Você está na página 1de 10

AULA 5

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
E COLABORATIVA

Profª Marilene S. S. Garcia


TEMA 1 – INTRODUÇÃO

A presente aula tem como objetivo trabalhar modelos de design de


aprendizagem, focando em planejamento de ensino, planos de aula e design de
atividades que busquem trabalhar a aprendizagem colaborativa.
Deve-se entender que as ações pedagógicas que abrigam modelos
colaborativos oferecem o desafio do design de aprendizagem, o qual, por sua vez,
abarca um plano de ensino e também um planejamento de aula coerentes com tal
concepção.
O design de aprendizagem ou design educacional trata-se de uma forma
de comunicação com orientação didática, educativa e interativa. Esse design
voltado à aprendizagem relaciona-se às formas de planejar, produzir e conceber
um produto educacional, notadamente associadas a objetos de aprendizagem. O
conceito de design instrucional, segundo Filatro (2008), tem a função de facilitar
formas de aprendizagem humana, envolvendo planos específicos para materiais
didáticos, atividades que abarcam recursos diversos e ambientes de
aprendizagem e também formatos digitais.
Para Reevers (2006, p. 61),

A tecnologia educacional é acima de tudo um campo do design e como


tal o seu objetivo central de pesquisa da tecnologia educacional deveria
ser resolver problemas de desempenho, aprendizagem e ensino e
derivar princípios de design que possam instruir o desenvolvimento
futuro e a implementação de decisões.

Os planejamentos de ensino e os planos de aula devem ser conduzidos por


premissas que orientem seu design visando a dar suporte a aprendizagens
colaborativas, que podem ser implementadas em diferentes cenários
educacionais, do nível básico ao superior, abrangendo ferramentas digitais,
recursos diferenciados, entre outros.
É importante ressaltar que o design que visa à aprendizagem é um
exercício de criatividade que o professor tem condições de implementar em seus
planos de aula e de ensino.
Assim, para Moore e Kearsley (2007, p. 97, citados por Garcia, 2018, p.
183):

Nosso desafio como educadores consiste em sermos criativos na


decisão da qual é a melhor mídia ou mescla de mídias para um curso ou
programa específico e qual a tecnologia mais apropriada para veiculá-la.
Ao fixar programas para elaborar cursos, um princípio básico de
abordagem sistêmica consiste em reconhecer que cada mídia tem seus

2
pontos fortes e pontos fracos especiais e que precisam ser considerados
ao se decidir como transmitir cada parte do programa ou do curso e seu
público-alvo específico.

Já os planejamentos de ensino, quando relacionados à abordagem teórica


de aprendizagem colaborativa, englobam um design com alguns requisitos
específicos, os quais serão, nesta aula, trabalhados.

TEMA 2 – PREMISSAS PARA ORIENTAR O DESIGN DE PLANEJAMENTO DE


ENSINO

O planejamento de ensino está contextualizado por diretrizes-mestras da


educação básica e envolve, segundo Parra (1972):

 o que deve ser realizado;


 como isso deve ser feito;
 com que tipo de instrumento a situação deve ser analisada;
 o que se quer atingir em termos de resultados educacionais.

Assim, os planejamentos são planos sistemáticos, pois orientam para que


as ações que implicam aprendizagens colaborativas não sejam improvisadas.
Os planejamentos estão pautados nos seguintes elementos, segundo
mostra a Figura 1.

Figura 1 – Elementos para os planejamentos de ensino

Motivação
Ação
Desejo
Resultado
Planejamento
Objetivo a ser
alcançado

Fonte: Adaptado de Garcia, 2018, p. 106.

Dessa forma, o planejamento parte de uma motivação, que é um desejo de


se chegar a um resultado, que é o objetivo a ser alcançado. No caso da
aprendizagem colaborativa, ele deve reunir algumas premissas que vão dar conta
do atingimento da meta comum pelos envolvidos – aprendizes e professores.

3
Os planejamentos de ensino que apoiam a aprendizagem colaborativa
devem partir de algumas premissas importantes, entre as quais destacam-se:

 possibilitar que os alunos trabalhem coletivamente, visando a uma meta,


com base na metodologia ativa de projetos ou mesmo da aprendizagem
baseada em problemas;
 propor atividades em que os alunos possam demonstrar autonomia, poder
de decisão e realizar escolhas; isso significa que, ao mesmo tempo que
eles trabalhem suas capacidades individuais, possam se orientar por uma
mentalidade coletiva, que leve à construção conjunta de algo;
 propor questões que despertem diferentes formas de investigação,
envolvendo capacidade de análise, para filtragem, seleção e descarte de
informações que estão fora do foco de pesquisa;
 trabalhar questões voltadas ao interesse dos alunos, buscando
desenvolver novas formas de raciocínio, incentivar formas de reflexão,
análise e proposição de soluções criativas;
 oferecer possibilidades para que os alunos trabalhem coletivamente tanto
em ambiente presencial, quanto em ambiente virtual;
 oferecer oportunidades para debates, estabelecendo estratégias que
apliquem visão argumentativa, com respeito a opiniões divergentes;
 trabalhar formas de comunicação que apoiem as expressões individuais e
coletivas, sejam elas escritas, sejam orais, em diferentes formatos e por
meio de diferentes canais;
 propor atividades que ensinem a entender conflitos, personalidades
divergentes e a busca de consensos;
 propor atividades em negociação dialógica com os alunos, com base em
temáticas de interesse e que explorem novas aprendizagens, sejam elas
relacionadas à organização, sejam ao atendimento de prazos, entre outros
aspectos que viabilizem se trabalhar colaborativamente;
 dialogar com os alunos sobre as formas de avaliação, como na forma de
rubricas, visando a diferentes competências e transparência no trânsito de
informações;
 trabalhar com propostas de trabalho colaborativo flexíveis, em que se
possa prever a opinião dos alunos, aprimorando-se técnicas e também a
promoção de resultados avaliativos.

4
Essas premissas do planejamento de ensino implicam o conhecimento de
teorias de aprendizagem adequadas ao que se busca nos contextos
colaborativos.
Da mesma forma, é importante entender que o professor não deve fazer
um trabalho solitário, mas sim solidário em todos esses planejamentos, pois
poderá trabalhar com mais frequência atividades interdisciplinares e flexíveis,
combinando também ensino presencial e virtual, o denominado ensino híbrido,
além de inovar no uso de recursos e pesquisa com os alunos.

TEMA 3 – PREMISSAS PARA ORIENTAR O DESIGN DOS PLANOS DE AULA


PARA A APRENDIZAGEM COLABORATIVA

Os planos de aulas que sustentam a proposta de aprendizagem


colaborativa devem estar diretamente relacionados aos planejamentos de ensino,
produzindo conexões por meio das práticas. Esse seria o propósito para gerar um
design de aprendizagem.
Para Garcia (2018, p. 187):

Os planos de aula estão diretamente relacionados aos planos de ensino


e devem refletir as características particulares do grupo de alunos. É
importante ter alguma flexibilidade para abarcar imprevistos e certas
mudanças de rumo de acordo com as circunstâncias, como também
podem, ao longo do período, receber atualizações e complementações.

Dessa forma, os planos de aula devem gerar a interação direta entre os


atores envolvidos, alunos e professores e atender aos pressupostos norteadores
estabelecidos no planejamento de ensino, levando em consideração as sugestões
trabalhadas no tópico anterior desta aula.
As práticas sugeridas no plano de ensino devem produzir motivação e
entusiasmo para a participação do aluno, ao mesmo tempo que visam a promover
maior qualidade de ensino e aprendizagem, pois organizam ações, recursos e
orientam também as avaliações.
Os planos de aula para a aprendizagem colaborativa também devem estar
articulados com as abordagens pedagógicas, que podem ser, principalmente, de
três principais categorias: construtivista, cognitivista, conectivista. O Quadro 1
destaca a natureza dessas abordagens.

5
Quadro 1 – Tipo e descrição de abordagem pedagógica

Tipo de abordagem pedagógica Descrição


Abordagem pedagógica construtivista Baseada em autores como Piaget, que
apostam na autonomia e na construção
do conhecimento pelo aluno, em
ambientes socializadores
Abordagem pedagógica cognitivista Baseada nas condições cognitivas dos
alunos, que envolvem atividades de
vencer desafios, uso de estratégias,
tentativas e erros, em busca da
aprendizagem
Abordagem pedagógica conectivista Baseada na ideia de que o conhecimento
se constrói pela capacidade de se fazer
conexões, por meio do uso de
informações que estão disponíveis nas
redes digitais.

TEMA 4 – EXEMPLO DE DESIGN DE PLANO DE AULA COM METODOLOGIA


PROBLEMATIZADORA

Ainda na mesma linha de raciocínio, no plano de aula se traçam alguns


passos específicos, segundo mostra o Quadro 2, exemplificando uma metodologia
de cunho problematizadora.

Quadro 2 – Exemplo de metodologia problematizadora para constituir o design de


um plano de aula

1º passo: extração de um Nesse passo, deve-se trabalhar elementos para


tema de interesse da própria observar a realidade no entorno dos alunos, para que
realidade tenham a capacidade de identificar problemas,
descrevê-los e orientá-los a uma forma de solução. A
realidade focada poderá ser intra ou extraespaço
escolar e deverá ser bem delimitada, para que receba
a solução encontrada para um dado problema
2º passo: definição de Nesse passo, pode-se partir de uma pergunta
possíveis causas diretamente dirigida aos alunos: o que vocês acham do

6
que causou determinado problema? Quais seriam as
suas causas possíveis?
3º passo: busca de subsídios Nesse passo, faz-se uma pesquisa exploratória sobre
teóricos, mais informação a o tema, a fim de encontrar problemas e soluções
respeito similares. Pesquisam-se sites, livros, artigos, revistas e
diferentes fontes fidedignas
4º passo: levantamento de Nesse passo, após entender e delimitar a
possíveis soluções problematização e refletir sobre o conteúdo, a equipe
de alunos poderá fazer o levantamento de possíveis
soluções e desenvolver mecanismos próprios para
escolher a mais viável
5º passo: possibilidade de Nesse passo, serão trabalhadas as condições de
voltar à realidade e aplicar a aplicação da solução à realidade, quais os recursos
solução necessários para implementá-la, quais os
colaboradores etc.
6º passo: avaliação da Nesse passo, deve-se desenvolver instrumentos que
implementação de soluções possam avaliar o que foi implementado – tanto para ver
se a meta foi atingida quanto como aprimorar ações
para projetos similares
Fonte: Adaptado de Garcia, 2018, p. 137; e Berbel, 1998, p. 142-144.

Esse exemplo de plano de ensino, visando ao uso de metodologia


problematizadora, pode ser aplicado em diferentes níveis escolares, do ensino
básico ao superior, respeitando-se os diferentes níveis dos alunos e também a
sua experiência ao executar projetos. Assim, “[...] problematizar implica ter
compromissos educacionais com a realidade, ao mesmo tempo em que se busca
desenvolver diferentes competências e domínios de suportes de pesquisa”
(Garcia, 2018, p. 137).

TEMA 5 – EXEMPLOS DE DESIGN DE ATIVIDADES COLABORATIVAS

Com base em Bates (2016), podemos mencionar alguns exemplos de


design de atividades que podem ser realizadas visando à aprendizagem
colaborativa e à relação com abordagens teóricas. Nesse caso, Bates (2016)
trabalha com as seguintes categorias de abordagens:

7
 objetivista1;
 construtivista;
 conectivista.

Quadro 3 – Diferentes tipos de atividades para compor o design de plano de aula

Abordagem Abordagem Abordagem conectivista


objetivista construtivista
Testes Ensaios E-portfólios
Facebook
Instagram
Twitter
Simulações Google
YouTube
Livros Fóruns de discussão Games
Ambientes virtuais de
aprendizagem (Avas)
Aulas expositivas Seminários Wiks
Webnars Blogs
Second life
Controle do professor Processo autônomo do
aluno
Fonte: Bates, 2016, p. 325.

Dessa forma, constata-se, com base no quadro proposto por Bates (2016),
que, mesmo sob diferentes abordagens de aprendizagem – objetivista,
construtivista ou conectivista –, o design de atividades para compor as aulas deve
estar atrelado aos objetivos que se quer alcançar, ao tipo de acompanhamento
avaliativo que se quer fazer, bem como aos resultados de aprendizagem
colaborativa.

FINALIZANDO

Nesta aula, como conclusões finais deve-se destacar o trabalho minucioso


de organização voltado a metas de aprendizagem colaborativa. Por essa razão,
foram focados diferentes tipos de design, que elaboram mensagens
comunicativas e pedagógicas entre professores e alunos.
Assim, nesta aula pôde-se ter acesso ao design de aprendizagem de um
planejamento de ensino, de um plano de aula, de uso de metodologia

1A abordagem objetivista entende que uma atividade pode ser proposta tendo uma expectativa
de resposta objetiva, direta, focada em conteúdos.
8
problematizadora entendida como uma possibilidade, bem como a exemplos de
design de atividades, com base em abordagens como a objetivista, a construtivista
e a conectivista.
Conclui-se que toda forma de design para a aprendizagem colaborativa
deve estar relacionada a um objetivo, ou seja, a uma meta comum e que as
metodologias trabalhadas sejam coerentes com tal objetivo de aprendizagem.

9
REFERÊNCIAS

BERBEL, N. A. N. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas:


diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface: Comunicação, Saúde,
Educação, Botucatu, v. 2, n. 2, 1998.

BATES, A. Educar na era digital: design, ensino e aprendizagem. São Paulo:


Editora Artesanato Educacional, 2016.

GARCIA, M. S. S. Mobilidade tecnológica e planejamento didático. São Paulo:


Editora Senac-SP, 2018.

REEVERS, T. C. Design research from a technology perpective. In: VAN DEN


AKKER, J. et al. (Ed.). Educational design research. Nova York: Routledge,
2006. p. 52-66.

10

Você também pode gostar