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2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS
HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA
• Conceito e Origens:
Antropologia é e sempre foi reconhecida como uma das ciências mais relevantes
para o Homem, uma vez que esta é uma ciência que se dedica ao estudo aprofundado
do ser humano. É um termo de origem grega, formado por “anthropos” (que significa
“homem” ou “ser humano”) e “logos” que significa conhecimento. É uma disciplina
multidisciplinar, dado que envolve o ser humano com a grande diversidade cultural
existente no mundo, e daí existe uma grande ligação em diversas disciplinas que
procuram refletir sobre as dimensões biológicas, sociais e culturais, como por exemplo
a Antropologia Física ou Biológica (estuda a diversidade do corpo humano no passado e
no presente), Antropologia Social (analisa o comportamento humano, a cultura e as
estruturas de relações sociais) e Antropologia Cultural (se consagra no estudo das
linguagens humanas).
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Renascimento Europeu:
As mudanças ocorridas na Europa, como o desenvolvimento do comércio e das
cidades e a expansão marítima, foram acompanhadas por um intenso movimento
cultural. Desta forma, estas transformações fizeram os europeus acreditarem que
viviam num tempo novo e de mudança, muito diferente daquele que governou toda a
Idade Média. Por isso, os europeus dos séculos XIV ao XVI acreditavam estar
presenciando o verdadeiro Renascimento. Assim, em grande parte da Europa,
começaram a surgir escritores e artistas preocupados em expressar os valores daquela
“nova” sociedade. Neste contexto, o Homem passou a ser visto com grande
importância, dando lugar ao movimento intelectual denominado por “Humanismo”,
onde se valoriza o ser humano acima de tudo.
Foram imensos os autores que escreveram acerca deste tema (dando cada vez
maior importância à antropologia como ciência) como por exemplo Hans Staden, Pêro
de Magalhães de Gândavo (Geografia, plantas e animais, costumes) e Jena de Lery
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(ilustrações feitas a partir dos seus próprios desenhos, que retratam costumes dos
índios, o seu imaginário, e cenas de guerra), fazendo importantes referências à
expensão da Península Ibérica no mar no que diz respeito à descoberta das Américas e,
consequentemente, relatos dos índios que lá habitavam, que despertaram o gosto pelo
conhecimento.
O Empirismo Inglês:
O empirismo inglês foi também outro conceito criado nesta época. Um
movimento que admite as experiências como únicas que formam os ideias (do homem
e do mundo em geral – John Locke “Homem como uma tábua rasa”). O empirismo
consiste numa teoria epistemológica que indica que todo o conhecimento é um fruto da
experiência e por isso, uma consequência dos sentidos. A experiência estabelece o valor,
a origem, e os limites do conhecimento. Um dos grandes defensores deste conceito foi
John Locke que, baseando-se no pensamento dos ideais, centrou-se na importância da
educação dos povos desta época, privilegiando o contacto direto com as coisas.
O Racionalismo Francês:
No mesmo contexto surgiu ainda o racionalismo Francês que se baseava em
ideias semelhantes, ou seja, na valorização do Homem e da razão. O racionalismo é uma
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outro religioso, e daí para um nível cientifico. Distinção entre magia e religião. Na magia,
o utilizador tenta controlar através de “técnicas” o mundo e os acontecimentos,
enquanto na religião, ele requisita o auxílio a espíritos e divindades.
O Difusionismo:
Acreditam que as diferenças e semelhanças culturais eram consequência da
tendência humana para imitar e absorver traços culturais. Rivers foi o primeiro a
declarar guerra contra o evolucionismo e desenvolveu trabalhos sobre o parentesco.
Adotou um tipo diferente de tratamento que consistia em fazer com que os soldados
falassem sobre as suas experiências como forma de enfrentar o medo.
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Mais tarde (início do século XX), após o movimento evolucionista, surgiu uma
nova corrente designada por “Difusionismo”, que veio criticar e pôr em causa as ideias
do evolucionismo. Esta correte visou estudar a distribuição geográfica dos traços
culturais e as sucessões de empréstimos de um grupo a outro.
Sob o impulso das críticas do antropólogo americano Franz Boas (1858-1942) às
teses evolucionistas, uma nova compreensão da humanidade desconsidera
progressivamente o evolucionismo linear e cede o lugar ao que foi designado de escola
difusionista ou ainda de corrente da história cultural. Esta corrente foi sobretudo
relevante nos Estados Unidos, mas também na Alemanha, pela iniciativa do geógrafo F.
Ratzel (1844-1904), onde prevaleceu até finais dos anos trinta.
Assim, contrariamente aos evolucionistas, que interpretavam as semelhanças
entre sociedades como a expressão de uma evolução paralela, os difusionistas
interpretam esta evolução como sendo essencialmente o resultado de empréstimos e
de contatos culturais entre sociedades, reconhecendo assim a diversidade.
Para os difusionistas a semelhança resulta de uma transferência direta e indireta
de uma sociedade para outra. Para reconstituir a história universal das culturas na sua
inter-relação, os difusionistas dividiam as suas áreas culturais, a partir das quais se
teriam efetuado as difusões, em vários estados – os quais iam dos “Caçadores-
recolectores” primitivos às civilizações evoluídas da Europa e da Ásia.
Introduziram as noções de “complexo cultural”, “círculo de cultura” ou
“civilização”.
Como forma de contestação ao difusionismo advém do hiper-difusionismo
(Elliot-Smith – discípulo de Rivers, desenvolveu a ideia de que todo o inventário cultural
do mundo se formou no Egopto – e Perry), que afirma que o primeiro está centrado
totalmente num único ponto que regula tudo o resto.
Este movimento foi constituído por três escolas:
a) Britânica (Eliott Smith e W. J. Perry) – Só admite um ponto de difusão (um
traço cultural só pertence a um sítio);
b) Germano-austríaca (F. Graebner e W. Schmith) – Defende que o mesmo traço
cultural pode ter sido inventado em zonas distintas.
c) Norte Americana (Kroeber, Goldenweiser, Sapir, Wissler) – Defende o Egito
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• O particularismo Histórico:
Reação contra o difusionismo.
Funcionalismo Britânico:
Por sua vez, o particularismo histórico de F. Boas também foi consequentemente
criticado pela corrente que ficou conhecida como “Funcionalismo Britânico” de
Malinowski, com o seu trabalho de campo (método de observação participante).
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culturais;
c) “Sex and Repression in Savage Society” (1927): Primeiro a falar de incesto na
cultura.
Alferd Radcliffe-Brown (1881-1955), foi outro autor que criticou os aspetos do
particularismo (a ideia de cultura e a personalidade). Centra o conhecimento em
grandes instituições, não sendo algo biológico. Seguidor de Franz Boas; a monografia
antropológica à estudo profundo e completo de uma só etnia.
Função não deve ser usada como “intenção”, “finalidade” ou “significado”. A
função é o que sustenta a estrutura social à Forma como os indivíduos e os grupos de
uma sociedade se organizam entre si.
• O Culturalismo Americano:
Franz Boas – A recolha sistemática e exaustiva de uma só cultura/etnia e os
KwaKiut (estudo descritivo, sem teoria) à povo da costa do pacífico à estuda culturas
índias dos EUA, pois estavam em risco de extinção à método de observação
participante.
O Culturalismo, que teve os seus inícios nos anos 30, no EUA, no seio da escola
de Antropologia Cultural e que teve como influência fundamental a teoria psicanalítica
de Sigmund Freud, teve como principais representantes R. Linton, A. Kordiner, Ruth
Benedict, Margaret Mead, Edward Sapir, entre outros.
O Culturalismo define a cultura como sistema de comportamentos aprendidos e
transmitidos pela educação, imitação e o condicionamento (encolturação) num dado
meio social. Procura assegurar a integração social. Os culturalistas deram aos seus
trabalhos uma orientação psicológica e tentaram saber como é que a cultura está
presente nos indivíduos e como é que orienta os seus comportamentos. O
modelamento da personalidade opera-se consciente ou inconscientemente pelas
instituições e pelo jogo das regras ou das práticas habituais. Valores modais dominantes,
que não excluem variantes e desvios, permitem particularizar cada cultura.
No seu livro “Patterns of Culture” (1934), Benedict argumenta que as culturas se
organizam em torno de diferentes padrões, e que ligados a esses padrões estão
diferentes tipos de personalidade coletiva. As diferenças culturais explicam-se
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b. Altruísta (uma mãe morre pelo filho) à indivíduos vêem-se como não
tendo importância para a sociedade;
c. Anómico (perde o gosto da vida porque perde as referências).
d) “Les formes Élémentaires de la Vie Religieuse” (1912) – Análise da religião
mais simples (aborígenes australianos). Questiona-se em relação ao grau
zero da religião. Génese das categorias do pensamento:
a. Origem na religião, e depois, na sociedade.
Marcel Mauss (1872-1950) – Contemporâneo de Durkheim, que estudou o
intercâmbio de prendas como principio das relações sociais, processo denominado por
“reciprocidade”. Primeiro mestre do estruturalismo francês; pai da etnologia francesa.
a) “L’Essai sur le Don” (1925) – A dádiva como elemento fundamental nas
sociedades. O principio da reciprocidade (base da economia primitiva):
a. A obrigação de dar, receber e retribuir.
b. O ritual do “Potlach” como aparente aberração:
i. A destruição de riquezas acumuladas; o fator “social total”:
1. Festejo religioso de homenagem seguido por uma
humilhação através da obrigação à renuncia ou todos
os bens materiais acumulados pelo homenageado
(para parar humilhação, tem de fazer um baquete
maior).
O estruturalismo francês:
Última escola da Antropologia.
A partir da segunda guerra mundial, a cultura começou a entender-se como um
sistema de ideias e de signos. Se o funcionalismo entendia a sociedade como um
organismo ou máquina (mecanicismo), na qual o ator social seguiu determinadas regras,
o estruturalismo começa a preocupar-se com os princípios lógicos das estruturas de
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Interacionismo simbólico:
Origem na Escola de Chicago.
Suas obras:
a) “The presentation of self in Everyday Life” (1959) – Nesta obra, este faz o
paralelismo com o teatro, onde as pessoas fazem performances como atores
que desempenham um guião pré-determinado. E como tal, refere-se ao
teatro como um fingimento, dado que na interação com os outros indivíduos
ocorre ajustamento de comportamento. Defende ainda a importância de
manutenção e ritualização de si mesmo (fingimento que se faz para manter
o estatuto e pertença social) à ritualização do comportamento (classes).
a. Impressão Transmitida – Associada a símbolos verbais.
b. Expressão emitida – Comunicação em sentido amplo.
a) “Stigma: Notes on the Management of Spoiled Identity” (1968) – O livro trata
de marginais e daquilo que existe fora das classes sociais e manutenção de
estatuto de marginal (normalidade vs. comportamentos desviantes).
a. Identidade social, comportamentos desviantes e a estigmatização
b) “Asylums: Essays on the Social Situation of Mental Patients and Other
Inmates” (1961) – Neste livro o autor cria o conceito de “instituições totais”
que diz respeito às prisões, manicómios, conventos e internatos, com o
intuito de colocar entre 4 paredes aqueles que são estigmatizados, para
voltarem à “normalidade”.
a. Imposição de comportamentos reguladores a pacientes e guardas
(papeis pré-determinados) à pessoa sofre algumas degradações
morais, provocadas pelo rompimento com o mundo externo.
Victor Turner, foi antropólogo que fez estudos acerca das sociedades
primitivas/extraeuropeias.
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Suas obras:
a) “The Forest of Symbols: Aspects of Ndembu Ritual” (1967) – Fala de rituais e
símbolos e consequente prática numa etnia (estudo de caso).
b) “The Ritual Process: Struture and Anti-Struture” (1969) – Reavaliação dos
rituais de passagem, estudados por Van Gennep. As três fases:
a. Separação;
b. Transição;
c. Reintegração.
i. A liminaridade e a communitas.
• A Antropologia Interpretativa:
A antropologia interpretativa aborda como ideias principais a analise da cultura
como hierarquia de significados, a classificação de valores culturais, categorias, fazendo
com que a etnografia se transforme em uma descrição completa, muito ligado à
realidade empírica.
Clifford Geertz faz uma divisão na antropologia, se contrapondo ao modelo de
Levi Strauss, criando essa nova teoria de antropologia que tinha a intenção de falar em
culturas num plural e interpretar os relatos da etnografia de acordo com os
pensamentos de cada antropólogo. Isto é, defendia que para se fazer Antropologia, o
antropólogo pode recorrer a várias matérias (livros, jornais), uma vez que tudo é bom
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Conceitos:
Emics – Ponto de vista dos nativos (defende este, dado que o nativo fala dele
próprio, como constituinte único da sua nação).
Etics – Ponto de vista dos antropólogos.
• Pós-Modernidade:
A pluralidade de autores e perspetivas na antropologia contemporânea.
A partir dos anos 50 e até aos anos 70, ocorreu a descolonização dos países em
todo o mundo e aí, a antropologia se reposicionou para uma “outra coisa”, isto é, o
conhecimento exempto e o conhecimento em geral. O pós-colonialismo estudou a
aculturação, etnocídio (destruição de uma cultura de um povo; não é necessariamente
intencional) e creolização (potência que interfere, desorganiza e quebra as hierarquias
do poder, daí a sua dimensão monstruosa). Assim, para estes “novos estudos” na Europa
o antropólogo visou-se para os pescadores, pastores e camponeses situados dentro da
sua própria civilização. A influência de um povo colonizador sobre um povo colonizado
pode ser fraca (aculturação), média ou semelhante.
A pós-modernidade é um conceito ligado à crise de representação do Homem
como agente do conhecimento. O axioma “moderno” que se pode conhecer o Homem
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– aceite por todos) sobre a natureza humana que fosse aceite por toda a comunidade
científica. É importante ainda situar as ciências humanas e sociais, nomeadamente a
Antropologia, na organização da produção social do saber.
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• Psicologia VS Etno-psicologia:
Psicologia como o estudo dos comportamentos e processos mentais do
indivíduo. A mente (sítio das operações mentais) estudada por Wundt e a estrutura
(sensações); William James introduz a função, ou seja, os processos conscientes.
Sigmund Freud tem grande influência na antropologia, pois muitos antropólogos usam
categorias de Freud como mecanismos. Géza Róheim criou a Antropologia Psicológica.
A Etno-Psicologia (vertente antropológica da Psicologia) procura compreender o “outro”
dentro das suas próprias teorias psicológicas.
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• Linguística VS Etno-linguística:
A linguística estuda a linguagem na sua vertente histórica, funcional e estrutural.
É a disciplina que levou Lévi-Strauss a criar o Estruturalismo. A Etno-linguística estuda
as línguas dos vários grupos étnicos. Já a Antropologia Linguística estuda a relação do
Homem com a linguagem.
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culturas (cria conflitos quando o lado fraco é atacado). Contrariado pela nação purista
das culturas, defendendo que cada nação tem as suas próprias caraterísticas, que
corresponde à ação da história sobre cada uma das culturas, por isso é algo positivo.
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Tribo - Grupo social da mesma etnia, que vive em comunidade sob a autoridade
de um ou mais chefes que compartilham a mesma língua e os mesmos costumes (tribo
indígena). Nas sociedades ditas primitivas, qualquer grupo que vive no mesmo território
e é unido pela suposta origem comum (tribo da nova Guiné). É um grupo com significado
político, uma espécie de estado embrionário.
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Etnocídio – Destruição das identidades étnicas por ação dos choques culturais e
práticas de assimilação forçada (colonialismo). Pode também ser a destruição do habitat
e costumes nativos. O objetivo era a exploração económica dos nativos. Surge o perigo
das reservas indígenas. Teórico principal: Robert Jaulin “La Paix Blanche” 1970.
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Fratria – uma das metades de uma tribo com organização dualista. Essas
metades são exógamas e trocam entre si vários bens e serviços. Os Bororo do Brasil. As
suas aldeias refletem esta divisão em metades. É um efeito das regras matrimoniais.
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Potlatch – Palavra de origem Nootka, que quer dizer dádiva. Tribos do Nordeste
Americano. Prática ritual que consiste na oferta a um rival de riquezas para o humilhar
ou desafiar, obrigado a retribuir. Ligado por vezes ao sacrifício, à destruição de pessoas
ou bens. Aquisição de prestígio ou poder.
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Xamanística – São cargos religiosos a tempo parcial que medeiam a relação entre
as pessoas e os seres sobrenaturais. Esta religião é muito frequente nas culturas de caça
e recoleção (ex: esquimós).
Em 1861, o jurista Sir Henry Maine publica a obra pioneira “Ancient Law”, que
abre caminho às reflexões dos evolucionistas. Uma liga política das famílias soberanas
teria invocado uma geneologia comum, para elaborar os primeiros grupos de
descendência, ilustrados, entre outros, pelos romanos. Mas para Morgan, que publica
em 1871 o seu “Systems of Consaguinity and Affinity [Sistemas De Consanguinidade e
de Afinidade]”, a família, com função doméstica, distingue-se da gens (pessoas com o
mesmo nome de família), que tem apenas função política. Em 1897, J. Kohler compara
do ponto de vista terminológico, os sistemas índios dos Omahas e dos Craus. Mas, em
toda a Segunda metade do século XIX, circulam como moda corrente algumas ideias
(agora obsoletas), que defendiam a anterioridade das instituições matrilineares em
relação às patrilineares, as quais mostram sobrevivências do matriarcado; havia uma
ignorância presumível entre os primitivos sobre a paternidade fisiológica, etc.
A partir da controvérsia entre Rivers e Kroeber (1909), o propósito de
terminologias de parentesco, os estudos de parentesco desenvolveram-se em 3
direções: a teoria dos grupos e redes de filiação unilinear (Rivers, Radcliff-Brown, Evans-
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Principais sinais:
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Importância do parentesco:
Não haveria continuação da espécie e sociedade. O parentesco resolve quatro
problemas:
a) Regulação do acesso sexual entre homens e mulheres;
b) Determinação dos deveres de entreajuda resultantes da divisão do trabalho
entre homens e mulheres;
c) Determinação das responsabilidades de cuidar das crianças;
d) Criação de coesão no grupo (cada um tem de saber qual a sua função à quanto
maior coesão, menor conflito).
Tabu e Exogamia:
Ao proibir ligações sexuais dentro de cada grupo, o tabu do incesto implica
alianças com outros grupos (exogamia como regra). Como exceção, a endogamia
assegura a manutenção da riqueza ou a “pureza do sangue/raça” dentro de um grupo.
Só na realeza sagrada é que os irmãos podem casar.
Parentesco e filiação:
A Filiação entende-se como o conjunto das regras que definem a identidade
social da criança em relação aos seus ascendentes, e que determinam a hierarquia dos
membros da família, a forma de herança dos bens, a transmissão de cargas e funções,
até a distribuição da autoridade nas sociedades tradicionais. Nestas, os fenómenos de
filiação distinguem as filiações legítima natural ou adotiva. Enquanto nós reconhecemos
um parentesco idêntico de ambos os lados, paterno e materno, muitas sociedades dão
privilégio às relações com um ou outro dos seus ascendentes.
A filiação chama-se indiferenciada, cognática ou bilateral quando o parentesco é
reconhecido dos 2 lados e quando há identidade de direitos e de deveres com respeito
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aos parentes paternos e maternos, quer dizer, sem que o sexo dos parentes seja tido
como critério de seleção e o mesmo que, por vezes, se possam perceber inflexões
patrilaterais na transmissão dos apelidos, da autoridade ou da herança.
Em muitas sociedades do Terceiro Mundo, domina o tipo de descendência
unilateral, embora exista uma grande variedade de usos relativos ao tratamento social
do laço genealógico. A regra de filiação unilinear determina o grupo dos parentes (clã,
linhagem, etc.) de que o indivíduo se tornará membro entre os descendentes biológicos
de um mesmo antepassado.
Se os direitos sociais, a categoria, o apelido, a religião, os antepassados, os bens
são transmitidos pelos parentes paternos, quer dizer que, em linha agnática, a
sociedade é patrilinear. Os filhos fazem parte da linhagem dos pais e não da mãe. Só os
filhos machos transmitem a pertença à linhagem.
Quando o Ego se liga socialmente aos seus ascendentes através da mãe, quer
dizer que, em linha uterina, a sociedade é matrilinear. No entanto, o poder e o controlo
social pertencem a maior parte das vezes aos homens e é o tio materno (irmão da mãe)
quem exerce a autoridade sobre os filhos da sua irmã. Muitas vezes, no entanto, o pai
procura alargar a sua autoridade aos filhos, principalmente se vivem ele até à
puberdade, embora pertencendo à linhagem da mulher.
Podem ocorrer conflitos, devido ao facto de os parentes uterinos procurarem
reduzir o poder do pai. Devido à abundância das formas de família, de grupos
domésticos e locais que elas revelam, as sociedades matrilineares confundem os
etnólogos. Os Achantis do Gana herdam o “sangue” do clã materno, mas o “espírito”
provém do lado paterno.
O sistema de dupla filiação ou filiação bilinear, por exemplo, entre os Aborígenas
da Austrália, combina os sistemas patrilinear e matrilinear, ligando o indivíduo pela
transmissão de determinados direitos ao seu grupo paterno e por outros ao grupo
materno, mas são afastadas as pessoas que pertencem ao grupo matrilinear do pai ou
então patrilinear da mãe.
Grupos australianos como os Murngins, Karieras, Aruntas, não têm linhagem,
mas dividem-se em secções e praticam o casamento preferencial com a filha do irmão
da mãe e a filha da irmã do pai.
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Resumindo:
a) Dois indivíduos são parentes se um descende do outro (filiação direta) ou se
ambos descendem de um antepassado comum (real, fictício ou mítico).
b) Os parentes fictícios consideram-se parentes e comportam-se como tal.
(Exemplo: os descendentes de escravos que se consideram membros da família
que comprou os seus antepassados).
c) A filiação mítica existe apenas na consciência dos homens, mas produz
comportamentais reais (entreajuda, cooperação ritual, etc.).
Parentesco e consanguinidade:
a) O parentesco é mais uma relação social que consanguínea.
b) Para que o parentesco possa ser um modelo de organização social é necessário
que nem todos os consanguíneos sejam considerados para efeitos
classificatórios (p. ex. considera-se só certas linhas de ascendência).
Tipos de filiação:
A aplicação das regras de filiação unilinear gera a formação, quanto ao modo de
recrutamento, de grupos seletivos, cujos membros estão ligados por uma descendência
comum, a partir de um antepassado comum (linhagem, clã, tribo, nação).
O clã é um grupo de filiação unilinear (patriclã ou matriclã), abarcando um
determinado número de casas que pretendem descender de um mesmo antepassado
lendário ou mítico. Os seus membros invocam, por vezes, um totem comum (animal ou
planta ou objeto) ligado ficticiamente ao antepassado. Respeitam as mesmas proibições
matrimoniais ou alimentares ou possuem o mesmo patronímico ou nome genérico. A
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Resumindo:
a) Filiação (de predominância) unilinear:
a. Patrilinear (agnática): Os filhos de um homem pertencem à sua linhagem.
b. Matrilinear (uterina): Os filhos de uma mulher pertencem à sua
linhagem.
b) Dupla filiação unilinear: Diferentes funções para as duas vias.
c) Filiação indiferenciada (bilateral; cognática): Mesma função das duas vias.
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• A residência:
A regra universal de coabitação dos esposos arrasta consigo uma alteração da
residência de pelo menos 1 de entre eles, quando do seu casamento, o que em parte
explica a edificação das comunidades locais. Os principais tipos de residência são os
seguintes descritos:
a) Patrilocal – A mulher instala-se na casa dos pais do seu marido;
b) Virilocal – A mulher instala-se na casa do marido, numa casa vizinha dos pais
deste.
c) Matrilocal – O marido vai viver com a sua mulher na casa dos pais desta;
d) Uxorilocal – O marido vai viver com a mulher, perto da casa dos pais dela;
e) Bilocal – O casal tem a liberdade de viver em casa dos pais de um ou outro dos
cônjuges, podendo a escolha ser ditada pela riqueza, pelo estatuto respetivo das
famílias ou pelas preferências pessoais;
f) Ambilocal – O casal reside alternadamente no grupo do marido e no grupo da
mulher;
g) Neolocal – O casal escolhe domicílio onde bem entende, em lugar diferente da
que em que cada um vivia antes do casamento; afastados dos pais e sogros.
h) Avunculocal – O casal vai viver com um tio materno do marido ou nas
proximidades.
Podem existir tipos de residência transitória, e bem como combinações muito
variadas entre filiação, aliança e residência. Uma desarmonia fundamental entre os
Ndembos da Zâmbia resulta, por exemplo, da associação de filiação matrilinear e de um
casamento virilocal. O que significa que a matrilinearidade não implica necessariamente
a residência matrilocal e que o grupo residencial pode englobar qualquer espécie de
organização familiar. Na residência patrilocal, a mulher continua a explorar os seus
conhecimentos técnicos adquiridos numa casa e para a casa, enquanto na residência
matrilocal o homem deve familiarizar-se com um novo meio ambiente e partir do zero
num novo enquadramento, onde deve reaprender a localização das pistas, das
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referências, das jazidas de minérios, dos bosques, das tocas, dos terrenos de pastagem
ou da pesca. Daí a tendência para não se contrair casamentos muito longe da aldeia de
origem. Apresentada como uma regra de pertença, a residência é antes um grupo de
atividades comuns de aliados, na ocupação de um território familiar.
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• Casamento:
A aliança matrimonial:
União contraída entre 2 grupos exógamos pelo casamento de um dos seus
membros. A aliança liga 2 indivíduos de sexo diferente através de um conjunto de
direitos e de obrigações mútuas, variáveis de cultura para cultura. Lévi-Strauss
considera-o como fenómeno capital na constituição das estruturas de parentesco.
Efetivamente, a aliança opera uma remodelação da estrutura social, legitimada pelo
costume. Ela condiciona os processos de filiação, de residência, de apelido, de herança,
de atitudes e abre o caminho à procriação legítima no grupo conjugal. Geralmente, um
rito de casamento, religioso ou civil, soleniza a mudança de estatuto dos novos esposos
e a criação de laços jurídicos, sociais e económicos entre o grupo de filiação do marido
e da mulher. Não é falso dizer-se que, muitas vezes, predominam os casamentos por
motivações de ordem económica.
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APONTAMENTOS
Trocas matrimonias:
a) Troca restrita (direta; simétrica): relação intermatrimonial entre 2 grupos
(dádiva e contradádiva). Exemplo: casamento de primos cruzados.
b) Troca generalizada (indireta; assimétrica): A dá uma mulher a B, que dá uma
mulher a C, que dá uma mulher a… N, que dá uma mulher a A. Alargamento do
círculo de alianças e reciprocidade diferida no tempo. Exemplo: casamento com
a prima cruzada matrilateral.
c) O casamento é considerado como uma instituição onde intervêm 2 ou mais
grupos exogâmicos que trocam mulheres entre si.
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APONTAMENTOS
• Família:
A Família apresenta-se sob diversas formas. Nuclear, restrita ou conjuga, quando
compreende um casal e os filhos de menoridade, embora, por vezes, pessoas
suplementares possam residir com eles.
A família alargada é composta por várias famílias nucleares. Habitualmente,
numa família patrilocal, encontra-se um homem idoso, a sua mulher ou as suas
mulheres numa família poligínica, os filhos solteiros, os filhos casados, assim como as
mulheres e os filhos destes últimos. A casa pode abrigar indivíduos não-membros da
família.
Convém distinguir a família de orientação, aquela em que o Ego nasceu e onde
passou a sua infância (pai, mãe, irmão, irmã) e a família de procriação, a que ele funda
ao casar (marido, mulher, filho e filha). Nesta organização familiar, os laços são ao
mesmo tempo os do sangue e os do parentesco por aliança.
Qualquer família com origem no casamento tem certamente uma função de
reprodução, de educação e de socialização, económica, jurídica e religiosa.
Resumindo:
a) Família nuclear: Um casal e seus filhos.
b) Família extensa: Organizada em redor dos laços de sangue, que envolve várias
gerações.
c) Grupo doméstico: Unidade de residência, de produção e de consumo. Não
depende de critérios de parentesco.
Sistema de denominações:
a) Termo de tratamento: Nome que se dá a um parente de sangue ou afinidade
com quem se fala.
b) Termo de referência: Nome que serve para designar um parente de quem se fala.
a. Dividem-se em 2 categorias:
i. Sistemas descritivos;
ii. Sistemas classificatórios.
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A Idade Média:
a) A ideologia da Igreja cristã: Ideologia dissimila a crença.
b) “Crescei e multiplicai-vos” (fertilidade) vs. celibato (valor da virgindade): Valor
da fertilidade e virgindade antes do casamento (época em que a igreja não
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APONTAMENTOS
A Idade Moderna:
a) A obsessão pelas bruxas (o feminino maléfico): Séc. XVI-XVIII. Apontavam as
mulheres que usavam a sua sexualidade de forma livre e as que não o faziam.
Tem o papel de aterrorização da população.
b) A Sociedade de Corte: as cortesãs e a libertinagem: Séc. XVII. Sociedade de luxo
pacificada dos reis, rodeados de gueixas que proporcionavam os seus corpos (rei
Sol).
c) A Revolução Francesa (liberdade/igualdade): Igualdade e Fraternidade como
iluminação da sociedade.
d) A Revolução Industrial (os proletários): A população só tinha direito aos seus
filhos, e o resto era controlado exclusivamente pelos seus patrões. Sociedade
vivia para trabalhar.
e) O puritanismo vitoriano em Inglaterra: Burgues modelo da virtude.
A Época Contemporânea:
a) Os anos 60 (A revolução sexual (a pílula)): Teorias de Freud e explicações de
histerias de mulheres que eram resultado de falta de relações sexuais.
Aparecimento da mulher emancipada, pois controlava quando queria engravidar
(liberdade de reprodução).
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APONTAMENTOS
• O género:
a) O mito do Andrógino: Diónisos, o deus duplo (a nostalgia do ser completo). Ou
seja, o amor acontecia entre um casal devido á nostalgia de se sentir completo.
b) Sexualidade e Sexismo: a falocracia (ligado a questões do poder; falocracia é
poder do homem sobre a mulher).
c) O mito de Don Juan: o macho decadente (macho que conquistou mais de 1000
mulheres, mas não estava interessado em ter nada com elas).
d) Transsexualismo contemporâneo: o género é uma construção cultural, devido
ao individualismo (liberdade de se regerem a si próprios).
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• Multiculturalismo:
Multiculturalismo – Caldo de cultura resultante da coexistência multiétnica que
leva a uma diversidade cultural. Pressupõe para que as culturas possam florescer.
Sincretismos vs. Purismos – A classe com mais poder é que toma as decisões.
a) Sincretismo – Nas migrações e choques culturais a cultura mais fraca
vai adotar aspetos sincréticos, isto é, aspetos/crenças da cultura mais
forte (colonizadora).
b) Purismos – Quando a cultura minoritária, em caso de choque cultural
e colonização, quer manter-se a todo o custo, migra para outro local.
Se isto não acontecer, são obrigadas e converter-se e acabam por
desaparecer.
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• Violência:
Perante o olhar dos cientistas, a violência é culturalmente determinada, ou seja,
adquirida em sociedade. Não é algo inato, mas adquirido culturalmente.
A violência de estado é o pior tipo de violência, pois utiliza o exército para a
afirmação do nacionalismo (ex.: sionismo) vs. terrorismo (ex. Al-Qaeda).
O terrorismo é outro fenómeno que é praticado pelo lado mais fraco do povo,
uma vez que recorrem à revolução aterrorizando a sociedade, com o objetivo de a
alterar por completo (Revolução Francesa).
Violência nacionalista (ex.: ETA à grupo terrorista espanhol) pretende emergir
uma nação.
Violência fundamentalista religiosa – Pretende fazer buscular a sociedade,
tomando medidas radicais em prol do que consideram mais importante (ex.: os
bombistas suicidas do Hezbollah).
O “primitivo” considerado um “ser-para-a-guerra. Etologia (Korad
Lorenz) à Ciência que estuda a evolução.
• Arte:
Duplo simbólico da humanidade. Sempre presente na vida do Homem. É o
espelho do Homem de todas as étnicas, ou seja, expressão artística de todas as áreas da
vida do mesmo (individual ou social); é uma fonte inesgotável da psique.
A autorrepresentação do homem está sempre presente (consciência de si e da
sua identidade).
• Corpo:
Invólucro material que é simultaneamente sujeito e objeto de uma cultura e de
uma sociedade. Ou seja, ao olhar para si, a pessoa tem a perceção de si, o que acaba por
modificar e moldar a sua psique. É revestido de significação e re-semantisado de forma
particular por cada cultura, cada civilização, cada época.
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• Quotidiano:
Algo volátil estudado nas investigações mais recentes e presente na nova
história. Como por exemplo, estudar um bairro e as suas atividades. Os não-lugares são
espaços de passagem sem grandes significados afetivos (aeroportos, estações,
segurança social). O lazer, os tempos-mortos, o sono e o sonho. Que significado
antropológico? São aspetos de uma antropologia radical (pergunta que um antropólogo
deve fazer).
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vida, ainda que nada justifique que este sentido esteja fora do próprio homem.
O sagrado:
A esta força misteriosa, fascinante e temível, a que R. Otto chama de “sagrado”,
os povos atribuem conteúdos diversos: génios, Deus, Augusto, valores metafísicos,
forças superiores mitificadas. O sagrado está além da nossa apreensão e além do nosso
poder, é o mito ou a segurança íntima (o que significa a mesma coisa) de uma totalidade
que se responsabiliza por aquilo pelo qual eu não sou responsável. É uma forma de
teorizar a impotência.
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tipos:
a) Legal;
b) Tradicional: com base na crença do sagrado das tradições, de acordo com o
costume (patrimonialismo);
c) Carismática: de caráter emocional, que implica uma confiança total num homem
excecional (santidade, heroísmo e exemplaridade).
• Literatura Oral – Mito, Conto, Lenda, Épicos, Canção, Ensalmo, Oração, Provérbio:
Mitos:
São uma narrativa de carácter simbólico que expressa crenças e valores culturais
através de relatos. Esses relatos narram acontecimento passados com origem do mundo
dos deuses, heróis com atributos humanos. Estes mitos derivam de relatos sobre algo
transcendente com o objetivo de ensinar e moralizar. Servem também para ilustrar
crenças religiosas e transmitem esperanças e emoção.
Lenda:
Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos
tempos. De caráter fantástico e/ou fictício, as lendas combinam fatos reais e históricos
com fatos irreais que são meramente produto da imaginação humana. Uma lenda pode
ser também verdadeira, o que é muito importante. Com exemplos bem definidos em
todos os países do mundo, as lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até
certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas,
como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Podemos entender que lenda é
uma degeneração do Mito. Como diz o dito popular "Quem conta um conto aumenta
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Conto:
É um relato fictício, sobre algo o quotidiano sem localização concreta, intemporal
e não transcendente. Tem como objetivo e transmitir uma mensagem cultural profunda
(esperança, sucesso). Utiliza sempre formulas introdutórias “era uma vez”, o tema
central é a fantasia e sugerem a possibilidade de crescimento e autorrealização (por isso
é que é muito importante para as crianças). Os protagonistas são os heróis que utilizam
a inteligência, habilidade para chegar aos seus fins.
Épicos:
É o nome de um gênero tradicional de poesia, conhecida como poesia épica. No
entanto, atualmente o termo é também usado em outros tipos de expressão artística,
como romances, peças de teatro músicas e filmes, onde a história se centra em
personagens heroicas, e a ação tem lugar em grande escala, tal como na poesia épica.
Os épicos neste sentido são representações majestosas capazes de capturar lutas
espantosas, tais como histórias de guerra, aventuras, e outros esforços de grande
envergadura ao longo de extensos períodos de tempo. As histórias de personagens
heroicas tiradas da vida real também têm sido referidas como épicos.
Canção:
É uma composição musical para a voz humana, escrita, normalmente, sobre um
texto, e acompanhada por instrumentos musicais. É tipicamente interpretada para um
único vocalista, mas também pode ser cantada por um dueto, trio ou mais vozes. O texto
ou letra das canções são tradicionalmente versos de poesia, mas podem ser versos
religiosos de livre prosa. As canções possuem amplas maneiras de divisão, dependendo
dos critérios utilizados.
Ensalmo:
É uma oração, sozinho ou com os processos de candidatura ou remédios para
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que os poderes mágicos curem os doentes. Eles também podem ser definidos como
fórmulas rituais de caráter mágico-religiosa, por vezes acompanhados por orações, e
aplicações de medicina natural, procurando curar doenças e ajuda.
Oração:
É um ato religioso que visa a ativar uma ligação, uma conversa, um pedido, um
agradecimento, uma manifestação de reconhecimento ou, ainda, um ato de louvor
diante de um ser transcendente ou divino. Segundo os diferentes credos religiosos, a
oração pode ser individual ou comunitária e ser feita em público ou em particular, e
pode envolver o uso de palavras ou música. Quando a linguagem é usada, a oração pode
assumir a forma de um hino, encantamento, declaração de credo formal, ou uma
expressão espontânea, da pessoa fazendo a oração. A maioria das religiões envolve
momentos de oração.
Provérbio:
São expressões de sabedoria popular que nos dá conselhos, ensinamentos ou
sugestões. Não é diretamente percebido, perecendo como um código cujo sentido é
preciso decifrar.
ESQUIMÓS
São povos indígenas que habitam tradicionalmente as regiões em torno do
Círculo Polar Ártico, no extremo norte da Terra, Vivem da pesca e da caça, retirando a
gordura de baleias, focas e ursos para usar como alimento e combustível para seus
trenós. Os esquimós vestem-se com peles de animais, porém, ao contrário dos outros
povos, eles usam a pele voltada para dentro, de forma a mantê-la mais próxima ao corpo
e promover um aquecimento mais adequado. Eles têm o costume de se alimentar do
fígado cru das caças, sua única fonte de vitamina C.
Religião e crenças: Esquimós acreditam que a natureza é controlada por espíritos
poderosos, no entanto, não consideram ser necessário fazer orações. Com o intuito de
afastar os maus espíritos que podem originar catástrofes ou situações desagradáveis e
inesperadas, os esquimós partilham a sua mulher com os visitantes. As crianças são um
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foco importante, pois de acordo com as crenças deste povo, os pequenos são
reencarnações dos seus passados. Quando uma pessoa morre (sem ter causa definida –
como doenças) o corpo é colocado do chão para que possa encontrar o seu caminho
para o submundo.
O incesto é socialmente aceite em algumas regiões, assim como os filhos
ilegítimos – não há conceito de fidelidade conjugal. Tem uma sociedade patriarcal e
poligâmica – um homem tem mais mulheres à medida que vai possuindo mais riquezas.
A obra pioneira produzida por Boas após iniciar estudos em Antropologia foi “Os
Esquimós Centrais”, baseada em material etnográfico recolhido entre esquimós.
BOSCHIMANES
No início há uma simbiose total com a natureza; num momento posterior um
antropólogo vai ao deserto e filma-os – maior aculturação (mudanças); por fim são
apresentados como marginais do local onde se encontram dai a relação com o conceito
de etnocídio (destruição cultural de um povo).
Os bochimanes são homens do bosque que representam um tipo étnico muito
interessante. Continuam a viver em estado semisselvagem, de caça. Este povo com um
passado antigo não tem praticamente registos históricos escritos.
Ao desembarcarem nas praias da África Austral, há mais de 350 anos, os colonos
europeus chamaram-lhes apenas homens do mato, ou do bosque - bochimanes.
Considerando-os "indomáveis" e uma ameaça para os animais domésticos, os colonos
trataram-nos como ralé, matando-os em grande número.
Num estudo de antropologia publicado no século XIX, J.C. Prichard resume assim
a vida dos bochimanes: "Nunca os seres humanos viveram em condições de tanta
indigência e miséria". Nas populares feiras de horrores da época vitoriana, pequenos
grupos de bosquímanos eram anunciados como "os anões de África". Os primeiros
antropólogos classificaram-nos como "fósseis vivos" e não completamente humanos,
encarando-os como o elo em falta na evolução da Humanidade. Outro antropólogo
considerou a fantástica língua dos bosquímanos, com os seus estalidos, mais próxima
dos sons dos animais do que da fala humana. Hoje cerca de 85.000 bosquímanos vivem
à beira da extinção cultural. Fisicamente eram similares aos pigmeus em tamanho e
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