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MESTRADO PROFISSONAL EM TEOLOGIA

Discente: Gladyston Tavares Ladislau

Docente: Prof. Dr. Rubens Muzio

Disciplina: Democracia, Cidadania e Laicidade.

Referência Bibliográfica:MUZIO, Rubens. Em busca de uma teologia integral


pós-pandemia: Um modelo protestante num mundo fragmentado. In: MUZIO,
Rubens. (Org). Revolução Silenciosa. São Paulo: Ed. Recriar, 2022.

O texto se inicia com uma introdução ao tema mas também ao livro “Revolução
Silenciosa”, organizado pelo autor, que é uma coletânea de textos de diversos
autores, versando sobre os mais diversos temas, sobre a necessidade de se
pensar em como se posicionar e agir numa nova sociedade que se reconstrói
nesse novo momento, chamado pelo autor de DC, pós-peste.

Dentre os vários temas coube ao Dr. Rubens pensar sobre um modelo de


teologia que atenda a necessidade dos cristãos nesse tempo de pós-
modernidade e para isso foi escolhido uma análise de um protomodelo, que
seria dos protestantes ingleses 100 anos após a Reforma Protestante, que
buscou unir a teologia da prática e o intelecto das emoções e atitudes.Essa
busca de uma espiritualidade holística vai ser vista no estudo de caso da pós-
Reforma inglesa sob dois aspectos que seriam o treinamento formal e piedoso
dos estudantes de Cambridge e Oxford e a visão Puritana de um cristianismo
experimental e prático, exemplificado e personificado por Burgess. O texto
termina explorando o modelo de Paul H. Ballard, oferecendo 9 pontos práticos
e aplicáveis para o cristão possa fazer uma teologia prática no seu dia a dia.

A análise inicial do texto trata as marcas que a Covid-19 deixou no mundo


como as deixadas por uma guerra, e tem plena razão. Várias mudanças,
positivas e negativas, se apresentam hoje concretas e a igreja precisa se
repensar e se posicionar nessa sociedade fragmentada que é observada. A
proposta do livro e do texto é buscar esse caminho através do posicionamento
da igreja como instituição mas também e principalmente de cada um de seus
membros, cristão que contribuirão em cada uma das suas áreas de expertise.
Isso seria o exercício de uma teologia prática, num casamento entre teologia e
ação, tocando em todas as esferas pessoais e públicas.
Destaca-se que o prefixo “pós” a nominação da nossa era atual demonstra uma
incerteza em dar um nome a um momento que não compreendemos bem o
presente e nem ao menos se consegue fazer prognósticos quanto ao futuro, do
contrário não emprestaríamos o nome de “moderna” da era anterior, ou seja,
reconhecemos que estamos em outro momento mas não sabemos bem o que
é.

A busca por uma teologia que responda a esse novo momento pode ser
encontrada no início da era moderna, olhando para o ideal de se conciliar a
teologia prática com o intelecto das emoções e atitudes dos Protestantes
ingleses do século XVI. Dai, como primeiro ponto a validade do estudo de caso
da formação teológico-ministerial oferecida aos alunos pelas Universidades de
Oxford e Cambigdge.

O Emmanuel College foi o berço do Puritanismo e a universidade de


Cambrigde foi o berço do protestantismo inglês e isso se deu pela idéia dos
seus professores não só de se estudar mas principalmente de transmitir esse
conhecimento em todas as paróquias, espalhando por toda a Inglaterra esse
aprendizado. Eles estudavam a Bíblia nas línguas originais e os teólogos
tradicionais e também os seus contemporâneos, tendo com isso uma visão
abrangente do que seria a base teológica e o que estava se pensando sobre
teologia naquela momento novo na Inglaterra.

Quanto a universidade de Oxford, as controvérsias soteriológicas da época


foram evitadas e fomentada as preocupações com o alto padrão de educação,
prática pastoral, liturgia e evangelização, numa tentativa de integrar a Teologia
Reformada, com a espiritualidade e tudo aliado a uma boa educação. Isso
resultou que os Protestantes Ingleses se tornassem cristãos com alta
intelectualidade, perspicácia intelectual, disciplinas espirituais práticas
aplicadas, zelo por Deus e conhecimento profundo das questões emocionais
ligadas ao homem.

Uma segunda razão apontada pelo autor foi uma visão do cristianismo
experencial, definida por Lutero e Calvino com uma teologia mais prática que
teórica. O conhecimento experimental era a prova do conhecimento e
relacionamento prático com Deus, uma rejeição a mera fé histórica. Tendo
como estudo de caso a vida de Antony Burgess, pastor puritano, teólogo e
escritor, o Dr. Rubens aponta que Burgess denunciava a perda do fervor ,
calor, piedade e prática da vida cristã por parte dos ingleses que buscavam
apenas um conhecimento meramente cerebral. Esse teólogo inglês buscava
vincular o conhecimento teológico com a vida Cristã numa teologia “racionalia e
experimentalis” tentando ser visionário, orientado a objetividade, prático e
metódico ao mesmo tendo sendo fervoroso, piedoso e prático na vida cristã.
Podemos concordar com ele que a vida cristã deve ser uma poderosa
descoberta diária, aplicável em todas as esferas da vida, não abandonando a
pregação da palavra, a disciplina pessoal, a busca de santificação, usando as
disciplinas espirituais, meditação na Palavra, orações e adorações como
alicerce.

Finalizando a Covid-19 trouxe consigo uma oportunidade de se “resetar” e


reiniciar uma teologia integral que possa gerar mudanças na sociedade
brasileira, apresentando esse teologia como uma vida cristã baseada numa
doutrina sólida, devocionalmente rica e aplicável em todas as esperas sociais,
apontado de forma prática no modelo proposto por Paul H. Ballard da teologia
como “ciêntia” e “habitus”, da qual destaco dos 9 pontos de sua tese, que a
“teologia prática, portanto é formada no diálogo entre a tradição e a
experiência, não apenas na aplicação direta da resposta da tradição antiga às
situações práticas atuais”.

O texto é interessante por si pois traz uma reflexão necessária a esse momento
atual pós-pandêmico onde a sociedade como um todo e cada um de seus
indivíduos precisa se reinventar, e isso inclui a igreja como instituição. A idéia
que os reformadores ingleses conheciam profundamente o “coração do
homem” me despertou para a necessidade de se fazer uma teologia integral
que tenha a compreensão de Deus mas não abandone a visão de que essa
teologia não é para mim, mas prioritariamente para ser oferecida para o outro.

O texto é de grande valor para os pastores e líderes que querem fazer de suas
comunidades um local de propagação do Reino não oferecendo respostas a
perguntas não feitas e tendo coragem de lidar com o coração humano que
precisa conhecer Deus e perceber que Ele cabe e está presente em todas às
áreas e setores e, sobretudo, tem seu lugar em cada coração humano.

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