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CENTRO EDUCACIONAL E TEOLÓGICO DA ASSEMBLÉIA DE DEUS

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO

ANDRÉ LUIZ ANDRADE SILVA

OS PERÍODOS DA HISTÓRIA

Feira de Santana
2023
1 INTRODUÇÃO

A narrativa do antigo testamento se deu por um longo período da história que


compreende desde a Era Neolítica passando pela Idade dos Metais que vai até 586 a.c. O
estudo do contexto histórico no qual viveram os hebreus é de grande importância para a
compreensão e para desenvolver o conhecimento acerca da revelação que o Eterno deixou
através das Escrituras Sagradas. Embora muitos teólogos modernos insistam em iniciar os
estudos teológicos veterotestamentários tendo como ponto de partida a revelação, outros
caminham na contramão, defendendo iniciar a partir do estudo do homem. Dessa forma,
lançando mão da sociologia e da antropologia para ampliar essa compreensão. Nesse
sentindo, buscou-se explanar de forma concisa alguns fatos importantes ocorridos em cada um
desses períodos, a saber, da Revolução Neolítica até a formação dos primeiros Estados
Religiosos Arcaicos, posteriormente, a origem ao estabelecimento dos Impérios que
culminaram na era de Amarna. E em sequência a esses fenômenos civilizatórios, também
discorrer sobre a formação dos Estados Multinacionais até os períodos conhecidos como a era
da Supremacia Grega e a Era Romana.

2 A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA

Compreendido como o penúltimo período da pré-história, o neolítico foi marcado por


importantes avanços na forma de as sociedades se relacionarem com o meio ambiente na
busca de suas subsistências. Por esse motivo, é considerado um período revolucionário onde
se estabeleceu o desenvolvimento de ferramentas especializadas e das práticas da agricultura e
da criação de gado. Esse conhecimento, aplicou-se a uma variedade de plantas e de animais
que ainda possuíam suas características selvagens (MAZOYER; ROUDART, 1998).
Desde a era paleolítica e por algum tempo na era neolítica, grande parte dos povos da
Europa e do Oriente tinha como modo de vida o nomadismo, também existem inúmeras
evidências de que os hebreus viviam como nômades antes de sua entrada no território da
Palestina (MCCARTHY, 1972 apud SMIDTH, 2001). Esse estilo de vida migratório servia ao
propósito de sobrevivência, e na busca por alimentos seguiam as manadas de animais
selvagens e praticavam a coleta de vegetais. Em seus circuitos migratórios, muitas vezes
retornavam aos antigos acampamentos e os reutilizavam por muito tempo (PARKER et al,
2009).
Embora o perfil nômade fosse a regra de sobrevivência, quando um grupo encontrava
um local com grande capacidade de recursos, tendiam ficar por mais tempo e tinha a
necessidade de desenvolver ferramentas especializadas, inclusive bélicas, para defender seus
territórios. Em contrapartida. os territórios com poucos recursos somados ao crescimento do
grupo os forçavam a domesticar animais e a cultivar algumas espécies vegetais, e assim suas
características nômades se tornava cada vez mais incomuns (NAVARRO, 2006). Em
consonância com essa ideia, Mazoyer e Roudart (2010, p.101) explicam que,

[...] a transformação de uma sociedade que vivia da predação simples e


dispunha de instrumentos, de organização social e do savoir-faire
necessários para uma sociedade que vivia principalmente dos produtos dos
cultivos e das criações – e contava com os meios materiais, de organização
social e de conhecimentos correspondentes – aparece como um
encadeamento complexo de mudanças materiais, sociais e culturais que se
condicionam umas às outras e que se organizam por várias centenas de anos.

Dessa forma, os fenômenos imbricados na transformação social dos nômades não


aconteceram de forma isolada e em etapas distintas, ao contrário, aconteceram de forma
contínua e simultânea, tendo como lastro o acúmulo de conhecimento, a experiência e a
necessidade, sendo este último o caminho norteador desse desenvolvimento.
A prática da agricultura e criação de animais foi o grande propulsor para os povos
antigos deixarem o nomadismo. Apesar de o sedentarismo ter se iniciado de forma tímida no
final do período paleolítico, foi no neolítico que se estabeleceu e se ampliou tornando a forma
decisiva para manutenção desses grupos. O solo além de ser fonte de materiais em sua
superfície, através de sua manipulação deu lugar ao plantio de muitas plantas comestíveis, em
especial os cereais (NAVARRO, 2006).

3 ESTADOS RELIGIOSOS ARCAICOS

A revolução neolítica teve papel preponderante para o surgimento das primeiras


organizações complexas, em outras palavras, a transição da produção caçadora-coletora para a
agricultura decorreu no processo autocatalítico de centralização eventualmente levando á
formação do estado (BANG; SKAANING, 2010, tradução nossa). Nesse sentido, o
surgimento dos Estados Arcaicos se deu entre outros fatores, pela aglomeração de grupos
familiares, que se uniam em prol do desenvolvimento através da união de forças para o
cultivo e a criação de animais. Sobre esses agrupamentos humanos, Jardé (1977, p. 198)
afirma sobre o surgimento dos estados arcaicos na Grécia que ,“[...] o genos ou família,
compreendia todos aqueles que eram arrolados como descendentes de um antepassado comum
e que possuíam um culto doméstico particular [...]”. Entretanto, o crescimento e a expansão
desses agrupamentos se deram por relações que independiam de parentesco, pois a maioria
das grandes aglomerações se assemelhavam nos “meios existentes de comunicação
interpessoal, coordenação e interação, ao mesmo tempo em que aumentavam a dependência
de não-parentes para o essencial da vida (FEINMAN, 2016, p. 6, tradução nossa).
Segundo Parker e colaboradores (2009), os reis dos Estados primitivos tinham total
controle sobre a vida social, política e religiosa do povo. Como é o caso dos monarcas do
antigo Oriente Próximo, que se oficiavam sacerdotes tornando-se mais poderosos ao passo
que o templo iria crescendo. A estreita relação entre o comando e o poder religioso se deu ao
fato de os governos necessitarem de um trabalho organizado em prol de seus Estados. Nesse
mesmo sentindo, Aymard e Auboyer (1972) dizem que,

[...] os guias necessitam, pois, de uma autoridade particularmente


forte. E esta só podia surgir de um conjunto de crenças religiosas que
impunham ao homem uma submissão total, uma considerável redução,
senão o próprio aniquilamento de suas atividades individuais e como
que a sua fusão num complexo de trabalho disciplinado.

Um fato curioso e ao mesmo tempo inexplicável é que três fatores estavam presentes
no apogeu dos Estados Arcaicos e que também transcenderam para o surgimento dos
impérios: além das condições naturais, a organização coletiva e o sistema de crenças são
identificados tanto na formação e desenvolvimento dos povos egípcios quanto nos
mesopotâmicos. Entretanto, tem-se a religião não somente como um meio para o alcance da
utilização material, ao invés disso, ela continua a se proliferar entre os povos, mesmo quando
desarraigada do controle de recursos materiais, pressupondo que ele esteja mais ligada a
subjetividade humana do que qualquer outra coisa (AYMARD; AUBOYER, 1972. p. 12).
Em suma, é importante ressaltar que os Estados religiosos arcaicos contribuíram de
maneira singular para as civilizações posteriores, pois o resultado dessas aglomerações que
eram cada vez mais organizadas foi o surgimento da escrita, aritmética e muitas outras formas
de gêneros literários como poemas, lendas e também registros históricos de grande valor
cultural.
4 O ESTABELECIMENTO DOS IMPÉRIOS

Para muitos autores, a era dos antigos impérios se iniciou com os Neo-Assírios por
volta do século VIII a.c. e terminou com Umayyad, o primeiro império islâmico e último da
era antiga (661 – 750 d.c.). Entretanto, os mesmos foram construídos com base em
precedentes que já existiam desde eras passadas: a ligação da figura dos imperadores a um
poder divino. Com exceção dos atenienses e dos romanos, que substituíram a ideologia por
valores diferentes da realeza divina (CLINE; GRAHAM, 2011).

5 A ERA DE AMARNA

A Era de Amarna também conhecida como período amarniano ( 1353–1335 a.C.),


foi um período onde ocorreu o declínio do apogeu do Egito, que tinha se configurando como a
maior potencia da época, ainda na Era de Amarna, existia uma intensa conexão entre as
potencias imperiais, sendo as interações comerciais âmago dessas relações.
O termo Armana faz referência à cidade planeja Tell el Armana, construída pelo
monarca Akheneton, que se divergiu de todos os seus antecessores quebrando a tradição
politeísta, mudando o conceito de arte, implementando o monoteímo e apresentando avanços
no campo político e cultural. Séculos antes o apogeu egípcio se mostrava em uma faze áurea,
que introduziu um “Reino Novo” com “status” de um grande império.
Muitas regiões tinham sido conquistadas pelo novo império, a ampliação do território
egípcio englobou a Ásia Menor, Núbia e parte da Mesopotâmia, porém essa ascensão

REFERÊNCIAS

CLINE, E. H; GRAHAM, M. W. Ancient empires : from Mesopotamia to the rise of


Islam. New York: Cambridge University Press, 2011.
FEINMAN, GARY, M. Variation and Change in Archaic State: ritual as a mechanism of
sociopolitical intregration. Florida: University press of Florida, 2016.

NAVARRO, R. F. A Evolução dos Materiais. Parte1: da Pré-história ao Início da Era


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MAZOYER, Marcel; ROUDART, Laurence. História das agriculturas no mundo: do


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