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Introdução

O eixo temático linguagem oral, proposto pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil- RCNEI (1988), aborda que nessa fase do ensino a aprendizagem da linguagem oral é
um dos elementos importantes para as crianças ampliarem suas possibilidades de inserção e de
participação nas diversas práticas sociais de comunicação.
O trabalho com a linguagem oral se constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada
sua importância para a formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na
orientação das ações das crianças, na construção de conhecimento e no desenvolvimento do
pensamento. Em algumas práticas consideram o aprendizado da língua oral como um processo
natural, em que a criança vivencia momentos que predominam o sonho, a fantasia, a afetividade
e as manifestações de caráter subjetivo, Por tais razões, as instituições de educação infantil são
indispensáveis, por ser o espaço educativo para a construção do “eu” e da interação com o
“outro”.
A linguagem oral envolve a criança nas interações sociais, uma vez que expressar sentimentos
e ideias constitui necessidades básicas das crianças. O desenvolvimento e a aprendizagem da
língua oral, na educação infantil, pressupõem as competências de falar, ouvir, ler e escrever,
que devem ser trabalhadas de forma integrada e completar.
A criança se desenvolve pelo ambiente, aprendizagem e interação. No entanto, para a efetivação
destes processos, os ambientes devem ser ricos em estímulos de qualidade para favorecer
diferentes oportunidades para criança se desenvolver e ampliar sua linguagem. Nessa
concepção, é importante utilizar uma metodologia que garanta o desenvolvimento integral.
Dessa forma, ao organizar o pensamento, a fala possibilita a representação da linguagem, que
pode ocorrer de diversas maneiras, por exemplo, cantar uma música, o teatro, contação de
histórias, relatos de experiências. Além disso, as práticas da oralidade no ambiente escolar
possibilitam a criança melhorar suas relações interpessoais.
Nesta pesquisa, o objetivo geral é discutir a importância e contribuições da linguagem oral na
educação infantil. Como objetivos específicos: descrever as metodologias utilizadas pelo
professor da Educação Infantil para o uso da linguagem oral; relatar as dificuldades encontradas
pelo professor nas práticas que envolvem a linguagem oral na Educação Infantil; citar as
contribuições da linguagem oral no desenvolvimento da criança na Educação Infantil. O
interesse por essa temática deu-se a partir do seguinte questionamento: Quais as principais
metodologias que favorecem o desenvolvimento da linguagem oral na educação infantil? Quais
as contribuições das práticas da linguagem oral no desenvolvimento da criança?
Com base nos objetivos estabelecidos, realiza-se uma pesquisa bibliográfica, qualitativa em
caráter exploratório. Os dados desta pesquisa foram coletados através dos questionários, com
questões discursivas, que foram respondidos por cinco professores regente de uma escola
municipal da cidade de Pedras de Maria da Cruz- MG. Para análise dos dados coletados
utilizam-se as discussões de Oliveira (2010), Vygotsky (1998), Piaget (1967), Referencial
Curricular Nacional para Educação Infantil (1998).
Breve histórico da Educação Infantil
Nesta seção o foco é realizar uma breve retomada histórica acerca da educação infantil no
Brasil. Durante muitos anos, as crianças (0 a 6 anos) viviam sobre os cuidados da mãe. Um dos
fatores que desencadeou o surgimento das instituições de Educação Infantil foi a “Revolução
Industrial”. A partir daí, as mães querendo aumentar a renda familiar, começaram trabalhar
fora. Foi então que surgiu a instituição para cuidar das crianças.
A maioria das instituições, no Brasil e no mundo, surgiram com a finalidade social de atender
as famílias de baixa renda. Algumas dessas instituições ofereciam atendimento com escassez
de material, má formação dos profissionais e não possuíam uma proposta pedagógica que
atendesse as necessidades dos alunos, ou seja, uma proposta curricular voltada para a criança.
A partir do momento em que a sociedade passou a considerar a criança como sujeito social,
entendeu-se que a fase da infância é muito importante para transformar esses pequenos
cidadãos, compreendendo o mundo sem deixar de atender suas necessidades.
Com o movimento da sociedade civil e as ações dos órgãos governamentais, houve mudança,
pois o atendimento as crianças de zero a seis anos foi reconhecido na Constituição Federal de
1988. A Educação Infantil foi reconhecida como um direito da criança e um dever do Estado,
a ser efetivado no sistema de ensino, assim como prevê o art. 208, da Constituição Federal de
1988, quando expressa que “O dever do estado com a Educação será efetivado mediante a
garantia de atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade (BRASIL, p.
137)”.
Os direitos das crianças foram reconhecidos legalmente, assim como citado anteriormente na
Constituição de 1998. Além disso, instituiu também o Estatuto da Criança e do Adolescente-
ECA- de 1990, que destaca em seu Art. 54.

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

I- ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram

acesso na idade própria.

II- progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.

III- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

referencialmente na rede regular de ensino.

IV- atendimento em creche e pré-escola as crianças de zero a seis anos de idade.

(ECA, 1990, p. 17).

Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente busca a proteção e a garantia dos direitos das
crianças e adolescentes, garantindo a criança de 0 a 6 anos ao cesso nas instituições de Educação
Infantil, para que a mesma tenha seus direitos protegidos, possua seu espaço próprio,
desenvolva capacidades de aprendizagem sem deixar de viver sua infância.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB 9394/ 96, foi promulgada em dezembro de 1996,
prevê que a educação infantil como primeira etapa da educação básica, conforme descrito no
art. 29. Determina também como deverá ser ofertada, art. 30, e descreve como deverá ser a
avaliação no art. 31.

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

I- ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram

acesso na idade própria.

II- progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.

III- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino.

IV- atendimento em creche e pré-escola as crianças de zero a seis anos de idade.

(ECA, 1990, p. 17).

Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente busca a proteção e a garantia dos direitos das
crianças e adolescentes, garantindo a criança de 0 a 6 anos o acesso nas instituições de Educação
Infantil, para que a mesma tenha seus direitos protegidos, possua seu espaço próprio,
desenvolva capacidades de aprendizagem sem deixar de viver sua infância.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB 9394/96, foi promulgada e dezembro de 1996,
prevê que a educação infantil como primeira etapa da educação básica, conforme descrito no
art. 29. Determina também como deverá ser a avaliação no art. 31.

Art. 29- A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como

Finalidade o desenvolvimento integral da criança até os 6 anos de idade, em seus

aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da

comunidade.

Art. 30- A educação infantil será oferecida em,: creches ou entidades equivalentes,

para as crianças de até três anos de idade; pré-escolas, para as crianças de quatro

anos até 6 anos de idade.

Art. 31- Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e

registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso

ao ensino fundamental (BRASIL, 1996, p..27).

Com a definição de que a Educação Infantil é a primeira Etapa da Educação Infantil é a primeira
Etapa da Educação Básica, esta passou a ser parte indispensável do processo Educacional. É
nessa Etapa que a criança tem contato com o mundo que a cerca, através de experiências com
as pessoas e as coisas em geral. Os artigos apresentados acima mostram a necessidade de uma
educação voltada para o desenvolvimento pleno das crianças, além de destacar a importância e
a responsabilidade de uma família na educação de seus filhos. Ressalta ainda que a escola e
família devem estabelecer parcerias.
De acordo com Oliveira “no decorrer de todo desenvolvimento da criança [...] o conhecimento
mútuo e o estabelecimento de acordos entre o contexto familiar e a escola atuam em benefício
da criança pequena e promovem o seu bem estar” (OLIVEIRA, 2002, p. 44). É notória a
importância da orientação da família na construção da identidade da criança e a escola tem que
promover parceria com a família para que a criança receba uma educação de qualidade, para
contribuir com seu desenvolvimento integral.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010) atribuem às instituições
de Educação Infantil flexibilidade no seu funcionamento, permitindo-lhes a adoção de
diferentes formas de organização e práticas pedagógicas. Assim como expresso em seu Art. 8º:

A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo

garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de

conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como direito a

proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à

convivência e a interação com as outras crianças (BRASIL, 1196, p. 18).

Dentro da instituição de Educação Infantil é preciso que exista uma proposta pedagógica que
deve estar fundamentada numa concepção de criança cidadão de direitos, como componente de
um contexto sociocultural específico, que possa nortear a atuação dos professores, pois a
Educação Infantil está baseada na concepção da criança como ser humano completo,
considerando suas diferentes dimensões afetivas, intelectual, física, moral, social; capaz de
evoluir, ampliar seus conhecimentos e alcançar progressivos graus de autonomia frente ao meio
em que vive.
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) é um documento que
dispõem de sugestões para nortear o trabalho pedagógico em creches e pré-escola, tem uma
proposta de educação abrangente. O Referencial foi criado em 1998, pelo Ministério da
Educação e Cultura (MEC), nele estão enunciados os objetivos para a Educação Infantil, que
orientam as ações dos educadores, visando atender as necessidades das crianças. Os objetivos
descritos visam ainda esclarecer que cada criança é um sujeito social e histórico, que cada um
tem sua especificidade e singularidade, que cada um estabelece uma relação com o mundo. A
Educação Infantil tem por objetivo contribuir no processo de socialização; respeitar e considerar
as necessidades da criança.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), a prática
da Educação Infantil deve se organizar de modo que as crianças desenvolvam as seguintes
capacidades: desenvolver uma imagem positiva de si, com confiança em suas capacidades e
percepção de suas limitações; descobrindo e conhecendo seu próprio corpo; desenvolvendo
hábitos de cuidados com a própria saúde e bem-estar. Além disso, estabelecer vínculos afetivos
e interações com os adultos e crianças, ampliando gradativamente suas possibilidades de
ccomunicação e interação social, explorando o ambiente como integrante; agente transformador
do meio ambiente, valorizando atitudes, respeitos e participação na valorização à diversidade.
Dessa maneira, devem proporcionar as crianças um ambiente socializador com as outras
crianças, contribuindo para a convivência com a diferença e a diversidade entre as pessoas, o
enriquecimento de si próprio, para uma educação em direção à autonomia, onde as crianças são
consideradas como seres com vontade próprias, capazes e competentes para construir
conhecimentos. Dentro de suas possibilidades interiores promoverem crescimento e
desenvolvimento saudável da criança para que possa brincar; expressar sentimentos, emoções,
pensamentos, desejos e necessidades, ajustando as diferentes interações e situações de
comunicação, de forma a aprender e ser compreendida. Para que as crianças desenvolvam essas
habilidades, o professor deve trabalhar com os dois processos indissociáveis “Educar e Cuidar”
(BRASIL, 1998, p. 37).
A concepção de educar na educação infantil deve considerar a criança no contexto social,
ambiental e cultural oferecendo meios para que ela aprenda através da interação e práticas
sociais, que irão oferecer conhecimento para a construção de sua própria identidade,
propiciando ainda a aprendizagem através das brincadeiras, o que é muito importante nesta
etapa. Deve-se valorizar a orientação do professor a orientação do professor, que desenvolverá
capacidades e conhecimentos sobre os fenômenos corporais, afetivos, emocionais, éticos e
estéticos do ser humano.
Cabe destacar que a concepção do cuidar, apesar de já estar inserida no processo do educar,
requer atenção dos profissionais da Educação Infantil, pois exigem conhecimentos, habilidades
e instrumentos que estão além da dimensão pedagógica. O cuidado com a criança está inserido
num contexto que engloba a saúde, qualidade na alimentação, higiene, afetividade,
identificação das necessidades das crianças, conhecimento de diversas formas que a criança use
para se manifestar e, principalmente, paciência, carinho e muito amor.
De acordo com o Referencial, educar assume um papel essencial no contexto da Educação
Infantil, pois significa:
Propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma

íntegra e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de

relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de

aceitação, respeito e confiança, e acesso, pelas crianças, dos conhecimentos mais

amplos da realidade social e cultural (BRASIL, 1998, p.23)

A Educação Infantil envolvem acolhimento, segurança, ambiente para emoções, para o gosto,
para o desenvolvimento da sensibilidade; sem esquecer o desenvolvimento das habilidades
sociais, nem o domínio do espaço, do corpo e das mobilidades expressivas, privilegiando o
lugar para a curiosidade. Sobre este assunto, Oliveira esclarece que:

[...] na transição para o período pré-escolar, a brincadeira constitui a atividade

principal, propiciando as mudanças mais importantes no desenvolvimento psíquico,


e preparando o caminho da transição para um nível mais elevado de

desenvolvimento. Na brincadeira, o mundo objetivo expande-se incluindo tanto

objetos do mundo ambiental próximo, com os quais a criança age, como aqueles

com os quais os adultos operam, mesmo que ela ainda não tenha capacidade física

para fazê-lo. A atividade lúdica resolve então a discrepância entre a necessidade de

agir da criança e a impossibilidade dela de executar as operações exigidas

(OLIVEIRA, 2010, p. 126)

Na educação infantil, o lúdico deve estar presente nas práticas cotidianas, porque além de
possibilitar o aprendizado, que possibilita o desenvolvimento de aspectos cognitivo,
psicomotor, afetivo, dentre outros. O RCNEI (1998) destaca a importância do eixo temático
linguagem oral, porque valoriza o uso da linguagem em situações sociais, nas diversidades de
funções e nas variações de estilos do modo de falar. Para concordar com essa concepção, o
professor deve organizar o trabalho em sala de aula em torno do uso da linguagem, promovendo
a interação e respeito as variedades linguística. Cada um deles pode contribuir na organização
do trabalho na Educação Infantil, contemplando os diferentes tipos de linguagens.
Nota-se que atualmente a educação infantil representa um espaço, no qual os valores das
crianças devem ser respeitados e os mesmos devem desenvolver suas habilidades tanto
relacionadas a linguagem, quanto o cuidar, quanto a interação e afetividade com o próximo.

O processo desenvolvimento e aquisição da linguagem


A linguagem consiste num sistema simbólico que estabelece a medição entre o sujeito e o seu
objeto de conhecimento. Na perspectiva interacionista, proposta por Vygotsky (1998), o ser
humano é essencialmente histórico e social. É na interação intermediada pela linguagem que a
criança se humaniza e adquire conhecimentos do mundo e sobre si mesma: o desenvolvimento
varia de acordo com o ambiente no qual se está inserido. A interação do homem com o mundo
é mediado por símbolos linguísticos.
A interação é a troca comunicativa são essenciais para aquisição da linguagem, sem ela o ser
humano não é social, histórico ou cultural. A linguagem tem função central no desenvolvimento
cognitivo do ser humano. A esse respeito, Oliveira diz que:

[...] a linguagem humana, sistema simbólico fundamental na medição entre o sujeito

e objeto de conhecimento, tem, para Vygotsky, duas funções básicas: a de

intercâmbio social e a de pensamento generalizante. Isto é, além de servir no

próximo de comunicação entre indivíduos, a linguagem simplifica e generaliza a

experiência, ordenando as instâncias do mundo em categoria conceitual cujos

significados é compartilhado pelos usuários dessa linguagem. Ao utilizar a

linguagem para nomear determinado objeto estamos, na verdade, classificando esse


objeto numa categoria, numa classe de objeto que têm em comum certos atributos. A

utilização da linguagem favorece, assim, processos de abstração e generalização.

(OLIVEIRA, 1992. p. 27)

A linguagem proporciona construções culturais internalizadas pelos indivíduos no decorrer do


seu desenvolvimento e são definidos por atributos estabelecidos pelas características dos
elementos localizados no mundo real, no universo cultural. Sendo assim, é a cultura na qual o
indivíduo está inserido que fornece os significados e construção da comunicação na e pela
linguagem.
A esse respeito, Vygotsky (1998, p. 104) diz que “o desenvolvimento dos conceitos, ou dos
significados da palavra pressupõe o desenvolvimento de muitas funções intelectuais: atenção
deliberada, memórias lógicas, abstração, capacidade para comprar e diferenciar.” Então, estas
funções podem ser dominadas apenas pela aprendizagem inicial, envolvem uma aprendizagem
contínua durante todo o processo do seu desenvolvimento.
Para o autor, a linguagem tem como objetivo principal a comunicação, sendo socialmente
construída e transmitida culturalmente. O sentido da palavra instaura-se no contexto, aparece
no diálogo e altera-se historicamente produzindo formas linguísticas e atos sociais. A
linguagem tem função central no desenvolvimento cognitivo. A interação social e a troca
comunicativa é requisito básico para a aquisição da linguagem.
Pode-se constatar que há aproximações e divergências entre Piaget e Vygotsky no tocante ao
entendimento da aquisição e desenvolvimento da linguagem. Para Piaget

[...] não é menos evidente que quanto mais reinadas as estruturas do pensamento,

mais a linguagem será necessária para complementar à elaboração delas. A

linguagem, portanto é condição necessária, mas não é suficiente para a construção de

operações lógicas. Ela é operações permaneceriam no estado de ações sucessivas.

Sem jamais se integrar em sistemas simultâneos ou que contivesse, ao mesmo

tempo, um conjunto de transformações solidárias. Por outro lado, sem a linguagem

as operações permaneceriam individuais e ignorariam, em consequência. Esta

regularização que resulta da troca individual e da cooperação. (PIAGET, 1967, p. 92)

Segundo o autor, a linguagem não é o suficiente para explicar o pensamento. A teoria Piagetina
propões que o desenvolvimento da linguagem depende da inteligência. A criança constitui sua
inteligência através da interação com o mundo, com esquemas mentais que possibilitam
aprender a realidade.
A associação entre pensamento e linguagem é atribuída a necessidade de intercâmbio dos
indivíduos. Para Piaget (1967), a linguagem possibilita ao indivíduo a aquisição e transmissão
de um sistema preparado de noções e classificações, ou seja, um sistema com um potencial
inesgotável de conceitos que se reconstroem a cada interação humana.
É visível que a linguagem é fundamental para a construção do conhecimento, neste ponto Piaget
e Vygotsky se aproximam, no entanto, suas ideias divergem quando Piaget afirma que a
linguagem não é suficiente para explicar o pensamento, que a linguagem tem a sua origem a
partir do estágio sensório motor; que este é mais importante do que o fato linguístico. Enquanto
Vygotsky deixa evidente que a língua e o pensamento não antecedem um ao outro, mas há um
elo que os conecta e que se influenciam mutuamente.

A linguagem oral na educação infantil


A linguagem oral pode ser entendida como uma forma pela qual as pessoas falam, comunicam,
entre si, expressando seus sentimentos e suas ideias. De acordo com RCNEI

A Educação Infantil, ao promover experiência significativa de aprendizagem da

Língua, por meio de uma linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de

Ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades associada

as quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. (BRASIL,

1998,p. 117)

Cabe destacar a importância da Educação Infantil, é a responsabilidade em planejar ações


educativas que favoreçam a aprendizagem da criança através da oralidade. Desde muito cedo a
criança desenvolve sua capacidade linguística, porém quanto maior sua participação em atos de
linguagem, maior será o desenvolvimento linguístico.
O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na Educação Infantil dada sua
importância para a formação dos sujeitos, para a interação com outras pessoas, nas orientações
das ações das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do
pensamento. De acordo com o RCNEI:

A linguagem não é apenas vocabulário, lista de palavras ou sentenças. E por meio do

dialogo que a comunicação acontece. São os sujeitos em interações singulares que

atribuem sentido único as falas. A linguagem não é homogênea: há variedades de

falas, diferenças nos graus de formalidade e nas convenções do que se pode falar em

determinadas situações comunicativas. (BRASIL 1980, p. 121)

Cabe destacar que se poder comunicar de várias maneiras para interagir com o mundo e suprir
as necessidades sociais. Esta comunicação acontece de várias maneiras, quer por meio de
gestos, cores, símbolos ou sinais.
Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as crianças vão tentando descobrir as
regularidades que a constitui, usando todos os recursos de que dispõe: histórias, vocabulário,
família. Assim, acabam criando formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de apropriar-
se das convenções da linguagem.
A linguagem oral possibilita comunicar ideias, pensamentos e interações de diversas naturezas,
influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais, o aprendizado acontece dentro de um
contexto. A construção da linguagem oral implica, na verbalização e na negociação de sentidos
estabelecidos entre pessoas que buscam comunicar-se.
A construção da linguagem oral não é linear e ocorre em um processo de aproximação sucessiva
com a fala do outro, seja ela do pai, da mãe, do professor, dos amigos ou aquelas ouvidas na
televisão, no rádio. De acordo com RCNEI (1998, p. 126), dentre algumas práticas que
envolvem a linguagem oral, pode-se citar, por exemplo:

[...] as brincadeiras de faz-de-conta de falar ao telefone tentam imitar as expressões

E entonações que elas escutam dos adultos. Possa gradativo ente, separar e reunir em

Suas brincadeiras, fragmentos estruturais das frases apoiando-se em músicas, rimas,

parlendas e jogos verbais existentes e inventados.

Pode-se afirmar que a oralidade é uma prática interativa, que tem a função de verbalizar a
comunicação, perpetuar e modificar valores, construir conhecimentos, expressar sentimentos
transmitir culturas e crenças.
A oralidade é um importante exercício de reflexão e entendimento do mundo. Na educação
infantil, a criança precisa aprimorar o desenvolvimento dessa linguagem oral, porque é
necessário que a criança precisa aprimorar o desenvolvimento dessa linguagem oral, porque é
necessário que a criança futuramente saiba se comunicar em diversos contextos sociais. As
metodologias utilizadas na educação infantil são inúmeras, por exemplo, a contação de
histórias, as brincadeiras, as dinâmicas em grupo, o teatro, as rodas de conversas, os seminários.
Cabe ao educador explorar os diversos contextos sociais da linguagem e possibilitar a criança
a prática e o aprimoramento da linguagem na educação infantil.

Análise e discussão da pesquisa


Nesta investigação, a pesquisa de campo ocorreu em uma Escola Municipal da cidade de Pedras
de Maria da Cruz- MG, que possui apenas a educação infantil e funciona no período vespertino
e matutino. Para compreender as práticas das professoras com a linguagem oral na educação
infantil, foi aplicado um questionário com oito questões discursivas, que foram respondidas por
cinco professores dessa referida escola.
A instituição possui uma filosofia de trabalho voltada para o desenvolvimento integral da
criança, ajudando na socialização e formação da identidade de cada um. Em relação à estrutura
física, possui (10) dez turmas; sendo (02) duas salas de primeiro período e (03) três de segundo
período.
A escola visa atender crianças de quatro a seis anos, sem fazer distinção de sexo, cor, credo
religioso, raça ou classe social, priorizando aqueles cujas mães trabalham fora do lar, família
de baixa renda, compreendendo geograficamente todos os bairros e vilas do Município. Além
disso, a escola possui (05) cinco salas de aula em prédio próprio, (04) quatro banheiros, (01)
um refeitório (01) uma secretaria. O pátio onde as crianças brincam é arenoso, sendo espaço
pequeno sem cobertura.
A referida instituição conta com (12) doze professores devidamente habilitados, (01) um
professor eventual, (01) um professor de apoio, (01) um supervisor, (06) seis serventes
escolares, (01) um gestor. A escola funciona de (07h00min) sete às (11h00min) onze horas, e
de (13h00min) treze às (17h00min) dezessete horas, atende o total de (20) vinte alunos em cada
sala.
O espaço físico da sala de aula é satisfatório, cada sala comporta (05) cinco mesas com (04)
cadeiras, atende alunos com necessidades especiais com laudo comprovado. Dispõe de jogos
pedagógicos, massa de modelar, alfabeto móvel, tapete do alfabeto, cartazes com números e
letras.
Para discussão dos questionários, elencamos três categorias. A primeira refere-se a formação,
experiência profissional e tempo de estudo dos professores. A segunda categoria está
relacionada ao uso, benefícios e práticas com a linguagem oral na educação infantil. Por fim, a
terceira categoria, relaciona-se aos recursos didáticos, estratégias metodológicas e entraves para
a realização das práticas da oralidade em sala de aula. Por questões éticas, nomearemos os
professores de A, B, C, D e E.
Dessa maneira, inicia-se a discussão da primeira categoria, que refere-se à formação,
experiência profissional e tempo de estudo dos professores. O professor “A e B” são formados
em magistério, o professor “A” atua na área da Educação Infantil há vinte e cinco anos e o
professor “B” atua há quinze anos. O professor “C” é formado em letras- Português- Inglês e
atua na Educação Infantil com experiência de onze anos. O professor “D” é formado em
Pedagogia, Pós-Graduado em Psicopedagogia e atua na área há dez anos. O professor “E” é
Graduado em Normal Superior e Pós-Graduado em Educação Infantil, possui uma experiência
de quinzes anos na educação infantil.
Diante da pesquisa realizada, os professores apresentam ter experiência profissional. Dessa
maneira, contatou-se que o professor da Educação Infantil deve ser qualificado, sendo a
formação profissional que atende as especificidades da educação nessa fase da vida.
A segunda categoria está relacionada ao uso, benefícios e práticas com a linguagem oral na
educação infantil. Os relatos demonstram que os professores entrevistados participam de
capacitações e planejamento, leem livros que tratam da oralidade, fazem pesquisas na internet
e buscam mais conhecimento no convívio do dia a dia com os colegas de trabalho.
É através da leitura que os professores se atualizam para obter mais informações de como
trabalhar a oralidade na sala de aula. Todos os professores responderam que desenvolvem o
trabalho com a oralidade diariamente, pois em todo ensino e aprendizagem envolve a linguagem
oral.
Conforme a opinião de todos os professores, o trabalho com a oralidade proporciona a criança
desenvolver as seguintes capacidades: acabar com a timidez, desenvolver o raciocínio, melhorar
a autoestima, despertar autoconfiança. A criança assimila o conteúdo, questiona o assunto
abordado, amplia a comunicação e expressão, participação do intercâmbio social, no qual a
criança conta sua vivência e reproduz textos oralmente.
Na pesquisa identificou-se que a linguagem oral é principal instrumento de comunicação e a
fala é essencial na vida do ser humano. O professor tem que buscar novos conhecimentos para
trabalhar a oralidade com suas crianças na sala de aula, para desenvolver um trabalho de
qualidade com a prática, dando oportunidades para que a criança possa desenvolver a linguagem
oral em diversas situações de uso.
A terceira categoria relaciona-se aos recursos didáticos, estratégias metodológicas e entraves
para a realização das práticas da oralidade em sala de aula. De acordo com as respostas dos
professores entrevistados, eles avaliam a linguagem oral das crianças por meio de observações
e desenvolvimento da criança através da participação nas atividades propostas observação
diária, atenção e interesse de todos.
Os professores da educação infantil desenvolvem a oralidade por meio de brincadeiras, rodas
de conversa, músicas, leituras de imagens em diversos contextos, dramatizações, histórias
infantis, atividades em grupos. Os entraves que mais dificultam o trabalho do professor com a
oralidade e sala de aula são salas lotadas, ou seja, com muitas crianças; a falta de apoio
pedagógico e algumas cobranças normativas por conta da Secretaria Municipal de Educação.
De acordo com RCNEI (1988) pode-se afirmar que, a roda de conversa é o momento
privilegiado de diálogo e intercâmbio de ideias. Por meio desse exercício cotidiano as crianças
podem ampliar suas capacidades comunicativas, como a fluência para falar, perguntar, expor
suas ideias, duvidas e descobertas, ampliar seu vocabulário e aprender a valorizar o grupo como
instância de troca e aprendizagem.
Em relação às estratégias é através do diálogo e conversas formais que o professor avalia o
interesse das crianças. Os professores têm compreensão acerca dos benefícios ao desenvolver
a linguagem oralidade na criança em sala de aula. Além disso, as práticas condizem com as
orientações curriculares para a educação infantil. A linguagem oral é necessária para o
desenvolvimento linguístico e cognitivo da criança na fase de desenvolvimento.

Considerações finais
Este trabalho discute a importância e contribuições da linguagem oral na educação infantil.
Sabe-se que a linguagem oral é um fator determinante na vida do aluno, a fala é o principal
instrumento de comunicação. Sendo assim, o trabalho com a oralidade em sala de aula constitui
um recurso essencial de aprendizagem e formação humana.
É através da linguagem que o indivíduo pode expressar-se plenamente e participar das práticas
da oralidade, sendo a mesma fundamental para as práticas de interação social. É essencial que
a escola, principalmente, na educação infantil, invista nesta área de modo que a competência
oral seja desenvolvida desde os primeiros anos de escolaridade.
Durante a realização deste trabalho, identifica-se que os professores de educação infantil
possuem experiência com esta modalidade de ensino e estão preparados para atender as
demandas da educação infantil. Os professores entrevistados afirmam que estão sempre
atualizados participando de capacitações, planejamentos e pesquisando sobre a importância do
trabalho com a oralidade e seus benefícios para a educação infantil.
Em relação aos problemas levantados inicialmente nesta investigação, é possível afirmar que
as metodologias que favorecem o desenvolvimento da linguagem oral são diversas, dentre elas:
brincadeiras, atividades em grupos, roda de conversas, dramatizações de histórias infantis. Os
professores compreendem a importância e finalidade da oralidade na educação infantil e
ressaltam a importância para o aprimoramento da linguagem em sala de aula. Em relação as
contribuições e importância da linguagem oral os docentes reconhecem que a prática com a
linguagem oral contribui para o aprimoramento da aquisição da linguagem pela criança e
possibilita a interação nos diversos contextos sociais.
Conclui-se que os professores estão preparados para realizar um trabalho que privilegie a
oralidade em sala de aula e são unânimes ao considerar a prática com a linguagem oral, pois a
mesma possibilita a criança tornar-se comunicativa, ter interação com o grupo, desenvolver a
autonomia, o pensamento enriquecer o vocabulário, construir conhecimentos, além de
desenvolver o senso crítico.
Contudo, os mesmos afirmam que muitas vezes a escola dificulta a realização de um bom
trabalho e apontam como entraves, acredita-se que não se constitui motivo para que não se
realize um trabalho voltado para o desenvolvimento da oralidade e escrita dos alunos na fase
da educação infantil.

Referências
BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990.
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Rio de Janeiro:
Imprensa Oficial, 1990. Disponível em: http://www.febem.sp.gov.br/files/eca.pdf. Acesso em:
30 de set. de 2014.
BRASIL, Ministério da Educação e do Deserto. Referencial Curricular Nacional para a
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OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos (org.). Educação Infantil: múltiplos olhares. 9.ed. São
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