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FACULDADE STBNB

COORDENAÇÃO DE TEOLOGIA
BACHARELADO EM TEOLOGIA
PRÁTICA DE LEITURA E ESCRITA EM LÍNGUA PORTUGUESA
Prof. Ms. Armindo Ferreira
Discente: Lucas Xavier Ferreira

RESENHA

Recife
2023
PUNTEL, Joana T.; SBARDELOTTO, Moisés. Da Reforma histórica à “Reforma
digital”: desafios teológicos contemporâneos. Reforma: perspectivas práticas e
interdisciplinares. Estudos Teológicos, São Leopoldo, v. 57, n. 2, p. 350-365, jul./dez.
2017.

Resenha

O texto apresenta uma análise interessante da relação entre a Reforma


Protestante liderada por Martinho Lutero no século XVI e o papel dos meios de
comunicação impressos na disseminação das ideias reformistas. Destaca-se a
conexão estreita entre a Reforma e os panfletos impressos, murais em igrejas e
praças públicas, bem como a importância da imprensa como meio de comunicação
para a propagação das teses de Lutero.
A argumentação do texto mostra como Lutero utilizou a imprensa como um
meio de sinalização social e abertura pública da religião, alcançando um público mais
amplo e desencadeando um debate público sobre questões religiosas e teológicas.
Além disso, Lutero reconheceu a necessidade de superar a falta de conhecimento da
fé cristã entre ministros e o povo leigo, o que o levou a traduzir a Bíblia para o alemão
e fundar escolas para promover a alfabetização.
A abordagem do texto ressalta a importância dos meios de comunicação
impressos na democratização do conhecimento teológico, permitindo que as pessoas
comuns tivessem acesso a informações religiosas e participassem de debates
teológicos. A Reforma Protestante foi apresentada como um processo comunicacional
que descentralizou a comunicação religiosa e ampliou a disseminação de teologias
alternativas, desafiando a autoridade e o controle das instituições religiosas.
No entanto, é importante observar que o texto parece ter uma perspectiva
parcial, concentrando-se principalmente nos aspectos positivos da Reforma
Protestante e sua relação com os meios de comunicação impressos. A crítica do texto
reside na falta de uma análise mais aprofundada das implicações sociais, políticas e
religiosas da Reforma e do uso dos meios de comunicação impressos.
Por exemplo, a Reforma Protestante também gerou conflitos e divisões dentro
da sociedade europeia da época, resultando em conflitos armados e rivalidades
religiosas que perduraram por décadas. Além disso, a disseminação de ideias através
dos meios de comunicação impressos também levantou questões sobre a
manipulação da informação, a propagação de conteúdo distorcido e a falta de controle
sobre a disseminação de heresias.
O texto também se concentra em analisar a relação entre a revolução digital e
os processos religiosos e teológicos, argumentando que a "Reforma digital" está
desencadeando uma revolução religioso-teológica. Embora o texto apresente
algumas reflexões interessantes sobre o impacto da digitalização na sociedade e na
prática religiosa, há alguns pontos que podem ser discutidos.
O texto menciona a comparação entre a Revolução Protestante histórica e a
atual "Reforma digital", destacando a necessidade de atualização de práticas e
doutrinas religiosas. No entanto, não fica claro em que aspectos exatamente essa
comparação se baseia. Enquanto a Reforma Protestante foi um movimento teológico
e social liderado por figuras como Martinho Lutero, a "Reforma digital" parece ser um
fenômeno mais difuso e descentralizado. Faltam exemplos concretos e análises
aprofundadas para sustentar essa comparação.
Além disso, o texto aborda a digitalização da informação e suas consequências
sociais, mencionando a descontextualização e recombinação dos dados como
resultado desse processo. Embora seja verdade que a digitalização tenha alterado
significativamente a forma como acessamos, compartilhamos e reinterpretamos
informações, seria necessário explorar mais detalhadamente as implicações
específicas para a teologia e a prática religiosa. Como exatamente a digitalização
afeta a compreensão do sagrado e a formação do conhecimento teológico? O texto
não oferece uma análise aprofundada dessas questões.
Outro aspecto a ser considerado é a afirmação de que a digitalização permite
uma participação mais ativa e criativa das pessoas na construção de sentidos e
discursos teológicos. Embora seja verdade que a internet e as redes sociais tenham
ampliado as oportunidades de expressão e debate, também é importante reconhecer
que a presença online não garante automaticamente uma maior qualidade teológica
ou uma abordagem responsável das questões religiosas. A disseminação de múltiplas
opiniões e a falta de filtros podem levar a interpretações distorcidas ou até mesmo à
propagação de informações falsas.
O texto também sugere que as instituições religiosas e a teologia acadêmica
estão perdendo seu papel central na produção e disseminação de conhecimento
teológico devido ao crescimento exponencial de "produtores de cultura" na era digital.
Embora seja verdade que as estruturas tradicionais podem estar enfrentando desafios
significativos diante das transformações tecnológicas, também é necessário
considerar que as instituições religiosas e a academia teológica ainda desempenham
um papel importante na pesquisa, formação e orientação do pensamento teológico.
O autor destaca a necessidade de reconhecer as redes sociais e outras
plataformas online como locais teológicos, onde a sociedade em geral discute e reflete
sobre assuntos sagrados. Isso implica em uma revisão da teologia, que deve estar
aberta a essas novas manifestações e dialogar criticamente com a cultura
contemporânea.
O texto ressalta a importância de compreender as novas lógicas de
funcionamento e os impactos do ambiente digital na vida das pessoas. A falta de
conhecimento desse novo ambiente e o medo de inovar podem levar à paralização da
teologia e à obstrução na relação entre teologia e evangelização. O autor argumenta
que a tecnologia se desenvolve em uma velocidade que a teologia não consegue
acompanhar, e isso gera mudanças profundas no âmbito antropológico e nas
questões fundamentais como liberdade, responsabilidade e consciência.
Outro desafio apontado é a emergência das pessoas como produtoras de
conteúdo religioso e teológico nas redes, em um processo de autonomização
simbólica. As pessoas se expressam como "teólogos amadores" e têm alcance global
instantâneo. Diante disso, a teologia precisa se deslocar do seu pedestal e incorporar
as novas linguagens e códigos digitais para dialogar efetivamente.
O texto também defende uma teologia que esteja ao lado das pessoas,
conversando nos bancos, em vez de falar apenas a partir das cátedras e púlpitos.
Essa teologia "quenótica" se rebaixa, se envolve com a história e promove uma
tradução da tradição para a cultura contemporânea em constante transição. Além
disso, é enfatizada a importância do diálogo com outras ciências e experiências
humanas para enriquecer a investigação teológica.
Reconheço a relevância do texto ao abordar os desafios da teologia no contexto
digital. Ele destaca a necessidade de compreender e se adaptar às novas formas de
comunicação e participação pública na esfera religiosa. No entanto, também é
importante ressaltar que em termos de estilo, o texto poderia ser mais claro e
estruturado, pois apresenta algumas frases longas e complexas que podem dificultar
a compreensão. Além disso, algumas afirmações apresentadas no texto carecem de
fontes ou referências para respaldá-las. No geral, o texto traz uma perspectiva
interessante sobre a Reforma histórica e sua conexão com os meios de comunicação
impressos, mas seria necessária uma análise mais aprofundada e equilibrada dos
impactos e consequências da Reforma e do uso dos meios de comunicação na época.
Embora o texto aborde a relação entre a revolução digital e os processos religiosos e
teológicos, faltam argumentos mais sólidos e análises mais aprofundadas para
sustentar algumas das afirmações apresentadas. Seria necessário fornecer exemplos
concretos, explorar as implicações específicas da digitalização para a teologia e a
prática religiosa, e considerar as complexidades e desafios envolvidos na participação
online e na produção de conhecimento teológico.

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