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03/04/2024, 19:11 Aspectos Sociais, Políticos e Legais da Educação
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03/04/2024, 19:11 Aspectos Sociais, Políticos e Legais da Educação
Introdução
Você tem ideia de como se encontra organizada a Educação Básica no Brasil? Sabia que existem planos de
educação no país e que estes estão em cada uma das esferas federativas? Conhece as metas propostas e o prazo
para que sejam atingidas?
Nesta unidade, vamos apresentar o percurso dos planos de educação e identificar suas metas. Você perceberá
que poderá participar de suas açõ es e contribuir para qualificar a educação em seu município. Em relação às
políticas curriculares, vai poder acompanhar desde a formulação de parâmetros para orientar os currículos
escolares até o recente conjunto de normas voltadas a dar organicidade a eles em todo o territó rio nacional.
Nossas reflexõ es também vão abranger a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), importante dispositivo
curricular aprovado pelo Conselho Nacional de Educação em dezembro de 2017.
Os pontos abordados nesta unidade são importantes para a melhor compreensão a respeito do modo pelo qual
a educação brasileira está organizada.
Para começar, vamos abordar um dos dispositivos mais importantes para a garantia dos direitos da criança e
do adolescente no país: o ECA.
Então, seja bem-vindo e bons estudos!
sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou
crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econô mica,
ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias
ou a comunidade em que vivem (BRASIL, 1990).
Entre os direitos fundamentais da criança e do adolescente estão o direito à vida e à saú de. Estes serão
efetivados por meio de políticas sociais pú blicas que possibilitem à criança o nascimento e o
desenvolvimento saudável e harmonioso com condiçõ es dignas de vida.
De acordo com o ECA, todas as mulheres terão assegurado o acesso a programas específicos de saú de,
incluindo planejamento familiar, “atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-
natal, perinatal e pó s-natal integral no âmbito do Sistema Ú nico de Saú de” (BRASIL, 1990).
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Você já percebeu que o ECA, ao assegurar direitos às crianças e aos adolescentes, está tratando de um universo
de pessoas que têm garantido pela Lei n. 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – a
gratuidade de acesso e permanência aos diferentes níveis da educação básica, não é mesmo?
Essa é uma das razõ es pelas quais todos os professores que exercem a docência – da Educação Infantil ao
Ensino Médio – devem conhecer os preceitos legais presentes nessa norma jurídica.
O Capítulo IV do ECA versa especificamente sobre Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer:
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de
sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-
lhes:
I – igualdade de condiçõ es para o acesso e permanência na escola;
II – direito de ser respeitado por seus educadores;
III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV – direito de organização e participação em entidades estudantis;
V – acesso à escola pú blica e gratuita pró xima de sua residência (BRASIL, 1990).
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Segundo o artigo seguinte, de nú mero 54, “é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente”:
I - ensino fundamental, obrigató rio e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na
idade pró pria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condiçõ es do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saú de.
§ 1º O acesso ao ensino obrigató rio e gratuito é direito pú blico subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigató rio pelo poder pú blico ou sua oferta irregular importa
responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder pú blico recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola. (BRASIL, 1990)
No entanto, em que pese sua importância para o cotidiano escolar, essa norma legal não se restringe aos
espaços de escolarização. Protege e assegura os direitos das crianças e do adolescente em sua convivência
familiar, comunitária e social. Clique nos botõ es a seguir e veja alguns artigos importantes sobre isso:
Art. 18-A
“A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico
ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis,
pelos agentes pú blicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los”.
Art. 22
“Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes
ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinaçõ es judiciais.”
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Assim, diante da abrangência do ECA, houve a necessidade da criação de Conselhos Tutelares. De acordo com
o art. 131, o Conselho Tutelar é “ó rgão permanente e autô nomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade
de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente” (BRASIL, 1990). Logo a seguir, o art. 132
esclarece:
São três requisitos exigidos pelo ECA para as candidaturas ao cargo de conselheiros, segundo dispõ e o art. 133:
“I – reconhecida idoneidade moral; II – idade superior a vinte e um anos; III – residir no município” (BRASIL,
1990). O mandato de conselheiro tutelar é de 4 (quatro) anos. Como o voto é facultativo, o nú mero de pessoas
votantes ainda é muito baixa se comparado às eleiçõ es de caráter obrigató rio.
Entre as atribuiçõ es do Conselho Tutelar legalmente prescritas, destacam-se (art. 136):
1) atender e aconselhar os pais ou responsável;
2) requisitar serviços pú blicos nas áreas de saú de, educação, serviço social, previdência, trabalho e
segurança;
3) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas
deliberaçõ es;
4) encaminhar ao Ministério Pú blico notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra
os direitos da criança ou adolescente;
5) encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
6) providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária;
7) expedir notificaçõ es;
8) requisitar certidõ es de nascimento e de ó bito de criança ou adolescente quando necessário;
9) assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de
atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
Como você pô de acompanhar até aqui, o ECA é de fundamental importância para assegurar uma vida digna e
saudável para crianças e adolescentes brasileiros, em especial aqueles que precisam de proteção da sociedade
em função de viver em condiçõ es de extrema vulnerabilidade em uma sociedade com tantas desigualdades
sociais, econô micas e culturais.
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Figura 2 - Crianças e adolescentes têm direito à educação de qualidade com igualdade de condiçõ es e acesso.
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2020.
Nesse contexto, é preciso sublinhar a importância adquirida pela Lei n. 11.525/07, que alterou a LDBEN para
incluir os “direitos das crianças e dos adolescentes no currículo do ensino fundamental” (BRASIL, 2007).
Inserir essa temática entre os conhecimentos que são trabalhados pelas escolas é certamente uma forma de
ampliar a difusão dos direitos das crianças e dos adolescentes, ao mesmo tempo que contribui para
conscientizar a escola das responsabilidades sociais dela para com os alunos.
Assentado o princípio do direito bioló gico de cada indivíduo à sua educação integral, cabe
evidentemente ao Estado a organização dos meios de o tornar efetivo, por um plano geral de
educação, de estrutura orgânica, que torne a escola acessível, em todos os seus graus, aos
cidadãos a quem a estrutura social do país mantém em condiçõ es de inferioridade econô mica para
obter o máximo de desenvolvimento de acordo com as suas aptidõ es vitais (HISTEDBR, 2006, p.
193, grifo da autora).
No entanto, mesmo diante do fato de que era preciso que a educação tivesse alguma organicidade com vistas a
garantir unidade educacional para todo o territó rio nacional, muitas décadas foram necessárias para que o
Brasil tivesse o primeiro Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei n. 10.172/01, com validade de
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dez anos, ou seja, com metas e estratégias de ação pensadas para o período compreendido entre 2001 a 2010.
O segundo PNE foi aprovado pela Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, e tem validade até 2024.
VOCÊ SABIA?
O primeiro Plano Nacional de Educaçã o foi promulgado em janeiro de 2001, com
validade até 2010, e a partir do ano seguinte um novo PNE deveria entrar em
vigor para prosseguir com as metas educacionais até entã o desenvolvidas. No
entanto, o país ficou quatro anos sem PNE. Somente em junho de 2014 o PNE
2014-2024 foi aprovado. Essa demora se deu em funçã o de disputas políticas
travadas no Congresso durante o processo de tramitaçã o entre a Câ mara e o
Senado Federal que remetem a diferentes compreensões sobre educaçã o e
acabam por afetar os rumos da educaçã o e a melhoria de sua qualidade.
Em sua apresentação, o texto explicita: “O Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 13.005/2014, é um
instrumento de planejamento do nosso Estado democrático de direito que orienta a execução e o
aprimoramento de políticas pú blicas do setor” (BRASIL, 2014).
E logo a seguir complementa: “O seu cumprimento é objeto de monitoramento contínuo e de avaliaçõ es
perió dicas realizadas pelo Ministério da Educação (MEC), pelas comissõ es de educação da Câmara e do
Senado, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pelo Fó rum Nacional de Educação” (BRASIL, 2014).
O PNE é construído com base em dez diretrizes. São elas:
I − erradicação do analfabetismo;
II − universalização do atendimento escolar;
III – superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na
erradicação de todas as formas de discriminação;
IV – melhoria da qualidade da educação;
V – formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se
fundamenta a sociedade;
VI − promoção do princípio da gestão democrática da educação pú blica;
VII − promoção humanística, científica, cultural e tecnoló gica do país;
VIII − estabelecimento de meta de aplicação de recursos pú blicos em educação como proporção
do Produto Interno Bruto (PIB), que assegure atendimento às necessidades de expansão, com
padrão de qualidade e equidade;
IX − valorização dos(as) profissionais da educação;
X − promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade
socioambiental (BRASIL, 2014).
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A partir dessas diretrizes foram elaboradas metas, bem como estratégias para aquelas serem alcançadas. Veja
no quadro a seguir cada uma dessas metas a serem cumpridas pelo PNE 2014-2024.
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Como podemos observar, as metas traçadas pelo PNE 2014-2024 são bastante arrojadas e buscam aumentar os
índices de inclusão e de rendimento em cada uma delas. Pensadas a partir de diversas estratégias de ação para
alcançá-las, parecem ainda muito distantes de conseguirem seus objetivos dentro dos limites de prazo
estabelecidos pelo pró prio Plano.
Como é possível perceber, existem metas a serem cumpridas em conformidade com as projeçõ es atribuídas no
PNE. Agora, vamos conhecer as propostas do PNE para o decênio 2014-2024?
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decorrente do monitoramento das metas aponta que se faz necessário que as políticas sociais adquiram um
ritmo mais acelerado para que as metas possam vir a ser alcançadas.
CASO
Embora o Brasil continue com uma taxa expressiva de analfabetismo, em especial, nas
regiões Norte e Nordeste, existem experiê ncias de sucesso sendo realizadas no Brasil.
Um exemplo é o Estado do Piauí. Conforme os dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse estado, por meio de investimentos
pú blicos para a educaçã o de jovens e adultos, reduziu em 0,6% os índices de
analfabetismo entre os anos de 2016 e 2017.
De acordo com as informações divulgadas pela Secretaria de Estado da Educaçã o
(Seduc), em 2017 a taxa de analfabetismo no estado estimada em 17,2% sofreu uma
queda de 13,9% se comparada a 2010.
Condição muito pró xima pode ser considerada em relação à meta proposta para o Ensino Médio, educação
média tecnoló gica e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ainda de acordo com o Relató rio do INEP/MEC, é
possível dizer que as metas definidas para essas modalidades e níveis de ensino encontram-se muito aquém
do que foi proposto pelo PNE 2014-2024. Todas essas questõ es resultam em preocupaçõ es para a sociedade
brasileira, na medida em que dependem de políticas pú blicas e, sobretudo, de investimentos de recursos mais
efetivos para a Educação Básica.
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Figura 4 - Planos de educação envolvem ideias que são desdobradas em açõ es para alcançar o objetivo
desejado.
Fonte: Lirf, Shutterstock, 2020.
Em termos de Educação Superior, os resultados publicados pelo Relató rio do INEP/MEC (2018) mostram que
para esse nível as metas tiveram melhores resultados. Isso inclui, entre outras, a Meta 13 do PNE que “propõ e
elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em
efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para setenta e cinco por cento, sendo, do total,
no mínimo, trinta e cinco por cento doutores” (BRASIL, 2014). Essa meta foi a ú nica cumprida – todas as
demais ficaram distantes dos índices propostos.
Embora essa situação seja bastante preocupante, ainda há tempo para recuperar ou, pelo menos, acelerar o
progresso das demais metas estabelecidas. Certamente, essas açõ es dependem do poder pú blico, mas também
de toda a população brasileira que precisa se engajar nos temas sociais que afligem o país, e entre eles a
educação tem um caráter central.
Agora que você já conhece as metas do Plano Nacional de Educação 2014-2024, vamos verificar como
funcionam os Planos de Educação nas esferas municipais e estaduais.
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Assim, podemos dizer que o que diferencia o Plano Municipal de Educação (PME) do Plano Estadual de
Educação (PEE) é a escala: o primeiro se restringe às dimensõ es territoriais do município, já o PEE tem a
abrangência do estado e deve fazer uma síntese das demandas dos diferentes municípios que o compõ em.
Sobre a importância dos PEEs, Souza e Menezes (2017, p. 3) argumentam que:
É possível perceber, portanto, a importância da participação ativa dos processos de construção dos planos de
educação, seja na esfera municipal, seja na estadual. E você já participou da construção do plano de educação
de seu município?
VOCÊ SABIA?
Os Planos Nacionais de Educaçã o (PNEs) se caracterizam como instâ ncias
democrá ticas e participativas, pois contam com a contribuiçã o dos diferentes
segmentos e movimentos organizados da sociedade civil. Os PNEs reú nem em seus
textos metas e estraté gias que objetivam assegurar o direito à educaçã o de todos
em conformidade com a Constituiçã o de 1988. Ao estabelecerem metas nacionais,
cabe aos estados e aos municípios se mobilizarem para o alcance delas por meio
de seus Planos Estaduais e Municipais de Educaçã o.
Agora que você já compreendeu que as metas a serem cumpridas pela educação nacional são distribuídas
pelos entes federativos como responsáveis diretos pelos respectivos níveis de educação, vamos conhecer as
políticas pú blicas para os currículos da Educação Básica.
Agora que você já compreendeu que as metas a serem cumpridas pela educação nacional são distribuídas
pelos entes federativos como responsáveis diretos pelos respectivos níveis de educação, vamos conhecer as
políticas pú blicas para os currículos da Educação Básica.
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Podemos dizer que desde a década de 1990 as políticas educacionais brasileiras têm centrado no currículo os
focos de atenção; buscam, por meio dele, disciplinar e normatizar a educação nacional. No conjunto dessas
políticas, é possível destacar: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), criados em 1997 e 1998; as
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), aprovadas em 2010; e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
que passou a vigorar em 2017.
Todos esses documentos, em que pesem suas diferentes abordagens teó rico-metodoló gicas, se constituem,
como os pró prios nomes já indicam, em diretrizes e bases para os currículos da Educação Básica. Eles reú nem
um conjunto de orientaçõ es para cada um dos níveis de ensino e, dessa forma, pretendem orientar as práticas
curriculares das escolas. Vamos conhecer neste tó pico os PCNs e as DCNs, e na sequência do capítulo
abordaremos o BNCC.
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Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram pensados para auxiliar os docentes em suas práticas cotidianas
nas escolas e apontam alguns dos objetivos a que se propõ em:
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Importa sublinhar que os temas transversais não são outras áreas de conhecimento a serem examinados
isoladamente; ao contrário, a proposta dos PCNs é que esses temas sejam trabalhados de forma integrada aos
conhecimentos específicos. A essa integração, os PCNs vão chamar de “transversalidade”. Entre os assuntos
selecionados pelos PCNs como temas transversais encontram-se: “É tica, Saú de, Meio Ambiente, Pluralidade
Cultural e Orientação Sexual, eleitos por envolverem problemáticas sociais atuais e urgentes, consideradas de
abrangência nacional e até mesmo de caráter universal” (BRASIL, 1997, p. 45).
estabelecer bases comuns nacionais para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino
Médio, bem como para as modalidades com que podem se apresentar, a partir das quais os
sistemas federal, estaduais, distrital e municipais, por suas competências pró prias e
complementares, formularão as suas orientaçõ es assegurando a integração curricular das três
etapas sequentes desse nível da escolarização, essencialmente para compor um todo orgânico
(BRASIL, 2013).
As Diretrizes Curriculares Nacionais não determinam um currículo ú nico, dando autonomia para que escolas
organizem seus tempos/espaços em conformidade com as realidades que vivenciam. Reconhecem o papel
social da escola ante o enfrentamento das desigualdades sociais, culturais e econô micas que marcam a
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sociedade brasileira.
Vale ressaltar também que estabelecem que os currículos da Educação Básica devem ter uma base nacional
comum e uma parte diversificada. O que isso significa? De acordo com as DCNs, a base comum diz respeito
aos
Dito em outras palavras, são os conhecimentos que compõ em as disciplinas escolares e/ou as áreas de
conhecimentos: língua portuguesa; matemática; ciências físicas e naturais e outras.
Já a parte diversificada “enriquece e complementa a base nacional comum, prevendo o estudo das
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade escolar” (BRASIL,
2013). Desta forma, as DCNs se tornam inclusivas do trabalho com as questõ es relativas às singularidades de
cada escola e de sua caracterização como pertencente a determinada cultura local.
Figura 6 - Características culturais devem ser levadas em conta na perspectiva das Diretrizes Curriculares
Nacionais.
Fonte: Filipe Frazao, Shutterstock, 2020.
O texto das DCNs chama a atenção para o fato que a parte diversificada e a parte comum não podem ser
pensadas como instâncias distintas e separadas, e sim como dimensõ es que interagem para qualificar os
currículos escolares. Ou seja: “tanto a base nacional comum quanto a parte diversificada são fundamentais
para que o currículo faça sentido como um todo” (BRASIL, 2013).
O texto também sublinha a importância do trabalho com a transversalidade, interdisciplinaridade e eixos
temáticos como formas didático-metodoló gicas de contextualizar os saberes escolares e valorizar a
diversidade cultural.
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As DCNs reconhecem as inú meras e valorosas experiências que vêm sendo realizadas pelas escolas no Brasil.
Destacam que há “propostas curriculares ordenadas em torno de grandes eixos articuladores, experiências de
redes que trabalham projetos de interdisciplinaridade com base em temas geradores formulados a partir de
problemas detectados na comunidade” (BRASIL, 2013).
A isso se acrescenta o fato de que enfatizam que o currículo não pode ser pensado apenas na perspectiva dos
conteú dos, os chamados currículos conteudistas, mas, antes, que sejam práticas culturais e que considerem,
portanto, as realidades em que vivem os estudantes.
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Figura 8 - Diversas culturas e etnias devem ser consideradas nos currículos, de acordo com as Diretrizes
Curriculares Nacionais.
Fonte: Sandis sveicers, Shutterstock, 2020.
O texto reconhece a importância das diferentes culturas para os currículos escolares. Com base no legado das
ideias de Paulo Freire, as DCNs trabalham a valorização da realidade concretamente vivida pelos estudantes e
acreditam que uma educação de qualidade possa contribuir para a redução dos preconceitos e das
desigualdades sociais, tornando a escola uma importante instituição ante a possibilidade de transformar o
mundo. Como já nos ensinava Paulo Freire:
Você, eu, um sem-nú mero de educadores sabemos todos que a educação não é a chave das
transformaçõ es do mundo, mas sabemos também que as mudanças do mundo são um quefazer
educativo em si mesmas. Sabemos que a educação não pode tudo, mas pode alguma coisa. Sua
força reside exatamente na sua fraqueza. Cabe a nó s pô r sua força a serviço de nossos sonhos
(FREIRE, 1991, p. 126).
Cabe lembrar que Paulo Freire é considerado um dos maiores intelectuais brasileiros e um dos pedagogos com
maior influência no campo da educação.
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=q8lCvZmh7cZwCLxc%2ffz0YQ%3d%3d&l=I0uZxCbqNPE4gytGHickDA%3d%3d&cd=to%2… 22/29
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VOCÊ O CONHECE?
Paulo Freire é , sem dú vida, o mais conhecido intelectual brasileiro. Suas obras sã o
referê ncia para a educaçã o no â mbito nacional e internacional, foram traduzidas para
diferentes idiomas e circulam em vá rios países do mundo. Militante das causas
populares, coordenou em 1964 o Programa Nacional de Alfabetizaçã o, em que teve a
possibilidade de alfabetizar camponeses jovens e adultos mediante uma metodologia
que acabou conhecida como Mé todo Paulo Freire. Em 2012, por meio da Lei n. 12.612,
se tornou o Patrono da Educaçã o Nacional. Para conhecer um pouco mais sobre a vida
e a obra desse educador, você pode acessar o artigo de Dilva Frazã o em:
<https://www.ebiografia.com/paulo_freire/>.
Em termos de políticas voltadas aos currículos, o Ministério da Educação aprovou em 2017 uma nova norma
legislativa. Trata-se da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esse dispositivo normativo deverá ser
considerado por todos os sistemas de ensino responsáveis pela Educação Infantil e Ensino Fundamental no
Brasil. Vamos conversar sobre no pró ximo tó pico.
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Figura 9 - A integração entre os entes federados é condição fundamental para o regime de colaboração na
educação.
Fonte: Michael D Brown, Shutterstock, 2020.
A BNCC propõ e dez competências gerais que devem ser vistas como potencializadoras das aprendizagens na
Educação Básica. Cada uma delas a serem trabalhadas pelos professores da Educação Infantil e do Ensino
Fundamental está relacionada com habilidades a se desenvolver. Nesse sentido, o texto legal afirma que:
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Essas competências devem ser desenvolvidas de modo que articule, de forma integrada e transversal, os
chamados “conhecimentos mínimos obrigató rios” com as realidades das culturas locais. As diversidades
regionais ficam sob a responsabilidade dos respectivos sistemas educacionais no âmbito dos estados e
municípios como forma de valorizar as diferentes expressõ es culturais e artísticas.
Figura 10 - A capoeira é uma das expressõ es culturais brasileiras, tradição do Estado da Bahia.
Fonte: Val Thoermer, Shutterstock, 2020.
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Cabe frisar que a Base Nacional Curricular Comum não se apresenta como currículo. Segundo o texto, “BNCC e
currículos têm papéis complementares para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa
da Educação Básica, uma vez que tais aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de decisõ es que
caracterizam o currículo em ação” (BRASIL, 2017, p. 16). Isso significa dizer que caberá às escolas colocar em
prática as prescriçõ es normativas apresentadas pelo documento.
Cabe frisar que a BNCC não se apresenta como currículo. Segundo o texto, “BNCC e currículos têm papéis
complementares para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da Educação Básica,
uma vez que tais aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de decisõ es que caracterizam o
currículo em ação” (BRASIL, 2017, p. 16). Ou seja, caberá às escolas colocarem em prática as prescriçõ es
normativas apresentadas pela BNCC.
Cabe frisar que a BNCC não se apresenta como currículo. Segundo o texto, “BNCC e currículos têm papéis
complementares para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da Educação Básica,
uma vez que tais aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de decisõ es que caracterizam o
currículo em ação” (BRASIL, 2017, p. 16). Ou seja, caberá às escolas colocarem em prática as prescriçõ es
normativas apresentadas pela BNCC.
Conclusão
Nesta unidade, você conheceu um pouco mais sobre os direitos humanos, em especial, o direito fundamental
das crianças e dos adolescentes em terem uma vida digna com assistência à saú de, educação, cultura e lazer.
Você pô de observar a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado em 1990, mas que
continua atual e necessário para a vida social no século XXI. Teve oportunidade de ver como são construídos
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os planos de educação, no âmbito dos municípios, dos estados e da União, e percorreu também as diversas
normativas elaboradas pelo poder pú blico para estabelecer diretrizes e bases comuns para a Educação Básica
em todo o territó rio nacional.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Bibliografia
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
14/07/1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
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BRASIL. Lei n. 10.172, de 09 de janeiro de 2001. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
10/01/2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm
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BRASIL. Lei 11.525, de 25 de setembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
26/09/2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11525.htm
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Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-
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BRASIL. Resolução CNE/CP n. 2, de 22 de dezembro de 2017. Diário Oficial da União, Brasília, 22/12/2017.
Disponível
em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wpcontent/uploads/2018/04/RESOLUCAOCNE_CP222DEDEZEM
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03/04/2024, 19:11 Aspectos Sociais, Políticos e Legais da Educação
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