Aula 3º

Políticas Públicas Educacionais,

Educação de Surdos e Propostas
Educacionais

Estaremos abordando, nesta aula, as políticas públicas de

inclusão, informando-os sobre os estudos e as lutas de manter
a efetivação das políticas de inclusão. Sabe-se que muito tem
se buscado e falado sobre a inclusão, mas a nível de educação
inclusiva o que temos atualmente?
Vamos conhecer um pouco mais e aproveitar ao máximo
essa aula.
Bons estudos!

Objetivos de aprendizagem

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

• conhecer o que são políticas públicas educacionais e informar-se das mais atuais em âmbito mundial;
• compreender parte do processo da Educação de Surdos na Educação Especial;
• identificar e compreender as propostas educacionais para alunos surdos.
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Seções de estudo
1 - O que são políticas públicas educacionais
2 - Início da Educação de Surdos na Educação Especial
3 - Propostas educacionais para alunos surdos
1 - O Que São Políticas Públicas
Educacionais
As políticas públicas educacionais são ações criadas pelo
governo para ajudar na efetivação dos direitos assegurados na
Constituição Federal. O objetivo é colocar em prática o direito
de acesso à educação para todos os cidadãos.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever
do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).
Com o aumento e intensificação dos movimentos sociais
de inclusão a partir do séc. XX, e contra a discriminação
em todo o mundo, onde pessoas com deficiências são
discriminadas em todos os âmbitos, desde os escolares ao
trabalhista, emerge a educação inclusiva. Nesse período,
aumentam-se os questionamentos sobre os ambientes de
segregação e categorização que alguns estudantes eram
encaminhados dentro dos espaços escolares, e que muitas
vezes geradores de exclusão ao invés de inclusão.
Aconteceu, em 1990, uma conferência mundial sobre a
educação, com intuito de nortear as necessidades básicas da
educação e aprendizagem para todos.
Na Conferência Mundial de Educação para Todos,
em 1990, foi feito um alerta para o alto índice de crianças e
adolescentes fora da escola e traçou-se um objetivo de amenizar
essa questão com ações e mudanças no sistema de ensino para
tentar assegurar a permanência nas escolas. Foi criada uma
agenda para discutir as políticas públicas educacionais, tornar
universal a educação fundamental e ir aumentando a oferta da
aprendizagem para todos. Nesse contexto de educação para
todos, incluem todos, inclusive os que não tiveram acesso na
idade correta, sem distinção de gênero.
Segundo o GME, resumo do monitoramento global da
educação 2020 na página 8, diz que: Em geral, professores,
materiais didáticos e ambientes de aprendizagem ignoram
os benefícios de abraçar a diversidade. Cerca de 25% dos
professores de 48 sistemas educacionais relatam uma grande
necessidade de desenvolvimento profissional no ensino de
estudantes com necessidades especiais. Apenas 41 países
reconhecem a língua de sinais como uma língua oficial. Na
Europa, 23 dos 49 países não abordam de forma clara a
orientação sexual e a identidade de gênero em seus currículos.
Em maio de 2015, as comunidades da educação se
reuniram no Fórum Mundial da Educação e aprovaram
a Declaração de Incheon. Nessa declaração, firma-se o
compromisso da comunidade da educação com os Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável (ODS). São 17 objetivos que
se concentram na redução da pobreza, na defesa dos direitos
humanos e na proteção do ecossistema mundial. Dentre eles,
o 4º é específico da educação de qualidade e visa “garantir
a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para
todos”.
Observem o quadro:
QUADRO 1 – OBJETIVOS DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
FONTE: Disponível em: https://bluevisionbraskem.com/inteligencia/o-que-sao-os-
ods-as-metas-globais-que-podem-mudar-o-mundo-ate-2030/. Acesso em: 20 mar.
2022.
O Quadro 1, mostra os 17 objetivos do Fórum
Mundial da Educação, onde foi criada, também, a agenda
Educação 2030. O fórum concluiu que é através da educação
que conseguirá o sucesso dos outros objetivos, pois ela está
inclusa nos objetivos relacionados à saúde, sustentabilidade,
crescimento e emprego, entre outros.
O Relatório de Monitoramento Global de Educação
2020: inclusão e educação: todos sem exceção é o
responsável em analisar os mecanismos econômicos, sociais e
culturais que segregam crianças, jovens e adultos em condição
de prejuízo e os excluem da educação ou os conservam em
desigualdade.
Os países, impulsionados com sua responsabilidade em
fazer cumprir o direito à educação inclusiva, têm amplificado
sua atenção sobre o que é inclusão na educação. Contudo,
nem sempre a efetivação das leis e políticas de inclusão é
bem-sucedida, um exemplo é o relatório lançado no início da
década de ação para 2030, pois aconteceu em meio à pandemia
do COVID-19, que ampliou as desigualdades implícitas.
O relatório entende que a dificuldade em atender às
necessidades de todos os estudantes é um problema real que
dificulta alcançar as metas globais da educação. O relatório,
ainda, verifica se as condutas governamentais, livros didáticos,
formação de docentes, bem como, todos os serviços básicos
de educação podem oportunizar a inclusão. Ele também
propõe políticas para que a heterogeneidade seja honrada,
ou considerada para que se torne uma força de harmonia na
sociedade.
Essa é uma ação a nível global que norteia a educação
e políticas de inclusão. As Políticas públicas permitem
acessibilidade linguística para os surdos e deficientes auditivos,

isso através da Educação Especial numa perspectiva inclusiva.
As Políticas de inclusão e de acessibilidade linguística tiraram
muitos surdos de lugares onde eram marginalizados, dentro
de esconderijos que a própria família os colocava e trouxe-os
à sociedade, para dentro de escolas, ambientes de trabalho e
até universidades.
2 - Início Da Educação De Surdos Na
Educação Especial
A educação de surdos, após renomada luta e
mobilizações por seus direitos, teve grandes mudanças e
grandes transformações, caminhando por um processo de
novas oportunidades, quebras de paradigmas e evolução. Não
foi, e até hoje não é, considerada uma luta fácil, porém com
grandes conquistas, como o reconhecimento de uma língua
própria dos surdos, a Língua Brasileira de Sinais.
Vamos recordar?!
Na antiguidade, as pessoas que nasciam surdas eram
mortas. No Egito, os surdos eram considerados Deuses
tidos como mediadores entre os faraós e Deus. Na Grécia,
eram tratados como seres incompetentes por não possuírem
linguagem, acreditavam que como não falavam não podiam
raciocinar e eram lançados à morte em penhascos. Na
Europa, eram queimados em fogueira ou marginalizados.
Já os romanos, também acreditavam que os surdos eram
imperfeitos e os excluíam da sociedade.
Em 1880, aconteceu um congresso na cidade de Milão e
foi votado de forma unânime que o método de ensino seria a
filosofia oralista, obrigando, assim, todos os surdos a falarem.
Nesse congresso, então, ficou decidido que era proibido usar
a língua de sinais para o ensino dos surdos. Eles sofreram
muito, pois não podiam usar a língua de sinais e quando
usavam escondidos eram penalizados com castigos severos.
Em 1960, Willian Stokoel mostrou que a língua americana
de sinais era uma língua como outra, e que tinha características
gramaticais. A partir de então, muitas pesquisas surgiram em
relação à língua de sinais em todo o mundo, e inclusive chegou
ao Brasil.
Nesse período, inicia-se a filosofia da Comunicação
Total, em que toda forma de comunicação era válida, dessa
forma, os surdos tinham que falar e sinalizar. Com o passar
do tempo, foi verificado que sempre havia perdas em uma
das línguas, e que é praticamente impossível uma pessoa falar
duas línguas ao mesmo tempo sem depreciar uma delas.
A partir disso, surgiu a filosofia bilíngue, ou seja, o surdo
poderia falar nas duas línguas, a L1 com a Língua de Sinais e a
Língua Portuguesa oral como L2.
FIGURA 2 – HISTÓRIA DA LÍNGUA DE SINAIS
FONTE: Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/39991395oralismo-
comunicacao-total-e-bilinguismo. Acesso em: 14 mar. 022.
15
No Brasil, essa porta do início da inclusão dos surdos foi
aberta através da Lei nº. 10.436/2002, que reconhece a Libras
como Língua oficial do Brasil.
Em 2005, o Decreto nº. 5.626 regulamentou a
Lei 10436/02 e trouxe vários benefícios e direitos aos
sujeitos surdos com relação à educação bilíngue. Algumas
determinações apontadas no decreto estabelecem que as
instituições federais de ensino, encarregadas pela formação
básica, devem garantir a inclusão de alunos surdos em escolas
de educação na modalidade bilíngue.
Em 2010, acontece o reconhecimento da profissão do
tradutor intérprete e a Lei nº. 12309 regulamenta o exercício
da profissão.
Em 2015, acontece o reconhecimento da acessibilidade
da CNH para o surdo.
Em 2015, com a Lei nº. 13.146, o Código de
Trânsito ganhou uma previsão específica sobre a aces-
sibilidade para surdos e deficientes auditivos à CNH.
Com o art. 147-A, tornou-se obrigatório acessibilizar a
comunicação nas etapas do processo de habilitação.
Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/doutor-mul-
tas/2020/09/02/surdo-pode-dirigir-como-e-o-processo-de-cnh-para-deficien-
tes-auditivos.htm#:~:text=Legisla%C3%A7%C3%A3o%20pr.
Em 2019, a gestante surda tem direito ao acesso
linguístico durante o parto com a lei nº. 7.588/2021.
Em dezembro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro
sanciona a Lei nº. 14191/21, que disciplina a educação bilíngue
para os surdos e deverá ser ofertada desde a educação infantil
ao longo de toda a vida acadêmica.
3 -Propostas Educacionais Para
Alunos Surdos
Como vimos na seção anterior, a Lei nº. 14191/21
estabelece que a Libras deve ser inserida como uma disciplina
a ser ensinada e ofertada nas escolas de ensino regular, desde
a educação infantil até as universidades.
Para o aluno surdo, a orientação de ensino inclusivo é
que a modalidade seja bilíngue, e que a Libras seja considerada
como primeira língua – LI, e a Língua Portuguesa como L2 -
segunda língua e ensinada na modalidade escrita.
Observamos que a Libras, dentro do ambiente escolar,
deve ser um meio de inclusão dos surdos, para que aconteça
uma inclusão verdadeira, desde o porteiro, coordenadores,
diretor e merendeiras saibam se comunicar e acolher a criança
ou aluno surdo.
Vygotsky considera a linguagem como responsável pelos
processos cerebrais regulando pensamentos e auxiliando no
desenvolvimento da comunicação. A surdez, por sua vez,
 Libras – Língua Brasileira de Sinais 16
pode atrapalhar esse desenvolvimento, atrasando a linguagem
verbal, porém não prejudica os processos não-verbais que são
inerentes ao homem.
A criança pode estar inserida em uma escola especial ou
escolar regular, mas é de seu direito ter uma metodologia que
atenda as suas necessidades. O professor, nesse caso, deve
fazer uso de metodologias de ensino que trabalhem com
estímulos visuais para possibilitar a compreensão do conteúdo
proposto.
3.1 - O bilinguismo e a educação
escolar
O que é o Bilinguismo?
O Bilinguismo é uma proposta educacional de ensino,
atualmente utilizada em nosso país, nas escolas e em salas
regulares de ensino onde se possui surdos matriculados. O
aluno surdo tem direito ao acesso linguístico, assim sendo,
quando tem um surdo matriculado na sala de aula, esse sujeito
tem direito a um intérprete de Libras. O intérprete não é um
professor exclusivo do aluno surdo, e sim responsável pelo
acesso à língua, unindo os dois mundos, o mundo dos surdos
ao mundo dos ouvintes, interpretando do Português para
a Libras e vice-versa. Essa proposta iniciou-se a partir do
reconhecimento da Lei, pelo Decreto 5626/05.
Quadros (2000) menciona:
Quando me refiro ao bilinguismo, não
estou estabelecendo uma dicotomia, mas
sim reconhecendo as línguas envolvidas
no cotidiano dos surdos, ou seja, a Língua
Brasileira de Sinais e o Português no contexto
mais comum do Brasil (2000, p.54).
Quando tratamos da inclusão de alunos surdos, caímos
em uma divergência, há os apoiadores das escolas especiais
para surdos, e os apoiadores da inclusão em sala regular
de ensino. Há os que consideram a inclusão “severa”, pois
muitas vezes as crianças ficam segregadas dentro de uma sala
de aula, acontecendo o mesmo com o surdo, pois é incluso
em uma escola e em uma sala de aula onde ninguém, além
dele e do intérprete, fala a sua língua. É como se ele fosse um
estrangeiro dentro do seu próprio país.
Há quem garante que essa escola, tida como segregadora,
enaltece a cultura e a identidade da comunidade surda.
Salientamos que dentro desse espaço, onde é rico de
conhecimento, é possível promover o desenvolvimento
cognitivo da criança.
Apontamos, aqui, que é importante a criança adquirir
primeiro a Língua de Sinais e, depois, a Língua Portuguesa,
para que facilite a sua compreensão, uma vez que o aprendiz
da segunda língua utiliza a primeira como estratégia da
aprendizagem.
O desafio da escola em promover o bilinguismo é
conseguir que todos os alunos sejam capazes de ler e escrever,
essa proposta de metodologia bilíngue está atualmente em
vigor em nosso pais, onde o sujeito surdo dentro das unidades
escolares tem acesso ao conhecimento nas duas línguas, tanto
a língua portuguesa escrita, como a Libras sinalizada, ou seja,
“falada”.
Retomando a aula
Chegamos, assim, ao final da terceira aula e espera-se
que tenham conhecido e aprendido sobre o conteúdo
aqui proposto.
1 - O que são políticas públicas educacionais
As políticas públicas educacionais são ações criadas pelo
governo para ajudar na efetivação dos direitos assegurados na
Constituição Federal. O objetivo é colocar em prática o direito
de acesso à Educação para todos os cidadãos.
2 - Início da Educação de Surdos na Educação
Especial
No texto proposto, observamos que na educação
de surdos, após renomada luta e mobilizações por seus
direitos, houve grandes mudanças e grandes transformações,
passando por um processo de novas oportunidades, quebras
de paradigmas e evolução.
3 - Propostas educacionais para alunos surdos
No ano de 2021, o presidente Jair Bolsonaro sancionou
a Lei nº. 14191/21, com a educação bilíngue para os surdos
sendo ofertada como disciplina desde a educação infantil ao
longo de toda a vida acadêmica.
Vale a pena
Vale a pena ler
Câmara dos deputados. Disponível em: https://
www.camara.leg.br/noticias/789357-sancionada-lei-que-
regulamenta-educacao-bilingue-de-surdos. Acesso em: 14
mar. 2022.
Fórum Mundial. Disponível em: https://horario.
com.br/blog/o-marco-do-forum-mundial-educacao-para-
todos/. Acesso em: 23 fev. 2022.
L1 com a Língua de Sinais e Língua portuguesa
oral L2. Disponível em: https://www.passeidireto.com/
arquivo/39991395/oralismo-comunicacao-total-e-
bilinguismo. Acesso em: 14 mar. 2022.
Lei nº. 13.146. Disponível em: https://www.uol.com.
br/carros/colunas/doutor-multas/2020/09/02/surdo-
pode-dirigir-como-e-o-processo-de-cnh-para-deficientes-
auditivos.htm#:~:text=Legisla%C3%A7%C3%A3o%20
pr. Acesso em: 12 mar. 2022.
Oportunidade de Aprendizagem. Disponível em:
https://bluevisionbraskem.com/inteligencia/o-que-sao-
os-ods-as-metas-globais-que-podem-mudar-o-mundo-
ate-2030/. Acesso em: 25 fev. 2022.
Políticas Públicas. Disponível em: http:// VALE A
 17
pactoensinomedio.mec.g ov.br/imag es/pdf/
constituicao_educacao.pdf. Acesso em: 22 fev. 2022.
Resumo do relatório de monitoramento global da
educação. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/
ark:/48223/pf0000373721_por. Acesso em: 10 maio 2022.

Vale a pena assistir

História da Educação de Surdos “Linha do Tempo”
(como aprender Língua de Sinais). Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=fXZi_JVwYXc. Acesso em:
07 mar. 2022.
Propostas educacionais para alunos surdos. Disponível
em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/
File/artigos_edespecial/biliguinguismo.pdf. Acesso em: 10
fev. 2022.

Minhas anotações