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Capítulo 1

1 História da inclusão

É importante contextualizar a Educação Especial desde os seus primórdios até


a atualidade, para que se perceba que as escolas especiais são as principais
responsáveis pelos avanços da inclusão, longe de serem responsáveis pela
negação do direito das pessoas com necessidades educacionais especiais, de
terem acesso à educação. Evidencia se que a inclusão ou a exclusão das pessoas
com deficiência estão intimamente ligadas às questões culturais. No Brasil, até a
década de 50, praticamente não se falava em Educação Especial. Foi a partir de
1970, que a educação especial passou a ser discutida, tornando-se preocupação
dos governos com a criação de instituições públicas e privadas, órgãos normativos
federais e estaduais e de classes especiais. Hoje, muitos autores defendem este
sistema de Ensino Especial paralelo, criado para educar os portadores de uma
diferença, contribuem também para que sejam segregados, e excluídos da
sociedade que os nega. Estes autores parecem que desconhecem a importância de
se construir um processo de inclusão, gradativo, que é aconselhado por muitos. A
educação é responsável pela socialização, que é a possibilidade de uma pessoa
conviver com qualidade na sociedade, tendo, portanto, um caráter cultural
acentuado, viabilizando a integração do indivíduo com o meio. Tem-se a Declaração
de Salamanca (1994) como marco e início da caminhada para a Educação
Inclusiva. A inclusão é um processo educacional através do qual todos os alunos,
incluído, com deficiência, devem ser educados juntos, com o apoio necessário, na
idade adequada e em escola de ensino regular. Enquanto educadores, nosso papel
frente à inclusão, reside em acreditar nas possibilidades de avanços acadêmicos
dos alunos denominados normais, terão de se tornar mais solidários, acolhedores
diante das diferenças e, crer que a escola terá que se renovar, pois a nova política
educacional é construída segundo o princípio da igualdade de todos perante a lei
que abrange as pessoas de todas as classes sociais.
A prática da educação inclusiva merece cuidado especial, pois estamos
falando do futuro de pessoas com necessidades educacionais especiais. Antes
mesmo de incluir, é importante certificar-se dos objetivos dessa inclusão, para o
aluno, quais os benefícios/avanços, ele poderá ter, estando junto aos alunos da rede
regular e produzir transformações. A educação especial surgiu com muitas lutas,
organizações e leis favoráveis aos deficientes e a educação inclusiva começou a
ganhar força a partir da Declaração de Salamanca (1994), a partir da aprovação da
constituição de 1988 e da LDB 1996.
Historicamente, a educação especial tem sido considerada como educação
de pessoas com deficiência, seja ela mental, auditiva, visual, motora, física múltipla
ou decorrente de distúrbios invasivos do desenvolvimento, além das pessoas
superdotadas que também têm integrado o alunado da educação especial. A
deficiência principalmente a mental tem características de doenças exigindo
cuidados clínicos e ações terapêuticas. ““A educação dessas pessoas é
denominada de educação especial em função da “clientela” a que se destina e para
a qual o sistema deve oferecer” tratamento especial” tal como contido nos textos da
lei 4024/61 e da 5692/71, hoje substituída pela nova lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, lei 9394/96, Como se pode constatar na atual LDB, há sensível
evolução, embora o alunado continue com “clientela” e a educação especial esteja
conceituada como modalidade de educação escolar oferecida a educandos
portadores de necessidades especiais. Pressupostos que o processo de
aprendizagem de cada criança é singular, que toda a criança aprende e que todas
são importantes para o processo de construção de conhecimento no ambiente
escolar. A educação inclusiva diz respeito a todas e todos. Somos diferentes, temos
os mesmos direitos e a escola é para todos. Sabemos e concordamos com esses
princípios. Entretanto, quando estamos envolvidos nas tarefas cotidianas na escola,
às vezes nos sentimos impelidos a repetir repertórios e ferramentas com os quais
nos sentimos mais seguros, pois fomos forjados a partir deles. Nesse sentido

,
1.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA VISÃO HISTÓRICA

Com os movimentos internacionais surge à educação inclusiva, ainda mesmo sem


ter essa denominação essa consciência (que hoje impera), começou a se fortalecer
em diversos pontos do mundo como, Estados Unidos, Europa e a parte inglesa do
Canadá. O movimento cresceu, ganhou muitos adeptos em progressão geométrica
como resultados de vários fatores, entre eles, o desdobramento de um fenômeno
que caracterizou-se a fase Pós-Segunda Guerra Mundial. Feridos da guerra se
tornaram deficientes. Uma vez reabilitados, voltariam a produzir. Ao redor deles, foi
surgindo uma legião multidisciplinar de defensores de seus direitos. Eram cidadãos
que se sentiam, de algum modo, responsáveis pelos soldados que tinham ido
representar a pátria no front, há décadas. Apesar de dano e perdas, o saldo foi
positivo. O mundo começou a acreditar na capacidade das pessoas com deficiência.
Na defesa da educação inclusiva Werneck enfatiza a construção de uma sociedade
inclusiva que estabeleça um compromisso com as minorias, dentre as quais se
inserem os alunos que apresentam necessidades educacionais especiais.

1.3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: PROFESSOR, ESCOLA E FAMÍLIA

A educação dá-se em qualquer lugar, na família, nas indústrias, escolas, instituições


esportivas, hospitais, em todos os cantos do mundo. Nesta perspectiva Freire (1999,
p. 25) afirma que: “ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as
possibilidades para sua produção ou a sua construção”. Nesse sentido deve-se
entender a educação como um progresso dinâmico e flexível, que possibilite ao ser
humano interagir diretamente com a sociedade, desenvolver suas potencialidades,
decidir sobre seus objetos e ações. Considerando-se que o ato educativo, além de
pedagógico, é eminentemente político, é preciso elevar a capacidade crítica de
todos os professores de modo a perceberem que a escola, como instituição social,
está inserida em contextos de injustiças e de desigualdades que precisam ser
modificados. Neste caso, Carvalho, afirma que a “transformação social é a
transformação das condições concretas da vida dos homens” (2000, p. 164). E este
é um processo histórico condicionado pelas próprias condições de vida e resultado
da ação histórica dos homens. Prosseguindo, a referida autora ressalta, sem atribuir
tamanha responsabilidade aos professores, unicamente, há que reconhecer que
eles desempenham significativo papel nessa direção. Para se desincumbirem desse
papel, precisam dispor de conhecimentos além daqueles estritamente relacionados
aos assuntos que irão lecionar. É necessário que estejam instrumentalizados a
promover a educação com o sentido de formação e não como transmissão de
conhecimentos, apenas. A escola é entendida como sendo de todos independentes
de sua origem social, de um país de origem ou étnica. Os alunos com necessidades
especiais de aprendizagem recebem atendimento individualizado, de modo que
possam superar suas dificuldades.

1.4 História do Estatuto da pessoa com Deficiência

O Estatuto da Pessoa com Deficiência foi criado em 09 de outubro de 2000,


que se deu o nome de Estatuto do Portador de necessidades especiais, o deputado
federal Paulo Paim iniciou um projeto que visava o aprimoramento de leis, decretos
e portarias que atendessem às pessoas com deficiência. Em 2003 o projeto foi
renomeado e reeditado pelo Senado onde ficou sendo denominado de Estatuto da
Pessoa com Deficiência. Durante o ano de 2003, foram feitas algumas alterações,
onde diversas propostas foram recebidas e analisadas, e logo inseridas no Estatuto.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência é uma lei extensa que trata da
acessibilidade e da inclusão do indivíduo em diferentes aspectos da sociedade.
As primeiras leis e obrigações do Estado para atender esse público , foi instituída na
constituição Federal de 1988, nesta está descrito direitos básicos como,por
exemplo, transporte e a proteção e segurança dos mesmos.
A evolução destas leis ocorreu em passos lentos e dolorosos, foi preciso
criar outras dezenas de leis de natureza genérica para ser complementada a outras
mais específicas. Um dos grandes avanços do Estatuto da Pessoa com Deficiência
foi alterar outras leis e normas, como a CLT( Consolidação das leis trabalhistas),
que assegura o direito do trabalho às pessoas com deficiência.
A LBI ( Legislação Brasileira de Inclusão) como também é conhecido o
Estatuto, é “destinado a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o
exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,
visando à sua inclusão social e cidadania”( Artigo 1° da lei n° 13.146, de 6 de julho
de 2015).
A LBI, pode ser dividida em três partes diferentes cada uma delas descreve
direitos e os deveres da pessoa com deficiência, como por exemplo, os listados
abaixo:
● “Acesso universal e igualitário à saúde para as pessoas com deficiência, por
meio do SUS, com informações adequadas e acessíveis sobre as condições
de saúde'' (Art. 18);
● “Oferta de tecnologias assistivas que ampliem as habilidades dos estudantes
nas escolas'' (Art. 18-XII) ou auxiliem nos processos seletivos e permanência
nos cursos da rede pública e privada (Art. 30-IV);
● “Acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em
igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas'' (Art.
28-XIII);
● “O direito ao trabalho em ambientes acessíveis e inclusivos em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas'' (Art. 34).

Na segunda Parte descreve sobre acessibilidade Ciência e Tecnologia, ou


seja, trata se do direito à comunicação e informação em relação à sociedade bem
como:
● “A obrigatoriedade da acessibilidade nos sites públicos e privados de acordo
com as melhores práticas e com as diretrizes internacionais “(Art. 63);
● “A oferta de recursos de audiodescrição, legendagem e janela de Libras nas
produções audiovisuais” (Art. 67);
● “O fomento do poder público ao desenvolvimento de tecnologias assistivas e
sociais para aumentar a participação das pessoas com deficiência na
sociedade'' (Art 77-§ 3º).

A terceira parte diz sobre o acesso à Justiça, assegurando à pessoa com


deficiência, o direito ao trabalho e ao convívio na sociedade.

1.5 Direito da Pessoa com Deficiência

Para assegurar os direitos da pessoa com deficiência foi criado a lei n° 13.146 de 6
de julho de 2015, que nela abrange de forma extensa e detalhada todos os direitos
que a pessoa com deficiência possui dentro da sociedade para viver com liberdade
de expressão, comunicação e etc. Segundo Luiz Augusto (2021, p.8) o Estatuto
tem como propósito Assegurar entre todas as pessoas, sem distinção de qualquer
natureza, que as pessoas com deficiencia nao sofram mais nenhuma forma de
discriminação.

1.5.1 Da igualdade e da não discriminação

Segundo a Legislação brasileira de Inclusão (LBI)


“Toda pessoa com deficiencia tem direito á igualdade de oportunidades com as
demais pessoas e não sofrerá nenhuma especie de discriminação.” (art. 4°)

“A pessoa com deficiencia será protegida de toda forma de negligência,


discriminação, exploração,violencia, tortura, crueldade, opressão e tratamento
desumano ou degradante.”(art°5)

1.5.2 Do atendimento Prioritário

“ A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo


com a finalidade de:”(art °9)

I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público;

III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que


garantam atendimento em igualdade de condições com as demais pessoas;

IV - disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de


transporte coletivo de passageiros e garantia de segurança no embarque e no
desembarque;

V - acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação


acessíveis;

1.5.3 Do direito à vida


“Compete ao poder público garantir a dignidade da pessoa com deficiência ao longo
de toda a vida.Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado de
calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável, devendo
o poder público adotar medidas para sua proteção e segurança.”(art°10)

“ A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a


intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização forçada
Parágrafo único. O consentimento da pessoa com deficiência em situação de
curatela poderá ser suprido, na forma da lei.” (art°11).

1.6 Direito à Educação da pessoa com deficiência

A lei federal 13.146/2015, descreve vários direitos que a pessoa com


deficiência possui, e um deles se refere a educação, onde diz que “A educação
constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional
inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a
alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas,
sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e
necessidades de aprendizagem.Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da
comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa
com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e
discriminação.” (art.°27)

.” Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar,


acompanhar e avaliar:

I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como


o aprendizado ao longo de toda a vida;

II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de


acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços
e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão
plena;
III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional
especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para
atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno
acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o
exercício de sua autonomia;

IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na


modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e
classes bilíngues e em escolas inclusivas;

V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que


maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência,
favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em
instituições de ensino;

VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas


pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia
assistiva;

VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento


educacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade
e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva;

VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas


diversas instâncias de atuação da comunidade escolar;” (art°28).

A inclusão no Brasil com o passar dos anos veio adquirindo seu espaço,
dentro de uma sociedade, que infelizmente, hoje com tantos recursos e tecnologias,
que dispõe de informações instantâneas, havendo ainda preconceitos e
discriminação, o Estatuto da Pessoa com Deficiencia está presente dentro da
legislação do país para assegurar direitos, mas acima de tudo para disseminar
preconceitos e inserir com igualdade e repeito a pessoa com deficiencia dentro da
sociedade.
Referências

FAGUNDES,Santos .Histórico do Estatuto da Pessoa com Deficiência.


Disponível em: <http://www.undime.org.br>. Acessado em: 28 agosto.2021.

BOGA, João Vitor.Estatuto da Pessoa com Deficiência: o que é e o que


representa na luta pela inclusão. Disponível em :<http://www.HandTalk.me.com>.
Acessado em: 28 agosto.2021.

Brasil.Presidência da República Secretaria-Geral. Lei n° 13.146 de 6 de julho de


2015. Brasília (DF),2015.

MANTON, Maria Teresa Egler. Inclusão Escolar O que é? Porque? Como


Fazer?.1. ed. São Paulo: Editora Summus,2004

ROGALSKI, Solange Menin. Histórico do Surgimento da Educação Especial. Disponível em:


<http://www.passofundo.ideau.com.br> Acessado em: 27 agosto. 2021.

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