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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


ESCOLA DE EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

FÁTIMA ANGELINA DE SOUSA PEREIRA

INDISCIPLINA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL NO CONTEXTO DA ESCOLA
PÚBLICA: UMA ABORDAGEM SÓCIO HISTÓRICA

Niterói
2019
FÁTIMA ANGELINA DE SOUSA PEREIRA

INDISCIPLINA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL


NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA: UMA ABORDAGEM SÓCIO
HISTÓRICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Licenciatura em Pedagogia do
Centro de Ciências Humanas da UNIRIO,
como requisito para obtenção do grau de
Pedagogo.

Orientadora: Prof.ª Joelma da Conceição da Silva


Henrique e Souza

Niterói
2019
FÁTIMA ANGELINA DE SOUSA PEREIRA

INDISCIPLINA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL


NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA: UMA ABORDAGEM SÓCIO
HISTÓRICA

Avaliado por:

Joelma da Conceição da Silva Henrique e Souza


Orientadora

__________________________________

Segundo(a) leitor(a)

Data da apresentação ___ / ____ / _____

Niterói
2019
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por ter me concedido saúde, força, determinação e


sabedoria para transpor todos os obstáculos que, ao longo do curso, se fizeram presentes.

A todos os profissionais que atuam no Polo de Niterói, equipe administrativa e


pedagógica, bem como aos tutores a distância da UNIRIO, por todo o suporte recebido.

À minha orientadora Joelma da Conceição da Silva Henrique e Souza, pela dedicação


e comprometimento principalmente nos finais de semana quando, gentilmente, respondia aos
meus e-mails com as devidas correções do presente trabalho.

Ao meu marido, pelas horas de sono perdidas ao longo de todos esses anos.

Ao meu filho e à minha mãe, por seus incentivos incondicionais.

E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para que eu concluísse a minha


pesquisa.
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INDISCIPLINA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO


CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA: UMA ABORDAGEM SÓCIO HISTÓRICA

FÁTIMA ANGELINA DE SOUSA PEREIRA

Orientadora: Prof.ª Joelma da Conceição da Silva Henrique e Souza

Resumo

O presente trabalho de pesquisa tem como objetivo principal, analisar a indisciplina nos anos
iniciais do ensino fundamental na escola pública em uma abordagem sócio-histórica. A partir
dessa perspectiva, o estudo é desenvolvido através de uma pesquisa de caráter bibliográfico,
com uma abordagem qualitativa, que embasará a análise e reflexão sobre a indisciplina no
ambiente escolar e as prováveis causas advindas de fatores externos à escola, dentre elas a
influência das transformações sociais ocorridas nas últimas décadas e o contexto sócio-
histórico no qual o aluno está inserido. Para tanto, a metodologia utilizada se constitui pela
leitura e análise de publicações sobre o tema no meio acadêmico. Quanto ao referencial
teórico, observaremos o cotidiano de pesquisa de Aquino (1996a; 1998b), Parrat-Dayan
(2012), La Taille (1996) entre outros, que foram escolhidos pelo fato de que as análises
realizadas por esses autores estão em consonância com as diversas categorias que demandam
os fundamentos da pesquisa. Concluindo que, no que tange ao âmbito escolar - que é o foco
dessa investigação - a indisciplina não pode ser analisada apenas por um único viés,
principalmente porque corre-se o risco de generalizá-la, inviabilizando a escolha de uma
abordagem que considere os diversos fatores envolvidos, tais como os internos à escola,
caracterizados, dentre outros, pela relação professor-aluno e os externos representados pela
influência do contexto social, econômico, cultural e familiar no comportamento manifestado
pelo aluno em seu interior.
Palavras-chave: Indisciplina. Escola pública. Contexto sócio-histórico.

Introdução

A escolha do tema para a realização do presente trabalho partiu da minha experiência


na coordenação de turno em uma escola municipal de Ensino Fundamental da cidade de
Niterói, onde cotidianamente, lido com questões de indisciplina que implicam na ruptura das
relações que se estabelecem no recinto escolar e que abarcam não só professores e alunos,
mas a todos que operam no cotidiano da escola. Cabe aqui ressaltar que as transformações
sociais das últimas décadas repercutiram diretamente no ambiente escolar, implicando no
surgimento de novos desafios para a mesma, dentre eles, a questão da indisciplina que,
segundo a presente abordagem, não deve ser conceituada de acordo com parâmetros
ultrapassados (como por exemplo, quando se atribui a indisciplina ao desinteresse ou má
educação da criança), pois configura-se em um fenômeno recorrente em diversas épocas
históricas, devendo portanto, ser analisada de acordo com o novo contexto social que se
estabelece.
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Corroborando com tal afirmativa, Aquino (1996a), coloca que o conceito de indisciplina não é
estático, à medida que se relaciona a um conjunto de valores e expectativas que variam ao
longo do tempo.
Dessa forma, o conceito de indisciplina não apenas se traduz de múltiplas maneiras,
mas é também objeto de múltiplas interpretações (PARRAT-DAYAN, 2012). E a partir dessa
premissa, percebe-se a complexidade do tema de tal forma, que não se pretende estabelecer,
através da presente pesquisa, nenhuma fórmula capaz de solucionar tal problema, contudo,
terá por objetivo geral analisar a indisciplina nos anos iniciais do Ensino Fundamental no
contexto da escola pública através da perspectiva sócio-histórica, sob a qual – apoiando-se nas
considerações de Vygotsky (1998), o comportamento indisciplinado do aluno em sala de aula
tem relação com as interações com o grupo social e o contexto histórico ao qual está inserido.
Em relação aos objetivos específicos pretende-se: I) refletir sobre o conceito de indisciplina
escolar; II) analisar o papel da escola frente às mudanças sociais ocorridas nas últimas
décadas; III) investigar de que forma o contexto sócio-histórico influencia a questão da
indisciplina.
Diante disso, justifica-se a relevância da pesquisa pelo entendimento de que a
indisciplina não é um conceito imutável e por isso, precisa ser analisado com vistas a propor
uma reflexão sobre as possíveis causas da indisciplina no ambiente escolar, destacando a
perspectiva sócio-histórica nesse contexto. Segundo Aquino (1996a, p. 38), o conceito de
indisciplina se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da
história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade. Assim, analisar a indisciplina
no ambiente escolar numa perspectiva sócio-histórica “possibilita a desmistificação de
conceitos e oferece subsídios para entender a dinamicidade social que desencadeia conflitos
na escola” (BRAZ; MOREIRA, 2008, p. 2).

1. Referencial Teórico
1.1. Indisciplina: conceito e complexidade

De acordo com Parrat-Dayan (2012, p. 22), “[...] a disciplina aparece como um


conjunto de regras e obrigações de um determinado grupo social e que vem acompanhado de
sanções nos casos em que as regras e/ ou obrigações forem desrespeitadas”. A autora pontua
que as normas e regras existentes em toda organização social, tornam possível a convivência
entre os sujeitos e coloca que tais regras não são inatas, mas devem ser adquiridas em casa, na
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escola e na sociedade em geral. Portanto, no contexto da educação nos anos iniciais do Ensino
Fundamental e também no contexto familiar, na fase em que as crianças se encontram em
processo de formação, é preciso que sejam ensinados à elas, os valores e regras que garantem
o convívio com os demais em sociedade, para que elas cresçam sabendo o quão é importante
respeitar o próximo.
Nesse sentido, entende-se que existem certas regras que possibilitam uma boa
convivência entre as pessoas nos mais diversos espaços sociais, tendo em vista que o respeito
ao próximo torna-se a base para uma convivência harmoniosa; então, se houver qualquer tipo
de desrespeito entre os sujeitos, ocorre uma ruptura nas relações sociais, na medida em que o
convívio com harmonia, passa a ser um espaço de conflitos. Cabe aqui ressaltar, que no
contexto da sala de aula, isso não significa que apenas o aluno deve respeitar a autoridade do
professor; mas também o professor, precisa respeitar seus alunos (GARCIA, 2006a).
Vindo de encontro à colocação de Parrat-Dayan (2012), Tiba (2006, p. 129), afirma
que “cada aluno traz dentro de si sua própria dinâmica familiar, isto é, seus próprios valores
(em relação a comportamento, disciplina, limites, autoridade, etc.)”. Dessa forma, temos que a
disciplina/indisciplina é fortemente influenciada pelo contexto sócio-histórico no qual as
pessoas estão inseridas, uma vez que, o que a criança aprende com a família, escola, entre
outros, é que o vai influenciar e até mesmo determinar seus modos de comportamento.
Para Salles (2014, p. 16), a “indisciplina significa transgredir regras socialmente
criadas para o bem comum”. Segundo Bueno (2007, p. 432 apud SALLES, 2014, p. 14), o
conceito de indisciplina, “[...] inicialmente associa-se a um mau comportamento que
compromete a convivência social, ou a rebeldia, desobediência e insubordinação”.
Desse modo, Garcia (2006a), entende que a indisciplina é algo que pode ocorrer nos
mais variados espaços sociais; e pensando essa temática no contexto da escola, coloca que na
literatura educacional o termo indisciplina, quando pensado em contraste com o conceito de
disciplina, se articula a noção de ruptura de esquemas reguladores na escola e afirma que:

Entendemos a noção de indisciplina como relativa, fundamentalmente, a


rupturas relacionadas às esferas pedagógica e normativa da escola. As
expressões de indisciplina comumente refletem transgressões a parâmetros e
esquemas de regulação da escola, e podem ser pensadas como formas de
ruptura no contrato social subjacente às relações e intenções pedagógicas na
escola, cujo eixo seria o processo de ensino-aprendizagem. (GARCIA,
2006a, p. 126).

Entende-se, dessa forma que “o conceito de indisciplina apresenta uma complexidade


que precisa ser considerada. Um entendimento suficientemente amplo do conceito de
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indisciplina escolar precisa integrar diversos aspectos” (GARCIA, 1999b, p. 102). Nesse
contexto, tomando como base as considerações de La Taille (1996), há que se considerar os
diversos fatores que podem levar a atos de indisciplina, lembrando sempre que esta não pode
ser atribuída apenas a falta de interesse ou má educação, pois trata-se de uma visão
reducionista; então, para analisar a ocorrência de indisciplina na escola, é preciso considerar
todo o contexto social no qual os atores que compõem a escola estão inseridos, suas
características individuais e as relações interacionais estabelecidas no âmbito escolar.
Considerando, assim, a complexidade do conceito de indisciplina e suas diversas
abordagens, La Taille pontua sobre o perigo em relação à escolha da abordagem da
indisciplina em sala de aula por três motivos: pelo viés do moralismo ingênuo, pois corrobora
para normatizá-la; pelo caráter reducionista, que explica um fato através de uma única
dimensão; e finalmente, pela complexidade e ambiguidade do tema. Assim, o autor afirma
que: “Anteontem, o professor falava a alunos dispostos a acatar; ontem, a certos alunos (pré-
dispostos) a discordar e propor; hoje, tem auditório de surdos” (LA TAILLE, 1996, p. 10).
Diante disso, Salles pondera que:

[...] a sociedade mudou, os métodos de ensino também mudaram, mas não


no mesmo ritmo das mudanças sociais [...] as relações são dinâmicas, estão
constantemente em transformação, mas as mudanças no âmbito educacional
não acompanham o mesmo ritmo. (SALLES, 2014, p. 16).

Dessa forma, o conceito de indisciplina nos revela que esta, está diretamente
relacionada ao contexto sócio-histórico, que vem sofrendo várias mudanças ligadas as
estruturas econômica, social, familiar, e que por isso, os casos de indisciplina na escola não
podem ser analisados sob um viés reducionista, que atribui as suas causas apenas a fatores
próprios dos sujeitos, quando na verdade, a dinâmica social é o que mais interfere no
comportamento dos alunos, tornando-se necessidade premente, que a escola consiga se adaptar
às mudanças sociais e busque, assim, analisar os casos de indisciplina sob uma perspectiva
mais abrangente.

1.2. Indisciplina e o contexto sócio-histórico

Considerando as mudanças que ocorreram na sociedade ao longo dos anos, Braz e


Moreira (2008, p. 6) citando Libâneo (2004 p. 45-46), pontuam que o crescente avanço no
campo científico, tecnológico e econômico, bem como a globalização e a organização do
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trabalho pautado sobre o prisma do capital, geraram avanços em diversos segmentos sociais,
no entanto, observam que, ao passo que se desenvolve, a sociedade experimenta o paradigma
da desigualdade social, à medida que grande parte da população cada vez mais se distancia do
conhecimento e dos bens de produção.
Nesse contexto, Braz e Moreira (2008), ao citarem Silva (2008), fazem uma reflexão
sobre as políticas educacionais concebidas pela ideologia dominante que visam garantir uma
formação voltada para a passividade em relação às condições sociais impostas pelo capital,
em detrimento de uma que corrobore para a reflexão e para a crítica. Ao final, afirmam que a
educação assim concebida, “faz emergir uma semiformação” (SILVA, 2008, p. 7 apud
BRAZ; MOREIRA, 2008, p. 7).
Desta forma, tomando como base as considerações de Braz e Moreira (2008),
reconhece-se que à ideologia dominante interessa imputar ao indivíduo, que se insere neste
contexto escolar, uma educação disciplinante que visa domesticar o sujeito para aceitar a
condição social que lhe é imposta, corroborando para manter o status quo. Nessa perspectiva, a
educação é voltada para a produção de sujeitos acríticos, passivos ao ensino ministrado por
docentes que se julgam detentores do conhecimento, o que inviabiliza toda e qualquer
possibilidade de uma formação voltada para a autonomia.
Citando Saviani (2005) e Aquino (1996), Bellia e Santos (2008) afirmam que na
escola pautada nessa perspectiva disciplinante, chamada de tradicional, até mesmo a forma
como os alunos se movimentavam era controlada, com vistas a garantir a ordem e a disciplina
que se considerava ideal. Segundo as autoras, as cadeiras permaneciam sempre em lugares
fixos, os alunos deviam sempre olhar para o professor e não para os lados, dentro da sala de
aula havia de se permanecer em silêncio e fora dela, era necessário ficar em fila. Assim sendo,
qualquer movimento fora desse contexto de autoritarismo, era considerado como ato de
indisciplina.

Este paradigma de disciplina imposta causa certo saudosismo por parte de


muitos professores, educados nesta escola e que ainda veem neste tipo
de comportamento a solução para os problemas que enfrentam em sala de
aula, sem se dar conta de que esta disciplina era obtida através da
coerção e da punição, não permitindo ao aluno ter o direito de
participação nas tomadas de decisões e muito menos de questionar os
conteúdos trabalhados e a forma como eram colocados em sala de aula.
Neste tipo de educação o objetivo maior era formar cidadãos com a
capacidade de se adaptar a sociedade e ao seu modo de vida, aceitando as
imposições do poder vigente [...]. (BELLIA; SANTOS, 2008, p. 5).
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Não obstante, a democratização do ensino leva para o interior da escola um


sujeito adverso àquele por ela idealizado e, corroborando com tal afirmativa,

[...] com a crescente democratização política do país e, em tese, a


desmilitarização das relações sociais, uma nova geração se criou. Temos
diante de nós um novo aluno, um novo sujeito histórico, mas em certa
medida, guardamos como padrão pedagógico a imagem daquele aluno
submisso e temeroso. (AQUINO, 1996a, p. 43).

Dessa forma, quando a escola depara-se com alunos que não são passivos à
imposições, que possuem uma capacidade crítico-reflexiva aguçada e que não se deixam
submeter aos padrões de comportamento e aquisição de aprendizagem vistos como ideais pela
instituição escolar; ela acaba enxergando esses alunos como indisciplinados, já que a
indisciplina se coloca como uma falta de adequação aos padrões e como afirma Aquino
(1996a, p. 44), “[...] esta escola de outrora tinha um caráter elitista e conservador, destinando-
se prioritariamente, às classes sociais privilegiadas”. Nesse sentido, entende-se que não
considerando o novo contexto sócio-histórico, a escola requer do aluno o mesmo padrão de
comportamento exigido em outras épocas (AQUINO, 1996a).
Nessa perspectiva, Aquino pondera que a indisciplina:

[...] pode estar indicando o impacto do ingresso de um novo sujeito histórico,


com outras demandas e valores, numa ordem arcaica e despreparada para
absorvê-lo plenamente. [...] seria sintoma de injunção da escola idealizada e
gerida para um determinado tipo de sujeito e sendo ocupada por outro.
Equivaleria, pois a um quadro difuso de instabilidade gerado pela
confrontação desse novo sujeito histórico e velhas formas institucionais
cristalizadas. (AQUINO, 1996a, p. 45).

Portanto, pautando em Aquino (1996a), acredita-se que é preciso que a escola tente se
atualizar para abarcar essas novas demandas que têm se apresentado à ela, isto é, é necessário
que haja uma tomada de consciência por parte da escola, buscando formas de entender sobre
as características sociais, culturais e históricas dos atores que a compõem; pois só assim,
conhecendo verdadeiramente seus alunos, é possível abandonar a prática de pautar o ensino
visando uma idealização de sujeitos , e passar a perceber os mesmos como eles realmente
são. Sobre a necessidade de procurar compreender as características dos alunos, Rego
(1996) afirma que isso é importante porque:

[...] os traços de cada ser humano (comportamento, funções psíquicas,


valores etc.) estão intimamente vinculados ao aprendizado, à apropriação
(por intermédio das pessoas mais experientes, da linguagem e de outros
mediadores) do legado de seu grupo cultural (sistemas de representação,
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formas de pensar e agir, etc.). Desse modo é possível afirmar que um


comportamento mais ou menos indisciplinado de um determinado indivíduo
dependerá de suas experiências, de sua história educativa, que por sua vez,
sempre terá relações com as características do grupo social e da época
histórica em que se insere. (REGO, 1996, p. 96).

Nesse sentido, a autora afirma que, segundo o que foi postulado por Vygotsky, o
comportamento indisciplinado desenvolve-se no meio social em que o aluno vive. Ou seja,
nas interações familiares, oriundas da comunidade a qual está inserido e no próprio ambiente
escolar. Partindo dessa premissa, coloca que “o comportamento indisciplinado é
aprendido” (REGO, 1996, p. 96). Nessa perspectiva, a autora pontua a importância de se
encarar a problemática da indisciplina a partir das duas principais agências educativas
presentes na sociedade, a escola e a família.
Vygotsky (1998) elaborou a teoria sócio-histórica, segundo a qual, a aprendizagem é
reconhecida como um processo internalizado, que ocorre através das relações interpessoais
dos sujeitos. No livro A Formação Social da Mente (1998), esse estudioso cita três teorias que
são oriundas de suas concepções sobre aprendizagem e desenvolvimento e guardam relação
com a abordagem sócio-histórica que ele traça sobre o processo educativo. A primeira teoria:

Centra-se no pressuposto de que os processos de desenvolvimento da criança


são independentes do aprendizado. O aprendizado é considerado um
processo puramente externo que não está envolvido ativamente no
desenvolvimento. Ele simplesmente se utilizaria dos avanços do
desenvolvimento ao invés de fornecer um impulso para modificar seu curso.
(VYGOTSKY, 1998, p. 103).

Acredita-se que essa teoria concebe que o desenvolvimento está apenas associado aos
conhecimentos prévios de cada pessoa, e que estes seriam próprios dos indivíduos, não sendo
então, influenciados pelo processo de ensino-aprendizagem que ocorre na escola. De acordo
com essa primeira teoria “o desenvolvimento é anterior ao aprendizado, porém ele o segue,
descartando que ao aprender a criança pode amadurecer e buscar novos conhecimentos e
experiências” (SCHERER, 2013, p. 13).
Relacionado essa teoria ao conceito de indisciplina, é possível notar que tal teoria é
muito comum no cotidiano das escolas, pois muitos entendem que se o desenvolvimento nada
tem a ver com o ensino que ocorre na escola, então, as formas de comportamento do alunado
e por conseguinte as ações de indisciplina, não conteriam relação com o que acontece na
instituição, sendo fruto apenas de características próprias dos sujeitos.
Já na segunda teoria apresentada por Vygotsky (1998), o estudioso mostra que a
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aprendizagem pode ocorrer junto com o desenvolvimento, que é visto

[...] como o domínio dos reflexos condicionados, não importando se o que se


considera é o ler, o escrever ou a aritmética, isto é, o processo de
aprendizado está completa e inseparavelmente misturado com o processo de
desenvolvimento. (VYGOTSKY, 1998, p. 105).

Desse modo, o autor considera que aprendizagem e desenvolvimento são processos


inseparáveis, e isso não ocorre apenas quando trata-se de considerar a aquisição de
conhecimentos legitimados culturalmente, mas também quando trata-se da formação de
valores essenciais para a vida em coletividade, isto é, do processo de socialização das
crianças, pois a cada nova experiência de aprendizagem ligada a comportamentos sociais, a
criança estaria desenvolvendo sua capacidade de atuar socialmente.
Em sua terceira teoria, Vygotsky (1998) afirma que desenvolvimento e aprendizagem
são processos que se combinam:

[...] O desenvolvimento se baseia em dois processos inerentemente


diferentes, embora relacionados, em que cada um influencia o outro - de um
lado a maturação, que depende diretamente do desenvolvimento do sistema
nervoso; de outro o aprendizado, que é, em si mesmo, também um processo
de desenvolvimento. (VYGOTSKY, 1998, p. 106).

Para Scherer (2013), é possível notar que essa teoria é a mais aceita e defendida
atualmente, pois defende que desenvolvimento e aprendizagem ocorrem paralelamente um ao
outro; tendo em vista que o desenvolvimento estaria ligado ao amadurecimento biológico que
ocorre com os seres humanos, enquanto que a aprendizagem aconteceria por meio das
relações interpessoais, sendo influenciada pelo meio externo; desse modo, desenvolvimento e
aprendizagem, na perspectiva da terceira teoria de Vygotsky (1998), são processos que
ocorrem através da combinação de fatores internos e externos ao sujeito.
Relacionando essa teoria ao conceito de indisciplina, pode-se defender que esta deve
ser a mais difundida, pois possibilita que os atores que fazem parte da escola entendam que os
atos considerados como indisciplina no ambiente escolar, podem, em alguns casos, não se
relacionar à falta ou desrespeito às regras, mas a manifestação das aprendizagens do aluno em
seu meio social, do contato com sua cultura. Todavia, essa manifestação choca-se com a
própria cultura da escola que transforma todo e qualquer comportamento adverso as normas
por ela pré estabelecidas, como atos de indisciplina.
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1.3. Papel da escola frente a questão da indisciplina

Como vem sendo abordado ao longo do texto, é necessário que a escola entenda que
precisa analisar os casos de indisciplina em seu âmbito sob uma perspectiva que considere o
viés sócio-histórico relacionado a esta, pois sabe-se que a escola não é o único elemento de
desenvolvimento humano, mas expõe um papel proeminente no que tange ao processo de
educação, tendo que garantir a ampliação da formação dos indivíduos que é iniciada na
família.
Nesse sentido, se a formação dos sujeitos, bem como a aprendizagem dos valores
essenciais para uma boa convivência em sociedade, perpassa pelas principais instâncias de
formação humana, a saber: a família e a escola; então, ambas não podem abdicar dessa tarefa,
devendo buscar garantir a formação dos indivíduos.
Tiba (2006), afirma que devido a inserção cada vez mais frequente de ambos os pais
no mercado de trabalho, as crianças chegam a escola cada vez mais cedo, aos dois anos de
idade em média. Segundo o autor, “optar pela escola em tal faixa etária ou até mais cedo,
configura-se em uma alternativa aos avós ou mesmo à babás” (TIBA, 2006, p. 179). Esse fato
nos leva a crer, que cada vez mais a escola tem se tornado a principal – e as vezes única –
responsável pela educação das crianças, considerando que na correria do mundo moderno, os
familiares têm tido cada vez menos tempo a dedicar à elas.
Cabe aqui salientar que essa é uma realidade preocupante, na medida em que acredita-
se que família e escola deveriam ser parceiras na formação das crianças, de modo que a
formação de valores de convivência sejam introduzidas inicialmente em âmbito familiar e
posteriormente reafirmada na escola, que poderá contribuir para com a educação de modo
mais sistematizado, introduzindo também o ensino dos conhecimentos legitimados
culturalmente. Entende-se então que a escola possui papel relevante na educação e formação
dos valores de convivência das crianças, mas que essa tarefa não deveria ser apenas sua, como
ocorre em alguns casos; pois nestes casos, a indisciplina torna-se cada vez mais difícil de ser
analisada e combatida, uma vez que a família não estará sendo parceira da escola, oferecendo
pistas sobre as formas de comportamento das crianças.
Nesse contexto, o papel da escola frente a questão da indisciplina torna-se bastante
complexo, pois ela sozinha, deverá investigar as causas da indisciplina, quando esta ocorre,
buscando traçar estratégias para saná-la; sendo também importante desenvolver meios para
prevenir que os casos de indisciplina venham a acontecer.
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Nota-se que Tiba (2006) coloca a escola como opção aos pais que trabalham fora no
momento de guardar seus filhos, nessa perspectiva, o autor refere-se à escola vista como
espaço de cuidar. Em relação ao educar, no entanto, Aquino (1998b), ressalta o caráter elitista
e conservador da escola, sendo a mesma durante muito tempo destinada, prioritariamente, às
classes privilegiadas; quanto ao acesso das camadas menos favorecidas, segundo o autor, este
era inviabilizado pela própria estruturação escolar. Aquino observa que, nos dias de hoje, após
a democratização do ensino, a exclusão, se dá de forma mais sofisticada, pois apesar do
acesso garantido pela Constituição, há novos mecanismos de exclusão, como a
homogeneização que estabelece padrões de comportamento que correspondem as
expectativas, não das classes populares que ingressam cada vez mais na escola, mas os da
classe dominante (AQUINO, 1998b).
No contexto da escola pública então, é necessário que a indisciplina seja vista sob um
viés que considera os fatores econômicos, sociais e familiares, buscando não excluir o aluno
do contexto escolar por causa da crença de que ele não se encaixa nos padrões de
comportamento, mas sim visando analisar os motivos da indisciplina e o que pode ser
melhorado, na instituição escolar, bem como nas relações interacionais estabelecidas em seu
âmbito, a fim de diminuir os casos de indisciplina que se manifestam, uma vez que entende-se
que muitas vezes o aluno rebela-se porque sente que há pouca preocupação da escola para
com eles, então, é necessário enxergar os alunos como seres dotados de sentimentos e que
podem trazer consigo para a escola, problemas de ordem emocional advindos de conflitos
sociais e familiares que interferem em sua vontade de aprender, e quando chegam à instituição
e são vistos como meros receptores de conteúdo, acabam por cometerem atos de indisciplina,
as vezes como forma de chamar a atenção.
Desta feita, Aquino complementa que:

A escola, como qualquer outra instituição, está planificada para que as


pessoas sejam todas iguais. Há quem afirme “quanto mais igual mais fácil de
dirigir”. A homogeneização é exercida através de mecanismos disciplinares,
ou seja, de atividades que esquadrinham o tempo, o espaço, o movimento,
gestos e atitudes dos alunos, dos professores, dos diretores, impondo aos
seus corpos uma atitude de submissão e docilidade. (AQUINO,1998b, p. 78).

Portanto, considerar que todos são diferentes, é premissa básica para que a escola
entenda e possa agir contra as causas da indisciplina e isso precisa ser um trabalho conjunto,
no qual todos os atores que a compõem busquem agir em prol dos mesmos objetivos, pois
entende-se que se houver uma falta de integração entre as equipes pedagógica e
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administrativa, e/ou se nada for feito para analisar e sanar os atos de indisciplina em seu
interior, o processo de ensino-aprendizagem pode ser prejudicado, na medida em que as
situações de conflito podem criar uma ruptura na harmonia e respeito necessários a esse
processo, como bem cita Garcia (1996a).
Libâneo (2008 apud BRAZ; MOREIRA, 2008) explanam que toda a escola é formada
por um conjunto de fatores sociais, culturais e psicológicos que acabam por influenciar os
sujeitos em seus modos de agir, em seus comportamentos. Pontuam que, o que diferencia uma
escola das outras é o fator cultural, que está presente de maneira explícita ou não na
organização da instituição. No entanto, as autoras observam a importância da gestão
democrática de maneira a integrar todos os setores da escola contribuindo para aprendizagem
de todos os alunos e, acima de tudo, para a construção de uma escola pública de qualidade
oportunizando a “emancipação das classes populares” (BRAZ; MOREIRA, 2008, p. 18).
Bellia e Santos (2008) salientam que é necessário que a escola busque um novo
conceito de disciplina, abandonando aquela visão de que esta só pode ser obtida por meio de
punições e castigos, trabalhando-a

[...] no sentido de transformar o aluno num sujeito capaz de pensar e


transformar a sociedade e a realidade em que vive, quebrando, assim, a
hegemonia da classe dominante. Para tanto, uma reflexão profunda a
respeito do trabalho desenvolvido na escola deve ser feito, no sentido, de se
defrontar com o problema da indisciplina e não apenas buscar culpados.
(BELLIA; SANTOS, 2008, p. 12).

Fica entendido então, que uma das principais atitudes da escola frente a questão da
indisciplina em seu contexto é buscar entender a fundo as causas que levam a atos de
indisciplina e não simplesmente culpar – principalmente culpar os alunos – por atos
indisciplinados (BELLIA; SANTOS, 2008). Percebe-se que quanto mais se repreende o aluno
indisciplinado, mais ele rebela-se contra quem o repreendeu, por isso, é preciso que a escola,
com especial destaque à figura do professor, busque ser parceiro do aluno na construção do
conhecimento, cativando sua atenção e respeito, e não usando métodos impositivos, na
medida em que a construção do conhecimento depende diretamente do estabelecimento de
relações interacionais próximas entre professor e alunos.
Nesse sentido, “o professor será respeitado por seu aluno à medida que demonstrar aos
seus alunos o significado da educação para ele” (BELLIA; SANTOS, 2008, p. 13). Aqui não
está se tratando apenas do processo educativo, mas da educação em seu sentido mais amplo,
ou seja, o de ser educado, gentil, simpático, com as outras pessoas; pois, como querer que o
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aluno seja educado com o professor e disciplinado em suas aulas, se este último não é
educado com seus alunos? Ao que parece, esta é uma pergunta de resposta óbvia, mas que
merece reflexão, uma vez que o respeito ao próximo é algo que se faz necessário em todas as
instâncias de convivência humana, e certamente na escola, não poderia ser diferente
(BELLIA; SANTOS, 2008).
Ainda tratando sobre o papel do professor com relação à indisciplina na sala de aula,
Bellia e Santos afirmam que esse profissional

[...] precisa estabelecer o que é disciplina para ele, o que varia muito de
pessoa para pessoa e de acordo com a sua formação acadêmica. Se ser
disciplinado é ser somente obediente, calado, submisso, esse conceito
precisa ser revisto e reconsiderado, pois disciplina é muito mais do que isso:
é participação, inquietação, reconstrução de conceitos e comportamentos. É
muito importante que o professor faça uma análise da indisciplina em suas
aulas, pois o mesmo aluno que muitas vezes se mostra indisciplinado com
um professor pode não agir da mesma forma com outro. Cabe uma reflexão,
portanto, de seu trabalho docente, da maneira como está conduzindo sua aula
e do significado dado aos conteúdos trabalhados. (BELLIA; SANTOS, 2008,
p. 19-20).

Isto posto, reconhece-se que a escola e os professores precisam adotar uma postura
reflexiva, que vise a um entendimento sobre os fatores que podem levar a atos de indisciplina
por parte do alunado e também permaneçam em fiel ponderação de sua própria prática e
postura profissional, a fim de melhorar constantemente as relações estabelecidas em âmbito
institucional.

2. Metodologia de Pesquisa

O presente artigo apresenta-se como uma pesquisa bibliográfica, a qual apoia-se em


teóricos contemporâneos que publicaram estudos sobre o tema indisciplina no contexto
escolar. Para a metodologia de trabalho, utilizou-se a abordagem qualitativa com base nos
levantamentos feitos através da literatura acadêmica na qual em sua maioria, livros e artigos.
A escolha do tema está vinculada a área da Psicologia e Educação e configura-se em
um assunto bastante pertinente pois trata-se de um fenômeno comportamental que está
presente há muito tempo no cotidiano escolar e que interfere negativamente nas relações que
ali se estabelecem, configurando-se em um obstáculo ao trabalho docente e,
consequentemente, comprometendo a aprendizagem.
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Nesse sentido, a metodologia utilizada se constitui pela leitura e análise de


publicações sobre o tema, tendo como objetivo analisar a indisciplina nos anos iniciais do
Ensino Fundamental no contexto da escola pública através da perspectiva sócio-histórica, sob
a qual, tendo como base o pensamento de Vygotsky (1998), o comportamento indisciplinado
do aluno em sala de aula tem relação com as interações com o grupo social e o contexto
histórico ao qual está inserido.
Com base nos estudos dos teóricos pesquisados, propõe-se uma revisão bibliográfica
de maneira a confrontar as visões que cada um estabelece sobre a questão da indisciplina no
contexto escolar, seu conceito e os fundamentos que estabelecem em relação às influências
externas à escola que justificam possíveis causas para a mesma, considerando, entre elas, as
interferências do ambiente social do qual o aluno está inserido e que revela determinado
padrão de comportamento no ambiente escolar e as transformações ocorridas na sociedade nas
últimas décadas.
Diante disso, a partir dos dados selecionados relacionados a questão da indisciplina,
procurou-se entender até que ponto o meio social pode influenciar no comportamento do
aluno e, nesse sentido, definir o papel da família e da escola enquanto instituições voltadas,
primordialmente, para a formação dos sujeitos. Durante o levantamento bibliográfico
observamos o ambiente de pesquisa de autores como Aquino (1996a), Parrat-Dayan (2012),
La Taille (1996) e Vygotsky (1998), bem como os de outros autores aos quais recorreu-se a
fim de elaborar uma bibliografia básica e seletiva.
Ao analisar detalhadamente as informações coletadas, dialogando com a bibliografia
utilizada, foi possível produzir sistematicamente através de apontamentos e observações,
procedimentos fundamentais para o desenvolvimento do trabalho acadêmico.

Considerações Finais

Pretendeu-se com esse artigo analisar, através de uma pesquisa bibliográfica, a


problemática da indisciplina nos anos iniciais do Ensino Fundamental no contexto da escola
pública, relacionando suas possíveis causas a fatores externos a escola e aos sujeitos. Apoiado
na Psicologia sócio-histórica de Vygotsky, que considera a influência do meio, ou seja, das
relações sociais na formação do sujeito, e no cotidiano de pesquisa de renomados autores que
se debruçaram sobre tal problemática, o presente trabalho considerou as transformações
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ocorridas ao longo dos anos na sociedade e a influência das mesmas sobre o comportamento
do aluno em sala de aula.
Assim, a presente pesquisa não pretendeu, de forma alguma, apresentar uma solução
para a problemática da indisciplina no contexto dos anos iniciais do Ensino Fundamental na
escola pública, mas sim, contribuir para uma melhor compreensão sobre as possíveis causas
de um fenômeno que, ao longo dos anos, apesar de assumir características diferentes, tem se
colocado como obstáculo ao trabalho docente e à própria aprendizagem, na medida em que a
indisciplina gera situações de conflito que podem atrapalhar as relações estabelecidas entre
alunos e funcionários, e sabe-se que para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra de
modo eficaz, é preciso que as relações interpessoais sejam harmoniosas, pois alunos e
professores devem ser parceiros na construção do conhecimento.
Verificou-se ao longo desse estudo que a indisciplina se caracteriza por ser uma
transgressão as regras que são comuns em nossa sociedade e que garantem uma boa
convivência interpessoal em coletividade. Entretanto, no que tange ao âmbito escolar, a
indisciplina não pode ser analisada a partir de um único viés, a medida que diversos fatores
podem implicar no comportamento do aluno em sala de aula e contribuir para o desequilíbrio
das relações que alí se estabelecem; dentre eles, os fatores externos à escola como o contexto
social, econômico, cultural e a próprio contexto familiar, podem ser considerados
preponderantes, à medida que, de acordo com Vygotsky, através das interações com o meio, o
sujeito aprende e se desenvolve. Contudo, também é importante que os demais atores que
compõem a escola analisem como estão se dando as relações interacionais que ocorrem em
âmbito escolar, pois a falta de atenção dos professores para com seus alunos pode gerar
situações de conflito influenciando, negativamente, no processo de ensino-aprendizagem.

Acredita-se que os objetivos propostos para esse estudo foram atingidos, uma vez que
foi realizada uma reflexão sobre o conceito de indisciplina escolar, abordando que esta se
manifesta quando há transgressão a certas regras de convivência social, e até mesmo àquelas
que são impostas pela própria escola; também analisou-se o papel da escola frente a questão
da indisciplina, tendo como aporte as mudanças sociais que ocorreram nas últimas décadas,
demonstrando que os fatores socioeconômicos, culturais e de ordem familiar, interferem nas
formas de comportamento das pessoas e podem gerar atos de indisciplina; procedendo assim a
uma investigação sobre como o contexto sócio-histórico influencia na questão da indisciplina,
abordando a necessidade de considerar os fatores externos à escola, ou seja, a influência do
meio social no comportamento do aluno.
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Referências

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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid-S0102-25551998000200011. Acesso
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LA TAILLE, Y. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: AQUINO, Júlio Groppa


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VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
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