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Índice
Introdução...................................................................................................................................2

1. Definição Do Conceito Família Pela Etimologia Da Palavra..............................................3

1.1. Os primeiros agrupamentos sociais.................................................................................3

1.2. A Evolução Histórica Da Família....................................................................................5

1.2.1. A Família no Direito Romano......................................................................................5

1.2.2. A Família no Direito Canônico:...................................................................................7

1.3. Conceito de Família.........................................................................................................8

1.4. Definição do Conceito Família de Acordo a Legislação Moçambicana..........................8

1.5. Tipos de Família, Novas Formas de Família...................................................................8

1.5.1. Novos Tipos de Família - Estrutura / Dinâmica Familiar............................................9

1.6. Família Como Fenómeno Cultural.................................................................................12

Conclusão..................................................................................................................................14

Bibliografia...............................................................................................................................15
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Introdução

Falar de família hoje em dia e principalmente numa visão de um profissional que se preocupa
em moldar o comportamento dos indivíduos com vista a contribuir positivamente para que
estes vivam e convivam da melhor maneira possível, é um dos grandes motivos que
despertam cada vez mais interesse em abordar este tema, visto que esta está a sofrer profundas
transformações sociais, políticas e até culturais que muitas vezes trazem grandes implicações
para a saúde das pessoas.

Com o presente trabalho pretendemos analisar aspectos estritamente ligados a família, mostrar
e frisar uma vez mais a importância desta instituição que é considerada a base de todas as
sociedades, analisar aspectos que de alguma forma estão a contribuir para a transformação do
que era família em tempos mais remotos e o que estará a acontecer com esta nos tempos
atuais e que soluções propor para que esta permaneça e continue a servir de suporte e o meio
onde o indivíduo adquire a sua identidade.

O trabalho resulta basicamente de pesquisas bibliográficas e consultas de sites na Internet.

Em termos de estrutura, o trabalho conta com três partes principais, sendo a primeira, a
presente introdução, a segunda parte é preenchida pelo tema e aspectos relacionados ao tema,
na terceira parte ressaltamos pontos principais a reter sobre o tema e por fim apresentamos na
última parte as referências bibliográficas de todo o material usado para a composição do
trabalho e os respectivos sites consultados na Internet.
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1. Definição Do Conceito Família Pela Etimologia Da Palavra

A expressão família, etimologicamente, deriva do latim família ae, designando o conjunto de


escravos e servidores que viviam sob a jurisdição do pater famílias. Com sua ampliação
tornou-se sinônimo de Gens que seria o conjunto de agnados (os submetidos ao poder em
decorrência do casamento) e os cognados (parentes pelo lado materno), (VIANA, 2000).

1.1. Os primeiros agrupamentos sociais.

Desde 1 milhão até 10 mil anos atrás, os grupos hominídeos foram basicamente compostos
por caçadores, pescadores e coletores. O que exigiu uma organização social para coordenar os
esforços de caça, com uma divisão de tarefas pelo sexo e idade. As mulheres coletavam frutas
e raízes, cuidando dos filhos, amamentando a criança até que desse a luz ao próximo rebento,
em um espaço estimado em quatro anos, tratando também do preparo dos alimentos.
(Disponível em: <http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-agrupamentos-
socias>)

Os homens caçavam e pescavam, perseguindo animais em grupo, preparando artefatos para


facilitar a caça, como lanças e machados de pedra.

Aos caçadores cabia a distribuição da carne, feita através de longos rituais, influenciada pelo
grau de parentesco, alianças e devolução de favores. O caçador mais forte liderava o grupo,
enquanto os mais velhos formavam um conselho também destinado a ensinar os mais jovens,
ou eram deixados para morrer quando representava um fardo para o grupo, isto porque os
homens eram nômades, migrando atrás da caça e pesca. (Disponível em:
<http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-agrupamentos-socias>)

Estes primeiros grupos sociais, segundo vestígios arqueológicos, não eram superiores a trinta
indivíduos, fixando-se provisoriamente em cavernas ou habitações construídas com material
local. Sempre próximos a fontes de água doce, tal como rios, ou então em locais elevados para
facilitar a visualização de predadores e grupos rivais. (Disponível em:
<http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-agrupamentos-socias>)

Viveram na época que chamamos de pré-história, o período anterior a invenção da escrita,


entre 4 e 3 mil anos antes de Cristo.
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Isto porque é um período considerado anterior a história propriamente dita, já que não existem
relatos escritos sobre a vida destes grupos, somente vestígios arqueológicos que permitem a
penas suposições.

Dentro da pré-história, o espaço de tempo que vai da origem do homem até 12 mil anos é
chamado de Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada.

O início da sedentarização da humanidade e a invenção da agricultura é chamado de 


Mesolítico ou Nova Idade da Pedra, a Idade Média da pré-história.

Um período de transição com novas técnicas e instrumentos surgindo, convivendo com e


velhos hábitos e práticas, delimitado entre 12 até 10 mil anos, embora alguns autores
delimitem seu fim nos 6 mil anos. (Disponível em:
<http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-agrupamentos-socias>)

Entre 10 e 4 ou 3 mil anos, acorreu a Revolução Neolítica (Período Neolítico), quando o


homem se tornou sedentário, fixando-se em aldeias próximas a fontes de água e terras férteis.
Iniciou-se então a domesticação de plantas e animais, com a agricultura e o pastoreio. As
primeiras espécies vegetais domesticadas foram grãos, cereais e raízes; tal como milho, trigo,
cevada, arroz e batata-doce.
(Disponível em: <http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-agrupamentos-
socias>)

Ao passo que os primeiros animais domesticados foram cães, cabras, bois, camelos e
dromedários. Em pouco tempo, o homem aprimorou técnicas de construção de moradias,
criando peças de cerâmicas para armazenar alimentos e servir como decoração.

De qualquer forma, durante o Neolítico, também chamado Idade da Pedra Polida, a


sedentarização trouxe mudanças significativas na organização social, cultura e religião.

Os agrupamentos humanos se tornaram mais numerosos, comportando uma explosão


demográfica que originou as primeiras cidades e, posteriormente, as primeiras civilizações.
Este aumento das populações humanas criou rivalidade entre grupos humanos, fazendo nascer
a figura do guerreiro e organizações militares para proteger ou tomar recursos e terras.
(Disponível em: <http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-agrupamentos-
socias>)

Neste sentido, a divisão de tarefas continuou obedecendo uma dinâmica conforme sexo e
idade. Onde aos homens cabia preparar a terra para o cultivo e ará-la, cuidando também da
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caça e pesca, servindo como guerreiros. (Disponível em:


<http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-agrupamentos-socias>)

As mulheres, além das tarefas domésticas e do cuidar dos filhos, passou a caber a rotina da
lavoura e a colheita. Aos mais jovens, principalmente do gênero masculino, era atribuída a
tarefa de pastoreio de animais de pequeno porte. Os mais velhos deixaram de ser abandonados
para morrer, passaram a gozar de maior prestigio, compondo conselhos que decidiam os
destinos do grupo e guardando e preservando a memória oral. (Disponível em:
<http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-agrupamentos-socias>)

 No aspecto cultural e religioso, mitologias nasceram para tentar explicar os fenômenos da
natureza e padronizar comportamentos, quando apareceram, primeiro, o culto dos
antepassados e, depois, a figura dos deuses.

As mulheres passaram a ser vistas como seres sagrados, detentoras do dom da vida.

Para cultuar e simbolizar a religião e a política, começaram a ser esculpidas estatuas,


inicialmente, ligadas ao culto da fertilidade e Igualmente, foi aperfeiçoado o culto funerário e
a preservação da memória dos antepassados, algo vinculado com o surgimento do sentimento
de família. (Disponível em: <http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-
agrupamentos-socias>)

1.2. A Evolução Histórica Da Família

Não há na história dos povos antigos e na Antiguidade Oriental como na Antiguidade Clássica
o surgimento de uma sociedade organizada sem que se vislumbre uma base ou seus
fundamentos na família ou organização familiar.

 O modelo de família brasileiro encontra sua origem na família romana que, por sua vez, se
estruturou e sofreu influência no modelo grego.

1.2.1. A Família no Direito Romano.

 Foi a Antiga Roma que sistematizou normas severas que fizeram da família uma sociedade
patriarcal. A família romana era organizada preponderantemente, no poder e na posição do
pai, chefe da comunidade. O pátrio poder tinha caráter unitário exercido pelo pai. Este era
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uma pessoa sui júris, ou seja, chefiava todo o resto da família que vivia sobre seu comando,
os demais membros eram alini júris, (MACHADO, 2000).

Pelo relato de ArnoldoWald: 

A família era, simultaneamente, uma unidade econômica, religiosa,


política e jurisdicional. Inicialmente, havia um patrimônio só que
pertencia à família, embora administrado pelo pater. Numa fase mais
evoluída do direito romano, surgiam patrimônios individuais, como os
pecúlios, administrados por pessoas que estavam sob a autoridade
do pater. (WALD, 2004).
Na sociedade Romana, elitista e machista os poderes patriarcais eram numerosos. Como
mostram os princípios que vigiam à época:

- Jus vita ac necis (o direito da vida e da morte);

- Jus exponendi (direito de abandono);

- Jus naxal dandi (direito de dar prejuízo).

 Com a morte do “pater famílias” não era a matriarca que assumia a família como também as
filhas não assumiam o pátrio poder que era vedado a mulher. O poder era transferido ao
primogênito e/ou a outros homens pertencentes ao grupo familiar.

No casamento Romano existiam duas possibilidades para a mulher: ou continuava se


submetendo aos poderes da autoridade paterna (casamento sem manus), ou ela entrava na
família marital e devia a partir deste momento obediência ao seu marido (casamento
com manus), (MACHADO, 2000).

Duas espécies de parentesco existiam no Direito Romano: a agnação consistia na reunião de


pessoas que estavam sob o poder de um mesmo pater, englobava os filhos biológicos e os
filhos adotivos, por exemplo. A cognação era o parentesco advindo pelo sangue. Assim, a
mulher que houvesse se casado com manus era cognada com seu irmão em relação ao seu
vínculo consangüíneo, mas não era agnada, pois cada qual devia obediência a
um  pater diferente, ou seja, a mulher ao seu marido e o irmão ao seu pai. Com a evolução da
família romana a mulher passa a ter mais autonomia perante a sociedade e o parentesco
agnatício vai sendo substituído pelo cognatício, (MACHADO, 2000).

Na época do Império Romano passam os cognados a terem direitos sucessórios e alimentares,


além da possibilidade de um magistrado poder solucionar conflitos advindos de abusos
do pater. Nesta fase, a mulher romana já goza de alguma completa autonomia além de
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corresponder ao início do feminismo. A figura do adultério e a do divórcio se multiplica pela


sociedade romana e com isso a dissolução da família romana.

No Digesto, esclarece Marciano: 

Carcopino, no seu estudo sobre a vida cotidiana dos romanos, assinala


que, à medida que o pai deixava de ser a autoridade severa e arbitrária
dos primeiros tempos para reconhecer a autonomia e a independência
dos filhos, multiplicava-se em Roma a figura leviana do filius mimado
e egoísta, gastando num dia fortunas acumuladas pelo trabalho de
gerações, caracterizando assim uma sociedade que adquiriu o hábito
do luxo e perdeu a sobriedade. Após o austero e rígido pater, veio à
época da soberania incontestável das novas gerações, CAHALI, 1939.
A doutrina jurídica reconhece que o direito romano forneceu ao Direito brasileiro elementos
básicos da estruturação da família como unidade jurídica, econômica e religiosa, fundada na
autoridade de um chefe, tendo essa estrutura perdurada até os tempos atuais. (PEREIRA,
2004).

1.2.2. A Família no Direito Canônico: 

A partir do século V, com o decorrente desaparecimento de uma ordem estável que se


manteve durante séculos, houve um deslocamento do poder de Roma para as mãos do chefe
da Igreja Católica Romana que desenvolveu o Direito Canônico estruturado num conjunto
normativo dualista (laico e religioso) que irá se manter até o século XX. Como conseqüência,
na Idade Média, o Direito, confundido com a justiça, era ditado pela Religião, que possuindo
autoridade e poder, se dizia intérprete de Deus na terra, (CORRÊA, 1999).

Os canonistas eram totalmente contrários à dissolução do casamento por entenderem que não
podiam os homens dissolver a união realizada por Deus e, portanto um sacramento. 

Para Arnoldo Wald (2004):

Havia uma divergência básica entre a concepção católica do casamento e a concepção


medieval. Enquanto para a Igreja em princípio, o matrimônio depende do simples consenso
das partes, a sociedade medieval reconhecia no matrimônio um ato de repercussão econômica
e política para o qual devia ser exigido não apenas o consenso dos nubentes, mas também o
assentimento das famílias a que pertenciam. 

O direito canônico fomentou as causas que ensejavam impedimentos para o casamento,


incluindo as causas baseadas na incapacidade de um dos nubentes como eram: a idade,
casamento anterior, infertilidade, diferença de religião; as causas relacionadas com a falta de
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consentimento, ou decorrente de uma relação anterior (parentesco, afinidade), (WALD,


2004). 

A evolução do Direito canônico ocorreu com a elaboração das teorias das nulidades e de
como ocorreria a separação de corpos e de patrimônios perante o ordenamento jurídico. Não
se pode negar, entretanto, a influência dos conceitos básicos elaborados pelo Direito
Canônico, que ainda hoje são encontrados no Direito Brasileiro.  

1.3. Conceito de Família

A família, segundo Murdock Apud Lakatos (1996), é "um grupo social caracterizado pela
residência comum, com cooperação económica e reprodução".

Para Lucy Mair (1970:96) Apud Lakatos (1996), ela consiste em "um grupo doméstico no
qual os pais e filhos vivem juntos".

Beals e Hoijer (1969:475) Apud Lakatos (1996), definem família como "um grupo social
cujos membros estão unidos por laços de parentesco", ou ainda, "um grupo de parentes afins e
seus descendentes que vivem juntos".

1.4. Definição do Conceito Família de Acordo a Legislação Moçambicana

De acordo com a lei da família em vigor em Moçambique, lei nº 10/2004, de 25 de Agosto, no


Titulo 1 (Disposições Gerais), no seu artigo 1 (Noção da Família) define a família como:

1. A família é a célula base da sociedade, factor da socialização da pessoa humana.

2. A família constitui o espaço privilegiado no qual se cria, desenvolve e consolida a


personalidade dos seus membros e onde devem ser cultivados o diálogo e a entreajuda.

No seu artigo dois (Âmbitos) a lei da família diz:

1. A família é a comunidade de membros ligados entre si pelo parentesco, casamento,


afinidade, e adopção.

2. É ainda reconhecida como entidade familiar, para efeitos patrimoniais, a união singular
estável, livre e notório entre um homem e uma mulher.

1.5. Tipos de Família, Novas Formas de Família

Alarcão define “novas formas de família” como um conjunto diversificado de configurações


familiares distintas da família tradicional e da família de três gerações.
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Acrescenta as famílias reconstituídas, as famílias monoparentais, as famílias de colocação, as


famílias adoptivas, as famílias homossexuais e as famílias comunitárias (Alarcão, 2006).

A classificação proposta por Caniço et al (2011), é dotada de duas características Essenciais:


dinâmica, enquanto mutabilidade, e sobreposição, enquanto junção de vários elementos
apontados, considerando fundamental a existência de um plano de cuidados à família para
cada caso.

1.5.1. Novos Tipos de Família - Estrutura / Dinâmica Familiar

Cada um dos tipos de família contempla estrutura e dinâmica. Alguns tipos caracterizam
melhor a estrutura, outros sinalizam determinada dinâmica, disfuncional ou não (Caniço et al,
2011).

Uma família considera-se funcional quando os limites entre os seus elementos são claros,
havendo ligações sólidas entre os elementos de cada subsistema, a chefia é bem aceite pelos
chefiados e as responsabilidades são assumidas e partilhadas em situações difíceis (Almeida,
1994).

Caniço (Caniço et al, 2011 Apud Caniço, 2014) propõe os seguintes tipos de família (Caniço
et al, 2011e), segundo a estrutura e dinâmica familiar:

1. Díade nuclear: família em que existe uma relação conjugal sem filhos, uma união
entre duas pessoas, que co-habitam. Não há descendentes comuns, nem de relações
anteriores de cada elemento. Também designada família sem filhos (Relvas, 2004;
Southern Kings Consolidated School, 2012 Apud Caniço, 2014). São exemplos, a
união entre homem e mulher que ainda não tiveram filhos por opção ou
impossibilidade, médica ou outra, ou que nunca os virão a ter.
2. Família nuclear: a típica família com uma só união entre adultos e um só nível de
descendência, ou seja, pai e mãe e o (s) seu (s) filho (s) (Nunes, 2011; Costa et al,
2011; Southern Kings Consolidated School, 2012 Apud Caniço, 2014). Também
designada de família simples ou nuclear tradicional. Classicamente, é-lhe atribuída
grande estabilidade, de facto, tradição ou sociedade. No entanto, devemos estar atentos
à dinâmica familiar e aos sinais que alertem para a disfuncionalidade, alargando a
entrevista clínica minuciosa. Muitas vezes, os indícios de disfunção são
intencionalmente camuflados por diferentes elementos da família.
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3. Família alargada: família em que co-habitam ascendentes, descendentes e / ou


colaterais por consanguinidade ou não, para além de progenitor (es) e / ou filho (s)
(Costa et al, 2011; Southern Kings Consolidated School, 2012 Apud Caniço, 2014).
Existe uma união conjugal e mais do que um nível de descendência, podendo co-
habitar avós, netos, tios, primos, cunhados. Também designada de família extensa.
4. Família reconstruída: família em que existe uma nova união conjugal, com
existência (ou não) de descendentes de relações anteriores, de um ou dos dois
membros do casal. Também designada de família combinada, recombinada ou
reconstituída (Relvas, 2004; Alarcão, 2006i; Zamora, 2008; Nunes, 2011; Costa et al,
2011 Apud Caniço, 2014).
5. Família homossexual: família em que existe uma união conjugal entre 2 pessoas do
mesmo sexo, independente da restante estrutura, distinguindo-se da família nuclear
por serem do mesmo sexo (Relvas, 2004; Alarcão, 2006 Apud Caniço, 2014).
6. Família monoparental: família constituída por um progenitor que co-habita com o (s)
seu (s) descendente (s), não mantendo relação conjugal de co-habitação permanente,
independentemente das razões para tal (viuvez, separação de facto, opção individual,
etc.) (Relvas & Alarcão, 2007; Nunes, 2011; Costa et al, 2011 Apud Caniço, 2014). A
monoparentalidade, particularmente quando os filhos são pequenos, poderá ser
tradutora de sobrecarga do cuidador e de impacto pela ausência da figura tutelar
materna ou paterna nos descendentes, privados da co-habitação com o outro
progenitor (Correia, 2002).
7. Família unitária: família constituída por uma pessoa que vive sozinha,
independentemente de existência de relação conjugal sem co-habitação ou da riqueza
de outras relações familiares ou extrafamiliares. Também designada de família de
indivíduo só (Costa et al, 2011 Apud Caniço, 2014). Poderá traduzir instabilidade,
pelo desejo não realizado de uma união e / ou descendência, ou poderá indicar desejo
pessoal, sem conflito interior pela opção tomada.
8. Família de co-habitação: Homem (s) e / ou mulher (es) que vivem na mesma
habitação (Subtil, 2008 Apud Caniço, 2014). Poderão existir muitos contextos:
estudantes universitários, imigrantes que co-habitam, amigos que partilham casa.
Implica a inexistência de laços familiares ou relações conjugais, existindo ou não um
projecto comum.
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Pode traduzir afastamento temporário do lar de origem e ter grande impacto na saúde
mental (solidão) e física (comportamentos de risco). Estabelecem-se, por vezes,
amizades duradouras, conflitos permanentes e relações de entreajuda ou concorrência.
9. Família hospedeira: família em que ocorre a colocação temporária de um elemento
exterior à família, habitualmente uma criança (Zamora, 2008 Apud Caniço, 2014).
Como exemplo mais actual, indicamos as famílias de acolhimento, em caso de
abandono ou perda de custódia da família biológica.
Apesar do carácter temporário e inexistência de laços familiares prévios, estes podem
estabelecer-se e dificultar a hora da separação, ou pode haver clara inadaptação do
todo esporádico à família pré-estabelecida.
10. Família adoptiva ou de adopção: são famílias que adoptaram uma (ou mais) criança
(s) e adolescente (s) não consanguínea (s), mas que lhe estão ligados por laços
afectivos e legais (Relvas & Alarcão, 2007 Apud Caniço, 2014).
Nestas famílias, podem co-habitar filhos biológicos. A impossibilidade de
descendência biológica pode ser a motivação para a adopção, ou esta ocorrer após um
luto de um filho.
11. Família consanguínea: família em que existe uma relação conjugal consanguínea,
independentemente da restante estrutura. Poderá acarretar implicações médicas nos
(eventuais) descendentes e sociais em todos os elementos da família (Caniço et al,
2011d).
12. Família com dependente: família em que um dos elementos é particularmente
dependente dos cuidados de outros, por motivo de doença, excluindo-se o caso de
crianças saudáveis (Pitt, 1998 Apud Caniço, 2014). São exemplos, famílias em que um
dos membros apresenta limitações do desenvolvimento cognitivo psico-motor ou das
actividades de vida diária, encontrando-se acamado ou apresentando deficiência
mental e / ou motora, requerendo vigilância e orientação constante.
13. Família com fantasma: família em que ocorre o desaparecimento de um dos
elementos, de forma definitiva (falecimento) ou dificilmente reversível (divórcio,
rapto, desaparecimento ou motivo desconhecido) (Subtil, 2008 Apud Caniço, 2014).
Tal implica que o elemento em falta continua presente na dinâmica familiar,
dificultando a reorganização das relações familiares e impedindo o desenvolvimento
individual dos restantes membros.
14. Família múltipla: Família em que o elemento identificado integra duas (ou mais)
famílias, constituindo agregados diferentes, eventualmente com descendentes em
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ambos. Também se pode designar família 2 em 1. O elemento comum intervém na


dinâmica em ambas as famílias, criando expectativas e multiplicando objectivos,
podendo ter distúrbio da personalidade ou perturbação do afecto (Caniço et al, 2011d
Apud Caniço, 2014).

1.6. Família Como Fenómeno Cultural

Segundo WLSA Moçambique (1998), a família como agente da socialização produz e


reproduz valores, regras e sanções, que visam desenvolver coesão, independentemente do
meio de pertença.

Shaffer (2005), acrescenta que é a família que possui uma função inicial importante no que se
refere à socialização infantil. A família serve de instrumento primário de socialização visto
que os eventos dos primeiros anos são tão importantes para o desenvolvimento social,
emocional e intelectual.

Aghassian, M. et all (2003). diz que a família tem como função primordial a de protecção,
tendo sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e
conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas. É visto aqui que
a família ajuda o indivíduo a manter uma boa saúde física e mental, a lidar com as diversas
situações da vida, situações de stress por exemplo e outras situações difíceis a que se pode
atravessar.

Neste contexto (Mwamwenda, 2005), argumenta dizendo que é na família que os indivíduos
encontram suporte e apoio emocional de que necessitam para recuperar-se de várias doenças.

Já Dioma e Vilela (2005), afirmam que desde sempre, a família surgiu como um lugar onde se
aprende a viver, ser e estar, e onde se começa o processo de consciencialização dos valores
sociais inerentes à sociedade e sem os quais esta não consegue subsistir. É neste ambiente que
o indivíduo aprende a respeitar os outros e a colaborar com eles.

A família surge com direitos e deveres. Estes deveres estão consagrados na Constituição da
República, nos valores sociais e morais respectivos à sociedade. Os pais dão vida aos filhos, a
partir daqui cabe a eles dar-lhes o apoio de que necessitam, a educação e as condições
necessários para o seu crescimento saudável.

É grande a importância da família para a construção de uma sociedade estruturada, saudável e


equilibrada. A Constituição da República de Moçambique de 2004, no seu Capítulo III,
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Artigo 119 estabelece que a família é o elemento fundamental e a base de toda a sociedade.
No seu Artigo 120, estabelece que a família é responsável pelo crescimento harmonioso da
criança e educa as novas gerações nos valores morais, éticos e sociais. É ela ainda juntamente
com o estado que asseguram a educação da criança, formando-a nos valores da unidade
nacional, no amor à pátria, igualdade entre homens e mulheres, respeito e solidariedade social.

Em relação a esta questão, Shaffer (2005) estabelece que a função mais importante de uma
família em todas as sociedades é cuidar e socializar seus filhos. A socialização seria segundo
ele, o processo pelo qual as crianças adquirem crenças, valores, e comportamentos
considerados apropriados e importantes pelos membros da sua sociedade.
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Conclusão

Para terminar, concluiu-se que o vocábulo família pode possuir vários significados para as
diversas áreas das ciências humanas, em que, essa diversidade da conceitualização do termo
família, não só tem haver com a multiplicidade das áreas que este termo é contextualizado,
assim como, pode ser pela evolução espacial e temporal dos autores que deram sua definição,
e, estes, influenciados pela maneira como viviam ou observavam os factos ou fenómenos
sociais.

Como se não bastasse, conclui-se ainda que a origem e evolução do conceito família,
remontasse na época romana, em que, esta, serviu de modelo para as famílias actuais nas
regiões em que os romanos ratificaram ou fizeram empréstimo de sua cultura.

De sustentar que, o desenvolvimento da família se deu, paralelamente, com a evolução da


humanidade da selvageria, passando pela barbárie, até a civilização. Neste caso, a evolução da
família nos tempos pré-históricos, portanto, consiste numa redução constante do círculo em
cujo seio prevalece a comunidade conjugal entre os sexos, círculo que originariamente
abarcava a tribo inteira. A exclusão progressiva, primeiro dos parentes próximos, depois dos
parentes distantes e, por fim até das pessoas vinculadas apenas por aliança, torna impossível
na prática qualquer matrimónio por grupo.
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<http://suahistoriaonline.comunidades.net/os-primeiros-agrupamentos-socias>).

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