Clínica de Psicologia Universidade de Marília

RELATÓRIO PSICOLÓGICO

I – IDENTIFICAÇÃO

Paciente: Laura Ferrazoni.

Nº Prontuário: 8302.
Idade: 09 anos e 5 meses.
Data de Nascimento: 28/03/2007.
Sexo: Feminino.
Escolaridade: 4º Ano do Ensino Fundamental I.
Solicitante: Marcela Souza / Lúcio Ferrazoni.
Finalidade: Avaliação e acompanhamento psicopedagógico em dificuldade de
aprendizagem.
Autor: Murilo Carlos Silva. RA: 11111111
Supervisora: Gelci Saffiotte Zafani CRP: 06/110135

II – DESCRIÇÃO DA DEMANDA

A paciente encontra-se em acompanhamento Psicopedagógico desde abril de

2018 na presente Clínica de Psicologia Unimar. O encaminhamento foi realizado pela
Escola Estadual Professor Anísio Cabrini, local este que a paciente está cursando o 4º
ano do Ensino Fundamental. A queixa provinda dos pais é que a paciente tem
dificuldades em aprendizagem, principalmente nos níveis da leitura, escrita e
matemática.

III – PROCEDIMENTO

O modelo de serviço prestado pela Clínica de Psicologia da Universidade de

Marília a paciente, consiste em atendimento psicopedagógico individual, constando
uma sessão por semana, com duração de, aproximadamente, uma hora cada sessão.
Assim, o serviço prestado, visa auxiliar no desenvolvimento psicopedagógico,
oferecendo processos avaliativos e interventivos voltados às questões de ensino-
aprendizagem. Ademais, o referencial teórico adotado para avaliação é da teoria
Construtivista de Piaget.

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Nesse sentido, foi realizado junto a atendida um processo avaliativo procurando

compreender o fenômeno da aprendizagem na sua complexidade de forma integral e
multifatorial, buscando as melhores formas de intervenção e/ou orientações. No
processo avaliativo, foram realizados 11 atendimentos, enumerados a seguir:

1ª Sessão: 21/03/2019 - Entrevista com os pais, levantamento da queixa,

estabelecimento de contrato terapêutico;
2ª Sessão: 28/03/2019 - EOCA - Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem;
3ª Sessão: 16/04/2019 - Anamnese (Mãe);
4ª Sessão: 30/04/2019 - Continuação da Anamnese;
5ª Sessão: 09/05/2019 - Provas Pedagógicas;
6ª Sessão: 02/10/2019 - Técnicas Projetivas;
7ª Sessão: 16/10/2019 - Visita à escola
8ª Sessão: 22/10/2019 - Provas Operatórias;
9ª Sessão: 29/10/2019 - Avaliação Psicomotora e Percepto- motora;
10ª Sessão: 05/11/2019 - Avaliação das Funções Executivas;
11ª Sessão: 12/11/2019 - Avaliação da Motivação Escolar e das Estratégias de
Aprendizagem

Anamnese

O instrumento anamnese consiste em uma técnica de entrevista, que visa

descrever e avaliar sintomas, compreendendo diversos elementos, tais como: história
psicossocial do indivíduo, história médica familiar, concepção, gestação, nascimento,
sintomas físicos e mentais, primeiras aprendizagens e desenvolvimento cognitivo,
psíquico e emocional. Outrossim, a anamnese possibilita investigar as dificuldades que
o indivíduo avaliado enfrenta, suas perdas e seus prejuízos, as condições em que vive,
sem perder de vista os critérios diagnósticos das diferentes psicopatologias. Portanto,
de acordo com Bleger (1998) uma entrevista anamnese incide uma relação humana na
qual o avaliador deve procurar saber o que está acontecendo com o avaliado e deve
atuar segundo esse conhecimento, buscando reconstruir a história do mesmo.

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Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA)

A EOCA deriva das pesquisas realizadas por Jorge Visca, este instrumento
consiste em uma entrevista estruturada, sendo um processo de averiguação informal,
realizado de forma lúdica, onde instrumentos diversos são apresentados ao indivíduo,
visando a observação da interação do mesmo com os instrumentos (VISCA, 1991 apud
CARDOZO, 2011).
Sendo assim, a indicação é que a EOCA seja utilizada no processo diagnóstico,
para contribuir com o mesmo, podendo se observar o sintoma e as causas históricas
coexistentes (ansiedade, defesa, funções, nível de pensamento utilizado, grau de
exigência, aspectos da lateralidade, organização, ritmo de trabalho, etc).

Provas Pedagógicas

A prova pedagógica é feita com o intuito de aferir a dificuldade do indivíduo em

determinadas disciplinas, sendo que nesta avaliação buscou-se avaliar o grau de
dificuldades na leitura, escrita e matemática. Deste modo, a prova pedagógica é
elaborada de acordo com a idade do indivíduo atendido e considerando as queixas ou
dificuldades apresentadas pelo mesmo. Assim, a prova pedagógica aplicada na
atendida constituiu-se das seguintes técnicas:
• Análise do ditado, utilizando palavras monossílabas, dissílabas,
trissílabas e polissílabas, visando avaliar o nível de escrita e compreensão silábica da
atendida;
• Análise do ditado e leitura, utilizando palavras mais complexas e
estratégicas, objetivando verificar o nível de escrita e leitura;
• Leitura e interpretação de texto, utilizando charges e histórias em
quadrinho, visando avaliar a capacidade interpretativa e cognitiva;
• Operações matemáticas básicas, aplicando numeração de antecessor e
sucessor, contagem numérica dos números cardinais, com intuito de avaliação dos
conteúdos matemáticos.

Técnicas Projetivas

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As técnicas Projetivas utilizadas para compreensão do fenômeno consistiu na
aplicação das Provas Projetivas propostas por Jorge Visca.
Segundo Visca (2009), as provas projetivas permitem investigar o vínculo que a
criança tem estabelecido com a aprendizagem propriamente dita e também com as
circunstâncias nas quais essa construção ocorre.
Deste modo, quando se aplica uma prova projetiva, o sujeito projeta para fora de
si o que se recusa a reconhecer em si mesmo, ou seja, seus conteúdos inconscientes
ganham forma por meio da projeção.
Nesse sentido, na aplicação das provas, solicita-se que a criança faça alguns
desenhos sobre a família, escola e si próprio, também são feitas algumas perguntas a
ela sobre o que foi desenhado. Segue-se os critérios de correção e análise propostos
por Visca (2009) ou Bérdard (2013). Portanto, realizou-se as seguintes provas
projetivas:
• Par Educativo: tem o objetivo de obter informações a respeito do vínculo
estabelecido em relação à aprendizagem, investiga como foi internalizado o processo
de aprender e como é percebido aquele que ensina e o que aprende. Os dados obtidos
darão condições para elaboração de hipóteses a respeito da visão de si, dos
professores e até mesmo da instituição educativa.
• Planta da sala de aula e Eu com meus colegas: objetiva investigar
predominantemente os vínculos no âmbito escolar, a percepção de si e dos colegas no
espaço da sala ade aula, além de averiguar o vínculo estabelecido com os colegas de
classe e como é vivenciada a relação grupal.
• Os quatro momentos de um dia: serve para estudar o vínculo em relação
ao espaço familiar físico e humano, como é o uso do tempo em um dia comum, facilita
a expressão do mundo interno que se expressa através de condutas concretas e
fantasias em relação ao meio e consigo mesmo.
• Família Educativa: através do desenho da família é possível verificar a
percepção que o sujeito tem de si mesmo em relação aos outros membros da sua
família, como uma forma de expressão livre, o desenho permite à criança projetar no
exterior as tendências reprimidas do inconsciente e, dessa maneira, revelar os
verdadeiros sentimentos que professa à sua família.
• O dia do meu aniversário: é proveitoso para observar predominantemente
a relação do sujeito consigo mesmo, ou seja, a representação que se tem de si mesmo
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e do contexto físico e sócio-dinâmico em um momento de transição de uma idade à
outra, em função de ser uma data que pode ser supervalorizada, subestimada ou
rejeitada, de acordo com a autopercepção gráfica deste momento de transição.

Visita à escola

A visita à escola possibilita colher informações sobre o processo de ensino-

aprendizagem, entender o ambiente sócio-educacional na qual o sujeito está inserido,
quais metodologias são utilizadas, estrutura escolar, relações afetivas com seus pares
e professores, atividades realizadas, recursos propostos pela escola para trabalhar a
dificuldade de aprendizagem apresentada, processos avaliativos, clima escolar, entre
outros.

Provas Operatórias

As provas Operatórias de Piaget vêm sendo amplamente utilizadas na clínica

psicopedagógica para avaliação do raciocínio lógico e construção de conhecimento de
crianças na fase escolar. Por intermédio delas é possível investigar e avaliar o nível
cognitivo da criança e constatar se este realmente corresponde a sua idade cronológica
ou se existe alguma defasagem, algum obstáculo epistêmico dificultando o processo de
aprendizagem. (RUBINSTEIN, 2014)

Avaliação Das Habilidades Percepto- Motoras e Psicomotoras

A maturação do Sistema Nervoso e as respostas motoras às necessidades de

adaptação, promove evolução e são preponderantes, portanto, para o desenvolvimento
do sujeito na sua interação aos estímulos do meio que o cerca, sendo o corpo em
interação com o meio, no processo de maturação, a origem das aquisições cognitivas,
afetivas e orgânicas.
A avaliação psicomotora se faz necessária para avaliar o desenvolvimento
infantil que envolve os aspectos emocionais, motores e cognitivos, na qual crianças
com alteração psicomotora são um fator de risco para o processo de aprendizagem, na
qual através de atividades lúdicas, como jogos e brincadeiras, avalia-se o equilíbrio,
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imitação, reconhecimento, discriminação auditiva e visual, nomeação das partes do
corpo em si e no outro, dissociação de movimentos, velocidade e precisão motora
(FERREIRA TL, ET AL, 2010).

Avaliação das Funções Executivas- Torre de Hanói

As funções executivas são um conjunto de habilidades cognitivas necessárias

para realizar diversas atividades que demandam planejamento e monitoramento de
comportamentos intencionais relacionados a um objetivo ou demandas ambientais.
Permitem ao indivíduo interagir com o mundo de forma mais adaptativa, sendo
fundamentais para o direcionamento e regulação de várias habilidades intelectuais,
emocionais e sociais (LEÓN, RODRIGUE, SEABRA, DIAS, 2013).
A resolução do problema da Torre de Hanói requer o uso das funções
executivas: estabelecimento de um objetivo final, planejamento e execução de uma
sequência de etapas lógicas. Portanto, requer do indivíduo o uso da memória de
trabalho, raciocínio, flexibilidade de tarefas e resolução de problemas, bem como o
planejamento e execução.

Avaliação da Motivação Escolar e Estratégias de Aprendizagem

Para podermos avaliar as motivações intrínsecas e extrínsecas relacionadas ao

processo de aprendizagem e para identificar quais estratégias o sujeito possui para
estudos, decidimos por aplicar as seguintes escalas: EAME- IJ e EAVAP- EF.

Escala para Avaliação da Motivação Escolar Infanto-juvenil (EAME-IJ)

A Escala para Avaliação da Motivação Escolar Infanto-Juvenil fornece

informação de como a criança e o adolescente se percebem em relação às fontes de
sua motivação (intrínseca e extrínseca) como também sua intensidade.
A motivação intrínseca se relaciona ao interesse natural por novidades e
desafios, e esse interesse seria a fonte básica que mobilizaria o indivíduo à ação. Ao
lado disso, a motivação extrínseca concerne aos elementos externos que podem
disparar a ação da pessoa em direção em determinadas problemas ou temas, ao
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mesmo tempo em que busca obter recompensas materiais ou sociais ou de
reconhecimento. Assim, fornece três tipos de medidas, uma relacionada à motivação
intrínseca, outra à extrínseca e uma terceira, soma das duas anteriores, que indica a
motivação geral da pessoa (Casa do Psicólogo, colocar ano de publicação).

Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem para o Ensino

Fundamental (EAVAP-EF)

A Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem para o Ensino

Fundamental, avalia estratégias cognitivas e metacognitivas de aprendizagem
relatadas e utilizadas por alunos do ensino fundamental. Pode ser empregada no
diagnóstico psicoeducacional e crianças do ensino fundamental ou de pessoas do
mesmo nível de escolaridade que demonstram dificuldades para estudar e aprender.
(Casa do Psicólogo, colocar ano de publicação).

IV – ANÁLISE

Neste momento fazer uma breve descrição do desenvolvimento infantil e

histórico familiar (dados colhidos na anamnese).
Em seguida descrever todos os resultados avaliados na aplicação de cada
instrumento e suas análises.
§ 5º Neste item devem constar, de forma descritiva, narrativa e analítica, as
principais características e evolução do trabalho realizado, baseando-se em um
pensamento sistêmico sobre os dados colhidos e as situações relacionadas à demanda
que envolve o processo de atendimento ou acolhimento, sem que isso corresponda a
uma descrição literal das sessões, atendimento ou acolhimento, salvo quando tal
descrição se justificar tecnicamente. (Manual de elaboração de documentos
Psicológicos, p. 05, 2019)

V – CONCLUSÃO

Considerando a demanda apresentada e tendo em vista, os procedimentos

desenvolvidos, os instrumentos técnicos utilizados e as informações coletadas, por
meio do processo de avaliação psicopedagógico, conclui-se que Laura Ferrazoni
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apresenta nível de desenvolvimento cognitivo de acordo com o esperado para sua
idade cronológica, porém, demonstra dificuldade expressiva e persistente de
aprendizagem no quesito leitura e escrita.
Além disso, demonstra dificuldades emocionais relacionadas a elaboração do
luto, baixa autoestima, ansiedade e dificuldades nos relacionamentos familiares, o que
interfere de forma expressiva na sua aprendizagem.
Sugere-se o encaminhamento para um serviço de Fonoaudiologia, para
avaliação e intervenção e para o serviço de Psicologia Clínica, para enfoque nas
questões emocionais.
Aqui também colocar orientações a pais e escola se houver.
Deve-se destacar que o presente documento não poderá ser utilizado para fins
diferentes do apontado no item de identificação, possui caráter sigiloso e trata-se de
um documento extrajudicial com validade de 6 meses, não nos responsabilizando
sobre o uso dado ao relatório por parte do solicitante, após a sua entrega em entrevista
de devolutiva.
ATENÇÃO: RUBRICAR, ASSINAR, NUMERAR E NÃO DEIXAR FICAR SOZINHA NA
ÚLTIMA PÁGINA APENAS AS ASSINATURAS. PRECISA APARECER TAMBÉM PELO
MESMO UM TRECHO DO RELATÓRIO PARA MOSTRAR CONTINUIDADE.

Marília, 27 de novembro 2019.

________________________________
Gelci Saffiotte Zafani
Psicóloga: CRP 06/110135
Supervisora Acadêmica

________________________________
Murilo Carlos Silva
Estagiário de Psicologia: RA 11111111

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BLEGER, J. Temas de psicologia: entrevistas e grupos. São Paulo: Martins Fontes,

1998.

CAPELLINI, Simone Aparecida; LANZA, Simone Cristina. Desempenho de escolares

em consciência fonológica, nomeação rápida, leitura e escrita. Cient., Barueri, v.
22, n. 3, p. 239-244, 2010.

LEON, Camila Barbosa Riccardi; RODRIGUES, Camila Cruz; SEABRA, Alessandra

Gotuzo e DIAS, Natália Martins. Funções executivas e desempenho escolar em
crianças de 6 a 9 anos de idade. Rev. psicopedag. [online]. 2013, vol.30, n.92, pp.
113-120.

LOPES, Flávia. O desenvolvimento da consciência fonológica e sua importância

para o processo de alfabetização. Psicol. Esc. Educ.
(Impr.) vol.8 no.2 Campinas, 2004

NETO, Francisco, XAVIER, Regina. Caracterização Da Leitura E Escrita.

Florianópolis, 2013.

VISCA, Jorge. Clínica psicopedagógica – Epistemologia Convergente. Porto

Alegre. Artes Médicas, 1992.

VISCA, Jorge L. Psicopedagogia: teoria, clínica e investigação. 2. ed. Buenos Aires,

1996.

VISCA, Jorge L. Técnicas Proyectivas psicopedagógicas. Buenos Aires, 1998.

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WEISS. Maria. Psicopedagogia clinica, uma visão diagnóstica dos problemas de
aprendizagem escolar. DPA Editora, 1992.

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