Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Essas hipóteses são necessárias para localizar o texto de Isaias 61, que é o
objeto da nossa reflexão, mas seja um só profeta ou três profetas distintos, em
diferentes tempos – monarquia, exílio e pós-exílio, a mensagem de “boas
notícias é clara” em cada um dos segmentos e, especialmente no capítulo 61.
O Autor do nosso texto de apoio, John Brigh, oferece uma análise do contexto
histórico muito rica de detalhes onde vemos a queda do Reino do Sul, com a
destruição de Jerusalém, como a linha divisória na história de Israel.
A frustração de ver seu Deus “cair” diante dos falsos deuses da Babilônia foi
um duro golpe que colocou em dúvida a crença no poder e soberania do único
Deus, Javé. Alguns traziam o questionamento se haviam pecado contra Deus
e, sendo então castigados, clamavam por misericórdia. A ameaça de perda da
fé em Javé foi agravada quando os cativos tomaram contato com a cultura da
Babilônia. Não havia comparação com Jerusalém em termos de
desenvolvimento econômico, político e social. Realmente a pequenez do
Estado de Israel foi comparada a pequenez de seu Deus, que foi incapaz de
protegê-los.
A solução teológica para o problema foi que o cativeiro era um justo julgamento
e punição temporária de Deus pelo pecado cometido e seria uma preparação
para um novo futuro. Deus, assim, não estava longe e nem tão pouco perdera
sua soberania. Isso, além de manter viva a esperança do povo, preparava-os
para uma volta que criam que aconteceria. Alimentando essa expectativa de
retorno desse cativeiro “provisório”, os profetas apontavam a condenação de
Deus sobre a nação mas davam palavras de restauração, retorno a sua terra
prometida e justiça em relação aos Babilônicos.
A queda do império Babilônico foi para os exilados mas que um sinal, uma
certeza que suas orações estavam sendo ouvidas. Nabucodonosor morre e o
poder da Babilônia declina rapidamente. Os Medos, principais oponentes,
passam por uma guerra civil e vêem surgir um novo líder, Ciro, que assume e
passa a conquistar as regiões a sua volta e também conquista a Babilônia.
Com isso ressurge a esperança de libertação e a expectativa da ação de Javé
vingando seus inimigos e triunfantemente sentado no trono cósmico soberano.
Surge uma voz profética que conforta com sua mensagem o povo, anuncia a
salvação e aponta para um triunfo universal do domínio de Javé. Diz ainda que
a aliança de Deus com seu povo nunca teria sido quebrada e que o cativeiro
fora apenas algo momentâneo. Ciro é apontado como um instrumento
inconsciente de Deus e que ainda iria reconhecer Javé como verdadeiro e
único Deus. Javé iria reinar sobre toda a terra e não mais apenas sobre Israel.
Deus volta a ser o protagonista, Ciro seu agente político e Israel o servo de
Javé, que tem o papel de levar Javé e a sua Lei a todos os povos. Esse
“servo”, povo de Israel, tem um papel ativo e a ele está prometida a vitória após
seu sofrimento vicário suportados sem reclamação. O sofrimento suportado por
ser este “servo” é o caminho da esperança e que, por ser manso e humilde,
conseguiu sobreviver ao cativeiro.