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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

ISCED-UÍGE
DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO DE EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA
SECÇÃO DE ENSINO PRIMÁRIO

O IMPACTO DAS ACTIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE ENSINO-


APRENDIZAEGM DOS ALUNOS DA 5ª CLASSE

(Caso particular da Escola Primária do Dunga nº 1056)

Por: Gomes João Manuel

Trabalho apresentado para obtenção


do grau de licenciado em Ciências de
Educação na opção de Ensino
Primaria.

UIGE/2022

1
Autor: Gomes João Manuel

O IMPACTO DAS ACTIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE ENSINO-


APRENDIZAEGM DOS ALUNOS DA 5ª CLASSE

(Caso particular da Escola Primária do Dunga nº 1056)

Orientador: Simão Pedro Panda (MSc.)

2
ÍNDICE
DEDICATÓRIA .......................................................................................................... iii
AGRADECIMENTOS ................................................................................................. iv
RESUMO.................................................................................................................... v
ABSTRACT ................................................................................................................ vi

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................ 5


1.1. Comentários iniciais em volta do tema ............................................................. 6
1.2. Importância da motivação na aula .................................................................... 8
1.3. As actividades lúdicas como uma forma de motivação e preparação da aula 10
1.4. Factores de insucesso escolar: a falta de jogos nas aprendizagens das
crianças .......................................................................................................... 12
1.5. O papel da escola e do professor nas aprendizagens das crianças ............... 14
1.6. Contributo da casa e familiares nas aprendizagens das crianças .................. 15
1.7. Condições necessárias param uma boa aprendizagem ................................. 16
1.8. Algumas sugestões metodológicas para actividades lúdicas ......................... 18

CAPÍTULO II: METODOLOGIA APLICADA ............................................................ 20

2.1. Tipos de pesquisa ........................................................................................... 21


2.2. População e amostra ...................................................................................... 22
2.3. Métodos e Técnicas de recolha de dados ...................................................... 23
2.4. Variáveis ......................................................................................................... 24
2.4.1. Variáveis independentes................................................................................. 24
2.4.2. Variáveis dependentes ................................................................................... 25

CAPÍTULO III: RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 26

3.1. Critério para apresentação, análise e discussão dos dados ........................... 27

Conclusões .............................................................................................................. 29
Sugestões ................................................................................................................ 30
Bibliografia............................................................................................................... 31
Apêndice .................................................................................................................. 33

1
DEDICATÓRIA

Aos meus queridos pais, Feliciano Agostinho e Paulina


Wimbo, pela força e apoio incondicional.

Ao Belizário José Bala, pela paciência e pelo apoio


durante a minha formação.

iii
AGRADECIMENTOS

Ao Supremo Deus, fonte de toda sabedoria que sempre está presente em


nossas vidas;

A Direcção do ISCED-Uíge, em geral, por tudo que nos permitiu; o nosso


muito obrigado;

Ao meu querido professor, Mestre Lucoqui Quivuna, um pai acadêmico, por


ter aceitado a minha solicitação de tutoria, pela simplicidade, dedicação, paciência e
rigor;

A todos os professores do Instituto Superior de Ciências de Educação


(ISCED) do Uíge, sobretudo, aos do Departamento de Ciências de Educação, pois,
deles recebemos o suporte da nossa formação e para a nossa profissão;

A minha querida mãe, Paulina Wimbo Chivangui, pela vida e pela educação
dada;

Aos meus filhos, Sande, Feliciano e Helio, motivos de força;

À minha família, em geral, aos meus irmãos, em particular, pelo apoio


encorajador.

Á minha familia acadêmica que sempre estiveram comigo desde o princípio


até ao fim;

iv
RESUMO

O trabalho em Referência, é um dos requisitos para a obtenção do grau de


Licenciatura em Ciências da Educação, na Opção de Ensino de Pedagogia. Tendo
como tema: O IMPACTO DAS ACTIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAEGM DOS ALUNOS DA 5ª CLASSE. O objectivo é de
Contribuir na melhoria das aprendizagens dos alunos através da análise sobre o
impacto das actividades lúdicas nas aprendizagens das crianças. Trata – se de uma
pesquisa descritiva tendo como campo de estudo os professores e alunos da 5ª
Classe da Escola Primária do Dunga nº 1056. O problema que observamos consiste
na ignorância dos professores do Ensino Primário quanto ao uso das actividades
lúdicas nas aprendizagens das crianças. Observamos por exemplo que nas escolas
os professores não valorizam as actividades lúdicas, isto é, as brincadeiras já não
são actividades recorrentes nas suas aulas. Este problema baixou o nível de
aprendizagem e de motivação às aprendizagens dos alunos do ensino primário. Por
um lado, os professores desvalorizam as actividades lúdicas e por outro, são as
famílias que abandonaram a educação das crianças aos programas televisivos. Os
resultados da pesquisa levaram-nos a concluir que alguns professores têm
conhecimento da importância das actividades lúdicas nas aprendizagens das
crianças; os professores não praticam actividades de jogos com as crianças;
algumas vezes, os professores cantam com as crianças; as famílias não participam
nas actividades lúdicas para aprendizagens das crianças.

Palavras-chave: Impacto, Actividade, Lúdico, Ensino-Aprendizagem.

v
ABSTRACT

vi
INTRODUÇÃO

O projecto que pensamos desenvolver te como tema “O IMPACTO DAS


ACTIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAEGM DOS
ALUNOS DA 5ª CLASSE”. Olhamos para estes fenómenos como suporte para a
preparação das aprendizagens uma vez que eles favorecem o ambiente de ensino.

Não ignoramos que pelas brincadeiras ocorre aprendizagem, mas o que nos
importa destacar é o impacto que elas têm, ou seja, a sua importância como um
recurso ao dispor do professor para a motivação e criação de um melhor ambiente
de aprendizagem.

Considerando por exemplo que numa sala de aulas, existe uma


heterogeneidade de pessoas, que vêm de diferentes casas ou famílias, e pode
acontecer que um aluno tenha vivido uma situação difícil em casa, certamente não
estará em condições motivacionais de permitir a aprendizagem. Nestes casos, é
necessário a intervenção do professor, e é também por isso que a motivação na aula
deve ter um carácter importante.

Pode se apontar, ao lado, das situações difíceis que já apontamos, a falta de


merenda, as dificuldades de materiais escolares, as distâncias percorridas, as
condições financeiras precárias das famílias.

Nestes pontos primordiais encontramos motivos suficientes para olhar para


este tema com uma importância relevante visto que é de domínio fundamental.
Quando se trata de uma questão que envolve idades de base da aprendizagem,
deve se ter maior preocupação.

1
Situação Problemática

A formulação do problema permite justificar as nossas observações no campo


de acção. Realmente, o problema que buscamos abordar tem sido uma questão
ignorada pelos professores actualmente mas que têm sucesso quando aplicados.

Para Zassala, Carlinhos (2015, p. 56) “formular o problema consiste em dizer


de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade que
defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando as
suas características”.

Nestas palavras, o problema que observamos consiste na ignorância dos


professores do Ensino Primário quanto ao uso das actividades lúdicas nas
aprendizagens das crianças.

Observamos por exemplo que nas escolas os professores não valorizam as


actividades lúdicas, isto é, as brincadeiras já não são actividades recorrentes nas
suas aulas.

Hodiernamente, já não se observa as crianças a cantarem músicas que


contém conteúdos educativos, fruto do advento da tecnologia e o acesso a estes
meios, as crianças muito cedo, já estão expostas à televisão onde recebem
conteúdos sem medida de idade. Assim, as músicas educativas foram substituídas
pelos estilos musicais comerciais (como o cuduro) e as brincadeiras educativas
foram substituídas, por sua vez, pelos desenhos animados televisivos.

Este problema baixou o nível de aprendizagem e de motivação às


aprendizagens dos alunos do ensino primário. Por um lado, os professores
desvalorizam as actividades lúdicas e por outro, são as famílias que abandonaram a
educação das crianças aos programas televisivos.

O que fazer para devolver o lugar das actividades lúdicas nas aprendizagens
dos alunos?

2
Justificativo

Se pensarmos que a motivação é um importante elemento na aprendizagem,


então estaremos corroborantes no que tange às actividades lúdicas.

Motivar as crianças para a aprendizagem é oferecer as melhores condições


que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem. É prestar atenção ao universo
de cada aluno e oferecer reforços de acordo com cada necessidade deles.

As actividades lúdicas, são favoráveis para criar o bom ânimo e motivação


para a participação em qualquer aula. Se precedermos estas actividades no início
das aulas, poderemos conquistar sempre a atenção dos alunos.

No exercício dessas actividades, a não participação de uns permitirá ao


professor compreender a indisposição deles e assim tomar uma atitude em prol do
bom ânimo. Quer dizer que podemos usar estas actividades como forma a descobrir
a disponibilidade emocional dos alunos para a aula.

Desta forma destacamos a importância deste estudo. Compreender o impacto


das actividades lúdicas nas aprendizagens permitirá a sua valorização e com isso a
sua aplicação para facilitar as aprendizagens dos alunos.

Objecto do Estudo

O impacto das actividades lúdicas nas aprendizagens das crianças.

Campo do Acção

Professores e alunos da 5ª Classe da Escola Primária do Dunga nº 1056.

Objectivo da Investigação

Contribuir na melhoria das aprendizagens dos alunos através da análise


sobre o impacto das actividades lúdicas nas aprendizagens das crianças.

Perguntas Científicas

Para dar cumprimento ao objectivo elaborado se consideraram às seguintes


perguntas científicas:

3
1. Será que os professores têm conhecimento da importância das actividades
lúdicas nas aprendizagens das crianças?
2. Será que os professores praticam actividades de jogos com as crianças?
3. Será que os professores cantam com as crianças?
4. Será que as famílias participam nas actividades lúdicas para aprendizagens
das crianças?

Tarefas de investigação

Para dar resposta às interrogantes anteriores se executarão às seguintes


tarefas inquiridoras:

 Fazer a consulta bibliográfica em bibliotecas, mediatecas;


 Solicitar a autorização de pesquisa na Escola Primária do Dunga nº 1056;
 Aplicação da ficha de observação nas aulas;
 Estabelecer conclusões e elaborar sugestões;
 Estruturar e elaborar o trabalho.

O trabalho conta com a introdução, dois capítulos, conclusões, sugestões,


bibliografia e apêndice.

4
CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5
1.1. Comentários iniciais em volta do tema

As actividades lúdicas podem ser encaradas como mediador ou facilitador do


ensino-aprendizagem. Nem sempre usa-se o lúdico como um ensino mas como
meio através do qual o ensino se processa.

Ao brincar implica uma dimensão evolutiva da criança onde o lúdico não é


necessariamente o que deve se ter como conhecimento a reter, mas como a
estratégia de como realizar uma aprendizagem motivadora.

As actividades lúdicas são interactivas, e permitem que as crianças participem


activamente, e com isso, há maior facilidade de alcançar os objectivos, uma vez que
é próprio da criança o brincar ou o participar de actividades que lhe ensina e ao
mesmo tempo lhe dê prazer, pois, essas actividades estão inclusas no cotidiano da
criança.

O processo de aprendizagem é um ato de busca, de troca, de interacção e de


apropriação de conhecimento que se faz, principalmente, numa acção conjunta entre
pessoas que cooperam, comunicam-se e comungam de “um saber histórico (tempo),
cultural (valores), social (relação), psicológico, afectivo, existencial (concreto) e
político, voltado para uma acção objectiva, consciente de seus propósitos”
(ROSAMILHA, 1979, p. 67).

Portanto, tem um significado profundo e está presente em todos os


segmentos da vida. Ele não começa na escola, nem mesmo nalguma instituição
social. A aprendizagem começa em casa. O dia-a-dia da criança permite alguma
aprendizagem.

Podemos dizer que a criança nasceu para aprender, para descobrir e


apropriar-se de todos os conhecimentos, desde os mais simples (levar a colher à
boca) até os mais complexos (criar e solucionar problemas), e é isso que lhe
“garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico
e criativo” (DEWEY, 1967, p. 29).

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A actividade lúdica bem aplicada na pedagogia busca o aperfeiçoamento
constante do trabalho educativo. Sabe-se que o processo de ensino e aprendizagem
que se quer hoje é aquele que favorece a construção do conhecimento, no entanto,
é necessário dispor os aprendentes para que estejam motivados e activos na
participação das actividades educativas. Esta motivação permitirá que as crianças
possam criar, e enquanto criam, elas brincam e aprendem.

Na Grécia Antiga, um dos maiores pensadores, Platão (427 - 348), afirmava


que “os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados com jogos educativos,
praticados em comum pelos dois sexos” (ALMEIDA, 1998, p. 21).

O lúdico torna-se, assim, imprescindível em qualquer cultura e em todas as


faixas etárias, dando ênfase à criança, para a assimilação do real e consequente
desenvolvimento da mesma. Por meio do brincar, ela assimila significados e convive
com situações.

A actividade lúdica ou a habilidade de brincar é dotada de uma acção


fundamental na estruturação do psíquico da criança. É no brincar que a criança
une elementos de fantasia e realidade e começa a distinguir o real do
imaginário. Brincando, a criança desenvolve não só a imaginação, mas
também fundamenta afectos, elabora conflitos e ansiedades, explora
habilidades e, à medida que assume múltiplos papéis, fecunda competências
cognitivas e interactivas (ANTUNES, 2004. p. 34-35).

As brincadeiras, por mais informal que sejam, ajudam as crianças a aprender


a obedecer regras em prol do melhor desenvolvimento de uma actividade. Destas
regras básicas elas aprenderão a respeitar regras complexas que se impõe na
sociedade.

A escola deve aceitar assumir o papel que tem na realização de actividades


lúdicas que favorecem à disposição em aprender, participar nas acções educativas e
criar. A alegria que uma criança encontra nas brincadeiras abre a sua disposição
para poder lidar com qualquer aprendizagem ao seu nível.

Esta questão coloca um desafio ao professor que lida com alunos do Ensino
Primário, pois, mais do que dos alunos, espera-se muito do professor que é o
promotor das actividades e da preparação dos alunos para a participação nas
actividades.

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1.2. A importância da motivação na aula

Hoje as aulas que temos observado, ganharam um mero formalismo, ao


ponto que muitos professores leccionam apressadamente para ir rapidamente
consultar o seu salário. Ou seja, não há mais tempo para dar aula. Sim, isto mesmo,
pois, o que se nota é que as aulas são realizadas porque é a única forma de garantir
o salário.

O que queremos destacar aqui pode ser uma coisa muito maior. Se ficarmos
a citar situações poderemos nunca terminar, só de citar, podemos mesmo dizer que
as escolas não estão ainda preparadas para esse desafio. Ora, particularizando a
Escola Primária do Dunga nº 1056, não há condições para a realização de uma aula
condigna. E os problemas rondam a partir da própria infra-estrutura que não chega a
reunir as condições exigidas.

O que se pretende é o resgate da motivação dos alunos para o trabalho


intelectual, fortemente ligada à questão do prazer e da diversão. O brincar é
constitutivo do lado existencial da criança, devido ao prazer causado e a sua
importância para o desenvolvimento cognitivo.

O homem ao trabalhar e a criança ao brincar modificam a natureza ou a


realidade ao mesmo tempo em que também se autoproduzem. A criança projecta e
inventa seus brinquedos assim como o homem parte da matéria bruta e produz
objectos. Dependemos da motivação para iniciar a realização e manter a
persistência nas actividades humanas.

Uma primeira ideia sugestiva sobre motivação, normalmente aplicável a


qualquer tipo de actividade humana, é fornecida pela própria origem
etimológica da palavra, que vem do verbo latino movere, cujo tempo supino
motum e o substantivo motivum, do latim tardio, deram origem ao nosso termo
semanticamente aproximado, que é motivo. Assim, genericamente, a
motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que a põe em ação
ou a faz mudar o curso (BZUNECK, 2009, p. 9).

No contexto de sala de aula ela possui características peculiares porque


requer do aluno actividades de natureza cognitiva, como, prestar atenção,
concentração, processamento, elaboração e integração da informação, raciocínio e
resolução de problemas.

8
É verdade que a motivação não se restringe apenas nas actividades lúdicas,
pois, outros elementos como a merenda escolar participação na motivação das
crianças. Como já referimos na introdução, a falta de merenda, as dificuldades de
materiais escolares, as distâncias percorridas, as condições financeiras precárias
das famílias participam na desmotivação das crianças às aulas.

Entretanto a preocupação em reunir estas condições depende de vários


agentes. A escola, a família e mesmo o Ministério devem colaborar para todos
trabalharem no mesmo diapasão, ou seja, cada um deve cumprir o seu papel.

Recentemente, há um programa de merenda escolar que volta a fluir nas


escolas primárias. Este é já um sinal da preocupação do Ministério em cumprir com
um dos seus papeis. Entretanto, a preocupação com as actividades lúdicas é da
mão do professor.

A escola deve garantir as condições físicas e matérias para o garante das


actividades, um ambiente condigno, por exemplo, é uma tarefa da escola. A família
deve garantir as condições necessárias ao aluno, de caracter particular como os
matérias didácticos, o vestuário, a movimentação até ao recinto escolar etc. mas ao
professor cabe realizar o fim de todas as acções.

Ao chegarmos até aqui, então, começamos a compreender que o garante da


motivação das crianças não depende apenas do professor, mas da combinação de
acções de vários elementos. Imaginemos um professor que brinca com os seus
alunos que se encontram de ventre oco. Não é possível animar uma criança deste
jeito. Mesmo um velho ditado diz que “tambor vazio não fica em pé”. E como é que
uma criança reduzida à fome poderá participar nas actividades? De igual modo a
criança que carece de matérias terá a sua participação limita.

Assim chegamos ao conceito de motivação, segundo o qual “a motivação


consiste em apresentar a alguém estímulos e incentivos que lhe favoreçam
determinado tipo de conduta. Em sentido didáctico, consiste em oferecer ao aluno os
estímulos e incentivos apropriados para tornar a aprendizagem mais eficaz”
(PILETTI, C. 2004, p. 233).

Portanto, é sobre estímulos que falamos quando mencionamos as actividades


que competem ao professor para tornar a aprendizagem das crianças mais eficaz.

9
1.3. As actividades lúdicas como forma de motivação e preparação da aula

O lúdico não se limita em uma certa etapa da aula. Não podemos dizer que o
professor deve motivar as crianças apenas no princípio da aula. A motivação
acompanha todo período da aula. É o professor que deve saber quando é
necessário motivar as crianças.

Também não se pode dizer que a motivação só tem lugar quando o professor
brinca com as crianças. Existem muitas formas de motivar os alunos, mas tudo
compete ao professor que lida e conhece bem os seus alunos.

Entretanto, o lúdico é apenas uma forma de motivação e ela pode ser usada
para a preparação da aula, isto é, para dispor os alunos a fim de receberem,
eficazmente, o fruto da interacção com o professor.

Considerando a heterogeneidade das salas de aulas, o professor deve ter em


conta que os alunos vêem de diversas famílias, portanto, diferentes realidades ou
situações. No entanto, uns mais alegres outros tristes. Uns cansados outros
fortalecidos, uns mais repletos outros esfomeados. Assim, a motivação deve
procurar colocar o equilíbrio na sala.

Não é bom que algumas crianças acompanham o professor em todas as


acções enquanto outras estão distraídas fruto de alguma particularidade vivida.
Neste caso, o método mais eficaz que aconselhamos é a comunicação.

O trabalho docente se caracteriza por um constante vaivém entre as tarefas


cognoscitivas colocadas pelo professor e o nível de preparo dos alunos para
resolverem as tarefas. Para isso o professor deve cuidar de apresentar os
objectivos, os temas de estudo e as tarefas numa forma de comunicação
compreensível e clara. Deve esforçar-se em formular perguntas e instruções
verbais que os alunos possam entender. Não se espera que haja pleno
entendimento entre professor e alunos, mesmo porque a situação pedagógica
é condicionada por outros factores. Mas as formas adequadas de comunicação
concorrem positivamente para a interacção professor-aluno. (LIBÂNEO, J. C.
2006, p. 250).

Ao fazer recurso das actividades lúdicas, o professor prepara a participação


dos alunos. Não adianta esta em aula enquanto os alunos encontram-se
desmotivados por qualquer causa.

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A luz das intenções da escola nova, o aluno deve valorizar o seu papel activo
na participação da construção do seu conhecimento. Esse é o papel que coloca o
ensino activo nas tarefas do aluno. Com essa nova concepção o aluno torna-se mais
activo e participativo, motivado na busca de conhecimento.

É esse carácter activo do aluno que combina com a importância das


actividades lúdicas na vida das crianças. Por exemplo, ao brincar, elas criar e recriar.
Elas são mais activas, e é esse espírito de criatividade, sobretudo, participativo que
se quer considerar. Quanto mais motivados mais activos e participativos os alunos
estarão.

Ao ponto em que chegamos, podemos também realçar que não cabe apenas
ao aluno estar motivado mas também ao próprio professor. O processo de ensino-
aprendizagem se realiza através desses dois interveniente directos (professor e
aluno). E a motivação compete aos dois. Não se pode pensar que o processo de
ensino-aprendizagem pode caminhar bem, quando apenas um dos elementos está
motivado.

Acredita que a motivação dos professores está relacionada com a própria


capacidade percebida de auto-eficácia e as condições reais dos desafios.
Essas percepções de auto-eficácia são adquiridas através das relações sociais
positivas existentes no ambiente de trabalho, tais como de professores com
seus pares, directores, enfim com o colectivo escolar. A crença de eficácia é a
primeira condição para o professor trabalhar com a tarefa de motivar seus
alunos (BANDURA 1993 apud BZUNECK, 2009, p. 29).

Ao professor cabe duas funções distintas e complementares em sala de aula.


A primeira é de carácter remediador em que o professor recupera o aluno
desmotivado ou reorienta aquele que apresenta uma motivação distorcida se tiver
sido diagnosticada. A segunda função é preventiva e de carácter permanente, para
todos os alunos, a cada trimestre e ao longo do ano lectivo e, consiste em
implementar e manter optimizada a motivação para aprender. As duas funções
referem-se a alunos em condições diferentes, mas que na prática tem muitos
elementos em comum.

O que se espera do professor é a criatividade. O professor deve ser dinâmico


e actualizar sempre a sua forma de actuar. O professor não pode agir de forma
previsível para não ser aborrecedor. A inovação é um aspecto que se cobra ao
professor pelo facto de que as situações são diferentes umas das outras.

11
1.4. Factores de insucesso escolar: a falta de jogos nas aprendizagens das
crianças

A dificuldade de aprendizagem tem sido estudada sob diferentes abordagens.


Houve período em que suas causas foram atribuídas especialmente aos factores
extra-escolares. A família e as condições de vida material dos alunos eram
apontadas como a causa. Posteriormente, atribuíram-se as causas do fracasso às
questões biológicas (fome, desnutrição) e culturais. Acreditava-se que o indivíduo
vindo de meio pobre, sem acesso a uma boa alimentação e aos bens culturais
fracassariam na escola.

Portanto, várias causas interferem na aprendizagem dos alunos, tais como o


ensino inadequado feito por meio da escola tradicional, falta de motivação e factores
socioeconómicos e culturais.

Outros factores são os biológicos e psicológicos, isto é, causas relacionadas


ao desenvolvimento biológico e psicológico, tais como a falta de percepção, atenção,
memória ou requisitos básicos para a elaboração do conhecimento escolar.

Um dos obstáculos a ser considerado é o da ordem do conhecimento, que se


caracteriza por oferecer uma informação muito mais complexa do que o aluno dá
conta. O professor precisa saber o que os alunos já conhecem sobre o tema a ser
trabalhado, para adequar a informação ou a exigência, trazendo-as para um nível
compatível à competência deles para que possam acompanhar estudar, comparar,
criar, concluir e crescer com aquele conhecimento, somando ou transformando-o.

Outro obstáculo é de proveniência cultural, porque se espera que todos


aprendam as mesmas coisas, ao mesmo tempo, apesar de terem tido experiências
sociais bem distintas. Este obstáculo poderá ser minimizado quando os professores
souberem trabalhar com a pluralidade cultural, aproveitando-a para o exercício da
construção do conhecimento e considerando a diferença não como factor de
marginalização, mas sim, de crescimento.

Algumas dificuldades são temporais e superadas com o auxílio do professor e


dos pais e consideradas apenas como adaptação da criança aos padrões de
avaliação da escola. Mas um dos problemas que pretendemos enfatizar é a falta de
jogos na aprendizagem das crianças.

12
Nota que trata de uma responsabilidade que cabe ao professor e que tem
repercussão no rendimento escolar dos alunos. O rendimento hoje em dia tem sido
alvo de muita reflexão, pois que muito deixa a desejar o sucesso dos nossos alunos.
Pode-se associar o rendimento escolar ao sucesso escolar, o oposto remete-nos ao
insucesso que, por sua vez, é habitualmente referenciado por analogia ao termo
sucesso.

Segundo Mendonça, A. M. F. (2006, p. 108), etimologicamente, a palavra


insucesso vem do latim insucesso (m), o que significa “Malogro; mau êxito; falta de
sucesso que se desejava” ou ainda “mau resultado, mau êxito, falta de êxito,
desastre, fracasso”.

As dificuldades de aprendizagem agrupam todos os problemas de


aprendizagem, e podemos citar a falta de boa metodologia, ou seja, quando se
ignoram algumas metodologias eficazes.

Assim, o jogo, tendo em conta toda sua influência, é um importante recurso


para a motivação e aprendizagem das crianças. A falta de jogos permite o
aborrecimento das crianças desmotivadas. A motivação sendo um processo inicial e
fundamental, deve estar a entre as etapas da aula.

De realçar que a solução dessas dificuldades depende de uma acção


conjunta. Coelho (2014) apud Bento, A. P. A. C. (2016, p. 15) sustenta que,

“as instituições escolares devem disponibilizar um conjunto de recursos, entre


os quais técnicos e professores especializados preparados para detectar e
realizar uma intervenção adequada às características e necessidades de cada
aluno. Por outro lado, é crucial o envolvimento dos encarregados de educação
e sua articulação com os restantes profissionais, no desenvolvimento dos seus
educandos, dado que estes necessitam de acompanhamento e apoio, para
ultrapassar as suas dificuldades específicas e alcançarem o objectivo comum –
melhorar a sua aprendizagem e os resultados escolares”.

Uma acção conjunta faz-se necessário, pois, a motivação dos alunos parte de
casa, a assistência e o ambiente com o qual vivem, a recepção da escola, condições
que favorecem o ensino e aprendizagem, e o professor, as técnicas utilizadas para
criar um bom ambiente de partilha. O jogo entra como um recurso que o professor
tem ao seu dispor para poder entreter os alunos e motiva-los para a aprendizagem.

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1.5. O papel da escola e do professor nas aprendizagens das crianças

A escola e o professor são os intermediários mais práticos que oferecem um


ensino organizado. Uma grande responsabilidade lhes é atribuída. Por esta razão,
reflectir sobre eles é importante.

Hoje a luz das tendências da Escola Nova, o papel do professor está cada
vez mais passivo em relação ao do aluno, pois, esta visão concebe o professor co,o
assistente e facilitador da aprendizagem. Isto não quer dizer, necessariamente, que
o professor seja inactivo, pois, esta visão concebe um professor dinâmico, criativo,
interventivo e estimulador do desenvolvimento cognitivo do aluno.

Falar da escola e do professor é apenas falar do organizador e o realizador.


As propostas da escola são ao professor que são concretizadas. Assim, o fim do
projecto da escola é concretizado pelo professor. Este deve ser alguém dotado de
técnicas afins para o alcance dos objectivos.

O professor é o guia das aprendizagens, ele reúne as condições físicas e


psicológicas para preparar a aceitação das aprendizagens das crianças. Esta visão
é exercida quando se concebe um processo de ensino-aprendizagem virado ao
aluno que constrói o seu próprio conhecimento, mediante um complexo processo
interactivo no qual intervêm três elementos-chave: o próprio aluno, o conteúdo da
aprendizagem e o professor, que actua como mediador entre ambos.

Portanto, na relação professor-aluno, segundo Libâneo, J. C. (2006, p. 149),


podemos ressaltar dois aspectos no trabalho docente:

“o aspecto cognoscitivo (que diz respeito a formas de comunicação dos


conteúdos escolares e as tarefas escolares indicadas aos alunos) e o aspecto
sócio-emocional (que diz respeito às relações pessoas entre professor e aluno
e às normas disciplinares indispensáveis ao trabalho docente)”.

Mas não se pode colocar o professor enfrente de todas as acções que a


escola deve realizar. Uma acção conjunta faz-se necessária. Para Coelho (2014)
apud Bento, A. P. A. C. (2016, p. 15),

“as instituições escolares devem disponibilizar um conjunto de recursos, entre


os quais técnicos e professores especializados preparados para detectar e
realizar uma intervenção adequada às características e necessidades de cada
aluno. Por outro lado, é crucial o envolvimento dos encarregados de educação
e sua articulação com os restantes profissionais, no desenvolvimento dos seus
educandos, dado que estes necessitam de acompanhamento e apoio, para

14
ultrapassar as suas dificuldades específicas e alcançarem o objectivo comum –
melhorar a sua aprendizagem e os resultados escolares”

O professor que vai ficar em frente dos alunos deve reunir condições
profissionais que lhe permitem exercer bem o seu trabalho. A criatividade faz parte
dos perfis que se espera de um professor da primária.

1.6. Contributo da casa e familiares nas aprendizagens das crianças

A base das primeiras aprendizagens é no berço da família. E quando a


criança chega na escola, ela não deixa de receber os reforços da família. Assim,
todos que rodeiam a criança contribuem para a sua aprendizagem.

A família enquanto instituição social tem uma responsabilidade com a


sociedade. O filho que pertence à família precisa aprender um conjunto de hábitos
lícitos que o ajudarão a socializar-se.

Conhecer as regras básicas de convivência em sociedade é uma tarefa da


família. Portanto, é a família que prepara a criança para a vida em sociedade. Ao
sair de casa para a escola a criança leva hábitos próprios de casa, e ao interagir
com outras crianças percebe que as aspirações, os ideais são diferentes.

As brincadeiras que a criança encontrará na escola, muitas delas já são


realizadas em casa. Aliás, é notável que uma criança privada dos jogos ou
brincadeiras em casa, é uma criança desmotivada e isolada na escola.

As brincadeiras ajudam na socialização das crianças. Através delas a criança


aprende a respeitar regras simples que posteriormente levá-la-ão a respeitar as
regras mais complexas da sociedade. E essa iniciativa pode partir de casa pelos
próprios país.

Segundo Kundonguende, J. C. (2013, p. 70),

“os pais são os principais educadores de seus filhos. E isso é assim porque
existe uma relação natural entre paternidade e educação. A paternidade
consiste em transmitir a vida a um novo ser. A educação é ajudar a cada filho a
crescer como pessoa, o que implica em proporcionar-lhes meios para adquirir e
desenvolver as virtudes, tais como a sinceridade, a generosidade, a
obediência, dentre muitas outras”.

15
Assim, tanto o professor e a escola, quanto à família e a sociedade envolvem
aspectos socioculturais importantes para o processo de aprendizado da criança, e
elas devem trabalham juntas para melhor êxito nesta actividade. A “aprendizagem
não se restringe apenas ao âmbito escolar, demonstrado através de provas. Ela é
portanto, o fenómeno do dia-a-dia, que ocorre desde o inicio da vida” (FALCÃO, G.
M. 2003, p.19).

Por isso, todos devem dar a sua parcela de contribuição. Cada um, com o seu
conhecimento, seja ele empírico ou científico. Famílias e comunidade devem
corroborar e participar activamente das actividades propostas na escola trazendo
suas vivências do dia-a-dia. Quando os pais, comunidade, professores e todo
conjunto escolar participam juntos do processo de ensino-aprendizagem, o aprender
torna-se mais significativo para o aluno. Este se anima, gosta de ver a participação
dessas pessoas e ficam mais motivados e interagem com mais força.

1.7. Condições necessárias param uma boa aprendizagem

Face a um quadro desmotivador entre os alunos em relação à aprendizagem


e diante dos diferentes posicionamentos sobre a motivação, podemos extrair
algumas considerações.

Para a motivação das aprendizagens, ou seja, para uma boa aprendizagem


algumas condições cumprem-se necessária. E estas condições são de
responsabilidade de todos os agentes educativos.

A aula, como toda actividade humana que ocorre de modo formal por meio de
condições estabelecidas previamente, requer organização mental para sua
realização. Organizar-se para a acção é um ponto importante para o aumento da
probabilidade de sucesso de qualquer empreitada dessa natureza. Assim, se
queremos que haja êxito em nossas acções, temos de recorrer a um planeamento
eficaz, que possibilite a ocorrência delas com base em objectivos e metodologias.
Planejar, como sabemos, é uma actividade inerente ao ser humano. Quando alguém
pensa em viajar em um feriado começa a pensar em acções e condições
necessárias para que a viagem possa acontecer - meios de transporte, meios
financeiros, alimentação, estadia etc.

16
Essa preparação começa com a escola, esta deve reunir as condições físicas
e ambientais que favoreçam a aprendizagem. A boa aprendizagem desenvolve-se
num ambiente calmo e sossegado. E para o nível infantil, um jardim, um campo de
jogos são necessários para as actividades dos pequenos.

A ausência destes elementos limita as acções do professor, daí que temos


notado o desleixo por parte dos professores em valorizar as actividades lúdicas.
Exemplo concreto é a Escola Primária do Dunga nº 1056, campo de estudo desta
pesquisa, não reúne condições favoráveis para aprendizagem das crianças.

Um pavilhão é um espaço que reúne condições que favorecem as actividades


físicas, isto é, o desporto. A sua ausência na escola deixa um lugar vago na
formação dos alunos.

“O espaço na educação constitui-se como uma estrutura de oportunidades. É


uma condição externa que favorecerá ou dificultará o processo de crescimento
pessoal e o desenvolvimento das actividades instrutivas” (ZABALZA, M. 2001, p.
120).

O espaço na educação é um local onde se constroem relações que permitem


a criação de situações pedagógicas levando a aprendizagens por parte dos alunos.
Assim sendo, existem vários espaços para além da sala de aula onde podem ocorrer
aprendizagens por parte dos alunos. Os espaços educativos são locais onde se
desenvolvem acções que visam o desenvolvimento pleno do aluno e formação de
cidadãos conscientes e responsáveis.

“O ambiente é um educador à disposição tanto da criança, como do adulto.


Mas só será isso se estiver organizado de um certo modo. Só será isso se estiver
equipado de uma determinada maneira” (ZABALZA, M. 2001, p. 19)

Compreende-se todo o espaço de uma escola: salas de aula, biblioteca, salas


de estudo, salas de laboratório, salas de desporto, etc. e estas devem,
necessariamente, ser apetrechadas.

17
1.8. Algumas sugestões metodológicas para actividades lúdicas

Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a


habitação e a educação. Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico,
afectivo, intelectual e social, pois, através das actividades lúdicas, a criança forma
conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão
oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na
sociedade e constrói seu próprio conhecimento.

O uso do lúdico nos processos de aprendizagem apresenta-se, então, como


uma ferramenta eficaz, capaz de influenciar em vários campos, uma vez que o ato
de brincar não é algo irrelevante, uma vez que o que traz consigo influencia
directamente na formação de saberes e experiências.

Brincadeiras e Jogos são actividades indispensáveis para o emocional,


intelectual e a saúde física, que sempre esteve em todos os povos, das mais
diferentes épocas.

No ato de jogar e brincar a criança se vê numa situação cotidiana, onde as


regras, raciocínio e a lógica, estão presentes na sua vida normal. Nos jogos e nas
brincadeiras a criança readapta essa situação já vivida e cria uma expectativa nova
dentro do seu imaginário.

Assim como a aula, os jogos ou qualquer actividade lúdica deve ser


planificada. O planeamento faz parte de toda acção humana que vise eficiência,
pois, para que as aulas tenham significado e os professores tenham sucesso no seu
trabalho e necessário que façam a acção reflexão do trabalho que desenvolve com
seus alunos tentando buscar a melhora.

Nesse sentido Vieira e Rodrigues (2016, p. 136) afirmam que:

Cabe ao docente estimular seus alunos através dos métodos lúdicos para que
tenham um efectivo e prazeroso aprendizado. É necessário o abandono da
estagnação tradicional dos instrumentos pedagógicos para que se forme um
melhor, e mais dinâmico, ambiente escolar.

Assim, o recurso que acompanha o lúdico são os brinquedos. O brinquedo,


enquanto ferramenta lúdica deve ser utilizada na prática pedagógica também no
primário. Eles possibilitam a optimização de habilidades, raciocínio, socialização,

18
pois como afirma Vygotski, (2003, p. 38) “o brinquedo estimula a representação, a
expressão de imagens que evocam aspectos da realidade”.

O professor no primário é chamado a buscar a inovação e a criatividade.


Existem muitas actividades ao dispor do professor, mas ele deve buscar as mais
eficazes e necessárias.

19
CAPITULO II

METODOLOGIA APLICADA

20
2.1. Tipo de Pesquisa

Uma pesquisa envolve uma investigação crítica e exaustiva realizada por um


pesquisador, sobre um tema bem delimitado, nos limites do saber, para verificá-lo,
corrigi-lo, ou completá-lo, à luz dos princípios fundamentais.

O tipo de pesquisa é definido pelo pesquisador de acordo com o carácter da


pesquisa, seus envolventes, e campo investigativo. Ao se tratar de uma escola, e de
uma problemática em volta dos alunos, optamos por uma pesquisa descritiva.

Esta pesquisa visa descrever os factos através de técnicas como a


observação sistemática. Consiste em observar, analisar, classificar e interpretar
factos, dados ou situações, da forma e no local onde realmente acontecem.

Buscamos linhas metodológicas que imprimem preceitos ou procedimentos a


fim de chegarmos aos objectivos preconizados. Desta feita, definimos a metodologia
do trabalho.

Esta pesquisa baseou-se, também, na essência bibliográfica, pois, fizemos


recurso da revisão crítica da literatura procurando saber e examinar as contribuições
de autores concernentes ao tema em abordagem, esclarecendo o problema com
uma argumentação teórica a partir de conceitos correlacionados.

Quanto a forma de apresentação do problema, é uma pesquisa qualitativa,


pois, de um lado, a partir do princípio até ao acabamento do trabalho,
fundamentamos o problema de forma qualitativa.

Do ponto de vista técnico, realizamos uma pesquisa assentada em


levantamento de opiniões e informações por meio da observação das aulas,
baseada numa ficha de observação, permitindo-nos, assim, recolher informações
necessárias para responder às questões ou hipóteses norteadoras do trabalho.

A ficha de observação foi, criteriosamente, adaptada às informações que


respondem pelas hipóteses do trabalho, a fim de alcançarmos os objectivos
preconizados. Por esta razão, foram avaliados todos os pressupostos, desde a
formulação clara do assunto, as questões científicas, as hipóteses, a determinação
da amostra relativamente representativa da população alvo, a apresentação

21
adequada das variáveis e dos métodos, são aspectos metodológicos que
consideramos, cuidadosamente, para o êxito desta investigação.

2.2. População e Amostra

A população é o conjunto total de observações potenciais do qual pode ser


retirada uma amostra. O campo de estudo foi delimitado aos alunos da 5ª classe,
turmas A, B, C e D, da Escola Primária do Dunga nº 1056, ano 2021/2022.

Foi considerado o universo de 244 alunos, isto é, 149 masculinos e 95


femininos. Deste universo foi extraído, uma amostra de 74 alunos, sendo 45
masculino e 29 feminino, correspondente a todos os alunos da turma A, como ilustra
o quadro:

A população, segundo Zassala, C. (2015 p. 85), “representa o grupo total do


qual a amostra será retirada”. Por sua vez, a amostra é um subconjunto finito da
população. Portanto, de acordo com a delimitação do nosso trabalho a amostra em
estudo é de 4 professores e 74 alunos, extraído de uma população de 7 professores
e 244 alunos. Deste modo, segue-se abaixo, o quadro da população e amostra:

Quadro nº 1: População e Amostra da pesquisa

População total: 251 Amostra total: 78


Professores Alunos Professores Alunos
Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total Masc Fem Total

5 2 7 149 95 244 3 1 4 45 29 74

22
2.3. Métodos de investigação

Segundo Alexandre, D. S., e Quivuna, M. (2008, p. 138), “os métodos


constituem a boa ordem na disposição dos pensamentos, dos raciocínios. Assim, os
métodos têm o sentido de via a seguir para chegar a uma direcção, a um fim”.

Se o método pode ser entendido como o caminho, a técnica pode ser


considerada o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de proceder em seus
menores detalhes, a operacionalização do método segundo normas padronizadas.

Segundo Queiroz, T. D. (2008, p. 234), técnicas “são instrumentos de


activação do método, que permitem realizar a pesquisa com maior incidência ou
actuação. É o domínio especializado necessário à execução de alguma tarefa ou
actividade”.

Para a realização desta pesquisa, os dados foram recolhidos através dos


seguintes métodos:

Método hipotético-dedutivo: inicia-se pela percepção de uma lacuna nos


conhecimentos, formulou-se hipóteses e, pelo processo dedutivo, testou-se a
predição da ocorrência do fenómeno.

Método teórico: através deste método, foi possível fazer-se de forma crítica a
análise bibliográfica de algumas obras que coincidem com o tema em investigação.
Pôs-se em disposição diferentes obras bibliográficas que foram aproveitadas e
assim coadunar as nossas ideias com as dos autores que já debruçaram sobre o
assunto em estudo ou que tenham tratado de assuntos similares.

Método empírico: este foi concretizado através do inquérito por questionário e


da observação dos factos inerentes à investigação. Através deste método, a
observação permitiu-nos anotar as informações, olhar com atenção e investigar com
detalhes reais, visando a interpretação e compreensão da realidade.

Método estatístico: possibilitou a recolha, a análise, a apresentação e a


interpretação dos resultados em tabelas e gráficos.

Quanto às técnicas, foi necessário a:

23
Observação: esta técnica permitiu-nos anotar as informações, olhar com
atenção e investigar com detalhes reais.

2.4. Variáveis

Segundo Kapitiya, F. (2014, p. 76), “variável é todo aquele elemento ou


característica que varia em um determinado fenómeno. Esse elemento pode ser
observado, registado e mensurado. As variáveis são, portanto, aspectos observáveis
de um fenómeno, os quais podem apresentar variações, mudanças e diferentes
valores em relação a um dado fenómeno e entre fenómenos”.

Existem dois tipos de variáveis: independente e dependente. Zassala, C.


(2015, p. 85) defende que “devem ser identificadas a dependente e a independente,
esta é o estímulo e a dependente é a resposta”. O autor esclarece que a variável
independente é o antecedente e a variável dependente é o consequente.

2.4.1. Variáveis independentes

Segundo Kapitiya F. (2014, p. 77) a “variável independente (X) é a principal,


determina e exerce influência sobre a variável dependente. É causa para determinar
o resultado. É o factor manipulado pelo investigador na tentativa de buscar uma
resposta no fenómeno observado”. Portanto, definimos como variáveis
independentes as seguintes:

 A ignorância dos professores do Ensino Primário no uso das actividades


lúdicas nas aprendizagens das crianças;
 A desvalorização das actividades lúdicas.

24
2.4.2. Variáveis dependentes

De acordo com Zassala, C. (2015, p. 60), as variáveis dependentes consistem


naqueles valores (fenómenos, factores) a serem explicados ou descobertos, em
virtude de serem influenciados, determinados ou afectados pela variável
independente; é o factor que aparece, desaparece, ou varia à medida que o
investigador introduz, tira ou modifica a variável independente; propriedade ou factor
que é efeito, resultado, consequência ou resposta a algo que foi manipulado
(variável independente). Portanto, as variáveis dependentes são:

 Baixo nível de aprendizagem e rendimento escolar;


 Falta de motivação para aprendizagem nas crianças..

25
CAPITULO III

RESULTADOS E DISCUSSÃO

26
3.1. Critério para apresentação, análise e discussão dos dados

Neste capítulo apresentamos o conjunto de dados referente às análises das


observações feitas.

A demonstração dos trabalhos de investigação científica requer apresentação


de dado em quadros estatisticamente distribuídos. Por isso, tendo em conta a
relevância do tema em estudo e de acordo com os objectivos preconizados, fizemos
uma avaliação dos professores através da observação criteriosa, de forma a nos
fornecer os dados necessários.

Para o tratamento estatístico dos dados recolhidos, recorremos às medidas


capazes de nos fornecer uma certeza, evitando a casualidade na determinação dos
resultados. Portanto, depois de colhidos os dados, apresentamo-los sob forma
tabelar, os respectivos instrumentos para a sua análise e interpretação que nos
ajudaram para a confiabilidade dos mesmos.

A ficha de observação é constituída por quatro questões, de acordo com as


questões de investigação do trabalho:

Na primeira questão, “será que os professores têm conhecimento da


importância das actividades lúdicas nas aprendizagens das crianças?” observamos
que apenas um professor tem o conhecimento. Ao que corresponde com a opção
quatro (Alguns);

PERGUNTA 1 Sim
Não
Será que os professores têm conhecimento da importância Nenhum
das actividades lúdicas nas aprendizagens das crianças? Alguns X

Na segunda questão, “será que os professores praticam actividades de jogos


com as crianças?” notamos que não. Ou seja, os professores não realizam
actividades de jogos com as crianças.

PERGUNTA 2 Sim
Não X
Será que os professores praticam actividades de jogos com Nunca
as crianças? Algumas
vezes

27
Na terceira questão, “será que os professores cantam com as crianças?”
observamos que algumas vezes os professores cantam com as crianças..

PERGUNTA 3 Sim
Não
Nunca
Será que os professores cantam com as crianças? Algumas X
vezes

Na quarta questão, “será que as famílias participam nas actividades lúdicas


para aprendizagens das crianças?” notamos que não, visto que as famílias não
participam nas actividades da escola.

PERGUNTA 4 Sim
Não
Nunca X
Será que as famílias participam nas actividades lúdicas para Algumas
aprendizagens das crianças? vezes

Contudo, esta ficha de observação permitiu-nos reter estas informações, e


através delas tecermos algumas conclusões.

28
Conclusões

De acordo com a observação realizada das aulas dos professores do Ensino


Primário, chegou-se às seguintes conclusões:

1. Alguns professores têm conhecimento da importância das actividades lúdicas


nas aprendizagens das crianças;
2. Os professores não praticam actividades de jogos com as crianças;
3. Algumas vezes, os professores cantam com as crianças;
4. As famílias não participam nas actividades lúdicas para aprendizagens das
crianças.

29
Sugestões
Relativamente às conclusões chegadas, sugerimos que:
1. Todos os professores tenham o conhecimento da importância das actividades
lúdicas nas aprendizagens das crianças;
2. Os professores possam praticar actividades de jogos com as crianças para a
motivação nas aprendizagens;
3. Os professores cantam sempre com as crianças, pois, é uma actividade que
predispõe o aluno e que ajuda na linguagem oral da criança;
4. As famílias possam participar nas actividades lúdicas para aprendizagens das
crianças.

30
Bibliografia

ALEXANDRE, Dissengomoka Sebastião & QUIVUNA, Manuel. Alguns Fundamentos


Gerais da Didáctica em Educação, Revista e actualizada, 2ª Edição, Luanda, 2008.

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29, n.21. P.34-5, 2004.

BENTO, Ana Patrícia Afonso Completo. Dificuldades de Aprendizagem Específicas


da leitura e da escrita e o contributo da estimulação da consciência fonológica. 200
f. INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS. Provas destinadas à
obtenção do grau de Mestre para a Qualificação para a Docência em Educação Pré-
Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico. s/n. 2016

BZUNECK, J. A. (Org.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia


contemporânea.4.ed. Petrópolis: Vozes, 2009

DEWEY, John. Vida e educação. 6. ed.São Paulo: Edições Melhoramentos, 1967.

FALCÃO, Gerson Marinho. Psicologia da aprendizagem. 10 ed. São Paulo: Cortez,


2003

KAPITIYA, Francisco. ABC de Metodologia Científica. Gráfica Aguedense, Lobito,


2014.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 258 f. Cortez Editora, São Paulo. 2006

MENDONÇA, Alice Maria Ferreira. A problemática do Insucesso Escolar


Universidade da Madeira: A escolaridade obrigatória no arquipélago da Madeira em
finais do século XX (1994-2000). 583 f. Dissertação para a obtenção do grau de
Doutor em Sociologia da Educação apresentada à Universidade da Madeira. 2006

PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23 ed. Editora Ática, São Paulo, 2004

QUEIROZ, Tânia Dias, “Dicionário Prático de Pedagogia” Editora Rideel, 2ª Edição,


São Paulo, 2008

ROSAMILHA, Nilson. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São Paulo:


Pioneira, 1979
31
VIEIRA, Luciene Batista; RODRIGUES, Elaine Aparecida Fernandes – O Ensino
Lúdico Nos Anos Iniciais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo Do
Conhecimento, ANO 1. VOL. 10, Pp. 136-153. Novembro de 2016.

ZABALZA, M. Didáctica da educação infantil. Rio Tinto: Edições Asa. 2001

ZASSALA, Carlinhos. Iniciação à pesquisa científica. 3ª edição, Mayamba Editora,


Luanda. 2015

32
APÊNDICE

33
GRELHA DE OBSERVAÇÃO DE AULA/2022
ESCOLA DE PESQUISA: Escola Primária do Dunga nº 1056
NOME DO OBSERVADOR: _______________________________
CLASSE: ______ TURMAS: __________ DATA:______/______/______.

ORIENTAÇÃO PELAS PERGUNTAS X


DE INVESTIGAÇÃO ASPECTOS COMENTÁRIO DO OBSERVADOR
ORIENTADORES

PERGUNTA 1 Sim

Será que os professores têm Não


conhecimento da importância das
actividades lúdicas nas aprendizagens Nenhum
das crianças?
Alguns

PERGUNTA 2 Sim

Sempre

Será que os professores praticam Nunca


actividades de jogos com as crianças?
Algumas vezes

PERGUNTA 3 Sim

Sempre

Será que os professores cantam com


Nunca
as crianças?
Algumas vezes

PERGUNTA 4 Sim

Sempre

Será que as famílias participam nas


Nunca
actividades lúdicas para
aprendizagens das crianças?
Algumas vezes

34

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