Você está na página 1de 4

Assistência de Formação Shalom

Formação Permanente
Bloco: Maturidade missionária
6° semana

Ascese

Laura Cristina
Mantido o tom coloquial

Olá, meus irmãos da Comunidade de Aliança! Nós estamos dando continuidade ao bloco da
maturidade missionaria. Hoje nós estamos na 6º semana, onde vamos falar um pouco sobre a
ascese, que é um dos fundamentos também da maturidade humana, um dos fundamentos da vida
espiritual.

Nós já vimos nesse bloco primeiramente a maturidade humana na vida consagrada, já


vimos sobre o autoconhecimento, que é um aspecto tão indispensável a esse processo de
amadurecimento! Já vimos também o trabalho da vontade nesse processo de maturação, de
crescimento. Vimos também a resiliência, onde ouvimos um pouco sobre alguns conceitos de
resiliência, como também encontramos algumas estratégias para como viver essa resiliência.

Hoje nós vamos aprofundar um pouco essa dimensão da ascese. A própria questão da
resiliência nos leva a superar e a nos adaptar a diversos tipos de situações, a vivermos um caminho
de superação e um caminho de ajuste diante das situações que vivemos. É interessante vermos
que ao longo de 2020 vivemos essa realidade da pandemia e quanto foi necessário criarmos meios
novos para vivermos diversas situações da nossa vida, como nós precisamos criar maneiras para
continuarmos vivendo a nossa vida, seja a vida familiar, a vida do trabalho, profissional.
Precisamos criar meios novos para essa vivência.

A ascese sem dúvida nesse processo de superação e de adaptação, a ascese é inerente a


esse processo, ela é extremamente necessária a esse processo, em que sabemos que vivemos
numa sociedade onde o bem estar, onde o meu próprio prazer, o meu próprio bem estar é
absolutizado. Muitas vezes as pessoas não medem consequências para terem momentos de bem
estar, de prazer. Muitas vezes são consequências até irremediáveis. Então, ascese vem contrapor a
essa cultura hedonista, ela vem contrapor um pouco a essa cultura de querer o bem estar a todo
custo, querer o prazer a todo custo, uma vida completamente alheia aos sacrifícios que são
inerentes da vida humana, principalmente ainda a vida espiritual e consagrada que nós somos
chamados a viver.

Nós vamos falar um pouco de alguns conceitos básicos sobre a ascese para nos ajudarmos
a profundar um pouco nesse aspecto, e especialmente não só a nível de conhecimento, mas
especialmente para uma vivência melhor, uma vivência mais aprofundada desse aspecto, que é
tão necessário para esse caminho de maturidade humana, de maturidade espiritual, de
maturidade missionária.

O objetivo dessa nossa formação de hoje sobre essa dimensão da ascese é aprofundarmos
esse conceito e sua importância para essa vivência de maturidade, seja na nível na dimensão
humana, cristã, mas especialmente também na nossa maturidade na vocação Shalom, que ela é
essencial!

1
É importante também lembrar e vamos após esse vídeo introdutório ter um momento de
leitura em grupos e vamos aprofundar o Escrito Obra Nova, porque o Escrito Obra Nova para nós é
esse grande instrumento de via ascética no nosso carisma, mas isso aí fica um pouco para a leitura
após o vídeo.

O dicionário da vida espiritual, o dicionário da espiritualidade vai nos dar o conceito de


ascese. Vai dizer assim: “Entende-se geralmente por ascese o conjunto de esforços mediante os
quais se quer progredir na vida moral e religiosa. Ele é realizado com certo método, visando a um
progresso”. E ele vai dar o exemplo do soldado, o soldado que se exercita no uso das armas para ir
para a guerra, defender a sua nação; como também o filósofo, que se exercita na meditação para
poder discorrer sobre os assuntos e reflexões da vida.

A ascese é esse conjunto de esforços, como aqui ele vai dizer, que nos levam a progredir. O
próprio termo ascese vem de algo que vai ascender, que vai subir. Vemos, por exemplo, a
ascensão de Jesus ao céu. Ele ascendeu, e ascese vem dessa raiz dessa palavra, de ascender, de
progresso, de subir, de progredir.

Nós somos chamados a viver a ascese não simplesmente como um conjunto de nãos, um
conjunto de coisa que vamos tolher da nossa vida, mas a ascese é um conjunto de sins que damos
para um progresso humano, para um progresso espiritual e vocacional. É muito importante
termos a visão, a perspectiva correta do que é a ascese.

Muitas vezes na nossa história e no nosso caminho de vida consagrada nós vamos a
ouvindo como um peso, como uma coisa mais negativa do que positiva, e a ascese tem toda uma
dimensão positiva de nos levar a nos unirmos mais a Deus.

Quando eu faço uma ascese, por exemplo, dos meus sentidos, e de repente, por exemplo,
do meu falar, a dimensão do paladar, do falar, começo num jejum a diminuir as coisas que como
ali naquele dia, a fazer aquela penitência de não dar um prazer ao meu paladar, de não dar um
gosto ao meu paladar, eu estou dando um não para o meu corpo, mas dando um sim para que se
fortaleça em mim o autodomínio, e assim nas situações mais difíceis da minha vida eu seja capaz
de optar por Deus, escolher por Deus. Então, eu dou um sim a um progredir do meu espírito, um
progredir da minha vontade, um crescimento do meu autodomínio em vista de me unir mais a
Deus e de escolher por Deus. Então, a ascese vai nos levar a esse caminho de crescimento. É muito
importante termos claro esse aspecto, essa definição.

Por exemplo, no meu falar. Eu vejo que tenho murmurado muito. Então vou fazer uma
ascese do falar, vou falar menos, silenciar, para que os meus lábios ao invés de murmurarem eles
se calem, até que as minhas palavras sejam louvor e não murmuração.

A ascese vai me levar a dar alguns nãos em vista dos sins que sou chamada a dar na minha
vida espiritual, na minha união com Deus.

Outro aspecto bem interessante também que o dicionário de espiritualidade vai trazer é
citando São Paulo. Na Reciclagem de 2020 nós vimos, e é o tema da Reciclagem, a passagem de
Efésios que vai falar do crescer, alcançar a plenitude na maturidade de Cristo, porque Ele é o
homem maduro, pleno, santo. Então nós somos chamados a crescer na maturidade humana,
espiritual, vocacional, para nos tornarmos como Cristo, porque é a Ele que nós seguimos, é a Ele
que nós entregamos a nossa vida, e porque nós entregamos a nossa vida para Ele então nós
queremos ser como Ele.

2
O dicionário vai dizer: “No Novo Testamento, com São Paulo, o acento desloca-se para a
luta espiritual que o cristão deve empreender tanto na vida pessoal, como na apostólica. A vida
cristã é luta e combate. Os atletas se abstêm de tudo. Eles, para ganhar uma coroa perecível. Nós,
porém, para ganhar uma coroa imperecível”, e aqui é citando Coríntios 9. São Paulo vai dizer que
nossa vida é essa luta e esse combate, a luta para vencer os nossos pecados e assim crescermos na
maturidade, na santidade, e nos unirmos mais a Deus.

Por exemplo, um atleta que vai competir na natação. Ele vai precisar fazer algumas
renúncias, asceses, para que ele progrida nesse treinamento da sua natação, para que ele alcance
essa coroa, a vitória naquela modalidade que ele vai competir. A nossa coroa é imperecível. O que
nós vamos alcançando com os sacrifícios em sacrifícios, renúncias em renúncias, ascese em ascese,
é uma coroa imperecível, é a união com Deus, é a santificação da nossa vida, que vai nos
aproximando cada vez mais a Deus.

Da mesma forma que um atleta tem de treinar muito, que ele tem de invés de sair com os
amigos vai treinar, vai para a piscina nadar, vai calcular o seu tempo para conseguir fazer o seu
próprio recorde, fazer treinamento de respiração, da mesma forma o cristão precisa também fazer
o seu treinamento, ele precisa também treinar e cada vez mais fazer os seus esforços para que ele
consiga chegar também à santidade, e esses esforços são os esforços cotidianos, que muitas vezes
a própria permissão de Deus, a Providência de Deus, vai nos concedendo em situações às vezes
pequenas, mas que vão fazendo toda a diferença para o fortalecimento do nosso espirito e da
nossa alma.

O dicionário também vai dizer algo muito importante: “A vida cristã implica sempre numa
ascese, ou seja, um aluta contra o pecado e contra as suas manifestações no homem e no
mundo”. Ele vai dizer também: “E para crescer na vida sobrenatural o homem tem necessidade
constantemente da graça de Deus, quer se trate das graças sacramentais, quer das inúmeras
graças atuais que Deus pode lhe conceder”. E aqui ele vai falar da dimensão da graça.

Nós não somos chamados como cristãos e consagrados a apenas um esforço ascético
humano, simplesmente um progredir humanamente para eu ser melhor, não! Mas um progresso
humano espiritual que me leve à santidade, à conversão de vida, para uma união mais profunda e
autêntica com Deus.

Ele vai dizer: “O progresso espiritual não depende diretamente do esforço ascético, nem é
diretamente proporcional a ele. É Deus quem infunde o aumento da fé, da esperança, e da
caridade, que constituem a substância da vida espiritual”. Então, nós não podemos viver a ascese,
não podemos viver uma vida de progresso espiritual de progresso em Deus, de progresso até
mesmo humano, de crescimento humano, sem a graça.

É a graça de Deus que infunde em nós a fé para nós acreditarmos que com essas atitudes e
escolhas a minha vida vai se convertendo e me santificando para se unir mais a Deus. É com a
graça de Deus que vou tendo também esperança de que essa luta e perseverança cotidiana vai me
levar um dia a contemplar Deus face a face. É essa mesma graça que me capacita à caridade, a
amar a Deus sobre todas as coisas, a amar os irmãos vivendo a caridade.

Ele também vai falar da ascese na dimensão corporal, onde muitos santos e as definições
mais antigas de ascese traziam muito a dimensão das privações corporais, as asceses corporais,
vamos dizer assim: A dimensão da comida, dos jejuns, da vida austera, do pouco sono. Muitos
santos viveram essa ascese corporal, matando, vamos dizer assim, os próprios desejos e impulsos
carnais, para que o espirito ganhasse mais força diante das lutas da vida.

3
Quando nós somos capazes de dominar os apetites da nossa carne, as nossas
concupiscências, a partir de uma vida mais ascética, mais de escolha mais voluntária por esse
crescimento, por pequenas renúncias que vão fazendo com que o nosso espírito se fortaleça e
assim nós somos capazes de dominar a carne. Então, nós não nos deixamos surpreender pela
carne, pelos nossos impulsos, mas nós os dominamos pela graça de Deus. Então, isso também é
muito importante.

Então, irmãos, essa foi apenas uma introdução sobre esses aspectos da ascese, a ascese na
dimensão da tradição da Igreja, da espiritualidade católica, que vai nos ensinando um pouco sobre
esses conceitos, apenas para que a gente se ilumine um pouco a respeito disso, veja o quanto ela
é necessária em vista da nossa santidade. Sem a ascese não há como nós sermos santos, não há
como progredirmos na vida humana, espiritual, e não há como assim nós nos unirmos mais a Deus
também. Então, precisamos, como São João Batista, diminuir para que Deus em nós cresça.

Após esse vídeo nos vamos poder também aprofundar um pouco mais a dimensão da
ascese no carisma Shalom, e assim também que essa formação nos ajude a mergulhar mais nessa
graça da ascese da vida cristã. Shalom!

Você também pode gostar