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RESUMO PARA ESTUDO EM DESENVOVIMENTO CURRICULAR/ISCED-BENGUELA

1. DEFINIÇÕES DE CURRÍCULO

Perspectiva Definição Definição


1ª perspetiva “Conjunto de conteúdos a ensinar, “Modelo organizado do programa educacional da
[…]organizado por disciplinas, temas, escola e descreve a matéria, o método e a ordem do
(mais formal) áreas de estudo, e como um plano de ensino – o que, como e quando se ensina”
ação pedagógica fundamentado e “(Phenix,1958, citado por Ribeiro 199, p.13)
implementado num sistema tecnológico”
(Pacheco, 2001, p. 16).
2ªperspetiva (mais informal) “o currículo é um conjunto dos pressupostos “é o conjunto de todas as experiências que o aluno
de partida, das metas que se deseja alcançar; adquire na escola como resultado da sua interação com
é um conjunto dos conhecimentos, os conteúdos de aprendizagem, com a comunidade
habilidades, atitudes, etc. que são escolar e com a cultura da escola” (Rodrigues, 1995, p,
considerados importantes para serem 13).
trabalhados na escola, ano após ano”
(Zabalza, 1992: 12)

2. FUNÇÕES DO CURRÍCULO (ZABALZA 1991:III)


a) Função de Difusão: relacionada como ato de tornar públicos os diferentes aspetos que conformam o currículo;

b) Função de orientação: Quando o currículo servir de guia e orientador da prática pedagógica dos professores.

3. COMPONENTES DO CURRÍCULO
a) Finalidade ou os propósitos, i.e., os objetivos;

b) Os conteúdos e a sua relação com os processos de aprendizagem /as experiências de aprendizagem, a evolução da ciência e a sua actualidade e pertinência;

c) A organização do ensino que inclui a sua estrutura, as metodologias e os contextos do ensino (estratégias e atividades);

d) A avaliação.

4. TEORIAS CURRICULARES
TEORIA Currículo Características Papel do Prof./Aluno
Conhecimentos, A teoria determina a prática, integração doAluno instrumento para o alcance dos objetivos,
Programas, Objectivos na vida prática, aje-se de acordo as regras, não se Reproduz os princípios predefinidos de
Técnica Meio tecnológico ou plano contextualiza o enino,Racionalidade técnica/ação eficácia e eficiência, Professor como mero
para aprendizagem tecnicista  Ideologia/organização técnico que obedece o que está
burocrática pré estabelecido, Aluno como
banco de depósito de conhecimentos,
como simples objeto da aprendizagem
Prática e processo de investigação Relação biunívoca teoria – prática; processo atitude reflexiva que interfere nas práticas
que estabelece (legitimidade processual)  Interação entre que desenvolve Professor é protagonista e
Conexão ebtre a intenção e a aluno, professor, meio e conteúdos  Discurso determinante na proposta e legitimidade do
Prática realidade; proposta a ser humanista  Fruto de uma racionalidade prática currículo Aluno visto como sujeito da sua
interpretada de diferentes modos e e de uma ação pragmática  Surge da confrontação aprendizagem
a ser aplicada em diferentes entre a intenção e a realidade
contextos; projeto, como hipótese
de trabalho
Resultado de interesses agrupados Relação biunívoca teoria – prática  Emancipação Professor é chamado a resolver os conflitos da
de professores e alunos portadores do sujeito como forma de resolver problemas da prática, reflete sobre a própria prática de
de uma consciência crítica prática  Organização participativa, democrática e modo crítico  O aluno é levado a ter
Crítica comunitária  Currículo como resultado  consciência e emancipar-se, a questionar  O
Currículo como uma praxis (prática e reflexão professor é visto como um intelectual
sobre a prática) reconhecido pela comunidade educativa.

5. CONCEITOS DE DES. CURRICULAR NAS PERSPECTIVAS DAS TEORIAS APRESENTADAS


a) Numa Perspetiva Mais Técnica desenvolvimento curricular - “processo tripartido – elaboração, implementação, avaliação – em que se conjugam esforços para
racionalizar os meios em função dos objetivos preestabelecidos e dos resultados a alcançar” (Pacheco, 2001, p. 63)

b) Numa Perspetiva Mais Prática, prevalece a participação e a partilha entre os vários agentes educativos envolvidos nesse processo (Pacheco, 2001, p. 63);

C) Numa Perspetiva Mais Crítica, “se reconhece quer aos professores quer aos alunos, a liberdade para negociar e determinar conteúdos curriculares”, o que
pressupõe a integração dos professores em comunidades críticas e reflexivas (idem, ibidem).

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6. FASES DO DESENVOLVIMENTO CURRICULAR
a) Currículo prescrito: inicia-se, por norma, pela proposta formal, regulado pela administração central, são emitidas diretrizes que influenciam a ordenação do
sistema curricular e a elaboração de materiais de controlo do sistema.

b) Currículo apresentado: apresentado aos professores, “através dos mediadores curriculares, principalmente dos manuais e dos livros de texto” (Pacheco, 2001,
p.69); o nível de formação do professor e as condições em que desenvolvem as suas atividades dificultam a tarefa de conformar a prática a partir do currículo prescrito,
o que tem contribuído para o papel preponderante que os manuais escolares e os livros de texto têm assumido no interior da sala de aulas, mesmo sabendo-se que
podem ser um poderoso fator de deesprofissionalização docente.

c) ) Currículo moldado: O currículo é moldado pelos professores (Gimeno, 1995), através da programação e planificação do currículo que conseguem adaptá-lo ao
contexto em que se desenvolve e às características e necessidades dos alunos.

d) Currículo em ação: também designado real (Kelly, 1986), currículo ativo (Goodson, 2001) ou, ainda, currículo operacional (Goodlad, 1979), corresponde à fase
que se situa num contexto de ensino, envolvendo, por isso, a ação pedagógica dos professores, que se dá na prática concreta da sala de aulas, o que se constrói entre o
professores e alunos pondo em prática o que antes foi projetado.

e) Currículo realizado: “a expressão dos resultados da interação didática e que tanto traduz o currículo vivenciado pelos alunos como o currículo vivenciado pelos
professores e demais interveniente” (Pacheco, 2001, p. 70), não corresponde ao currículo oficial e explícito”, estamos em presença do “currículo oculto”, “implícito,
latente, não intencional, não ensinado, escondido, abrange os processos e os efeitos que, não estando previstos nos programas oficiais, fazem parte da experiência
escolar”. corporiza efeitos de diversos tipos: cognitivo, afetivo, social e moral como “rendimentos” valiosos e proeminentes do sistema ou dos métodos pedagógicos.

7. O currículo como processo interpessoal, social, político, de colaboração e desarticulados da realidade


(Pacheco (2001, pp. 69-70), em Gimeno (1995, pp. 104-106) citado por Tavares (2014)
7.1. O currículo como processo interpessoal, social, político de colaboração e desarticulados da realidade (Pacheco
(2001, pp. 69-70), em Gimeno (1995, pp. 104-106) in Tavares (2014)

a) Como um processo interpessoal " um sistema de operações de tomadas de decisões acerca de onde é que o planeamento ou o currículo terá lugar, é necessário
pensar em quem estará envolvido no planeamento, na seleção e execução de procedimentos e, ainda, sobre de que modo o mesmo será implementado, avaliado e
reformulado.

b) Como um processo social: trata-se de "um empreendimento de pessoas“ ou seja um projecto e uma realização que só é possível através do envolvimento de
pessoas.

c) Como um processo político: conjunto de atividades relacionadas com o exercício do poder. A política = conjunto de meios que permitem alcançar os
efeitos desejados. E a educação como sistema visa alcançar determinados objectivos quanto ao tipo de cidadãos que se pretende que o país venha a ter. “é um processo
político que se traduz na tomada de decisões a nível nacional, regional e local e que conta com a influência de vários grupos que dispõem de poder de negociação
curricular” (Pacheco, 2001:64).

d) Como um empreendimento de colaboração e participação: porque envolver o trabalho conjunto de pessoas em diferentes níveis contextos, muitas com
competências diferenciadas.

e) Como um sistema desarticulado da prática de tomada de decisões: porque nem sempre aquilo que se decide em termos teóricos, isto é, os propósitos, se
concretizam ao nível das práticas o que justifica a desarticulação que carateriza a prática de tomada de decisão em termos curriculares.

8. A PARTICIPAÇÃO DO PROFESSOR NO DESENVOLVIMENTO DO CURRÍCULO


8.1. A participação do professor no desenvolvimento do currículo
a) O professor como técnico e consumidor de currículo: o professor é convocado a concretizar ou a implementar o currículo do modo mais fiel possível à proposta
apresentada pelos especialistas curriculares (Snyder, Bolim & Zumwalt, 1992), é considerado como "um consumidor ou operário do currículo que desenvolve tarefas
bem delimitadas, executando o que os outros prescreveram, função para a qual possui destrezas específicas” (Flores, 2000: 98).

b) O professor como gestor do currículo Identifica-se com a conceção de currículo como um “projeto em construção, direcionado para a resolução de problemas
práticos da educação” (Gimeno Sacristán, 1995). o professor é idealizado como um investigador, protagonista, aquele que faz adequação do currículo ao contexto
específico de cada realidade educativa; mediador e um gestor curricular ativo, com capaz de desenvolver projetos curriculares, numa perspetiva de participação e
colaboração na tomada de decisões;

c) O professor como construtor do currículo (Flores, 2000, p. 103): Professor emancipado, profissional crítico, gerador de conhecimento através da criatividade,
construtor de currículo, juntamente com os seus colegas formulam hipóteses de trabalho, planificam experiências, num esquema de investigação-ação o que lhe permite
desenvolver a inovação centrada na escola.

9. A AVALIAÇÃO DO CURRÍCULO
A avaliação é uma a peça-chave do sistema de ensino, não é aceitável que se reduza a avaliação a um teste, um exame ou uma classificação, ou que a sua função
realimentadora dos processos de ensino-aprendizagem seja visualizada numa perspetiva administrativa...( (Zabalza, 1991:, p. 235). “A avaliação não se deve
referir unicamente ao êxito do ensino ou da aprendizagem, mas deve também fornecer informações com base nas quais se possa tomar decisões” (Cronbach, 1963,
citado por Machado & Gonçalves, 1999, p. 214).

9.1. Alguns malefícios atribuídos à avaliação


• Repressiva, • Um instrumento de poder, • Uma forma de alienar os alunos, e de estimular a memorização, • Estar associada um estilo conservador e autoritário de
ensino, • Provocar efeitos negativos na personalidade e no desenvolvimento intelectual das crianças e dos estudantes, (Zabalza, 1991:, p. 235)

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9.2. Decisões que podem ser tomadas com base na avaliação
a) Melhoria de um programa: decidir que material e que métodos são satisfatórios e que mudanças é necessário fazer;

b) Decisões acerca de indivíduos: identificar as necessidades do aluno para organizar a sua instrução; julgar os seus méritos com vista a uma seleção e agrupamento;

c) Regulação administrativa: julgar a qualidade do sistema escolar, do pessoal docente, etc

10. A AUTONOMIA DA ESCOLA E DO PROFESSOR


A noção de autonomia deve ser analisada tendo em conta o panorama político e institucional dos sistemas escolares, sendo necessário considerar o papel do Estado
como organizador e regulador do sector escolar (Dupriez, 2011). A par dos alunos e demais agentes educativos, o professor faz a escola acontecer, o professor
desempenha um papel preponderante na organização e concretização dos processos de ensino aprendizagem, isto é, na operacionalização do currículo.

10.1. Níveis em que se dimensiona a autonomia no domínio educativo

1. autonomia política 2. administrativa, 3. financeira 4. científica e 5. pedagógica, englobando a autonomia curricular.

Obs: analisar no material de apóio para ver como se processa cada autonomia apresentada.

10.1. Funções da Escola / Educação Escolar


a) Função cultural: facilitar a assimilação e reconstrução significativas da "cultura" e do "conhecimento" enquanto patrimónios da sociedade;

b) Função personalizadora: desenvolver de forma equilibrada todas as capacidades (cognitivas, afectivas, sociais e psicomotoras) do indivíduo como pessoa;

c) Função socializadora: possibilitar a integração na sociedade de forma crítica e participativa.

d) Reprodutora: consiste em a escola reproduzir a sociedade em que se insere;

e) Transformadora: “transformar o indivíduo promovendo a sua cidadania e libertando-o da rigidez estrutural da sociedade”;

f) Compensatória: diz respeito à necessidade de a escola procurar “compensar os dislates e deformações sociais”. (Morgado, 2000, p. 52)

10.2. A(s) competência(s) do professor


Competência: “capacidade de compreender uma determinada situação e reagir adequadamente frente a ela, estabelecendo uma avaliação dessa situação de forma
proporcionalmente justa para com a necessidade que ela sugerir a fim de atuar da melhor maneira possível” Allessandrini (2002: 164). “um saber em uso” o oposto de
“saber inerte” Perrenoud (1995, citado por Roldão, 2006, p. 20) “saber que se traduz na capacidade [habilidade] efetiva de utilização e manejo – intelectual, verbal ou
prático – e não a conteúdos acumulados com os quais não sabemos agir no concreto, nem fazer qualquer operação mental ou resolver qualquer situação, nem pensar
com eles” (Roldão, 2006, p. 20). Ssim o professor tem a competência de fazer:

a. Operacionalização dos objetivos de aprendizagem tendo em conta os objetivos curriculares.

b. Sequencialização e gestão da extensão e da profundidade dos

c. Organização de situações de aprendizagem: escolha de métodos, técnicas e atividades.

d. Utilização e produção de materiais curriculares.

e. Manipulação dos recursos educativos.

f. Implementação de procedimentos de avaliação (Pacheco, 2001:103)

Da queí, é necessãrio que o Profissional de ensino seja ao mesmo tempo: artesão, reflexivo, “humano”, actor social, culto e técnico.

Por: Moisés Sachilombo,2023.

Baseado no Material de Apóio de Desenvolvimento Curricular, ISCED-BENGUELA,

Do Professor PhD, Augusto Ezequiel Afonso, 2021.

Desjamos Bom Proveito!

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