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Tenho certeza que você já passou por diversos desses rituais. Ao entrar no
mundo, por exemplo, você abriu o berreiro e, com este sinal, anunciava a todos de sua
chegada. Quem não se lembra da própria festa de debutante, do trote sofrido por ocasião
da aprovação no vestibular, da festa e do cerimonial de formatura, das cerimônias civil e
religiosa do próprio casamento ou da lua de mel? Rituais de passagem que marcam
etapas da nossa existência. Até mesmo a Bíblia recomenda um ritual como prova do teu
testemunho como cristão. Estou falando da passagem que o Batismo significa. E o que
mesmo significa a simbologia deste evento? O próprio movimento de imersão e emersão
simboliza morte e ressurreição - fechamento e abertura da tua nova etapa espiritual na
terra.
Ainda referindo-me à Bíblia, penso naquele ritual particular pelo qual o apóstolo
Paulo sofreu. Precisou cair do cavalo, ficar cego e de jejum por três dias para fazer morrer
seu orgulho e experimentar uma nova fé. Que ritual!!! O mundo inteiro ganhou com isso.
Ler sobre luto em momentos de perdas marcantes talvez não seja algo
agradável. É coisa difícil, porém necessário. Difícil porque geralmente queremos negar a
ausência para melhor nos defender duma realidade que é triste. Necessário, porque, para
podermos dar continuidade à vida precisamos elaborar, processar nossa tristeza e
sentimentos de perda, ou seja, nossas misérias, para que a realidade possa, enfim, ser
absorvida e não o contrário. Nesse sentido, cada lágrima derramada, cada abraço de
comoção dado são passos fundamentais para que os ausentes sejam elaborados
internamente e o luto cumprido.
ALEX AIGNER
Acadêmico do último ano de Psicologia da UCDB.