Você está na página 1de 53

SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

GRADUAÇÃO

SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO

1
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS Núcleo de Educação a Distância

SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO


Professora: Natalia Carolina Redígolo

Foz do Iguaçu - PR 2015.


53 p.

Pedagogia - EaD

CDU:

NEAD – Núcleo de Educação a Distância


Av. Bartolomeu de Gusmão, 1324 - Centro – CEP: 85.852-130
Foz do Iguaçu – Paraná / ead.udc.br / 3574-69

2
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

APRESENTAÇÃO

Prezado (a) Acadêmico (a),

Bem-vindo(a) à Graduação na modalidade a distância, ofertado pelo Centro


Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC. Sabemos que o seu percurso de
aprendizagem necessita ser acompanhado e orientado, para que você obtenha
sucesso nos estudos e construa um conhecimento relevante à sua formação
profissional e acadêmica.
Preparamos este material didático, possibilitando, assim, guiá-lo no auto
estudo da disciplina e na realização das atividades. Além disso, você conta com o
ambiente virtual de aprendizagem como espaço de estudo e de participação ativa no
curso. Nele você encontra as orientações para realizar atividades e avaliações on-
line, além de recursos que vão enriquecer a proposta deste material didático, tais
como links para sites da Internet, vídeos gravados pelo professor e outros por ele
sugeridos, textos, animações, ilustrações, dentre outras mídias.
Lembre-se, no entanto, de que você deve se organizar para criar sua própria
autonomia de estudo. Isso inclui o planejamento do seu tempo de dedicação ao
estudo individual e de participação colaborativa no ambiente virtual.
Este material é o seu livro-texto e apoio importante no percurso de
aprendizagem!

Bom estudo!
Reitoria UDC On-line

3
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 2
UNIDADE I - ESTADO, SOCIEDADE, FAMÍLIA E EDUCAÇÃO EM BUSCA DE
CONCEITOS .............................................................................................................. 6
1.1 EDUCAÇÃO ......................................................................................................... 6
1.2 PEDAGOGIA ........................................................................................................ 9
1.3 TEORIAS DA EDUCAÇÃO ................................................................................ 10
1.4 POLÍTICA E ESTADO ........................................................................................ 11
1.5 A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ...................................................................... 13
1.5.1 A corrente positivista ..................................................................................... 14
1.5.2 O positivismo e a educação .......................................................................... 14
1.6 O IDEALISMO E A EDUCAÇÃO ........................................................................ 16
1.7 AS IDEIAS SOCIALISTAS E A EDUCAÇÃO ..................................................... 16
UNIDADE II - EDUCAÇÃO E FAMÍLIA: ASPECTOS LEGAIS ............................... 18
2.1 CONSTITUIÇÃO ................................................................................................ 18
2.2 LEI 8.069/90 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .................... 19
2.3 LEI Nº 9.394/96 - LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL 20
UNIDADE III - POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E A PARTICIPAÇÃO DA
FAMÍLIA NA ESCOLA ............................................................................................. 23
3.1 A EDUCAÇÃO FORMAL .................................................................................... 23
3.2 EDUCAÇÃO INFORMAL.................................................................................... 25
3.3 EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL .............................................................................. 26
3.4 ESTRUTURAS E CONCEITOS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS ................. 27
3.5 PROGRAMA DIA NACIONAL DA FAMÍLIA NA ESCOLA .................................. 29
3.6 CARTILHA “EDUCAR É UMA TAREFA DE TODOS NÓS”. .............................. 30
3.7 CARTILHA ESCOLA – ACOMPANHEM A VIDA ESCOLAR DE SEUS FILHOS.
................................................................................................................................. 32
3.8 INTERAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA: SUBSÍDIOS PARA PRÁTICAS ESCOLARES
................................................................................................................................. 33
3.8.1 O documento .................................................................................................. 34
3.8.2 Escola .............................................................................................................. 34

4
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

3.8.3 Família ............................................................................................................. 35


3.8.4 Interação família-escola ................................................................................. 35
3.8.5 Princípios para uma proposta de interação escola-família ........................ 36
3.8.6 Programas e políticas intersetoriais ............................................................. 37
UNIDADE IV – A FAMÍLIA E ESCOLA: DOIS CONTEXTOS DIFERENTES E UM
OBJETIVO COMUM ................................................................................................ 44
4.1 CONTEXTO FAMILIAR E CONTEXTO ESCOLAR ............................................ 44
4.2 COMPARTILHAR AÇÕES ................................................................................. 47
4.3 CONHECER A CRIANÇA/ALUNO ..................................................................... 47
4.4 CRITÉRIOS EDUCATIVOS COMUNS ............................................................... 49
4.5 MODELOS DE INTERVENÇÃO ......................................................................... 50
REFERÊNCIA .......................................................................................................... 52

5
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

UNIDADE I - ESTADO, SOCIEDADE, FAMÍLIA E EDUCAÇÃO


EM BUSCA DE CONCEITOS

A presente unidade tem como objetivo levar você acadêmico a compreender


os principais conceitos que permeiam as análises sobre a relação entre o Estado, a
sociedade, a família e a educação escolar. Neste estudo serão apresentados
conceitos e termos, discutindo sua abrangência no processo educacional. Dessa
forma é importante um resgate histórico e a apresentação dos principais teóricos
que discutiram e sistematizaram o campo. Esse estudo lhe permitirá ter elementos
teóricos para compreender as relações e o papel de cada uma das instituições
analisadas.

1.1 EDUCAÇÃO

Partimos da seguinte
premissa nós humanos “somos
seres históricos”. A nossa
forma de pensar e agir mudou
ao longo do tempo. Os
problemas individuais e
coletivos enfrentados ao longo
do tempo pelas gerações
passadas nos permitiu
repassar as gerações mais
novas um legado importantíssimo para nossa existência, à herança cultura.
Compreende-se cultura como um conjunto de ideias, comportamentos,
práticas sociais e símbolos, ou seja, a herança social da humanidade. A cultura é a
demonstração humana de adaptação ao meio, hábitos durante nossa evolução. A
cultura é carregada de modificações, transformações incorporadas ao longo da
nossa existência. Assim as gerações mais antigas transmitem as gerações mais
novas seus conhecimentos. Estas assimilam de acordo com a sua percepção e
repetem o processo com as gerações futuras.

6
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

O processo que nos permite passar esse legado de conhecimentos é a


educação. As primeiras comunidades repassavam seus conhecimentos através da
educação difusa, onde os mais novos aprendiam imitando os mais velhos. Aprender
pela vida e para a vida. Com o passar do tempo e o acumulo de conhecimentos e
experiências a educação se tornou mais complexa e com o surgimento da escrita,
negócios, especialização em certos conhecimentos, o surgimento das cidades as
relações humanas se cada vez mais complexas. Ocorreu a necessidade de
institucionalização da educação. Ela passa a ser privilégio de alguns grupos e
classes sociais.
Ao olhar o mundo o homem tem diferentes formas de vê-lo, percebê-lo e
descrevê-lo. Compreender a realidade que o cerca passou por diferentes
perspectivas. Inicialmente sua visão era mítica baseada na intuição e crenças. Outra
forma de percebê-lo é o senso comum um tipo de conhecimento que é repassado,
este é fragmentado e assistemático, não é questionado, é herdado. A filosofia
ocidental surge na Grécia antiga aproximadamente nos séculos VII e VI a.C. tendo
como seus expoentes Sócrates, Platão e Aristóteles. Aproximadamente no século
XVII começa a tomar forma o conhecimento científico. O pensamento revolucionário
de Galileu Galilei estabeleceu as bases do método científico. O homem também
expressa sua percepção através de outras formas de da arte, religião e seus
sentidos.
Para Libâneo (2010), ninguém escapa à educação e não há uma única
forma de educação. O fenômeno educativo é uma prática social, enraizada no
contexto geral da sociedade. Sua realização se dá por agentes, instituições e
práticas educativas. Assim afirma Libâneo,

[...] educação é o conjunto das ações, processos, influências


estruturas, que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e
grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num
determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais.
(LIBÂNEO, 2010, p. 30).

Alguns autores corroboram dessa visão sobre educação. Segundo Pinto


(1984),

Em sentido restrito, o da pedagogia clássica, convencional,

7
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

sistematizada, refere-se à educação às fases infantil e juvenil da vida


do ser humano. Não se deve, no entanto, reduzi-la a esses limites.
Seria um erro lógico, filosófico e sociológico. Em sentido amplo (e
autêntico) a educação diz respeito à existência humana em toda a
sua duração e em todos os seus aspectos. [...]. (PINTO, 1984, p. 29).

A compreensão do conceito de educação remete a muitas outras


características, é necessário explorar caracteres que o permeiam:
• A educação é um processo;
• A educação é um fato existencial;
• A educação é um fato social;
• A educação é um fenômeno cultural;
• A educação está relacionada às divisões sociais de classe;
• A educação se desenvolve sobre o fundamento do processo econômico da
sociedade;
• A educação é uma atividade teleológica1
• A educação é uma modalidade de trabalho social;
• A educação é um fato de ordem consciente;
• A educação é um fato de ordem exponencial;
• A educação é por essência concreta;
• A educação é por natureza contraditória. (PINTO, 1984).
A educação não é um fenômeno neutro, ela sofre os efeitos, interesses e as
relações de poder. Partindo dessas primeiras contribuições é importante você
pensar: por que educar? Quem educar? Quais meios utilizar? Quais os fins da
educação? Quais conhecimentos são válidos?

VOCÊ SABIA?
Nas comunidades tribais “A formação é integral – abrange todo o saber da
tribo – e universal, porque todos podem ter acesso ao saber e ao fazer apropriados
pela comunidade.

1
O termo teleologia deriva do grego teleo que significa finalidade e logia que significa estudo, e trata
dos propósitos, finalidades e objetivos do estudo. (Nota do autor

8
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

É bem verdade que alguns se destacam, detendo um conhecimento mais


amplo ou especial – como no caso do feiticeiro – o que, no entanto, não resulta em
privilégio, mas apenas em prestígio [...].” (ARANHA, 2006, p. 36).

PARA PENSAR

Porque o conhecimento que era acessível a todos passou a ser um privilégio da


classe dominante? Porque surgiu a necessidade da escola? Porque a educação
elementar é ofertada a grande maioria da população e a educação superior ficou
elitizada?
José Carlos Libâneo na obra “Pedagogia e pedagogos, para que? ”
apresenta algumas definições clássicas de educação.

A ideia da educação elementar nada mais é que o propósito de


conformar com a natureza para desenvolver e cultivar as disposições
e as faculdades da raça humana. [..] (in Chateau, 1978, p. 217). A
educação é organização dos recursos biológicos do indivíduo, de
todas as capacidades de comportamento que fazem adaptável ao
meio físico e social (W. James, in Luzuriaga, 1951: 40).
A educação não é a preparação para a vida, é a própria vida (...). a
educação é uma constante reconstrução ou reorganização da nossa
experiência, que opera uma transformação direta de qualidade da
experiência e, ao mesmo tempo, nossa aptidão para dirigirmos o
curso das experiências subsequentes (Dewey, 1979: 83).
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as
gerações que não se encontrem ainda preparadas para a vida social;
tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de
estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade
política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança
particularmente se destine (Durkheim, 1967: 41). (LIBÂNEO, 2010, p.
75-76).

1.2 PEDAGOGIA

A pedagogia tem como elemento de estudo os processos e métodos


educativos. É um campo de conhecimento que analisa a problemática da educação
a partir da história e em sua totalidade, buscando entender suas finalidades,
objetivos, organização e metodologias de ação. Assim pedagogia é uma ciência que
busca unir teoria e prática.

9
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Pedagogia, é então, o campo do conhecimento que se ocupa do


estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática
educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos
ingredientes básicos da configuração da atividade humana.
(LIBÂNEO, 2010, P. 30).

Essa prática social faz parte da existência humana e social, individual e


coletiva que contribui para ajudar a tornarmo-nos humanos. Se considerarmos que a
sociedade tem relações complexas, entre elas, relações de exploração, violência,
divisão social, privilégios, perceberemos que a educação é um dos elementos que
contribuem para a superação de tais condições.

1.3 TEORIAS DA EDUCAÇÃO

No livro “Escola e Democracia”, de


1983, Dermeval Saviani realiza uma
discussão sistemática e crítica das diferentes
teorias da educação. A obra é composta de
quatro capítulos. Para esse estudo será
considerado o primeiro capítulo “As Teorias
da Educação e o Problema da
Marginalidade”. O autor apresenta as teorias
educacionais em dois grupos:
• Teorias Não-Críticas;
• Teorias Crítico-Reprodutivistas.
As Teorias não críticas entendem que a educação é um instrumento que
visa a busca da equalização social. Para as Teorias Crítico-Reprodutivistas a
educação seriam um instrumento de discriminação social.
Nos dois grupos é analisada a questão da marginalidade e de certa forma
entender as relações entre educação e sociedade. A educação se colocaria como
um instrumento de correção das distorções.
Compõem o primeiro grupo de teorias “As Teorias Não Críticas” analisadas a
partir da “Pedagogia Tradicional”, a “Pedagogia Nova”, a “Pedagogia Tecnicista”, e o
segundo grupo “As Teorias Crítico-Reprodutivistas” são analisadas a partir da

10
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

“Teoria do sistema de ensino como Violência simbólica”, “Teoria da escola como


aparelho ideológico de Estado” e “Teoria da escola dualista”. O autor ainda
apresenta elementos para pensar em uma “Teoria crítica da educação”. Ao final da
obra conclui que “a importância da política da educação reside na sua função de
socialização do conhecimento” (SAVIANI, 2006, p.88), e apresenta onze teses sobre
educação e política.

1.4 POLÍTICA E ESTADO

O que é política? O que é Estado? Os conceitos são amplos e abrangentes


e envolve toda espécie de atividade. Compreenderemos política no campo do
Estado e na influência que este exerce nesse sentido, um agrupamento político. Max
Weber assim trata política e o Estado:

Assim como todos os agrupamentos políticos que o precederam no


tempo, o Estado consiste em uma relação de dominação o homem
pelo homem, com base no instrumento da violência legítima – ou
seja, da violência considerada como legítima. Por conseguinte, o
Estado pode existir somente sob condição de que os homens
dominados se submetam à autoridade continuamente reivindicada
pelos dominadores. Consequentemente, formulam-se as seguintes
indagações: em que condições eles se submetem e por quê? Essa
dominação se apoia em que justificações internas e em que meios
externos? (WEBER, 2008, p. 61).

Dessa forma o autor descreve que há duas formas de exercer política. Pode
se viver “para” a política ou pode viver “da” política. Essa relação está impregnada
de dominação e obediência. Nessa visão a definição de escola vincula-se a conceito
de “dominação” que pressupõe obediência de um determinado conteúdo, entre
pessoas dadas. Obediência implica poder, impor a própria vontade dentro de uma
relação social. O conceito de “dominação” também implica a compreensão e
aceitação do processo de legitimidade. Weber (2008) propõe três tipos puros de
dominação:
• De caráter racional (crença, legalidade, direito, autoridade);
• De caráter tradicional (crença cotidiana, santidade das tradições);
• De caráter carismático (se apoia na entrega extracotidiana à santidade,

11
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

heroísmo ou exemplaridade de uma pessoa e às ordenações por ela criadas


ou reveladas).
A escola se vincula a dominação racional, sua legitimidade remete da
legalidade das ordens instituídas pelo Estado. A escola é um dos elementos de
dominação legal. Na escola são trabalhados as informações e os conhecimentos
necessários para formar a parcela esclarecida da sociedade. O domínio desse
processo garante a manutenção do poder a um determinado grupo social. A escola
vem recebendo ampla atenção devido a sua eficiência em legitimar a dominação.
Essa dominação depende essencialmente do trabalho e desempenho do professor.
Este representa o papel de organizador do processo. O professor é o intelectual que
recebe, codifica, organiza e realiza as ações propostas pelos dominadores e as
traduz para os dominadores.
A política é uma área de conhecimento complexa, cheia de controvérsias e
polêmicas. Das muitas definições que vem recebendo ao longo do tempo há uma
coisa em comum, a noção de política está relacionada ao exercício do poder em
sociedade.
O que é poder? Para Santos (2014, p. 2) “Assim, definimos ‘poder’ como a
capacidade ou propriedade de obrigar alguém a fazer alguma coisa.” O poder pode
ser exercido através da coação e/ou persuasão. Na política são usadas as duas
opções dependendo de quem a exerce.
O conceito de Estado é trabalhado por Santos que assim o descreve:

Compreendemos que o termo Estado corresponde a uma estrutura


que transcende os indivíduos e as coletividades, que é impessoal e
que arbitra as regras e normas (convertidas muitas vezes em leis)
estruturadoras da sociedade. Entre outros motivos, o Estado existe
para, de acordo com leis, regras e normas, distribuir poder – ou
permitir o acesso a ele – e recursos a cada um dos componentes da
sociedade, sejam estes indivíduos, grupos ou organizações.
(SANTOS, 2014, p. 3-4).

Gramsci e Freire discutiram o conceito de dominação. Peter Mayo (2004, p.


30) ao estudar os dois autores descrê que,
O inter-relacionamento pode ser mais bem explicado nos conceitos de Freire
de “educação bancária” e “invasão cultural”. A educação bancária,

12
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

caracterizada por relações sociais hierárquicas, cria as condições para que


ocorra a imposição cultural (invasão cultural). É negada a possibilidade aos
educandos de trazerem sua cultura para a sala de aula. Além de essa cultura
não ser valorizada, ela não é abordada de uma maneira que implique um e
conhecimento de seu valor, não lhe sendo permitido constituir uma parte
integral do processo de aprendizagem em curso.

PARA PENSAR:
Você já pensou que na sociedade há uma relação hegemônica de poder e
que algumas instituições desenvolvem papel educativo dessa hegemonia.
São exemplos de instituições sociais ideológicas: a lei, a educação, os meios
de comunicação de massa, a religião, as forças armadas. Essas instituições
não neutras. Já se perguntou se elas servem para concretizar a hegemonia
dominante ou para superar as desigualdades sociais? A quais interesses elas
estão ligadas?

1.5 A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

O século XVIII foi proeminentemente importante para a sociedade moderna.


A Revolução Industrial alterou a fisionomia do mundo do trabalho. As relações de
produção no âmbito do sistema fabril em grande escala e a divisão do trabalho
alterou o mercado e o Estado. O século XIX consolida o poder dos burgueses que
até então eram opositores ao regime aristocrático e feudal.
O Estado direciona esforços para atender os pobres com escolas gratuitas.
A urbanização e a industrialização levaram a muitos problemas sociais
principalmente no espaço urbano. As classes mais abastadas levavam seus filhos as
escolas particulares e religiosas. O Estado, apesar da negativa dos religiosos, vai
lentamente intervindo na legislação e uniformização da organização escolar,
principalmente quanto ao currículo e aos procedimentos. Ocorre a expansão das
escolas elementares e secundarias.
Foi influente nesse contexto a educação alemã, francesa, inglesa e norte-

13
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

americana. O ideário pedagógico do século XIX teve influência da filosofia e ciência


do período. Destacaram-se:
• Os positivistas (Comte) levaram às últimas consequências as críticas
kantianas à metafísica, afirmando que não cabe ao filósofo teorizar sobre “as
ideias sem conteúdo”. Assim, reduzem o trabalho da filosofia à mera síntese
das diversas ciências particulares;
• Os idealistas (Fichte, Schelling e Hegel) destacaram a capacidade que Kant
atribuía à razão de impor forma a priori ao conteúdo dado pela experiência;
• Os materialistas (Feuerbach), críticos do idealismo, influenciaram a vertente
socialista, representada, sobretudo por Marx e Engels. (ARANHA, 2006, p.
204).

1.5.1 A corrente positivista

Augusto Comte (1798-1857) é o expoente da corrente positivista. Ele tem


como fundamento de seu pensamento que os indivíduos, a humanidade passa por
diversos estágios até alcançar o estágio positivo. O termo “positivo” designa o real,
em contraposição às formas teológicas ou metafísicas de entender e explicar o
mundo. Nessa forma de ver o mundo os indivíduos podem por meio da observação
e do raciocínio descobrir as relações entre os fenômenos, ou seja, as leis efetivas.
O positivismo exprime a valorização que a ciência moderna tinha a época.
“Saber é poder”. Essa visão se expressava, no cientificismo, na afirmação de que o
único conhecimento válido seria o conhecimento científico.
Outro fundamento do positivismo é a concepção determinista. Nele o
comportamento humano também seria regido pelas relações invariáveis de causa e
efeito que existia nas leis da natureza.

1.5.2 O positivismo e a educação

Para Comte a educação levaria o indivíduo a superar a concepção


metafísica rumo a positivista quando chegasse a sua maturidade. Destaca-se a
contribuição de Spencer (1820-1903) e Stuart Mill (1806-1873). O primeiro também

14
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

se influenciou ao evolucionismo de Darwin. Assim a educação também seria um


processo evolutivo em que o ser revela suas potencialidades.
O ideário positivista baseia-se no ideal de progresso. Spencer escreveu a
obra “Educação”, em que considerava central na educação o ensino da ciência.
Prevaleceu as questões utilitárias.
Stuart Mill enfatizou a importância das ciências sociais como a história, a
economia, o direito. Interessou-se por melhores condições de vida, inclusive
destacou-se pela causa feminina.
As escolas estatais sofreram forte influência do positivismo sobretudo na
busca pelo ensino laico das ciências opondo-se as escolas tradicionais humanista
religiosa.
Durkheim (1858-1917) contribuiu com a sociologia positivista e suas ideias
ultrapassaram as fronteiras da França exercendo influência sobre políticos e
educadores. Na sua concepção a educação é um elemento fundamental para
formação moral coletiva. Durkheim entendia que a sociologia tinha a função de
estudar os fatos sociais. Sua teoria abrange a preocupação com a ordem social e os
movimentos sociais e crises econômicas que aconteciam na França e na Europa de
seu tempo. Assim propõe uma nova moral para a harmonia da sociedade. Ao
verificar ausência de regras sociais para esses movimentos ele sugere normas,
regras e leis para reger e controlar a sociedade.
A educação teria papel fundamental para satisfazer essa necessidade social.
Para Durkheim a escola é a instituição mais importante e capaz de preparar as
crianças e jovens para a sociedade, formando seu comportamento na visão de uma
consciência coletiva. Negação da vontade pessoal em prol da necessidade social,
ou seja, a coesão social.
Ao formular esses pressupostos educacionais ele também estabelece as
funções do educador e da família no processo educacional com vistas a integração
das crianças e jovens a sociedade. Durkheim é considerado o fundador da
sociologia da educação. Defende que a educação escolar conserva certos vínculos
sociais nas sociedades modernas (disciplina, pertencimento e autonomia).

15
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

1.6 O IDEALISMO E A EDUCAÇÃO

São pensadores desse período Hegel (1770-1831) e Fichte (1762-1814).


Para Hegel o Estado deveria incentivar o processo educacional. Fichte também
valorizava a educação, e que nos humanizamos na medida em que nos afirmamos
como sujeitos, capazes de consciência de si e da atividade livre. Alinhado as
discussões políticas de seu tempo na Alemanha destaca o papel da educação para
o renascimento do país, e a instauração da escola nacional e unificada.

1.7 AS IDEIAS SOCIALISTAS E A EDUCAÇÃO

O desenvolvimento do capitalismo fez crescer a classe operária e uma nova


ordem econômica. Devido as condições que vinha passado os trabalhadores
começam a se organizar para defender seus interesses. Os movimentos tiveram
como fundamento as ideias socialistas, inicialmente pelo socialismo utópico.
Os pensadores utópicos foram criticados por Marx (1818-1883) e Engels
(1820-1895) ao estabelecerem as bases do socialismo científico. O materialismo
histórico-dialético parte da concepção dialética do real. Para os autores o movimento
é a propriedade fundamental da matéria e existe independentemente da
consciência. Marx não nega que o ser humano tenha ideias, mas a explica a partir
da estrutura material da sociedade em que vive.

Do ponto de vista dialético, porém, os fenômenos materiais são


processo (nada é estático), e o espírito não é consequência passiva
da ação da matéria. A consciência humana, ao tomar conhecimento
dos determinismos, pode agir sobre o mundo, transformando-o,
inclusive pela revolução. Em política, a ação revolucionária tem por
objetivo a transformação radical do status quo, com a alteração da
estrutura econômica, política e social. (ARANHA, 2006. p. 208).

As ideias socialistas influenciaram fortemente as concepções pedagógicas.


Rejeitam os pressupostos idealistas e o materialismo tradicional. Denunciam a
exploração da classe burguesa e defendem a educação universal e politécnica. O
materialismo dialético entende que a educação tem um papel a desenvolver na ação
revolucionária. Por exemplo:

16
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

• A luta pela democratização do ensino (universal) e pela escola única (não


dualista), isto é, sem distinção entre formar e profissionalizar;
• A valorização do pensar e do fazer, em que o saber esteja voltado para a
transformação do mundo;
• A desmistificação da alienação e da ideologia, ou seja, a conscientização da
classe oprimida. (ARANHA, 2006. p. 20).

VOCÊ SABIA?
No século XIX além da Revolução industrial também ocorreu a Revolução do
Conhecimento e a Revolução Burguesa?
A Idade Média delimitou o conhecimento ao mundo religioso. Com novas
concepções florescendo desde o século XV uma nova reformulação da forma
de pensar. A Revolução do Conhecimento ou Revolução Científica tornou o
conhecimento mais estruturado e prático.
A Revolução Burguesa ou as Revoluções Burguesas foram processos
históricos protagonizados pela classe burguesa, com interesses comerciais e
financeiros foram fundamentais para superar o sistema absolutista.
Contribuíram na formação dos estados nacionais. São exemplos dessas
revoluções as ocorridas na Inglaterra no século XVII (Puritana e Gloriosa) e a
Revolução Francesa de 1789.
Para saber mais acessar: histedbr.fe.unicamp.br.

17
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

UNIDADE II - EDUCAÇÃO E FAMÍLIA: ASPECTOS


LEGAIS

A presente unidade busca tratar do conceito de família no âmbito da


legislação brasileira, com destacada ênfase sobre a legislação educacional.
Buscando trazer a discussão como o Estado brasileiro define família, seu papel,
direitos e deveres na educação das crianças e adolescentes e novas gerações. O
presente estudo proporciona uma visão geral das questões do direito e da família e
as inovações do papel do Estado da escola e da família.
A família é uma instituição tão antiga quanto o próprio homem e mudou
muito ao longo da história. As alterações ocorreram na estrutura, no comportamento
e no conceito que lhe é atribuído. Ela se alterou na mesma medida que a sociedade
mudou. Certas características prevaleceram por muito tempo: hierarquia nos papéis,
crenças e costumes, procriação, concentração de propriedade, divisão de papeis
familiares, patriarcal, entre outras características.

2.1 CONSTITUIÇÃO

A Constituição Federal abrange o direito a educação em vários de seus


artigos. Alguns tratam diretamente o tema. No Título II, Capítulo I, art. 5º há uma lista

18
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

de direitos civis, muitos relacionados a educação: igualdade jurídica, liberdade de


consciência e expressão, associação. No art. 6º são descritos os direitos sociais,
entre eles a educação. É um direito da cidadania, e o primeiro a ser citado e no
artigo 208 § 1, § 2 torna-se um direito público subjetivo.
O tema família é tratado na Constituição Federal a partir do artigo 226 e
descreve que a família é a base da sociedade e reconhece a união estável entre o
home e a mulher como entidade familiar. O Estado deve ter especial atenção na sua
proteção. Para este efeito é considerada também como entidade familiar, conforme
descrito no § 4º “(...) a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes.”
O artigo 226, § 6º delimita que “Para efeito de proteção do Estado, é
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento. ” Para essa relação o Estado
considera o vínculo “psicológico afetivo” que visam um projeto de vida em comum,
por um tempo considerável, pública e contínua entre homem e mulher.
A Carta Magna descreve no art. 227 que é dever da família, da sociedade e
do Estado garantir as crianças e adolescentes o direito a educação e a proteção.
Para realizar essa garantia o Estado deve realizar programas de assistência as
crianças e adolescentes: saúde, assistência a educação especial, proteção, entre
outros.
O artigo 229 é enfático na questão do dever dos pais de educar os filhos
menores: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade”.

2.2 LEI 8.069/90 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE

O ECA reforça os preceitos legais postos na Constituição Federal e


na LDBEN sobre o papel do Estado, da família e da sociedade quanto ao dever de
educar e proteger as crianças e os adolescentes. O Art. 4º descreve primeiramente a
família como instituição responsável a assegurar o direito a educação dos menores.

19
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

O art. 18-A trata do direito de ser educado sem castigos ou maus tratos. O Art. 22
incumbe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, e no
parágrafo único reforça que mãe, pai ou responsáveis tem direitos iguais, deveres e
responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança,
transmissão de crenças e culturas.
É importante considerar que o ECA tem um papel fundamental na ordenação
legal sobre o papel do Estado, da família e da sociedade sobre a garantia do direito
à educação das crianças e adolescentes brasileiras. Para tanto são muitos os
artigos que trata da questão no ECA. Destaca-se o Capítulo IV “Do Direito à
Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer”. De forma geral buscam estipular: art.
53, do direito da criança e adolescente a educação, desenvolvimento, preparo ao
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho; art. 54, do dever da educação
em assegurar a oferta, o acesso e a permanência na educação básica; art. 55 da
obrigação dos pais ou responsáveis de matricular os filhos menores; art. 56, do
papel dos dirigentes dos estabelecimentos de ensino em acompanhar a frequência e
aproveitamento e comunicar os órgãos competentes.

2.3 LEI Nº 9.394/96 - LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL

Segundo a LDBEN, art. 1º a educação abrange os processos formativos que


serão desenvolvidos em vários âmbitos da vida, inclusive na família. Considera-se
no corpo da lei que a formação ocorrerá na “vida familiar, na convivência humana,
no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. ”.
No Título II, que trata dos Princípios e Fins da Educação Nacional, é descrito
no art. 2º que é dever da família e do Estado ofertar educação as crianças e
adolescentes. No corpo da lei está descrito primeiramente como um dever da
família. Ambos devem trabalhar o desenvolvimento pleno do indivíduo, preparando-o
para o exercício da cidadania, trabalho, solidariedade humana, liberdade e preparo
para o trabalho.
É importante ressaltar que nossa lei educacional determina princípios que
devem ser respeitados na oferta da educação nacional.

20
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:


I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento,
a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação
dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (LDBEN, 1996).
No art. 12 a lei estabelece que os sistemas e as instituições de ensino têm a
incumbência de:
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de
integração da sociedade com a escola;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os
responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como
sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (LDBEN, 1996).
O papel dos docentes é descrito no art. 13.
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade. (LDBEN, 1996).
O art. 14 descreve que os sistemas de ensino definirão normas de gestão
democrática do ensino público na educação básica tendo como um de seus
princípios a participação dos profissionais da educação e das comunidades escolar
e local em conselhos escolares e órgãos colegiados.
Para finalizar os artigos que tratam do papel da família na educação é
importante citar os artigos 29 e 32. O art. 29 trata da educação infantil, como

21
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

primeira etapa da educação básica e “tem como finalidade o desenvolvimento


integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.” O art. 32
trata do ensino fundamental e tem por objetivo a formação básica do cidadão, e no
Inciso IV ressalta o fortalecimento dos vínculos de família, solidariedade humana e
de tolerância recíproca.

22
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

UNIDADE III - POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E A


PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA

Nesta unidade será apresentado ao acadêmico os conceitos de educação


formal, educação informal, e educação não-formal. Será detalhado as estruturas e
conceitos de políticas educacionais, além de características e exemplos de políticas
públicas educacionais ou correlatas. No final serão detalhados políticas e programas
públicos que incentivam a participação da família na escola.

3.1 A EDUCAÇÃO FORMAL

A escola nem sempre existiu dessa forma, como a conhecemos. Ela é uma
invenção da sociedade moderna. Ela foi tomando essa forma a partir das demandas
da Igreja católica e protestante e posteriormente do modelo econômico e social
capitalista.
Ao longo do tempo ela variou na sua organização e objetivos ou até mesmo
não existiu como instituição. Outrora era papel da família educar conforme os
costumes ou religião. O aumento da sua oferta nem sempre esteve atrelado a
democratização do ensino. Uma das primeiras sociedades a pensar um
direcionamento diferente a formação da sociedade foram os Gregos antigos
aproximadamente no século VI a.C. e se estabeleceu na Grécia Clássica entre os
séculos V e VI a.C. com destaque aos atenienses.

VOCÊ SABIA?
A etimologia da palavra escola deriva do Grego antigo e significa scholé ou lugar
do ócio e era um privilégio de poucos, apenas os privilegiados. No latim, schola, passou a
designar lazer, descanso. Ao longo da história antiga o termo estava relacionado ao lugar
onde as pessoas se divertiam, estudavam, descansavam ou lugar prazeroso. Na Grécia
antiga o lugar onde eram ministradas as aulas era denominado lykeion e na Roma antiga o
termo lycaeu também denominava o lugar onde os jovens podiam aprender algum ofício.

23
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

PARA PENSAR:
O termo pedagogo deriva do grego (pais, paidós, “criança”; agogôs, “que conduz”) e se
referia a aquele que conduz a criança. No período quem conduzia a criança aos locais onde
receberia a educação era um escravo, ou seja, paidagogos.
A escola toma forma mais complexa a partir do Renascimento e da Idade
Moderna. Uma das preocupações era o confinamento dos alunos, a separação pela
idade, e a graduação das ações e conhecimentos a serem ensinados. Essas
práticas levaram alguns pensadores a teorizar e orientar as práticas educacionais.
Vejamos alguns fatores que marcaram a institucionalização da escola:
• Modernidade.
• Uma nova era social.
• A política.
• O fortalecimento do estado.
• Urbanização crescente.
• Ascensão da burguesia.
• Revolução científica.
• Racionalismo filosófico. (ARRANHA, 2006, p. 113).
Com a Revolução Industrial, século XVIII, a burguesia busca uma escola
acadêmica de formação humanística. Esse modelo buscava uma educação em nível
superior com conhecimentos das novas ciências que tomavam corpo visando novas
tecnologias e descobertas. Era necessário contrapor o modelo de formação técnica
que era mais apropriado aos operários.
Ainda no Século XVIII com as revoluções burguesas e o Iluminismo a escola
burguesa busca se alinha a crença na capacidade e autonomia da razão para
entender o mundo. Destaca-se como pensador no período Immanuel Kant que
ajudou a divulgar o pensamento de uma escola leiga, universal e gratuita, sob
responsabilidade do Estado.
Com o inchaço das cidades e o crescimento do operariado a educação das
massas deveria enfatizar as primeiras letras, objetivando controle, organização e
disciplina. Exemplos dessa prática foram às escolas de ensino mútuo, desenvolvidas
ao mesmo tempo por Andrew (1753-1832) e Joseph Lancaster (1778-1838). Nesse
método um professor poderia ensinar centenas de alunos. O professor ensinaria os

24
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

melhores alunos que iriam monitorar os colegas. Os alunos eram reunidos conforme
seu estágio de conhecimento, conforme progrediam eram colocados em outro grupo
mais avançado. Era um sistema rígido na forma disciplinar, com definição de
horários, comportamento regrado. O sistema era barato. Ele se estendeu por países
da Europa e América.
Atualmente as escolas estão permeadas de teorias pedagógicas. É
marcante a tentativa de superar a escola tradicional. As novas teorias buscaram
criticar à escola tradicional e sua incapacidade de atender as constantes mudanças
sociais, econômicas e científicas. Uma das marcas da escola atual é a relação entre
a pedagogia e outras ciências. A Escola Nova, por exemplo, buscou ser um novo
modelo que iria democratizar a educação. Inicialmente era vista como um
instrumento de transformação e ascensão social.
Outras tendências tiveram como fundamento as tendências socialistas e
anarquistas, principalmente na década de 1970. Outros pensaram na
desescolarização (Ivan Illich), ou na negação da autoridade do professor (Alexander
Neill) como na escola de Sumerhill. Há casos de famílias que se organizam
coletivamente para educar seus filhos.
As tendências mais progressistas têm como preocupação levar o acesso a
escola a todos, aos marginalizados, dando condições de acesso a conteúdos e
conhecimentos valorizados pela sociedade.

3.2 EDUCAÇÃO INFORMAL

O primeiro espaço de transmissão de conhecimento e cultura é a família,


posteriormente outros espaços como o grupo de amigos, clubes, igreja, jornais,
livros, internet. Neles e em muitos outros as pessoas acessam informações e
conhecimentos que em parte serão assimilados e adaptados conforme os interesses
individuais e socais. Se destaca na realidade da sociedade moderna os meios de
comunicação de massa como televisão, jornais impressos, rádio, internet.
Esse processo nem sempre é percebido, e sua assimilação faz parte da
forma primitiva de aprendermos. Assim aprendemos sons, língua e comportamentos
que muitas vezes é corrigido pela família ou grupo social e reforçado pelos meios de

25
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

comunicação se existirem. Na educação informal nem sempre os modelos de


educação são visíveis.
Aranha define que educação informa:

(...) caracteriza-se por não ser intencional ou organizada, mas casual


e empírica, exercida a partir das vivências, de modo espontâneo. O
comportamento da criança vai sendo modelado por meio da
repetição; depois ela interioriza a expressão ou o gesto aprendido,
que se tornam normas de comportamento (...).
Estamos, portanto, aprendendo a cada passo, em casa, na igreja, no
trabalho, no esporte, com os amigos, com o rádio, com a tevê etc.
(ARANHA, 2006, p. 94).

3.3 EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL

O modelo de educação não-formal é muito próximo da educação formal, que


deve ser oficial. Dela se aproxima porque deve ter recursos metodológicos para
alcançar seus fins. Porém ela é de iniciativa de grupos, empresas, associações que
buscam através da educação não-formal algum objetivo de formação. Esse
processo abrange também os sindicatos, partidos, políticos, a mídia, programas de
televisão, rádio, ONGs, grupos de música, dança, artesanato, entre muitos outros.
Entre os objetivos podemos citar questões relacionadas ao uso de drogas, crianças
abandonadas, direitos humanos, ecologia, prevenção de doenças, questões do
campo, habitação, saúde.

Segundo a professora Maria da Glória Gohn, “um dos supostos


básicos da educação não formal é o de que a aprendizagem se dá
por meio da prática social. É a experiência das pessoas em trabalhos
coletivos que gera um aprendizado. A produção do conhecimento
ocorre não pela absorção de conteúdos previamente sistematizados,
objetivando ser aprendidos, mas o conhecimento é gerado por meio
da vivência de certas situações-problema. (ARANHA, 2006, p. 95)

Os novos conhecimentos serão adquiridos através da interação com os


sujeitos. É significativo o processo de comunicação verbal, oral, carregado de
representações culturais. Nesse processo é muito importante a possibilidade de
criação de novos conhecimentos, soluções novas para os problemas da vida, do dia
a dia.

26
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

3.4 ESTRUTURAS E CONCEITOS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Como vimos política é um termo complexo que assumiu muitos significados


ao longo do tempo. Foi estudada e conceituada por muitos autores como Platão,
Aristóteles, Bobbio, Foucault e Weber são algumas dessas expressões. Em sua
maioria trata do exercício do “poder”.
A expressão “política educacional” remete a toda política que é desenvolvida
para intervir nos processos formativos e informativos no ambiente coletivo e
individual. A política educacional é intencional e pode ser explícita ou implícita e está
ligado a um projeto de poder dentro de um contexto social. A sua organização
permeia as dimensões burocráticas, administrativas, financeiras e pedagógicas.
Ao se tratar de políticas é comum essa abranger o ambiente público. “Por
‘público’, entendemos que é tudo aquilo que não pertence a um indivíduo ou grupo
em particular, mas, antes, é propriedade de toda a coletividade. ” (SANTOS, 2014, p.
4). Já o conceito de “políticas públicas” pode ser definido como “ações geradas na
esfera do Estado e que têm como objetivo atingir a sociedade como um todo ou
partes dela.” (SANTOS, 2014, p. 4).
As políticas educacionais estão intimamente ligadas a legislação,
financiamento, administração e gestão das instituições, além da sua relação coma
economia e a sociedade civil, ou seja, estão relacionadas ao sistema de governo e a
sociedade. Segundo Akkari (2011, p. 18) as políticas educacionais estão sofrendo
enorme adaptação a globalização e ao neoliberalismo, às tecnologias da informação
e a privatização. O Estado vem assumindo um papel de regulador e avaliador da
educação. Ele define orientações, metas a serem atingidas e monitora os resultados
através das avaliações em larga escala (SAEB, Prova Brasil, ENEM e ENAD)2

2
A Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) são avaliações para
diagnóstico, em larga escala, desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). Têm o objetivo de avaliar a qualidade do ensino oferecido
pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos.
 http://portal.mec.gov.br/prova-brasil, acesso: 16/06/2017.

27
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

VOCÊ SABIA?
A globalização é um conceito amplo com dimensões diferentes, que podem ser
resumidas da seguinte forma:
− Globalização econômica: atividades estratégicas em escala planetária, em tempo
real;
− Troca e/ou comunicação de informações à medida que elas são produzidas;
− Ação à distância;
− Redução do espaço-tempo;
− Aceleração das interdependências (econômicas, sociais, culturais, financeiras (on-
line, redes);
− Reorganização das relações de poder globais e regionais (emergência de novos
atores globais como China, Índia ou Brasil). (AKKARI, 2011, p. 22).
− À medida que discutimos e nos aprofundamos no assunto, verificamos tipologias
das políticas públicas e os fatores que lhe cercam. Vejamos alguns exemplos
pertinentes dessas características.

Características das políticas públicas

TIPO CARACTERÍSTICAS EXEMPLO


Políticas públicas Aparentemente não geram ônus para a Sistema Único de Saúde e
distributivas sociedade. hospitais gratuitos.
São orientadas para o consenso.
Políticas públicas São orientadas para o dissenso. Cotas para estudantes
redistributivas Reconfigura o acesso a recursos, poder afrodescendentes em
ou direitos. universidades públicas.
Políticas públicas Definem as regras do jogo político. Lei de Diretrizes e Bases da
regulatórias Assumem a forma de leis e decretos. Educação Nacional.

Políticas públicas Dão forma ao estado e ao regime Constituição Federal.


instituintes político.
Fonte: (SANTOS, 2014, p. 7).

28
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Características das Políticas de Estado e de governo

TIPO DE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


POLÍTICA
Política Duração condicionada a um mandato Provão (governo Fernando
de governamental. Henrique Cardoso).
governo Projetos educacionais estritamente ligados a
determinada perspectiva política.
Política Programas educacionais incorporados à Sistema Nacional de Avaliação
de Estado estrutura do Estado. da Educação Básica (Saeb e
Sua continuidade está colocada para além Enem), pois duraram todo o
das mudanças ocorridas na transição de governo Fernando Henrique
governo. Cardoso, permaneceram no
Projetos de longo prazo. governo Lula e também no
governo de Dilma Roussef.
Fonte: (SANTOS, 2014, p. 10).

3.5 PROGRAMA DIA NACIONAL DA FAMÍLIA NA ESCOLA

O Dia Nacional da Família na Escola é promovido pelo Ministério da


Educação. É realizado duas vezes ao ano e seu objetivo é realizar atividades de
sensibilização da sociedade, família e escola para a interação, integração e
acompanhamento da sociedade e da família com as atividades pedagógicas
desenvolvidas pela escola e pelos alunos. Nestes dias
as escolas são incentivadas a criar atividades de
integração.
Essa política do governo federal foi
estabelecida no ano de 2001, período onde também
foi divulgado os resultados do Sistema de Avaliação
de Educação Básica – SAEB, em que mostra a
melhoria dos índices educacionais brasileiros. O
trabalho é desenvolvido com parcerias e contribuição das secretarias estaduais e
municipais de educação e de organizações sociais (clubes, associações,

29
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

voluntários).
O primeiro Dia Nacional da Família na Escola ocorreu em 24 de abril de
2001, tinha como lema “Um dia para você dividir responsabilidades e somar
esforços”. Foi discutido o rendimento dos alunos e a administração escolar. Essa
ação é simbólica porque aproxima a sociedade e a comunidade escolar.
O governo se baseia em pesquisa que demonstram que a participação dos
pais na vida escolar das crianças é fundamental para melhorar o desempenho dos
alunos, segurança, autoestima e resultados.
Os encontros propiciam espaço para a orientação pedagógica,
contextualização do currículo, desenvolvimento do aluno, conhecimento da sua vida
fora da escola e na escola, seu ambiente familiar e social, seus anseios, desejos e
aspirações. É importante também para a disciplina do aluno.
A escola também encontra um espaço para comunicar e conversar com a
sociedade e a família pela luta por uma educação de qualidade, solicitando seu
apoio para superar as barreiras que a educação e a escola enfrentam. Independente
das condições sociais e econômicas dos pais estes tem muito a contribuir com a
escola.
Ao tomarem ciência do papel da escolarização dos filhos, do tempo
frequentado na escola e sua futura colocação no mercado de trabalho os pais
poderão acompanhar e zelar também pela formação das novas gerações.
A escola tem um papel importante ao incentivar e promover a presença da
família no espaço de aprendizagem dos alunos. O perfil das famílias vem se
alterando. Conhecer a realidade familiar é importante para superar as dificuldades
das crianças, ajuda a resolver problemas sociais como o da violência que também
chegam à escola.

3.6 CARTILHA “EDUCAR É UMA TAREFA DE TODOS NÓS”

Buscando o melhor para as crianças brasileiras e desejando um futuro


melhor na vida pessoal e profissional o Ministério da Educação desenvolver a
cartilha “Educar é uma tarefa de todos nós – um guia para a família participar no dia-
a-dia da educação de nossas crianças”. Entendendo que a família deve despertar o

30
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

interesse na criança pelo estudo oferta esse documento para apoio às escoas e
famílias desenvolverem práticas de estudo e discussão.
Este guia apresenta informações sobre quais conhecimentos a criança deve
ter realizado nas primeiras séries do ensino fundamental em língua portuguesa e
matemática. Traz sugestões de como contribuir para a educação das crianças fora
da escola. A aprendizagem da escola deve contribuir para a toda a sua vida.
Na cartilha destaca-se o respeito que devemos ter pelas fases de
desenvolvimento que as crianças passam, o seu direito ao brincar. Ao final do
ensino fundamental a crianças já deve ter aprendido que ler e escrever é importante
para resolver os problemas do dia-a-dia para o avanço nos seus estudos.
Outra informação relevante descreve que a família deve ler todos os dias
para a criança. Descobrir os melhores horários ajuda na assimilação da criança do
que está sendo lido. Práticas como a leitura de receitas de comidas, embalagens e
manchetes de jornais ajudam a criança a entender como dominar a leitura a ajudará
a resolver os problemas. Ter material de leitura como livros, revistas, jornais irá
ajudar nesse processo.
Uma atividade também orientada pela cartilha descreve que é importante
incentivar a criança a realizar a leitura. Os adultos devem ser pacientes e nunca os
obrigar ou castigá-los. A atividade de leitura deve ser prazerosa e nunca uma
obrigação.
Tornar a atividade de escrita e leitura em uma atividade divertida irá ajudar
no processo. A família deve procurar incentivar a leitura e escrita de acordo com a
idade. Pedir que elas se expressem irá dar um significado maior. Utilizar jogos,
palavras cruzadas, caça-palavras torna a aprendizagem mais dinâmica. Quando
ocorrerem os erros oriente sem agredir, todos erram.
Quanto a matemática a cartilha descreve que ao final do primeiro segmento
do ensino fundamental a criança já deve ter aprendido a ler e escrever os números,
a usar no dia-a-dia instrumentos, régua, calendário, relógio.
Faz parte da aprendizagem nesse período os números não-inteiros, como
frações, decimais, porcentagens. Resolver contas de cabeça também é desse
período. A cartilha incentiva os familiares a ajudarem as crianças a gostarem de
matemática, influencias como dizer que os pais iam mal à sua época escolar, ou que

31
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

é um conteúdo difícil de ser aprendido não colaboram.


Uma prática incentiva na cartilha é que os pais meçam as coisas, altura da
criança, comparar objetos, marcar horários, pesos, medidas. Mostrar o seu uso no
dia-a-dia. Brincar com os números, com calculadoras ajuda no processo e o torna
menos pesado.

3.7 CARTILHA ESCOLA – ACOMPANHEM A VIDA ESCOLAR DE SEUS FILHOS

Outra proposta do Ministério da Educação foi o lançamento em 2008 da


Cartilha Escola visando dar elementos de orientação as famílias para
acompanharem os filhos na escola. A cartilha apresenta as seguintes orientações:
Como participar da vida escolar de seus filhos:
• Visitem a escola de seus filhos sempre que puderem;
• Conversem com os professores;
• Perguntem como seus filhos estão nos estudos;
• Caso seus filhos estejam com alguma dificuldade na escola, peçam
orientação aos professores de como ajudá-los em casa;
• Leiam bilhetes e aviso que a escola mandar e respondam quando necessário.
• Compareçam às reuniões da escola. Dêem sua opinião, ela é muito
importante.
Outro aspecto apresentado é como os pais devem manifestar interesse pela
educação:
• O interesse dos pais pela educação dos filhos é muito importante. As crianças
e os jovens gostam de saber que os pais sentem orgulho por eles estarem
estudando;
• Matriculem seus filhos na educação infantil. Quanto mais cedo eles
começarem a estudar, mais sucesso terão em sua vida escolar;
• Incentivem seus filhos a continuar estudando. Mostrem que, quanto mais eles
estudarem, terão mais oportunidades profissionais e pessoais;
• Converse com seus filhos sobre a escola, a professora, os colegas, o que
eles estão aprendendo, o que mais gostam;
• Ajudem seus filhos a cuidar do material escolar e do uniforme;

32
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

• Cuidem da saúde de seus filhos e mantenham as vacinas em dia. Se vocês


notarem algum problema, procurem o posto de saúde.
Outro aspecto de orientação abordado na cartilha descreve como os pais
podem ajudar a escola em casa. O texto descreve que o avanço nos estudos não
depende apenas da criança e da escola. Depende também dos estudos realizados
em casa. Alguns cuidados da família contribuem com o processo e dão grandes
resultados. Deveres de casa, tarefas, devem ser acompanhados e assessorados
pela família. Se eles tiverem dificuldades a família deve manter contato com a escola
e professores. Leiam livros, revistas e jornais para ampliar o leque de informações e
conhecimentos do aluno. É incentivado que a família peça para os filhos lerem, criar
um hábito de leitura.
Como acompanhar se a escola está ensinando direitinho é outra
preocupação da cartilha. Uma das orientações é o acompanhamento do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. Conheça a nota do IDEB de seu
filho. Através dela a família saberá se está melhorando. Converse com a direção, os
professores, participe do conselho escolar e associação de pais. Veja como você
pode ajudar.
A cartilha questiona os familiares a pensarem o que é uma boa escola
pública, se ela tem compromisso com a aprendizagem dos estudantes e se criam
condições para o sucesso dos alunos. Levanta questões como o cumprimento dos
horários, a valorização dos professores, se estes são dedicados, preparados,
pacientes, atenciosos, se conhecem seus alunos, se mantém a disciplina. Na escola
há participação das famílias nas reuniões e no conselho escolar.
A cartilha é enfática em destacar que a participação da família na escola é
muito importante.

3.8 INTERAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA: SUBSÍDIOS PARA PRÁTICAS ESCOLARES

O documento “Interação escola-família: subsídios para práticas escolares”,


de 2009, é uma produção entre a UNESCO e o MEC. O documento parte do
princípio de que o resultado do seu trabalho junto aos alunos não depende apenas
do seu trabalho, em parte é dos familiares dos alunos também.
No texto é considerado que há inúmeras pesquisas no campo. Os resultados

33
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

apresentados apontam que a participação da família impacta decisivamente no


desempenho escolar das crianças e adolescentes. Outros estudos apontam que a
percepção dos professores sobre seus alunos é decisiva na promoção da relação
escola-aluno.
A obra destaca que a mera constatação do mundo familiar do aluno não
basta para mudar a relação escola-família. A busca pela melhoria da qualidade da
educação deve ser enfrentada.
O estudo realizado pela UNESCO e pelo MEC elege como prioridade a
aproximação das escolas e das famílias. Percebeu-se que quanto a escola melhora
seu conhecimento sobre a compreensão sobre os alunos, adequação das
estratégias didáticas, aumentando as chances de um trabalho escolar bem-
sucedidos.
Conquistar a participação da família deve ser parte do planejamento da
escola. É necessário reconhecer que é uma tarefa desafiadora. São apresentados
alguns conceitos abordados no texto.

3.8.1 O documento

O presente estudo – uma iniciativa da UNESCO e do MEC – tem como


objetivo oferecer aos gestores educacionais e escolares informações qualificadas
para o desenvolvimento de projetos e políticas de interação escola-família em
função da sua missão de garantir aos alunos o direito de aprender. (UNESCO, 2009,
p. 10).

3.8.2 Escola

Parte do sistema público de ensino que é responsável primário pela


educação escolar. Segundo a LDB (1996), a educação escolar tem como objetivo,
no ensino fundamental, “a formação básica do cidadão compreendida como:
I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o
pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da

34
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;


III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a
aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana
e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social” (UNESCO, 2009, p.
13).

3.8.3 Família

Utilizamos aqui o conceito amplo de família, no sentido de quem exerce as


funções de cuidados básicos de higiene, saúde, alimentação, orientação e afeto,
mesmo sem laços de consanguinidade. (UNESCO, 2009, p. 13).

3.8.4 Interação família-escola

A expressão interação escola-família se baseia na ideia de reciprocidade e


de influência mútua, considerando as especificidades e mesmo as assimetrias
existentes nessa relação.
O Dicionário Houaiss traz definições da palavra interação:
a) Atividade ou trabalho compartilhado, em que há trocas e influências
recíprocas;
b) Comunicação entre pessoas que convivem; diálogo, trato, contato.
• A assimetria das posições está vinculada também às diferentes
responsabilidades que a família e o Estado têm em relação à educação
escolar das crianças e adolescentes. Para assegurar a oferta de educação
escolar, o Estado institui um sistema de ensino operado por profissionais
especializados, encarregados de transmitir saberes socialmente validados. A
família, por sua vez, desempenha seu papel educacional a partir de um
contexto sociocultural específico.
• O reconhecimento dessa diferença é fundamental para a interação: o desafio
é fazer com que essa assimetria produza complementaridade, e não exclusão
ou superposição de papéis.

35
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

• Outro detalhe que faz toda a diferença é a ordem escolhida para descrever a
relação: escola-família e não família-escola. Estamos assumindo que a
aproximação com as famílias é parte do trabalho escolar, uma vez que as
condições familiares estão presentes de forma latente ou manifesta na
relação professor-aluno e constituem chaves de compreensão importantes
para o planejamento da ação pedagógica.
É preciso colocar a interação escola-família em uma perspectiva processual
que estabeleça horizontes de curto, médio e longo prazos.
No primeiro momento faz-se o conhecimento mútuo; no segundo são
estabelecidas as condições de negociação das responsabilidades específicas sobre
a educação das crianças, e, por fim, no terceiro, são construídos espaços de
corresponsabilidade, abertos também à participação de outros atores importantes no
processo de educação dos filhos/alunos.
Percebemos neste estudo que geralmente o processo escola-família é
desencadeado sem os devidos e desejáveis cuidados preliminares: é muito comum
os sistemas de ensino e escolas partirem direto para a negociação/cobrança de
responsabilidades das famílias, antes de compreenderem as condições dos diversos
grupos de familiares dos alunos. Ao suprimir a etapa inicial, os projetos de
aproximação podem gerar mais desencontros. Por essa razão, enfatizamos
especialmente o movimento inicial de aproximação para (re)conhecimento mútuo,
tendo em mente que ele deve ser apenas o início de uma longa relação.

3.8.5 Princípios para uma proposta de interação escola-família

O presente estudo assume uma proposta de interação escola-família que


está baseada nos seguintes princípios norteadores:
• A educação de qualidade, como direito fundamental de todas as pessoas, tem
como elementos essenciais a equidade, a relevância e a pertinência, além de
dois elementos de caráter operativo: a eficácia e a eficiência.
• O Estado (nos níveis federal, estadual e municipal) é o responsável primário
pela educação escolar. • A escola não é somente um espaço de transmissão da
cultura e de socialização. É também um espaço de construção de identidade.

36
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

• O reconhecimento de que a escola atende alunos diferentes uns dos outros


possibilita a construção de estratégias educativas capazes de promover a
igualdade de oportunidades.
• É direito das famílias ter acesso a informações que lhes permitam opinar e
tomar decisões sobre a educação de seus filhos e exercer seus direitos e
responsabilidades.
• O sistema de educação, por meio das escolas, é parte indispensável da rede de
proteção integral que visa assegurar outros direitos das crianças e adolescentes.
• A proteção integral das crianças e adolescentes extrapola as funções escolares
e deve ser articulada por meio de ações que integrem as políticas públicas
intersetoriais

3.8.6 Programas e políticas intersetoriais

• PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA (PBF) Ministério do Desenvolvimento Social e


Combate à Fome (MDS), Ministério da Educação (MEC), Ministério da Saúde
(MS) O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência direta
de renda com condicionalidades, que beneficia famílias em situação de
pobreza (com renda mensal por pessoa de R$ 70,00 a R$ 140,00) e extrema
pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$ 70,00), de acordo com a Lei
nº 10.836, de 09/01/2004 e o Decreto nº 5.209, de 17/09/2004. O PBF integra a
estratégia Fome Zero, que tem o objetivo de assegurar o direito humano à
alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e
contribuindo para a erradicação da extrema pobreza e para a conquista da
cidadania pela parcela da população mais vulnerável à fome.
• PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL (Peti) Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Secretaria Nacional de
Assistência Social (SNAS), Ministério da Educação (MEC), Ministério do
Trabalho e do Emprego (MTE), Ministério da Saúde (MS) e Ministério Público
do Trabalho (MPT) O Peti atua para tentar erradicar todas as formas de
trabalho infantil no país. Atende famílias cujas crianças e adolescentes com
idade inferior a 16 anos se encontrem em situação de trabalho. Depois de

37
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

identificadas, essas crianças e/ou adolescentes, bem como suas famílias,


passam a fazer parte do Cadastro Único de Programas Sociais do Governo
Federal (CadÚnico). Os usuários do Bolsa Família têm de frequentar o serviço
socioeducativo, ofertado no contraturno escolar, e as ações de trabalho social e
de assistência às famílias.
• PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO Ministério da Educação (Secad/MEC),
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Ministério do
Esporte (ME), Ministério da Cultura (MinC), Ministério do Meio Ambiente (MMA)
e Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) O Mais Educação é uma das ações
do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) para apoiar as escolas com
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) inferior a 2,9. O
programa atua com três focos: ampliar o tempo de permanência dos
estudantes na escola, aumentar o espaço utilizado para a educação – com a
utilização de ambientes da comunidade e do bairro – e trazer mais atores
sociais para dentro das escolas. As escolas e as famílias devem estar
localizadas em capitais ou cidades de regiões metropolitanas com mais de 200
mil habitantes, além de terem aderido ao Plano de Metas Compromisso Todos
pela Educação e de possuírem mais de 100 alunos matriculados, conforme o
Censo Educacional de 2007.
• Escola Aberta Ministério da Educação (MEC), Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e secretarias estaduais e
municipais de educação Criado em 2004, o programa busca repensar a
instituição escolar como espaço alternativo para o desenvolvimento de
atividades de formação, cultura, esporte e lazer para os alunos da educação
básica das escolas públicas e suas comunidades nos finais de semana.
Abrange 22 estados e atinge, por mês, cerca de dois milhões de pessoas das
comunidades escolares em todas as regiões. Estreitar as relações entre escola
e comunidade, contribuir com a consolidação de uma cultura de paz e estreitar
as relações entre escola e comunidade são alguns dos objetivos centrais do
programa.
• Escola que Protege (EQP) Ministério da Educação (MEC), Ministério da Saúde
(MS), Ministério da Cultura (MinC), Ministério do Esporte (ME), Ministério do

38
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Ministério das Relações


Exteriores (MRE), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério do
Turismo (MT) e Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH). O projeto
EQP criado em 2004, tem como objetivo prevenir e romper o ciclo da violência
contra crianças e adolescentes no Brasil. Pretende-se, portanto, que os
profissionais sejam capacitados para uma atuação qualificada em situações de
violência identificadas ou vivenciadas no ambiente escolar. A principal
estratégia da ação é o financiamento de projetos de formação continuada de
profissionais da educação da rede pública de educação básica, além da
produção de materiais didáticos e paradidáticos nos temas do projeto. São
atendidos os municípios que incluírem o tema da promoção e a defesa, no
contexto escolar, dos direitos de crianças e adolescentes e enfrentamento e
prevenção das violências no seu Programa de Ações Articuladas (PAR);
apresentem baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) ou
fazem parte da Matriz Intersetorial de Enfrentamento da Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes. Também são contemplados aqueles que participam
dos seguintes programas: Mais Educação; Programa de Ações Integradas e
Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças no Território
Brasileiro (PAIR); e Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
(Pronasci).
• Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem) Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), Ministério da
Educação (MEC), Ministério da Saúde (MS), Ministério do Meio Ambiente
(MMA), Ministério do Esporte (ME), Ministério da Cultura (MinC) e da
Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) O Programa Nacional de
Inclusão de Jovens: educação, qualificação e ação comunitária foi criado para
enfrentar as altas taxas de abandono escolar e desemprego juvenil registradas
no Brasil.Unifica seis programas dirigidos à juventude: Agente Jovem, Saberes
da Terra, Consórcio Nacional de Juventude, Juventude Cidadã e Escola de
Fábrica e se destina aos jovens de 15 a 19 anos com renda mensal de até
meio salário mínimo.
• Programa Brasil Alfabetizado (PBA) Ministério da Educação (Secad/MEC) O

39
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

MEC realiza, desde 2003, o Programa Brasil Alfabetizado, voltado para a


alfabetização de jovens, adultos e idosos. O PBA é uma porta de acesso à
cidadania e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade. O Brasil
Alfabetizado é desenvolvido em todo o território nacional, com o atendimento
prioritário a 1.928 municípios que apresentam taxa de analfabetismo igual ou
superior a 25%. Desse total, 90% localizam-se na região Nordeste. Esses
municípios recebem apoio técnico na implementação das ações do programa,
visando garantir a continuidade dos estudos aos alfabetizandos. Podem aderir
ao programa, por meio das resoluções específicas publicadas no Diário Oficial
da União, estados, municípios e o Distrito Federal.
• Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) O Projeto Saúde e Prevenção
nas Escolas é uma das ações do Programa Saúde na Escola (PSE) e tem a
finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública
de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à
saúde. A proposta do projeto é realizar ações de promoção da saúde sexual e
da saúde reprodutiva de adolescentes e jovens, articulando os setores de
saúde e de educação. Com isso, esperasse contribuir para a redução da
infecção por HIV/DSTs e dos índices de evasão escolar causados pela
gravidez na adolescência (ou juvenil), na população de 10 a 24 anos.
• Programa Saúde na Escola (PSE) Ministério da Saúde (MS) e Ministério da
Educação (MEC) O Programa Saúde na Escola tem como objetivo contribuir
para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção,
prevenção e atenção à saúde, com vistas no enfrentamento das
vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e
jovens da rede pública de ensino. O público beneficiário do PSE são os
estudantes da educação básica, gestores e profissionais de educação e saúde,
comunidade escolar e, de forma mais amplificada, estudantes da Rede Federal
de Educação Profissional e Tecnológica e da Educação de Jovens e Adultos
(EJA).
• Benefício da Prestação Continuada (BPC) na Escola Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Secretaria Nacional de
Assistência Social (SNAS), Ministério da Educação (MEC), Secretaria de

40
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Educação Especial (SEESP), Ministério da Saúde (MS) e a Secretaria Especial


de Direitos Humanos (SEDH) O BPC no valor de um salário mínimo, é pago
mensalmente aos idosos com 65 anos ou mais, que não recebem
aposentadoria, e às pessoas com deficiência (incapacitadas para a vida
independente e para o trabalho). Além da garantia de renda mensal, o BPC
criou o Programa BPC na Escola que visa contribuir para a promoção, o
acesso e a permanência na escola das crianças e adolescentes,
prioritariamente de zero a 18 anos de idade com deficiência e beneficiárias do
BPC. De acordo com o censo escolar, só 21% dos beneficiários do BPC com
deficiência e com até 18 anos de idade tinham acesso à educação. Com o BPC
na Escola, pretendesse reverter este cenário.
• Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação
(Pró-Conselho) Ministério da Educação (SEB/MEC) O Pró-Conselho foi criado
em outubro de 2003 para melhorar a atuação dos conselheiros municipais de
educação. O Pró-Conselho incentiva e qualifica a participação da sociedade na
tarefa de avaliar, definir e fiscalizar as políticas educacionais e assim garantir a
universalização dos direitos básicos da cidadania. Um dos seus principais
objetivos é consolidar uma estrutura educacional que garanta a aprendizagem
escolar e a participação coletiva na avaliação das ações pedagógicas e
administrativas do poder público municipal.
• Mobilização de Famílias pela Educação de Qualidade Ministério da Educação
(Assessoria Especial do Ministro da Educação/MEC). Segundo o Plano de
Mobilização Social pela Educação, o movimento é resultado do chamado do
MEC à sociedade para um trabalho voluntário de mobilização das famílias e da
comunidade pela melhoria da qualidade da educação brasileira. O Plano de
Mobilização tem como fundamentos os direitos humanos, a cidadania, a ética,
a solidariedade, a inclusão e a tolerância. O documento orienta as lideranças
para que dialoguem sobre a importância da educação e promovam atividades
capazes de contribuir para a melhoria do ensino. As famílias estão no centro
deste movimento.
• Programa Ética e Cidadania Ministério da Educação (SEB/MEC), Secretaria
Especial dos Direitos Humanos (SEDH) e as secretarias estaduais e municipais

41
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

de educação O Programa Ética e Cidadania – Construindo Valores na Escola e


na Sociedade pretende consolidar práticas pedagógicas que conduzam à
consagração da liberdade, da convivência social, da solidariedade humana e
da promoção e inclusão social.
• Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares Ministério da
Educação (SEB/MEC) O Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolares, criado em 2004, tem como objetivos: ampliar a participação das
comunidades escolar e local na gestão administrativa, financeira e pedagógica
das escolas públicas; apoiar os conselhos escolares na construção coletiva de
um projeto educacional no âmbito da escola, em consonância com o processo
de democratização da sociedade; e promover a cultura do monitoramento e
avaliação no âmbito das escolas para a garantia da qualidade da educação. As
famílias podem se envolver ativamente nas decisões tomadas pelas escolas
dos seus filhos. Candidatar-se a uma vaga no conselho escolar é uma boa
maneira de acompanhar e auxiliar o trabalho dos gestores escolares. Os
conselhos escolares são constituídos por pais, representantes de alunos,
professores, funcionários, membros da comunidade e diretores de escola.
Cada escola deve estabelecer regras transparentes e democráticas de eleição
dos membros do conselho.
• SECRETARIA ESPECIAL DE DIREITOS HUMANOS Programa de
enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes O Programa
de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi
criado em 2002 e tem como uma de suas principais ações a mobilização de
redes governamentais e da sociedade civil para interromper esta grave
violação de direitos. Atua ainda na gestão do Disque Denúncia Nacional,
serviço de recebimento e encaminhamento de denúncias de violência contra
crianças e adolescentes.
• A REDE DE PROTEÇÃO INTEGRAL E O PAPEL DOS CONSELHOS Para
garantir que se efetivassem os direitos constitucionais, o Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) criou o Sistema de Garantia de Direitos, formado por
rede de entes públicos e privados e conselhos que devem agir de forma
articulada nas três esferas de poder. O Conselho Nacional dos Direitos da

42
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Criança e do Adolescente (Conanda) é o representante junto à esfera


federativa, os Conselhos Estaduais de Direito junto às esferas estadual e
distrital e os Conselhos Municipais de Direitos junto à municipal. Integrados aos
Conselhos Municipais estão os Conselhos Tutelares. O Conselho Tutelar tem
relação direta com as escolas públicas porque é a ele que deve ser
endereçada a comunicação (obrigatória) dos casos de suspeita ou confirmação
de maus-tratos; de reiteradas faltas injustificadas ou de evasão escolar; e de
elevados níveis de repetência. Ao receber denúncia, o Conselho Tutelar passa
a acompanhar o caso e pode encaminhá-lo ao Ministério Público.

43
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

UNIDADE IV – A FAMÍLIA E ESCOLA: DOIS CONTEXTOS


DIFERENTES E UM OBJETIVO COMUM

Nessa unidade será apresentado ao acadêmico dois contextos em análise.


O primeiro diz respeito ao espaço de vivência da família. O segundo trata do âmbito
escolar. As discussões irão perpassar os dois espaços e as responsabilidades que
cada um tem em relação ao processo educacional das crianças e adolescentes. Na
continuidade da discussão será fortalecido o incentivo à interação e participação da
família na escola e como está pode incentivar tal processo.

4.1 CONTEXTO FAMILIAR E CONTEXTO ESCOLAR

A família e a escola são dois contextos diferentes, mas tem em comum o


objetivo de educação crianças e adolescentes. Cada qual tem um papel. Nas
primeiras fases a educação da criança fica quase restrita ao âmbito familiar. Isso só
é rompido por uma educação formal quando a criança é inserida da educação
infantil. Nesse contato é muito comum que família e escola interajam de forma mais
próxima. A própria presença da família na escola é maior.
Cada um dos contextos aqui analisados tem um papel, com suas interações
e participação. Neles os aspectos sociais e culturais são assimilados. As crianças
estabelecem papeis na família e na escola. Aos poucos elas encontram pessoas que
interferem na sua visão de mundo. Aos pais e professores cabe o papel de
direcionar essas gerações a autonomia de determinadas práticas (higiene, domínio
da fala, do corpo, comportamentos, etc.), caminhando ao desenvolvimento pessoal e
social.
Os vários contextos que uma mesma criança frequenta assumem papeis
específicos de interações. Em cada um a criança irá interagir com aspectos da
cultura e a maneira de se apropriar em cada contexto irá influenciar na vivência nos
outros contextos. Orientações dos pais sobre como a criança deve se comportar ou
se relacionar na escola, são próprias da casa, da família e que serão vivenciados na
escola. O processo inverso ocorre com as aprendizagens realizadas na escola e que
são demonstrados na casa quando as crianças identificam formas, lêem, dançam ou

44
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

desenham.
A interpretação que as crianças e adolescentes fazem do mundo nos mais
variados contextos vão induzir, se refletir na sua viver e expressar-se no mundo. É
possível que certos conhecimentos só sejam apresentados a criança no âmbito da
escola, e que certas discussões só se realizem neste espaço. Já um evento social
como uma refeição pode ser realizada tanto em casa quanto na escola. Organizar o
espaço onde vive pode ser outro exemplo a ser direcionado nos dois locais, porém
cada um tem um objetivo. Enquanto na casa a orientação pode ser de que ela
arrume o seu quarto, espaço individual, na escola pode lhe ser requerido que
organize a sala, espaço de ordem coletiva. O importante é que a percepção da
criança vai ser de que é necessário ter organização dos espaços individuais e
coletivos.
Os exemplos demonstram que a família e a escola têm objetivos comuns em
relação à criança. Os âmbitos são diferentes, com aspectos comuns e divergentes.
Daí a necessidade de uma relação estável entre família e escola. Dois aspectos são
relevantes frisar nesse momento. O primeiro diz respeito aos conhecimentos mútuos
de interesse da família e da escola. O segundo trata de ambos terem critérios
educativos capazes de aproximarem família e escola independentemente de serem
contextos diferentes. Os dois aspectos tratam de eliminar as discrepâncias que
podem vir a prejudicar a criança e ao adolescente.
É necessário ficar claro para a família e para a escola que são contextos
diferentes e que em cada um a criança irá encontrar práticas, relações,
conhecimentos e pessoas diferentes. O grau de relação de cada contexto irá
depender como família e escola enxergam os limites de interferência de cada um.
Situações em que pais questionam certos conhecimentos apresentados pelos
professores escola, ou de quando a escola desvaloriza ou supervaloriza certos
conhecimentos trazidos da casa pelo aluno nos levam a pensar de que isso deve ser
pensado e praticado por ambos. É importante pensar em como resolver os conflitos
de interesses.
Cabe a escola direcionar seus esforços ao âmbito do crescimento dos
conhecimentos e experiências educativas que estão ao alcance da escola
(capacidade cognitiva, motoras, equilíbrio pessoal, relações interpessoais, cuidado

45
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

com o corpo, saúde), sem perder de vista onde pode ajudar e contribuir com o
desenvolvimento de outros contextos.
Bassedas; Huguet; Solé (1999), ao discutirem numa perspectiva sociológica
a relação família escola descrevem que ocorreram mudanças importantes na
estrutura familiar e escolar (instituição). Primeiramente porque ocorreu uma
concentração da população nas áreas urbanas, com valorização do individualismo e
da independência, tornando a família cada vez menor. A família que antes se
estendia a avós, irmãos, primos ficou mais restrita. Para os autores as
responsabilidades eram mais divididas, e havia mais modelos de relações familiares
que permitiam certas aprendizagens as crianças e adolescentes. Bassedas; Huguet;
Solé (1999, p. 284) descreve que “A isso adicionamos que o próprio conceito de
família ‘nuclear’ padrão (pai, mãe e filhos) começa a ser questionado por diferentes
áreas.”.
Convém pensar que a forma como as famílias vêm se organizado mudou e
continua a se transformar. A escola tem a obrigação de pensar sobre o tema e
assimilar essas novas organizações familiares. As famílias vêm passando por
problemas. Servem de exemplo os casos onde um progenitor assume as
responsabilidades que antes eram divididas, como na questão financeira de sustento
da família, ou do caso onde ocorrem preconceitos quanto as novas constituições
familiares que fogem dos modelos tradicionais.
É destacado no discurso de Bassedas; Huguet; Solé (1999) que a própria
noção do que é uma pessoa educada também se modificou. A família e a escola
competem com a formação vida dos meios de comunicação em massa. Os valores
que são transmitidos pela televisão, internet, filmes, jogos também são assimilados
por crianças e adolescentes. Outra questão a ser pensada quanto a modificação do
que é uma pessoa educada é definir que educar não pode se reduzir a instrução.
Por isso a própria legislação tem no seu ordenamento uma educação integral, que
leve a pessoa a se desenvolver em todos os âmbitos da vida humana, mas é
necessário pensarmos se esse elemento legal se faz na prática.
Esses fatores podem ser um elemento de descontentamento as famílias e
educadores porque atrapalham todo um trabalho de forma integral ou parcial. Ou
que algumas atribuições sejam delegadas a um contexto.

46
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Pode ser que assim se entendam as queixas dos professores que


consideram que os pais “pedem tudo para a escola: que as crianças
aprendam, que sejam educadas, que a ensinemos a comer...”; e as
que os pais, às vezes, consideram que a escola não se empenha o
suficiente na educação de seus filhos. (Bassedas; Huguet; Solé,
1999, p. 285).

4.2 COMPARTILHAR AÇÕES

Podemos verificar que as discussões até aqui encaminham já demonstram a


importância do contexto familiar e escolar, e dos problemas que incialmente afetam
cada espaço. Pensar na relação entre essas duas esferas educativas é primordial.
Podemos antecipar que no início dos processos educativos escolares com a
educação infantil o contato entre família e escola é enorme e vai se enfraquecendo
ao logo do tempo e do avanço do aluno na educação básica.
O compartilhamento da ação educativa deve contemplar aspectos como: o
conhecimento do aluno; estabelecer critérios e atribuições comuns; estabelecer
limites de atuação de cada contexto; compreender o papel da escola, seus objetivos,
metodologias.

4.3 CONHECER A CRIANÇA/ALUNO

Como vimos a família é primeiro espaço social de vivência da criança. Neste


contexto tem suas primeiras relações e assimila os primeiros conhecimentos e
habilidades. Essa formação tem suas especificidades porque irá refletir uma cultura
muito própria do seio familiar (comportamentos, linguagem, relações pessoais,
religião, etc.). Com essa formação a criança já viveu um conjunto de experiências.
Ao chegar à escola a criança já tem seu ritmo de vida, de comportamento e
de relacionamento. Nessa fase de entrada no mundo educacional institucionalizado
é necessário a escola conhecer como é essa criança. Essas informações são
inicialmente repassadas no ato da matrícula e nos dados que são repassados pela
família. Podem ocorrer entrevistas sobre todos os aspectos da criança (possíveis
doenças, deficiências, habilidades e conhecimentos já estabelecidos, etc.),
observações que os familiares já trazem das crianças e que possam vir a ocorrer a

47
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

partir da participação na escola.


Devem ser pensados pela escola aspectos que possam rotular, julgar ou
classificar o aluno ou a família. Uma boa recepção irá fazer com que a família se
sinta bem recebida pela escola. Uma boa aproximação permitirá que a família
perceba sua participação e da escola na formação das crianças. É importante
incentivar nas famílias aprender novas dimensões de seu filho. Considerar que a
escola será um novo espaço de relações sociais e aprendizagem de novos
conhecimentos nunca antes apresentados (novos amigos, colegas, adultos, novos
espaços, objetos, atividades, horários, etc.). Verificar como a criança e adolescente
vem se desenvolvendo pode demonstrar outro lado de perceber e se comportar no
mundo já que o espaço familiar acaba privando de algumas relações e espaços.
Conhecer a criança e o adolescente nessas condições pode dar condições e
espaço para que ela tenha outras percepções e demonstrem novas formas de se
relacionar. Assim Bassedas; Huguet; Solé descrevem que:

Nessa etapa, conhecer a menina ou o menino significa querer defini-


los ou “rotulá-los”. A criança está começando a ser ela mesma, a
diferenciar-se das outras e a construir sua própria identidade; para
consegui-lo é indispensável que os adultos que a educam e com ela
convivem não façam representações estáticas sobre sua pessoa, já
que sempre acabam transmitindo isso à criança e condicionando-a.
ao contrário, é preciso ter muito cuidado, na escola e em casa, para
não cair em definições, nem em classificações; convém substituir o
verbo ser (“Carlos é...”) por um mais flexível, como mostrar-se ou
estar (“Carlos se mostra...”, “Carlos está...”). Dessa forma,
deixaremos a porta aberta às mudanças e à aceitação da criança ser
de maneira diferente ou nova. (BASSEDAS; BASSEDAS;
BASSEDAS, 1999, p. 286).

A escola ao repassar o progresso do aluno fornece indicadores aos


familiares para que possam ter elementos e conhecerem melhor as crianças em
outros contextos. Essa representação será mais ajustada e ampliada, além do
âmbito familiar. Conhecê-los dessa forma irá permitir ter maior noção sobre o
processo de educação institucional e assim contribuir com a educação familiar.
Assim reforçam Bassedas; Huguet; Solé:

O contato entre os pais, as mães e os professores devem servir para


que possam ver-se como colaboradores que compartilham
determinados interesses e tarefas. É muito importante evitar qualquer
manifestação ou comportamento que contribui para fazer

48
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

representações mútuas não-desejáveis (rivais, especialistas/não-


especialistas, etc.) que criem dependências excessivas de uns em
relação aos outros ou que estabeleçam limites muito rígidos em
relação à ação educativa que, em ambos os contextos, dirigem-se à
mesma criança. (BASSEDAS; BASSEDAS; BASSEDAS, 1999, p.
286).

Estabelecer o contato entre a escola e a família torna-se primordial para os


dois contextos. Torná-lo cada vez mais frequente. Valorizar a participação e o papel
de cada contexto.

4.4 CRITÉRIOS EDUCATIVOS COMUNS

Se considerarmos que cada contexto educativo é específico, único é muito


positivo estabelecer em parceria escola-família critérios comuns de papeis na
educação das crianças e adolescentes. Esses acordos favorecem a inserção da
criança na escola e o processo de transição de um contexto a outro. Estipular
critérios coerentes com a função de cada um, o que é solicitado, pedido ou proibido
favorece o desenvolvimento da criança.
Em certas situações a família e a escola atuam de forma diferente para uma
manifestação da criança. Quanto ao uso de seu material, por exemplo, podem
ocorrer diversas orientações, que ela divida com os colegas ou não. Isso ocorre
porque escola e família têm percepções diferentes sobre um determinado tema ou
situação. É necessário um acordo, um contrato verbal, definição de estratégias para
direcionar a conduta da família e da escola em relação a criança.
Os espaços dos contextos, espaços e tempos da família e da escola são
distintos. As correções quanto ao comportamento e organização podem ocorrer de
forma diferente. Na casa o direcionamento é mais individualizado enquanto na
escola coletivo. Certamente a criança irá responder de forma diferente.

Em um clima de respeito e valorização mútuos, precedidos pela


segurança da discrição e pela confidencialidade, será possível
combinar estratégias, coisas concretas e alcançáveis que
consideramos necessárias para adequar ao desenvolvimento da
criança. Com não se trata de impor nada, mas de negociar e de
chegar a acordos, deveremos explicar-nos e escutar, deveremos
saber pedir e saber ceder e deveremos envolver-nos também
(adotando as mesmas estratégias tratadas, mantendo contatos

49
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

frequentes com a família para conversar-se, observar a criança, etc.)


no processo que contribuímos para pôr em funcionamento.
(BASSEDAS; BASSEDAS; BASSEDAS, 1999, p. 287).

No estabelecimento de critérios cada caso é específico. Não podemos


generalizar. Muitas vezes a família tem expectativas pouco positivas a respeito das
crianças e adolescentes e em relação a escola e pouco atuam para o
desenvolvimento da criança e colaborar com o trabalho da escola para com a
criança. Em muitos casos é necessária a intervenção de outros profissionais
(psicopedagogos, terapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, etc.). Esse apoio contribui
e dá segurança tanto a família quanto aos educadores.
As crianças e adolescentes irão colher os furtos do trabalho de colaboração
de todos os profissionais e familiares. Cada um de acordo com sua função, trabalho
contribuem para o sucesso do aluno.

4.5 MODELOS DE INTERVENÇÃO

As ações desenvolvidas e praticadas pelas crianças e adolescentes na


escola pode ser uma surpresa para os familiares. Ao compararem as tarefas
realizadas nos dois contextos surpresas podem aflorar. O espaço da sala e da
escola podem representar aos alunos novas maneiras de ser e de se relacionar.
Ao abrir as suas portas a escola poderá permitir aos familiares verificar as
relações desenvolvidas pelo aluno e que a família não vê ou raramente vê na casa.
No início dos estudos é muito comum as crianças não quererem se desprender dos
familiares, ou vice-versa. Para alguns, esse processo é superado rapidamente e
para outros leva-se um tempo maior, exigindo maior esforço da família e dos
professores.
Os eventos realizados na escola são um exemplo em que as crianças
desenvolvem atividades que podem surpreender os familiares (festas, brincadeiras,
danças, apresentações). Nessas atividades as crianças recebem e assumem
responsabilidades.
Muitas escolas já têm práticas que discutem com os pais a participação dos
pais na escola e na sala de aula. Atividades de relacionamento entre familiares e

50
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

crianças são desenvolvidas em conjunto, momentos de jogos, brincadeiras,


atividades lúdicas, apresentações. Assim a família pode verificar e participar das
atividades podendo observar o desenvolvimento das crianças. A valorização dessas
experiências é muito importante. Outra forma é a formação de pais e mães com
palestras, reuniões, grupos de estudos.
Essas intervenções, direcionadas pela escola e especialistas, procura ajudar
a família a enriquecer a sua atuação junto as crianças podendo ajudar a sanar as
próprias dúvidas dos familiares. Essas ações constituem para as crianças, famílias e
escola um âmbito de colaboração e de responsabilidade compartilhadas na
educação das novas gerações.
Um elemento negativo que ainda é uma barreira é a falta de canais
adequados de comunicação e incentivo a participação. Muitos pais desenvolvem
atividades laborais e condições materiais que impedem sua participação ou uma
maior participação.
Ampliar essa relação exige um amplo trabalho em conjunto e muita
discussão. Essa é uma tarefa coletiva de toda a sociedade e do Estado.

51
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

REFERÊNCIA

AKKARI, Abdeljalil. Internacionalização das políticas educacionais:


transformações e desafios. Petrópolis: Vozes, 2001.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 3 ed. São Paulo:


Moderna, 2006.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e


Brasil. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2006.

BASSEDAS, Eulália (org.). Aprender e ensinar na educação infantil. Porto Alegre:


Artes Médicas Sul, 1999.

BRANDÃO, Carlos R., O que é Educação, SP, Brasiliense, 2013.

BRASIL. Constituição Federal de 1988.

_______.. Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990l. Dispõe sobre o Estatuto da


Criança e do Adolescente e dá outras providências.

_______.. Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Dispõe sobre as


Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

_______. Ministério da Educação. Cartilha Escola. Acompanhem a vida escolar de


seus filhos. 2008.

_______. MEC, UNESCO. Interação escola-família: subsídios para práticas


escolares / organizado por Jane Margareth Castro e Marilza Regattieri. – Brasília:
UNESCO, MEC, 2009. 104 p.

_______. MEC. Programa Dia Nacional da Família na Escola. Acesso em:


www.mec.gov.br.

CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Uma difícil e necessária parceria mediada
pelo polêmico dever de casa. Cadernos CEPEC, 2009.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 25. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.


GEERTZ., and Clifford. A Interpretação das Culturas. LTC, 2081. VitalBook file.

KOTTAK, C. P. Um espelho para a humanidade: uma introdução à antropologia


cultural. 8 ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 388p.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 12 ed. São Paulo:
Cortez, 2010.

LOPES, Eliane Marta T. 500 anos de educação no Brasil. Autêntica, 2007.

52
SOCIEDADE, FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR

MANACORDA, Mario Alighiero. História da Educação – Da Antiguidade aos


nossos dias. São Paulo, Cortez, 12ed., 2012.

MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia:


uma introdução. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NEY, Antonio. Política educacional: organização e estrutura da educação


brasileira. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2008.

OLIVEIRA, Lélia de C. F. Educação nos tempos atuais: grandes desafios.


Maiêutica (Centro de Psicologia Aplicada e Serviços em Saúde).
<http://www.centromaieutica.com.br>. Acesso em: 19 jul. 2013.

Plano Nacional para Educação das Relações Etnicorraciais.


<http://www.portal.mec.gov.br>. Acesso em: 26 jul.2013.

ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil: (1930-1973), 31ª


Ed. Petrópolis RJ: Vozes, 2007.

SANTOS, Pablo Silva Machado Bispo dos. Guia prático da política educacional
no Brasil: ações, planos, programas e impactos. 2 ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2014.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da


vara, onze teses sobre a educação política.2014.

53

Você também pode gostar