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IVANIO DICKMANN
(organizador)
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NOTA: Dado o caráter interdisciplinar desta coletânea, os textos publicados respeitam as normas e
técnicas bibliográficas utilizadas por cada autor. A responsabilidade pelo conteúdo dos textos desta
obra é dos respectivos autores e autoras, não significando a concordância dos organizadores e da ins-
tituição com as ideias publicadas.
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IVANIO DICKMANN
(organizador)
2ª E D I ÇÃ O
Diálogo Freiriano
Veranópolis - RS
2022
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CONSELHO EDITORIAL
Ivanio Dickmann - Brasil
Aline Mendonça dos Santos - Brasil
Fausto Franco Martinez - Espanha
Jorge Alejandro Santos – Argentina
Martinho Condini - Brasil
Miguel Escobar Guerrero - México
Carla Luciane Blum Vestena - Brasil
Ivo Dickmann - Brasil
José Eustáquio Romão - Brasil
Enise Barth - Brasil
EXPEDIENTE
Editor Chefe: Ivanio Dickmann
Diagramação: Maria Aparecida Nilen
FICHA CATALOGRÁFICA
U58 União pela educação / Ivanio Dickmann (organizador) –
2.ed. Veranópolis: Diálogo Freiriano, 2022.
ISBN 978-65-87199-90-0
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Ivanio Dickmann ................................................................................................................. 8
EDUCAÇÃO INTEGRAL UMA VISÃO HOLÍSTICA DAS TEORIAS
EDUCATIVAS CONTEMPORÂNEAS
Damião Amiti Fagundes, Ana Eugenia Gonzáles Chena ........................................... 9
CONHECIMENTO: ENTRE A OPINIÃO E O ARGUMENTO
Celso de For........................................................................................................................ 19
REFLETINDO E ENSAIANDO
Daniela Jaques Roos .........................................................................................................29
PERCURSO: METÁFORA CENTRAL DAS DOUTRINAS E PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS NA CONTEMPORANEIDADE
Edir Spredemann, Maria Inmaculada Chao Cabanas ................................................ 37
OS IMPACTOS DO ENSINO REMOTO SOB A PERSPECTIVA DA
CRIANÇA
Elaine Cristina Rodrigues Gomes Vidal, Júlia Belo Albuquerque ......................... 48
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: INFERÊNCIAS NUMA
PERSPECTIVA HUMANA ACERCA DOS DESAFIOS METODOLÓGICOS
VIVENCIADOS EM UMA EXPERIÊNCIA PANDÊMICA E PÓS-
PANDÊMICA
Eliana Nunes Maciel Bastos ............................................................................................66
A EDUCAÇÃO E A INOVAÇÃO
Fátima Stela Bezerra Viana Barbosa, Glauce Cristina Viana Barbosa.................... 78
O INSTAGRAM COMO FERRAMENTA DE UTILIZAÇÃO DO
MARKETING SOCIAL NO TERCEIRO SETOR: UMA ANÁLISE DO
CONTEÚDO MIDIÁTICO EXPOSTO PELA UNESCO, ABRINQ E CASA
PEQUENO DAVI (PB)
Isabela Fernanda Calixto do Nascimento Gomes, Flaubert Cirilo Jerônimo de
Paiva .....................................................................................................................................89
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APRESENTAÇÃO
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Introdução
O objetivo do presente estudo é dar subsídio para uma pesquisa sobre o
processo de implementação das escolas de tempo integral no estado do Espírito
Santo e no Brasil a partir de leituras sobre as Teorias Educacionais atuais e com
uma visão holística.
Como objetivos específicos do estudo destacam-se: identificar como está
ocorrendo a mudança da Educação de tempo parcial para o tempo integral, num mo-
mento de grandes transformações nas Políticas Educacionais a partir do Plano Na-
cional de Educação de 2014 que preconiza a ampliação da presença dos alunos na
sala de aula; analisar como a educação de tempo integral está colaborando para a
melhoria da qualidade da educação; identificar os impactos no trabalho do professor
que trabalha nas escolas de tempo integral; compreender como essas mudanças co-
laboram para reduzir a evasão escolar na Educação Básica.
Para cumprir os objetivos propostos adota-se o método da revisão de li-
teratura e uma análise de documentos curriculares nacionais e do Estado do Espí-
rito Santo que buscam implementar a Educação em Tempo Integral.
A escola de Tempo Integral no Brasil é um tema ainda pouco estudado,
mas vem ganhando força nos últimos anos com a criação da Base Nacional Comum
Curricular (2018) e a partir da Lei n.º 13.005, de 25 de junho de 2014, que regula-
menta o Plano Nacional de Educação (PNE).
Historicamente desde Anísio Teixeira já aspirava-se a educação integral
no Brasil:
1
Doutorando em Ciências da Educação pela Universidad San Carlos (PY). E-mail: damifagun-
des@gmail.com
2
Orientadora professora Dra. Ana Eugenia González Chena, da Universidad San Carlos (PY).E-mail:
ana.gonzalez2@usc.edu.py
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Considerações finais
Ao finalizar as reflexões sobre o tema é possível pensar que os trabalha-
dores da educação têm passado por dificuldades de adaptação diante da ampliação
das cargas horárias, duplicando, praticamente, os períodos de trabalho. Muitos
professores trabalham em mais de uma escola para sobreviver e conforme as mu-
danças pode ter essas relações de trabalho dificultadas para administrarem.
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Referências Bibliográficas
BANNWART JÚNIOR, Clodomiro José; CATARINO, Dílson; LIMA, Gleiton;
NUNES, Liliane. Responsabilidade Integral. Metodologia estratégica para o de-
senvolvimento pessoal, corporativo e educacional. Londrina/PR:Midiograf, 2017.
CAVALIERE, Ana Maria. Escolas de tempo integral versus alunos em tempo in-
tegral. IN: MAURÍCIO LÚCIA VELLOSO (organizador). Em Aberto. Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 1 (1). Brasília, 2017.
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YUS, Rafael. Educação Integral: uma educação holística para o século XXI. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
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Celso de For1
Introdução
Entre os gregos já se tinha uma noção clara sobre o que significava doxa
(opinião). Este elemento argumentativo sempre foi predominante na construção
na auto compreensão do espírito grego. Assim mais do que um problema o molde
que ergue a civilização grega é fundamentado na própria noção de civilização que
gregos possuíam.
Os gregos eram uma civilização em desenvolvimento, cujos ganhos e per-
das durante o processo eram enormes. E precisavam aprender com certa rapidez o
que significava estar em grupo, viver em comunidade e todas experiencias que re-
alizaram os lavaram até o momento de perceberem que há uma diferença muito
grande entre um grupo de pessoas e uma sociedade.
E aqui, não se trata apenas de revelar a diferença entre a filosofia iniciada
pelos pré-socráticos, mas acima de tudo de demonstrar que para que aconteça re-
almente a sociedade é preciso acontecer ciência. E foi assim que começou o grande
combate de Sócrates e Platão aos sofistas. Este que tinham como grande tarefa a
demonstração que qualquer argumentação é válida. Em outras palavras, que um
argumento se torna argumento pela forma como é exposto e dito, não pelo seu
conteúdo.
Assim foram as disputas entre os gregos. Contudo é na elaboração de Pla-
tão que encontramos a real noção do que significa ciência e principalmente o que
significa um argumento. Com isso, vamos demonstrar como acontece este pro-
cesso de construção e criação que a filosofia de Platão nos oferece.
1
Professor da Maismed pós, Doutor em psicanalise, doutorando em ética, mestre em educação, pós em
informática aplicada a educação, graduado em filosofia com habilitação em história e sociologia.
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2
NIETZSCHE,2008, p. 83
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As leituras religiosas são inúmeras, mas Sócrates destoa delas porque de-
monstra como elevar a si e a cidade a um nível de vida superior. O homem interior
leva ao cuidado da alma, e este para Sócrates é uma atitude constante.
E “Sócrates define mais concretamente o cuidado da alma como um cui-
dado através do conhecimento, do valor e da verdade, Phronesis e Aletheia.” (JA-
EGER p. 52, 2001). Desse modo, Sócrates mostra uma reconstrução do conceito
de natureza utilizado pelos antigos, pois agora a natureza é a natureza humana. E
com isso a alma humana adquire uma característica plástica que possibilita, por
causa de sua forma, acesso às manifestações de sua ordem. Assim “(...) a filosofia
não é senão a expressão racional consciente da estrutura interna fundamental do
homem grego, tal como a podemos seguir através dos séculos nos supremos repre-
sentantes deste gênero.” (JAEGER, 2001, p. 533). Assim, a arete é uma analogia
entre alma e corpo, fazendo com que o pensar possa guiar o corpo. E, por isso,
poderíamos dizer que nesse primeiro momento, em um possível desenvolvimento
da história do projeto Grego.
Desta razão temos a relação ética entre o conhecimento produzido, seja
este teórico ou prático, e a vida prática. Com isso, podemos demonstrar que a ra-
cionalidade neste momento se torna obsoleta por causa de uma outra relação não
observada. Quando a ética deixa de povoar a vida prática os sophos começam a
utilizar o seu saber apara um proveito mais individualizada. Pois devido ao valor
técnico desta arte, o saber-falar da retórica, principal arma dos sofistas, é uma das
dinâmicas mais contundente da força destes homens de conhecimento.
A razão mais fundamental é perceber o quanto está técnica se torna peri-
gosa por causa da crença por ela criada. Uma Doxa era moldada a cada momento
que de uma discussão e sua organização e força era dada pela capacidade e pela
competência que cada sofista eras capaz de empreender. Por isso sua técnica dizia
muito sobre quem eram e como eram.
Esta capacidade de moldar argumentos e determinar como as pessoas de-
veriam pensar não era uma atividade perversa empreendida pelos sofistas. O que
era terrível era, principalmente daqueles que eram representados como o mais alto
nível de eloquência, considerados os maiores representantes. Além do que, a que-
bra do eixo de relação ética entre conhecimento e sociedade é que é problemática
que leva, quase que imediatamente a falta de um critério objetivo de verdade. E é
este o motivo da perseguição que Sócrates e o próprio Platão empreendem aos so-
fistas por causa desta falta com a verdade. Então, apesar dos Sofista, juntamente
com Sócrates terem realizado uma guinada antropológica, Sócrates ainda reserva
um caráter mais sólidos e eloquente a verdade, enquanto para os sofistas de uma
forma geral a verdade é mais um ponto de vista. O que relativiza qualquer forma
de empreendermos um conhecimento com certa autoridade.
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Cirne-lima, Carlos. Herança de Platão in.: Dialética, Caos e complexidade, pg. 61.
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construída pela afirmativa de uma determinada proposição. E, por isso, uma pro-
posição ter valor diante de sua não-contradição com critérios estabelecidos logi-
camente. Com isso, temos a perspectiva mais relevante de qualquer teoria o da
universalidade. Este como critério de verdade para unificar os campos.
Devido ao exposto no Teeteto, há três regras básicas para o desenvolvi-
mento de um conhecimento seguro. O primeiro é a proposição. E por isso a pro-
posição tem valor de crença. Ou ainda o que modernamente ´podemos chamar de
percepção. Assim esta ideia de percepção é diametralmente contrária ao império
dos sentidos.
Quando Platão menciona a questão da crença, por falta da noção moderna
da percepção. Apesar do conceito de percepção sensível ser analisado no texto, ele
se aproxima daquilo que chamaremos de emoções, conforme diz o professor Ara-
újo em seu texto sobre “A filosofia da Percepção em Platão”
Com isso, resta a segunda parte onde há a racionalidade. Esta se dá no encon-
tro com as formas. Desta maneira a análise é clara no que se refere a função das formas
elas fornecem a justificativa. E com isso uma certa solidez para uma verdade. Aqui en-
contramos então o eixo que determina certa situação do processo científico.
A justificação se dá pela relação das ideias. Em outras palavras Platão está
descrevem um processo de pensamento chamado comparativo. E é este processo
é o critério para o estabelecimento de um argumento que pode ser verossímil, ou
próximo da verdade. E aqui podemos estabelecer uma forma diferente da mera
opinião, que em certo sentido, é apenas uma crença que não encontra fundamento
nem amparo em uma justificativa.
Contudo é sempre importante ressaltar que este é um critério de diferen-
ciação. Onde reside o processo de comparação. Em outras palavras, a grande dife-
rença entre opinião e argumento está na força comparativa, na analogia, que per-
mite a construção de uma verdade que permita distinguir este conhecimento da
mera opinião.
Assim o conhecimento se diferencia da crença é o formato comparativo
do tipo, do modelo de raciocínio em que a verdade se torna justificadamente aceita
e não imposta. Desta forma, o conhecimento é democrático também, pois trans-
forma o exercício de argumentação em um exercício da liberdade individual e da
possibilidade de ser livre para pensar.
Considerações finais
O texto até aqui pretendeu realizar uma crítica que fosse suficiente para
demonstra que o exercício da argumentação é suficiente para obtermos conheci-
mento seguro. Então passamos a uma leitura da doxa grega e da dificuldade de sua
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Referências
ALMEIDA, Custódio L. S. Hermenêutica e dialética: dos estudos platônicos ao en-
contro com Hegel. Porto Alegre: Edipucrs, 2002.
LIMA, Carlos Cirne, Helfer, Inácio, ROHDEN, Luiz. Dialética, Caos e Complexi-
dade. São Leopoldo: Unisinos, 2004.
LIMA, Carlos Cirne. Dialética para principiantes. Porto Alegre: Edipucrs, 1997.
PLATONE. Tutti gli scritti. Tad.: Giovanni Reale, Milano: Rusconi, 1996.
PLATÃO. A república. 3.ed. Trad.: Carlos Alberto Nunes. Belém: Edufpa, 2000.
PLATÓN. Laques. Trad.: J. Calonge Ruiz, E. LLedo Íñigo, C. Garcia Gual. Madrid:
Gredos Editorial, 1981.
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REFLETINDO E ENSAIANDO
Inspirada em Montaigne (2005), que diz que se a sua alma pudesse dar
pé, ele não se ensaiaria, mas se resolveria, porém explica que ela se encontra sem-
pre em aprendizagem e à prova, venho por meio deste trabalho, que se trata de um
movimento intencional de reflexão sobre dimensões de meu cotidiano, analisar
aspectos relativos à escola, buscando estar aberta ao desconhecido, de forma en-
saística, na verdade, buscando produzir um humilde pequeno ensaio, um ensaio
reflexivo, esforçando-me para ir além daquilo que já conheço sobre esta realidade,
ultrapassando o limite de um relato, deixando meu lado educador aparecer, pen-
sar, falar, talvez gritar.
Larrosa (2004) nos explica que o ensaio é elaborar a relação entre expe-
riência e subjetividade, e entre experiência e pluralidade, ou seja, é uma atitude
existencial, e que é uma escrita que estabelece uma relação com a primeira pessoa.
Ele também nos fala que o ensaísta pratica mais a crítica e a indagação do que o
saber. Já o artigo, Vida Ensaio para escrever ensaios, nos fala que “escrever ensaís-
ticamente é pensar enquanto escreve, escrever para pensar, experimentando, com-
pondo pensamentos com palavras” (FANTINATO, 2011, p.68) e, isso, flertando
com a estética mesmo não desejando ser arte.
Quando penso nos problemas da realidade escolar procuro buscar respos-
tas dentro de um misto que envolve teorias e reflexões embasadas em minhas pró-
prias vivências, meus contextos, meus atravessamentos, ou seja, minhas lentes, mi-
nha cultura, e por isso, provavelmente não vai ressoar com as lentes de todos, e pro-
vavelmente não vai ressoar com as lentes que usarei em um futuro inclusive breve.
Começo esta escrita muito antes em formas pensamento, porém, estas me
escapam com tanta facilidade quanto vem a mim. São chamas flamejantes e instan-
tâneas, fugazes e incrivelmente determinantes do que sou, mesmo que ainda busque
com urgência e constância apreender tal significado. Porém, se faz necessário um
exercício de reter em palavras tais pensamentos e reflexões para uma materialidade
compartilhada, inclusive comigo mesma, em um provável futuro breve, ou não.
1
Pós-graduanda do Curso de Especialização em Educação e Cultura UERGS unidade Caxias do Sul
RS 2022. Licenciada em História - UNINTER. danielajaquesroos@gmail.com
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as identidades que nos constituem, várias posições de sujeito, e assim, vamos cri-
ando nossa trajetória porque além daquilo que já somos é preciso lembrar que a
cultura tem a ver com as interações ativas, ou seja, sou e logo me transformo em
um novo ser. Muitas coisas nos constituem. O importante mesmo é buscar focar
em refletir sobre o que fazemos com aquilo que nos constitui, nos atravessa, em
nossas experiências.
Ao assistir o documentário “Pro dia nascer feliz” de João Jardim (2005) e ler
o artigo “Entre a América Latina e Uma proposta de Emancipação” de Rúbia de Araújo
Ramos (2019), em um exercício de reflexão anterior a este, foi possível, fazendo links
com a própria disciplina estudada, no caso Sociologia da Educação, chegar a algumas
conclusões e a alguns pensamentos que considero relevantes para a presente reflexão.
Tal ação será como um fio condutor de pensamentos.
A atividade consistia em fazer relações com a própria disciplina, seus
mistos de conceitos, os debates suscitados e juntar tudo isso com os ambientes
educacionais que perpassam minhas experiências-vivências, na qual, escolhi ana-
lisar a própria disciplina em si, implicar-me nela, e, ao fazer isso, conclui que esses
acontecimentos, o curso, os debates, as leituras, me levavam a enriquecer minhas
reflexões e ampliar meus horizontes em relação à educação, e com isso, minha pró-
pria possibilidade de agência humana criativa, e aqui, posso afirmar que vi a edu-
cação como um importante aliado a emancipação e a agência humana em vários
sentidos que essa possa a vir representar dentro da subjetividade dos sujeitos. Po-
rém, naquele exercício, ainda não havia refletido tão profundamente sobre a ques-
tão do poder implicada na educação. Poder de compreender, de ver com maior cla-
reza os movimentos ao derredor. Falo isso com lentes recentes, lentes de quem
ouviu, e questionou uma narrativa, de outro professor, que dizia que a mulher vo-
tar era algo concedido, porém, esqueceu-se, talvez propositalmente de citar a luta
sufragista, homem falando “de” e “para” mulheres, na posição de poder, de profes-
sor, do que “detém” o saber. Aqui agi, falando a todas, enviando inclusive materiais
que corroboram com minha defesa, defendi que nada, absolutamente nada foi con-
cedido, e sim conquistado, buscado, lutado, resistido. A resposta obtida foi que
nada mais seria aceito como verdade, tudo que viesse de informações deveriam ser
checadas, analisadas e se necessário questionadas, enfrentadas. Vi o poder da
emancipação da educação se materializar diante de meus olhos. Mulheres pesqui-
sando, falando e decidindo sobre si, sobre seu saber! Algo além da sensação de re-
alização e sim felicidade por sentir uma chama que se acende, que diz, ainda há
esperança, ainda vale a pena. A educação é sim uma grande possibilidade de eman-
cipação, de liberdade, de vida. Estar ali neste momento, implicar-me no fato, agir
como sujeito, tornar claro a possibilidade de outros agirem como tal é parte da
educação, é parte da vida, e nisso vi em minha prática a teoria da ação citada no
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artigo de Rúbia (2019). Ação como vontade de liberdade pessoal praticada pelo
sujeito. Sujeito este com condições de construir sua própria liberdade experiência
social contra todas as formas de dependência, sendo elas psicológicas ou políticas,
um ator que resiste à dominação, onde a liberdade é condição para sua felicidade.
No documentário de João Jardim (2005) vemos que a educação em si é
um produto e também produtora da sociedade que estamos inseridos aqui-agora,
e nele é claramente visível que existem marcas profundas oriundas do processo
socializador da escola, e estas por sua vez, se referem as diferenças entre por exem-
plo escolas públicas e privadas, ambientes de vida desses alunos, pois não devemos
nos esquecer do fato de que estas relações influenciam no ambiente escolar, e
quanto a isso podemos citar marcadores econômicos e cultura local. Existem fa-
tores/forças, internas e externas, atividades/relações que influem diretamente no
andamento da cultura escolar.
Visando exemplificar os fatores de influência, no exercício citei que o do-
cumentário permite que vejamos as forças políticas, sociais, culturais, econômicas
que agem na conformação/formação/ação dos espaços educacionais e dos que es-
tes espaços podem “respingar” ou até mesmo “inundar” para muito além do es-
paço-instituição da escola e perpassar barreiras físicas e simbólicas, porém, con-
forme uma nova vivência, uma nova implicação minha, posso dizer que os espaços
educadores fora da escola também podem respingar ou até mesmo inundar a es-
cola, seus corredores e seus alunos. A educação é um fenômeno que acontece em
vários ambientes para além dos muros da escola. Em minha vivência, em um jantar
de pré candidatura, ouvindo a narrativa inflamada de Assis Melo, político muito
conhecido aqui na região e no Brasil, por mais que tinha noção de toda a questão
narrativa e de toda a relação política envolta em tal narrativa não posso negar que
algo incendeia, palavras tomam novas proporções, e isso certamente influencia
meu pensar e meu agir, ou seja, automaticamente influi nos meus ambientes, e ne-
les cabe citar a escola, as mentes ali presentes. A prática social está em constante
movimento e a educação em si é produto e produtora, aqui jaz a beleza e a com-
plexidade do assunto. Posso afirmar que a relação professor-aluno é de extrema
importância, é a atuação docente algo que deve ser foco de muita reflexão. Um
professor alienado de si e de sua cultura ou um professor com bandeira de viés
religioso ou político pode dificultar muito o caminho de emancipação humana de
um aluno, e em contrapartida, um professor disposto a aprender inclusive com
seus alunos, disposto a refletir sobre si e sua própria cultura é um professor que
pode em muito suscitar o desejo de emancipação de seus alunos e de si próprio. A
potência de alguns atos podem ocasionar possibilidades emancipatórias, motivar
uma busca por autonomia e aqui um fator de suma relevância é a questão da von-
tade pessoal.
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Para tentar concluir essa reflexão penso que vale destacar que ter a cons-
ciência de que não sabemos tudo, pode nos trazer questionamentos que por sua
vez podem nos impulsionar a buscar saber cada vez mais, e que acima de tudo, um
bom professor seria aquele que tem muito mais perguntas do que respostas, sem-
pre buscando, sempre refletindo, sempre disposto a aprender e a rever seus con-
ceitos. Quem sabe não diminuir a quantidade de teorias, porém aliá-las às práticas,
as reflexões, as análises onde os sujeitos se implicam. Pensar que a cultura pode
ser inculcada, pode ser moldada, e aqui reside a questão dos poderes, das narrati-
vas, da lógica do controle, dos estranhamentos, dos jogos de interesses. E por mais
que pareça uma utopia, algo impossível de se alcançar, talvez, por meio de uma
cultura da vontade, visar algo mais libertário, não no sentido se soluções ou salva-
mentos, pois se trata da vida real e não ideal, mas, a busca de desempenhar um
papel ativo no palco da vida ao invés de sermos marionetes no mesmo.
Alguns professores me ensinaram a amar a educação e iluminaram meu ca-
minho, outros me apresentaram o lado mais sombrio desse percurso, e com
isso, descobri exatamente como devo veementemente buscar não ser.
Ambos tipos de profissionais, bons ou maus, moldaram aquilo que almejo
alcançar enquanto educadora. A todos os professores que cruzaram meu ca-
minho, minha eterna gratidão.
Aqui, neste trabalho, um carinho e agradecimento especial à professora
Clara Natália Steigleder Walter, que me desafiou a escrever essa reflexão e
ao professor Dante Luiz Vartha, que terei como modelo de profissional a se
seguir, um professor que acolhe os anseios de seus alunos e os incentiva a
prosseguir sua jornada.
Referências Bibliográficas
Documentário "Pro dia nascer feliz” ;(2005) Direção: João Jardim. Acesso em: 12/06/2022.
Disponível em: (7) Pro Dia Nascer Feliz DVDRip XviD pedr1nho - YouTube
FANTINATO, Manoela Rodrigues. DINIZ, Júlio Cesar Valladão. Memórias Ensaia-
das. Rio de Janeiro 2011. 83p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Letras, Pon-
tifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
FAUSTINO, Deivison Mendes. Por que Fanon? Por que agora? Frantz Fanon e os fa-
nonismos no Brasil. São Carlos, 2015. 261 p. Tese de doutorado - Departamento de So-
ciologia do Centro de Ciências Humanas - CECH, Universidade Federal de São Carlos
- UFSCar.
LARAIA, R. Cultura um conceito antropológico. 14ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zaar
ed., 2005.
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WATERS, R. (1979). Another brick in the wall da banda pink floyd. The wall. Acesso
em 12/06/2022. Disponível em: (10) Pink Floyd Another Brick In The Wall (HQ) -
YouTube
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Edir Spredemann1
Maria Inmaculada Chao Cabanas2
1
Mestrando em Educação pela UNESA: Universidade Estácio de Sá. Graduado e especialista na tríade:
Teologia, Ciências da Religião e Educação/Pedagogia. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-8597-1003
e-mail: edspredemann@gmail.com
2
Doutora em Educação pela Universidade Estácio de Sá, na Linha de Pesquisa das Representações
Sociais. Atua como docente pesquisadora no Programa de Pós Graduação em Educação na UNESA:
Universidade Estácio de Sá/RJ. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0368-8416 e-mail: maria.caba-
nas@yduqs.com.br
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a Reforma do ensino de 1911, "o Estado não é nem pode ser educador do
povo". Operou, portanto, a metáfora da "COMEIA", que se sustenta na "divisão
técnica do trabalho assimilada à divisão fisiológica do trabalho", ou seja, "a divisão
das pessoas segundo suas características biológicas". O ambientalismo, para o au-
tor, critica "as ciências e as tecnologias como causas e expressões do modo de vida
consumista", de modo que é preciso ultrapassar "o modo `fragmentado` de apreen-
são do mundo" e buscar "a `unidade do mundo`" ou "uma ciência de tal uni-
dade". Aqui temos, para Mazzotti, a metáfora do ciclo do tempo, isto é, "o eterno
repetir". "Mazzotti chama a atenção para o fato de que "sustentabilidade é uma
meta política, logo intencional, que tem por critério as necessidades humanas vi-
tais e as do ambiente, do espaço mediador. Por último, no sexto capítulo, Maz-
zotti tratará da "História, como foro da metáfora PERCURSO EDUCATIVO".
Mazzotti chama a atenção, porém, para o fato de que, na filosofia de "Marx, as lu-
tas sociais ocorrem no campo dos possíveis, não no campo da necessidade férrea
de um caminho determinado".
3
MAZZOTTI, Tarso. Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios. Marília: Poïesis Edi-
tora, 2008, p. iii.
4
MAZZOTTI, 2008, p. i.
5
MAZZOTTI, 2008, p. v.
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6
MAZZOTTI, 2008, p. 2.
7
MAZZOTTI, 2008, p. 1.
8
MAZZOTTI, 2008, p. 5.
9
MAZZOTTI, 2008, p. 19.
10
MAZZOTTI, 2008, p. 25.
11
MAZZOTTI, 2008, p. 27.
12
MAZZOTTI, 2008, p. 28.
13
MAZZOTTI, 2008, p. 29.
39
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14
MAZZOTTI, 2008, p. 21.
15
MAZZOTTI, 2008, p. 30.
16
MAZZOTTI, 2008, p. 35.
17
MAZZOTTI, 2008, p. 36.
18
MAZZOTTI, 2008, p. 40.
19
MAZZOTTI, 2008, p. 41.
20
MAZZOTTI, 2008, p. 42.
21
MAZZOTTI, 2008, p. 48.
22
MAZZOTTI, 2008, p. 54.
40
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
logicamente determinados, cada raça realiza uma cultura própria (...), não ha-
vendo como ultrapassar tais condicionamentos”.23 Cabe, então, à raça superiora
um papel civilizatório para com a inferior.
Houve, porém, em 1911 uma tentativa de reforma da educação no Brasil.
Essa “estabelecia a irrestrita liberdade de ensinar e aprender, cabendo aos corpos
docentes a responsabilidade pelos trabalhos escolares. O Estado não interferiria
no ensino, mesmo nos estabelecimentos mantidos por ele”.24 Para a Reforma do
ensino de 1911, “o Estado não é nem pode ser educador do povo”.25 A reforma en-
frentou resistência e foi revogada em 1915. Para os críticos, o Estado deveria ser o
“educador do povo” e “a educação escolar é um dos meios para o aperfeiçoamento
da raça brasileira”.26 Operou, portanto, a metáfora da “COMEIA”, 27 que se sustenta
na “divisão técnica do trabalho (...) assimilada à divisão fisiológica do trabalho”,
ou seja, “a divisão das pessoas segundo suas características biológicas”. 28
O quinto capítulo, chamado “Educação ambiental, percurso ao ‘paraíso
perdido’”, trata da análise do discurso ambientalista. A procura deste é por uma
racionalidade holística em oposição à racionalidade moderna. O ambientalismo,
para o autor, critica “as ciências e as tecnologias como causas e expressões do
modo de vida consumista”, de modo que é preciso ultrapassar “o modo ‘fragmen-
tado’ de apreensão do mundo” e buscar “a ‘unidade do mundo’” ou “uma ciência de
tal unidade”.29
Entretanto, segundo Mazzotti, esse discurso contém “duas metáforas
concorrentes e antagônicas: a da SETA DO TEMPO e a do CICLO DO TEMPO”.30
Por um lado, existe a compreensão de que “as necessidades humanas subordinam-
se às vitais, devem realizar as ‘necessidades vitais’” e “que as variações culturais
existentes são apenas variações”. Aqui temos, para Mazzotti, a metáfora do ciclo
do tempo, isto é, “o eterno repetir (natural)”.31 Mas, por outro lado, busca-se por
tecnologia que garanta a sustentabilidade. Nesse caso, os ambientalistas “consi-
deram que as formas arcaicas de produção são menos produtivas, ainda que esti-
vessem ou estejam em harmonia com seus ecossistemas”. Ou seja, aqui teríamos a
metáfora da seta do tempo.32
23
MAZZOTTI, 2008, p. 60.
24
MAZZOTTI, 2008, p. 62.
25
MAZZOTTI, 2008, p. 63.
26
MAZZOTTI, 2008, p. 67.
27
MAZZOTTI, 2008, p. 69.
28
MAZZOTTI, 2008, p. 68.
29
MAZZOTTI, 2008, p. 73.
30
MAZZOTTI, 2008, p. 72.
31
MAZZOTTI, 2008, p. 78.
32
MAZZOTTI, 2008, p. 78-79.
41
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Se diz ainda que “a sociedade atual é artificial, logo não pode ser equili-
brada, que o equilíbrio é próprio do natural (saúde/saudável), que é o oposto do
artificial”.33 Mazzotti chama a atenção de que “sustentabilidade é uma meta po-
lítica, logo intencional, que tem por critério as necessidades humanas vitais e as
do ambiente. Sendo intencional, é tão artificial quanto quaisquer outras”. 34 Para o
autor, essa proposta, de uma “sociedade estável, sem lutas, sem guerras” tem cará-
ter utópico.35 E na negociação e solução do conflito sociedade-natureza, a última
sem voz, os ambientalistas aparecem como representantes, “advogados da natu-
reza”.36 São estes os educadores, pessoas capazes de apontar o percurso a ser se-
guido.37
Por último, no sexto capítulo, Mazzotti tratará da “História, como foro
da metáfora PERCURSO EDUCATIVO”. Na filosofia de “Hegel, história consiste
na “‘espiritualização’ do mundo natural, pelo que a natureza é afetada de fora, do
exterior, pela ação humana”.38 Já em Marx,
o processo histórico resulta das relações sociais dos homens ao efetivarem
o necessário: produzir e reproduzir a vida humana, donde as relações sociais
existentes serem o resultado de necessidades imperativas da vida, do estar
vivo, que requerem comida, abrigo e procriação.39
33
MAZZOTTI, 2008, p. 76.
34
MAZZOTTI, 2008, p. 80.
35
MAZZOTTI, 2008, p. 81.
36
MAZZOTTI, 2008, p. 83.
37
MAZZOTTI, 2008, p. 85.
38
MAZZOTTI, 2008, p. 87.
39
MAZZOTTI, 2008, p. 93.
40
MAZZOTTI, 2008, p. 95.
41
MAZZOTTI, 2008, p. 96.
42
MAZZOTTI, 2008, p. 96-97.
43
MAZZOTTI, 2008, p. 99.
42
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
44
MAZZOTTI, 2008, p. 102.
45
MAZZOTTI, 2008, p. 103.
46
MAZZOTTI, 2008, p. 104.
47
MAZZOTTI, 2008, p. 104.
48
MAZZOTTI, 2008, p. 107.
49
MAZZOTTI, 2008, p. 112.
50
MAZZOTTI, 2008, p. 113.
43
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
sobre ele, evita-se uma guerra que só tem uma saída: a extinção de uma das partes”.
Evitar a guerra, evitar a extinção do outro é “a atitude mais prudente”, é, de fato,
“a única adequada à sociedade democrática”.51 E isso é crucial.
51
MAZZOTTI, 2008, p. 113.
52
MAZZOTTI, 2008, p. iii.
53
MAZZOTTI, 2008, p. 1.
54
MAZZOTTI, 2008, p. 2.
55
MAZZOTTI, 2008, p. 16.
56
MAZZOTTI, 2008, p. 1.
57
MAZZOTTI, 2008, p. ii-iii.
44
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
58
MAZZOTTI, 2008, p. 20-21.
59
MAZZOTTI, 2008, p. 24.
60
MAZZOTTI, 2008, p. 10.
61
MAZZOTTI, 2008, p. 28.
62
MZZOTTI, 2008, p. 29.
63
MAZZOTTI, 2008, p. 83, 85.
64
MAZZOTTI, 2008, p. 72-73.
65
MAZZOTTI, 2008, p. 88.
66
MAZZOTTI, 2008, p. 53-54.
45
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
científico”, e foi só com a exposição do holocausto que o racismo passou a ser re-
pudiado na sociedade.67 Por se tratar de uma doutrina racista, havia o claro movi-
mento de um papel civilizatório de uma raça superior a outra inferior, e que o Es-
tado deveria assumir o papel de educador do povo, leia-se, de “aperfeiçoamento da
raça brasileira”.68
No pensamento de Hegel, em oposição, não há valorização do natural, pelo
contrário, o objetivo da educação é alienar a criança de sua subjetividade imediata,
sua animalidade, em direção à vida social, vida do espírito.69 No lugar de falar em
uma ordem universal, Hegel falava em um espírito absoluto que se concretiza na
história. Esse “ultrapassa cada povo histórico, está para além de cada comunidade
moral ou ética”.70 O elemento da relação desigual de educado e educando também
aparece aqui e está na figura dos indivíduos históricos, capazes de levar a história a
sua realização e que devem ser seguidos pelos demais. 71 A educação, em Hegel, não
pretende qualquer transformação social, mas sim sua conservação.72
Em Marx, diferente de Hegel, o movimento da história não é uma neces-
sidade do espírito, mas um processo de negociação das relações sociais e, especi-
almente, produtivas.73 Estas não são imutáveis ou traçadas em uma linha de de-
senvolvimento. Nisso ele se distingue de Hegel, para quem o espírito se desenvolve
em um movimento do Oriente, atraso, ao Ocidente, avanço, culminando, inclusive,
na cultura germânica produtora e produzida pela Reforma protestante.74
Embora não fosse conservador, mas revolucionário, Marx não produziu
um método revolucionário. Lenin, líder da Revolução Russa, propunha um papel
educador do partido revolucionário que deve apenas ser seguido pelas classes tra-
balhadores.75 Marx, por sua vez, acredita que a educação das classes trabalhadoras
precisa ser dirigida por elas mesmas; isso significa não submeter-se a outros inte-
resses, mas a seus próprios.76 Como a história, em Marx, não opera no campo da
necessidade, mas da possibilidade, ela tampouco pode traçar uma linha de desen-
volvimento da história: “o caminho se faz ao caminhar”. 77
67
MAZZOTTI, 2008, p. 57.
68
MAZZOTTI, 2008, p. 67.
69
MAZZOTTI, 2008, p. 48.
70
MAZZOTTI, 2008, p. 38.
71
MAZZOTTI, 2008, p. 41.
72
MAZZOTTI, 2008, p. 42-43.
73
MAZZOTTI, 2008, p. 93.
74
MAZZOTTI, 2008, p. 38-39.
75
MAZZOTTI, 2008, p. 96-97.
76
MAZZOTTI, 2008, p. 101.
77
MAZZOTTI, 2008, p. 103.
46
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Referência Bibliográficas
MAZZOTTI, Tarso. Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios.
Marília: Poïesis Editora, 2008, 117p.
78
MAZZOTTI, 2008, p. 111.
79
MAZZOTTI, 2008, p. 113-114.
47
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Introdução
O período escolar é obrigatório e de extrema importância para o desen-
volvimento infantil. Aescola é um ambiente que tem um papel valioso na sociedade,
que é contribuir para a formação social, cultural, moral e intelectual da criança. Ir
à escola é um acontecimento marcante na vida da maioria das pessoas, pois é lá
onde se criam memórias, constroem-se aprendizados e cultivam-se amizades que
podem durar a vida toda. (COLL; PALÁCIOS; MARCHESI, 1995). Assumindo a
perspectiva da criança enquanto sujeito histórico-cultural (VYGOTSKY,1994), as-
sim como a importância da interação social para a aprendizagem, podemos evi-
denciar a relevância do ambiente escolar para o desenvolvimento infantil.
Frequentar a escola e ter esse acontecimento como rotina foi a realidade
por muitos anos, entretanto, acontecimentos recentes alteraram essa realidade,
transformando aquilo que antes era essencial, em algo perigoso. A chegada do vírus
COVID-19 modificou a rotina dos alunos,transformando a ida à escola em uma im-
possibilidade, ao menos temporariamente. Este cenário também alterou a estru-
tura escolar, que precisou sofrer alterações bruscas, fazendo as aulas tomarem pro-
porções além do podíamos imaginar, em todos os sentidos. Com as aulas suspen-
sas por tempo indeterminado, a forma de lidar com esta nova realidade foram as
aulas remotas, transformando as lousas em telas e a restringindo a comunicação às
plataformas digitais.As casas dos estudantes se tornaram as escolas, e muitos pro-
1
Elaine Cristina R. G. Vidal é graduada em Letras (USP) e Pedagogia (Universidade Metodista/SP),
especialista em alfabetização (ISE Vera Cruz), com mestrado e doutorado na linha de pesquisa de Lin-
guagem, Psicologia e Educação (USP). Atualmente, é assessora pedagógica de redes públicas e privadas
de ensino e também professora no curso de Pedagogia da Universidade São Judas Tadeu – Campus
Unimonte. Atuou nessa pesquisa como orientadora.
2
Júlia Belo Albuquerque é estudante de Pedagogia na Universidade São Judas Tadeu – Campus Uni-
monte. Atualmente, trabalha como professora de Educação Infantil e desenvolveu essa pesquisa como
seu projeto de iniciação científica individual, sendo responsável pela pesquisa bibliográfica e de campo,
tendo Elaine Vidal como orientadora.
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
fessores acabaram por adentrar essas casas virtualmente, foram inúmeras adapta-
ções para tentar contornar esse cenário, e fazer deste até então pouco explorado
universo da educação virtual viável, o que ressignificoualguns aspectos sobre a cul-
tura escolar (KRAMER, 2005).
Toda essa transformação repentina trouxe seus efeitos na vida dos pro-
fessores, pais e principalmente das crianças, que tiveram que mudar brutalmente
sua rotina e conviver com esse novo cenário, fazendo-se instalar um cenário de
pânico (COLELLO, 2021). Compreendendo a relevância do ensino de forma pre-
sencial, é possível afirmar que sua falta causou impactos que ainda não podem se-
quer ser mensurados. Tal assunto ainda está sendo pesquisado, mas já podemos
observar alguns desses efeitos. Quem mais poderia ser ideal para falar sobre qual
foi o impacto dessas mudanças na vida das crianças, senão as próprias crianças?
Neste sentido, a presente pesquisa toma as próprias crianças como pro-
tagonistas deste processo, fazendo emergir suas vozes. Nas palavras de Demartini
(2001, p.2) “[entrevistar crianças] é a única maneira que se tem para desvendar al-
gumas questões. Não há outra forma ou método: ou se recorre às crianças, ou se
fica trabalhando sempre com a visão do adulto.”
Tomar a criança como sujeito, ouvindo sua percepção sobre esse fenô-
meno, significa entendê-la como sujeito histórico-cultural (VYGOTSKY, 1994).
Analisar suas percepções acerca do impacto do período de ensino remoto significa,
também, refletir sobre as transformações por que passa a cultura escolar (KRA-
MER, 2005). De acordo com Nóvoa (1995), essa cultura constitui-se na rede de
relações estabelecida pelos diferentes indivíduos que dela fazem parte (professo-
res, alunos, comunidade etc.). Cada membro participante da cultura escolar tem
seu papel revisitado a cada nova situação (PERRENOUD, 1995) e, certamente,
muitas mudanças foram ocasionadas pela pandemia e o distanciamento social, o
que justifica a realização de uma pesquisa dessa natureza.
Assim sendo, o trabalho busca mapear os impactos sentidos pelas crian-
ças durante esse período, refletindo acerca desses resultados e buscando ressigni-
ficar o período escolar pós-pandemia.
Objetivos
Objetivo geral
Levantar e analisar percepções infantis, de crianças dos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental, acerca do período de educação remota ocasionado pela pan-
demia do novo coronavírus (COVID-19).
49
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Objetivos específicos:
Mapear os sentidos atribuídos pelas crianças ao período de educação re-
mota, a partir de suas experiências individuais e coletivas.
Levantar possibilidades de ressignificação da experiência escolar pós-
pandemia, a partir dos impactos deixados pelo período de educação remota.
50
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Desenvolvimento infantil
Para Vygotsky, compreender a dimensão de desenvolvimento vai além de
analisar ideias associacionistas e mecanicistas. Para ele, o desenvolvimento hu-
mano é um fenômeno complexo que só é possível de compreender se o considerar-
mos historicamente. Vygotsky concebe o desenvolvimento como produto de
quatro planos genéticos que compõem a evolução humana: filogênese, ontogê-
nese, sociogênese e microgênese. A partir destesprocessos, podemos analisar as
relações entre o desenvolvimento infantil e a interação social.De acordo com a te-
oria de Vygotsky, não é possível separar o desenvolvimento psicológico do
desenvolvimento social e material e, segundo a psicologia sócio-histórica, o ser
humano é visto como ser ativo e social, que se desenvolve por meio da sua interação
com outros indivíduos e com o meio em que vive.
É através da cultura preexistente que se dá o desenvolvimento, a partir
do momento que o indivíduo se relaciona com a cultura já constituída ele se de-
senvolve por meios de suas experiências e também produz cultura. É por meio da
interação social que o ser constrói sua individualidade.
Concepções de aprendizagem
A concepção de aprendizagem interacionista considera que o indivíduo e
o meio exercem ação recíproca, ou seja, conforme o sujeito se relaciona com outros
e atua no mundo,o mundo social é constituído, assim se estabelecendo uma relação
de troca e transformação. Compreende-se, então, que esta teoria valoriza as expe-
riências para a formação de significados e produção de cultura.
Dentro da concepção interacionista, encontramos duas correntes: teoria
interacionista-construtivista (Piaget) e teoria sociointeracionista (Vygotsky). Se-
gundo a teoria interacionista-construtivista, a criança é um ser ativo que interage
com o meio, é vista como diferente do adulto em sua estrutura psicológica, e seu
desenvolvimento é dividido em quatro estágios (sensório-motor, pré-operatório,
operatório concreto e operações formais). Piaget também considera que os conhe-
cimentos da criança são construídos através da sua interação com o mundo.
Já de acordo com a teoria sociointeracionista de Vygotsky, a interação
também é o foco, entretanto, ela é valorizada no contexto sócio-histórico-cultural,
compreendendo a relação de reciprocidade entre o indivíduo e o meio que o cerca.
Para Vygotsky, é também pela interação com outros indivíduos mais experientes
que a criança se apropria ativamente dos conhecimentos culturais e sociais do
meio em que está inserida.
É importante ressaltar que a concepção interacionista, de forma geral,
considera tanto os aspectos inatos da criança quanto o desenvolvimento do ser
51
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
com a influência do meio, apresentando-se como uma teoria que contém um certo
equilíbrio comparada a outras. Sendo assim, interacionismo não enxerga o ser hu-
mano como um ser passivo em meio ao seu processo de aprendizagem, mas sim, o
coloca como ser ativo que busca seu aprendizado.
52
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Metodologia/método
Considerando a criança como sujeito histórico-cultural (VYGOTSKY,
1994), a pesquisa, de caráter qualitativo, buscou levantar e compreender a percep-
ção de 10 crianças matriculadas nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 3º
ano), através de uma entrevistasemiestruturada.
Em encontros individuais, presenciais (na ocasião da coleta de dados, as
escolas já haviam reaberto), com perguntas abertas, foi realizada uma entrevista
com cada uma das 10 crianças (vide anexo). As entrevistas foram semiestruturadas,
ou seja, havia um roteiro prévio de perguntas,mas este era flexível, podendo ser al-
terado de acordo com o encaminhamento no diálogo. Asentrevistas foram docu-
mentadas em áudio e, posteriormente, foram transcritas. Na análise dosdados, fo-
ram levadas em consideração não apenas as respostas dadas pelas crianças, mas
também a entonação usada, os gestos, expressões, hesitações etc, de acordo com
umaconcepção enunciativo-discursiva da linguagem. Para isso, utilizou-se o para-
digma indiciário (VIDAL, 2014).
Para contextualizar a fala das crianças, houve também, por ocasião da en-
trevista, um breve diálogo com seus responsáveis, a fim de melhor compreender os
dados que seriam trazidos por elas.
As dez crianças entrevistadas estavam matriculadas em escolas públicas
– as mesmas onde eram estudantes durante o período de distanciamento social.
53
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Oito delas frequentavam uma escola estadual na área continental de São Vicente
(SP), enquanto as outras duas eram matriculadas em uma escola municipal em
Praia Grande (SP). A faixa etária das crianças entrevistadas variou entre 6 anos e
7 meses e 8 anos e 5 meses, e todas cursavam os anos iniciais do Ensino Funda-
mental, especificamente, entre o 1° e 3° ano.
Segundo os pais das crianças entrevistadas, ambas as escolas possuem
uma boa infraestrutura e ofereceram aulas utilizando o ensino remoto, disponibi-
lizando links para acesso às aulas. Entretanto, apenas seis, das dez crianças entre-
vistadas, tiveram acesso a recursos domésticos para assistir às aulas. As outras
quatro crianças não puderam para acessar as aulas virtuais, seja por falta de dispo-
sitivos com acesso à internet em sua residência, ou por estes já estarem sendo uti-
lizados pelos responsáveis ou outros familiares.
Mesmo com a falta de acesso a dispositivos com acesso à internet, foi re-
latado pelos responsáveis que os educadores mantiveram contato utilizando as re-
des sociais pessoais, tanto para se manter em contato com os estudantes e famili-
ares, quanto para retirar suas dúvidas quanto às atividades a serem realizadas.
Conhecimentos prévios
Com o intuito de analisar os conhecimentos prévios quanto ao tema da
entrevista, o primeiro questionamento abordava a noção do conceito de uma pan-
demia e também do que era o vírus da COVID-19. Neste tópico, foi possível separar
as respostas em três categorias:
1. 50% das crianças entrevistadas compreendem parcialmente o que é
uma pandemia e o Covid-19.
2. 40 das crianças não compreendem o que é uma pandemia e
compreendem superficialmente o que é o Covid-19.
3. 10% das crianças compreendem totalmente o que é uma pandemia e o
covid-19.
Das crianças que compreendem parcialmente os conceitos apresentados
anteriormente,as respostas foram inconclusivas, fazendo menção às situações vi-
venciadas pelas próprias crianças, mas não conseguindo expressar o conceito
completo do que foi questionado, como ilustra a resposta da criança 4:
54
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
As pessoas ficam em casa e várias pessoas dizem que não pode sair decasa.
O Coronavírus é um vírus que pega as pessoas. Algumas pessoasconseguem
se curar e outras não.
Quanto às crianças que não compreendem os conceitos já descritos ante-
riormente, obtivemos respostas vagas e inconclusivas como o exemplo da resposta
da criança 6:
Eu não sei. É um negócio verde que deixa as pessoas doentes.
Já com relação às crianças que compreenderam completamente o con-
ceito de pandemia e do vírus da Covid-19, as respostas demonstraram assertivi-
dade e coesão, como a resposta da criança 5:
Uma pandemia é quando um vírus ataca o planeta e a gente tem que ficar
em quarentena, porque se a gente pegar o vírus a gente pode não resistir. O
Coronavírus é um vírus que tinha sintomas que a gente podiaficar internado
e até mesmo não resistir.
55
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UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Aulas virtuais
No que se refere às aulas virtuais e a opinião dos entrevistados, foram en-
contradas trêscategorias:
1. 50% das crianças entrevistadas tiveram aulas virtuais, mas não
gostaram.
2. 40% das crianças entrevistadas não tiveram aulas virtuais.
3. 10% das crianças entrevistadas tiveram aulas virtuais de que gostavam.
57
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Da categoria que contabiliza 30% das crianças que acreditam que a difi-
culdade de aprender com as aulas online foi o pior efeito deste período, podemos
utilizar como exemplo a resposta da criança 3:
Eu perdi muita atenção, por causa da aula online.
Das crianças que tiveram dificuldade com a falta de socialização, pode-
mos utilizar como exemplo a resposta da criança 10:
Eu não podia ver meus professores e nem meus amigos.
Da categoria das crianças que acreditam que o pior foi sentir falta da escola,
obtivemos respostas como a da criança 9:
[O pior foi] Que eu não podia ir pra escola, porque a escola é muito legal
e dá tempo para as mães ficarem arrumando a casa.
Segundo a categoria das crianças que não souberam responder, po-
demos utilizar comoexemplo a resposta da criança 4:
Isso eu não sei responder.
Por fim, da categoria das crianças que acreditam que o pior foi a doença,
tivemos respostas como a da criança 6:
[O pior foi] O Coronavírus.
60
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Das categorias citadas acima, para ilustrar as crianças que gostaram do re-
torno à escola e notaram diferenças estruturais, podemos usar como exemplo a
resposta da criança 3:
Me senti feliz. As coisas lá estão bem diferentes, nem parece o mesmo lugar,
a escola não é mais igual era antes.
Quanto à categoria das crianças que gostaram do retorno à escola e nota-
ram diferençasna rotina da escola, podemos citar a resposta da criança 10:
Eu gostei muito. Logo no começo a gente usava muito álcool gel e usavamás-
cara também. Que nos dias de calor era muito ruim.
No que se refere à categoria das crianças que gostaram do retorno à escola e
notaram diferenças de convívio e estruturais, obtivemos respostas como a da criança 7:
Me senti bem alegre, eu pensei que eu ia aprender mais, não ia ficar mais
com muita dúvida e pra mim ia ser bom. Algumas coisas sim e outras não.
Eles pintaram a escola e as professoras também não estãocomo antes, estão
explicando direito e não estão pegando no nosso pé.
A respeito da categoria das crianças que gostaram do retorno à escola e
não notaram diferenças, recebemos repostas como a da criança 4:
Eu gostei. Não [mudou nada], está tudo igual.
E, por fim, a última categoria inclui as crianças que não souberam
responder àpergunta, como a criança 4:
Eu não sei se gostei e não reparei nada diferente.
61
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
62
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
elas percebem como saldo positivo de sua aprendizagem. Afinal, aprender que
existem vírus, que a contaminação ocorre pela proximidade e que cuidados como
limpeza e máscara podem nos proteger também são aprendizagens importantes,
das quais boa parte das crianças brasileiras conseguiu se apropriar.
Ainda sobre a aprendizagem, é preciso ressaltar o quanto as crianças re-
lataram a dificuldade de “prestar atenção” nas aulas online. Esse dado indica que,
por mais que ferramentas tecnológicas possam aprimorar situações didáticas, é o
contato humano, a relação de proximidade entre professor e aluno que garantem
uma aprendizagem mais potente e significativa.
Em quarto lugar, destaca-se a mudança nas escolas. Não é possível ima-
ginar que as escolas fecharam-se em março de 2020 e reabriram entre o fim de 2021
e início de 2022 reiniciando do ponto em que pararam. Durante esse período, mo-
dificaram-se as famílias (algumas, inclusive, com perdas de pessoas queridas), mo-
dificaram-se professores e modificaram-se as crianças. Os sujeitos, portanto, tor-
naram-se outros. Mudaram também as escolas, muitas aproveitaram o período
para reformas, enquanto outras fizeram adequações para respeitar o distancia-
mento social. As rotinas escolares também foram alteradas, tanto pela necessidade
da manutenção do distanciamento, quanto pelo fruto das reflexões empreendidas
por professores e gestores durante esse período. É preciso falar com as crianças
sobre essas mudanças, dividir com elas os fatores que motivaram a decisão, pois
só assim garantiremos a sensação de pertencimento e o engajamento delas nas no-
vas rotinas.
Desta forma, a pesquisa colabora para uma retomada às aulas presenciais
consciente e respeitosa para com os estudantes. Que todos os docentes que com ela
tiverem contato possamgeneralizar os dados aqui obtidos, oferecendo a seus estu-
dantes espaço para o diálogo, acessoà informação e valorização de toda e qualquer
aprendizagem, independente de ter ocorrido dentro ou fora da escola.
Anexo
Questionário da entrevista individual
a) Muitas pessoas falam da pandemia do Coronavírus. Você sabe o que é uma pan-
demia? E o Coronavírus, o que é?
c) Na sua opinião foi certo as escolas ficarem fechadas por um tempo? Por quê?
d) Quem te contou que você não poderia ir para a escola durante algum tempo?
63
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
f) Enquanto a escola estava fechada, você teve aula online? Se sim, o que achava das
aulas desse jeito?
g) Enquanto a escola estava fechada, você viu seus amigos e professores de alguma
forma? Como?
h) Você fez atividades da escola enquanto ela estava fechada? Se sim, como e onde
você fazia? Tinha algum adulto para te ajudar nesse período?
j) O que você acha que foi o pior do período em que a escola esteve fechada?
l) Como você se sentiu quando retornou para a escola? As coisas estão diferentes
agora?
Referências Bibliográficas
COLELLO, S. M. G. Alfabetização em tempos de pandemia. In: Convenit Interna-
cional, n. 35. São Paulo: CEMOrOc- FEUSP, jan-abr, 2021.
DEMARTINI, Z. B., Infância, pesquisa e relatos orais. In: FARIA, A. L. G.; DE-
MARTINI, Z. B.; PRADO, P. D. Por uma cultura da infância: Metodologias de
pesquisa com crianças. Campinas: Editora Autores Associados, 2001.
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VYGOTSKY, L.S., A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994
65
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Introdução
A vivência na EJA (Educação de Jovens e Adultos) no sul do Brasil, espe-
cificamente, na região metropolitana de Curitiba/PR, no município de Pinhais/PR
aguçou a curiosidade de pesquisar a respeito das realidades dessas gentes, que
possuem o direito a uma educação de qualidade em todos os aspectos, porque “a
EJA é uma conquista da sociedade brasileira.” (HADDAD, 2007, p. 04).
Contudo, é relevante destacar que minha proximidade com o público da
EJA remete à minha infância baiana e as lembranças peculiares de contemplar a
labuta docente de avó e mãe professoras, em prol da aprendizagem de jovens e
adultos nas ambiências escolares hostis do sertão nordestino, no final da década
de oitenta, do século passado.
A oportunidade de trabalhar com os sujeitos da EJA como professora foi
sobretudo, um privilégio de quem tanto sonhou em ser útil na educação das pes-
soas que abruptamente foram excluídas de um sistema social, o qual herdou ca-
racterísticas de uma colonização escravocrata, as quais exacerbam os preconcei-
tos e as poucas possibilidades de desenvolvimento justo e igualitário para tantos
cidadãos desta nação.
Fiz parte da Seção de Apoio à Gestão Pedagógica (SEAGP), na Secretaria
Municipal de Pinhais/PR, sendo que uma de minhas tarefas era auxiliar na gestão do
trabalho com a EJA deste município, no qual fui servidora pública nos anos de 2013
a 2022. Esta experiência ampliou ainda mais o olhar mediante as possibilidades de
estudar/pesquisar sobre a EJA, numa perspectiva de contribuir para que a realidade
desses e dessas estudantes seja mais amena frente os desafios do aprender.
1
Professora Mestre no Instituto Federal do Paraná (IFPR), Campus União da Vitória/PR. E-mail: eli-
ana.bastos@ifpr.edu.br
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2
Título da Dissertação de Mestrado - Formação Docente: por uma atuação humanística na Educação
de Jovens e Adultos. Disponível em: <https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/co-
leta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.xhtml?popup=true&id_trabalho=9086569>
Título do Produto Educacional – Prática humanística no cotidiano da EJA. Disponível em:
<https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/565023>
3
Definição do Ministério da Saúde: a covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo corona-
vírus SARS-COV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. Dis-
ponível em: <www.ministeriodasaude.com.br>
4
EJA fase I – 1º ao 5º ano do ensino fundamental. A fase I da EJA é responsabilidade do poder municipal.
5
O termo SUJEITO deve ser considerado ao longo de todo o texto para contemplar os aspectos femi-
ninos e masculinos.
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tenras infâncias, este é um fato dentre muitos outros que permeiam a vida de tais
sujeitos, os quais chegam à fase da vida jovem, adulta ou idosa sem possuírem co-
nhecimentos básicos para constituírem uma vida mais autônoma e/ou digna na
vigente sociedade capitalista brasileira.
Destarte, o olhar do/a docente na EJA precisa ser humanizador, buscando
sempre ter uma postura acolhedora frente as reais necessidades dos sujeitos, com-
preendendo suas histórias, com o intuito de adaptar conteúdos relevantes para as
especificidades dos/as estudantes, estimulando estes a desenvolverem-se com au-
tonomia, a fim de que possam realmente atuarem em seus ambientes de vivência
com criticidade e protagonismo.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA (DCNs) versam sobre os
princípios da equidade, diferença e proporcionalidade, sendo que esta modalidade
educacional é denominada como reparadora, equalizadora e qualificadora. Essas in-
ferências legais sobre a EJA subsidiam o trabalho pedagógico humanizado, compre-
endendo que os sujeitos precisam ser respeitados em suas singularidades, ou seja,
todos/as os/as profissionais da educação envolvidos no trabalho educacional com o
público da EJA necessitam entender que a valorização do humano é a premissa da
constituição significativa do processo de ensino e aprendizagem. (BRASIL, 2013).
Para tanto, faz-se imprescindível refletir sobre o papel da escola na vida
desses sujeitos estudantis, sendo que estes buscam novos “rumos” para suas vidas
em seus retornos para o estudo, quer seja a dignidade de “ler a placa de um ônibus”,
ou mesmo condições melhores no mercado de trabalho mediante um certificado
de conclusão do ensino fundamental, por exemplo, e assim por diante, são inúme-
ros os relatos de educandos/as da EJA que seria possível destacar neste interim,
porém, o que se busca enaltecer é a prioridade que a escola precisa propiciar para
o trabalho humanizado, a fim de conhecer e reconhecer os anseios e/ou necessida-
des do seu público, visando construir atitudes inovadoras para a concepção de
aprendizagens significativas aos seus educandos e suas educandas.
Destarte, é impreterível refletir como profissionais da educação acerca
dos processos que permeiam a formação integral do/a estudante da EJA, e, coleti-
vamente, pensar e agir em prol de ações que atendam as especificidades deste pú-
blico na contemporaneidade, neste sentido os ideários de Alarcão (2000) corro-
boram com tal discussão, pois a mesma destaca que todo o âmbito escolar precisa
exercer a reflexão sobre suas ações, para então, praticar uma educação mais hu-
mana perante as necessidades reais de seus e suas estudantes:
Uma escola reflexiva, em desenvolvimento e aprendizagem ao longo da sua
história, cria-se pelo pensamento e prática reflexivos que acompanham o
desejo de compreender a razão de ser da sua existência, as características
da sua identidade própria, os constrangimentos que a afetam e as potencia-
lidades que detém. (ALARCÃO; 2000, p. 17).
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humano em suas singularidades, a fim de que àqueles sintam-se capazes e/ou moti-
vados a realizarem os seus processos de aprendizagens com protagonismo.
Os idearios de Hooks (2013, p. 24 e 25) subsidia a prática da educação
humanística quando diz que: “Ensinar de um jeito que respeite e proteja as almas
de nossos alunos é esencial para criar as condições necessárias para que o apren-
dizado possa começar do modo mais profundo e mais íntimo.” Destarte, realizar o
trabalho com a EJA exige a humildade de se colocar no lugar do outro, conhe-
cendo-o em suas características mais peculiares, buscando sempre um diálogo
autêntico com o sujeito, o qual se propõe aprender o conhecimento sistemático,
independentemente de suas condições rudimentares de vida.
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Considerações finais
No bojo da realidade educacional pós-pandêmica em que os sujeitos fo-
ram atingidos de alguma maneira pelo período caótico que o Covid-19 causou nas
suas vidas, por acontecimentos trágicos em suas famílias ou em suas comunidades,
faz-se relevante pensar a educação sob a ótica humanística, compreendendo as
singularidades das pessoas em toda a interação educativa, a fim de que as ações
e/ou estratégias pedagógicas possam ser exitosas.
Desta feita, busca-se contribuir com reflexões que sejam propagadoras de
conhecimentos mais críticos e autônomos, os quais possam aguçar a construção
de processos de aprendizagens libertadoras para todos e todas que buscam a EJA
como uma possibilidade de crescimento pessoal e/ou profissional.
A relevância da prática docente humanizadora para a formação integral
do/a estudante da EJA na sociedade contemporânea é algo que permeia toda esta
discussão, pois entende-se que mais do que nunca, é preciso humanizar os proces-
sos de estudos, as ações, as relações, as políticas públicas, enfim, tudo e todos/as
que estão a favor do conhecimento transformador de vidas, acreditando assim, na
potência da educação revolucionária que pode ser concretizada por intermédio de
homens e mulheres que se propõem a interagir nas realidades adversas e/ou opres-
soras do público da EJA.
Em Paulo Freire é possível encontrar alento para os anseios de uma alma
educadora que resiste pertinazmente após este período pandêmico: ”(...) a de me
entregar a uma prática educativa e a uma reflexão pedagógica fundadas ambas no
sonho por um mundo menos malvado, menos feio, menos autoritário, mais
democrático, mais humano.” (FREIRE, 2001, p. 17). {Grifos nossos}.
Quiçá, possamos persistir na discussão dialética em prol de ações e es-
tratégias educacionais que estejam comprometidas na inclusão de todos e todas
no processo de aprender coletivamente, visando assim, contribuir na constituição
de práticas educativas mais humanizadoras, em suma, libertadoras, que capacitem
os sujeitos a serem protagonistas de suas histórias e, assim, possam atuar na fei-
tura de um mundo menos desumano.
Sobretudo, sublinha-se a postura docente humana como ponto fundante
no processo de uma educação democrática, em que o desenvolvimento integral
do/a estudante seja o objetivo de toda a ação pedagógica, a qual esteja estruturada
na realidade da instância educativa, de modo que as estratégias de ensino e apren-
dizagem atendam os anseios reais da comunidade vigente, a fim de que aconteça
veementemente, transformações revolucionárias na vida das pessoas, e que estas
por sua vez, contribuam com a mudança que almejamos ver no mundo.
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UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Referências Bibliográficas
ALARCÃO, Isabel. Escola Reflexiva e nova racionalidade. Organização de Isabel
Alarcão. Porto Alegre: Editora Artmed, 2001.
BACICH, Lilian. NETO, Adolfo Tanzi. TREVISANI, Fernando de Mello. Ensino Híbrido:
personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
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<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_ba-
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UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1977.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 27ª ed. Rio de Janeiro: Editora Paz
e Terra, 2003.
FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha práxis. Direção,
organização e notas Ana Maria Araújo Freire. 2ª ed. São Paulo: Editora UNESP, 2003.
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
HADDAD, Sérgio. Por uma nova cultura na Educação de Jovens e Adultos, um balanço
de experiências de poder local. 30ª Reunião Anual da Anped. Trabalho encomendado
pelo GT 18. Caxambu, 2007. Disponível em: <http://www.anped.org.br/sites/default/fi-
les/trabalho_encomendado_gt18_-_sergio_haddad_-_int.pdf>
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A EDUCAÇÃO E A INOVAÇÃO
Introdução
A maioria das vezes, nós educadores temos uma visão de conhecimento
como um conceito de educação, ou seja, o sinônimo, ou mesmo quem sabe a pró-
pria educação. A educação diz respeito basicamente ao processo de Ensinar e
Aprender, de uma forma ampla, onde precisamos correlacionar tudo que existe
como os hábitos, costumes, competências, comportamentos e os valores de uma
sociedade que são transferidas de geração em geração, de acordo com a evolução
da coletividade. Por esta razão, mesmo que a educação e o conhecimento fossem
verdadeiramente sinônimos, podemos dizer que não há sinônimos perfeitos. Po-
demos afirmar que toda educação é uma forma de conhecimento, mas sabemos que
nem todo conhecimento poderá ser considerado educação.
A arte de ensinar os conhecimentos e práticas usadas na sociedade para
desenvolver a civilidade está inserida na transformação da educação, desse modo,
entende-se que a educação e as experiências escolares exercem grande influência
no desenvolvimento humano e nas práticas sociais, o que viabiliza a vida em soci-
edade e a sua evolução, pois entendemos que através da educação é que buscamos
a mudança no mundo, que somente ela pode nos permitir. A escola também tem o
poder de desenvolver os conhecimentos, capacidades e habilidades para nos tor-
nar seres conscientes e críticos. Entretanto a educação vai muito mais além, pois
tem a capacidade de transformar a vida das pessoas, por isso, para os pensadores
o papel da educação escolar deve ser o de elevar assim crítica dos trabalhadores,
1
Doutoranda em Ciências da Educação (2019), Mestrado em Ciências da Educação (2013), revalidação
pela Universidade Federal do Ceará, graduação em Licenciado em Pedagogia pela Universidade Regi-
onal do Cariri (2005), Filosofia pela Faculdade Evangélica do Meio Norte, e em Formação Teológica
pela Faculdade de Teologia Hokemãh (2005), Especialização em Metodologia Inovadora aplicada a
Educação pelo Centro Universitário Internacional e em Formação Pedagógica com ênfase na Educação
Profissional.
2
Bacharel em Direito pelo Centro Universitário UNDB (2019). Graduanda em Ciências Sociais - Li-
cenciatura pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Pós-Graduanda em Direitos Humanos,
Responsabilidade Social e Cidadania Global pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS).
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
articulando assim uma educação não escolar, defendendo e dando direito a trans-
formação social estrutural em todas as esferas da vida humana, nesse sentido, a
escola, desempenha muito bem esse papel de ajudar a desenvolver esse pensa-
mento crítico do aluno para suas percepções de mundo, potencializando assim, a
sua capacidade intelectual baseando-se em ações associadas ao ambiente escolar,
familiar e social.
A educação é poderosa! É uma abertura para a qualidade de vida, de co-
nhecimento e de transformação social. Por meio dela temos a integração da tecno-
logia de informação e comunicação possibilitando, a construção do conhecimento
através da escrita, reescrita, troca de ideias e experiências, sem falar que empatia,
solidariedade e ética fazem parte desse currículo.
A inovação chegou como um processo de trabalho que precisa ser, em
conjunto com a participação de professores, métodos de ensino e como principal
foco as novas formas de comunicação para com os estudantes e toda a comuni-
dade. Inovar na educação vai além da tecnologia, é o desenvolvimento e as mudan-
ças proporcionando ao individuo diversas habilidades e tornando-o mais criativo,
proativo, enfim participativo, com a certeza que inovar é usar o espírito da inves-
tigação.
O poder da educação
A educação é o caminho mais certo na construção de um futuro promis-
sor na vida do ser humano, por meio dela transformamos vidas, além alcançar as
esferas social e cultural proporcionando-nos mudanças de cenário. Ela nos per-
mite a compreensão do mundo nos torne pessoas mais críticas e também consci-
entes na busca da melhoria e promoção da igualdade social, como transformação
da vida desta geração de jovens, com a finalidade de potencializar a capacidade
intelectual através do desenvolvimento a partir do ensino e da aprendizagem.
Acreditar na educação é ter uma visão do futuro promissor e valorizar o melhor
passado em busca de dias melhores, incluindo competências que vão além do
consciente intelectual englobando tudo que nos faz crescer como ser humano no
nosso currículo de vida nos levando a uma carreira de sucesso no poder de trans-
formação que sempre buscamos em prol da nossa vida, pois ela é imprescindível
para a organização e principalmente para a inclusão social, nos ajudando assim a
entender, conhecer e conviver com os outros, sendo tolerante e conscientes que
somos diferentes, mais que precisamos conviver juntos, do ponto de vista se ne-
cessário da autoajuda, deixamos para trás alguns costumes para assumir novos.
Segundo Gadotti, a educação precisa ultrapassar todas as barreiras e ser
vista como um dos elementos de uma educadora, isso sempre prevendo uma edu-
cação integral e de qualidade, sempre pensando em todos os ângulos necessários
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para que tenhamos resultados de qualidade, pois o nosso aluno precisa ser visto
como um ser humano. A integridade do saber está relacionada a vários itens que
se implica na politicidade do ato educativo proporcionando assim valores, princí-
pios e ética. Ele ainda retrata que a escola precisa formar os alunos para a cidada-
nia, para que assim tenhamos uma construção de uma nação com a participação
de todos com seus direitos e deveres, pois a maior importância da educação é a de
conscientizar o aluno que a escola é o espaço de ensinar e preparar para o mundo
e assim participar da transformação da educação. Para Paulo Freire, educar é cons-
truir, ou seja, é o processo de criação do sujeito ativo e participativo com a possi-
bilidade de trazer a educação ao reconhecimento de uma história, na realidade de
hoje com a perspectiva do futuro, e a partir da vivência e experiências dos educan-
dos no seu dia a dia que inserimos eles no processo educacional, propondo assim
mudanças nas práticas pedagógicas no ato de valorizar cada vivência da identi-
dade cultural, pois um dos maiores desafios da educação crítica e reflexiva está em
promover a relação entre ele e os outros. Assim ele diz:
“experiência de assumirem-se como ser social, ser pensante e realizador de
sonhos, assim transformador, capaz de ter raiva e capaz de amar” reconhe-
cendo-se como sujeito” (FREIRE, 2007, P. 41. A)
É através dos educandos que nasce o movimento e a liberdade e com isso
a pedagogia que é elaborada com o sujeito despertando assim a luta pela transfor-
mação, sendo capazes de comparar, de decidir e acima de tudo serem seres éticos.
A educação não pode ser imposta, ela é o resultado de uma ação do educador,
sendo dinâmico e criador de possibilidades para que o sujeito crie o seu próprio
conhecimento, ganhando a força de transformação e liberdade. Sabemos que, o ato
de educar transforma os pensamentos e as ações, transformando o cidadão, ele que
será capaz de transformar o mundo. A educação é, portanto, o processo social e
que não pode ser entendido de maneira fragmentadas, mais como uma prática so-
cial, envolvendo aspecto valorativos, culturais, políticos e econômicos. A educação
é o caminho assertivo, ou seja, é vista como a ferramenta que é importante na cons-
trução de um mundo melhor, é através dela que reduz as desigualdades sociais
existentes no mundo, libertando o ser humano.
O que é educar?
É uma preparação constante do ser humano com o intuito de preparar-
mos para uma vida melhor. Iniciamos este processo nas famílias em preparar as
crianças para o estudo, seguindo com uma visão de mercado de trabalho e assim
sucessivamente. A família e a escola em cooperação com um único objetivo que é
a educação. Nossa vida nesse mundo teria sido muito mais difícil se tivéssemos
que aprender tudo isoladamente, e essa junção de família e escola nos proporciona
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bem comum, precisamos acreditar que a educação e no futuro, mas que também
valoriza o melhor do passado. Ela é algo importante na formação do cidadão na
construção de uma sociedade mais igualitária no que diz respeito aos seus direitos
e deveres, ajudando a direcionar os comportamentos e influenciando na formação
do ser humano e da comunidade, pois é necessário que tenhamos a consciência de
que a educação não se restringe à transmissão de conhecimento, e sim, é uma pre-
paração e aprimoramento do senso crítico, aperfeiçoando habilidades e competên-
cias úteis na vida pessoal e profissional, Como diz Libânio:
“A escola forma sujeitos preparados para a sociedade, e eles precisam da ci-
ência, cultura, arte, ter autonomia e desenvolver capacidade cognitiva para
poder apropriar-se do que é oferecido pela ciência e pela tecnologia em favor
do seu bem estar na sua vida, no trabalho e no seu crescimento pessoal” (LI-
BÂNIO v. 38. n,1. p. 13-28, 2012).
A educação direito de todos, visando uma aprendizagem por meio do en-
sino desenvolvendo assim a potencialidade e capacidade intelectual do indivíduo.
Ela compreende o desenvolvimento da autonomia, aprimorando assim suas habi-
lidades e suas competências auxiliando na sua formação do conhecimento e com-
portamentos. Por meio dela que também tem a relação e a compreensão de como
funciona a sociedade em que estamos inseridas.
Investir na educação é de suma importância pois garante ao individuo
exercer a cidadania alcançando o seu pleno desenvolvimento e seu senso crítico,
garantindo a dignidade de uma sociedade.
Educação tradicional
O ensino tradicional foi criado com o intuito de universalizar o conheci-
mento entre a população, com o objetivo principal de preparar os alunos para a
convivência social, priorizando a sociedade em que cada um está inserido, ou seja,
preparando o nosso aluno para o convívio social. Na educação tradicional o pro-
fessor é o sujeito ativo no processo do ensino-aprendizagem, onde o mesmo tem a
oportunidade de repassar o seu conhecimento aos seus alunos, ela teve início no
século XIX, e ainda hoje no século XXI ela perdura suas raízes, onde o ensino vai
do abstrato ao concreto, do geral para o particular, ou seja, o professor é autoritá-
rio e transmite um saber fragmentado, desfocado do contexto. Jean Piaget (1896-
1980) defendeu a ideia de uma aprendizagem espontânea e natural, onde a escola
não deveria utilizar somente o currículo e sim observamos as crianças direto do
contexto geral dos seus conhecimentos e individualmente, aproveitando e valori-
zando todos os seus conhecimentos, assim estimulando e incentivando a formação
do nosso aluno.
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Considerações finais
A educação tem uma fundamental importância na sociedade, possibili-
tando conhecimentos e contribuindo para o convívio social. Ela nos permite que
tenhamos a consciência que somos sujeitos e que temos direito garantidos por lei
de termos uma educação de qualidade, onde ela perpassa o desenvolvimento hu-
mano por meio do ensino-aprendizagem, potencializando a nossa capacidade in-
telectual, nos tornando autoconfiantes para convivermos com o sucesso, com as
mudanças e os grandes desafios tanto na escola como fora dela.
86
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Referências Bibliográficas
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eletrônico. Maria Lúcia de Arruda Aranha. São Paulo. SP.2012
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DINIZ, S. N. F. O uso das novas tecnologias em sala de aula. Universidade Federal de Santa
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FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 30ª ed.; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 21ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
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LIBÂNIO, José Carlos. O dualismo perverso da escola pública brasileira: a escola do conhe-
cimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres, educação e Pesquisa, V.
38, n.1.p.13-28,2012.
87
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NÒVOA, Antônio. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente, cadernos
de pesquisa, vol 47(116). pp. 1106-1133. 2017.
88
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Introdução
Atualmente as ações diárias das nossas vidas apresentam necessidade de
ligação com os processos tecnológicos que estruturam as chamadas mídias sociais.
Desta forma, é possível dinamizar o fluxo de disseminação e recepção das infor-
mações que pautam o nosso cotidiano. Viver conectado à internet, através de um
dispositivo móvel, preferencialmente o celular, tornou-se algo necessário diante
das demandas contemporâneas, o que tem facilitado, determinante, não só as
questões comunicacionais, mas nossas ações laborais.
A quantidade de informações cada vez maior, nos faz crer que cada notí-
cia é sempre ultrapassada. Com o surgimento das Redes Sociais diversas informa-
ções são expostas para uma rede de usuários as quais podem ser compartilhadas e
as mesmas geram impactos para a sociedade com a publicação de imagens e vídeos
o que é possível graças o surgimento de diversos dispositivos móveis.
A tecnologia é responsável pelo amplo desenvolvimento das informações,
fazendo com que sejam transmitidas às pessoas através de dispositivos móveis,
onde uma série de softwares são disponibilizados para uma diversidade de plata-
formas e, desta maneira, os múltiplos aplicativos representantes dessas redes, a
exemplo do Instagram, atualmente uma das mais utilizadas no Brasil, cumprem as
1
Especialista em Gestão de Marketing e Mídias Digitais pelo Centro Universitário de Patos; Jornalista,
graduada pelo Curso de Bacharelado em Jornalismo do Centro Universitário de Patos – UNIFIP.
2
Doutorando em Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – ULHT/Lis-
boa; Mestre em Ciências da Educação ULHT/Lisboa; Docente e Coordenador do Comitê de Ética em
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do Centro Universitário de Patos – UNIFIP/PB; Pesquisador vin-
culado ao Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento da Universidade Lu-
sófona de Humanidades e Tecnologias – CeiED/ULHT.
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Caracterização do Instagram
Criado pelos engenheiros Kevin Systrom3 e Mike Krieger4, o Instagram foi
apresentado ao mundo, como potencial ferramenta comunicacional, no escopo das
chamadas mídias sociais, em 06 de outubro de 2010. Sua perspectiva de uso era
gerar sensações/emoções em seus usuários no tocante ao compartilhamento ins-
tantâneo de fotografias, bem como significações de memórias imediatas diante
dessas imagens, cuja justificativa, por parte dos seus criadores buscou como me-
táfora o efeito polaroid, em alusão às máquinas homônimas, cujo resultado era o
efeito de ver a fotografia segundos após a captura da imagem, ou click, numa época
em que, via de regra, as fotografias, após realizadas, precisavam ter os seus negati-
vos encaminhados para laboratórios, no intuito da revelação das imagens. Só, de-
pois desse processo, era possível verificar o momento fotografado. Com as câmeras
polaroides, a verificação era imediata.
Desenvolvido para aplicar atividades práticas o aplicativo é uma rede so-
cial que reúne várias funções que vão desde captação de imagens, vídeos, localização
do usuário e o compartilhamento de arquivos e diante dessa junção de possibilida-
des o que chamou mais a atenção dos programadores foi a expressividade das fotos,
fazendo com que os usuários estejam em contato com as pessoas através das mídias
existentes, pois ao acessar a rede social Instagram todos os usuários alcançam a
oportunidade de ter contato com as publicações dos diversos usuários uma vez que
este aplicativo é gratuito o que garante um acesso amplo para todas as pessoas.
Para a realização das publicações através da rede social Instagram, os usuá-
rios compartilham imagens e vídeos em tempo real para uma série de usuários co-
nectados a conta pessoal de quem está exibindo o conteúdo e através dessa atitude
todas as informações geradas são expostas em rede. O crescimento de usuários do
Instagram vem da necessidade de aproximação social aliado ao aumento de pessoas
utilizando Smartphones o que possibilita uma interação global, ou seja, o acesso à tec-
nologia é a grande responsável pelo crescimento das redes sociais, desta forma, não
é diferente às aplicabilidades e relações do Instagram.
Existente na plataforma iOS, sistema operacional em vigor da Aplle, imple-
mentado nos Iphone no Ipod Touch e no Tablet, enfim o Instagram é utilizado por qualquer
91
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usuário que tenha acesso aos dispositivos móveis, conectados a uma Play Store, dispo-
nibilizada pelo Google Play. Ao acessá-la, o usuário baixa o aplicativo de forma gratuita
e logo em seguida faz o cadastro o que o torna disponível para utilização. Com o tempo
o Instagram migrou para outras plataformas tais como Android e Windows.
Inicialmente, o aplicativo Instagram estava disponível exclusivamente
para App Store, Google Play e Windowns Phone Store. Em abril de 2012 foi habilitado ao
suporte para Androids com câmera, no ano seguinte, foi liberado para o Windows
Phone, com a possibilidade do usuário ter acesso mais rápido aos seus serviços.
O acesso à tecnologia que fornece suporte aos internautas para criação de
uma conta no Instagram, possibilita a troca de conteúdo desde imagens criadas pelo
usuário até a gravação de vídeos havendo assim uma troca de informações em rede.
Atualmente, usuário pode publicar fotos instantâneas e compartilhar em
outras plataformas e a visualização das imagens é liberada para o público o que
pode ser diferente mediante o usuário opte pela conta privada que exige que o
usuário receba uma autorização prévia para ver as postagens.
Uma década após a sua criação, o Instagram tornou-se ferramenta impor-
tante em oportunidade de negócios, ocupando atualmente posição de destaque
entre as principais redes sociais em uso5. Este fato, deve-se as possibilidades/po-
tencialidades de interação com os usuários, corroborando como eficaz instru-
mento para estratégia de vendas e negociação de bens e serviços, para empresas,
empreendedores individuais e espaços relacionados ao terceiro setor.
O Instagram é uma rede social muito visual ou seja o texto é a segunda
opção diante do impacto que o campo visual causa no usuário à primeira vista, os
filtros que o aplicativo disponibiliza para formatar as imagens que são novas for-
mas de contar a história através da foto e a maneira de interação entre os usuários
é o grande segredo do sucesso em que a interação ocorre por meio de curtidas,
marcações , comentários e mensagens diretas além das hastags6 que direcionam
imagens e vídeos específicos por assunto.
5 O Instagram ocupa o 6º lugar na escala das redes sociais mais utilizadas do mundo e no Brasil foi
considerada em 2019 a rede social com maior poder de engajamento entre os usuários, ocupando o 1º
lugar em número de usuários ativos, conforme informações disponíveis em: https://www.maioreseme-
lhores.com/maiores-redes-sociais-do-mundo/ .
6 Hashtags são palavras-chave (relevantes) ou termos associados a uma informação, tópico ou discussão
que se deseja indexar de forma explicita. São compostas por palavras-chave do assunto antecedida pelo
símbolo cerquilha (#), conforme informações verificadas em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hashtag.
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O Brasil está entre os países que mais utilizam o Instagram para fins comer-
ciais, o que contribui com o processo de aproximação entre empresa/vendedor com
o consumidor/cliente. Isso fortalece a ideia defendida por Martins (1999, p.46), no
que diz respeito aos processos facilitadores em atingir o público alvo, partindo do
ponto de venda, tecnicamente conhecido como distribuição, colocando-se em
acesso mais facilitado aos seus potenciais consumidores. Com a popularidade do
Instagram as empresas caminham para uma aproximação mais fortalecida uma vez
que o sucesso dos negócios é divulgar o produto através de mecanismos mais
econômicos que levam informações sobre a empresa para uma grande quantidade
de consumidores e acima de tudo com baixo custo e este é o grande motivo para
essa parceria de sucesso entre empresas e as redes sociais. De acordo com pesquisa
da plataforma Maiores & Melhores, responsável em avaliar índices de aceitação de
conteúdos disseminados pela web, 83% dos usuários de redes sociais seguem al-
guma empresa ou marca, 43% afirmam que compram algum produto ou serviço que
conheceu no Instagram já 47% compram produtos através de indicações de pessoas
que viram a informação no Instagram.
Dentre as diversas redes sociais o Instagram ocupa o 6º lugar no Ranking
das mais aceitas mundialmente para o registro de imagens e vídeos, o que lhe con-
figura como uma das maiores redes sociais do mundo. No Brasil o Instagram chegou
em 2019 a ser considerada a rede social mais utilizada pelos usuários, pois o nível
de engajamento do Instagram é superior as demais redes sociais e este é um fator
determinante para que as diversas empresas anunciem nesta rede social. O Insta-
gram possui muito mais interação entre os seguidores e é justamente esse fato que
o torna estratégico para muitas empresas: geração de engajamento (MLABS, 2017),
sendo uma rede social muito visual o que deixa o texto em 2º plano agindo en-
quanto complemento da imagem deve ser o foco das informações expostas pela
rede social.
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7 Os países aliados para a conferência foram China, Reino Unido, Estados Unidos e antiga União So-
viética, conforme informações verificadas em: https://www.infoescola.com/geografia/unesco/
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UNESCO evidencia dá prioridade para imagens em defesa das causas sociais, cul-
tura, política e meio ambiente.
Há uma quantidade de postagens explicativas, neste caso o destaque é
para as Fake News em que a resposta é elaborada e exposta na página principal para
dar uma resposta ao mundo sobre determinado assunto que não condiz com as
ideias defendidas pela UNESCO. Os destaques contidos na parte superior da pá-
gina, separam os conteúdos por relevância e atualizações mais recentes e o Conte-
údo Orgânico8 presente nos Stories9 são imediatos e permanecem na página por 24h.
As ações empreendidas pela UNESCO são referências para o mundo nos
contextos de preservação aos Direitos Humanos e à vida. Isso norteia muitas ins-
tituições do chamado terceiro setor, que através da utilização de ferramentas do
Marketing Social contribuem com valor ao conteúdo exposto no Instagram oficial, o
que fortalece as suas ações por todo o planeta.
FIGURA 1
8 Conteúdo Orgânico: O alcance orgânico no Instagram é um indicador para saber o quão longe seu con-
teúdo consegue chegar. Atingir seus seguidores não é o limite: você pode viralizar e impactar até quem ainda não
segue a sua empresa. Conforme informações verificadas em : https://www.marketingnasredessociais.com.br/au-
mentar-seu-alcance-organico-no-instagram/#:~:text=O%20alcance%20org%C3%A2nico%20no%20Insta-
gram,sua% 20estrat%C3%A9gia%20de%20marketing%20digital.
9 Stories : é uma ferramenta da rede social que permite a publicação de fotos ou de vídeos de até 15 segundos. Essas
postagens ficam disponíveis por 24 horas e, quando atingido o limite, são apagadas da rede e ninguém mais
pode visualizar. Conforme informações verificadas em : https://enotas.com.br/blog/instagram-stories/
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FIGURA 3
Conclusão
O grande objetivo das Organizações Não Governamentais é promover a mobili-
zação da comunidade para dar visibilidade as ações empreendidas pelas instituições
que lutam pela melhoria na qualidade de vida para a população e caminha para a
promoção da igualdade entre os povos.
As informações contidas no Instagram das três instituições pesquisadas
apontam que a exposição do cotidiano e das atividades elaboradas internamente
tem o objetivo de entregar o real sentido da missão de cada organização e fazer com
que os futuros colaboradores sejam instigados a conhecer mais detalhadamente as
atividades de cada instituição.
Com o objetivo de analisar as contribuições através da inserção de estraté-
gias de Marketing Social para cada postagem no Instagram da UNESCO, ABRINQ e
CASA PEQUENO DAVI (PB), as mudanças sociais foram constatadas e perceptíveis
através da quantidade de visualizações, curtidas e comentários de cada postagem.
Foi feito um estudo de caso na FUNDAÇÃO CASA PEQUENO DAVI (PB),
e através das respostas enviadas pela Assessoria de comunicação da mesma o ob-
jetivo da instituição está bem claro comparado ao conteúdo publicado nas posta-
gens da rede social, comparando as atividades desenvolvidas pela UNESCO e da
FUNDAÇÃO ABRINQ, compreende que o Marketing Social contribui efetivamente
na promoção das mudanças em sociedade uma vez que as instituições entregam
responsabilidade com um conteúdo consciente e bem planejado de acordo com a
missão de cada instituição.
Comparando as atividades de cada instituição e os respectivos impactos
gerados por elas através do Marketing social aplicado para as postagens ao Instagram,
torna-se seguro afirmar a missão de cada instituição é apresentada aos usuários da
internet com uma valoração no sentido das postagens o que significa que o resul-
tado de cada postagem atende ao real objetivo de cada organização do terceiro
setor sendo comum entre as três o provimento de uma melhor qualidade de vida e
benefício social.
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Referências Bibliográficas
ALBUQUERQUE, Antonio Carlos Carneiro de. Terceiro setor – História e gestão das or-
ganizações. São Paulo: Summus, 2006.
GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais e educação. São Paulo: Cortez, 1999. Dispo-
nível em: https://brapci.inf.br/_repositorio/2010/11/pdf_
50e4633462_0012933.pdf. Acesso em 18 jun. 2020.
GONZAGA, Natalia. Como usas hashtags para obter sucesso nas campanhas de marke-
ting digital. Disponível em: https://adnews.com.br/como-usar-hashtags-para-obter-su-
cesso-nas-campanhas-de-marketing-digital/. Acesso em 01 jun. 2020.
KOTLER, P.. Marketing para organizações que não visam o lucro. São Paulo: Atlas,1988.
KOTLER, Philip; LEE, Nancy. Up and out of poverty – the social marketing. New Jersey:
Wharton School Publishing, 2009.
LEITÃO, Joyce Oliveira. História da Unesco. In: Infoescola (2018). Disponível em:
<https://www.infoescola.com/autor/joyce-oliveira-leitao/3390/>
MARTINS, Zeca. Propaganda é isso aí: Um guia para novos anunciantes e futuros publi-
citários. São Paulo: Futura, 1999.
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Introdução
A disciplina de História se fortalece enquanto disciplina escolar no bojo
do “renascimento” das Ciências Humanas e Sociais no século XIX, sobretudo na
Europa. A partir daí se consolida como importante área do saber, e passa por um
longo e sinuoso percurso nas escolas básicas e no ensino superior mundo afora. No
Brasil, quando ganhou destaque como disciplina escolar, em meados do século
XIX tiveram (e ainda hoje possuem em graus distintos) papel fundamental as con-
cepções historiográficas Positivista (de origem francesa), a Marxista (de origem
europeia) e a da Nova História (também de origem francesa).
A História, como todo e qualquer conhecimento escolar, se faz inserida
em políticas educacionais-governamentais, bem como traduz, o regime de governo
vigente. Em função dessa tutela reflete momentos circunstanciais, de totalita-
rismo e/ou progressismo, ao longo da história brasileira. As legislações, os manuais
didáticos e as diretrizes normativas ou propositivas dimensionaram e dimensio-
nam sobremaneira a trajetória e o enfoque do ensino da História e até mesmo de
sua didática em sala de aula. Decorre-se, nesse artigo, de uma reflexão sobre soci-
ológica das correntes historiográficas positivista, marxista e dos annales, visto
que, se encontram entre as que mais influenciaram o ensino de História na educa-
ção escolar brasileira.
1
Jessé Gonçalves Cutrim é professor no Centro de Ciências Humanas Sociais e Letras na Universidade
Estadual da Região Tocantina do Maranhão – UEMASUL. É professor no Ensino Médio na área de Ciên-
cias Humanas e Sociais Aplicadas na Secretaria de Educação do Maranhão na cidade de Imperatriz.
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Historiografia tradicional/positivista
A história era, antes de tudo, obra de justificação dos progressos da fé ou da
razão, do poder monárquico ou do poder burguês. Por isso, durante muito
tempo, ela se escreveu a partir de ‘centro’. Os papéis representados pelas
elites do poder, da fortuna ou da cultura pareciam ser os únicos que conta-
vam.
Jacques Le Goff
No âmbito da Historiografia tradicional, encontramos algumas caracte-
rísticas preponderantes, dentre as quais se podem citar:
• toma como ponto de partida a ação ímpar de homens transformados
em super-homens, em heróis, únicos sujeitos dos fatos históricos; tudo depende
de reis, guerreiros, líderes, chefes, estadistas etc.;
• auto rotulação de ciência, criando para si um corpo doutrinário fechado
em si mesmo, sem inter-relações com outras áreas do conhecimento. Suas afirma-
ções são consideradas verdades absolutas;
• o autor se limita a descrever cronologicamente determinados fatos elei-
tos a partir da ética da classe dominante ou não, todos perfeitamente encadeados,
sem conflitos ou rupturas.
Ligando pontos com a Historiografia brasileira, notamos que, nos seus
momentos iniciais, quando foi identificada como “oficial”, caracterizou-se por
uma produção ideologizada em favor da elite, pautada por um ensino erudito, des-
vinculado da realidade social.
Os precedentes da Historiografia brasileira se apresentam como uma
produção heterogênea, de trabalhos antropológicos, literários e pouco historio-
gráficos. Marcada pelo pensamento eurocêntrico, registra as impressões que os
europeus tiveram dos contatos com o “novo mundo”.
Em matéria de crítica a esses trabalhos iniciais, predominam os enfoques
sobre os estilos de linguagem e o engajamento nas escolas literárias e suas épocas.
Por muito tempo, o próprio trabalho que hoje pertence aos historiógrafos se con-
fundiam com a crítica literária. A evolução da Historiografia tem demonstrado, no
entanto, que tudo toma seu rumo e ocupa o seu devido lugar como preocupação
do trabalho científico. É daí que se delineia a Historiografia brasileira.
A Historiografia de influência positivista se caracteriza por seu método
predominantemente cronológico e seu conteúdo dogmático, narrativo, factual, bi-
ográfico, acabado e absoluto. Sua concepção determina uma postura de neutrali-
dade por parte do historiador e elege fatos políticos palacianos como privilegiados
da História. Os documentos falam por si. A História é apenas um conjunto dos
110
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
feitos dos grandes homens. A produção historiográfica tem uma interpretação li-
near e diretiva, não como um processo global de acontecimentos.
Essa Historiografia é produzida pelos “historiadores da corte”, que tra-
duzem, à luz dos interesses da elite, a História determinista oficial do império. Há
de se convir, no entanto, que alguns desses historiadores realizaram grandes tra-
balhos de levantamento de fontes, que são relevantes para toda a Historiografia
brasileira.
Ao analisar a Historiografia brasileira, Martins e Nemi (1996) lembra que:
Dentro da melhor concepção positivista da época, a história era factual e
pouco crítica. Em vez de se discutir a concentração de terras que excluía
enormes setores da população do processo produtivo, mostravam-se heróis,
governadores e presidentes responsáveis por tais e quais obras ou vitórias
(MARTINS E NEMI, 1996, p. 16).
A recomendação se afigura válida especialmente quando se constata que
prevalece a versão oficialista em diversas modalidades de manifestação. Na maio-
ria dos livros de História, por exemplo, os mitos aparecem imprimindo uma série
de verdades pré-fabricadas que refletem uma visão de mundo enfocada a partir do
pensamento da classe dominante. É claro que numa sociedade de classes a História
tem sido escrita, em sua maior parte, pelos vencedores. Uma das características
básicas da Historiografia oficial é negar as lutas do povo, sua participação nas mu-
danças da sociedade. A partir daí se exerce um controle ideológico, tendo como
base as ações dos “grandes homens”, dos “heróis nacionais” e dos “santos milagro-
sos”, que, em determinadas datas, exigem homenagens e rituais generosos e enig-
máticos para a celebração de seus feitos inatingíveis pelos homens comuns.
Os cultos aos heróis, aos grandes homens, são de capital importância para
a manutenção do poder. Através dos mitos criados pela classe dominante, a socie-
dade pode respeitar as autoridades governantes sem questionar o que é justo e o
que é legal. Os cultos aos grandes homens do passado, projetam-se sobre as massas
como verdades a serem acreditadas, menosprezando a capacidade do homem sim-
ples de cuidar de seu próprio destino. É muito simples de entender, mas bastante
difícil de ser desarmada toda essa mitificação.
Na sociedade brasileira, a classe dominante se valeu da mitificação por
esses mais de cinco séculos de História. A formação e consolidação do povo brasi-
leiro se deu condicionada a uma concepção de mundo parcial, em função da domi-
nação ideológica, que não permite mostrar o outro lado da História, levando
grande parte do povo a acreditar em “verdades impostas”.
Conforme Elza Nadai (1993), na perspectiva positivista, o ensino de História
objetivou a construção da nação, donde se justifica tantos heróis, tantos dados cívicos,
tantos fatos grandiosos ressaltados por esse tipo de ensino. O método não poderia ser
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povo passa a ser visto como elemento do processo. Isso de forma muito tímida,
pois as decisões dos grandes homens ainda continuam determinando o processo
histórico. As ações populares são enfocadas como coisas do “povo miúdo”. E por
último, os revisionistas passam a fazer uma correlação entre passado presente e
futuro e mudam o próprio conceito de História. Isto é, dão uma nova roupagem à
“velha História”.
Essa Historiografia formou seus quadros, seus discípulos, que atuaram de
geração em geração municiando os poderes da República e armando a elite com o
conhecimento histórico, na batalha contra as ideias revolucionárias apregoadas
pelos militantes do materialismo histórico.
O materialismo histórico, que também tem inspiração europeia, é emba-
sado na dialética hegeliana e interpretado a partir das lutas de classes como motor
da História. Parte dos princípios de que só através das relações de produção, isto
é, da observação e análise das forças produtivas de uma sociedade é que podemos,
de fato, conhecer o processo histórico como algo mais próximo da verdade.
Com essa matriz de pensamento, a Ciência Histórica no Brasil se radica-
liza e ganha uma outra sistematização teórica, metodológica e técnica para a pro-
dução historiográfica. Busca romper com a Historiografia positivista. Nesse con-
texto, o povo, que havia ganhado uma conotação alegórica na História, passa a ter
um referencial e se torna sujeito do processo, então valorizado e munido de iden-
tidade de classe social. Deixa de ser aquele povo miúdo e ganha uma identidade de
classe social. Passa a ser visto como um lutador incansável nos caminhos trilhados
pela evolução da sociedade brasileira.
Mas o materialismo histórico-dialético chegou tardiamente ao nosso
meio. Enquanto isso, a elite ganhava tempo e preparava uma forte resistência a sua
introdução e adoção como método científico na produção do saber, pois o saber
não anda só. Ele se fez acompanhar da militância política, que sempre incomodou
a elite brasileira e ameaçou a sua posição de “dona do poder”. Sem dúvida, o mate-
rialismo histórico, em todas as suas correntes, além de produzir um novo conhe-
cimento, mais próximo da “verdade histórica”, é o único que propõe mudar os ru-
mos da própria História. Não basta conhecer a História, mas mudar a sociedade,
tornando-a mais justa (MARX e ENGELS, 1997).
Ideólogos republicanos, em vários momentos da História do Brasil, dis-
pararam golpes violentos contra os materialistas. Formularam pretextos antico-
munistas para explicar golpes de Estado, oprimir a classe trabalhadora, torturar,
perseguir e assassinar cidadãos críticos ao sistema.
O materialismo dialético, na sociedade brasileira, desde o início, foi alvo
de perseguições ideológicas. Os historiadores tradicionalistas procuram, sempre,
113
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
A História Nova (Nouvelle Histoire), se consolidou nos anos 1970 com Jac-
ques Le Goff, Pierre Nora e outros expoentes da terceira geração francesa da Es-
cola dos Annales (École des Annales). A Escola dos Annales foi fundada por Lucien
Febvre e Marc Bloch em 1929, em torno da Revista dos Annales, com a finalidade
de ir além da visão positivista da história como crônica de acontecimentos.
Enquanto corrente historiográfica volta-se para as manifestações sociais de
qualquer tipo, trazidas do cotidiano, das mentalidades, que tanto pode ser uma greve
como o modo de se vestir da mulher no século XVIII. Propiciando retratar sujeitos vindos
de baixo e acontecimentos considerados irrelevantes pela história tradicional.
A Nova História se caracteriza por valorizar o cotidiano e o imaginário
coletivo das sociedades, indo além do econômico, mas sem o abandonar.
Com as mentalidades a História ganha mais amplidão e mais vida, compreende
longos períodos, surgimento e desaparecimento de sistemas sociais e penetra fundo nas
razões subjacentes à Historiografia oficial. Conforme Marotta (1991):
Pode-se dizer que a história das mentalidades é o estudo da parte mais lenta
da história, e que se refere mais ao espírito que à matéria, visto que esta úl-
tima se transforma mais rapidamente que a primeira. Ela é a história das
inércias, das atitudes, dos comportamentos, do ‘inconsciente coletivo’. (...)
O conceito de ‘longa duração’ foi um importante neologismo criado para sa-
tisfazer essa questão – pois diz respeito às fases longas da história – ampla,
que abrange vários séculos. Aquela que enfoca a resistência e a permanên-
cia, que repensa o ritmo da História oficial (MARTTA, 1991, p.24-5).
114
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Micro história é uma vertente historiográfica nascida na Itália em que tem desta-
que o historiador Carlo Ginzburg, através de sua expoente e formidável obra O
queijo e os vermes (1987) dentro dessa matriz.
Considerações finais
Constata-se ao final dos postulados sobre a História e a Historiografia,
que é necessário que o/a historiador/a tome consciência de seu papel de produtor
de conhecimento e tome real consciência da sua identidade perante uma sociedade
de classes, não se deixando vencer na batalha das ideias e sempre alimentando a
utopia de uma sociedade mais justa, tendo como arma o conhecimento histórico.
Na verdade, pode-se dizer que, num primeiro momento, a História se
apresentou revestida de objetivos antidemocráticos, pois pretendia narrar a vida
humana passada, bem como seu presente, desconsiderando os principais atores e
autores da realidade acontecida ou em vias de acontecer. Num segundo momento,
precisou redefinir a metodologia adotada, considerando as nuanças do comporta-
mento humano, bem como os avanços estruturais e econômicos. Por terceiro, com-
preendeu que sua finalidade deveria ser norteadora de um processo de mudança
social em que os personagens tivessem vez e voz, tornando o processo histórico
transformador, vinculado a uma práxis comprometida com ideais de justiça, igual-
dade e liberdade.
Não é pretensioso afirmar que o saber histórico tem potencial para mudanças
conjunturais e, em longo prazo, estruturais. No entanto, a realidade brasileira, o dia-a-
dia do contexto escolar, está longe de atingir os objetivos revolucionários propostos
pela “nova História”, porém avançamos muito para transformação da História em uma
área de reflexão crítica da nossa realidade. Sigamos em frente.
Referências Bibliográficas
BALDISSERA, José Alberto. O livro didático de história: uma visão crítica. Porto Alegre:
Evangraf. 1994.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Livros didáticos entre textos e imagens. In:
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. (Org.). O saber histórico na sala de aula. São
Paulo: Contexto, 1998.
COMMANGER, Henry Steele. Iniciação aos estudos da história. Rio de Janeiro: Zahar. 1967.
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UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). 2. ed. São Paulo:
Companhia das Letras. 1995.
MAROTTA, Cláudia O. de A. O que é história das mentalidades. São Paulo: Brasiliense. 1991.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Grijalbo, 1977.
NADAI, Elza. O ensino de História no Brasil: trajetória e perspectivas. Memória, história,
historiografia – dossiê ensino de História. In: Revista Brasileira de História. São Paulo:
Marco Zero. vol. 13, n.ºs 22/26, set. 92-ago. 93.
NEMI, Ana Lúcia, MARTINS, João Carlos. O tempo vivido: uma outra história? São
Paulo: FTD. 1996,
NICOLAS, Davies. As camadas populares nos livros de História do Brasil. In: PINSKY,
Jaime. (Org.) O ensino de História e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 1992.
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UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
GAMIFICAÇÃO:
UMA OFICINA EDUCACIONAL NO CONTEXTO
SOCIOEDUCATIVO1
Introdução
Com o desenvolvimento e a complexidade do sistema de interação, en-
tende-se por redes sociais e os processos de comunicação de e no ensino, utilizando
do espaço virtual, envolvendo não somente o indivíduo, mas toda a complexidade
tecnológica envolvendo as plataformas digitais, plataformas essas relacionadas à
educação e aos aplicativos.
Nessa complexidade tecnológica, há o envolvimento de formas de ensino,
sejam elas tradicionais ou não, mas que estejam em envolvimento com as práticas
pedagógicas e ao ensino interativo, virtual e cooperativo.
A diversidade humana, conforme destaca Alves (2014), gera uma comple-
xidade divina em todos os campos do conhecimento, e que, aplicando a gamifica-
ção e seus processos de aprendizagem e sua capacidade de engajar o público ao
qual atende, pode de certa forma interagir com o jogo.
Essa interação tem a capacidade de gerar uma aprendizagem interativa,
instigadora e inovadora, modificando a razão e o comportamento humano, assim,
esse ambiente de aprendizagem pode ser formado por assuntos relacionados a
uma disciplina específica.
A utilização dessa gamificação em uma disciplina está relacionada a outros
fatores e objetos de estudo, mas pode ser destacado como exemplo a criatividade,
que segundo Gabriel (2013) caracteriza-se pela transformação e pela modificação de
tudo e de todos a todo instante, apresentando novos desafios e oportunidades.
1 Oficina educacional desenvolvida na Escola Estadual de Ensino Médio Humberto de Campos e apresentada
na Mostra Científica, Cultural e Tecnológica – Steam Party da 8ª CRE 2022.
2 Mestre em Ensino de Humanidades e Linguagens pela Universidade Franciscana (UFN), graduado em His-
tória pela Universidade Franciscana (UFN) com especialização em Ensino Religioso e docente na Escola Es-
tadual de Ensino Médio Humberto de Campos
3 Graduada em Matemática pela Universidade Franciscana (UFN) e docente na Escola Estadual de Ensino
Médio Humberto de Campos
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Referencial teórico
A modernização desencadeou uma transformação que envolve não somente
o progresso tecnológico, mas caracterizou-se por ampliar informações e conhecimen-
tos, de melhorar as comunicações, sendo essas, relacionadas aos meios digitais.
A revolução digital que surge cada vez mais forte, diz respeito às tecnolo-
gias da informação, da comunicação e também da educação. São instrumentos inse-
ridos no contexto escolar, não somente exemplificados por aparelhos de exibição
visual, como o data show, mas por uma estrutura cada vez mais moderna, sofisticada
e ao mesmo tempo temporária, pois a tecnologia tem seu próprio processo de atua-
lização e de modificação, transformando-a e modificando-a muito rapidamente.
Esses processos transformam máquinas e seus periféricos recicladores de
uma realidade, transformadores e modificadores de valores, virtudes e culturas.
São mudanças que fazem alterações no modo de agir e de pensar, criando novos
pensamentos e questionamentos.
Seguindo o texto de Gabriel (2013), essa revolução digital pode ser um
poderoso instrumento para a educação, criando possibilidades que transformem
objetivos em superação de obstáculos.
Que consolida a tecnologia como uma modificação social e cultural.
Conforme as plataformas digitais foram evoluindo, os jogos digitais tam-
bém evoluíram. Na primeira década do século XXI vimos a formação e con-
solidação da estrutura de conexão global. Na década atual, os jogos estão se
incorporando à estrutura social, e estamos atingindo uma nova dimensão
da utilização dos jogos, com alcance global. (GABRIEL, 2013, p.248)
São plataformas que estão já inseridas no meio educacional, seja pelos
mais variados sites de busca e pesquisa, ou por plataformas educacionais de ensino
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UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
como o Google Classroom, por sites que disponibilizam de forma gratuita que li-
vros e revistas sejam lidos de forma online ou simplesmente realizado o download,
e dos mais variados aplicativos para celular de músicas, filmes, séries, livros, revis-
tas, compra, venda, troca, pagamento, recebimento, aplicações, consultas, e etc.
Com todos esses exemplos, a tecnologia digital oferece aos educadores e
as instituições educacionais, instrumentos, formas e funcionalidades que podem
ser um instrumento mediador e otimizador na educação, compondo para aqueles
que têm acesso a essa tecnologia um amplo e diversificado cenário de estudo e
aprendizado, de informação e conhecimento, que gera a oportunidade do desen-
volvimento pessoal, coletivo e social.
Segundo a autora Alves (2014), o game é uma atividade ou ocupação vo-
luntária exercida dentro de certos limites de tempo e espaço segundo regras livre-
mente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotada de um fim em si
mesmo e acompanhada de um sentimento de tensão, de alegria e da consciência
de ser diferente da vida cotidiana, que contém aspectos da realidade ou até mesmo
a essência dela, mas o game não é uma cópia exata da realidade.
Assim, o game possui suas regras, suas conexões com objetivos, metas,
alcance e superação.
Os games são elaborados de tal maneira que sabemos o que certifica a
vitória. Este é um elemento concreto. Um game bem projetado permite que o jo-
gador saiba exatamente quando ganha e quando perde, o que significa a vitória e
como seu avanço é quantificado, seja por meio de um placar, uma afirmação de
vitória como o “xeque-mate” do xadrez ou a conquista de um território maior que
o de outros jogadores.
A gamificação consiste no uso de elementos de jogos e técnicas de design de
jogos em contextos diferentes de jogos, utilizando de um contexto estético e mecânico
suficiente para motivar a ação, promover a aprendizagem e resolver problemas.
A diversão é um elemento de extrema importância e faz com que tenha-
mos interesse e prazer em jogar. Jogamos porque é bom, por sentirmos prazer por-
que ao percebermos que estamos participando da construção de algo enquanto
interagimos.
Metodologia
A educação conforme Freire, é um movimento constante na existência
humana, sendo que essa educação é contínua, de pesquisa e de conhecimento, que
tenha e contenha habilidades, desperte a curiosidade e o respeito com a utilização
de práticas educacionais.
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UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Etapas da oficina
a) Delimitação da temática e objeto de pesquisa.
121
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Materiais utilizados
• Televisão,
• Notebook,
• Controles de jogos eletrônicos,
• Revistas sobre a temática trabalhada,
• Livros sobre gamificação,
• Consoles de videogames apresentados na oficina.
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UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Base curricular
Esta oficina faz parte do componente curricular Cultura e Tecnologias
Digitais, que busca atender os seguintes objetivos:
Competências
Utilização de ferramentas digitais: precisam ser capazes de usar ferra-
mentas multimídia e periféricos para aprender e produzir.
Produção multimídia: utilizar recursos tecnológicos para desenhar, de-
senvolver, publicar e apresentar produtos (como páginas de web, aplicativos móveis
e animações, por exemplo) para demonstrar conhecimentos e resolver problemas.
Linguagens de programação: usar linguagens de programação para so-
lucionar problemas.
Mundo digital: entender o impacto das tecnologias na vida das pessoas
e na sociedade, incluindo nas relações sociais, culturais e comerciais.
Domínio de algoritmos: compreender e escrever algoritmos, utilizar os
passos básicos da solução de problemas por algoritmo para resolver questões.
123
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Temas transversais:
Ética: Relacionado aos valores humanos e que reflete a preocupação de
que a escola realize um trabalho que incentive a autonomia na constituição de va-
lores de cada aluno, ajudando-o a se posicionar nas relações sociais dentro da es-
cola e da comunidade. Envolvendo respeito, diálogo e a solidariedade, os quais são
expressos na gamificação, no que remete aos processos do jogo propriamente dito
como o desenvolvimento, a produção e a execução.
Meio ambiente: retrata a preocupação não apenas com o ambiente físico
e biológico, mas também engloba as relações sociais, econômicas e culturais com
o objetivo de levar os alunos a refletir e agir frente ao equilíbrio ambiental. Por-
tanto, as tecnológicas digitais, de informação e de comunicação são passíveis de
preocupação com o meio ambiente possibilitando que os jogos e demais periféri-
cos, sejam substituídos seguindo os avanços tecnológicos, ou seja, substituindo a
mídia física (cartuchos, cds e dvds) pela mídia digital, evitando assim, a produção
de mais materiais que seriam descartáveis e prejudiciais ao meio ambiente.
Saúde: Relacionado à questão de consciência de cada indivíduo no sen-
tido de ser responsável pelo seu próprio bem-estar estando relacionado aos pro-
blemas em suas reais dimensões, o autoconhecimento para o autocuidado e a vida
coletiva. Pois, a grande demanda pelos jogos eletrônicos que envolvem não so-
mente a coletividade, mas a individualidade, levando a um tema pedagógico e de
saúde relacionado às drogas e a busca por remédios sem receituário.
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Cronograma os encontros
Resultados e discussões
A gamificação é um instrumento mediador no ensino e aprendizagem
como forma de mostrar uma nova interpretação e integração estudante/escola,
mas essa gamificação não está baseada tão somente na criação de um jogo, mas em
utilizar elementos e componentes dos jogos para gerar habilidades que possam ser
utilizadas em outras áreas.
Desta forma, essas habilidades podem ser transformadas em interesse,
engajamento, organização, planejamento e integração. Muitas pessoas gostam de
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Imagem 1
Retirada da rede social facebook do SESC Maranhão, disponível em:
https://d.facebook.com/sescmaranhao/photos/a.1620467591406124/403
5236903262502/?type=3&source=48 com acesso em: 26 abr. 2022
Imagem 2
Retirado do site de competições personalizadas Toornament Brasil, disponível em:
https://www.toornament.com/pt_BR/. Acesso em: 26 abr. 2022.
Considerações finais
As oficinas educacionais têm como objetivo trazer algumas atividades
que façam o processo de ensino/aprendizagem ser mais lúdico e prazeroso, tra-
zendo além do conteúdo, e da informação, atividades relacionadas ao tema da ofi-
cina, tornando o conhecimento prático e simples.
Dessa forma, as oficinas são lugares de interação, de descoberta, de pen-
samento, onde é possível, criar possibilidades, entre elas a relação humana, ampli-
ando a comunicação e a aproximação, criando estratégias para a convivência, para
a vivência e para a construção do conhecimento.
A produção do conhecimento e as ações reflexivas, mobilizam através das
interações um conhecimento multicultural, interativo e de maior interesse pelo
aluno do aprendizado sendo este, um instrumento de ampliação da possibilidade
de reinserção social, de uma ressocialização propriamente dita.
Durante a realização deste trabalho, o país estava enfrentando uma pan-
demia (COVID19), modificando as estruturas sociais, políticas e culturais, alte-
rando ações e reações, diante disto, as instituições educacionais sofreram altera-
ções em suas rotinas e por consequente, o corpo docente, com a busca pelo conhe-
cimento tecnológico e digital, por práticas pedagógicas, pelo conhecimento e apri-
moramento da utilização de salas de aula virtuais, de plataformas educacionais e
aplicativos de edição e produção de vídeos.
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Referências Bibliográfica
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dos-beneficios-de-jogar-videogame-sim-eles-existem. Acesso em: 14 de fevereiro de 2022.
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1
Pós – doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.
2
Doutoranda em Ciências Sociais na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP Arara-
quara), Mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP (2015),
Especialista em História, Sociedade e Cultura pela PUC-SP (2006), licenciada em História pelo Centro Univer-
sitário Claretiano (2018) e Ciências Sociais pela Fundação Santo André (1999). Experiência na área de Gestão
Educacional como Coordenadora de Projetos, Coordenação de Curso de Curta Duração, Coordenação Ensino
Médio e Coordenadora Pedagógica. Facilitadora no componente Estágio Supervisionado na UNIVESP. Membro
da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).
3
Mestrando em História na UNIFESP (2020 - 2023), licenciado em História pela Faculdade Sumaré (2016)
Membro do Núcleo de Estudos LEOA (Laboratório de Estudos Orientais e Asiáticos), desde 2020.
4
BORÓN, Atílio. 1996, p. 102-110.
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contexto em que a democracia revela o seu ritmo farsesco, “esvaziada” de seu con-
teúdo, evidenciando sua forma autocrática no ordenamento democrático das so-
ciedades que o adotaram e, com o sucesso da proposta de refundação do capita-
lismo, tornaram-se suas principais vítimas, em especial, as massas trabalhadoras.
As reformas no campo da educação tiveram o seu início ainda nos primei-
ros anos da década de 1990 para serem, depois de 1994, intensificadas e aprofun-
dadas. Suas proposições estão conectadas com as orientações centrais do Banco
Mundial sobre a educação que direcionaram de maneira intensiva o reordena-
mento das políticas educacionais, para as quais os países signatários se compro-
meteram na elaboração de planos decenais de educação.
Coerentemente as reformas tomaram como eixo principal para as estra-
tégias dar fim à crise educacional: a transformação do sistema educacional público
em um setor apto a fornecer mão-de-obra necessária ao mercado, direcionando o
currículo escolar para a instrução dos indivíduos conforme a necessidade do mer-
cado de trabalho. A escola deveria se tornar uma instituição responsável pela di-
fusão de uma concepção de mercado que pressupõe o individualismo, a competi-
tividade e a liberdade de escolha e ampliar a aceitação e a utilização, de maneira
considerável, dos produtos conhecidos como “insumos educacionais” da “indús-
tria do conhecimento”, ou seja, livros didáticos e todo tipo de material pedagógico
e de informatização.
No estado de São Paulo as reformas educacionais públicas de viés neoli-
beral passaram a ser implantadas a partir de 1995, quando a Secretaria de Educa-
ção do Estado de São Paulo – SEESP, em consonância com o processo de reforma
do Estado brasileiro em andamento e a proposta de reforma educacional do MEC5,
anunciou e deu início as reformas. O conjunto de medidas empreendidas se cons-
tituiu como parte inicial de um processo que passou a caracterizar mudanças pro-
fundas na organização e no funcionamento de todas as instâncias da SEE, efeti-
vando ações conectadas com a lógica que entende o sistema educacional público
enquanto um serviço estatal para a área social e como tal precisa ser adequado às
demandas do mercado6. As medidas e os projetos implementados pela SEE, conec-
tados às principais diretrizes de suas proposições fizeram parte do processo de-
nominado Reforma da Educação da Rede Pública Estadual. Este processo foi com-
posto por blocos de medidas das quais podemos destacar: Reorganização da Rede
5
O estudo de Viriato (2001) apresenta todo o processo que constituiu a reforma educacional no estado de
São Paulo a partir de 1995.
6
0 Documento da SEE que dispõe sobre as principais diretrizes para a educação paulista, no período de
janeiro de 1995 a dezembro de 1998. D.O.E. de 23 de março de 1995, p. 8-10.
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Conclusão
O trabalho desenvolvido só foi possível, por conta de o curso ser voltado
para Linguagens, Ciências Humanas e Sociais, pelo apoio da gestão escolar (dire-
ção, coordenação pedagógica e orientação educacional), professores engajados e
com formação específica, especialmente apoio das famílias dos alunos e da comu-
nidade escolar.
Nos podcast produzidos pelos alunos na conclusão do ano letivo, perce-
bemos que muitos estavam apreensivos e curiosos sobre o componente no início
de 2021, uma vez que até o 9° ano do Ensino Fundamental II tinham aprendido que
Ciências é relacionada somente à Biologia, Física e Química. Os alunos gostaram
muito do aprendizado sobre fake news, suas causas e consequências; e a impor-
tância das Ciência Sociais e Humanas para a sociedade.
As pesquisas e trabalhos tiveram que passar por alterações de datas de en-
vios, uma vez que por conta da pandemia, utilizamos muito a internet e aplicativos
digitais para reuniões on-line, entrevistas, respostas aos formulários, entrega de do-
cumentos, seminários e devolutivas. As pesquisas finais possuem muita qualidade
teórica, analítica, crítica e apontamentos para ações práticas e intervenções sociais.
Por fim, todos os docentes ficaram surpresos positivamente com a quali-
dade dos trabalhos finais da turma, e com o amadurecimento intelectual de todos.
Em especial, com relação aos referencias Afrorreferenciados e sua percepção e va-
lorização na vida cotidiana e acadêmica.
Referências Bibliográficas
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e Terra, 2002.
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Educação hoje na perspectiva de Hanna Arent. (In): União pela educação: volume 3.
Orgs. Ivanio Dickmann e Márcia Boell – Veranópolis: Diálogo Freiriano, 2021.
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Marcelo Teixeira1
O que é História? Este artigo tem como objetivo analisar o ensino de His-
tória do Brasil nas escolas básicas no século XXI com relevância às tecnologias da
informação e da comunicação e favorecendo o conteúdo pragmático referente aos
conteúdos apresentados de forma com que os estudantes possam compreender,
ponderar, dialogar e aprender sobre os diversos temas que a disciplina provoca.
Logo, o compromisso com a História refere-se ao ponto nevrálgico do processo do
ponto de vista dos acontecimentos do passado para com os aspectos do presente
e visando o futuro. A competência deste trabalho está na relevância de desenvolver
uma pesquisa em que a ciência percorra o significado da palavra e da ação do ho-
mem, transcorrendo em caminhos traçados pelo passado e observando suas ver-
tentes no presente.
A História é, acima de tudo, o estudo das ações dos grupos humanos, so-
ciais, antropológicos, civilizatórios e econômicos do passado. O historiador é o
profissional que estuda o passado de uma comunidade, um investigador do pas-
sado para que possamos compreender o presente; é aquele que estuda a história
de um estado ou um país.
A História estuda as mudanças e permanências ocorridas em uma sociedade,
logo, procura perceber o modo como as pessoas viviam nos tempos antigos e como
vivem homem, antropologicamente bem como a relação entre aqueles tempos e os
tempos atuais; portanto, a História estuda o tempo passado e também o presente.
Logo, a História ocupa, assim sendo, um lugar estratégico na partitura do
currículo da Educação Básica, pois como conhecimento e prática social, pressupõe
1
Graduado em Pedagogia pelo Centro Universitário Anhanguera de São Paulo, História e Letras e suas
Literaturas pela Faculdade Famart de Minas Gerais, Pós-graduado em Educação Especial e Inclusiva
com ênfase em Deficiência Intelectual pelo Centro Universitário Ítalo Brasileiro de São Paulo, Neu-
ropsicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Metropolitana de São Paulo, Neuropsicologia
e Educação Infantil, Psicomotricidade e Docência do Ensino Superior pela Faculdade Famart, Trans-
torno do Espectro Autismo pela Faculdade Faveni, Extensão em Atendimento Educacional Especiali-
zado e Psicologia, Inclusão e Diversidade pela Faculdade Metropolitana de São Paulo e Pós-graduando
em Antropologia Brasileira.
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Os autores assinalam ainda que “Sócrates nos apresenta uma das metáfo-
ras mais emblemáticas acerca da educação e da produção de conhecimento”
(SILVA; MALAQUIAS; JÚNIOR, 2018, p. 243).
A filosofia da educação tem um papel ulterior na História do Brasil.
Para Maia (2010, p. 21) salienta que “a sociedade contemporânea tem, como
todas as anteriores, necessidade de educar. O conjunto da sociedade educa através
da cultura ritualizada universalmente presente e psicologicamente sentida”.
Assim sendo, “cada pessoa educa como reflexo das outras dimensões hu-
manas, como a valorativa e a poética” (MAIA, 2010, p. 21).
Filosofia e História caminham juntas, ainda mais quando se trata de His-
tória do Brasil. Ensinar essa disciplina em sala de aula requer bastante atenção,
rigorosidade e parcimônia, pois o docente precisa elencar temas que nem sempre
são bem resolvidos oralmente. Os livros didáticos trazem uma visão diferenciada
daquela que a teoria própria mostra ao leitor / historiador.
Muitas vezes, o professor de História acaba por omitir ou simplesmente
evita abordar tal assunto / tema devido a reação das crianças e/ou de seus familia-
res. Temas como multiculturalismo, por exemplo, ainda são tabu, pois muitas fa-
mílias não estão preparadas para ouvir de seus filhos que existem várias formas de
religião, gênero, tipos de danças, que houve escravidão ou ditadura militar.
Tabus esses que são passados batidos no ensino fundamental de 1º a 5º
ano e ofuscadas no ensino fundamental de 6º ao 9º ano e no ensino médio. Quando
este estudante adentra na academia superior ele passará a ter contato indireta-
mente com os temas ou, se for o caso, buscar autonomamente sobre tais assuntos.
Maia (2010, p. 21) saliente que “incentivar a dignidade [...] legitima a crí-
tica, a teorias e práticas desajustadas à novas propostas dentro de uma dimensão
positiva de práticas rotineiras ou concepções subestimadas”.
Piletti e Piletti (2021, p. 106) explicam que “com a vinda da família real
portuguesa para o Brasil em 1808 e com a Independência em 1822, a preocupação
fundamental do governo, no que se refere à educação, passou a ser a formação das
elites do país”.
Com isso, “ao invés de procurar um sistema nacional de ensino, integrado
em todos os seus graus e modalidades, as autoridades priorizavam a criação de
algumas escolas superiores e a regulamentação das vias de acesso a elas” (PILETTI;
PILETTI, 2021, p. 106).
A educação no Brasil era uma catástrofe no período imperial e antes dela,
no período da escravidão quando os jesuítas catequizavam os índios que aqui já
viviam. O ensino de História do Brasil mediante essas argumentações do passado
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é pertinente em sala de aula nas escolas brasileiras sempre do ponto de vista do-
cente explorando o discente a pensar e a refletir sobre esses pontos negativos em
um período que era para ser glorioso.
Apresentar ao estudante o verdadeiro conteúdo de História do Brasil com
todas as suas vertentes fará da aula um verdadeiro encontro com a verdade que
está escondida.
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Sendo assim, Freire (1996, p. 91) explana que “a segurança com que a au-
toridade docente se move implica uma outra, a que se funda na sua competência
profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência”.
Ainda de acordo com o autor do exposto acima, “ensinar exige segurança,
competência profissional e generosidade crítica, logo, a autoridade docente demo-
crática, fundada na ética e no livre exercício da palavra e da pesquisa” (FREIRE,
1996, p. 89 – 90).
O Brasil de hoje não seria este senão fosse a grande importância da rede-
mocratização, ocorrido no ano de 1988.
De acordo com Ribeiro (2003, p. 61) “em janeiro de 1985, foi eleito Tan-
credo Neves, responsável pela transição pacífica para o regime democrática”.
A autora ainda cita que “orquestrada por Ulysses Guimarães e promul-
gada em outubro de 1988, considerada a mais avançada constituição da história
republicana no Brasil” (RIBEIRO, 2003, p. 61).
Para bell hooks (2021, p. 41) “apesar de o multiculturalismo estar atual-
mente em foca em nossa sociedade, especialmente na educação, não há, nem de
longe, discussões práticas suficientes acerca de como o contexto da sala de aula
pode ser transformado”.
Para a autora norte-americana, é preciso transgredir para a mudança educa-
cional docente para que o ensino seja realmente fundamental na vida dos educandos
e, com o multiculturalismo o papel dessa transformação acabará por ser mundano.
Logo, “os educadores têm de reconhecer que qualquer esforço para trans-
formar as instituições de maneira a refletir um ponto de vista multicultural deve
levar em consideração o medo dos professores quando se lhes pede que mudem de
paradigma” (bell hooks, 2021, p. 41).
É nesse ínterim que o ensino de História na educação básica precisa acon-
tecer sem receio e sem anseios daqueles que estão à frente das crianças. O profes-
sor precisa mostrar aos educandos a importância e a relevância do ensino e da en-
sinabilidade do conteúdo de História para que eles possam compreender o pas-
sado estando no presente. Essa mudança é ulterior.
Assim, “fazer da sala de aula um contexto democrático onde todos sintam
a responsabilidade de contribuir é um objetivo central da pedagogia transforma-
dora [...] não sendo uma aula com educação bancária” (bell hooks, 2021, p. 45).
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Outras palavras
Este artigo trouxe a luz a questão do ensino de História do Brasil na edu-
cação básica, baseando-se em teorias, hermenêutica e pesquisas acerca do tema.
Não sendo um assunto esgotado e plausível de novas argumentações, novas inter-
venções e novas pesquisas. Tendo como base o ensino da disciplina de História, a
questão norteadora sobre a mediação e a forma de se apresentar o conteúdo ao
discente está rica de teoria sobre a epistemologia e fases do Brasil desde a escrava-
tura até o Império e a República. Logo, a história do pensamento concreto per-
passa por caminhos turvos da história original e que sempre é desvirtuada em sala
de aula, mostrando aos discentes aquilo que somente os livros didáticos nos mos-
tram. A intencionalidade, aqui, foi mostrar que o docente precisa estar situado na
veracidade de sua graduação, provando que sempre é possível dizer a verdade a
luz daquilo que realmente se pede a disciplina de História, sem omissão. Se a edu-
cação tem sabores, o ensino de História pode ter um sabor agridoce com um leve
tempo apimentado, que unifica os saberes em busca de respostas inquietas tanto
de educadores provocativos quanto de estudantes curiosos.
Referências Bibliográficas
BECKER, Fernando. Epistemologia do professor: o cotidiano da escola. 10. ed. Rio
de Janeiro: Vozes, 1993.
CORTELLA, Mario Sergio. Não nascemos prontos! 19. ed. Rio de Janeiro: Vozes,
2015.
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damental. Belo Horizonte / Dimensão, 2009.
FERREIRA, Nilda Teves. Cidadania: uma questão para a educação. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1993.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 52. ed. São Paulo: Paz & Terra, 1996.
hooks, bell. Ensinando a transgredir. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2021.
155
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______. A reforma do pensamento crítico do docente reflexivo, p. 194 – 209. In: DNA
Educação – volume V. Org.: Ivanio Dickmann. Diálogo Freireano: São Paulo, 2018.
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1
Docente na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Associada 3 (Centro de Educação Física e
Desportos) – Depto. de Desportos, Vitória – ES, Brasil. (marcia.cunha@ufes.br)
2
Graduanda em licenciatura no curso de Ciências Biológicas na Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES), Vitória – ES, Brasil.
3
Docente na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Titular (Centro de Ciências da Saúde)
– Depto. de Ciências Fisiológicas), Vitória – ES, Brasil.
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4
Esta descrição da Teoria de Aprendizagem Significativa está baseada na obra mais recente de David
Ausubel (1918-2008), The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view, publicada, em
2000.por Kluwer Academic Publishers, traduzida (Aquisição e retenção de conhecimentos: uma pers-
pectiva cognitiva) e publicada, em 2003, por Plátano Edições Técnicas, Lisboa.
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inovação, entre as quais poder comunicar-se e unir-se com pessoas sem a imposi-
ção dos limites geográficos. Geração com hábito de realizar muitas atividades con-
comitantemente, realizando um ou mais projetos ao mesmo tempo, sempre atenta
às notícias, além de grande atuação nas redes sociais. Os indivíduos dessa geração
necessitam de rapidez e de instantaneidade nas resoluções do cotidiano. Promo-
veram a facilidade dos pagamentos e das compras sem sair da residência, mu-
dando, assim, as relações de trabalho, garantiram grande flexibilidade e maior am-
plitude de profissões.
d) Geração Z - primeira geração do século XXI, caracterizada por estar
intimamente relacionada à expansão da internet e dos aparelhos tecnológicos. Os
indivíduos dessa geração, conhecidos como “nativos digitais”, se movimentam em
ambiente cercado por compartilhamento de informações e arquivos, pelos smar-
tphones e tablets, sempre envolvidos pela rede lógica, ou melhor, pela internet,
que os mantém conectados ao mundo.
Importante observação em relação aos nascidos na geração Z é que per-
tencem a um mundo conectado e, provavelmente, nunca se viram sem a presença
de um computador. São desapegados de fronteira demográfica e, por conviverem
com ela desde a infância, não identificam o custo e as dificuldades em meio a con-
quista da globalização das informações. Pela facilidade de acesso permanente à
informação, estão à frente dos mais velhos, no que tange a utilização dos novos
equipamentos tecnológicos, mas sofrem com as outras gerações por estarem
alheios à interação social e por não saberem ouvir e comunicar-se verbalmente,
apesar de conectados de maneira virtual. Definida por muitos como egocêntrica,
essa geração se diferencia das anteriores, por não acreditar na realização de apenas
uma carreira profissional ao longo da vida. Muitos de seus membros querem tra-
balhar de casa, com os “blogs” ou na venda de anúncios por meio do Youtube. Essa
geração já causa grande preocupação quanto a continuidade de carreiras formais
e necessárias à humanidade, como os profissionais médicos ou cientistas.
(MCCRINDLE, 2011)
Patela (2016) verbaliza:
{...] Nascem em plena eclosão das tecnologias, usam todo o tipo de software
com destreza como se tivessem um chip inserido no cérebro. Desconhecem
a vida antes da internet, das redes sociais, dos smartphones, notebooks,
iPhones, iPads e e-books. É a geração a que chamaremos touchscreen. A
grande nuance dessa geração é fazer Zapping (mudar constantemente de
canal), não apenas entre canais de televisão, mas também na internet, nos
videojogos, no telefone e MP4. A sua forma de pensar foi influenciada, desde
o berço, pelo mundo complexo e veloz que a tecnologia engendrou. Um
mundo que se visualiza como desprovido de fronteiras geográficas. Muito
mais de que seus pais, sentem-se à vontade ao ligar simultaneamente a tele-
visão, o rádio, o telefone, a música e a internet. (PATELA, 2016, p 12)
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pela web, é chamado, explica Nichols (2003), de e-learning e, por ser online, pode
fazer sentido no modelo aprendizagem para essas gerações.
Corroborando com a evolução da tecnologia no ensino, podemos falar
como um processo que necessitará de uma “alfabetização digital” permitindo as-
sim que a sociedade compreenda impactos mais amplos, pois, esse será o modelo
mais parecido com as demandas profissionais que esses estudantes encontrarão
no mercado de trabalho. (APPLE, 1995). As recentes transformações e novas exi-
gências no mundo do trabalho, assim como o avanço das tecnologias, vêm fomen-
tar profundas alterações no acesso à informação e nas relações sociais, estando a
geração y mais preparada para receber esse modelo de aprendizagem, por ser tec-
nologicamente mais capacitada e exigente quanto ao aprendizado eletrônico e, di-
ferentemente das outras gerações, seus componentes são influenciados pela inter-
net desde o início.
Portanto, apesar do reconhecimento das características particulares des-
sas gerações presentes no sistema educacional atual, não podemos deixar de citar
a importância do docente no processo de aprendizagem, será àquele que condu-
zirá na escolha do conteúdo adequado, baseados em referências científicas testa-
das e comprovadas. Corroborando com esta ideia, Neto (2010) enfatiza:
O mais gritante é o da aceleração dos processos tecnológicos em todos os cam-
pos e a dificuldade para selecionar informação útil, adequada e significativa,
num oceano ilimitado de fluxos informacionais diários. (Neto, 2010, pp. 14-15)
Assim, a importância do papel docente no processo de aprendizagem co-
letiva amplia a discussão, a reflexão e a partilha dos conhecimentos para a cons-
trução da aprendizagem individual, com a ajuda dos recursos digitais como com-
plemento relevante na aprendizagem.
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ZEMKE, R. O. Respeito às gerações. In: MARIANO, S. R. H.; MAYER, V.F (org.). Mo-
dernas práticas na gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 51-55, 2008.
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Introdução
A vontade de ser professora vem desde a infância, demonstrada nas brin-
cadeiras simbólicas que criava: eu colocava as minhas amigas e bonecas para serem
as alunas. Ensinando-as em minha inocência a ler, escrever e desenhar. Como fre-
quentei escolas públicas desde muito cedo porque meus pais trabalhavam, nas mi-
nhas brincadeiras de escolinhas acreditava que estava apta para tal função.
Lembro-me, com alegria, dos meus professores(as) da infância que bus-
cavam ensina-me de forma diferente, inovadora para a época. Tive professores e
professoras motivadores, criativos, animados, um pouco rígidos, mas amorosos,
principalmente a professora Lena, na 4ª série, que me ensinou matemática de uma
forma que finalmente compreendi. Ufa! Achei que esse momento nunca chegaria,
mas ela com sua paciência e experiência foi capaz de me ensinar muito mais do
que conteúdos; ela vibrava com os momentos felizes de minhas pequenas conquis-
tas, no decorrer do ano letivo!
Todos os meus professores e professoras que deixaram um pouquinho de
saudades em minha memória da infância, fez-me entender que posso ensinar com
1 Mestra em Educação pela Universidade Nove de Julho. Especialista em Ciências Da Natureza e suas
Tecnologias pela Universidade de São Paulo. Graduada em Pedagoga e Ciências Biológicas. Escritora
e Palestrante. Atualmente é professora de Educação Infantil na Prefeitura Municipal de São Paulo - SP.
E-mail: marciag.bio@gmail.com
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2
Utilizarei a palavra Creche, no lugar de CEI, por ser um texto sobre memórias da infância.
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não sabia mais o que fazer com meu hábito. E quando eu cheguei sem aquele objeto
ficou contente. Antes mesmo de tentar me explicar, minha mãe deduziu que a pro-
fessora tinha conseguido me ajudar a largar a chupeta. Pensei bem no que ia falar
para ela, porque não queria que descobrisse o que tinha feito para conhecer o
mundo fora do muro da escola. Então eu disse: “mamãe, já sou grande, não quero
mais usar a chupeta”! Minha mãe ficou toda feliz e no outro dia, foi logo falando
para a professora que eu não queria mais usar a chupeta. De um lado minha mãe
pensava que a professora era a responsável por esse feito e do outro lado a profes-
sora pensava que a minha mãe tinha conseguido finalmente me convencer a deixar
a chupeta de lado. Eu precisei me esforçar muito e ficar sem meu objeto querido
só para que ninguém descobrisse o porquê estava sem ele. O meu segredo ficou
guardado até hoje. “É verdade que, ao narrar uma experiência profunda, nós a per-
demos também” (BOSI, 2003, p. 35) porque são muitos detalhes, mas, a essência
da lembrança traz à tona o que de fato foi significativo naquele momento vivido.
Era matar minha curiosidade sobre o que estava atrás daquele muro da Creche.
O Currículo integrador da Infância Paulistana (2015, p. 37) nos aponta
que as crianças aprendem de diversas maneiras a partir das interações que fazem
com as pessoas e com os objetos que estão ao seu redor. Aprendem com “seu corpo,
sua mente e suas emoções”. E quanto mais curiosas e exploradoras forem, mais
ativas, inovadoras e habilidosas serão como pessoa, expressando-se por diferentes
linguagens e interpretando as diversas situações vividas por elas.
A ação de uma criança que consegue “escapar” do olhar do adulto em
busca de suas descobertas para conseguir olhar por cima do muro da escola na
tentativa de saciar sua curiosidade, nos revela que cada criança é única e aprende
em diferentes momentos. “Para o bebê, o mundo todo é uma novidade e uma opor-
tunidade excitante de explorar” (SP, 2015, p. 57). Entretanto, o adulto que é refe-
rência desse bebê e dessa criança, necessita ser cuidadoso e atento. Ao “ser parti-
cipante, observador sensível, problematizador, provocador de situações ...” (SP,
2015, p. 59) criará condições adequadas para uma aprendizagem significativa e
contribuirá para o pleno desenvolvimento das crianças na Educação Infantil.
Paulo Freire escreveu “quanto mais me volto sobre a infância distante,
tanto mais descubro que tenho sempre algo a aprender dela” (2000, p.37). E uma
que coisa tenho claro como docente ao recordar desse fato inusitado sobre minha
infância, é a importância de se observar e escutar atentamente as crianças. Esse
movimento de trazer a memória algumas experiências da infância, revela o quanto
eu posso contribuir para formar um sujeito produtor de sua cultura, inovador,
questionador, argumentador, curioso e que busca soluções criativas para os seus
problemas cotidianos. Tenho comigo a preocupação na observação e na escuta das
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3
Escola Municipal de Educação Infantil que atende crianças de 3 anos e 11 meses a 5 anos e 11 meses de idade.
4
Maneira carinhosa que me referia àquela professora inicial da EMEI que, com seus cabelos brancos,
trazia na afetividade o saber educar suas crianças na Educação infantil.
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leitura de um texto que fiz de Paulo Freire no livro Cartas a Cristina, principal-
mente a 6ª Carta, intitulada: meus estudos no Colégio Oswaldo Cruz, do Recife.
Meus professores e meus amigos mais queridos. Em uma parte da carta ele narra
sobre como era o professor “Armada” tradicionalíssimo e que oprimia seus alunos
com intermináveis ba, be, bi, bo, bu, 1 e 1 são 2, 1 e 2 são 3... Este texto me traz a
memória a referência daquela professora “nova” com seus ccccccccc infinitos,
como castigo as crianças que não tinham seus corpos inertes, mas que os deixavam
em movimento assim como outrora tinham aprendido com a professora “velhi-
nha”. Engraçado que a diferença de idade entre as duas professoras nos revela a
experiência de quem já tinha percorrido um longo caminho na docência e que en-
tendia os fazeres das crianças e do outro lado a inexperiência da pouca idade e o
conhecimento de teorias adquiridas nos bancos escolares ou universitários, colo-
cando em primeiro lugar o conteúdo a ser ministrado.
Comecei a ficar sem vontade de ir para a escola, sem vontade de comer,
sem entusiasmo de ir para a minha querida EMEI. Minha mãe ficou preocupada e
foi verificar na escola o que estava acontecendo e o porquê eu estava tão desani-
mada em ir para lá. Até que enfim, ela descobriu o porquê minha professora “ve-
lhinha” que eu tanto amava estava demorando para voltar. Minha mãe me contou
que a professora tinha se aposentado e não ia mais trabalhar na EMEI. Meu mundo
caiu naquele momento quando descobrir o que era ser aposentada. Nunca mais
veria minha professora tão legal, amorosa e brincalhona.
Fui devidamente informada pela minha mãe que eu tinha que me acostu-
mar com a professora “nova”, já que ela iria substituir até o final do ano a profes-
sora “velhinha” que não voltaria mais. Ela tentou me consolar falando que o ano
estava acabando, era por pouco tempo que ficaria com a professora nova, não adi-
antou muito, mas enfim, tive que obedecer.2
Naquele momento comecei a pensar em como fazer para que a professora
nova parasse de dar aquelas ondinhas chatas o tempo todo. Na realidade eu queria
aprender brincando.
No dia seguinte fui até a mesa da professora nova que estava conversando
com outra professora. Pedi licença e perguntei para ela o porquê nos mandava fa-
zer tantas ondas na folhinha. Ela olhou para sua colega e me respondeu que era
porque meus amigos não ficam quietos na sala. Então, eu fiz uma outra pergunta:
por um acaso a culpa é minha se eles não param quietos? Por um instante houve
um silêncio. Ela me olhou e, sem saber como responder, me mandou sentar. “No
momento em que a pergunta de um membro do grupo, professor ou aluno, mobi-
lizar interesses individuais, constela-se a possibilidade de uma investigação cole-
tiva” (PROENÇA, 2018, p. 72). A professora nova resolveu conversar com a classe
após a minha indagação. Ela disse que não era justo todos serem castigados por
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Uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança, tendo como campo de
investigação as concepções infantis de tempo, espaço, velocidade, causalidade física e movimento (PI-
AGET, 1974).
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colegas diziam que as crianças estavam motivadas para cuidar do planeta por mi-
nhas aulas motivadoras; demonstravam posturas sustentáveis; tinham ideias para
melhorar a qualidade de vida da comunidade.
Na Especialização, percebi a necessidade de pesquisar como as crianças
da Educação Infantil percebiam o papel do cientista na atualidade e o que enten-
diam por Ciências. Desenvolvi essa pesquisa na Escola Municipal de Educação In-
fantil (EMEI) em que trabalhava. Eu desenvolvia, com colegas de trabalho, ações
voltadas para as questões ambientais no bairro. Foram desenvolvidas ações que
iam além dos muros da escola, procurando, ao mesmo tempo, ajudar os estudantes
a colocarem em prática o que aprendiam, formando cidadãos críticos e autônomos.
Lembrei-me de minha infância, dos momentos que vivi na Creche de querer co-
nhecer o que tinha do outro lado do muro. Memórias afetivas!
Voltei a trabalhar em São Paulo. Começava um novo momento profissio-
nal em minha carreira, com um novo desafio, uma nova proposta educacional e
novas inquietações. Percebi no dia a dia da unidade escolar que a sustentabilidade
estava distante do universo infantil. Percebi, também, que no processo de “Alfabe-
tização Científica” (AC), que compreende as relações entre ciências, tecnologia,
sociedade e meio ambiente, a construção do entendimento sobre tais fenômenos
nem tangenciava a Educação Infantil da época. A demanda dos colegas de trabalho
de São Paulo era parecida com as dos professores de São Bernardo do Campo em
relação a esse tema.
Comecei a repensar as práticas pedagógicas, em busca de respostas para
minhas inquietações sobre a Educação Infantil. Sem falar dos colegas de trabalho
que me indagavam, cada vez mais, sobre as questões de preservação do Planeta. Fui
em busca do mestrado para pesquisar as questões da sustentabilidade e de como
ocorre o processo da Alfabetização Científica no âmbito da Educação Infantil.
As memórias da época de quando brincava de professora e de quando co-
mecei a estudar na mais tenra idade, permitiram vivenciar algumas experiências
que influenciaram minha escolha profissional. Entendo que olhar para essas me-
mórias, traz à tona, vários momentos educativos que permite fazer uma reflexão
sobre a professora que me tornei hoje.
Considerações finais
Escrever sobre as memórias da minha infância permitiu que voltasse no
tempo e revisitasse vários momentos que passei no meu processo educativo. De
fato, posso concluir que as experiências educativas da minha infância e a profissão
que escolhi, foram influenciadas por meus professores e professoras no decorrer
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Referências
BOSI, Ecléa. O tempo vivo na memória: ensaio de psicologia social. São Paulo: Ateliê
Editorial. 2ª ed. 2003.
FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina [recurso eletrônico]: reflexões sobre minha vida e
minha práxis. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
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dade: desafios da realidade para um (re)pensar na educação. Revista Educação Pú-
blica, v. 20, nº 24, 30 de junho de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.ce-
cierj.edu.br/artigos/20/24/sustentabilidade-desafios-da-realidade-para-um-re-
pensar-na-educacao - ISSN: 1984-6290.
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Introdução
O ensino de Filosofia no Ensino Médio deve favorecer uma educação vol-
tada ao pensar filosófico com vistas a uma formação para a vida cidadã. Todavia,
não são raros os relatos docentes sobre as dificuldades de ensinar ao público jo-
vem, o qual sente desconforto na leitura dos textos de filosofia, pois a linguagem
dos autores é repleta de conceitos diferentes daqueles que já estão acostumados
no cotidiano das demais disciplinas. Sendo assim, os estudantes são colocados di-
ante de termos e problemas filosóficos que exigem a atitude reflexiva no presente,
como exemplo: a vida, a morte, a liberdade, a razão, a certeza, a verdade, entre
outras indagações que se dirigem ao nosso cotidiano. Para muitos estudantes, pen-
sar filosoficamente implica desconforto, pois consideram as questões demasiada-
mente abstratas e tal ação passa a ser vista como um exercício desconfortável de
dar sentido à própria existência. Tal dificuldade se encontra expressa na escrita
superficial; quando estes expõem suas opiniões sobre determinado texto traba-
lhado sem a devida argumentação, caindo inevitavelmente no senso comum, se
abstendo de desenvolver o pensamento crítico.
Os espaços institucionalizados infelizmente têm reduzido as práticas fi-
losóficas à dimensão de escolarização valendo-se de um caráter utilitário em um
ensino fragmentado que não explora as dimensões do indivíduo, interna/externa,
sentido/razão, corpo e pensamento reduzindo-se a uma estrutura pedagógica pau-
tada apenas no racionalismo cartesiano, limitando-se a tão somente formar alunos
com ensino voltado ao cálculo e à técnica.
1
Licenciada em Letras/Espanhol (UFPel), Licenciada em Filosofia (UFPel), Licenciada em Letras/Por-
tuguês (UNIASSELVI), Pedagogia (FAVENI), especialista em Mídias na Educação e Tecnologias da
Informação e Comunicação aplicadas à Educação (FURG), Especialista em Atendimento Educacional
Especializado (FURG), especialista em Ensino de Arte e Filosofia (UFPel). Professora de Espanhol da
rede municipal de Esteio/RS.
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A fenomenologia de Merleau-Ponty
De acordo com Aranha (2002, p.25) a fenomenologia é o estudo do fenô-
meno que etimologicamente significa luz, brilho, conduzindo a busca do pensa-
mento verdadeiro. Nessa perspectiva, as coisas se apresentam tal como são sem
que haja a interferência de quaisquer tipos de interferências intelectuais. Na ótica
da fenomenologia, não são os seres no mundo que interferem nas coisas, mas são
as coisas que se apresentam aos seres de forma autônoma, isto é, que se mostram
e se deixam revelar.
Para Rocha (2011, p. 11) a fenomenologia tem por característica a busca
do fenômeno, mas de uma forma contínua por meio da “consciência de”, isto é, esta
consciência pode abranger o racional, embora não seja em sua essência, pois existe
um componente pré-reflexivo. Nesse sentido, o ser quando faz algo possui uma
intencionalidade formada por sua corporeidade, em meio à história, à cultura, à
linguagem. É esse direcionamento “pré-reflexivo” que impulsiona o ser ao mundo
e permite captá-lo, em movimentos contínuos.
Todavia, neste artigo não se pretende buscar a essência dos fenômenos
como acontece na fenomenologia de Husserl, mas buscar-se-á entender a relação
do ser com o mundo e como este processo pode contribuir para uma perspectiva
fenomenológica de ensino.
Segundo Marin (2008, p. 7), as principais características do pensamento
de Merleau-Ponty são a existência do mundo e sua independência em relação a
quaisquer considerações sobre ele e a consequente inseparabilidade entre sujeito
e seu mundo (objeto), fato que produz uma relação de reciprocidade entre ambos;
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ou seja, o corpo é a conexão do sujeito com o seu mundo. Desse modo, cada sujeito
possui a conexão entre sua consciência e mundo através da percepção.
A fenomenologia para Merleau-Ponty visa a valorização dos sentidos na
experiência humana. Para tanto, na percepção tudo se concebe, desse modo,
àquilo que é sentido antes de qualquer análise confronta as ideias idealizadas pela
ciência, conforme os relatos do autor na obra Fenomenologia da Percepção:
Retornar às coisas mesmas é retornar a este mundo anterior ao conheci-
mento do qual o conhecimento sempre fala, e em relação ao qual toda de-
terminação científica é abstrata, significativa e dependente, como a geo-
grafia em relação à paisagem — primeiramente nós aprendemos o que é uma
floresta, um prado ou um riacho. (1999, p. 4).
Para Lobo et al (2018, p.2), a fenomenologia descrita por Merleau-Ponty
tem como objeto de estudo a relação do homem no mundo e as experiências as
quais este vivencia. Neste sentido, o filósofo estuda essa percepção por meio de
um homem encarnado, isto é, um homem dotado de um corpo e de uma natureza
física e biológica, mas que é concebido pela ordem humana. Essa ordem humana é
o que caracteriza o ser em sua existência como homem, tendo uma intencionali-
dade e corporeidade que transmite a ideia de “corpo próprio” e “corpo vivente”.
Segundo Assmann (1998, p.47):
A Corporeidade não é fonte complementar de critérios educacionais, mas
seu foco irradiante primeiro e principal. Sem uma filosofia do corpo, que
pervaga tudo na Educação, qualquer teoria da mente, da inteligência, do ser
humano global, enfim, é, de entrada, falaciosa.
Assim sendo, o corpo não existe sem a mente e nem a mente sem o corpo,
ou seja, ambos comandam os movimentos, ações e pensamentos e são fundamen-
tais no processo de ensino-aprendizagem. E, ao mencionarmos o processo de en-
sino-aprendizagem em Filosofia, cumpre mencionar que o docente ao compreen-
der que o conhecimento se constrói a partir das experiências vivenciadas pelo
corpo, deve propor novas formas de aprendizagem que forneçam estímulos visu-
ais, táteis e sonoros, proporcionando dessa forma, aulas com linguagens diversifi-
cadas às quais poderão ser pautadas nas diferentes manifestações artísticas e lite-
rárias, pois o corpo deve ser estimulado em diferentes propostas curriculares.
Merleau-Ponty menciona que o séc. XX é o período que põe fim a esta
divisão cartesiana entre corpo/alma e matéria/espírito, passando a vida humana a
ser espiritual e corpórea em todos os aspectos. O discurso fenomenológico é nesse
sentido, uma mensagem de rompimento com esta dicotomia propondo o fim da
separação entre corpo e mente, pois o autor defende que o corpo é um todo conec-
tado, sendo anterior às partes que o formam. Ele é um entrelaçado de visão e mo-
vimento. “Para muitos pensadores, no final do século XIX, o corpo era um pedaço
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De acordo com Rocha (2011, p.11), “o ser olha para as coisas do mundo
naturalmente, apenas olha e é olhado pelas coisas ao seu redor. As relações de fa-
miliaridade são determinadas pela dedução do olhar que passa a fazer escolhas”.
Ao olhar se opta pela continuidade ou não do olhar. Assim, uma vez estabelecido
o contato pela visão, a consequência desse ato fica registrada em algum lugar do
corpo, pois ele arquiva todos os registros visíveis e invisíveis.
Nesse aspecto, novamente se enfatiza a importância de trabalhar a pin-
tura em sala de aula, para que os estudantes tenham novas percepções às quais
estarão arquivadas no corpo sendo importantes para a construção de sua sensibi-
lidade. “A obra de arte é a chave do enigma da experiência e do espírito e, dessa
maneira, ensina à filosofia o filosofar, ensinando- lhe a reversibilidade entre ativi-
dade e passividade, que a tradição julgará opostas”. (CHAUÍ, 2002, p. 167)
Merleau-Ponty (2004), argumenta que o pintor quando pinta, pratica uma
“teoria mágica da visão”, e, assim, precisa admitir que as coisas entram nele ou que,
“o espírito sai pelos olhos para peregrinar pelas coisas”, uma vez que não para de
ajustar sobre elas suas visões. Nada muda se o pintor não pinta, mas, porque viu,
porque o mundo, ao menos uma vez, gravou dentro dele as cifras do visível.
O pintor pinta, talvez, para surgir o que chama de inspiração, há realmente
inspiração e expiração do Ser, respiração do Ser e expiração do Ser, ação e
paixão tão imbricados que não se sabe mais quem vê e quem é visto, quem
pinta e quem é pintado. (MERLEAU-PONTY, 2004, p.15)
O pintor materializa seu pensamento por meio dos elementos expressi-
vos, tais como cores, linhas, planos, formas, sons, movimento etc. Isso ocorre por-
que pratica o exercício da reflexão e percepção das coisas do universo, ou seja,
todos os aspectos da natureza e física e da espiritualidade humana. Arruda (2007,
p. 15) lembra que o pintor espanhol Pablo Picasso, ao pintar a “mulher chorando”,
denota além do corpo, a alma da mulher que chora por meio da expressão mani-
festada no corpo.
No texto A dúvida de Cézanne (1980), Merleau-Ponty encontra na pin-
tura desse artista um espaço para a celebração de novas formas de pensamento
haja vista que o pintor ao contrário daquilo que preconizava a pintura clássica que
distinguia o desenho da cor, utilizava a própria tinta para desenhar, ou seja, à me-
dida que se pinta, desenha-se; ampliando dessa forma, o esforço em compreender
a experiência vivida e a noção da relação entre obra de arte e corpo.
Tal ação é fundamental para entendermos a importância da percepção e
como ela auxilia na construção de uma obra de arte. Cézanne ao retratar a natureza
não utiliza traços definidos, mas pinta aquilo que vê, utilizando as cores que conse-
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gue captar. Nesse aspecto, entende-se que não devemos limitar a criatividade do es-
tudante, antes é necessário conferir certa liberdade nas atividades sugeridas para
que este estudante espontaneamente demonstre a riqueza de sua percepção.
Vivemos em meio aos objetos, construídos pelos homens, entre utensílios,
casas, ruas, cidades e na maior parte do tempo só os vemos através das ações
humanas de que podem ser os pontos de aplicações. Habituamo-nos a pen-
sar que tudo isto existe necessariamente e é inabalável (MERLEAU-
PONTY, 1980, p. 118-119).
Ao analisar as obras de Cézanne o autor compreende que sentir, ver, e
pintar uma tela são experiências que alcançam o mundo com o corpo através da
percepção captada pela dinâmica dos movimentos em diferentes ângulos. Isto jus-
tifica o porquê Cézanne reproduziu em torno de 60 vezes a montanha de Saint
Victoire por diversos ângulos entre desenhos e pinturas, pois sabia que as nuances
das cores da montanha mudavam ao passo das horas e das estações do ano.
Outra observação importante, é que nas telas de Cézanne é comum en-
contrar espaços em branco onde não é possível a realização de sobreposição de
cores dando a ideia de obra inacabada, reforçando a tese merleau-pontyana que a
percepção é algo que não se esgota.
A ideia de esboço, inacabamento da obra de arte faz uma alusão figurativa
do campo da educação o qual não se deve reduzir a categorias pré-estabelecidas e
estanques, antes os olhos que observam a obra de arte também devem cruzar em
novos conceitos e noções através da sensibilidade que confere significados múlti-
plos à aprendizagem de Filosofia.
Não existe uma maneira única de aprender, ou seja, é possível aprender-
mos coisas diferenciadas em uma mesma situação educativa, haja vista que cada
ser no mundo percebe as coisas e fenômenos de uma maneira e, portanto, tem algo
a contribuir na construção do conhecimento, especialmente, na aula de Filosofia.
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usual e ultrapassa os limites do senso comum, expressando algo que nunca foi dito
em uma linguagem encarnada.
Nesse sentido, o sucesso de um escritor dependerá de seu estilo ao trazer
novas ideias, pois sua força não deve estar centrada em verdades objetivas ou
ideias prontas, antes o autor deve saber expressar sua experiência corpo/lingua-
gem como maneira de conduzir o leitor a uma modulação de sua fala de forma que
este venha a assimilar as ideias transmitidas e possa situar-se na leitura circulando
entre sua sensibilidade e pensamento haja vista que a linguagem conforme A prosa
do mundo (1952, p.42), encarna significações é o ponto de conexão entre o corpo,
o mundo e o outro, sedimentando significados que constituem uma cultura.
Em vários escritos de Merleau-Ponty, observamos que a literatura é algo
admirado por ele, pois defende a ideia de que o mundo do escritor poderá ser o
mesmo mundo do leitor. Para o autor, o romancista è aquele que tem a capacidade
de atingir o outro, e, é justamente este ponto que vem de encontro àquilo que al-
mejamos para as aulas de Filosofia, que os estudantes se sintam sensibilizados na
experiência da interconexão entre corpo e a linguagem literária a qual conduz à
construção de significados.
(...) O romancista entoa a seu leitor, como qualquer pessoa a quem a ouve,
uma linguagem de iniciados: de iniciados ao mundo, ao universo de possí-
veis que implica um corpo humano, uma vida humana. (...) O romance relato
de acontecimentos, enunciados de idéias, teses ou conclusões, significações
manifesta ou prosaica, e o romance operação de estilo, significação oblíqua
ou latente, colocam-se em simples relação de homonímia. Marx bem o com-
preendera ao preferir Balzac. (MERLEAU PONTY, 1980, pág. 170)
Merleau Ponty compara a atividade do escritor à do pintor, pois o ato de
pintar apresenta duas linguagens: “há o borrão ou o traço de cor que são colocados
num ponto da tela, e há o efeito deles no conjunto, sem medida em comum com
eles, já que não são quase nada e bastam para mudar um retrato ou uma paisagem”
(1960, p. 45).
Deste modo, temos uma face da pintura que está apresentada nas pince-
ladas de tinta do pintor que trazem à existência uma obra que ainda não existia,
um sentido em gênese. Da mesma forma, o escritor se apropria de palavras, formas
e sintaxes de uma atmosfera sentidos criando novas obras expressivas.
Nesse viés, a tarefa da literatura é conduzir o público do discurso já dito
à ressignificação daquilo que se expressa, pois as palavras são reinterpretadas a
cada momento de comunicação dependendo da maneira como os sujeitos atri-
buem significados no momento da comunicação, pois não é possível separar o ser
da comunicação e da cultura a qual se encontra inserido. Por esta razão, é possível
dizer que ser e linguagem são um no mundo.
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Conclusão
A Fenomenologia de Merleau-Ponty ao ser pensada para o ambiente es-
colar contribui para o despertamento da sensibilidade do educando ao passo que
inspira experiências estéticas e literárias criativas capazes de despertar novos sig-
nificados nos estudantes, trocas relevantes com o outro e novas visões de mundo
conforme sustenta o autor na obra “O Olho e o Espírito”.
O saber se apresenta como um modo de ser no corpo onde todas as noções
são oriundas das vivências no mundo em contato com o outro. Nesse aspecto,
cumpre salientar a importância da aula de Filosofia estimular o sensível em diá-
logo com a arte e a literatura com vistas a favorecer uma ideia renovada da razão
apagando a linha divisória entre razão e sentidos, pensamento e corpo, dicotomias
sustentadas na atualidade e ainda muito presentes na escola pública.
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Referências bibliográficas
ARANHA, Carmen Sylvia Guimarães: O olhar criador a partir de Merleau-Ponty.
Revista do Instituto Humanitas Unisinos. São Leopoldo, ed.378, 2011.
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Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
SILVA, Ursula Rosa da. A infância do sentido: aportes para o ensino de filosofia a
partir de uma racionalidade estética. 2009.
197
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TENDÊNCIAS EDUCACIONAIS
CONTEMPORÂNEAS E O PAPEL DO PROFESSOR
Introdução
O mundo contemporâneo vive em contínuas modificações, o que implica
em uma série de alterações no campo educacional. Assim, é requerido uma educa-
ção que consiga se adaptar as essas novas necessidades sociais, políticas e cultu-
rais, demandas estas que surgem enquanto um reflexo dos propósitos estabeleci-
dos pela própria sociedade. Neste caso, é importante ao professor o conhecimento
das tendências educacionais a fim de construir conscientemente a sua própria tra-
jetória político-pedagógica.
O surgimento das mídias digitais e o avanço das tecnologias tem possibili-
tado novas maneiras de se ensinar e aprender, assim como os modos de se transmitir
a informação, exigindo das instituições de ensino uma educação inovadora, refle-
xiva, autônoma e tecnológica, objetivando a formação de cidadãos capazes de aten-
der as novas exigências do mercado atual. Em oposição ao modelo tradicional de
ensino, essa nova concepção educacional, traz alterativas para o processo de ensino-
aprendizagem através de tendências do e-learning, como o Blended Learning, flipped
classroom e o adaptive learning, rompendo com a tão questionada escola tradicional.
Este artigo tem como objetivo discorrer sobre as principais tendências
educacionais contemporâneas, considerando as novas referências para a aprendi-
zagem, bem como seus conceitos, características e possibilidades para o seu uso
1
Professora de Língua Inglesa, EMEF Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso danielaantu-
nes1978@gmail.com.
2
Professora Licenciada em Pedagogia, EMEF Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. mariromancinie-
lena@gmail.com.
3
Professora de Língua Portuguesa/Inglesa, EMEF Olavo Bilac/EE Dom Bosco, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso.
malubrizolla@gmail.com.
4
Professor de Ciências, EMEF Olavo Bilac/EE Márcio Schabatt Souza, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso profbioro-
gerio6681@gmail.com.
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
no contexto educacional. Para tanto, foi realizada uma revisão da literatura, carac-
terizada pelo cunho bibliográfico, partindo de uma perspectiva discutida por Li-
bâneo (1990), Saviani (1997), utilizando recursos como artigos, monografias e tra-
balhos aprovados disponíveis na íntegra.
O presente artigo está divido em quatro capítulos. Na introdução abor-
dou-se o objetivo e metodologia, no segundo capítulo desenvolveu-se o estudo,
compreendendo as modificações que vem ocorrendo no âmbito educacional. Em
seguida apresentou-se as conclusões, e por último as referências bibliográficas uti-
lizadas na mesma.
Tendências eudcacionais:
Antigamente a educação consistia em mera reprodução do conheci-
mento, em que se valorizava o ensino humanístico e conservador, não havendo re-
novação de ideias e muito menos da prática didática do professor. As aulas eram
tão somente expositivas, e valorizavam a memorização e a exatidão, afastando os
estudantes de experiências significativas, haja vista que os estudantes eram edu-
cados por um ensino padronizado.
Assim como amar se aprende amando, ou jogar se aprende jogando, outras
coisas também aprendemos ao praticá-las. Se essa atitude corporal condi-
cionar uma postura de obediência, o aluno aprenderá a ser obediente. Se
condicionar uma postura não crítica, ele aprenderá a ser resignado. Se o
aluno permanecer isolado em sua carteira, terá dificuldades para socializar
conhecimentos, pois aprenderá a praticar ações predominantemente indi-
vidualistas, sem considerar o interesse coletivo (Freire, 2009, p. 6-7).
No ensino tradicional os professores eram reconhecidos como os únicos
detentores do conhecimento, e, portanto, sua responsabilidade consistia em apre-
sentar um conteúdo pronto e acabado, não sendo permitido aos alunos questiona-
mentos, possuindo estes um papel passivo. Tapscott e Williams (2010) conside-
ram esse modelo obsoleto na configuração da sociedade atual, sobretudo pela
forma de produção em massa de estudantes, no qual o professor tem apenas o pa-
pel de transmissor do conhecimento.
Entretanto, com o surgimento das Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação, e a sua participação em quase todos os segmentos, ocorreram trans-
formações drásticas na sociedade que exigiram a adaptação e a inclusão de novas
metodologias na educação, surgindo uma escola liberal e tecnológica, que compar-
tilhasse ideias, informações e responsabilidades, advindo de uma verdadeira coo-
peração entre os indivíduos.
199
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
A educação brasileira, pelo menos nos últimos cinquenta anos, tem sido -
marcada pelas tendências liberais, nas suas formas ora conservadora, ora
renovada. Evidentemente tais tendências se manifestam, concretamente,
nas práticas escolares e no ideário pedagógico de muitos professores, ainda
que estes não se deem conta dessa influência (Libâneo, 1983, p. 2).
Os recursos digitais na atualidade são vistos como como verdadeiros im-
pulsionadores no aprendizado, exigindo do professor a adoção de uma nova prática
pedagógica, haja vista que o ensino hoje confere lugar central ao estudante, objeti-
vando sua formação integral. Desta forma, o professor adota uma postura de facili-
tador da aprendizagem, sendo o mediador de conhecimento científico e tecnológico,
devendo estar aberto para novos conhecimentos, e se adaptar às modificações que
ocorrem na sociedade, como as tendências pedagógicas atuais.
O e-learning, ou aprendizado eletrônico é uma das inovações educacionais
que se tornou popular nos últimos anos, favorecendo a transformação digital na es-
cola. Trata-se de uma modalidade de ensino a distância que não sofre interferência
por barreiras físicas e geográficas, haja vista que ele funciona através das chamadas
plataformas ou ambientes virtuais. As vantagens são inúmeras, como: a flexibilidade
tempo e espaço; promove a autonomia do aluno, otimiza o processo de aprendiza-
gem, facilita de atualização dos conteúdos; permite que o ritmo de aprendizagem
seja definido pelo aluno; possui custo reduzido; entre outros.
O Blended Learning, ou b-learning, por sua vez, trata-se de um modelo hí-
brido ou semipresencial, que reúne as vantagens de suas práticas pedagógicas,
combinando os formatos presencial e digital. Nele o estudo ocorre de forma hí-
brida, agregando adequadamente o ensino de tecnologias com o formato tradicio-
nal a fim de obter o melhor resultado possível.
O B-learning os alunos podem visualizar os materiais na plataforma EaD e
discutir os conteúdos presencialmente, levando as suas questões e curiosidades. É
estruturado através de atividades síncronas e assíncronas, o que implica na exis-
tência de momentos que o professor e aluno se reúnem em encontros presenciais,
mas também há momentos em que possuem horários flexíveis.
O flipped classroom é outra tendência educacional que tem conquistado o
seu espaço na educação, misturando a tecnologia com os métodos tradicionais de
ensino. A diferença reside sobretudo no fato de que o flipped classroom inverte o que
o aluno aprende primeiro, conferindo-lhe um papel mais ativo na construção do
seu conhecimento.
Bergmann e Sams (2012) explicam que essa inversão possibilita mover o
professor do papel de detentor e transmissor do conhecimento para um guia ou
mentor que auxiliará os alunos no decorrer do momento presencial em sala. Isto
200
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
porque quando o aluno chega na sala de aula ele já possui um conhecimento básico
sobre o assunto, tudo porque previamente lhe foi disponibilizado o conteúdo.
O adaptive learning preocupa-se em adaptar o ensino de forma individu-
alizada, moldando-o por meio de algoritmos que compreendem a necessidade e o
ritmo de aprendizagem de cada indivíduo. Ele ocorre através da integração de uma
inteligência artificial que analisa as respostas de cada estudante, oferecendo me-
lhores caminhos para que ele possa aprender de forma mais eficiente, maximi-
zando os resultados de aprendizagem.
Desta forma, em meio há tantas novidades no campo educacional, um
novo sentido é dado à atuação dos professores, haja vista que o modelo de ensino
tem sofrido intensas transformações. Isto porque a utilização dos recursos tecno-
lógicos na educação não substitui a figura do professor, haja vista que este é indis-
pensável à formação das crianças e adolescentes, e sim servem como ferramentas
de auxílio à prática docente.
Para Freire (2012), o professor para ser um bom profissional precisa de
coragem e confiança em si mesmo, tendo como qualidade a humildade para com-
preender que ninguém sabe tudo, como também ninguém ignora tudo. Assim, o
professor deve promover a participação do docente, buscando o diálogo e compre-
endendo a importância da troca de informações entre professor-aluno, que deve
ser constante em sala de aula, seja física ou virtual.
Não há dívidas de que a utilização de recursos tecnológicos como ferra-
menta para aprimorar o ensino favorece a interação entre alunos e promove melhor
acesso a informação, oferecendo um sistema mais dinâmico de aula e promovendo
o protagonismo estudantil. Assim, as instituições de ensino precisam acompanhar
o ritmo da tecnologia utilizada na sociedade, estruturando-se e preparando a
equipe, sobretudo o professor, que neste novo contexto de aula, adota um papel
de mediador.
Considerações finais
Após o estudo realizado, concluiu-se que a tecnologia vem para somar na
escola, auxiliando professores e coordenadores a não somente superar os novos
desafios, mas também atribuindo maior qualidade ao processo de ensino-aprendi-
zado. Esta nova concepção de ensino exige do professor um perfil progressista,
rompendo com as práticas rígidas e autoritárias de ensino, atribuindo ao aluno
uma posição ativa na construção de seu próprio conhecimento.
Com o avanço constante das tecnologias digitais de informação e comu-
nicação, além do adaptive learning, b-learning e do flipped classroom, há uma va-
riedade imensa de tendências educacionais que surgiram nos últimos anos para
201
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Referências Bibliográficas
Bergmann, J.; Sams, A. (2012). Flip Your Classroom: Reach Every Student in Every
Class Every Day. Eugene, Or: International Society for Technology in Education.
Freire, P. (2012). Pedagogia do Oprimido. Ed. Especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
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Rosa Prasser
Introdução
O presente artigo originou-se do projeto de pesquisa sobre o tema “A famí-
lia e a escola e suas contribuições para o sucesso escolar”, com vistas a analisar como
a família e a escola podem contribuir para o fracasso escolar do educando, por falta
de interação entre as duas instituições. No referencial teórico de alguns textos é
abordada a questão do fracasso escolar, além de questionar acerca dessa realidade
com objetivo de contribuir para a promoção do diálogo entre a escola e a família.
Durante a elaboração do projeto, estudamos várias obras de pesquisado-
res que analisam o tema, visando à produção de subtemas construído por meio da
pesquisa bibliográfica. Esses estudos apontaram que as experiências de sucesso e
fracasso são comuns a todos os seres humanos, independentemente de cor ou raça,
todos nós todos estamos sujeitos. Segundo alguns autores, a palavra “fracasso”
soa como algo desagradável, pois em nossas ações não esperamos o fracasso, já que
sempre estamos almejando o sucesso. Como metodologia, utilizamos a pesquisa
qualitativa para saber o que os professores pensam a respeito da família e da escola
e quais as suas contribuições para favorecer o sucesso escolar. Para tanto, foi en-
tregue a cinco professores de duas diferentes escolas públicas municipais do en-
sino fundamental I, localizadas no município de Cariacica, um questionário con-
tendo dez perguntas abertas e fechadas. Dessa forma, foi possível levantar alguns
dados e confrontá-los entre si, sob a luz da base teórica pesquisada durante a ela-
boração do projeto.
As metodologias utilizadas nos propiciaram apontar alguns subtemas no
desenvolvimento deste artigo, assim os assuntos abordados neste trabalho foram
referenciados pelas entrevistas com as professoras, tais quais: as contribuições da
família e da escola para o sucesso escolar dos alunos, a organização curricular vol-
tada para cultura do aluno e a intervenção de trabalho com foco no reforço escolar
e análise de dados.
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A sala destinada ao reforço escolar é caracterizada, via de regra, por alunos que
requerem maior atenção no desenvolvimento do processo de aprendizagem. As
ações dos docentes também são de extrema relevância no desenvolvimento do
ensino escolar destinado às turmas de reforço (POLATO, 2009, p. 06).
Para Polato ele aponta que o número de alunos em uma mesma sala de
aula destinada ao reforço escolar deve ser reduzido, ao passo que das aulas de re-
forço escolar, possa vencer este desafio e propiciar uma efetiva recuperação dos
conteúdos desenvolvidos no processo educacional aos alunos que se apresentam
alheio a um bom desempenho dentro do contexto educacional escolar regular.
Pensando no bom rendimento dos alunos o autor acima citado dialoga que salas
cheias não terá um rendimento escolar a todos os alunos, é necessário que o pro-
fessor esteja atento aos detalhes que acontece no desenvolvimento dos conteúdos
aplicados, é importante que professor fique atento a estes detalhes tenha capaci-
dade criar e de inovar.
Segundo Bergamin (2008)
Os programas de reforço escolar têm resultados significativos e propulsores
quando estão engajados de forma integrada ao projeto pedagógico da escola,
como uma política de mudança, que envolva planejamento, recursos materi-
ais, desempenho e envolvimento na prática docente. Deve também contar com
o envolvimento da direção e coordenação pedagógica da escola, para que as-
sim, todos possam desempenhar ações que, de fato, estejam voltadas ao obje-
tivo fundamental do processo educacional escolar: o desenvolvimento e cons-
trução do saber significativo pelo indivíduo, principalmente se tratando de
uma sala de reforço escolar (BERGAMIN, 2008, P. 108).
Com este estudo podemos perceber como a sala de reforço escolar é delicado,
para com os alunos que frequentam o reforço, a fim de conseguir superar tais dificul-
dades e progredir em seu desenvolvimento educacional, Bergamin em seu discurso ele
diz que os programas de reforço escolar tem resultados significativos, quando estão
engajados de forma integrada ao projeto pedagógico da escola, como uma política que
envolva planejamento na pratica docente, podemos perceber que e necessário traba-
lhar em coletivo para que possa ter um resultado significativo.
Conclusão
Este trabalho é o resultado de pesquisa essencialmente bibliográfica e
qualitativa, obtidas nas entrevistas, com o objetivo de apresentar a importância da
família e suas contribuições para o sucesso escolar. Por meio das leituras em dife-
rentes autores, aprofundamos o significado da palavra “família” que era automati-
camente associada à ideia do grupo constituído por pai, mãe e filhos.
Porém, atualmente o conceito família foi ampliado, e podemos entender
por família um grupo de pessoas que moram em uma mesma casa, mantendo-se
ligados por um relacionamento afetivo ou grau de parentesco. A escola, por sua
210
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
vez, enquanto um sistema de ensino que tem por objetivo preparar os alunos para
exercer o papel de cidadãos, também está sujeita às influências de políticas sociais
de cada época.
Nossa pesquisa revela que os professores têm ciência de que o fracasso
escolar ocorre pela junção de diversos fatores, sendo eles de cunho pedagógico e
sociocultural. No entanto, existem pesquisas de autores que descrevem ser o dis-
tanciamento da família e a falta de incentivo por parte dela o motivo da desmoti-
vação do aluno.
A pesquisa realizada foi relevante nos pontos que nos fez refletir sobre o
fracasso escolar, tão comentado pelos docentes, mas com pouca intervenção por
parte de algumas escolas.
Concluímos que esse estudo foi muito gratificante porque permitiu co-
nhecer as ideias de cada autor pesquisado e, também, as posições e os envolvimen-
tos dos professores com o assunto sucesso e fracasso escolar.
Referências Bibliográficas
ANAYA, V. Currículo escolar e construção cultural: uma análise prática. Dialogia,
São Paulo, 2006.v.5, p.145-151.
211
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MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas como? 7ª edição. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.
SEVERINO. A. J. Educação, sujeito e história. 1. Ed. São Paulo: Olho D’Água. 2002.
. In. LIMA, M. LEMOS; M. F. & ANAYA, V. Currículo escolar e construção cultu-
ral: uma análise prática. Dialogia, São Paulo, v.5, p.145-151, 2006.
212
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Anexos
Tabela de analise dos dados
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Questionário:
1. A presença da família ou responsável, do aluno, no ambiente escolar é
satisfatória? ( ) SIM ( ) NÃO
2. Como a docência interpreta o fracasso escolar?
3. Cite uma possível causa responsável pelo bom ou mal desempenho do
aluno na aprendizagem.
4. Qual a intervenção da escola diante do baixo rendimento escolar do
aluno?
5. Em quais circunstâncias a escola pode contribuir para o fracasso
escolar?
6. Por que o meio cultural exerce influência no desempenho escolar do
aluno?
7. O ensino que envolve o aluno na construção do conhecimento
contribui para o sucesso escolar. Defenda ou não essa afirmação.
8. O sucesso escolar também esta relacionado a forma em que os con-
teúdos são transmitidos aos alunos?
9. Pesquisa e experiências em sala de aula apontam para algumas estra-
tégias didáticas que podem auxiliar o aluno na superação de suas dificuldades.
Atendem a proposta.
a)Importância de interação
214
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
215
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
Introdução
Com o desenvolvimento e o sucesso estrondoso da tecnologia no século
XX, todos os setores da sociedade quase que imediatamente passaram a adotar as
ferramentas tecnológicas em seus processos, começando a ser questionado algu-
mas alternativas interessantes de como o ensino na sociedade contemporânea de-
veria ocorrer. Isto porque antigamente as salas de aulas se resumiam a um profes-
sor detentor de todo o conhecimento, os alunos como receptores, e os materiais
utilizados no processo de ensino eram tão somente um quadro, giz e livros didáti-
cos. Contudo a realidade mudou, e atualmente além da restruturação dos papéis
dos envolvidos, há diversos elementos de multimídia que podem e devem ser inse-
ridos no processo de ensino-aprendizado.
A tecnologia trouxe inúmeras possibilidades ao contexto educacional,
sobretudo no que diz respeito a tornar a didática mais envolvente e assimilativa
por meio de mecanismos que ela possui para captar a atenção do aluno, aumen-
tando radicalmente as chances de um aprendizado de sucesso. Para tanto, torna-
se relevante discutir acerca do impacto que as mídias digitais oferecem a educação,
uma vez que tal temática é de suma importância não somente para o campo aca-
dêmico, mas para que gestores e docentes possam refletir sobre a sua prática, ar-
ticulando ações inovadoras que valorizem a modernização da escola a partir da
inserção das mídias digitais na educação.
Como objetivo deste trabalho propõe-se um estudo acerca da importân-
cia das mídias digitais e tecnologias digitais no campo educacional, tendo como
1
Professor de Educação Física, EMEF Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. carlosantuneslrv@gmail.com.
2
Professora de Língua Portuguesa, EMEF Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. profegenivgois@gmail.com
3
Professora de Língua Portuguesa/Inglesa, EMEF Olavo Bilac/EE Dom Bosco, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso.
malubrizolla@gmail.com
4
Professor de Ciências, EMEF Olavo Bilac/EE Márcio Schabatt Souza, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso profbioro-
gerio6681@gmail.com
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217
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
o poder de questionar, criticar, elogiar ou até mesmo ciar seu próprio conteúdo.
Contudo é importante ressaltar que as mídias digitais, apesar de indiscutivel-
mente serem de ferramentas extremamente abrangentes com enorme potencial
educativo, o seu uso requer orientação estratégica e cautela.
Diante dessa realidade, um novo paradigma passou a permear a socie-
dade, trazendo impactos que refletiram profundamente em várias áreas das rela-
ções humanas. Isto porque o uso das tecnologias é considerado um atributo fun-
damental tanto para o sucesso acadêmico quanto o profissional, fazendo com que
a escola passasse a questionar em como poderia contribuir para garantir acesso à
tecnologia a todos.
O uso das tecnologias em educação, exige a adoção de novas abordagens
pedagógicas, novos caminhos que acabem com o isolamento da escola e a
coloquem em permanente situação de diálogo e cooperação com as demais
instâncias existentes na sociedade, a começar pelos próprios alunos.
(Kenski, 2012, p. 66)
O aluno também mudou, as crianças e adolescentes dos dias atuais cres-
cem cercadas por tecnologias, utilizando vídeo games, celulares, tablets e outros
aparatos tecnológicos da era digital desde muito jovens. Como resultado, os estu-
dantes de hoje pensam de modo completamente diferente de suas gerações ante-
riores, bem como o fluxo de informações que recebem é distinto e bastante in-
tenso, o que implica em uma nova forma de ensinar e aprender.
As tecnologias de informação e comunicação estão alterando a relação entre
ensinar e aprender. Abrem novos horizontes e oferecem aos educadores a
possibilidade de utilizar diversas ferramentas que podem melhorar o pro-
cesso de ensino-aprendizagem, tornando o ato de aprender mais interativo,
concreto e cooperativo (Nunes, 2013, p. 24).
Neste mundo em que as mídias digitais influenciam fortemente não so-
mente a educação, mas toda a sociedade, é preciso que a construção do conheci-
mento ocorra de modo colaborativo, que os estudantes pesquisem, coletem dados,
publiquem, e compartilhem uns entre os outros, e que os professores repensem
seus conceitos e estejam preparados para adotar uma postura de mentor. Portanto,
a utilização da multimídia e hipermídia na educação é de suma relevância, visto
que através de seu uso, as aulas se tornam mais dinâmicas e personalizadas, garan-
tindo maior acessibilidade e qualidade de ensino.
O maior desafio educacional desta nova era é justamente fazer com que
os agentes envolvidos no processo educacional se sintam seguros e preparados
para desempenhar sua respectiva função. Para Kenski (2009, p. 103):
218
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
[...] um dos grandes desafios que os professores brasileiros enfrentam está na ne-
cessidade de saber lidar pedagogicamente com alunos e situações extremas: dos
alunos que já possuem conhecimentos avançados e acesso pleno às últimas ino-
vações tecnológicas aos que se encontram em plena exclusão tecnológica; das
instituições de ensino equipadas com mais modernas tecnologias digitais aos es-
paços educacionais precários e com recursos mínimos para o exercício da função
docente. O desafio maior, no entanto, ainda se encontra na própria formação
profissional para enfrentar esses e tantos outros problemas.
Considerações finais
A educação está intimamente relacionada a organização de uma socie-
dade, e, portanto, a fim de garantir a democratização e a igualdade de condições
para as diferentes camadas, deve agir de forma ética e política, discutindo acerca
de questões que envolvam a mídia digital e a tecnologia em geral na educação. As-
sim, a escola passa a analisar e refletir sobre a relação das mídias com a educação,
compreendendo a sua relevância no contexto escolar, e o educador percebe-se
como parte essencial na transformação social e cultural.
Em um mundo mediado pelas mídias digitais, é imprescindível que o fu-
turo educador esteja conectado com as novas tecnologias tanto quanto os educan-
dos, utilizando todas essas ferramentas na construção do saber e do aprendizado.
Os educadores devem ser inseridos em um cenário de mudanças não somente apli-
cando práticas didáticas inovadoras, mas conscientes das mudanças que as tecno-
logias proporcionam ao mundo fora da escola, na vida das pessoas, e, portanto, a
219
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO
prática docente necessita de restruturação, visto que eles não são mais a única
fonte do conhecimento no espaço escolar.
Com o princípio de atribuir maior dinamicidade ao processo de ensino-
aprendizagem, e estabelecendo maior coerência com os desafios da modernidade,
a escola deve promover a utilização de mídias digitais nas práticas pedagógicas de
maneira segura e crítica. Os estudantes devem trabalhar juntamente com os edu-
cadores, ampliando os conceitos e se apropriando de diferentes visões de mundo,
trabalhando em projetos dentro e fora da escola, coletando dados e agindo de ma-
neira cooperativa com outros estudantes. A educação é um caminho para trans-
formar a realidade da sociedade, e a sua melhoria está intrinsecamente relacionada
a inclusão da tecnologia aos meios tradicionais de ensino.
Referências Bibliográficas
Candau. V. M. F. (2016). Cotidiano escolar e práticas interculturais. Cadernos de
Pesquisa v. 46 n. 161 p. 802-820 jul./set. Disponível em: http://www.sci-
elo.br/pdf/cp/v46n161/1980-5314-cp-46-161-00802.pdf.
220
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ÍNDICE REMISSIVO
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processo educativo, 10, 15, 16, 49, 117, 118, 119, 120, 121, 122, 123,
73, 77, 91, 193 124, 133, 138, 146, 147, 150, 151,
professores, 7, 16, 32, 35, 36, 52, 56, 154, 155, 156, 158, 161, 162, 164,
62, 64, 65, 67, 68, 77, 85, 91, 92, 93, 169, 170, 173, 175, 177, 188, 192,
141, 142, 143, 144, 150, 152, 153, 196, 206, 210, 211, 212, 213, 216,
157, 162, 169, 172, 180, 182, 184, 217, 221, 229, 230, 231, 232, 233
187, 188, 189, 192, 193, 194, 211, sucesso escolar, 215, 216, 218, 220,
212, 213, 215, 216, 217, 218, 219, 223, 227
220, 223, 224, 232
profissional, 36, 74, 80, 89, 90, 91, T
92, 100, 107, 108, 115, 117, 140,
154, 161, 169, 171, 189, 191, 192, tecnologia, 44, 81, 85, 89, 91, 92, 93,
193, 194, 213, 231, 232 94, 96, 98, 99, 128, 129, 130, 132,
protagonismo, 15, 72, 76, 77, 178, 162, 163, 169, 172, 174, 175, 177,
213 178, 179, 180, 181, 189, 192, 212,
213, 214, 221, 229, 231, 233
tecnologia digital, 129, 231
R
tempo integral, 8, 9, 10, 11, 13, 14,
reflexão, 9, 30, 31, 33, 34, 35, 36, 40, 15, 16, 17, 18
73, 77, 80, 90, 93, 113, 115, 124, tendências educacionais, 210, 214
125, 155, 163, 164, 176, 188, 193, terceiro setor, 97, 99, 103, 105, 111
194, 201, 207 trabalho docente, 73, 221
S V
social, 9, 10, 11, 12, 17, 20, 21, 24, videogame, 130, 135, 137
34, 36, 39, 42, 43, 44, 48, 51, 52, 53, visão holística, 8, 12, 48
54, 56, 57, 59, 60, 63, 66, 67, 69, 70,
74, 85, 86, 88, 89, 90, 92, 93, 94, 95,
97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 105,
107, 108, 110, 111, 112, 114, 115,
117, 118, 121, 123, 124, 128, 129,
136, 138, 139, 140, 144, 146, 155,
160, 167, 170, 171, 176, 178, 183,
188, 190, 191, 194, 196, 216, 217,
219, 220, 230, 232, 233
sociedade, 9, 10, 13, 15, 16, 19, 20,
24, 34, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51,
53, 56, 70, 72, 74, 75, 76, 79, 80, 84,
87, 88, 89, 90, 92, 93, 94, 96, 97,
101, 106, 107, 109, 111, 114, 116,
223
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO