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00 CORACÃO
Ensaios sobre a Trindade
e a Espiritualidade Cristã
36. RUBINHO. Café com Deus - Guia devocional para pessoas que não dispõem de tempo.
Ed. Vida, São Paulo, 1994.
O Lugar do Deserto na Conversão do Coração
O MONASTICISMO
A partir do ano 311 d. C., na época em que a paz
conquistada pelo imperador Constantino estava sendo
implantada e os cristãos procurando se ajustar às mudanças
sociais e religiosas do império, surgiu um movimento religioso
que, de forma variada, procurou manifestar sua rejeição aos novos
valores. Esta rejeição não era apenas aos valores mundanos da
sociedade pagã, mas também à introdução destes valores
seculares e mundanos dentro da própria igreja. Portanto, era
um movimento contracultural, tanto dentro corno fora da igreja.
Este movimento, conhecido como monasticismo, teve seu
início no começo do século quarto e caracterizou-se pelo seu
radicalismo, tanto na leitura e obediência ao ensino bíblico
como na renúncia às instituições religiosas e seculares. No ano
de 35 6, Atanásio, Bispo de Alexandria, escreveu A Vida de
Santo Antônio, biografia daquele que é considerado hoje o
pai do monasticismo. Neste livro, Antônio é descrito como um
jovem, filho de um próspero fazendeiro, que certo dia entrou
em uma igreja e ouviu a leitura de um texto do Evangelho de
Mateus, que diz: "Se queres ser perfeito vai, vende tudo o que
possuis ...". Estas palavras tocaram profundamente no coração
de Antônio e sua vida foi radicalmente transformada. Ele,
literalmente, vendeu tudo o que possuía, distribuiu entre os
pobres e, em seu novo estado de pobreza e necessidade,
começou a seguir a Cristo. Sua busca por santidade e perfeição
conduziu-o até o deserto, onde, em absoluta solidão, imitou o
gesto de Jesus e permaneceu por quarenta dias em jejum e
oração, buscando sempre pôr em primeiro lugar l"o reino de
,j
Deus e a sua justiça" certo de que tudo o mais lhe seria
acrescentado.
Atanásio reconhece que o monasticismo começou com a
conversão de Antônio e sua subseqüente busca por uma perfeita
comunhão com Deus no deserto. Após algum tempo, outros,
inspirados pelo seu exemplo e modelo de vida, partiram também
para o deserto e o persuadiram a ser seu "guia espiritual". A
O Lugar do Deserto na Conversão do Coração
OS IDEAIS DO MONASTICISMO
Reconheço que falar para os cristãos evangélicos de um
movimento como o monasticisrno às vezes me dá a impressão
de estar falando mais de bandidos do que de mocinhos. Alguns
personagens deste movimento ou são-nos completamente
desconhecidos ou tidos como hereges. Eu mesmo confesso que
o meu primeiro contato com personagens como Santo AntOniQ1
3 7. MAGIL, Frank N. e McGreal, lan P. Christian Spirit1mlit;y -- 'fhd 2Nlllllt/ffl
the Most lnjluential Spiritual Writings of the Christi1111 Tratlitilm. l·l11rpcr1 IAt'lll
New York, 1988, p. 19.
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38. Lair Ribeiro é autor de vários livros de auto-ajuda de grande s1-11:em1 em t«Ulfj\,- ;'
país. Seus livros apontam o caminho do sucesso pessoal ntravés do u�o de t4í!l\•• , 'é
reprogramação da vida e potencialidades.
39. COLLIANDER, Tito. Caminho dos Ascetlls - Jnlt'/aç,111 d Vida Ji.tpltl'#HMlr
Paulinas, São Paulo, 1986. p. 31.
O Caminho do Coração Ricardo Barbosa de Sousa
40. COLLIANDER, Tito. Caminho dos Ascetas - Iniciação à Vida Espiritual. Edições
Paulinas, São Paulo, 1986. p. 31.
41. GANNON, Thomas M. e TRAUB, George W The Desert and the City -An
lnterpretation of the History of Christian Spiritualiry. Loyola University Press, Chicago,
1969. p. 28.
O Lugar do Deserto na Conversão do Coração
42. KELLY, Thomas. A Testament of Devotion. Harper & Brot/11:rs, New York, l 941.
(Extraído do texto "Simplificação da Vida", traduzido por Paul Freston)
O Caminho do Coração Ricardo Barbosa de Sousa
43. KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo. Círculo do Livro, São Paulo, p. 45.
44. BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. Editora Sinodal, São Leopoldo, 1980, p.
189.
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SI. NEMECK, Francis Kelly. COOMBS, Marie Theresa. The J.%y oJSplrltual 1:11
A Michael Glazier Book, The Liturgical Press, Minnesota, 1936, p. 199.
S2. LEECH, Kenneth. Spirituality and Pastoral Carc. Cowlc)' Publ
Massachusetts, 1989, p. 20-21.
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IV O silêncio se cristaliza
Diante desta acolhedora e santa presença.
Passa-se da loucura do "cronos"
Para o descanso do "sabat"
E para a plenitude de um "kairos"
Fértil de convicções infinitas
E de vida recém-nascida.
Sereno estar em companhia
De quem me abre o espaço
De seu amor discreto e silencioso,
Onde se faz consistente minha harmonia
E minha paz de alma.
54. Poema de autor desconhecido, traduzido e adaptado por Osmar Ludovico da Silva.
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O LUGAR DO DESERTO
NA EXPERIÊNCIA CRISTÃ
Para Segundo Galilea,62 o deserto na experiência espiritual
significa pelo menos quatro coisas. Primeiro, "uma experiência
do absoluto de Deus e do relativo de tudo o mais, incluídas aí as
pessoas e nós mesmos". É no deserto que nos encontramos sós
diante de Deus. Ali não existe nenhuma outra alternativa, senão
Deus somente. Todas as outras coisas são relativizadas, colocadas
no seu devido lugar, e somente Deus pode dar sentido a elas. Jó,
no meio da sua crise, viu-se exatamente assim. Não havia mais
nada, a não ser Deus. Todos os seus valores, bens, família,
teologia, foram relativizados. Sua única esperança era que Deus
mesmo viesse ao seu encontro revelando a gratuidade da sua
graça. Deserto significa espera, silêncio, encontro para poder
dizer: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te
vêem" (Jó 42.5). Por isto torna-se necessário para todos os
cristãos promoverem sua experiência pessoal de deserto. Separar
um momento ou criar situações onde seja possível relativizar
aquilo que facilmente absolutizamos em nossa vida. Ou seja,
colocar o trabalho, a família, o dinheiro, o "status", o lazer, o
ministério, a igreja, as experiências espirituais no seu devido
62. GALILEA, Segundo. Op. Cit., p. 48.
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