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MESTRADO PROFISSONAL EM TEOLOGIA

Atividade 1 - Temas do “Evangelho” em Isaías 61

Discente: Gladyston Tavares Ladislau.

Docente: Prof. Dr. Marcos Orison Nunes de Almeida.

Disciplina: Evangelho e Transformação Integral.

Referência Bibliográfica:BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo:


Paulinas, 1981.

O Livro do Profeta Isaias é passivo de uma discussão em relação a sua autoria.


Seria um só profeta descrevendo o futuro sob revelação de Deus ou
escrevendo em momentos diferentes de sua jornada profética? Seriam dois
“Isaias”, sendo este segundo um discípulo do primeiro e que, por ter vivido em
época posterior, tenha completado a obra de seu mestre escrevendo do
capítulo 41 a 66)? Ou seriam três “Isaias” que escreveram em momentos
diferentes sendo o profeta Isaias o escritor dos capítulos 1 ao 40, um segundo
“Isaias” o autor dos capítulos 41 ao 55 e ainda um terceiro profeta que
escreveu dos capítulos 56 ao 66?

Essas hipóteses são necessárias para localizar o texto de Isaias 61, que é o
objeto da nossa reflexão, mas seja um só profeta ou três profetas distintos, em
diferentes tempos – monarquia, exílio e pós-exílio, a mensagem de “boas
notícias é clara” em cada um dos segmentos e, especialmente no capítulo 61.

Vencida a discussão sobre o “mensageiro” das “boas novas”, passamos a


concentrar nossa atenção no contexto da época e na mensagem que esse
mensageiro trouxe.

A idéia da mensagem de “salvação” ou de satisfação plena das necessidades


do povo é uma tônica constante no livro que sempre aponta para Deus como
aquele que está soberano e que, por ter tudo sob seu controle, no tempo certo
daria o livramento e a restauração a Israel.

O Autor do nosso texto de apoio, John Brigh, oferece uma análise do contexto
histórico muito rica de detalhes onde vemos a queda do Reino do Sul, com a
destruição de Jerusalém, como a linha divisória na história de Israel.

Com a destruição do templo e o cativeiro babilônico ocorre a extinção do


modelo de culto e da independência de Israel com a sua monarquia. Dos que
ficaram em Judá, cerca de 10% dos 250 mil judeus, estes viviam em situação
precária e ainda persistiam em adorar no Templo, agora em ruínas e
queimado, sem nenhum de seus objetos sagrados, numa prática religiosa
abalada em relação a seu Deus e ao seu poder.

Poucos também foram os cativos na Babilônia e que seriam os responsáveis


pela formatação da nova religião e de um futuro Israel. Esses judeus exilados
não eram cativos, mas também não eram livres. Podiam plantar, trabalhar,
construir casas e moravam em comunidades separadas para eles.

Um questionamento no período de exílio era sobre teologia que criam e


praticavam. Havia uma certeza da escolha eterna de Sião, por parte de Javé,
para sua morada terrena e nas promessas de continuidade do trono a família
de Davi. Havia tal convicção que qualquer palavra profética contrária a isso não
era levada em conta e era mantida a expectativa da intervenção salvadora de
Javé.

A frustração de ver seu Deus “cair” diante dos falsos deuses da Babilônia foi
um duro golpe que colocou em dúvida a crença no poder e soberania do único
Deus, Javé. Alguns traziam o questionamento se haviam pecado contra Deus
e, sendo então castigados, clamavam por misericórdia. A ameaça de perda da
fé em Javé foi agravada quando os cativos tomaram contato com a cultura da
Babilônia. Não havia comparação com Jerusalém em termos de
desenvolvimento econômico, político e social. Realmente a pequenez do
Estado de Israel foi comparada a pequenez de seu Deus, que foi incapaz de
protegê-los.

A solução teológica para o problema foi que o cativeiro era um justo julgamento
e punição temporária de Deus pelo pecado cometido e seria uma preparação
para um novo futuro. Deus, assim, não estava longe e nem tão pouco perdera
sua soberania. Isso, além de manter viva a esperança do povo, preparava-os
para uma volta que criam que aconteceria. Alimentando essa expectativa de
retorno desse cativeiro “provisório”, os profetas apontavam a condenação de
Deus sobre a nação mas davam palavras de restauração, retorno a sua terra
prometida e justiça em relação aos Babilônicos.

A queda do império Babilônico foi para os exilados mas que um sinal, uma
certeza que suas orações estavam sendo ouvidas. Nabucodonosor morre e o
poder da Babilônia declina rapidamente. Os Medos, principais oponentes,
passam por uma guerra civil e vêem surgir um novo líder, Ciro, que assume e
passa a conquistar as regiões a sua volta e também conquista a Babilônia.
Com isso ressurge a esperança de libertação e a expectativa da ação de Javé
vingando seus inimigos e triunfantemente sentado no trono cósmico soberano.

Surge uma voz profética que conforta com sua mensagem o povo, anuncia a
salvação e aponta para um triunfo universal do domínio de Javé. Diz ainda que
a aliança de Deus com seu povo nunca teria sido quebrada e que o cativeiro
fora apenas algo momentâneo. Ciro é apontado como um instrumento
inconsciente de Deus e que ainda iria reconhecer Javé como verdadeiro e
único Deus. Javé iria reinar sobre toda a terra e não mais apenas sobre Israel.
Deus volta a ser o protagonista, Ciro seu agente político e Israel o servo de
Javé, que tem o papel de levar Javé e a sua Lei a todos os povos. Esse
“servo”, povo de Israel, tem um papel ativo e a ele está prometida a vitória após
seu sofrimento vicário suportados sem reclamação. O sofrimento suportado por
ser este “servo” é o caminho da esperança e que, por ser manso e humilde,
conseguiu sobreviver ao cativeiro.

O anúncio de boas notícias de libertação ao povo cativo, a cura aos


quebrantados, consolo aos que choram, a vingança de javé sobre seus
inimigos e a coroação (premiação com honra) e unção simbolizando a
libertação, retorno e restauração da monarquia em Judá era realmente a boa
nova aguardada pelo povo. Aliado a isso temos a promessa da restauração
que seus filhos fariam sobre a cidade assolada de Jerusalém, a volta do culto a
Javé quando o sistema sacerdotal seria restaurado e, como conseqüência
disso, as nações os chamariam de benditos numa restauração também moral.

O texto termina com as expressões “vestes de salvação” e “manto de justiça”


entendendo que a boa nova os alcançou e era chegado um tempo de paz e
harmonia social para os cativos, que ressurgiriam como “renovos” que
floresceriam, findando um tempo de vergonha entre as nações.

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