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A palavra senso é aqui utilizada para desfazer a ideia de que são verdades ou
dogmas. Um senso é um marco norteador, e desta forma esta sujeito a
ponderações, oposições comentários e refinamentos, usamos este termo pois como
servidores da Grande Loja Branca estamos mais preocupados em formar homens
livres e conscientes do seu papel no mundo do que criar ovelhas em busca de
regras e receitas.
São 33 sensos a serem disponibilizados pouco a pouco, seguem os 10 primeiros.
1- A cabala é um mapa e não o caminho.
Para nosso grupo este preceito é fundamental, não confundir processos e meios com os
fins. Pensar na cabala como um mapa diz respeito a sua própria história. Como sabemos
uma parte significativa do misticismo judaico de onde a cabala de retira grande parte de
seus alicerces advêm da visão de Ezequiel descrita no antigo testamento. Neste texto
existe uma leitura detalhada de uma experiência mística de Ezequiel onde cada
elemento visual e sinestésico é descrito como nenhum outro na Torá. Logo uma parte
dos judeus se perguntou se poderiam ter o mesmo tipo de experiência e se sim como.
Assim os primeiros escritos cabalistas procuram descrever as preces, posturas e estados
da alma etc. necessários para uma experiência mística bem como os primeiros textos
falando sobre a natureza da criação do homem e do criador. Desta forma o objetivo da
cabala se confunde com o próprio desejo de se conhecer as formas de se unir com o
sagrado.
Esta afirmação tem sua relevância do ponto de vista ritual, mas, sobretudo no que diz
respeito as repercussões do próprio trabalho. A cabala não irá resolver seus problemas
nem lhe dar fórmulas como as opções de autoajuda, ela mostrará onde existe
desequilíbrios, excessos ou déficits, apontar a origem do sofrimento e as recorrências
nos mesmos tipos de relações e vícios. Contudo a mudança, a transformação ainda
caberá totalmente a cada um de nós. Mapas facilitam a jornada mas o caminho se faz no
caminhar.
Por outro lado uma pessoa ainda pode se manter paralisada devido aos “porquês” e a
ayahuasca é um grande professor nas respostas, nos perguntamos porque somos tão
insatisfeitos, tristes, invejosos, frustrados, irritados, porque nos mantemos em
determinadas relações ou comportamentos e somos atendidos com revelações dolorosas
e muitas vezes tremendamente obvias mas eclipsadas por nossas negações. A ayahuasca
ao abrir as portas da memória e da emoção pode nos dar os motivos para movimentar
um processo de crescimento, crescimento este que pode ser guiado pelo mapa cabalista.
Ao que chamamos de Arte real requer do adepto uma postura diferente, neste caso um
arcabouço rico de reflexões, estudos e práticas são propostos, mas cabe a cada um
executa-lo da sua forma e no seu momento. Se houver rápido desenvolvimento e
mudanças isso será mérito do praticante e se não houver também, tal raciocínio torna
um cabalista participe ativo e responsável pelas suas transformações. Não é preciso
dizer que essa responsabilidade é indesejada pela maioria das pessoas sentir,
experimentar a dor das próprias fraquezas, egoísmo, preguiça se ver frequentemente
tentado a desistir de qualquer disciplina edificante não podem nem de longe ser
considerado fácil ou agradável. Por isso esse caminho só pode ser trilhado de maneira
totalmente voluntária e consciente.
Somos muito cuidadosos e diligentes em afirmar que não somos pessoas especiais com
dons poderes ou qualquer outro quesito que nos torne diferente dos demais,
consideramos esse guia importante para não cairmos na perigosa armadilha do: “eu
tenho uma missão”.
Como cabalistas não acreditamos que temos uma missão nesta vida como acontece em
muitos grupos religiosos, pelo contrário a única missão que temos é viver da melhor
maneira possível fazendo jus a graça que o criador nos deu com o dom da vida. SE
arrogar que tem uma determinada missão facilmente cai na arrogância ou no engano,
arrogância pois pessoas com missões geralmente se acham especiais e importantes e
engano pois seria difícil afirmar qual é a nossa missão, por exemplo: você é técnico de
futebol, professor, dono de uma pequena empresa, pai, e faz trabalho voluntário com
idosos. Qual é sua missão? É educar seus filhos? É ajudar idosos? E ser um bom patrão?
É ensinar seus alunos a jogar bola? Como saber? O homem pode convenientemente
escolher qual sua “missão” ou pior podem escolher por ele. Abrir mão do conceito de
missão não significa levar uma vida sem propósito, não somos especiais, mas podemos
fazer coisas especiais, mas fazemos isso porque podemos e queremos fazer e não porque
seja nossa missão.
Por exemplo, ao estarmos diante de uma pessoa que não nos entendemos
podemos lembrar que no plano da emanação ela carrega uma história transcendente que
você não conhece e um tikun que pode ser muito mais difícil que o seu, podemos
entender que no plano mental das ideias ela é fruto de uma cultura e de falas e scripts
muito antigos que podem antagonizar com os seus dizendo a ela seja forte, contra
ataque, ou então você é especial, você é melhor do que os outros. Pode compreender o
impacto dos dois primeiros mundos na vida emocional desta pessoa, como ela
experimenta tristeza, frustração e medo e por fim ver o reflexo final disto tudo nas suas
ações que lhe parecem odiosas e sem sentido. Não se trata de abonar os erros dos outros,
mas quando abrimos espaço para a empatia tudo se transforma em intercâmbios em
potencial.
Dizer que somos cristãos sem algumas explicações pode gerar as antigas
imagens distorcidas e infantis sobre o cristo e sobre os cristãos ao longo dos tempos. É
possível olhar o cristo nas 4 dimensões a começar o cristo histórico com todas as suas
lacunas e inconsistências, neste nível temos muito pouco a aprender nas nossas
reflexões. Em seguida podemos pensar em um cristo alegórico pensando no que ele
representa em cada um de nós e no valor intrínseco de seus ensinos e exemplos neste
nível retiramos muitos aprendizados ao adentrarmos nos significados ocultos das
parábolas e acontecimentos narrados sobre sua vida. No próximo nível temos a conceito
do cristo intimo, ou seja da centelha divina que habita em cada um de nós e que é
reconhecida quando nos assemelhamos ao cristo seguindo seus ensinos e por fim temos
o nível mais profundo que não pode ser transmitido por palavras ou imagens que diz
respeito aos mistérios da crucificação e da redenção pelo cristo que só podem ser
experimentados. Neste sentido não cultivamos uma “adoração” infantil onde o crer
basta por si mesmo ou onde chantageamos nossa devoção ao atendimento de nossos
desejos mesquinhos, acreditamos que a maioria dos que se dizem cristãos ainda estão
por ignorância ou por engajamento presos ao nível alegórico os tomando ao pé da letra.
Isso nos parece tão importante que figura entre os primeiros sensos de nossa Loja. É
comum que o caminhante procure analisar em um dado momento de sua caminhada o
quanto evoluiu, esta analise é natural o problema é a forma como ela pode ser feita.
Quando utilizamos algum padrão ideal de evolução ou quando nos comparamos com os
demais a frustração será certa. Numa caminhada espiritual a comparação deve ser
sempre com você mesmo em um outro momento. Quer saber se esta crescendo veja se
reage de maneiras mais brandas e construtivas em situações do conflito, veja se hoje
controla mais seus apetites que ontem, ainda que você considere que esta longe do ideal.
Compare sua fé e sua sintonia com o sagrado hoje e no passado, faça tudo isso tendo
você mesmo como parâmetro e poderá saber se estacionou ou se esta avançando ainda
que em duras penas. Sua subida pela escada de Jacó só pode ser feita por você e por isso
os degraus que você venceu devem ser computados não o dos outros.
8- Um grupo cabalista se forma e se mantem por uma necessidade coletiva e não
por uma vontade individual.
Há também aqueles que não aprendem porque não quererem, são pessoas sem
desequilíbrios maiores no aspecto cognitivo ou emocional, mas que optam por preguiça,
negligencia ou comodismo ignorar as lições dadas pela ayahuasca. Nestes casos o
professor simbolizado na experiência pode se silenciar.