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UVA

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

DIREITO

BRUNA OLIVEIRA GOMES RODRIGUES


ISABELA MURRO MARTINS

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

CABO FRIO
2022
Educação de Qualidade
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação aos direitos
autorais.
O presente trabalho tem como tema Educação de Qualidade, com o objetivo de
abordar assuntos pertinentes ao tema. A educação de qualidade não é somente um
direito, mas também um dever da família e do estado, conforme prevê O artigo 2º da
LDB. O reconhecimento de que o acesso ao ensino obrigatório e gratuito público
subjetivo, conforme o artigo 208, §1º, representa uma grande conquista da Constituição
Federal de 1988. O padrão de qualidade constitui um dos princípios do ensino que deve
ser ministrado ao educando, independentemente de sua origem. Todo cidadão possui
direito ao ensino com padrão de qualidade. Ao decorrer do trabalho apresentaremos
um caso concreto que confronta o direito estabelecido pela Constituição Federal de
1988.

A Organização das Nações Unidas (ONU) propôs 17 Objetivos e 169 Metas


para todas as nações do mundo visando um desenvolvimento sustentável, sendo
nomeadas de “A Agenda 2030”. Um desses objetivos tratasse de educação de
qualidade. Restringindo-se especificamente ao brasil a educação de qualidade também
está prevista por lei. O direito a educação no brasil tornou-se direito na Constituição de
1934, no art. 149, que despontou o tema a respeito da educação como formação da
personalidade. Esta dispunha em seu parágrafo único, do artigo 150, sobre a
gratuidade e a frequência obrigatória do ensino primário, fazendo diretrizes para a
educação nacional. Contudo, na Carta Magna atual, encontra-se todo aparato legal
para que a educação seja aplicada de forma eficaz, principalmente perante as crianças
e os adolescentes, pessoas em plena formação de sua dignidade e de sua moral,
ressaltando a obrigação da família e, em especial, do Estado como mecanismo
propulsor. Na Constituição Federal contemporânea, o direito da educação também é
tido como direito de personalidade, sendo o mesmo propulsor de garantia à dignidade
humana, principalmente da criança e do adolescente, por serem pessoas em
desenvolvimento, na busca do exercício de cidadania. Mediante a isto, está prevista,
em capítulo próprio no Estatuto da Criança e do Adolescente, a educação como direito
obrigatório, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa em formação, o preparo para
o exercício da cidadania. Os direitos de personalidade da criança e do adolescente
encontram-se previstos na Lei 8.069/199020, artigos 1º a 18, 53 a 69, 70 a 97 e demais
medidas de proteção se encontram no artigo 98 e seguintes do mencionado diploma
legal. Enfatiza-se o direito à educação, prevista no artigo 53 do Estatuto da Criança e
Adolescente, como direito de personalidade.

No entanto, ao que se refere a garantia de acesso à educação no brasil, tal


direito não tem sido assegurado, uma vez que parcela significativa da sociedade não
tem o ensino fundamental completo. A vista disso é elementar discutir: como as
disparidades regionais e socioeconômicas dificultam o acesso integrado a educação.
Nesse viés, O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ementa um recurso de
apelação " Direito ao estudo. Direito a educação obrigação Constitucional do município. Vaga
em estabelecimento de ensino fundamental em local próximo a residência da criança. o
Município tem o dever de prestar ensino público à criança necessitada, nos termos do art .
211, inciso 2°, e 4°, da Constituição Federal. Além disso, o art. 53, inciso V, do ECA garante
acesso à escola pública e gratuita em escola próximo a residência. Demonstrando nos autos
que o Município deixou de disponibilizar vaga em estabelecimento de ensino próximo á
residência da criança.
Contudo, faz se oportuno ressaltar que mesmo sendo por lei prevista o direito de ensino
próximo a residência da criança, muitos locais ainda não contam com escolas próximas,
fazendo a criança se locomover por horas, para chegar em centros estudantis.
Alavancando as disparidades reginais afligirem milhares de crianças e adolescentes. O
site G1 com informações do Globo Rural, publicou no dia 09/10/2007, uma reportagem
abordando as dificuldades enfrentadas por crianças. “Crianças enfrentam dificuldades para
ir à escola no Amazonas. Para muitos estudantes, o barco é a única alternativa de transporte.
Segundo alguns alunos, continuar estudando é um desafio diário. O barco é o único meio de
transporte para muitos estudantes da Amazônia. Uma rotina que requer esforço e dedicação
para as crianças que precisam ir à escola na região do lago do Purupuru. Cenários de uma
infância cabocla, de barranco em barranco o dia amanhece e o barco fica lotado. Tícia, de 10
anos, e Cássia, de 7, já estão de pé. Café na mesa, livros na bolsa e bênção das mães e ficam
por aí as semelhanças com o começo do dia de outros estudantes do país. O Rio Autaz-mirim é
caminho para quem vive na região. Os estudantes Janderson e Jamile chegam de canoa. Para
muitos alunos, o barco é mais do que um meio de transporte: é a diferença entre poder estudar
ou ter de abandonar a escola. Só entre as comunidades do Purupuru, por dia, mais de 500
crianças têm os rios como estradas do saber.”

A Declaração Mundial sobre Educação para todos (1990), po vezes, tem por objetivo
garantir a educação como um direito mínimo, visando obstaculizar as desigualdades.

Artigo 1, satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. “cada pessoa criança,


jovem ou adulto – deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas
voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Essas
necessidades básicas de aprendizagem ( Como leitura e a escrita, a expressão oral, o
como o conhecimentos, habilidades valores e atitudes), necessários para que os seres
humanos possam sobreviver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do
desenvolvimento, para melhorar a qualidade de vida “

Diante dessa conjuntura, é valido ressaltar as diferenças regionais e


socioeconômicas como peça-chave na questão da falha do acesso à educação no
Brasil. Em suma, as disparidades das áreas urbanas para rurais e periféricas, afligem
os brasileiros. Existe uma concentração de escolas e campos de ensino nos grandes
centros, dificultando o acesso de parte da sociedade. Tornando em subliminar, um
direito básico um artigo de luxo. Segundo a pesquisa feita e publicada pelo Ideb (2019),
aponta forte desigualdade na educação entre regiões do País. A educação não é igual
para alunos de níveis socioeconômicos diferentes e também para alunos de diferentes
regiões do Brasil. A educação é considerada a principal ferramenta propulsora para o
crescimento, o desenvolvimento e a superação das desigualdades em um país. Muitos
de seus resultados são reflexos de dois fatores: os investimentos direcionados a ela e a
distribuição igualitária destes recursos entre a sociedade. Pode-se observar que os
alunos das regiões norte e nordeste já possuem uma grande defasagem no início da
sua vida escolar, com níveis de alfabetização bem inferiores aos das outras regiões. O
Brasil ainda tem 11 milhões de analfabetos, segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, o que corresponde a 6,6% da população com
idade igual ou superior a 15 anos. As regiões que lideram essa taxa são
respectivamente o Nordeste, com 13,9%, e a região Norte, com 7,6%. Contudo, até
hoje as regiões norte e nordeste apresentam maior taxa de analfabetismo e evasão
escolar. Como consequência essas regiões vão implicar em maiores taxas de distorção
idade-série (TDI). A não concretização do direito à educação, que pode ter custado a
essas regiões uma série de perdas na qualidade de vida de sua população, pode ter
implicações ainda maiores no século XXI. Hoje estamos presenciando uma quarta
revolução industrial, nela emerge uma sociedade mais complexa e que exigirá
habilidades mais sofisticadas que as do passado, principalmente no que se refere ao
setor produtivo. Não ter sua população capacitada para participar desta nova revolução
implicará, mais uma vez, em uma maior marginalização das regiões

Contudo, é notório o desequilíbrio existente nestes fatores quando se analisa não só


o âmbito regional, mas também o global: países se distinguem de forma acentuada na
promoção de uma educação de qualidade. Há uma conexão entre desigualdade
educacional e desigualdade de renda: existe correlação. Uma das formas de se
observar a desigualdade educacional é através do Programme for International Student
Assessment (PISA), exame internacional padronizado que captura as habilidades dos
alunos em três áreas: Leitura, Matemática e Ciências. O PISA de 2015 deflagra a
realidade latino-americana: aproximadamente 50% dos mexicanos, colombianos e
brasileiros não têm as habilidades necessárias para resolver equações matemáticas
simples, com América Latina e Caribe ocupando as posições inferiores do ranking. Por
sua vez, o PISA de 2018 também mostra resultados relevantes: países desenvolvidos
europeus e norte-americanos (além de Japão, Coréia do Sul e Austrália) exibem
desempenhos acima da média global nas três áreas de proficiência, enquanto países
da América Latina e Oriente Médio encontram-se, no geral, abaixo da média para as
três áreas. No Brasil, a desigualdade é gritante: enquanto alunos de nível
socioeconômico alto atingem pontuações acima de Suíça e Itália na prova de Leitura,
estudantes pobres possuem médias semelhantes a países como Macedônia e
Cazaquistão.

Na Constituição Federal contemporânea, o direito de personalidade, destacando


dentre eles o direito à educação, é analisado como um direito fundamental, sendo o
mesmo propulsor de garantia à dignidade humana, principalmente da criança e do
adolescente, por serem pessoas em desenvolvimento, na busca do exercício de
cidadania. Em suma, além da educação ser um direito fundamental e de personalidade,
ela impacta todas as áreas, afinal, é a partir dela que os ser humano se desenvolvem
como cidadãos e profissionais. Tornando assim, mais fácil para o indivíduo se inserir no
mercado de trabalho, podendo ter uma vida mais digna e contribuindo para o
desenvolvimento econômico do país. Na prática, isso significa que as pessoas ganham
mais dinheiro, consomem mais e recolhem mais impostos. Isso dá ao governo ainda
mais recursos para que possa investir em melhorias sociais de diversos âmbitos. Em
outro viés, o conhecimento é uma chave para criar cidadãos mais críticos, conscientes
e participativos em relação aos seus direitos e deveres. Nesse sentido, a educação
também é importante para orientar sobre o cumprimento dos chamados deveres
cívicos. Nesse entendimento, nos respaldamos em FREIRE19: Não é possível refazer
este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de
matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a
educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela, tampouco a sociedade muda.
Constata-se que a educação é o instrumento transformador da realidade social, é o
caminho para o desenvolvimento, e fomentando todas as áreas do crescimento de um
indivíduo.

Bibliografia
ARIÈS, Phelipe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1981.

CANIVEZ, Patrice. Educar o cidadão? Campinas: Papirus, 1991.


DURKHEIM. E. Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
PADILHA, Norma Sueli. Gramática dos Direitos Fundamentais: a Constituição Federal
1988 20 anos depois. Rio de Janeiro/RJ: Elsevier Editora Ltda, 2010.
SILVA, Fábio de Sousa Nunes da. análise crítica quanto efetivação do direito fundamen-
tal à educação no brasil como instrumento de transformação social. Disponível em:
<http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20080624114112546>. Acesso em:
6 de jul de 2012.
ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches.
Estatuto da criança e do adolescente: Lei 8.069/1990, artigo por artigo. São Paulo: Revista
dos
Tribunais. 2012

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