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INTEGRAÇÃO
Resumo
1
Pedagoga, Especializanda em Psicopedagogia. E-mail: fran-blz@yahoo.com.br. .
2
Pedagoga, Especializanda em Psicopedagogia. E-mail: hellenpaixao@yahoo.com.br
3
Pedagoga, Especializanda em Psicopedagogia. E-mail: pmanfre@hotmail.com
4
Pedagoga, Especializanda em Psicopedagogia. E-mail: susan_prince@hotmail.com
ISSN 2176-1396
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Introdução
O que significa dizer que a Psicopedagogia foi criada, para atender as crianças com
dificuldades de aprendizagem, porém, com o passar do tempo, perceberam que “o espaço da
Psicopedagogia não podia se restringir aos consultórios, mas que deveria se estender às
instituições que promovem aprendizagem, visando principalmente a prevenção de
dificuldades no processo de aprender” (BARBOSA, 2001, p.19).
A princípio, a Psicopedagogia só ocorria no espaço da clínica, mas com o passar do
tempo, foi necessário ampliar sua ação, para o âmbito das instituições, com o objetivo de
desvelar a modalidade de aprendizagem institucional, visando principalmente a prevenção dos
obstáculos no processo de aprendizagem do grupo.
Psicopedagogia Institucional
Metodologia
O ponto de partida para o estudo de caso foram os motivos apresentados pela gestão,
que foram a dependência dos funcionários em relação à proprietária/gestora e a falta de
formação continuada dos mesmos. Em um primeiro momento elaboramos um esquema de
investigação, o qual envolveu diferentes grupos que compõem a instituição, buscando uma
visão mais ampla de seu funcionamento. Assim, com o objetivo de conhecer como a
Instituição aprende, como funciona, além de identificar a origem dos sintomas apresentados
pela mesma, fizemos uso dos seguintes instrumentos de pesquisa: Entrevista Operativa
Centrada no Modelo Ensino-Aprendizagem (E.O.C.M.E.A), grupo com atitude operativa
(ambos propostos pela teoria utilizada), observação da rotina no turno da manhã, entrevistas
com colaboradores, morador e administrador, análise do site da Instituição e entrevista
histórica com a gestão da instituição.
Por meio de tais instrumentos foi possível identificar as causas dos motivos
apresentados e o modo como as relações vinculares entre os integrantes pertencentes à
instituição são estabelecidas, o que viabilizou a elaboração do projeto de intervenção e a
indicação de formas de atuações possíveis, a fim de amenizar e extirpar os sintomas
apresentados.
como título “construam juntas a idosa que vocês querem ser”, utilizando materiais como papel
pardo, canetas, lápis e papeis coloridos, lãs, purpurina, etc.; e foi realizada com um grupo de
oito colaboradoras de diferentes funções. Para análise dos resultados, foi utilizado o Cone
Invertido de Pichón-Rivière (1994) com o objetivo de medir os termos dinâmicos e avaliar o
grupo durante a realização de uma tarefa, pois segundo o autor, as situações de mudança, sem
exceção, geram ansiedade, e estas produzem os medos básicos de sentimento de perda e de
ataques implícitos nas relações, que podem vir a se tornar ruídos na comunicação. Assim, há
algumas maneiras de comunicação, as quais, dependendo de como a mensagem chega ao
receptor, podem gerar obstáculos ou aproximar afetivamente a aprendizagem, por isso, deve
ser realizada com discernimento. Tal instrumento é composto de seis vetores de análise:
pertença, cooperação, pertinência, comunicação, aprendizagem e telê. A integração desses
elementos levará o grupo à mudança. Desta forma chegamos aos seguintes resultados:
Pertença: é o sentimento de pertencer à dinâmica grupal, o sentir-se parte do grupo. Neste
caso, notamos como negativa, pois não houve participação efetiva das oito colaboradoras,
onde uma não colaborou durante a construção da tarefa.
Cooperação: refere-se à parte do agir com outro, da capacidade de se colocar no lugar do
outro. O grupo apresentou-se de forma negativa, pela falta de colaboração e pela execução
da atividade não ser realizada por todas as pessoas do grupo.
Pertinência: está ligada à realização e eficácia da tarefa. O grupo realizou a consigna
proposta, entretanto, sem o trabalho de todos, logo este vetor também se mostrou
negativo;
Comunicação: representa o intercâmbio de informações e sentimentos que são veiculados
no interior do grupo. O grupo apresentou uma comunicação madura entre as participantes;
Aprendizagem: é a apreensão instrumental da realidade. O grupo permaneceu na transição
entre a pré-tarefa e a tarefa, não atingiu o objetivo proposto;
Telê: significa a distância afetiva que o grupo toma para a realização da tarefa, do
coordenador e do grupo. Observamos um positivo do grupo, devido à afinidade entre as
colaboradoras.
A análise do cone invertido mostrou que as queixas apresentadas pela Instituição de
dependência dos colaboradores e Após a análise do cone invertido foi possível organizar o
primeiro sistema de hipótese, :
Dimensão estrutural: gestão centralizadora, autoritária e narcísica – hipótese levantada
a partir do primeiro contato com a gestão, por meio de relatos da própria gestora, ex:
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“isso aqui é 90% da minha vida”; relação simbiótica entre gestores e colaboradores,
evidenciada por uma necessidade de aprovação, de recompensa e de dependência, ex:
“precisam de mim até para desligar a televisão”, “temos uma relação de amigas, não
me vêem como chefe”; falta de pró-atividade dos colaboradores – ex: durante a
execução da dinâmica, foi necessário que uma das colaboradoras fosse chamada, pelas
colegas, para a realização da tarefa diversas vezes, pois não estava cooperando com o
grupo, o mesmo ocorreu durante o grupo com atitude operativa, que consiste em o
grupo discutir sobre a tarefa realizada anteriormente.
No que tange as demais dimensões, a instituição mostrou-se da seguinte forma:
Dimensão da interação: boa aceitação da comunidade (moradores e familiares) – ex:
grande parte da clientela é proveniente do entorno onde a instituição está localizada;
local acessível – não há horário de visitas definido, familiares e amigos podem visitar
os moradores a qualquer hora do dia, desde que esteja na relação de visitas permitidas;
vínculo positivo do grupo – os colaboradores relataram gostar do ambiente de trabalho
e da equipe, ex: “o grupo daqui é maravilhoso, amo trabalhar neste lar.”.
Dimensão do conhecimento: profissionais experientes – maioria dos colaboradores
possui experiência profissional anterior; preocupação com o resultado final do
trabalho – ex: durante a execução da dinâmica na E.O.C.M.E.A, a seguinte frase
repetiu-se algumas vezes: “ela deve ficar linda, é uma idosa muito chique!”; indício de
uma aprendizagem escondida, por um medo aparente de expor o conhecimento – ex:
durante o Grupo com Atitude Operativa, alguns membros do grupo não se expuseram,
ou apenas concordaram com opiniões dadas anteriormente, evitando dar uma opinião
própria.
Dimensão funcional: boa organização de espaços e tempo – todo o ambiente pareceu
ser muito limpo e organizado; bom planejamento – há escalas de trabalho e horários
espalhados pela instituição; qualidade na prestação de serviço – o trato e zelo para
com as moradoras são visíveis; ausência de rotina da gestão – não há horários
definidos de permanência da gestão, que acarretava em carga horária superior às 10h
diárias.
Para validação das hipóteses apresentadas acima, buscou-se por instrumentos de
pesquisa que levantassem os sentimentos de pertença dos colaboradores e moradores em
relação à instituição, por meio de entrevistas; bem como observação da rotina dos
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Considerações Finais
REFERÊNCIAS
Estado de São Paulo. Assembleia Legislativa. Lei nº 10.891, de 20 de setembro 2001. São
Paulo, 2001. Disponível em: http://www.abpp.com.br/integra-da-lei-10891-de-20-de-
setembro-de-2001. Acesso em: 19/07/2015.
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A Psicopedagogia e o atendimento pedagógico hospitalar
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o ambiente lhe propiciar condições favoráveis a cura física não estava sendo eficaz no trata-
para sua ação e espontaneidade. mento terapêutico e que havia a necessidade de
Conforme Winnicott8, uma criança somente um olhar mais individualizado e singular para
pode voltar-se para o aprender quando se sente cada paciente.
cuidada e com suas necessidades atendidas. Esse olhar implica em um processo de huma-
Somente estabelecida a integração, é que o nização no ambiente hospitalar, sendo o termo
indivíduo poderá explorar e compreender o “humanização” mais antigo do que parece. A
mundo exterior, apropriando-se dele e por fim, ideia desse conceito vem da época hipocrática,
modificando-o. E esta integração somente será na qual imperava o discurso de que o médico
possível com o estabelecimento de um ambiente deveria ser o conhecedor da alma humana e da
suficientemente bom, no qual irá lhe favorecer cultura em que estava inserida; a cura era um
e intermediar suas experiências e angústias. processo que envolvia o indivíduo doente em
Com isto, a proposta de um atendimento pe- sua totalidade, isto é, que o compreendia de
dagógico hospitalar propõe o estabelecimento maneira biopsicossocial9.
de um espaço adequado para este aprender. As De acordo Manzano e Lima1, atualmente
chamadas classes hospitalares configuram este na área da saúde, o tema é bastante difundido,
lugar adaptado para que a criança hospitalizada principalmente após o lançamento do Projeto
possa explorá-lo e agir da melhor maneira pos- Piloto de Humanização Hospitalar, em 2000,
sível, conforme suas demandas internas. pelo Ministério da Saúde. Tal projeto de hu-
Esta adequação do ambiente hospitalar manização das relações hospitalares teve como
contribui para uma melhora significativa da objetivo criar uma nova cultura de relações
experiência de uma internação. É com este en- entre os trabalhadores de saúde e os usuários,
foque que o próximo tópico será relatado, para na busca da valorização da vida humana. Por
que possamos compreender o contexto ao quais isso, podemos pensar que no campo da saúde
as recentes classes hospitalares estão inseridas. os relacionamentos não devem ficar somente
no campo do conhecimento e da linguagem
humanização hospitalar e a legalização
A técnica.
das classes hospitalares Após este projeto inicial, o Ministério da
O acompanhamento pedagógico hospitalar Saúde lançou em 2002 uma Política Nacional
já é realidade em muitos hospitais brasileiros. de Humanização (PNH) que tem como foco
Porém, este tipo de intervenção é recente e, a atenção e gestão no Sistema Único de Saú-
no intuito de entendermos como ocorreu esta de (SUS). A campanha de humanização dos
conquista, será necessário voltarmos no tempo. ambientes hospitalares ganha então o nome
Ao realizarmos um breve retrospecto do de “HumanizaSUS”10. Esta política tem como
histórico do ambiente hospitalar, notaremos objetivo a integralidade, a universalidade, o
que este ambiente, antes caracterizado por uma aumento da equidade (igualdade na assistência
função de assistência e exclusão, sofreu trans- à saúde) e a incorporação de novas tecnologias e
formações e se constituiu em uma instituição especialização dos saberes presentes no campo
médica com uma função terapêutica, chegando da Saúde.
hoje a compor um ambiente institucional que Os gestores desta política compreendem a
se preocupa com as relações humanas de aten- humanização como a valorização dos usuários,
dimento e não somente com o tratamento e a profissionais e gestores de saúde que participam
cura da doença1. deste contexto, visando ao desenvolvimento da
Visando uma cura efetiva, os hospitais en- autonomia entre os indivíduos, estabelecendo
xergaram novas demandas de atuação de outros responsabilidades mútuas e criação de vínculos
profissionais além dos médicos, já que apenas solidários, contando com a participação coletiva
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A Psicopedagogia e o atendimento pedagógico hospitalar
nas ações tomadas e não atribuindo responsabi- Especial e no artigo 13 há uma referência sobre
lidade ou especificações às diferentes funções e a escola no ambiente hospitalar, com caráter
profissões embora influencie todas elas. obrigatório a partir de 200211. Conforme o mo-
A operacionalização deste programa pre- vimento nacional, cada estado viu-se obrigado
visto pelo Ministério da Saúde ocorre com uma a estabelecer legislação específica para aten-
troca e construção de saberes provindos de um der esta nova determinação. Segundo Noffs e
trabalho de equipe multiprofissional, com a Rachman12, em 2000, o então deputado Milton
construção de redes solidárias e que interagem Flávio elaborou a lei nº 10.685 que dispõe sobre
com o SUS de forma participativa e protagonista o acompanhamento educacional da criança e
de muitas ações, com a valorização do subjetivo do adolescente internados para tratamento de
e do social nas práticas de atenção à saúde e saúde. Diante a esta nova realidade, o Ministé-
também na gestão do SUS, fortalecendo assim rio da Educação, por intermédio da Secretaria
a autonomia e o protagonismo dos sujeitos da Educação Especial, elaborou em 2002 um
envolvidos. documento denominado “Classe Hospitalar e
Humanizar é, portanto, o ato de tornar huma- atendimento pedagógico domiciliar: estratégias
no. E deve ser entendido em saúde como uma e orientações”.
valorização do respeito à vida e das condições Assim, concomitantemente à divulgação da
humanas, considerando os aspectos individuais PNH (Política Nacional de Humanização), as
e particulares de cada pessoa, como a história classes hospitalares também obtiveram o respal-
de vida deste indivíduo, os seus medos, suas an- do legal para sua implementação e estruturação
gústias, suas crenças e sonhos, os seus anseios no ambiente hospitalar e, com isso, a autoriza-
e demais singularidades. ção necessária para possibilitar a continuida-
Partindo destes princípios, podemos con- de do aprendizado e auxiliar na melhoria do
siderar que a proposta de acompanhamento quadro das crianças e adolescentes internados.
pedagógico hospitalar pode contribuir consi- Contudo, tais legislações não esclarecem
deravelmente para a manutenção deste pro- de forma detalhada e prática a maneira como
jeto de humanização. E acompanhando todo cada instituição hospitalar deve implementar
este movimento para regulamentação de uma este tipo de acompanhamento pedagógico. Até
política nacional de humanização, as classes por falta de estudos mais apurados, os hospitais
hospitalares também surgem como mais uma recorrem à Diretoria de Ensino das regiões
ferramenta a ser implementada pelos hospitais. correspondentes para buscar não somente os
Segundo Fonseca11, em 1995, há um reco- profissionais capacitados para realizar as ativi-
nhecimento pela legislação brasileira acerca dades curriculares, mas, também, para seguir
do direito da continuidade de escolarização às o currículo estipulado para as demais escolas
crianças e adolescentes hospitalizados e no ano de aula regular.
anterior, no documento do MEC, há a denomi- E com esta falta de orientação, algumas
nação de classes hospitalares, sendo aquelas adaptações do currículo destinado aos alunos de
que “objetivam atender pedagógico-educacio- grade regular à realidade de um ambiente hos-
nalmente às necessidades do desenvolvimento pitalar podem tornar-se prejudiciais a este tipo
psíquico e cognitivo de crianças e jovens que de intervenção. Conforme Noffs e Rachman12,
(...) se encontram impossibilitados de partilhar “faz-se necessário esclarecer que tal oferta de
as experiências sócio-intelectivas de sua família, ensino no ambiente hospitalar deve ser pensada
de sua escola e de seu grupo social”. com cautela, pois não pode ser reduzido à mera
Em 2001, a Câmara de Educação Básica transferência das práticas do ensino regular ao
do Conselho Nacional de Educação instituiu ensino hospitalar, considerando as diferentes
as Diretrizes Nacionais para a Educação demandas dos diversos alunos-pacientes”.
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Frente a esta situação, encontramos uma Barros13 revela que, devido à sua caracte-
oportunidade para a Psicopedagogia intervir rística multiseriada, a Classe Hospitalar possui
e auxiliar os professores e demais profissio- uma estrutura dinâmica e caracteriza-se por ser
nais destinados a este tipo de acompanha- um grupo aberto. Mas, mesmo assim, cabe ao
mento pedagógico. Por isto, a seguir, tratarei profissional elaborar um programa com temas
sobre a rotina e demais características impor- centrais que nortearão a prática pedagógica.
tantes de uma Classe Hospitalar e entender Funghetto et al.14 salientam que o desenvol-
como a Psicopedagogia pode contribuir para vimento destes temas acontecerá conforme
a melhoria desta intervenção em franca ex- as fases de desenvolvimento de cada criança
pansão. a ser atendida e que a presença de crianças
com idades mistas possibilita uma nova prá-
Classe Hospitalar e suas principais atri-
A tica pedagógica porque “às vezes as crianças
buições mais velhas davam aulas às crianças menores
Conforme observamos no tópico anterior, a e desenvolviam atividades de acordo com sua
organização do acompanhamento pedagógico idade e interesse14.
hospitalar não obedece a uma regra única. Cada Cabe ao educador elaborar e repensar estra-
instituição sente-se livre para organizar este tégias que estimulem a criança hospitalizada a
tipo de intervenção, porque ainda não há uma continuar com as atividades porque às vezes
diretriz clara e precisa sobre o assunto por parte este aluno pode se sentir indisposto devido
dos órgãos responsáveis, até mesmo porque esta ao quadro de sua enfermidade. Além deste
atuação encontra-se em um intercâmbio entre aspecto, outros eventos podem interromper
o campo da Educação e da Saúde. (temporariamente ou não) o acompanhamento
Porém, ao realizarmos uma pesquisa apura- pedagógico, como, por exemplo, a administra-
da sobre a atuação dos profissionais em Classe ção de uma medicação. Segundo Fonseca11,
Hospitalar, encontramos algumas orientações tais circunstâncias poderiam ser consideradas
em comum que devem ser consideradas. Entre como uma interferência, mas devem ser com-
elas, Noffs e Rachman12, durante um trabalho preendidas como uma dinâmica do cotidiano da
de assessoria psicopedagógica a professoras Classe Hospitalar. O profissional deve aprovei-
que trabalhavam em um hospital geral público tar cada momento vivenciado como “ganchos
da cidade de São Paulo, apontam as principais para dinamizar ou re-estruturar a atividade, (...)
diferenças encontradas entre as classes regu- abrindo uma nova janela para o interesse do
lares e as classes hospitalares. Dentre estas aluno e seu desempenho frente às atividades
características, destaco tais peculariedades de em desenvolvimento”.
uma Classe Hospitalar: Ao pensar em um planejamento de ativi-
• Alunos em séries diferentes; dades, o educador deve estar ciente que sua
• Número de alunos varia de acordo com a programação terá começo, meio e fim no mesmo
demanda do setor; dia11. Isto porque a rotatividade destas crianças
• Não há constância e frequência precisa dos é uma variável não controlada; às vezes, uma
alunos; criança poderá participar da Classe Hospitalar
• A temática planejada deve ser iniciada e somente em um dia porque o seu quadro clínico
finalizada no mesmo período; agravou ou então porque recebeu alta. Sendo
• Local em que ocorrem as atividades é de assim, antes de iniciar o acompanhamento, o
acordo com a possibilidade da instituição profissional deverá ler o prontuário de cada
(brinquedoteca, por exemplo) ou, conforme criança internada para ter conhecimento da
possibilidade do aluno, as atividades são situação real e ter tempo hábil para fazer qual-
realizadas no próprio leito da criança. quer tipo de adequação em seu planejamento.
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A Psicopedagogia e o atendimento pedagógico hospitalar
Outra adaptação que o profissional da Edu- auxiliar este educador a realizar suas atribui-
cação deverá realizar se refere ao ambiente em ções da melhor forma possível e, ainda, ajudar
que ocorrerão as atividades. Dependerá dos no diagnóstico e na intervenção de prováveis
recursos disponíveis da Instituição: em alguns dificuldades de aprendizagem de uma criança
casos, o hospital dispõe um leito desativado ou hospitalizada? O Psicopedagogo pode ser o
um espaço inutilizado para que uma estrutura profissional que atenderá às demandas de re-
com mesas e cadeiras possa ser montada; em ou- flexão e compreensão por parte do professor a
tros, a brinquedoteca é o local disponibilizado. respeito deste aluno tão particular? Para tentar
Mas, conforme a realidade, poderá acontecer responder tais questões, irei recorrer a uma
o acompanhamento na enfermaria, no próprio breve explanação sobre a Psicopedagogia Ins-
leito, em um refeitório ou outro local em que titucional, considerando-a como o olhar mais
haja uma mesa e uma cadeira11. adequado para este tipo de acompanhamento
Partindo desta rápida descrição da rotina de pedagógico.
uma Classe Hospitalar, podemos refletir que o
educador envolvido neste tipo de intervenção Psicopedagogia institucional e o atendi-
A
deverá possuir uma boa habilidade de adapta- mento pedagógico hospitalar
ção, sensibilidade e disposição para contribuir Até o momento, realizei uma rápida des-
com seu trabalho para uma melhora – muitas crição dos componentes envolvidos em um
vezes, sutil – do quadro clínico de uma criança Acompanhamento Pedagógico Hospitalar,
hospitalizada15. A relação com outros profissio- iniciando pelo público atendido, a aprendiza-
nais da área da saúde também faz parte do co- gem neste espaço, levantando dados sobre a
tidiano deste educador e com eles, é necessário contextualização desta abordagem, assim como
manter um bom relacionamento e cultivar uma a legislação envolvida e as características deste
boa comunicação para que o trabalho como um tipo de atuação.
todo seja eficaz. Diante deste cenário, encontro na Psico-
O comprometimento também é fundamental pedagogia um olhar específico para abordar
durante a atuação deste educador. Segundo questões não somente dos alunos (as crianças
Fonseca11, “é imprescindível ao professor tentar hospitalizadas) e suas possíveis dificuldades,
manter os horários e a frequência de atendi- mas também, de forma mais ampla, todo o am-
mento aos seus alunos, uma vez que a criança biente envolvido neste aprender.
hospitalizada já vive muitas incertezas do ponto Conforme Porto5, a Psicopedagogia ainda
de vista médico (...)”. Considerando tudo isto, o é uma ciência nova e que está em plena cons-
professor não pode ser mais uma incerteza na trução. Ela surge para atender uma demanda
vida da criança. específica: “(...) para auxiliar a intervenção e
O educador da Classe Hospitalar também prevenção dos problemas de aprendizagem5”.
deve ter uma ótima observação, que, conforme Considerando o caráter preventivo, o psicope-
Fonseca11, é um instrumento muito importante. dagogo realiza uma investigação institucional,
Observando todas as variáveis que compõem o avaliando os processos didáticos e metodológi-
acompanhamento e aliando a um registro sobre cos aplicados, além de analisar toda a dinâmica
o desempenho das crianças, este profissional existente dos profissionais desta instituição,
poderá compreender possíveis demandas de um para assim encontrar os possíveis problemas
atendimento mais específico a algum paciente e propiciar a intervenção adequada para uma
ou, então, renovar e planejar outras atividades reestruturação deste ambiente5.
que atendam as demandas destas crianças. Esta análise, ainda segundo a autora, é rea-
Todo este quadro apresentado me remete a lizada por meio de uma abordagem sistêmica e
uma indagação: como a Psicopedagogia pode crítica. Com isto, a Psicopedagogia Institucional
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renova a forma de atuar dentro das instituições Uma formação adequada deste educador
escolares ou em qualquer outra instituição onde possibilitará uma melhora na maneira como irá
possa ocorrer a aprendizagem – como no caso realizar este acompanhamento. Noffs e Rach-
de um hospital. Levando em conta a relação man12 identificaram esta demanda de apoio e
existente entre a instituição e o aprender, o afirmam que tal necessidade possibilita a atu-
psicopedagogo pode contribuir para uma ade- ação do psicopedagogo, já que pode contribuir
quação das interações existentes entre aquele para a formação específica e também para uma
que ensina e aprende. Porto5 reforça que “a formação pessoal.
reflexão sobre o individual e o coletivo traz a No primeiro tipo de formação, o psicope-
possibilidade da tomada de consciência e da dagogo auxilia o educador a refletir sobre o
inovação por meio da criação de novos espaços seu papel em uma Classe Hospitalar e saber
de reflexão com a aprendizagem”. que a sua atuação é diferente de um professor
Apesar de seu surgimento estar relacionado de uma classe regular e também, de um pro-
com as dificuldades de aprendizagem, a Psico- fessor particular. Quanto à formação pessoal,
pedagogia tem como objeto de estudo todo o Noffs e Rachman12 consideram como o apoio
processo de aprendizagem. Gasparian16 ressalta a ser feito com maior ênfase porque irá ofe-
que, dentre as características da aprendizagem, recer recursos a estes profissionais para que
o psicopedagogo também deve estar atento às possam lidar com as crianças hospitalizadas
relações de todos os elementos que compõem e descobrir o aspecto saudável das mesmas.
um ambiente em que ocorra o aprender. E Ao identificar a potencialidade de uma criança
pensando em uma Classe Hospitalar, é possível internada, o educador poderá utilizá-la como
entender que o olhar do profissional deverá ponto de partida para seu trabalho e contribuir
abranger a instituição hospitalar e todas suas para sua melhora.
características. Ainda sobre a necessidade de um apoio aos
Retomando o capítulo anterior sobre as atri- professores, Fighera15 salienta que “(...) compe-
buições de uma Classe Hospitalar e relembrando te ao sistema educacional e serviços de saúde
as responsabilidades dos educadores, podemos oferecerem assessoramento permanente ao pro-
entender que oferecer um espaço de escuta e fessor, bem como inseri-lo na equipe de saúde
reflexão a estes profissionais poderá garantir a que coordena o projeto terapêutico individual.”
autonomia necessária para que possam desem- Porto5 reforça que o psicopedagogo, quando
penhar da melhor forma este tipo de acompanha- em intervenção institucional, utiliza técnicas e
mento pedagógico. Noffs e Rachman12 reforçam atividades como reuniões e discussões, para
que, propiciando este lugar, o educador poderá conseguir a ressignificação do educador em
também estimular a autonomia do aluno, per- relação ao aprender. Para a autora, esta ação
cebendo que a possibilidade de tomar decisão é coletiva e torna-se a peça-chave para o seu
é um aspecto saudável. Além disto, outro ponto sucesso.
destacado pelas autoras é a necessidade de for- Além do aspecto de apoio aos professores,
mar os educadores contratados para trabalhar em o psicopedagogo também poderá compreender
um ambiente hospitalar, adequando as propostas como se dá a aprendizagem das crianças da ins-
didáticas à rotina da internação. Como tais profis- tituição analisada e, assim, contribuir com mais
sionais, em sua maioria, não possuem formação dados aos educadores, para que possam realizar
específica em Pedagogia Hospitalar, podem ocor- um planejamento de trabalho mais condizente
rer muitas confusões quando o professor resolve, com a demanda existente.
por exemplo, aplicar um currículo de uma classe A leitura psicopedagógica possibilita a iden-
regular sem realizar as adaptações necessárias tificação do significado da aprendizagem para
para a aplicação em uma Classe Hospitalar. cada aluno, bem como da sua modalidade de
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A Psicopedagogia e o atendimento pedagógico hospitalar
necessárias para este tipo de atuação. Para Isto denota que o trabalho realizado em uma
Helena, “não dá para trabalhar sem ter Peda- Classe Hospitalar, até pouco tempo, não era
gogia e sem ter especializações na área, por valorizado pela equipe médica porque o foco
exemplo, Psicopedagogia, Educação Especial da atuação destes profissionais como exposto
ou especializações de deficiências outras. Ela na fundamentação teórica, é tratar com a maior
complementa ainda dizendo que “formação cientificidade possível o quadro enfermo dos
nunca é demais, (...) porque as pessoas mudam pacientes, principalmente nos casos de câncer.
muito rápidas e o professor está sempre queren- Com as mudanças propostas pelo processo de
do fazer alguma coisa diferente (...).”. humanização hospitalar, este tipo de olhar está
Portanto, a formação constante destes pro- sendo alterado e ações que visam um tratamen-
fissionais se torna um ponto obrigatório para to mais amplo estão ganhando espaço dentro
uma atuação adequada. Conforme vimos, o da instituição.
comprometimento do educador é o norte que
fará com que busque maiores informações Legislação da Classe Hospitalar
e fundamentações teóricas para que sua Por fim, esta última categoria nos possibilita
prática se renove a cada dia e a cada aluno compreender que a regularização do atendi-
atendido. mento pedagógico hospitalar ainda necessita de
Outro ponto levantado por Helena é que adequações. Helena salienta que a legislação
o Hospital possui uma parceria com a Secre- existente “é muito frágil, ela não coloca quem
taria Municipal de Educação de São Paulo e deve dar este atendimento, em que hospitais,
oferece cursos de aperfeiçoamento na área de ela não coloca se é fundamental I e II, ela não
Atendimento Pedagógico Hospitalar. E, por diz nada”.
conta destes cursos, os professores da própria Esta falta de orientação mais específica
Classe Hospitalar da instituição participam do possibilita falha no decorrer do atendimento
planejamento e da elaboração de materiais: pedagógico hospitalar. E, como vimos anterior-
“outra coisa que proporcionou uma troca de mente, a mais comum é a de utilizar o currículo
saberes muito grande para gente foi quando a estipulado para escolas de aula regular em uma
gente começou a fazer estes cursos de formação, Classe Hospitalar, sem fazer as devidas adapta-
porque isso de preparar aula junto, (...) a gente ções já que este tipo de classe é caracterizado
troca muito.”. por ser multiseriada. Sendo assim, um olhar
Ou seja, durante esta preparação de cursos, especializado se faz necessário para coordenar
os próprios professores repensam suas práticas este tipo de atendimento em uma instituição
e realizam uma reflexão bastante produtiva de hospitalar.
suas atribuições neste tipo de atendimento.
CONCLUSÃO
Relacionamento com a equipe médica Valendo-se de tudo o que foi exposto até o
Além do aspecto de formação dos profes- momento e contando com a entrevista realizada,
sores, os cursos também proporcionaram um é possível atingir o objetivo do presente artigo,
melhor entendimento por parte da equipe compreendendo como a Psicopedagogia pode
médica do hospital sobre o trabalho realizado contribuir para o Atendimento Pedagógico
na Classe Hospitalar. Helena revela que “até Hospitalar.
dois anos atrás a gente está contextualizado na A entrevistada reforça a concepção de que
Pediatria, mas não tinha contato direto com os um olhar institucional para este tipo de acom-
médicos. Depois dos cursos a gente começou panhamento se faz necessário porque todos os
a receber um ou outro encaminhamento dos elementos fazem parte do processo de aprendi-
médicos (...).”. zagem – a enfermidade da criança, a instituição
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hospitalar e seu cotidiano, as relações familia- suposto de que esta ciência trabalhe somente
res – enfim, o contexto no qual este aluno está com as dificuldades de aprendizagem. É preciso
inserido pede um olhar mais amplo e atento às demonstrar aos demais profissionais – e refor-
suas necessidades e às suas potencialidades. çar entre os próprios psicopedagogos – que a
E, para tanto, a Psicopedagogia Institucional Psicopedagogia deve estar presente em todos
revela-se a abordagem mais apropriada para os momentos em que ocorra a aprendizagem,
este tipo de intervenção. desde o planejamento de uma atividade, pas-
Outro ponto a concluir seria sobre o espaço sando pela formação e discussão de casos com
que este tipo de atendimento tem hoje nos hos- os educadores e por fim, intervindo em possíveis
pitais. Como vimos, por intermédio do processo dificuldades de aprendizagem.
de humanização hospitalar, intervenções como Considerando este ponto de vista e adotando
a Classe Hospitalar ganham força dentro da uma visão institucional, o psicopedagogo poderá
instituição, com o reconhecimento dos demais contribuir com o seu conhecimento de todo pro-
profissionais de saúde. cesso de aprendizagem para a atuação em uma
A atuação da Psicopedagogia em um am- Classe Hospitalar e, assim, aprimorar este tipo
biente hospitalar adquire forma e durante este de atendimento pedagógico tão essencial para as
processo de estruturação, ainda existe um pres- crianças e os adolescentes hospitalizados.
SUMMARY
Psychopedagogy and service educational hospital
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A Psicopedagogia e o atendimento pedagógico hospitalar
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REVISTA DE EDUCAÇÃO
RESUMO: O artigo pretende justificar por meio de exemplos práticos e revisão literária PALAVRAS-CHAVE:
a presença de um psicopedagogo em cada Unidade Escolar (U.E.), ou outra instituição psicopedagogia institucional,
políticas educacionais e avaliação
onde haja o preceito de ensino aprendizagem, os exemplos práticos foram levantados psicopedagógica.
pela observação direta de salas de aula onde funcionam o Programa Intensivo de
Ciclo (PIC) em uma U.E. da rede estadual de ensino na cidade de Piracicaba e também
pela entrevista dos professores responsáveis pelas tais salas. Na teoria buscou-se KEYWORDS:
argumentação que desse respaldo a intenção primeira em teóricos, leis e projetos de institutional psychopedagogy,
leis que circulam por algumas câmaras legislativas do país, em especial a do estado de education politics and
psychopedagogy evaluation.
São Paulo, foi feito ainda um breve levantamento histórico das políticas educacionais
voltadas a sanar os problemas relacionados ao fracasso escolar, principalmente na rede
pública do estado. A princípio baseando-se nas informações levantadas a presença
de um Psicopedagogo no âmbito escolar se faz necessário na intenção de atenuar os
problemas ligados ao fracasso escolar.
ABSTRACT: The article intends to justify through practical examples and literary revision
the presence of a psychoeducator in each School Unit (S.U.), or other institution where
there is the precept of teaching learning, the practical examples were lifted up for the
direct observation of classrooms where working the Intensive Program of Cycle (IPC)
in an S.U. of the state net of teaching in the city of Piracicaba and also for the responsible
teachers’ interview for the such rooms. In the theory argument was looked for that of
that backrest the first intention in theoretical, laws and projects of laws that circulate
for some legislative cameras of the country, especially the one of the state of São Paulo,
it was still made a brief historical rising of the education politics cured the problems
related to the school failure again, mainly in the public net of the state. At first basing
on the lifted information the presence of a Psychoeducator in the school extent it is
done necessary in the intention of lessening the linked problems to the school failure.
Artigo Original
Recebido em: 11/08/2011
Avaliado em: 17/09/2011
Publicado em: 30/05/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhanguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
1. INTRODUÇÃO
A idéia inicial foi estabelecer os parâmetros essenciais para o diagnóstico psicopedagógico,
feito por um psicopedagogo institucional, no intuito de tornar a existência deste profissional
do dia-a-dia da unidade escolar, mais compreensível para aqueles que ainda não se deram
conta da nova realidade da educação deve estar atenta a pluralidade. Entre outros profissionais
este é um caminho facilitador na solução de problemas em instituições de ensino, ou em
qualquer outra onde exista algum tipo de ensino, que obviamente é passível de surgirem
problemas no processo de aprendizado, alvo central da prática psicopedagógica.
Para cumprirmos o objetivo inicial, utilizamos as teorias de Sánchez-Cano & Bonals
(2008) e Gazineu (2007), estes autores falam amplamente sobre o papel e a postura do
Psicopedagogo Institucional ou ainda Assessor Institucional, como se refere o primeiro
teórico. Segundo eles é evidente que um profissional desta natureza deve, antes de qualquer
coisa, estar intimamente relacionado ao processo ensino-aprendizagem, interessado no
desenvolvimento “escolar” do aluno. Com relação à postura do psicopedagogo, deve ser
de mediação, entre o surgimento de um problema e as possíveis respostas de solução, além
de sistematizar avaliações das ações, no intuito de discutir com os envolvidos possíveis
correções, até o momento da “alta”, onde tutor e tutorado estejam autônomos em suas
condutas. É relevante lembrar que principalmente Sánchez-Cano & Bonals (2008), definem
bem o momento em que o caso deve ser encaminhado a outro especialista para que o
entendimento possa ser mais amplo e consequentemente a intervenção mais eficaz.
Os autores deixam muito claro que o papel do psicopedagogo institucional é
efetivamente relacionado ao que ocorre dentro da instituição, parece redundante, mas é
valioso reforçar esta condição. O psicopedagogo tem acesso as mais diferentes relações
dentro de uma instituição educacional, apesar de estar mais atento naquelas em que exista
o processo de ensino aprendizado, algumas outras demandas chegam ao seu conhecimento.
Pela própria característica peculiar destes profissionais de serem bons ouvintes, muitos outros
problemas, demanda (queixa), surgem a partir das relações interpessoais do professor com
algum membro do corpo gestor, ou qualquer outra área, onde a atuação do psicopedagogo
deve estar atenta da relevância daquela demanda para o processo ensino aprendizagem.
(SÁNCHES CANO & BONALS, 2008).
Além da revisão bibliográfica foram realizadas entrevistas e observações em uma
Unidade Escolar da rede pública de São Paulo em Piracicaba, durante a implantação do
Programa Intensivo de Ciclo (PIC). Procuramos argumentos da realidade escolar para
justificar a necessidade da presença de um Psicopedagogo neste ambiente dando, aos
demais profissionais, maior comodidade e segurança no fazer pedagógico ou de outras
áreas da instituição. Esta parte do trabalho durou de fevereiro de 2009 até o final do primeiro
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bimestre de 2010, no dia 30 de maio sendo esta uma parte importantíssima, inclusive para se
compreender melhor a teoria contida neste artigo.
A não resolução do problema, fracasso escolar e distorção idade-série, apesar das
muitas políticas educacionais adotadas desde 1996, quando se passou a tratar tais problemas
como de responsabilidade do sistema educacional. E sendo o Programa Intensivo de Ciclo
(PIC), mais uma destas políticas, este se torna passível de analise de seu desempenho, uma
vez que aparentemente não traz nada de novo se comparada a ações anteriores. Mais uma
vez foi previsto de maneira sistematizada e clara a atuação de uma comissão interdisciplinar
na resolução dos possíveis problemas decorrentes do processo educativo, ou ainda sócio-
psicológico que necessitaria não só do psicopedagogo, mas também de psicólogo e assistente
social. (PLE, 2009)
Procuraremos então analisar o PIC, do ponto de vista da psicopedagogia institucional,
e por meio desta, justificar a presença deste profissional especializado, diariamente na
escola, afim de que os referidos problemas possam ser tratados sistematicamente. Para
tanto deverá ser feita uma conceituação teórica desta área do conhecimento e um breve
levantamento de sua justificativa legal no estado de São Paulo, alem da analise de fatos
ocorridos na prática coletados por observação ou entrevistas de uma Unidade Escolar da
rede estadual em Piracicaba.
2. CONCEITUAÇÃO
Segundo Sanchéz-Cano & Bonals (2008), a avaliação psicopedagógica é uma ferramenta
para tomar decisões que melhorem a resposta educacional do aluno ou grupo de alunos,
mas também para promover mudanças do contexto escolar e/ou familiar. Sendo assim
muitos cuidados são necessários, pois uma ação de mudança mal programada pode ser
desastrosa, principalmente quando se tratar de mudanças no âmbito profissional. No que
tange a formação continuada de professores, que é responsabilidade do estado oportunizar,
que na escola é representado pelo corpo gestor e este pela coordenação pedagógica da
unidade.
Os autores ainda afirmam que já no inicio da avaliação, os avaliados devem tomar
consciência de todo o processo, neste ponto se aproximam de Vygotsky, caso o grupo
avaliado não se relacionar com todo o processo desde o início, no momento da intervenção,
eles poderão se encontrar estanques às novas informações. De fato esta é uma reclamação
constante de professores da rede pública do estado de São Paulo, as mudanças vão e vem
sem grandes explicações, o que as tornam pouco confiáveis, uma vez que banaliza o processo
ensino aprendizagem o utilizando como propaganda política. Normalmente são arbitrárias,
no sentido que não são elaboradas em conjunto com os profissionais diretamente ligados
aos alunos e a realidade escolar APEOESP (2009).
v.14 • n.18 • 2011 • p. 87 - 102
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Avaliação psicopedagógica institucional e políticas educacionais
Existe outro fator importante que deve ser levado em consideração no primeiro momento
da avaliação, quando se detecta uma necessidade (queixa), nem tudo o que é suscetível de ser
avaliado na situação que se apresenta terá de ser objeto da avaliação. Priorizam-se sempre
os aspectos mais relevantes segundo a proposta, e planejam-se apenas as ações necessárias
para promover mudanças Sánchez Cano & Bonals (2008). Desta forma, podemos começar
a traçar alguns parâmetros para o esboço de um protocolo de avaliação institucional, sim,
pois o modelo propriamente dito, segundo esta teoria só poderia ser feito em uma situação
real, juntamente com os avaliados, e para que estes estejam compromissados ao trabalho,
sua relevância deve ser compreendida.
Como ainda afirma Pokorski (2009) com relevância sobre este assunto.
O psicopedagogo dentro da escola tem uma função diferente do psicopedagogo
clinico. Dentro da escola ele vai olhar para o processo de ensino aprendizagem,
trabalhando com o professor e com o aluno dentro do grupo. Ele não vai tirar o
aluno para fazer um processo terapêutico, ele vai ver como o aluno esta inserido
naquele grupo, junto com seus pares. O psicopedagogo institucional necessita deste
olhar mais amplo (POKORSKI 2001, p. 19-28).
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Fora do meio acadêmico ou entre aqueles que não atuam diretamente com os conceitos
básicos da educação, são constantes as confusões como de tratar certos termos como iguais,
principalmente na diferenciação da dificuldade do distúrbio de aprendizagem. Confusão
esclarecida assim, a dificuldade não tem uma única causa, pode ser familiar, escolar,
metodológica, não é intrínseca ao aluno, enquanto os distúrbios têm causas próprias do
aluno, Bombonato (2006).
Outros termos podem ser citados por modismo e sem a real compreensão de
seu significado, cabe ao psicopedagogo refletir mais uma vez sobre o processo ensino
aprendizagem, uma vez na instituição, ele não pode dar atenção apenas ao aluno, mas
também aos envolvidos neste processo. Pois o processo educacional, escolar principalmente,
é uma corrente que como tal seus elos devem estar em bom funcionamento para que os
demais cumpram seu papel. O psicopedagogo se vê em constante aprendizado em meio à
estas relações institucionais em seus diversos níveis.
Aprender para conhecer supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a
atenção, a memória e o pensamento. O processo de aprendizagem do conhecimento
nunca está acabado, e pode enriquecer-se com qualquer experiência. A educação
primária pode ser considerada bem sucedida se conseguir transmitir às pessoas o
impulso e as bases que façam com que continuem a aprender ao longo de toda vida,
tanto na escola com fora dela. (DELORS, 1999, p. 12 - 26).
4. LEGISLAÇÃO RELACIONADA
Existe a lei que autoriza o Poder Executivo a implantar assistência psicológica e
psicopedagógica em todos os estabelecimentos de ensino básico público, com o objetivo de
diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem. A Lei nº 10.891, DE 20 DE SETEMBRO
DE 2001, deixa a cargo das secretarias municipais e da estadual de educação e órgãos
correlatos, a regulamentação deste atendimento, psicológico e psicopedagógico, o que vem
acontecendo gradativamente ao longo destes anos, na rede estadual. Há hoje Unidades
Escolares estaduais com Psicopedagogos fazendo parte do seu quadro de funcionários
atuando diretamente com os alunos, no entanto, segundo entrevista com estes profissionais
o fato de pertencerem a uma hierarquia deixa sua atuação em nível institucional limitada,
(FABRÍCIO, 2001).
Houve inclusive em 2007 o projeto de lei 442, que tinha o mesmo âmago, segundo
o parecer daquela instituição, com uma diferença básica, que deveria vir a somar com a
primeira lei citada, pois o projeto propunha que existisse em cada Unidade Escolar um
Psicólogo e um Assistente Social. Exatamente a diferença importante, a fez ser rejeitada, mas
a proposta vinha ao encontro da opinião dos próprios psicopedagogos que são unânimes em
dizer que estes três profissionais devem trabalhar diariamente na mesma escola, tratando
do mesmo caso por diferentes ângulos. Segundo eles, assim os resultados seriam muito
mais a contento e a educação ganharia muito, uma vez que o professor seria muito melhor
auxiliado em sua tutoria, e o aluno atendido se perceberia como foco das atenções. (ALESP,
2007).
As leis estão a favor do que pensam os teóricos da área, como ressalta Nívea Fabrício
(2001), ex-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), a aprovação da Lei
nº 10.891, de 20/09/2001, do deputado Claury Alves, veio ao encontro das aspirações dos
profissionais de psicopedagogia institucional, além de ser o reconhecimento da importância
deste profissional para a educação, para estarem junto às instituições onde existam o processo
de ensino aprendizagem, ajudando como já dito a facilitá-lo tanto para os professores e
alunos como para os gestores.
Vale ainda citar que no estado de São Paulo existiu durante algum tempo uma sala
especial, onde alunos com necessidade educacionais especiais deveriam ser atendidos
e eram ministradas por especialistas de áreas que a Unidade Escolar tivesse demanda.
Posteriormente esta sala foi convertida em salas de recurso, uma vez que legalmente os
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alunos citados deveriam ser incluídos nas salas regulares, ficaram assim voltadas a dar
apoio à inclusão a ser feita, estruturando o corpo docente, discente, gestor além das famílias
envolvidas, na prática. Muitos dos profissionais atuantes nas salas de recursos tem formação
em psicopedagogia, porém legalmente seu trabalho com discentes não pode estender aos
que estejam apresentando “apenas” dificuldade de aprendizado. (CARVALHO, 2010).
ampla e irrestrita para todos. Tendo em vista a carta magna brasileira, que coloca a educação
como um direito e sua seguridade um dever de toda sociedade, segundo o artigo 6º da
Constituição Federal, reafirmado pela lei 9394/96 Lei das Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), e também na lei 8069/90 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Por meio de observação e de entrevista aberta realizada desde o início do ano letivo,
com as professoras da Unidade Escolar, base da pesquisa, sobre a experiência pessoal e
convivência com outros profissionais da educação, foi possível realizar algumas constatações.
As opiniões e análises críticas com relação às políticas educacionais dos professores foram
feitas por meio de suas observações durante a vida profissional, em geral, os professores
ouvidos, relatam os mesmos problemas para todas as medidas tomadas contra o fracasso
escolar, a partir dos cargos mais autos do poder público.
Desde a implantação das salas de aceleração da aprendizagem em 1996, nunca se
levou em consideração a existência de uma porcentagem de alunos dentre estes, que não
atingem o esperado para a idade e série por terem problemas que não estão ligados ao
ensino. E que suas dificuldades poderiam estar relacionadas a distúrbios e transtornos que
não lhe permitem aprender. Mas para se detectar quais eram estes alunos seria necessária a
presença constante de um psicopedagogo nas atividades diárias da Unidade Escolar.
de Avaliação de Alunos (Pisa), mostram que os alunos que conseguiram concluir o Ciclo
II do Ensino fundamental apresentavam dificuldades na leitura e compreensão de textos.
Intervindo diretamente no cotidiano das escolas e das salas de aula, o Programa Ler e Escrever
vem oferecer os instrumentos necessários para a mudança desse cenário. (CENPEC, 2009)
A idéia da implantação do PIC, é que ele seja emergencial, e sendo o Ler e Escrever
bem aplicado nas séries iniciais do ciclo l, o torne desnecessário, no entanto como veremos
mais a diante, acompanhamentos psicopedagógicos nos moldes apontados por Sánchez-
Cano & Bonals (2008) não vem sendo feitos. Portanto é possivelmente o PIC que hoje tem
caráter emergencial, venha a se tornar uma necessidade constante, pois é fato que certo
número de alunos que não demonstram acompanhar o processo educacional, seja ele qual
for. Observando o que houve historicamente com as outras medidas contra o fracasso escolar
e analisando com base no referencial teórico da avaliação psicopedagógica institucional é
possível perceber que medidas como a do PIC serão ampliadas num futuro próximo.
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Porém quando a informação chega à escola, ela está carregada pela subjetividade
daquele que a reporta aos professores, isto deveria ser um ponto positivo na construção do
conhecimento. No entanto, algumas vezes a pessoa que esta na coordenação e é responsável
pela formação continuada do professor tem certa preocupação em manter o distanciamento
de sua função para com os demais, do que trocar informações, tratando a informação como
instrumento de poder.
Ressaltemos que o acompanhamento psicopedagógico não vem sendo feito e que
as professoras do PIC, e problemas maiores surgem quando envolvem o comportamento
dos alunos. Durante as observações percebemos a desmotivação das professoras, falando
constantemente em aposentadoria. Presenciamos inclusive alguns desabafos como: “eu
estou me sentindo como gado indo pro abate, cada vez que tenho que entrar em sala”, um
deles chamou muita nossa atenção, em que a professora gritava pelos corredores da escola:
“ninguém ajuda, ninguém faz nada”, referindo-se ao comportamento de um aluno que não lhe
permitia dar aula.
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O fato é que a maneira que o corpo docente vinha sendo tratado em sua formação
continuada era, no mínimo ofensivo, por não respeitar uma diretriz básica, do conceito de
ensino aprendizagem aceito hoje em dia, “Devemos aprender a ensinar ensinando, para
podermos ensinar a aprender” (Bossa, 2000), e muitos outros antes dela disseram o mesmo,
inclusive o ex-Secretário de Educação do Estado de São Paulo, Paulo Freire, que todos
gestores dizem respeitar tanto.
Levando em consideração esta impressão geral dos professores de uma Unidade
de Ensino, vemos também que as ações do poder público com relação à educação, são
inconstantes e pontuais se mostrando ineficazes na resolução dos problemas relacionados
à evasão e ao fracasso escolar. Este tipo de atitude por parte de quem dita os rumos da
educação no estado, causa muita insegurança naqueles que deveriam ter em mente apenas
o ensino aprendizagem dos alunos. Segundo a Associação Paulista do Ensino Oficial do
Estado de São Paulo (APEOESP), as ações governamentais surgem como solução definitiva
para o problema, sempre com o argumento de que os professores são mal capacitados e
não se dedicam o suficiente na educação pública, dando assim, muita ênfase ao papel do
professor. Uma opção demonstrada neste trabalho seria disponibilizar a esses profissionais
um apoio e acompanhamento multidisciplinar, como a participação de um psicopedagogo
no dia-a-dia da Unidade Escolar.
A capacidade, dos teóricos e a relevância do arcabouço teórico que definem as
políticas educacionais é inegável, no entanto, por meio da observação da prática, devemos
ressaltar que os projetos originais não chegam às mãos dos professores. Estes ficam presos à
subjetividade de gestores que nem sempre estão preparados para compreender o âmago das
teorias abordadas, logo ao repassá-las aos que vão diretamente utilizá-las a construção do
conhecimento se torna medíocre ou não existente, pois onde não há troca, acaba existindo
imposição. A formação continuada do professor acaba assim, se tornando apenas uma
questão burocrática, perdendo-se a oportunidade impar de ensino aprendizagem entre os
profissionais da educação, o que as HTPC’s, deveriam ser.
Durante a observação no ano letivo de 2009, um exemplo deste caráter meramente
burocrático das “ordens” que chegam ao professor, foi representado por um equívoco, grave,
que demonstra a preocupação dos gestores em cumprir ordens e repassá-las. Todo o ano, nas
escolas públicas, realiza-se o dia do “Agita Galera”, que pretende por meio da motivação e
da conscientização diminuir no estado de São Paulo os índices de doenças relacionadas ao
sedentarismo da população. O “equivoco” foi detectado no material para aplicação do dia
D do programa, que chegou com um mês de atraso, dois dias antes do evento e com erros
grotescos em seu planejamento. O material era um CD com aproximadamente 20 músicas
totalizando mais de uma hora e as instruções que o acompanhavam era para que fosse
utilizado na integra, mas as atividades do dia D do Agita Galera devem ser realizadas em
apenas meia hora, respeitando as características fisiológicas do grupo envolvido.
O ano letivo de 2010 iniciou sem os equívocos ocorridos durante a implantação,
consequentemente o caminhar da professora com os alunos estava sendo muito melhor, uma
vez que a sala de aula ficou com número de alunos ainda mais reduzido, cerca de 12 alunos,
que realmente foram retidos na 4ª série. Devemos lembrar que um aluno em defasagem
idade/série, nesta série, encontra-se justamente num período maturação fisiológica
acelerada (puberdade), este também é um fator que deve ser levado em consideração, pois
especificidades são encontradas. Segundo a professora da sala, aparentemente os alunos
estão mais preparados para superar as dificuldades que vinham apresentando até hoje,
de fato o aproveitamento destes alunos até o final do 1º bimestre, em relação aos de sala
equivalente no ano passado é muito melhor. A conclusão da análise com relação ao programa
(PIC) é que ele é possível e necessário.
Porém, uma variável fora acrescentada e não tivemos tempo hábil para analisá-
la, a coordenadora pedagógica da Unidade não é a mesma desde abril de 2010, mas em
entrevista com os mesmos professores ouvidos em 2009, o trabalho está diferente e muito
mais produtivo.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensando nas teorias abordadas, principalmente nos autores, Sanchéz-Cano & Bonals
(2008), a ação de avaliar uma instituição de ensino ou ainda uma política educacional, é
muito mais que uma ferramenta para a educação, é uma condição para que ela ocorra de
forma embasada teoricamente e consequentemente mais fácil para os envolvidos. Como na
primeira parte do livro dos referidos, onde eles reforçam que a presença do psicopedagogo
no dia-a-dia da instituição é uma prática que deve ser cada vez mais real e desejável para
que o andamento do processo ensino-aprendizagem tenha um ponto a mais para se garantir
em qualidade.
Lembrando que em vários momentos, a relevância da avaliação psicopedagógica foi
colocada de forma clara e evidente, essencialmente quando da postura do assessor, assessor
psicopedagógico ou simplesmente psicopedagogo. Sendo assim, a proposta deste trabalho
não é criar um protocolo de avaliação institucional, pois conforme a teoria aponta, a confiança
de todos os envolvidos na educação, na figura do psicopedagogo, requer uma relação de
tempo e espaço inversamente proporcional, para que seja conquistada, e só depois ele seja
verdadeiramente capaz conduzir a elaboração dos parâmetros mais adequados àquela
situação.
A analise proposta neste trabalho, foi necessário antes uma pesquisa ampla as
políticas educacionais desde a Constituição Federal de 1988, onde a educação passou a
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ser direito de todos, foi percebido que em nenhum dos casos a Psicopedagogia teve uma
grande importância, nem na formulação das mesmas, nem na de programas desenvolvidos
com base nelas, e também não foi usada como mecanismo para apoiar o processo ensino
aprendizagem.
Há vinte anos, até que seria aceitável a Psicopedagogia não demonstrar grande
relevância no referido cenário, mas há três anos quando o PIC foi concebido e aplicado
dois anos depois como projeto piloto, e neste ano como programa validado em todo
o estado de São Paulo, não se justifica a falta de participação efetiva da Psicopedagogia
no planejamento, implementação, apoio e obviamente avaliação de um programa que se
propõe a ser a resolução dos problemas relacionados ao fracasso escolar, distorção idade
série e consequente evasão escolar.
Entretanto, a idéia é que as ações devem contribuir de forma real para que o problema
seja solucionado, ao sugerir os princípios da atuação, programas de resolução do problema,
fracasso escolar, entre outras como formação continuada de professores e gestores, tendo
como foco o processo ensino-aprendizado, lembrando que tratam-se de pessoas, para que
estas possam se tornar emancipadas na solução de problemas parecidos, tanto tutores,
quanto tutorados.
A proposta é que se estude uma maneira de alocar uma equipe multidisciplinar
somando à coordenadora pedagógica, que deve ser pedagoga, um assistente social e um
psicopedagogo em cada Unidade Escolar, objetivando um processo relativamente preventivo
na resolução dos problemas relacionados à cima. Tornar programas emergenciais, como o
PIC, desnecessários, como se propõe os coordenadores do “Ler e Escrever”, deve realmente
ser o objetivo das políticas educacionais, que devem para isto possuir um caráter de
perenidade ao mesmo tempo em que é constantemente avaliada. E que tal avaliação seja
realizada como Sánchez-Cano & Bonals preconizam, envolvendo todos os envolvidos no
processo ensino aprendizagem dentro da instituição. Parece-nos claro que a presença de tal
equipe interdisciplinar no cotidiano escolar, tornaria mais rápida a resolução de problemas
relacionados ao aprendizado tanto dos alunos como dos professores e gestores.
REFERÊNCIAS
ALESP - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. PARECER Nº 3347, DE 2008 DA
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA SOBRE O PROJETO DE LEI Nº 442, DE 2007.
Disponível em: http://webspl1.al.sp.gov.br/internet/download?poFileIfs=12292904&/Par3347.
doc%22. Acesso em: 24 de setembro de 2010.
APEOESP Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, Medidas contra o
fracasso escolar. Disponível em: http://apeoespsub.org.br/ acesso em 09 de dezembro de 2009.
BOMBONATTO, Quézia; Entrevista cedida à revista direcional escolas em 18/06/2006, pela então
ex-vice-presidente da ABPp. Disponível em http://www.direcionalescolas.com.br/EDUCADOR/
Edicoes/Edicao%2018/Entrevista%20Quezia%20Bombonatto.htm. Acesso em 09 de dezembro de
Revista de Educação
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PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL: PASSOS PARA A ATUAÇÃO DO
ASSESSOR PSICOPEDAGOGICO
Elaine Cristina Livieiro Tanzawa1; Julia Graziela Nunes Martins2, Sueli Gomes Brenzan³
RESUMO
Este artigo busca levantar pontos importantes sobre o psicopedagogo e a sua atuação no
campo institucional, foram levadas em consideração um breve relato sobre o que é o
psicopedagogo em um âmbito geral, utilizando como apoio teorias de alguns autores
conhecidos na área da educação. Utilizando-se dos pontos de identificação da
psicopedagogia no processo de diagnóstico institucional educacional foram demonstrados,
neste artigo, diretrizes que antecedem uma intervenção. Para isso, descreveu-se os primeiros
passos para uma atuação profissional do psicopedagogo em escolas. Buscou-se na literatura
as formalidades para um diagnóstico em uma instituição de ensino.
Palavras - Chaves: Psicopedagogia; Psicopedagogia Institucional; Atuação; Processo de
Intervenção
ABSTRACT
This article raise some important points about the psychopedagogists and his institutional
field performance, it considered a brief report about what the psychopedagogist is in a
general framework, using some well-known authors’ theories in the education area as
support. Using identification points of psychopedagogist in the process of educational
institutional diagnosis were presented guidelines before an intervention. Therefore, it has
been described the first steps towards a psychopedagogists professional performance in
schools. It was sought in literature the formalities for a diagnosis in a edutational institution.
Key Words: Psychopedagogy; Institutional Psychopedagogy; Performance; Intervention
Process
5. Papel de Carta: Este material pode ser utilizado para auxiliar na Avaliação
das Dificuldades de Aprendizagem. Apresenta como conteúdo atividades envolvendo
comunicação e vinculação. Autora: Leila Sara José Chamat
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS