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“Eu quero que cada letra das orações que reze, ou ouça rezar, cada palavra que pronuncie

ou ouça pronunciar, que leia ou


ouça ler, que escreva ou veja escrever, que cante ou ouça cantar, sejam atos de amor para com os vossos Sacrários.”

Instrução: “A Grandeza do Santo Sacrifício da Missa”


Texto organizado pelo Padre André Viana

Caríssimos irmãos e irmãs, Louvor a O Catecismo da Igreja Católica nos


Deus + ensina:

Estamos reunidos para meditar sobre 1324. A Eucaristia é fonte e ápice de


um Tesouro. Aliás, não sobre um tesouro toda a vida cristã. Os demais sacramentos,
entre outros, mas sobre o Tesouro por assim como todos os ministérios eclesiásticos
excelência, sobre o Santo Sacrifício da e tarefas apostólicas, se ligam à sagrada
Missa. Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a

Sobre isso, diz o papa São João santíssima Eucaristia contém todo o bem

Paulo II: “A Igreja recebeu a Eucaristia de espiritual da Igreja, a saber, o próprio

Cristo seu Senhor, não como um dom, embora Cristo, nossa Páscoa. (Catecismo da Igreja Católica)

precioso, entre muitos outros, mas como o Isso significa que, na prática, não há nada
dom por excelência, porque dom d'Ele mesmo, mais importante e necessário para a Igreja, do
da sua Pessoa na humanidade sagrada, e que o Santo Sacrifício da Missa, porque nela, Jesus
também da sua obra de salvação. Esta não nos dá a sua Carne, “para a vida do mundo” (cf.
fica circunscrita no passado, pois « tudo o que Jo. 6,51). O papa Francisco disse que a Santa
Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os Missa “é uma Teofania: o Senhor se torna presente
homens, participa da eternidade divina, e no altar, para ser oferecido ao Pai, pela salvação
assim transcende todos os tempos e em todos do mundo.”
se torna presente ».” (EE, 11)
Consciente disso, o Código de Direito
Sem dúvida, a Santa Missa é a maior Canônico estabelece o seguinte: “Lembrando-se
maravilha e a maior riqueza da Igreja de sempre que no mistério do Sacrifício eucarístico se
Deus; se todos conhecessem essa exerce continuamente a obra da salvação, os
preciosidade celeste, tudo sacrificariam sacerdotes celebrem frequentemente; e mais,
para adquiri-la, a exemplo do mercador do recomenda-se com insistência a celebração
Evangelho (cf. Mt. 13,46). cotidiana, a qual, mesmo não se podendo ter
presença de fiéis, é um ato de Cristo e da Igreja,
em cuja realização os sacerdotes desempenham seu o próprio Cristo Senhor e pela qual continuamente
múnus principal.” (Cân. 904) vive e cresce a Igreja. O Sacrifício eucarístico,
memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que
É por isso que o papa, São João Paulo II,
se perpetua pelos séculos o Sacrifício da cruz, é o
dizia que a “Igreja vive da Eucaristia” e, desde
ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã, por
sempre, foi colocada no centro da vida eclesial. Ele
ele é significada e se realiza a unidade do povo de
diz: “A Igreja vive de Jesus eucarístico, por Ele é
Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo.
nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério
Os outros sacramentos e todas as obras de
de fé e, ao mesmo tempo, « mistério de luz ». Sempre
apostolado da Igreja se relacionam intimamente com
que a Igreja a celebra, os fiéis podem de certo modo
a santíssima Eucaristia e a ela se ordenam.” (Cân.
reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús: «
897).
Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-No » (Lc
24, 31).” (EE, 6) O papa Francisco, em Audiências Gerais
(2014), sobre a Santíssima Eucaristia, disse: “[...] a
O papa Francisco disse, certa vez: “não
celebração eucarística é muito mais do que um simples
podemos esquecer do grande número de cristãos que,
banquete: é precisamente o memorial da Páscoa de
no mundo inteiro, resistiram até a morte para
Jesus, o mistério fulcral da salvação. “Memorial” não
defender a Eucaristia; e quantos, ainda hoje, arriscam
significa apenas uma recordação, uma simples
a vida para participar na Missa dominical. No ano
lembrança, mas quer dizer que cada vez que nós
304, durante as perseguições de Diocleciano, um
celebramos este sacramento, participamos do
grupo de cristãos do norte da África, foi
Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo”.
surpreendido enquanto celebrava a Missa numa casa,
“A Missa significa repetir o calvário, não é um
e foram aprisionados. O procônsul romano, no
espetáculo” (2017).
interrogatório, perguntou-lhes por que o fizeram:
‘sem o domingo não podemos viver’, que significa: se O Santo Sacrifício da Missa é “para Deus”
não celebrar a Eucaristia, não podemos viver, a nossa e “por nós”. Nós não somos o centro dela, mas os
vida cristã morreria”. Isso está profundamente beneficiados por ela. Não podemos nos esquecer
ligado ao que Nosso Senhor nos disse, no de que a Santa Missa tem fins próprios e não
Evangelho: “se não comerem a carne do filho do podemos transformá-la num ato mundano, comum
homem e não beberem o seu sangue, não terão a ou, até mesmo, profano. O papa Pio XII, em um
vida em vós” (cf. Jo. 6,53). documento, apresentou os fins próprios do Santo
Sacrifício da Missa:
Na Santíssima Eucaristia, o Senhor Jesus
derrama sobre nós “toda a sua misericórdia e todo O primeiro deles é a glorificação de Deus
o seu amor, a ponto de renovar o nosso coração, a (latrêutico). Trata-se da "adoração". A típica
nossa existência e o nosso próprio modo de nos atitude de adoração consiste em pôr-se de joelhos
relacionarmos com Ele e com os irmãos” (Audiência, diante de Deus, rebaixando-se diante d'Ele e
papa Francisco, 2014). reconhecendo-se um nada. Na Cruz, Jesus adorou o
Pai de modo perfeitíssimo. "Sendo ele de condição
O Código de Direito Canônico estabelece
divina, não se prevaleceu de sua igualdade com
que: “Augustíssimo sacramento é a santíssima
Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a
Eucaristia, na qual se contém, se oferece e se recebe
condição de um escravo e assemelhando-se aos sacrifício de louvor só é possível através de
homens. E, sendo exteriormente reconhecido como Cristo: Ele une os fiéis à sua pessoa, ao seu
homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se louvor e à sua intercessão, de sorte que o
obediente até a morte, e morte de cruz" (cf Fl.2). sacrifício de louvor é oferecido por Cristo e com
ele para ser aceito nele".
Durante a Santa Missa, por mais que se
tenha um sacerdote ou uma assembleia indigna, O terceiro fim deste memorial é
Jesus está oferecendo a mesma adoração propiciatório, isto é, oferecer uma expiação pelos
perfeita que ofereceu no madeiro da Cruz. Ainda nossos pecados. Com o pecado, o homem ofende
que todos os seres humanos e todos os anjos juntos a Deus e Este, por sua vez, espera do homem, além
cultuassem a Deus, não conseguiriam jamais do arrependimento, a reparação de sua ofensa. Se
superar o valor desta oferta do próprio Deus. Por os sacrifícios oferecidos pelos antigos
esse motivo, é impossível comparar o augusto "simplesmente devolviam a Deus as coisas que Ele
Sacrifício do altar com as chamadas "celebrações mesmo havia criado: touros, ovelhas, pão e vinho",
da Palavra" ou qualquer outra “atividade” que a na Santa Missa, "irrompe um elemento novo e
Igreja possa fazer. maravilhoso: pela primeira vez e todos os dias, a
humanidade pode já oferecer a Deus um dom
Se por um lado estas celebrações
digno dEle: o dom do seu próprio Filho, um dom de
comunitárias são importantes em lugares com
valor infinito, digno de Deus infinito". Só desta
carência de padres, por outro, é realmente muito
forma os crimes cometidos pelo homem contra
triste que a sua frequência indevida acabe por
Deus podem ser plenamente satisfeitos.
obscurecer as diferenças substanciais entre a Missa
e uma simples "reunião fraterna". Por fim, a quarta finalidade da Missa é
impetratória: Jesus "nos dias de sua vida mortal,
Na Missa, o padre age in persona Christi; na
dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas,
celebração da Palavra, ao invés, ainda que a
comunidade faça parte do Corpo Místico de Cristo, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido
pela sua piedade" (cf. Hb. 5,7). Nos altares de
não há como ocorrer a consagração do pão e do
nossas igrejas, Jesus continua colocando-se entre
vinho, uma vez que "o povo (...) não pode de
a humanidade e o Pai e pedindo a Ele as graças
nenhum modo gozar dos poderes sacerdotais".
necessárias para nossa salvação.
A segunda finalidade da Missa é
eucarística, ou seja, dar a Deus ação de graças.
O homem, que tudo recebe de Deus, tem-lhe uma
dívida de ação de graças que não poderia jamais
pagar, a menos que o Senhor mesmo não se fizesse
homem e sanasse esta dívida por ele. "A Eucaristia
é um sacrifício de ação de graças ao Pai, uma
bênção pela qual a Igreja exprime seu
reconhecimento a Deus por todos os seus
benefícios, por tudo o que ele realizou por meio
da criação, da redenção e da santificação. (...) Este

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