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EDUCAÇÃO INCLUSIVA

1. INTRODUÇÃO:

“A perspectiva de se formar uma nova geração dentro de


um projeto educacional inclusivo é fruto do exercício diário da
cooperação e da fraternidade, do reconhecimento e do valor
das diferenças, o que não exclui a interação com o universo do
conhecimento em suas diferentes áreas”. (Mantoan, 2003, p. 8)

Você já deve ter ouvido falar inúmeras vezes sobre Educação


Inclusiva nos últimos tempos, pois estamos vivendo em um mundo
globalizado onde as informações nos chegam aos montes. Contudo, ter
ouvido falar de um assunto e reproduzir algumas palavras referentes a ele,
nem sempre nos faz compreender e identificar a complexidade subjacente
ao movimento de inclusão. O trajeto nos permite olhar para trás e
reconstituir o que fizemos e identificar nossas fragilidades para assim
implementar mudanças tão necessárias na área, de forma mais segura e
significativa.

No Brasil a Educação Inclusiva somente começou a fundamentar-se


a partir da Conferência Mundial de Educação Especial em 1994, quando foi
proclamada a Declaração de Salamanca. E apenas no decorrer dos anos
2000 é que foi implantada uma politica denominada “Educação
Inclusiva”.

2. CONCEITO:

A Educação Especial é uma modalidade educacional que se


caracteriza pelo atendimento a pessoas com necessidades especiais e que,
nem sempre apresentou a mesma configuração no decorrer da sua
historicidade. Isso se confirma pela proliferação das políticas e práticas de
inclusão que tem sido alvo de inúmeros estudos, discussões e mudanças.

A Educação Inclusiva pode ser entendida como uma concepção de


ensino contemporânea que tem como objetivo garantir o direito de todos à
educação. Ela pressupõe a igualdade de oportunidades e a valorização das
diferenças humanas, contemplando, assim, as diversidades étnicas, sociais,
culturais, intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero dos seres humanos.
Implica a transformação da cultura, das práticas e das políticas vigentes na
escola e nos sistemas de ensino, de modo a garantir o acesso, a participação
e a aprendizagem de todos, sem exceção.

3. OS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA SÃO:

1. Toda pessoa tem o direito de acesso à educação


2. Toda pessoa aprende
3. O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular
4. O convívio no ambiente escolar comum beneficia todos
5. A educação inclusiva diz respeito a todos.

4. HISTÓRICO:

Em Atenas, na Grécia Antiga, os recém-nascidos com alguma


deficiência eram colocados em uma vasilha de argila e abandonados.
Grandes pensadores como Platão em seu livro “A República” e Aristóteles
no livro “A Política”, trataram do planejamento das cidades gregas
indicando que as pessoas nascidas com problemas deveriam ser eliminadas.
A eliminação era por exposição, abandono ou atiradas de uma cadeia de
montanhas na Grécia. O extermínio de crianças com deficiências era tão
comum que, mesmo os maiores filósofos da época estavam de acordo com
tal costume.

No início da idade média, os deficientes físicos e


mentais eram frequentemente vistos como possuídos pelo demônio
e eram queimados como as bruxas. A população ignorante encarava
o nascimento de pessoas com deficiência como castigo de Deus. Os
supersticiosos viam nelas poderes especiais de feiticeiros ou bruxos.

Na Idade Moderna ocorreu a passagem de um período de extrema


ignorância para o nascer de novas ideias. Nos séculos XIV, XVI e XVIII
ocorreram grandes transformações marcadas pelo humanismo. Gerolamo
Cardomo (1501 a 1576), médico e matemático inventou um código para
ensinar pessoas surdas a ler e escrever, por meio de sinais.

No período Contemporâneo. No século XIX Louis Braille (1809-


1852) criou o sistema de escrita “BRAILLE” usado por pessoas cegas até
os dias de hoje. Foi no Século XIX com os reflexos das ideias humanistas
da Revolução Francesa que se percebe que as pessoas com deficiência não
só precisavam de hospitais e abrigos, mas de atenção especializada. É nesse
período que se inicia a constituição de organizações para estudar os
problemas de cada deficiência.

A educação especial  no Brasil, surgiu com muitas lutas,


organizações e leis favoráveis aos deficientes e a educação
inclusiva começou a ganhar força a partir da Declaração de Salamanca
(1994) e da Constituição de 1988.

5. MARCOS LEGAIS:

A igualdade de direitos aparece junto com o respeito às diferenças,


prevalece a visão universalista, marcada na Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de 1948.

A legislação que vige atualmente e os documentos oficiais fazem


menção explícita à Declaração de Salamanca. Cremos e proclamamos que:
- Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação
e que a elas deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível
aceitável de conhecimentos;

- Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades


de aprendizagem e que lhe são próprias;

- Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de


modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes características e
necessidades;

- As escolas comuns, com essa orientação integradora representam o meio


mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar oportunidades
acolhedoras, construir uma sociedade integradora e dar educação para
todos; além disso, proporcionam uma educação efetiva à maioria das
crianças e melhoram a eficiência e, certamente, a relação custo x benefício
de todo sistema educativo.

O direito de todos à educação está estabelecido na Constituição de


1988.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, sendo um dever do


Estado e da família promove-la. A finalidade da educação é o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação
para o trabalho.
A Resolução n° 2/2001, aprovada pela Câmara de Educação Básica
do Conselho Nacional de Educação, coloca para os sistemas de ensino o
desafio de se organizar para incluir os alunos e atender suas necessidades
educacionais especiais. Esclarece princípios fundamentais como: suporte
técnico para as práticas pedagógicas; reconhece e identifica quem são os
alunos com necessidade especiais; a formação do professor; organização do
espaço físico, os apoios, sala de recursos; flexibilização e adaptação
curricular e outras orientações.

Projeto Politico Pedagógico:

Um  Projeto Político Pedagógico  (PPP), é um documento destinado a


estruturar a proposta de determinada instituição no campo educacional. Em
linhas gerais, ele apresenta diretrizes que deverão ser seguidas em todas as
ações de ensino realizadas naquele local. Ao construir o PPP deve-se
atentar para a diversidade e as diferenças.

Acessibilidade:

Quando falamos de acessibilidade nos vem a memoria: rampas, piso tátil,


barras de apoio, materiais didáticos, mobiliários. Na escola, os aspectos
arquitetônicos são os primeiros a serem analisados. No entanto, a condição
que garante o acesso sem barreiras a ambientes, materiais, serviços e
informações para qualquer pessoa vai muito além. Envolve também
estratégias de comunicação e até mesmo a forma como nos portamos frente
às diferenças.

Adaptação Curricular:

São modificações ou ajustes que realizamos em um ou vários elementos


curriculares (objetivos, conteúdo, metodologia, critérios, procedimentos,
avaliação etc...). Podem ser mais significativas ou menos significativas em
função do grau de ajuste que efetuamos nos elementos citados.

Sala de Recursos:

Em 1985 foram criadas as primeiras salas de recursos, tendo como objetivo


auxiliar tanto o aluno que era incluído na sala de aula regular, quanto ao
professor, que recebia este aluno. Garantir a inclusão do aluno com alguma
necessidade educacional especial não é apenas oferecer um espaço físico
dentro da sala de aula, mas sim criar estratégias de modo a proporcionar
uma dinâmica em que todos possam interagir.

6. CONCLUSÃO:

A transformação da escola regular em escola inclusiva deve ser um


trabalho responsável e coletivo, que encontra na legislação o amparo para
sua realização. Entretanto esse trabalho depende principalmente da
mudança de atitude frente a diversidade, da formação continua do
professor, do apoio da família, do envolvimento de todos do sistema
educacional, pois mesmo que a inclusão seja um projeto da escola, sem
apoio e orientação de órgãos superiores e de parcerias a inclusão não
acontece.

A escola inclusiva deve ser um prolongamento de uma sociedade


também inclusiva. Um segmento realimenta o outro em uma nova ordem
de relação.

7. BIBLIOGRAFIA:

Tópicos da Educação Especial, Fundação CECIERJ. Vol.1, 2 e 3.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér, INCLUSÃO ESCOLAR O que é? Por quê?


Como fazer? . São Paulo – SP, Ed. Moderna , 2003.

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