seu
quadro. Não consegue identificar a intencionalidade de quem se aproxima
e por isso corre riscos de sofrer violências.

117
Cuidador infantil

Pode ter dificuldade em reconhecer se a pessoa é da família ou um estranho


e assim estão mais propensas a serem vítimas de rapto, abuso sexual e outras
ações de violência.
Essa percepção pode melhorar com o passar dos anos, mas para isso é
necessário um treino de habilidade social. A criança não pode ser isolada
das atividades sociais, mas precisa estar sempre sob supervisão.
Há crianças autistas que têm preferência por alguma pessoa específica, pela
voz ou pela aparência, ou tem objetos preferidos. Ter essa pessoa ou objeto
por perto pode acalmá-la em momentos de estresse.
• Utilidade das coisas. Cuidado com objetos e brinquedos que têm pontas,
lugares que podem oferecer riscos de queimadura, fraturas e até cortes.
Alguns autistas têm hipersensibilidades a algumas coisas e baixa sensibilidade
a outras.
Existem autistas que têm baixa sensibilidade à dor. Isso acontece porque o
cérebro desses autista não processa a dor de forma adequada. Sendo uma
percepção somente de dores muito fortes.

O acompanhamento de uma equipe multidisciplinar pode ajudar a família e o


cuidador do autista quanto aos cuidados adequados, mas procurar conhecer a criança,
seus hábitos, preferências e medos facilitará seu trabalho. Aprenda a observar a
criança nos seguintes aspectos:
• Nas dificuldades de comunicação, a criança pode não saber expressar o sente,
o que pensa ou não consegue dizer ou mostrar onde dói, o que gostaria de
comer, de brincar e, tampouco, se tem ou não predileção por alguma coisa.
• O choro, grito, agressão, jogar-se no chão ou até se automutilar podem acon-
tecer em momentos de estresse em que ela não consegue se expressar ou
em momentos em que ela é submetida a regras e rotinas pré-estabelecidas
a que não está habituada, e situações de medo ou fobia de determinados
contextos, de estímulos visuais, auditivos, táteis e gustativos a que repudia
ou a que tem hipersensibilidade.
• É preciso saber de suas preferências e fraquezas para se antecipar e evitar
conflitos na comunicação, conversando com a família da criança, buscando
informações sobre seu comportamento, gostos e rotinas.
• As crianças com autismo, que falam, podem indicar, apontar ou dizer o que
querem, já as que não falam, podem precisar de apoio para serem acompa-
nhadas até o local onde está o que querem, em outros momentos, podem
utilizar figuras para expressarem seus desejos. Algumas crianças podem ter
dificuldade para usar o banheiro.
• Em situação de aumento da irritabilidade ou agressividade, sem uma expli-
cação óbvia ou evidente da causa, deve-se sempre suspeitar de 3 coisas: Dor

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Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

(de dente, no abdômen, de ouvido), mudança no ambiente ou rotina, bullying


e/ou maus tratos (abuso psicológico, violência física/sexual).

Fique atento a essas possibilidades para resolver mais rapidamente o sofrimento


da criança.

5.2 Transtornos Mentais e do Comportamento


Presença de um conjunto de vivências subjetivas ou de comportamentos que
causam sofrimento significativo ou algum tipo de prejuízo no funcionamento social,
ocupacional ou em qualquer outra área importante na vida do indivíduo que é
acometido por tal condição. São alterações do funcionamento da mente que prejudicam
o desempenho da pessoa na vida familiar, na vida social, na vida pessoal, no trabalho,
nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na possibilidade de autocrítica, na
tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida em geral.

6. DEFICIÊNCIA FÍSICA
A deficiência física pode ser a alteração completa ou parcial de um ou de mais
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física,
neurológica e/ou sensorial:
• As Plegias ou Paralisias – déficit completo da força muscular, comprometendo
grandemente a motricidade em uma ou mais partes do corpo.
• Paresias – Diminuição da motricidade em uma ou mais partes do corpo

119
Cuidador infantil

6.1. Amputação ou Ausência de Membro


Perda total ou parcial de um determinado membro ou segmento de membro

6.2 Nanismo – Deficiência acentuada no crescimento

6.3 Membros com Deformidade Congênita


Desde o nascimento ou adquirida (obs.: deformidades estéticas e as que não
produzem dificuldades para o desempenho de funções não podem ser consideradas
Deficiência Física.)

6.4 Ostomia
Intervenção cirúrgica que cria um ostoma (abertura, ostio) na parede abdominal
para adaptação de bolsa de fezes e/ou urina; processo cirúrgico que visa à construção
de um caminho alternativo e novo na eliminação de fezes e urina para o exterior do
corpo humano (colostomia: ostoma intestinal; urostomia: desvio urinário).

6.5 Deficiência Auditiva


Perda bilateral (deve afetar ambas orelhas), parcial ou total, de 41 decibéis (dB)
ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz, 1.000 Hz e 2.000 Hz.

6.6 Deficiência Visual


Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho,
com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3
e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória
da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60%; ou a
ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.

6.7 Deficiência Múltipla


Associação de duas ou mais deficiências

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Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

6.8 Paralisia Cerebral


Paralisia Cerebral (PC) que pode ocorrer desde a gestação, no período de
desenvolvimento cerebral durante a gestação, o nascimento ou no período neonatal,
é causada por vários fatores, por exemplo: falta de oxigenação, anormalidades da
placenta ou do cordão umbilical, infecções, diabetes, hipertensão, desnutrição, abuso
de drogas e álcool, traumas no momento do parto, hemorragia, hipoglicemia do feto,
problemas genéticos, prematuridade.
A PC é a deficiência mais comum na infância, como é causada por alterações
neurológicas, ela pode afetar em diferentes graus todo o desenvolvimento da criança,
envolver os movimentos e a postura do corpo, desenvolvimento cognitivo (capacidade
de aprender), visão audição, entre outros, causando limitações à vida de crianças
e adultos. A PC é irreversível, mas com tratamento, cuidados, e acompanhamento
adequado é possível proporcionar uma vida produtiva e saudável a esses pacientes.
Os cuidados variarão de acordo com o grau de comprometimento da lesão que está
relacionada à extensão do dano neurológico.
Os diferentes graus de comprometimento motor incluem problemas para andar,
movimentar os membros, postura para sentar, manipular objetos, (paralisia das
pernas), hemiplegia (fraqueza em um dos lados do corpo), alterações do tônus
muscular (espasticidade caracterizada por rigidez dos músculos) e distonia (contração
involuntária dos membros).
No cognitivo, incluem problemas na fala, no comportamento, na interação social
e no raciocínio e nível de aprendizagem escolar muito comprometido. Os pacientes
também podem apresentar convulsões.
Essas crianças necessitam de cuidados e atenção redobrados com relação à
prevenção de acidentes, higiene, alimentação e saúde.
Além desses cuidados básicos, você precisará buscar desenvolver com elas novas
habilidades para minimizar ou prevenir complicações como deformidades articulares
ou ósseas, convulsões, problemas respiratórios e digestivos. Por isso, é importante
você ter uma atenção maior à unidade que fala dos primeiros socorros.
Muito importante também você saber que além de pediatra, essas crianças
são acompanhadas por diversos profissionais de saúde: fisioterapeuta, ortopedista,
neurologista, fonoaudiólogo, psicólogo, educador físico e nutricionista e vários outros
conforme sua necessidade. Essa equipe multidisciplinar sempre dá orientações de
como devem ser os cuidados para melhorar muito sua qualidade de vida da criança,
inclusive com relação ao desenvolvimento da sua capacidade de convívio social, de
produção, que lhes permitam ter uma vida mais próxima do normal.

121
Cuidador infantil

6.8.1 Cuidados durante uma crise convulsiva


Um risco que toda criança com PC corre é o de ter crises convulsivas. Então
vamos destacar alguns cuidados nessas situações.
Primeiro passo é saber que a convulsão é a contratura involuntária da musculatura,
isso é, os músculos se contraem e provocam movimentos desordenados, e pode ser
acompanhada pela perda da consciência.
Segundo é saber: que as crises convulsivas têm causas diferentes como:
hemorragias, intoxicações, falta de oxigenação no cérebro, doenças como epilepsia,
tétano, meningite e tumores cerebrais, e no caso da PC devido às lesões que foram
causadas no cérebro.
Terceiro reconhecer os sinais: espasmos incontroláveis: a criança se debate e
se contrai, os lábios ficam arroxeados, os olhos virados para cima, fica inconsciente
e apresenta salivação abundante.
Quarto: o que fazer: Coloque a criança deitada de costas, em lugar confortável,
retirando-a de perto objetos com que ela possa se machucar;
• Ampare a cabeça dela para evitar que fique batendo no chão;
• Deixe a criança de lado para evitar que a queda da língua obstrua a passagem
do ar na garganta e também para deixar escorrer secreções como saliva, ou
sangue (durante as crises, pode acontecer da criança morder morder a língua
ou na parte interna da bochecha);
• Depois de cessada a crise, a musculatura ficará muito relaxada (inclusive dos
esfíncteres urinários e intestinais – o que pode levar à liberação de fezes e/
ou urina após a crise);
• Quando a crise passar, deixe a criança descansar.

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Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

Quinto: o que não fazer: NUNCA puxar a língua ou enfiar nada na boca da pessoa;
• Nunca segure a pessoa (deixe-a debater-se);
• Não tente esticar os dedos e membros da criança;
• Não dê tapas;
• Não jogue água sobre ela.
• Não coloque NENHUM tipo de substâncias para a criança cheirar.
• Registrar as frequências da crise e a duração para passar ao médico.

OBSERVAÇÃO: Há situações em que as crises convulsivas são frequentes e a


família já está orientada sobre como proceder, mas quando for uma ocorrência isolada,
é necessário levar a criança para avaliação médica assim que possível.
No caso de crianças, se houver febre alta, dê um banho morno de imersão, por
mais ou menos dez minutos. Procure o serviço de saúde imediatamente.

6.9 Síndrome de Down


A Síndrome de Down (SD) é uma condição humana genética, é a alteração
cromossômica (cromossomopatia) mais comum em humanos, e é considerada a
principal causa de deficiência intelectual na população. A presença do cromossomo 21
extra na constituição genética determina características físicas específicas e atraso no
desenvolvimento. Toda pessoa com SD que é acompanhada e estimulada corretamente
desde seu nascimento, terá uma uma vida saudável e plena inclusão social. O termo
“síndrome” significa um conjunto de sinais e sintomas e “Down” é o sobrenome do
médico e pesquisador que descreveu e associou as características de pessoas com SD.

6.9.1 Características físicas da criança com síndrome de Down

Fonte: Brasil 2013

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Cuidador infantil

6.9.2 Alguns problemas de saúde associados à síndrome de Down


Dificuldades em enxergar por (catarata, miopia, hipermetropia), perda da audição,
infecções, má formação do coração, hérnia no umbigo e abdome, esôfago e/ou
duodeno mais estreitos.

6.9.3 Cuidados com a saúde da criança com Síndrome de Down


Muito importante cuidar para manter um estilo de vida saudável (alimentação,
sono e prática de exercícios), estimular o autocuidado, socialização, aquisição de
habilidades sociais, escolaridade e acompanhamento.
A criança com síndrome de Down tem muitas chances de apresentar transtornos
emocionais/psiquiátricos como o espectro autista. Outro problema comum é a
subluxação atlatoaxial, problema ortopédico que é a instabilidade atlanto-axial,
apresentação de um movimento maior entre a primeira e a segunda vértebra da
região cervical (vértebra do pescoço). Essa condição é preocupante por causa do risco
de danos na espinha dorsal, caso uma das vértebras pressione a mesma. Os cuidados
devem ser redobrados durante a prática esportiva da natação, ginástica, futebol e
especificamente cambalhotas, e a criança deve ser acompanhada por especialista
de coluna.
Os dentes são sensíveis a criança pode ter menos dentes e estar sujeita a
desenvolver cáries, o estímulo do autocuidado em relação à higiene bucal.
Os cuidados durante o sono nessa faixa etária são essenciais, de modo que pais
e cuidadores devem estar atentos aos sintomas de apneia do sono, que incluem
posição anormal no leito, despertar noturno, obstrução nasal, ronco e sonolência
diurna. A obesidade e hipertrofia de adenóide e amígdala palatina são as principais
causas da apneia.

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Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

Você deve se lembrar de que já falamos sobre os cuidados com abuso sexual
infantil, não é? Então, esse grupo está muito sujeito a esse tipo de abuso e também de
violência física. Esteja sempre atento, e procure orientar, em favor do desenvolvimento
da autonomia e do autocuidado, explicar sobre seu corpo e ações que outras pessoas
não podem ter com relação a ele.
Procure conhecer mais sobre os direitos da pessoa com deficiência através da
Lei Brasileira de Inclusão (LBI) 13146/2015.

7. ESTADO GRIPAIS - COVID-19 EM CRIANÇAS

A Covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-


CoV-2, que se apresenta em diferentes níveis de gravidade: leves, até quadros
moderados, graves e críticos.
• Caso assintomático: ausência de sintomas
• Caso leve: apresenta sintomas não específicos, como tosse, dor de garganta
ou coriza, diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, dor muscular, cansaço,
dor de cabeça, pode ter perda de paladar e olfato.
• Caso moderado: quando é necessária a hospitalização do paciente.
Em crianças, os principais sintomas incluem taquipnéia (frequência respiratória
ou igual a 70 em menores de 1 ano e igual ou maior a 50 em maiores de 1 ano),
hipoxemia, desconforto respiratório, alteração do nível de consciência, desidratação,
dificuldade para se alimentar, baixa saturação de oxigênio, complicações cardíacas
e pulmonares.
No momento da construção deste material de estudo ainda é incerto falar sobre
o fim da pandemia da COVID-19. Com a vacinação em larga escala na maioria dos
países, a doença está sendo controlada e o número de internações hospitalares e os
casos de mortes caíram drasticamente, mas os contágios ainda acontecem.

125
Cuidador infantil

Com relação aos cuidados preventivos, eles são os mesmo que devem ser seguidos
para qualquer tipo de gripe, pois a forma de contágio é basicamente a mesma:
quando se inala o vírus ou se você tocar em uma superfície contaminada e, em
seguida, passar as mãos nos olhos, no nariz ou na boca. O vírus também se espalha
com mais facilidade em locais fechados e em multidões, ao sair pela boca e pelo
nariz, em pequenas partículas líquidas expelidas, quando pessoas infectadas tossem,
espirram, falam, cantam ou respiram a infecção passa para outra pessoa quando
ela respira essas partículas. Então, os cuidados são essenciais à forma de controlar
a propagação e contaminação pelo vírus.

7.1 Cuidados Básico Para Evitar a Covid e Gripes


• Distanciamento social: Evitar contato com pessoas infectadas, especialmente
aquelas com sintomas gripais, e ambientes com grande número de pessoas
(aglomerações) tanto ao ar livre quanto em ambientes fechados.
• Manter os ambientes da casa sempre limpos e arejados.
• Higienização das mãos: A higienização das mãos é uma medida extrema-
mente importante, não só na prevenção da Covid-19, como de várias outras
doenças transmitidas por meio de gotículas respiratórias ou por contato. A
lavagem das mãos deve ser cuidadosa, pois ela interrompe a transmissão de
outros vírus e bactérias que causam resfriado comum, gripe e pneumonia,
reduzindo assim o impacto geral da doença.
• Etiqueta respiratória: consiste num conjunto de medidas que evitam e
reduzem a disseminação das pequenas gotículas eliminadas ao falar, espirrar
e tossir.
Cobrir nariz e boca com lenço de papel ou com o antebraço, e nunca com
as mãos ao tossir ou espirrar. Descartar adequadamente o lenço utilizado.
Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
• Uso de máscaras: No momento da construção deste material, seu uso não é
mais obrigatório, mas pode ser uma medida adotada por pessoas que este-
jam gripadas, pois seu uso diminui a transmissão de qualquer tipo de vírus.
• Higiene em geral: Manter os ambientes da casa sempre limpos e bem
ventilados.
Higienizar com frequência os brinquedos das crianças e aparelho celular.
Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos.
Lavar com frequência as mãos da criança com água e sabão.

8. VERMINOSES
As verminoses podem ser adquiridas através de alimentos mal-lavados ou
malcozidos, contaminados com os ovos dos vermes e também por pequenos ferimentos
na pele.

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Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

As crianças podem apresentar: falta de apetite, dor e distensão abdominal,


náuseas e vômitos, fraqueza, diarreia, constipação e anemia. Alguns tipos de vermes
apresentam um ciclo pulmonar, (alguma fase do seu desenvolvimento ocorre no
pulmão) e, por isso, a criança pode apresentar tosse, chiado no peito e até mesmo
pneumonia. Para confirmação da verminose, é necessário realizar um exame de fezes
chamado parasitológico e o tratamento deve ser prescrito por um médico. O pediatra
é o profissional adequado para indicar o melhor tratamento.

8.1 Cuidados para evitar


• Lave bem e com frequência as mãos, ao preparar alimentos, antes das refei-
ções e depois de usar o banheiro.
• Lave cuidadosamente os alimentos antes de prepará-los, os que vão ser
consumidos crus, deixe de molho por 15 minutos em uma solução de 1 litro
de água com 1 colher de sopa (15mL) de água sanitária.
• Não permita que a criança ande descalço em lugares em que não conheça
as condições de higiene.
• A água deve ser filtrada ou fervida antes de beber.

RECAPITULANDO O CONTEÚDO
Agora vamos recapitular. Graças às campanhas de vacinação, muitas doenças da
infância estão erradicadas do Brasil, evitando assim milhares de mortes.
A triagem neonatal ajuda a identificar precocemente dezenas de problemas de
saúde que podem ser tratados antes de aparecerem os sintomas.
A DI está associada a duas ou mais áreas adaptativas, e pode ocorrer devido a
vários fatores, desde aqueles ligados à gestação, como após o parto que causam
lesões ao cérebro. Tanto a criança com transtorno de Espectro Autista como a com
Síndrome de Down podem apresentar DI.
Em todas as situações, o cuidador deve ser uma pessoa atenta aos sinais de
alteração na saúde da criança e comunicar os pais e o profissional de saúde.

127
Cuidador infantil

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1. Preencha os espaços abaixo:

Nome do exame realizado na triagem neonatal , lugar


onde esses exames são coletados , ,
.

2. Quais os cuidados que devem ser dados à criança durante uma crise convulsiva:

3. Descreva as características físicas da criança com síndrome de Down.

4. Marque com V a alternativa verdadeira e F a alternativa falsa:


( ) O principal cuidado para a criança não pegar vermes é usar máscara.
( ) Depois da crise convulsiva, a musculatura ficará muito relaxada (inclusive
dos esfíncteres urinários e intestinais – o que pode levar à liberação de fezes e/
ou urina após a crise.
( ) A triagem neonatal é realizada após a criança completar 1 ano de vida.
( ) A Síndrome de Down pode estar associada ao autismo.

Continue firme nos estudos, todo esse conhecimento será útil para sua vida, não
só como cuidador, mas para ajudar pessoas que estiverem ao seu redor como um
filho, um parente, um amigo, e até mesmo um estranho. Imagine se você se deparar
com uma pessoa convulsionando na rua? Você saberá o que fazer.

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Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENATI, L. R.; LEBOYER, F. Shantala: massagem para bebês. Edição 8. Ed: Ground, 2009.

BRASIL, Cuidados de Saúde às Pessoas com síndrome de Down. Ministério da Saúde.


2013. Disponível em: https://bit.ly/3AP0dPc. Acessado em 05 mai. 2022.

BRASIL. Lei nº 14.154, de 26 de maio de 2021. Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de


1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para aperfeiçoar o Programa Nacional de
Triagem Neonatal (PNTN), por meio do estabelecimento de rol mínimo de doenças a
serem rastreadas pelo teste do pezinho; e dá outras providências. Disponível em: https://
bit.ly/3wwDXqF. Acesso em: 07 abr. 2022.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da


Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: https://
bit.ly/3CBPHMv. Acessado em 05 de mai. de 2022.

BRASIL. Mortalidade infantil no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim


Epidemiológico 37, v. 52, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3vqIFov. Acesso em: 7 abr. 2022.

BRASIL. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança: orientações para


implementação. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 180 p.: il. Disponível
em: https://bit.ly/3rtqH3O. Acesso em: 07 abr. 2022.

BRASIL. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Disponível


em: https://bit.ly/3wwDXqF. Acesso em: 07 abr. 2022.

BRASIL. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Ministério da Saúde. Secretaria


de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília: 2012. 272 p.: il. – (Cadernos
de Atenção Básica, nº 33. Disponível em: https://bit.ly/3jLXooQ. Acesso em: 09 abr. 2022.

HOCKENBERRY, M. J.; Wilson, D. Wong Fundamentos de enfermagem pediátrica. 9ª


ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3KJsDg5. Acesso em:
09 abr. 2022.

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Cuidador infantil

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BRASIL. Revista Criança do professor de educação infantil. A inclusão de criança com
deficiência na educação infantil. Ministério da Educação. v. 44, Brasília, 2007. Disponível
em https://bit.ly/3uPmGIM. Acesso em: 10 abr. 2022.

CONANDA. Recomendações do CONANDA para a proteção integral a crianças e


adolescentes durante a pandemia do COVID-19. Disponível em: https://bit.ly/3rvcmE6.
Acesso em: 08 abr. 2022.

HOCKENBERRY, M. J.; Wilson, D. Wong Fundamentos de enfermagem pediátrica. 8ª


ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3JT51Eu. Acesso em:
09 abr. 2022.

INSTITUTO NEURO SABER. As necessidades de uma criança autista: como entendê-las?


2016. Disponível em: https://bit.ly/3vpVnEg. Acesso em: 07 abr. 2022.

UNICEF. Situação Mundial da infância 2013. Criança com deficiência. Resumo Executivo.
Unicef, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3M7fUUP. Acesso em: 12 abr. 2022.

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Unidade 7 – Doenças prevalentes na infância e assistência à criança com deficiência

Currículo das Professoras-Autoras


Adriana Correia Almeida
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual
de Campinas (2005), graduação em Licenciatura Plena
em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de
Campinas (1995), mestrado em Educação pela Universidade
Estadual de Campinas (2004) e Doutorado pela Faculdade
de Educação -UNICAMP, área de concentração “Ensino e
Práticas Culturais” (2014), tendo como tema “Ensino de
matemática e Comunidades de Práticas”. Foi professora
de Matemática do Ensino Fundamental e EJA na Rede
Municipal de Campinas e de Ensino Médio na Rede Pública
Estadual de São Paulo. É formadora de professores, atuando,
assessorando e elaborando cursos para docentes de 1º a 9º anos de EF e da Educação
Infantil em Matemática e Alfabetização Matemática. Lecionou em cursos de formação
inicial docente e de pós-graduação para instituições particulares de ensino. Produz
materiais para formação de professores na modalidade EAD. Desde 2016 faz parte do
corpo docente efetivo do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, lecionando disciplinas
referentes à formação docente da Licenciatura Plena em Matemática e da Licenciatura em
Pedagogia do IFSULDEMINAS, realizando pesquisas referentes ao ensino e aprendizagem
da Matemática na Educação Básica. Atuou como coordenadora da Licenciatura Plena
em Pedagogia EPT-UAB do IFSULDEMINAS de outubro de 2018 a dezembro de 2019.
Atualmente é coordenadora da Licenciatura em Matemática-Campus Inconfidentes.

Marly Cristina Barbosa Ribeiro


Possui formação em Auxiliar de Enfermagem (1989), Técnico
em Enfermagem (2004); graduação em Ciências Biológicas
(2009). Especialista em Gestão Ambiental (Claretiano)
e Educação Profissional e Tecnológica (IFTM). Atuou na
Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Estado de Minas
Gerais e no Programa Mulheres Mil. Atua como Técnica em
Enfermagem no Instituto Federal do Sul de Minas Gerais -
Campus Inconfidentes e participa como membro do Núcleo de
Assistência a Pessoas com Necessidades Especiais (NAPNE) e é
discente do mestrado em Educação Profissional e Tecnológica
pelo IFSULDEMINAS - Campus Poços de Caldas.

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