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D E V O C I O N A L | U M C H A M A D O A C U LT I VA R E G U A R D A R

material desenvolvido por Frutíferas - #somostodasfrutiferas


proibido a comercialização do mesmo.
Paula Regina Cabral Ribeiro - ribeirop582@gmail.com - CPF: 087.543.714-14
D E V O C I O N A L | U M C H A M A D O A C U LT I VA R E G U A R D A R

Introdução

Intro-
dução
Você já parou para pensar que é curioso como, no Éden,
o primeiro chamado à humanidade foi para cultivar e
guardar o Jardim (Gn 2.15)? Vamos refletir juntos: Deus
poderia ter pedido a Adão e Eva que realizassem um grande
culto, praticassem exercícios espirituais ou realizassem
uma grande vigília.

No entanto, no início de Gênesis 2, vemos que a


humanidade desempenhava um papel crucial para fazer o
Jardim florescer e crescer. A pergunta é: como esse chamado
impacta nossas vidas hoje? Com agendas lotadas e muitas
tarefas em mãos, como podemos encontrar tempo para
cultivar e cuidar? O que exatamente devemos cultivar e
guardar? Será que essa tarefa se limita apenas ao cuidado
das plantas em casa ou do meio ambiente? Como esse
chamado afeta nossas rotinas diárias, nosso trabalho,
relacionamentos e especialmente o novo ano que está
começando?

Neste devocional, vamos explorar juntas as respostas


através de tesouros escondidos em textos bíblicos
frequentemente negligenciados. Seremos guiados a cultivar
e guardar por meio da liturgia dos nossos dias comuns,
desde quando acordamos até quando dormimos. Está
pronta? Então vamos lá!

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DIA
01 D E V O C I O N A L | U M C H A M A D O A C U LT I VA R E G U A R D A R

Cultivando um Coração Grato

“Não vivam preocupados com coisa alguma; em vez disso,


orem a Deus pedindo aquilo de que precisam e agradecendo-
lhe por tudo que ele já fez. Então vocês experimentarão a
paz de Deus, que excede todo entendimento e que guardará
seu coração e sua mente em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:6-7)

Eu acordo com rapidez. Nem sempre aprecio isso, porque


antes mesmo de colocar os pés no chão, minha mente já está
cheia de todas as tarefas que tenho que fazer durante o dia.
É por isso que eu desenvolvi o hábito de olhar para a luz que
entra no quarto, lembrando-me que as promessas do Senhor
são cumpridas. O sol da Justiça raiou mais uma vez. É como
um constante jogo de pega-pega: quem chegará primeiro ao
meu coração? Minha mente atribulada ou a verdade eterna
de que o dia pertence ao Senhor e não a mim?

Acordar, muitas vezes, é desafiador. Há a preguiça de


deixar as cobertas, o medo de enfrentar o mundo afora e o
desânimo diante dos desconfortos da vida do lado de cá da
eternidade. Contudo, todas deveríamos concordar que
acordar é uma dádiva. Já pensou sobre o quão assustador é
todos os dias fechar os olhos vulneravelmente à noite e
despertar apenas no outro dia? Ao mesmo tempo, é
reconfortante saber que, enquanto respiramos calmamente,
desacordadas, o Senhor do Tempo cuida de cada detalhe. No
final da noite escura, Ele orquestra o nascer perfeito do sol,
anunciando um novo dia. No entanto, é constrangedor que,
mesmo diante da graça divina sobre as nossas limitações,
abrimos os olhos para a ingratidão e autossuficiência mais
uma vez — muitas vezes deixando de agradecer,
principalmente quando estamos agitadas, exaustas ou
excessivamente ansiosas.

O trecho de Filipenses 4, a partir do versículo 6, é familiar

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para muitos. Gosto da versão de Eugene Peterson que


começa com: “Não se aflijam nem se preocupem. Em vez de
se preocupar, orem”. Sei o desafio de orar pela manhã quando
ainda estamos sonolentas, encarando o teto por incríveis 5
segundos. Especialmente se você, ao contrário de mim,
acorda lentamente, sem a plena consciência do que está
acontecendo ao redor. Eu entendo.

Mas reflita, Frutífera: qual é o primeiro pensamento que


surge em sua mente após alguns segundos de consciência?
Seja sincera, assim como serei agora. Nesta manhã, meu
primeiro pensamento foi a ansiedade de concluir este texto,
não a gratidão pelo calor extremo que deu lugar a uma
manhã nublada e fresca, por exemplo.

Em questão de segundos, esqueci minha prática matinal.


Dei espaço para a lista de tarefas, transformando-a em
preocupações. Poderia ter protegido esses segundos,
entregado a ansiedade ao Pai e transformado-a em oração.
Com o coração cheio de gratidão, poderia ter guiado meus
pensamentos ao Deus que eu sei que amorosamente governa
tudo. Uma liturgia suave para um dia potencialmente ansioso,
concorda? E você? Quantas vezes você abriu os olhos e foi
invadida por pensamentos ingratos e incrédulos? Cultivar
um coração grato em dias tão agitados é desafiador.

N. T. Wright, ao comentar sobre esse versículo, afirma que


“a ansiedade era um modo de vida para muitos no mundo
pagão antigo. Com tantos deuses e deusas, todos
potencialmente prontos para punir por alguma ofensa que
você talvez nem soubesse qual era, você nunca sabia se algo
maligno estava à espreita em algum canto”.

Querida, quantas vezes não acordamos como “pagãs”?


Entregamos nossas vidas, logo nas primeiras horas da
manhã, aos falsos deuses do sucesso autônomo que
sussurram “Você consegue fazer o que quiser. Vá e conquiste”,
quando claramente precisamos do descanso aos pés do
nosso Salvador, que conquistou na cruz tudo o que
precisamos? Nesse descanso, podemos cultivar um coração
que, com alegria, louva com atos de gratidão, em vez de
horas de trabalho.

Cultivarmos um coração grato é o caminho para


superarmos a ansiedade. Assim, poderemos experimentar

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a paz de Deus, que excede todo entendimento. É importante


compreender que essa paz não significa ausência de
preocupação, não indica que nunca mais teremos ansiedades.
Ela significa que a nossa paz não repousa nas circunstâncias,
mas no Deus que têm cuidado de nós ao longo de nossas
vidas. Essa paz, que vem de Deus e não de nosso check-list
cumprido, guardará nosso coração e mente em Cristo.

Eugene traz uma versão muito linda do ensino de Paulo:


“É maravilhoso o que acontece quando Cristo retira a
preocupação do centro da vida humana”. E é verdade. Agora
que pertencemos a Jesus e não a nós mesmas, podemos
abrir os olhos e começar nossos dias, quer sejam calmos ou
caóticos, com a certeza de que as promessas do Senhor são
maiores do que nossas ansiedades. Podemos reservar
alguns segundos em silêncio, enquanto observamos a luz
adentrando a janela, para louvar em gratidão ao Deus que
trouxe, mais uma vez, paz em meio ao caos.

Oração: Senhor, agradeço por tuas misericórdias que se


renovam a cada manhã, trazendo luz à escuridão. Perdão
por, ao abrir os olhos, falhar em expressar gratidão e, em
vez disso, permitir que preocupações e ansiedades dominem
meu pensamento. Reconheço que este dia pertence a Ti, não
a mim, e peço ajuda para cultivar um coração grato e firme
em Tuas promessas, que eu não seja abalado pelas
adversidades. Em nome de Jesus, amém.

O que aprendi sobre Deus hoje?

O que aprendi sobre mim mesma hoje?

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DIA
02 D E V O C I O N A L | U M C H A M A D O A C U LT I VA R E G U A R D A R

Guardando o Coração

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração,


porque dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4:23)

Quantas vezes você já se deparou com as seguintes


afirmações: “siga seu coração”, “o que você sente é o que
importa”, “use menos a cabeça e escute o que seu coração
está dizendo” e tantas outras desse tipo? Bem, não precisa
ir longe para ouvir essas frases. Basta ligar a sua TV no seu
streaming favorito, abrir o livro de romance mais lido pelo
New York Times, escutar a música do momento, observar as
publicações nas redes sociais. Essas afirmações estão lá
aos montes.
A verdade é que grande parte dos enredos românticos
apresenta o ato de escutar o que o coração sussurra e seguir
seus impulsos como uma solução. É como se a mente
representasse apenas a razão, enquanto o coração fosse a
origem das emoções, cada um sendo usado em seu momento
adequado, como botões de volume ajustável. Ao tomar
decisões amorosas, é crucial ouvir o coração, evitando ser
excessivamente racional. Já em situações profissionais, por
exemplo, a razão deve predominar, deixando pouco espaço
para as emoções. Mas será que a Palavra nos ensina isso?
Dois pontos me parecem interessantes: a forma como a
palavra “coração” é utilizada em Provérbios e como muitas
de nós, eu inclusive, tendemos a separar emoção e razão,
coração e mente, pensamento e sentimento. Infelizmente,
somos muito influenciadas por uma perspectiva grega, que
separa essas áreas, embora sejam integralmente
interligadas.
A Bíblia não designa o coração como a matriz das emoções
e o cérebro a fonte da razão, sabia? Conforme Tim Keller
destaca com maestria, o coração é a “sede das crenças mais
profundas, dos compromissos mais autênticos e do amor
mais genuíno, de onde emanam as verdadeiras fontes da

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vida”.
É possível que você já tenha decorado a passagem de
Provérbios 4:23 durante gincanas bíblicas na igreja ou nas
aulas de escola bíblica dominical. No entanto, já se perguntou
sobre como devemos guardar o coração e o que precisamos
guardar? O que há de tão perigoso que merece destaque
neste livro de sabedoria?
A passagem que estamos lendo indica que, embora os
nossos pensamentos, sentimentos e desejos brotem do
nosso coração, este é alimentado pelo que vemos, ouvimos,
experimentamos… Considerando a proposta desta série de
devocionais, que nos convida a observar liturgicamente
nossas rotinas, reflita sobre um ato que muitos de nós
realizam automaticamente segundos após acordar: olharmos
para os nossos celulares.
É tentador dar aquela checada nas mensagens, eu sei! E,
mais uma vez, não estou aqui para condenar suas manhãs.
As minhas manhãs, como costumo dizer, também são
imperfeitas. Muitas vezes, cedo ao mau hábito de expor meu
rosto à luz das telas em vez da luz do dia.
No entanto, a questão é que dedicar muito tempo a um
objeto, como o celular, atrai a atenção do nosso coração, que
pode ser gradualmente conquistado. Um dos meios para isso
é a imaginação, que vai nos tomando aos poucos. Ao fixarmos
nossos olhares em notificações, curtidas, comentários e
notícias, abrimos nossos corações para cobranças,
comparações, amarguras e ansiedades. Utilizamos nossa
imaginação para preencher as lacunas dos “eu não tenho”,
“eu não sou”, “eu queria muito”, “poderia ser eu” e outras
afirmações infrutíferas para nossa jornada como discípulas
de Jesus.
Veja bem, como gestora de redes sociais trabalhando há
anos com ministérios cristãos no digital, gosto de reforçar
que as redes são nosso campo missionário. São o local em
que somos chamadas para sermos testemunhas fiéis da Luz
do Mundo. Por lá, devemos apontar para nosso Salvador,
seja produzindo intencionalmente conteúdos, seja
interagindo com amigos do dia a dia. As plataformas sociais
não são a fonte do mal no mundo, e eliminá-las por completo
não irá trazer a paz que tanto desejamos. Apenas em Cristo,
e quando Ele voltar, desfrutaremos dessa paz. Enquanto isso,
devemos cultivar e guardar o solo de nossos corações das
contaminações que consumimos muitas vezes sem reparar.

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Ao alimentarmos os nossos corações com mentiras,


perdemos de vista o objetivo e seguimos por caminhos
diferentes. Consegue ver o ensinamento bíblico sobre a
influência das nossas palavras, olhos e pés aqui? No exemplo
que usamos sobre o checar o celular, uma manhã que deveria
começar voltada para o Senhor, é comprometida por outras
coisas. O coração não está guardado, na verdade, está
distante da fonte da vida, com raízes cada vez mais
desnutridas e expostas a diversos males.
Querida, dentro desse contexto, como podemos ser
frutíferas? Como podemos abençoar as vidas de nossas
irmãs, quando estamos imersas em informações que
poderiam aguardar o momento certo, em vez de mantermos
nossos olhos fixos e nossos corações alinhados com o Pai,
que conhece as necessidades de suas amadas filhas? E, indo
mais a fundo, além da atenção ao mundo digital, em que
outra área de sua vida você está negligenciando a guarda do
seu coração? Quais atividades, dentro da sua rotina, estão
te afastando de Deus e impedindo o cultivo de um
relacionamento com Ele?
A melhor maneira de guardar o coração é através da
adoração, onde as palavras, a mente, a imaginação e nossos
corpos são reorientados para o Senhor. Por isso, querida,
antes mesmo de começar o dia, antes de estender o braço
para a mesa de cabeceira, convido você a desfrutar da fonte
da vida. E o celular, neste momento tão especial, pode ser
deixado de lado, guardado. Combinado?

Oração: Senhor, é maravilhoso pertencer a um Deus


gracioso que supre todas as nossas necessidades.
Reconheço, Pai Amado, que tenho estado distante de Ti.
Tenho me envolvido com tantas coisas que emitem uma luz
fraca e desviada, em vez de permanecer próxima à luz que
traz vida, que é Tu mesmo. Ajuda-me a cultivar e proteger o
solo do meu coração, livrando-o de contaminações que
muitas vezes surgem do que consumo, assisto e ouço. Peço
perdão e ajuda para, desde as primeiras horas da manhã,
reconectar-me contigo. Em teu nome, oro. Amém.

O que aprendi sobre Deus hoje?


O que aprendi sobre mim mesma hoje?

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Guardando o Tempo

“Portanto, vede prudentemente como andais, não como


néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os
dias são maus.” (Efésios 5:15-16)

Desde a infância, sempre tive o hábito meticuloso de


planejar as coisas. A última vez que me entreguei a esse
processo foi no fim de 2021. Lá estava eu, sentada à mesa
no dia 31 de dezembro, finalizando meu planejamento para
o todo o próximo ano, detalhando mês a mês. Estabeleci
horários específicos para dormir e acordar diariamente,
selecionei livros tematicamente para cada leitura, determinei
a quantidade de páginas a serem lidas por dia, delineei minha
rotina de trabalho ideal, e defini o tempo exato de pausas
diárias, além de reservar momentos de qualidade com meu
marido. Ao final desse processo, tinha uma planilha extensa
com todos os detalhes cuidadosamente planejados.
Contudo, a realidade mostrou-se diferente. Já em março
do ano seguinte perdi o controle. Tornou-se impossível
seguir à risca esse planejamento aparentemente “perfeito”.
Acreditei que a solução era criar listas para gerenciar cada
segundo do meu tempo. Foi um golpe doloroso. “E agora?
Como lidar com minha agenda? Como manter minha disciplina
devocional? Como cumprir as demandas diárias?” indagava-
me, perdida e frustrada. Você já enfrentou algo semelhante
em algum momento?
Muitas vezes, ao refletirmos sobre o conceito de “remir o
tempo” no texto de Efésios, podemos interpretar
erroneamente como a elaboração de planilhas detalhadas
para controlar cada aspecto de nossas vidas. Ao analisarmos
a rotina de Jesus, podemos ficar surpresos olhando para a
quantidade de atividades, reuniões e eventos que Ele realizou
em seu ministério, enquanto nos sentimos culpadas por não
conseguir fazer o mesmo. Olhamos e perguntamos: mas,

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como Ele conseguiu?


A resposta está em guardarmos nosso tempo e começa
com o olhar para Cristo. Ao contemplarmos Sua vida,
enxergamos claramente nossas limitações em contraste
com sua glória. Assim, identificamos onde temos investido
nosso tempo e esforço.
Quantas vezes corremos desenfreadamente em direção
a realizações, frequentemente centradas em nós mesmas,
quando deveríamos desacelerar, abandonar preocupações
excessivas com organização minuciosa? Quantas vezes
deixamos a visão da nossa sociedade da falsa produtividade
ditar nossos ritmos de tempo e descanso? Achamos que isso
é guardar o tempo, e, infelizmente, é essa visão de agenda
perfeita vendida para nós. Nos esquecemos que Cristo não
nos chamou para bater ponto no Reino de Deus. Não somos
funcionárias, somos filhas amadas. E, agora que pertencemos
a Jesus, não precisamos mais guardar o tempo com nossas
próprias mãos. Podemos descansar e trabalhar pelo Reino
e pelo Rei.
Remir o tempo é perceber as oportunidades ao nosso
redor como chances de servir ao Senhor, inclusive por meio
do descanso e de ações não consideradas “produtivas” para
a nossa cultura da performance. Esse é o ensinamento de
Efésios. Por isso, devemos dedicar cada dia, cada hora e cada
minuto como um ato de adoração ao Senhor, compreendendo
Sua vontade e avançando para torná-la uma realidade. E
reforço que isso pode ser feito em meio às nossas tarefas
ordinárias, muitas vezes consideradas chatas.
Querida irmã, arrumar a cama, colocar travesseiros no
lugar, alinhar cobertores, mantas e lençóis é um ato de
adoração. O Senhor está vendo, participando e se alegrando
deste ato de serviço e de mordomia. Guardar o tempo
também envolve fazer tarefas sem graça, mas essenciais.
Marquei no coração uma citação de um post da querida
Isabella Oliveira, uma das escritoras do Graça e Frutíferas,
para os dias em que tenho que realizar tarefas sem aplausos,
que vão desde analisar relatórios até trocar o lixo do
banheiro. Ela diz que: “Há alegria em servir, em ser
indispensável na vida de criaturas feitas à imagem de Deus.
Há alegria em cada oportunidade de fazer para o próprio
Cristo cada pequena enfadonha tarefa.” Belíssima visão do
extraordinário no ordinário, não é?

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Agora, ler o versículo 16 pode trazer uma certa angústia.


Os dias são maus, e o que nós fazemos nesses dias? Ao invés
de adotar um estilo de vida fundamentado na incredulidade
do mundo exaustivo, contando cada minuto e tirando a paz
de si e dos demais, nós aprendemos a descansar no amor
de Deus e a coparticipar com ele de sua missão. Nós
guardamos o tempo quando, diferente dos ritmos e agendas
deste mundo, nós adoramos ao Pai com descanso e
mordomia. Se você, como eu, tem dificuldade de abrir mão
de uma agenda exageradamente organizada, te convido a
fazer de um trecho da música do Paulo Nazareth “Tantos
Sinais”, a sua oração: “Sigo aprendendo a descansar, pronto
a me calar pra observar, a beleza tão presente em tudo que
também se faz presente em nós.”

Cada dia, cada hora é uma dádiva de Deus que deve ser
usada para a Sua Glória e não nossa. Vamos fazer isso a
partir de hoje?

Oração: Pai amoroso, reconheço o preço elevado que


custou para ser sua filha. O Senhor entregou seu único filho
para morrer em meu lugar, para que hoje pudesse desfrutar
do relacionamento íntimo com o Senhor. Confesso que tenho
negligenciado esse momento. Tenho corrido para realizar
coisas centradas em mim mesma, em vez de focar em Ti. O
Senhor não me chama para ser uma funcionária, mas uma
filha amada e me convida a co-participar do seu trabalho de
transformação e redenção em todas as coisas. Peço que, por
meio do teu Espírito, inicie essa transformação em mim.
Ajuda-me a viver com ritmos graciosos e encontrar descanso
pleno na tua presença. Em nome de Jesus, amém.

O que aprendi sobre Deus hoje?

O que aprendi sobre mim mesma hoje?

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Cultivando os Afetos

“Pelo contrário, tem prazer na lei do Senhor e nela medita


dia e noite.” (Salmos 1: 1-2)

A prática da leitura da Palavra sempre foi uma constante


em minha casa, graças ao exemplo marcante de minha mãe.
Mesmo que ela talvez não saiba, eu a observava discretamente
enquanto lia passagens bíblicas em voz alta, dando ênfase
nas entonações e fazendo pausas adequadas, como se
estivesse dialogando com alguém ali mesmo. E de fato,
estava. Inspirada por esse exemplo, eu também adotava o
hábito. Com a minha “Bíblia da Menina Cristã” em mãos, eu
abria o texto e lia em voz alta. Sem perceber, esse hábito
moldou minha experiência com a leitura bíblica por anos.
Contudo, o devocional vai além desse ato. Não se trata
apenas de abrir o texto do dia, ler e fechar. É uma conversa.
Um relacionamento. Uma forma de alimentar o nosso
coração e redirecioná-lo para Deus. Com isso em mente,
pergunto: como está a sua rotina devocional?
O que antes era limitado a livros e uma leitura, muitas
vezes incompreendida, da Palavra, hoje dispomos de diversas
ferramentas, livros, ebooks, audiobooks, plataformas de
estudos bíblicos (como o Frutíferas) para realizar devocionais
de vários estilos e modelos. Considero essa variedade
riquíssima, pensando inclusive nas diferentes personalidades
que temos. Uma pessoa introvertida consegue permanecer
em um canto em total silêncio, concentrando-se por uma
hora ou mais na leitura da Bíblia, reflexão e oração — como
é o meu caso. Por outro lado, uma pessoa extrovertida pode
realizar um devocional em grupo, em um café com amigos
ou até mesmo durante uma caminhada diurna. O importante
é compreender que esse tempo é precioso por ser nutriente
necessário para as nossas vidas.
Quando nos debruçamos sobre o primeiro Salmo,
percebemos que o justo encontra prazer na Lei e medita na

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Palavra dia e noite. Isso evidencia que a verdadeira felicidade


reside na vida saturada pela Palavra de Deus, um verdadeiro
tesouro para o coração. Nesse contexto, “Lei” não se refere
a uma mera lista de tarefas, regras ou punições, mas sim ao
ensinamento amoroso de Deus para seus filhos.
Quanto à palavra “meditação”, ela pode gerar estranheza
para alguns. No entanto, permita-me compartilhar uma
perspectiva: na sua rotina diária, você já pratica a meditação,
mesmo que não a reconheça.
Nos últimos anos, o conceito de meditação bíblica ganhou
um novo significado para mim. Se, assim como eu costumava
pensar, você associa meditação a retiros distantes, com
vistas para montanhas, silêncio absoluto e mentes sem
preocupações, saiba que não é disso que o termo trata. Ao
explorar comentários e beber da fonte dos primeiros cristãos,
aprendi que meditar é, na verdade, “ruminar”. Sim, é isso,
querida irmã, e nós realizamos esse processo com mais
frequência do que imaginamos.
Sabe aquele pensamento incessante que martela em
nossa mente ao longo do dia, muitas vezes desviando nosso
foco e mexendo até mesmo com nosso coração? Isso é
meditar. No entanto, o desafio para nós, donas de mentes
agitadas, é que passamos grande parte de nossos dias
ruminando preocupações, desejos e anseios sem direcioná-
los a Deus, deixando que essas coisas contaminem o solo de
nossos corações medrosos e incrédulos. É para isso que
serve a meditação bíblica: para realinharmos nossos
corações a um Deus que nos pede para nos aquietarmos e
reconhecermos Sua soberania (Sl 46.10).
Meditar não é apenas uma leitura mental da Bíblia, com
papel e caneta ao lado para fazer anotações. É,
essencialmente, uma leitura com o coração. Essa prática
envolve quatro disciplinas espirituais: silêncio, solitude,
consciência da presença do Pai e leitura bíblica, seja através
da memorização de um versículo, da reflexão sobre o
conteúdo da devocional, terminando com uma oração. Essa
prática pode ser realizada em um local específico ou no meio
da rotina diária.
No entanto, se não mantivermos o foco adequado, essa
prática pode tornar-se apenas mais uma entre tantas tarefas.
O Salmo, ao descrever o justo, destaca que ele tem prazer
nessa prática. Há satisfação em investir tempo com a Palavra
de Deus. Às vezes, nos preocupamos tanto com a mera

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execução de rituais, a quantidade de técnicas a serem


aplicadas, o tempo dedicado e até mesmo com a elaboração
de palavras complexas em nossas orações, que esquecemos
do essencial: a transformação do nosso coração, tornando-
nos cada vez mais semelhantes a Cristo.
O ato de meditar consiste em trazer constantemente as
verdades bíblicas para que nossa mente alcance o coração.
Isso implica em repetir diversas vezes que o Senhor é o nosso
pastor; compreender que o que não temos, na verdade, não
precisamos — entre tantas outras ricas verdades. Implica
em permitir que essas verdades encharquem nossos
corações sedentos por respostas, as quais só encontraremos
em Jesus, e transborde na vida das pessoas ao nosso redor.
Ao observarmos o ministério de Jesus, percebemos que
a prioridade de seus dias era o relacionamento com o Pai.
Como filhas do Rei, precisamos seguir o mesmo caminho
diariamente em nossas vidas, pois nossa frutificação ocorre
conforme permanecemos na Videira Verdadeira (João 15).
Como mãe, você tem sido um exemplo para seus filhos,
demonstrando a prioridade dada a Deus, mesmo diante da
agitação? No seu ambiente de trabalho, as pessoas observam
você reservando um tempo, apesar da correria, para estar
com o seu Senhor? Entre amigos, você tem se preocupado e
pedido ajuda para se manter constante em seu tempo a sós
com o Pai? Que o seu devocional te ajude a amar mais a Deus
e a transbordar este amor de modo prático em seu dia a dia,
revelando o Reino Futuro já no presente.
Oração: Senhor, Tu és o soberano do tempo, enquanto eu,
muitas vezes, sou dona de uma mente inquieta e ansiosa,
preocupada com inúmeras questões. Peço perdão por
desperdiçar grande parte dos meus dias ruminando
preocupações, desejos e anseios ao invés de meditar na Tua
Palavra. Tenho permitido que essas inquietações contaminem
o solo do meu coração medroso e incrédulo de que Tu estás
cuidando de tudo. Eu me arrependo, Senhor. Ajuda-me a
encontrar prazer na tua lei e a meditar nas tuas verdades
dia e noite. Reconheço que Tu és Deus, e meu desejo é aquietar
minha alma para ouvir a Tua voz. Em nome de Jesus, amém.

O que aprendi sobre Deus hoje?

O que aprendi sobre mim mesma hoje?

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Cultivando a Confiança em Deus

“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes


no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus
caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.” (Provérbios
3:5-6)

Na rotina agitada, paramos para tomar o café da manhã


de forma rápida: na cozinha, acompanhando as notícias,
mexendo no celular, beliscando enquanto nos arrumamos
ou até mesmo a caminho do trabalho. Quantas vezes você
já começou o dia assim?
Sou paulistana, e meu último ano em São Paulo foi
marcado por um constante malabarismo de horários.
Frequentava a faculdade de manhã, trabalhava à tarde e
dedicava as noites ao TCC. Os horários dessas atividades
eram fixos, mas os das refeições não. Fui forçada, muitas
vezes contrariada, a escolher entre fazer o café da manhã
ou o almoço rapidamente. Sempre a dúvida: dormir mais
alguns minutos ou acordar cedo para saborear a primeira
refeição do dia? Detestava ter que fazer essa escolha.
Hoje, já formada, morando no interior e trabalhando em
casa, aprecio o que considero um luxo: saborear todas as
refeições devagar, apreciando cada item no prato. Foram
quatro anos intensos esquecendo o significado disso. Agora,
entre comer rapidamente e esperar algumas horas para
então apreciar uma refeição com calma, escolho sempre a
segunda opção.
Confesso que algumas vezes optei por dormir mais ou
prolongar um pouco mais o trabalho em vez de reservar um
tempo tranquilo com o Senhor. Meu relacionamento com o
Pai não acontecia à mesa, mas de pé, alimentado por
migalhas espirituais de fast-food: um versículo aqui, uma
oração curta ali, uma pregação em modo acelerado acolá ou
até mesmo uma devocional com versículos aleatórios.
Escrevo com vergonha dessa escolha que fiz mais de uma

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vez, mas é a verdade. E talvez seja a sua realidade também.


Em momentos como esses, esquecemos completamente
da grandiosa narrativa e de como ela impacta nossas vidas.
Estamos falando da história de um Deus pessoal que nos
criou e nos salvou para que pudéssemos cultivar um
relacionamento com Ele e com o próximo, bem como
orquestrar a sua boa criação. Essa história transforma cada
aspecto de nossas vidas: desde a maneira como lidamos com
dinheiro até a forma como conversamos com amigos, e
inclusive, a maneira como desfrutamos dos nossos cafés da
manhã.
À medida que vivemos uma vida moldada por essa
narrativa bíblica, passamos a conhecer mais a Deus, a amá-lo
verdadeiramente e a confiar em todos os seus caminhos.
Pense comigo: como você pode confiar em alguém que não
conhece, com quem não se relaciona, com quem não investe
tempo para conversar, ouvir e ser ouvido? Por que então
achamos que com o nosso Pai isso não se aplica? Precisamos
cultivar nosso relacionamento com o Criador; mas,
infelizmente desfrutamos tão pouco de um relacionamento
que nos foi dado, por meio de Cristo, a um preço tão alto.
Os antigos puritanos resumem, segundo as Escrituras, a
fé em três palavras didáticas: conhecer, concordar e confiar.
Conhecer a Deus pessoalmente, concordar e amar as
promessas que dele vêm, e por fim, confiar que o Senhor
conduz toda a história, pessoal e global, para os seus bons
planos. Percebe que uma coisa puxa a outra? Essa é a chave
para cultivarmos a confiança no Criador: relacionamento.
Gosto muito da ilustração que meu marido usa em suas
pregações: diante de nós, todos os dias, temos acesso a um
grande banquete com as mais belas e variadas comidas de
dar água na boca. Nossos estômagos ardem de fome, mas,
ao invés de sentarmos à mesa e comermos, nós passamos
reto, apenas sentindo o cheiro, e vamos direto para a cozinha
ou à procura de algum restaurante. Tentamos nos bastar,
mas nos frustramos com as nossas próprias carências
quando temos um indescritível banquete à nossa frente: o
próprio Deus.
Algumas vezes, em nossa jornada cristã, nos contentamos
com o pouco. Com a migalha do dia e não com o Pão Vivo,
que sacia a fome de nossas almas. Irmã, talvez você não
esteja tão corrida assim. Talvez, no momento de vida em que
está, você até tenha um bom tempo de leitura da Bíblia. Mas

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talvez seja apenas isso: uma leitura. Apenas um estudo da


Palavra como um livro. Você se identifica?
Querida, Jesus, a porta pela qual temos acesso ao Pai, o
pão que alimenta a sua alma, a água que sacia todas as suas
sedes físicas, mentais e espirituais, o caminho para uma vida
verdadeira ao lado do Pai, te chama hoje para comer à mesa
e degustar do relacionamento e satisfação que é caminhar
com o Pai.
Ele não está com pressa. A mesa já está posta. Diferente
da minha experiência no final da faculdade, você não precisa
escolher qual refeição fará. Apenas desfrute da liberdade e
satisfação plena que foi conquistada para você em todas as
refeições, em todas as estações de sua vida. Comece com
calma, digerindo a Palavra até que ela faça parte de você.
Sente-se e delicie-se da vida em abundância que hoje se
derrama sobre sua vida.

Oração: Pai, em minha jornada contigo, que é repleta de


vida, sabedoria e bênçãos, tenho percebido que, muitas
vezes, me contento com migalhas em vez de saborear o Pão
Vivo que verdadeiramente sacia minha alma. Oro para que
ao Espírito Santo que me guie, para que meu relacionamento
contigo não se reduzido à leitura de textos e orações
repetidas, mas se torne um encontro à mesa, tanto sozinho
quanto com pessoas queridas, onde possamos degustar a
plenitude do relacionamento e a satisfação que é caminhar
lado a lado contigo, Pai. Em nome de Jesus, amém.

O que aprendi sobre Deus hoje?

O que aprendi sobre mim mesma hoje?

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DIA
06 D E V O C I O N A L | U M C H A M A D O A C U LT I VA R E G U A R D A R

Cultivando o Amor

Amados, continuemos a amar uns aos outros, pois o amor


vem de Deus. Quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
- 1 João 4:7

Após acordarmos, arrumarmos as nossas camas e


fazermos o nosso devocional, normalmente vamos para o
trabalho. Como também podemos fazer deste período um
ato de adoração a Deus? O mundo trabalha por questões
egoístas, como sustento próprio, identidade, valor etc. Nós,
como discípulas de Cristo, trabalhamos para servir em amor
a Deus ao servirmos em amor a criação humana e não-humana
do Senhor.
Agora, já se perguntou por que é tão desafiador amar o
próximo? Eu já, especialmente em momentos em que sou
cortês com algum atendente e ele é grosseiro, ou quando
faço uma pergunta simples ao médico e recebo uma resposta
ríspida. Seja ao lado de uma pessoa reclamona ou quando
um motorista me fecha no trânsito enquanto vou para o
trabalho, a “velha mulher” desperta em mim — e acredito
que em você também. Minha reação habitual geralmente é
respirar fundo e pedir a ajuda do Espírito Santo, pois, se não...
Cultivar o amor, para servirmos ao próximo com o nosso
trabalho, nos dias atuais é uma tarefa árdua. A frieza de
coração só aumenta, assim como a confusão em torno do
significado desta palavra. Hoje, o amor é tudo e, ao mesmo
tempo, nada. Tornou-se apenas um sentimento desarraigado.
Se sinto amor, dou um passo; se não sinto, não faço nada. Já
percebeu como é cada vez menos sobre compromisso e mais
sobre sentimentos efêmeros? Basta observar os atuais
votos de casamento, por exemplo. Não há promessas de um
amor futuro que permanecerá apesar das tempestades; em
vez disso, temos uma narração da história do casal
(normalmente, com cada parte falando como o outro o faz
sentir-se bem), uma descrição do sentimento presente e uma

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incerteza quanto ao futuro, marcado pela ausência de


compromisso.
Ao contrário do que o atual senso comum entende, a Bíblia
nos ensina que amar é celebrar o próximo e lhe promover
vida. É isso que o contexto de 1 João 4:7 nos apresenta. O
amor que flui do Deus Trino envolve entrega, não consumo.
Amar ao próximo é dar para o outro o que ele precisa para
ser pleno, não tomar algo para si mesmo o que se deseja
para promover a satisfação própria. Não se trata de uma
ação fundamentada em um sentimento momentâneo, mas
em um compromisso sólido e constante. Consegue perceber
o contraste bíblico com a cultura da nossa sociedade?
Sei que ao ouvirmos uma resposta ríspida de um colega,
receber uma cobrança injusta do chefe ou não receber
reconhecimento da sua equipe, bem como outras coisas
parecidas, não é automático nos dedicarmos para o bem do
outro. A verdade é que, desde Gênesis 3, não sabemos amar
como convém. No entanto, uma vez que somos alvos do
infinito amor de Deus, este deve transbordar de nós e nos
conduzir a promover o bem na vida daqueles que nos cercam
— sejam colegas de trabalho, funcionários, fornecedores,
clientes…
Essa é uma marca inconfundível do cristão. Não se trata
de um karma, não é uma atividade boa para somar ao saldo
final da conta da vida e receber benefícios. É sobre apontar
para o Deus que tanto nos amou. Enquanto deuses modernos
exigem sacrifícios — saúde mental, tempo em família,
finanças, etc. — o Deus verdadeiro entregou seu único Filho
em sacrifício na cruz para nos salvar. A vida de Jesus está
em nós, somos novas criaturas, de modo que seu Espírito
nos capacita a realizar atos de amor pelo próximo.
Querida, consegue perceber que essa verdade se aplica a
todas as áreas de sua vida? Em seu lar, você, empoderada
pelo Espírito Santo, pode transbordar amor quando seu filho
ou filha chorar alto por ter ouvido um “não”. No trabalho,
você pode manifestar amor em meio à competição entre
colegas. Em sua igreja, você pode refletir o verdadeiro amor
diante de palavras ácidas de uma irmã. No casamento, com
o poder do Espírito atuando em e através de sua vida, você
pode promover amor quando seu cônjuge falhar. Essas são
apenas algumas das muitas áreas em que você está sendo
chamada hoje a exercer amor ao próximo.
Observe que seu chamado não é ser a melhor mãe,

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funcionária, discípula ou esposa. É importante destacar que


há um peso e equívoco em acreditar que, por sermos crentes,
precisamos ser sempre as melhores em tudo, à vista de
todos. Fazer isso é cair na armadilha de ser novamente a
“funcionária do mês” no Reino de Deus. Nós, filhas amadas
pelo Pai, somos chamadas a ser o melhor possível naquilo
que Deus nos conduziu a ser, para a glória dEle e o bem do
próximo.
Como costumo dizer, especialmente nos dias em que erro:
faça o melhor com o que tem em mãos, com a certeza de
que sua identidade não está no que você produz, mas em
Cristo, que conquistou todas as coisas. Ele pode. Nós não
podemos. Ele organiza o caos de nosso malabarismo
cotidiano, e nós coparticipamos do que Ele está realizando
no mundo.
Querida, cultivar o amor em meio ao orgulho não é fácil.
No entanto, é crucial revisarmos nossas ações. É importante
agirmos com amor, generosidade e compromisso, pois foi
deste modo que nosso Deus agiu conosco. Ao amarmos
como Deus amou, demonstramos que fomos beneficiados
pelo Senhor e demonstramos como é maravilhoso o seu
Reino. Vamos fazer isso juntas?

Oração: Senhor, humildemente nos apresentamos diante


de Ti, reconhecendo que, muitas vezes, falhamos em amar
nosso próximo como deveríamos. Nossa atenção tem sido
voltada para nossas próprias preocupações, sentimentos e
circunstâncias, e nem sempre temos refletido o amor de
Cristo em nossas ações diárias. Pedimos, Senhor, que nos
perdoe e nos ajude a ser um reflexo do Teu amor, promovendo
o bem em vez do mal. Capacita-nos a abandonar a teimosia
do nosso coração egocêntrico e a enxergar os outros com o
mesmo amor que Tu demonstraste ao jovem rico. Que essa
transformação comece em nossos corações. Em Teu precioso
nome, oramos. Amém.

O que aprendi sobre Deus hoje?

O que aprendi sobre mim mesma hoje?

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DIA
07 D E V O C I O N A L | U M C H A M A D O A C U LT I VA R E G U A R D A R

Guardando a Mente

“Não imitem o comportamento e os costumes deste


mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de
uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que
experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus
para vocês.” - Romanos 12:2

Há dias em que só desejo silenciar o mundo, especialmente


durante a TPM. São tantos ruídos, inúmeros e-mails para
percorrer, mensagens para responder, e pedidos para atender
logo pela manhã que, quando a noite chega, parece que mais
uma parte do meu cérebro está frita.
Sonho, como nos filmes, em pausar tudo ao meu redor,
deixar especialmente a mesa de trabalho para trás e estar
imersa na minha definição de conforto: no abraço do meu
marido por horas, sem a necessidade de me soltar. E você,
qual é a sua visão de conforto? Talvez seja nas montanhas,
sentindo o vento gelado no rosto; à beira-mar logo de manhã,
ouvindo as ondas baterem suavemente e recuarem ou talvez
em algum arranha-céu com vista para uma cidade iluminada
e sem barulho. Pode pausar a leitura por um momento e
imaginar esse lugar. Fique à vontade.
Ao retornarmos à realidade, com os pés firmes no chão,
nos deparamos com as instruções de Paulo para não nos
conformarmos com as coisas deste mundo. Ao contrário da
Futura Era Boa, na qual Deus promete uma nova vida ao
mundo e à humanidade, a Presente Era Má se revela
traiçoeira, barulhenta e quebrada. Neste mundo, somos
estimulados a rebelião contra Deus, a nos afastarmos dEle
e abraçarmos o protagonismo de nossas próprias histórias,
como ocorreu no Éden após o homem e a mulher comerem
da árvore do conhecimento do bem e mau.
É compreensível que, para não cair nas mãos das tentações
que a Presente Erá Má oferta, muitos cristãos optam por
tapar os ouvidos para o mundo e se refugiar em um contexto

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eclesiástico, fechado e protegido. No entanto, isso os leva a


viverem em dois extremos: isolados pelo constante temor
de serem contaminados pela vida do mundo mau; ou uma
postura bélica em relação àqueles que não estão dentro dos
cercados da igreja. Esses dois extremos impedem vários
cristãos de cumprirem plenamente seu chamado para ser
sal e luz no mundo, como Jesus nos ensinou e assim o fez.
Além disso, essas posturas podem surgir a partir de uma
interpretação superficial do texto de Paulo.
A mensagem que Paulo deseja transmitir na passagem de
Romanos 12:2 é que nós, cristãos, devemos guardar nossas
mentes resistindo à influência distorcida do mundo em nossa
formação, ou seja, recusar que o mundo dite o que e como
devemos pensar, assim como a nossa forma de agir. A
verdade não é ditada pela cultura pecaminosa, mas pelo
evangelho de Jesus Cristo.
Mas observe que a solução proposta por Paulo não é
simplesmente “fugir para as montanhas”, “fechar-se em um
clube exclusivo de cristãos que pensam da mesma forma”
ou, adaptando para os nossos dias, “consumir uma quantidade
excessiva de vídeos do YouTube para combater todas as
ideologias”. Não, a solução reside na renovação da mente.
Termos a mente renovada significa ter a mente refeita a
partir dos pressupostos do Reino de Deus, não nos
submetendo aos ritmos ditados pela mentalidade de nossa
cultura. Considere, por exemplo, o seu dia a dia no trabalho.
Como é o ambiente? Leve e saudável ou agitado e competitivo?
Como você descreveria esse lugar? Agora, dedique alguns
minutos para refletir sobre o que seus colegas mais buscam.
Promover o bem, como discutimos na devocional anterior,
ou trabalhar incessantemente para alcançar o ideal de
sucesso que nossa sociedade lhes vendeu? A segunda opção,
certo?
Isso reflete a mentalidade da nossa cultura, que não
aceita descanso — como veremos no texto do dia 10 — mas
busca, com suas próprias mãos, assegurar o futuro e garantir
um lugar ao sol. Observe a quantidade de conteúdos nas
redes sociais que reforçam essa ideia, não apenas
incentivando a rotina de acordar às 5h, tomar banho gelado
e correr. Mensagens como “Você é a protagonista da sua
história”, “Dependa apenas de você”, “Trabalhe muito e eles
verão onde você estará”, entre outras, sem mencionar — e,
sinceramente, considero pior — as mensagens motivacionais

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bíblicas que, no fundo, aplaudem o orgulho e nos afastam


da dependência e humildade em Cristo.
Identificada uma das várias influências da era atual, veja
o resultado estampado em pesquisas e jornais: “No Brasil,
18% dos brasileiros sofrem da Síndrome de Burnout, sendo
que a maioria tem menos de 30 anos, conforme revela uma
pesquisa de 2021 da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP)”. Isso representa 1 a cada 4 brasileiros.
Quantas pessoas! Talvez alguém próximo a você sofra dessa
síndrome — talvez, você mesma.
E qual deve ser a nossa resposta diante disso? Parar de
trabalhar e evitar contato com esses workaholics? Não. A
resposta está em termos a mente renovada, buscando não
atender às expectativas da cultura ao nosso redor, mas
responder apropriadamente ao que Deus, em Sua
misericórdia, já fez em nosso favor.
N. T. Wright explica ao comentar sobre essa passagem
bíblica que “os cristãos são chamados a ser contracultura,
não em relação a tudo, como se todo e qualquer aspecto da
sociedade e da cultura humana fosse automaticamente mau
em sua totalidade. Mas, pelo menos, quanto a estarem
preparados para refletir sobre cada um dos aspectos da
vida”.
Proteger a mente dos dias atuais, que são maus, não
significa isolá-la em uma caixa segura e fechada, sem
contato com o mundo. Significa ser uma testemunha fiel e
estar pronta para questionar as situações que a era presente
grita ou, de forma sedutora, sussurra aos nossos ouvidos,
bem como para ecoar o que há de bom. A mensagem por trás
desses ruídos ensurdecedores é a carência por justiça,
propósito, identidade etc. Apenas o Evangelho pode nos
oferecer isso; e nós, que já encontramos tudo isso em Cristo,
temos o privilégio de refletir sua glória às pessoas carentes
que nos cercam.
Querida, quero incentivá-la, assim como temos feito aqui
no Frutíferas, por meio de aulas enriquecedoras, devocionais
profundos e encontros marcantes do clube do livro, a termos
a mente renovada pelo Senhor e a frutificarmos no
conhecimento de Deus, para que experimentemos a boa,
agradável e perfeita vontade dele.
E juntas, mulheres brasileiras, podemos ter mentes
despertas, alertas e satisfeitas na graça de Deus, que nos

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salva e nos instrui. Sonho com você sendo capacitada a


compreender como a vida pode ser vivida de forma frutífera
para a glória de Deus. Você sonha com isso também para
você, para suas amigas cristãs e, claro, para as que ainda
não conhecem a Cristo? Então, permita-se ser transformada
pelo Senhor; dê esse passo rumo à transformação e
frutificação.

Oração: Senhor, é tentador viver nesta presente era má e


desejar esconder-se, fugir e evitar contato com influências
que sabemos que nos afastam de Ti. Perdoa-nos, pois muitas
vezes permitimos ser guiados pelas vozes sedutoras deste
mundo. Por meio do Teu Espírito, ajuda-nos a sermos
semelhantes a Cristo, que, ao estar no mundo, foi sal e luz
para as nações. Usa-nos, Pai. Ilumina nossas mentes para
que possamos levar a luz do Evangelho a pessoas que estão
em trevas e não te conhecem. Em nome de Jesus, amém

O que aprendi sobre Deus hoje?

O que aprendi sobre mim mesma hoje?

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DIA
08 D E V O C I O N A L | U M C H A M A D O A C U LT I VA R E G U A R D A R

Cultivando a Paciência

“Sei que podes realizar todas as coisas, e ninguém pode


frustrar teus planos.” (Jó 42:2)

Como você lida com imprevistos? Qual é a sua reação


quando os planos mudam no meio do seu momento de lazer?
Quando não consegue realizar uma tarefa importante para
a qual separou tempo com antecedência? Na infância,
qualquer situação fora do meu controle me deixava arrasada.
Admito que sentia um gosto amargo quando minha mãe dizia:
“Paciência, filha”. Ah! Que palavrinha difícil de ouvir e tão
desafiadora de aplicar…
Isso é o que as nossas agendas imperfeitas, repletas de
imprevistos, exigem de nós: paciência. Paciência para
reagendar o evento, paciência para esperar na sala do
médico, paciência para enfrentar congestionamentos,
paciência para lidar com os ritmos da vida deste lado da
eternidade. Os imprevistos que inicialmente nos atrasam,
causam desconforto e nos mostram que apenas no lar
eterno experimentaremos rotinas perfeitas, leves, alegres
e gloriosas.
Existem imprevistos difíceis e dolorosos: a ligação que
muda tudo, o diagnóstico que desperta medos ocultos, a
notícia que atinge o fundo da alma. Nessas situações, a
paciência assume um sabor de sofrimento que se dilui ao
longo dos anos.
O texto de Jó nos traz um ensinamento valioso. Ele nos
mostra que a paciência cristã é a habilidade de esperarmos
em lugares indesejados, fazendo coisas indesejadas,
confiando que a providência divina está no controle de todas
as coisas para o nosso bem.
Por um tempo, encarei os imprevistos como interrupções
que sempre me atrasavam. Sempre fui adepta da organização,
planejamento e agendas, listando as tarefas do dia sem

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considerar os imprevistos. Mas, quando eles aconteciam,


sentia uma raiva profunda. Queria superar a mim mesma,
riscando todas as tarefas e celebrando o “Eu consegui!”.
Contudo, recentemente fui confrontada com a ideia: e se
fosse Deus me interrompendo? Se os planos são Dele, são
planos perfeitos. Então EU deveria agradecer ao Deus em
quem confio, certo? Na teoria, sim. Na prática, meu coração
relutou por muito tempo em entender. Era ousado admitir
em voz alta que o Senhor estava interrompendo minhas
tarefas diárias, mas era esse o sentimento interno a cada
imprevisto. E você? Já experimentou algo semelhante?
No ano passado, tive que aprender na prática a cultivar a
paciência. 2023 marcou o último período do meu marido
como seminarista, e todos os finais de semana eram
dedicados a viagens de quatro horas, ida e volta, para a
cidade onde estamos servindo. Além disso, havia os dias em
que as aulas dele se estendiam, os diversos coworkings que
eu frequentava e os horários indefinidos para acordar e
dormir. As sextas e as segundas eram uma verdadeira
loucura, com reuniões (re)marcadas e entregas que não
ocorriam conforme o planejado. Muita louça teve que esperar,
e até mesmo roupas foram esquecidas na máquina. Meu
planejamento perfeito foi simplesmente amassado e jogado
de lado. A única opção era viver um dia de cada vez,
enfrentando a correria, o imprevisto e os momentos
conforme eles aconteciam.
Com frequência, eu me questionava: “Senhor, para onde
você está conduzindo tudo isso? Será que terá fim?” Deus
interrompeu todos os meus planos de dar conta, permitindo-
me aprender, de uma vez por todas, a confiar nele.
Esperar em locais indesejados, enquanto fazemos coisas
indesejadas dói, mas nos leva a depender do dono de todos
os nossos dias. Elisabeth Elliot em seu livro “O Sofrimento
Nunca é em Vão”, diz que “Se aprendermos a conhecer Deus
em meio à nossa dor, passaremos a conhecê-lo como aquele
que não é um Sumo Sacerdote incapaz de se compadecer
diante do sentimento de nossas fraquezas. Ele é alguém que
caminhou a cada centímetro da estrada”.
Ele está conosco nessa jornada rumo a eternidade, e
mesmo que o meio do caminho pareça difícil ou confuso, não
há sequer um lugar escuro que Ele não tenha percorrido. E
durante essa jornada, temos a oportunidade de cultivar a
paciência, aquietar nossos corações e saber que ele é Deus

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(Salmo 46.10).
Quando nossos planos falham e imprevistos acontecem,
nós continuamos pertencendo a um Deus que não é pego de
surpresa. Ele está no controle e faz com que todas as coisas
cooperem para o bem daqueles que foram chamados de
acordo com o seu propósito, que é de sermos mais parecidas
com Jesus e revelar o Reino de Deus (Romanos 8.28-29).

Oração: Pai querido, agradeço porque, apesar de mim e


não por minha causa, o vento sopra, as folhas crescem e o
sol nasce. Seus planos não são frustrados, ao contrário dos
meus. Agradeço pelo cuidado nos dias confusos, pelo
sustento nos dias incertos e pelo ensino nos dias bagunçados.
Agradeço porque esses atos de amor, mesmo sendo
desafiadores, me moldam cada vez mais à semelhança de
Cristo, e este é o propósito que coopera para o meu bem.
Ajuda-me, nesse processo, a cultivar a paciência como um
ato de oração a Ti, em nome de Jesus. Amém.

O que aprendi sobre Deus hoje?

O que aprendi sobre mim mesma hoje?

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DIA
09 D E V O C I O N A L | U M C H A M A D O A C U LT I VA R E G U A R D A R

Cultivando Amizades Saudáveis

“O amigo é sempre leal, e um irmão nasce na hora da


dificuldade.” (Provérbios 17.17)

Qual característica você mais admira em seus amigos e


amigas? É bem provável que uma delas seja o fato de essa
pessoa se fazer presente nos momentos mais difíceis de sua
vida, não é? Se não tinha pensado nisso de primeira, coloque
na lista de elogios a fazer para seus amigos chegados como
irmãos. Fará bem.
O que mais admiro nas minhas amigas próximas é a
capacidade delas de sempre proporcionarem um ambiente
seguro, onde posso tranquilamente desabar quando as
coisas não estão fáceis e encontrar nelas o apoio,
companheirismo e palavras de ânimo para continuar
peregrinando.
Todas estão em uma estação agitada: uma é mãe de
gêmeas, outra é recém-casada e está no processo de
mudança de área profissional, outra está no processo de
gravidez. Estamos geograficamente longe umas das outras,
mas é só mandar uma mensagem de “amigas, orem por
mim?” que encontramos umas nas outras a calmaria de
Cristo. Como é rico esse tempo, é um spoiler da eternidade,
como costumo falar. Um local de descanso e esperança em
meio a tempos tão caóticos. Você tem amizades assim?
Consegue lembrar de algum episódio que foi marcante para
você tê-las por perto?
Ter amigos na jornada cristã é fundamental. Amigos
verdadeiros permanecem ao nosso lado mesmo quando as
coisas vão de mal a pior. Quando temos pouco para dar a
eles, eles continuam ao nosso lado. Algumas pessoas,
infelizmente, confundem os formatos de relacionamentos
e possuem apenas amizades superficiais como meio para
atingir objetivos. Mas, um amigo ou amiga de verdade
valoriza você pelo que é, está sempre disponível, mesmo

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quando é inconveniente, e você pode contar com ele em


qualquer circunstância.
No ano de 2023, foi quando encontrei e fui encontrada por
amigas de alma. Amigas que acenderam a luz do quartinho
escuro da minha alma e me ajudaram a enxergar o que
estava fora do lugar, o que eu não estava mais conseguindo
ajeitar. Isso aconteceu em uma conversa comum à mesa, e
depois de horas, se tornou um confessionário seguido de “eu
também passo por isso!”, “te entendo bem”, “você não está
sozinha”. Dos quatro anos que nos conhecemos, três foram
dedicados a intencionalmente cultivar esse relacionamento
aos poucos.
Melhores amizades levam tempo para se desenvolverem
e criarem raízes. E como cultivamos essas amizades? De
forma cuidadosa e intencional, passando tempo juntas, lado
a lado, nos abrindo para vulnerabilidade, para receber
verdades em amor, que muitas vezes doem, estar disposto
a abrir e fechar feridas a fim de ser moldado à imagem de
Cristo.
Cultivar relacionamentos, no geral, não é fácil, sejam eles
próximos ou rotineiros. Ainda mais nos dias de hoje em que
o individualismo e a preguiça tomam conta. Chega a ser
curioso o contraste de que ou as pessoas buscam amizades
que as espelham e agradam a elas mesmas, que ofereçam
meios para sucessos efêmeros, ou são apáticas demais, têm
preguiça de sair, gastar energia para conhecer o outro e
preferem passar tempo sozinhos, alimentando uma pseudo-
autossuficiência. Os dois extremos contaminam o solo para
que uma amizade fértil não floresça.
Não podemos fugir do fato de que fazemos isso também,
até mesmo dentro de nossas comunidades locais. Preferimos
ficar fechados a um grupo de amigos conhecidos, fazendo
as mesmas coisas de sempre, do que gastar tempo para nos
relacionar e amar ao próximo. Precisamos, desesperadamente,
nos arrependermos desse pecado que nos afasta do corpo
de Cristo.
Cristo não fez isso por nós. Ele deu a sua vida, fez amizade
com vários discípulos e por meio dessa amizade mudou o
mundo. Precisamos prestar atenção se estamos, como
discípulas de Jesus, frutificando na vida de outras pessoas.
Ouvindo-as com atenção. Lembrando que elas carregam a
imagem e semelhança de um Deus que é trino e relacional.

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Quando eu era criança, acreditava que todas as amizades


que fiz na escola iriam durar para sempre. Tínhamos
recadinhos com “quer ser minha melhor amiga? marque sim
ou não”, tínhamos toques, juramentos secretos, folhas com
cartinhas coloridas e canetas em gel. Puro suco de uma
infância feliz. A decepção veio quando minha primeira melhor
amiga, Bárbara, mudou de cidade. Acho que nunca chorei
tanto quando voltei para casa. Minha mãe, pacientemente,
foi o meu consolo e meu lembrete de que outras amizades
viriam. Eu criança não entendia “mas, a gente prometeu que
ia ser para sempre!”
Essas amizades vieram. Uma delas, por meio de um
relacionamento que findou em casamento e as demais, por
meio de amizades maduras que acompanharam meus
processos formativos mais intensos: formatura, namoro,
casamento, ministério e mudança de cidade.
Essas são as verdadeiras amizades, aquelas que apontam
para o maior Amigo de todos que permaneceu, apesar das
minhas e das suas chatices, que venceu todas as limitações,
que conquistou tudo o que precisamos quando não temos
nada para oferecer, que nos reconectou ao Pai quando
estávamos afastadas, que nos trouxe o Consolador quando
as orações eram apenas lágrimas, que iluminou cada área
escura de nossas vidas com a sua luz. Esse é Jesus. Ele
permaneceu por nós e Ele prometeu que voltaria. E como
bons amigos, não vejo a hora de dar-lhe um longo abraço e
agradecer-lhe por ser o melhor amigo de todos os tempos.

Oração: Jesus, que bênção é ter você como amigo e


experimentar sua vida fluindo em e através de mim. Me ajude
a ser uma presença constante para os amigos que o Senhor
colocou ao meu lado, para que possamos compartilhar a
mesa, suportar dores, superar dificuldades, celebrar alegrias
e manter o ânimo na missão de levar o evangelho a toda
criatura. Me Capacite, por favor, através do teu Espírito,
presente entre nós, a nutrir as amizades existentes e a
florescer em novas amizades do nosso convívio, para a tua
honra e glória. Em teu nome, eu oro. Amém.

O que aprendi sobre Deus hoje?

O que aprendi sobre mim mesma hoje?

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DIA
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Cultivando o Descanso

“Deus abençoou o sétimo dia e o declarou santo, pois foi


o dia em que Ele descansou de toda a Sua obra de criação”
— Gênesis 2.3

Certo dia, abri uma caixinha de perguntas no meu


Instagram para descobrir três coisas que as pessoas fazem
antes de dormir. Amigos e conhecidos responderam
prontamente. Fiquei intrigado ao examinar cada item da lista
e perceber a personalidade de cada um expressa nessa lista.
Enquanto alguns preferem assistir a vídeos engraçados de
animais, outros optam pelo escuro absoluto com o som da
chuva ao fundo. É curioso como cada um de nós tem sua
própria rotina para desacelerar, não é mesmo? Qual é a sua?
Os hábitos que realizamos antes de dormir também
funcionam como uma liturgia. Trancar as portas, verificar se
tudo está desligado, escovar os dentes, fazer uma rotina de
cuidados com a pele — estou falhando nessa parte —,
arrumar a cama e, finalmente, dormir. Executamos essas
ações diariamente, e isso é positivo. É um meio de educar o
corpo e sinalizar que é hora de desacelerar e descansar.
Entretanto, assim como existem hábitos distintos
realizados antes de fechar os olhos por completo — eu, por
exemplo, tenho amado colocar um ruído marrom ao fundo
—, há aqueles que apontam para o que nossos corações têm
desejado.
Tish Warren, em seu livro “Liturgia do Ordinário”, obra que
me inspirou para a redação destas devocionais, destaca: “No
decorrer da minha vida cotidiana, o arrependimento pela
idolatria pode se manifestar em coisas tão prosaicas quanto
sair do meu e-mail uma hora antes ou resistir àquele clickbait
tentador e ir para a cama. A verdade é que é bem mais fácil
eu perder horas de sono para o entretenimento do que para
orar. Quando eu ligo o Netflix tarde da noite, não penso
conscientemente: “eu valorizo este episódio de Friends mais

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do que a minha família, a minha vida de oração e o meu


corpo”. Pesado como uma ação aparentemente inocente,
revela-se um verdadeiro problema, não é? Gostando ou não,
nossos hábitos expõem e moldam o que amamos e
valorizamos.
Esses hábitos também revelam onde depositamos nossa
confiança. Com que frequência perdemos o sono devido à
preocupação excessiva com nossos empregos, compromissos
ou pessoas próximas a nós? É ao encostarmos nossas
cabeças nos travesseiros que verdadeiramente revelamos
onde estão nossos corações.
Muitas vezes, esquecemos da presença do Senhor nesse
momento: Ele está acima de nossas ansiedades, governando
tudo com bondade, cuidado e misericórdia. Enquanto
desaceleramos, Ele continua trabalhando incansavelmente,
enquanto nós, seus filhos limitados, precisamos pausar.
A realidade é que muitos resistem às limitações de seus
corpos, que inevitavelmente se cansam. Alguns trabalham
intensamente, consideram o sono como uma perda de tempo
ou, inversamente, não descansam para desfrutar, mas
apenas dormem para recarregar energias e estar prontos
para produzir mais, crescer mais e fazer mais no dia seguinte.
O sono torna-se uma ferramenta sem propósito genuíno de
confiança naquele que sustenta todas as coisas. Torna-se
um meio para alcançar objetivos, e quando não conseguem
dormir, contornam isso com bebidas e medicamentos à base
de cafeína. Isso representa uma recusa em reconhecer a
própria fragilidade e fraqueza, negando a necessidade de
um guia e guardião, que é o próprio Deus.
Em contraste com a nossa sociedade acelerada, quando
olhamos para o texto de Gênesis, vemos que o Criador
abençoou o sétimo dia, o declarou santo e descansou.
Santificar significa separar com um propósito definido. E
você sabe qual é esse propósito? É o propósito de cultivar
um relacionamento com Ele. Deus reservou o sábado para
que toda a criação se rendesse completamente a Ele.
Ao descansar no sétimo dia, Ele assentou-se no trono da
boa criação. Ao também descansarmos, reconhecemos que
o que Deus realizou é suficiente, e que nosso trabalho se
submete ao seu reinado amoroso. John Goldingay, ao
comentar sobre Gênesis, diz que: “No mundo ocidental, o
sábado ganha um novo significado. A compulsão ao trabalho
se tornou uma doença no Ocidente moderno, e o sábado é o

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seu antídoto”.
É bem capaz de você já ter lido e relido sobre a criação em
Gênesis quando criança, pintando as atividades na Escola
Bíblica Dominical, sabendo de cor a ordem do que Ele fez.
Mas, talvez você, assim como eu, tenha deixado passar um
detalhe importante: Os dias da criação começam e terminam
com um refrão: “E foi a tarde e a manhã” até o sexto dia. Já
o sétimo, termina com um “porque nele descansou de toda
a sua obra que Deus criara e fizera”. Essa quebra do refrão
no sétimo dia funciona como uma espécie de reticências. É
como se, diferente dos demais, o sétimo dia, o dia do
descanso, não tivesse fim. Por uma retórica literária, Gênesis
está nos mostrando que o propósito do trabalho divino —
portanto, o nosso também — é promover vida e
relacionamento. Como Eclesiastes 2.24 nos ensina, não há
nada melhor que desfrutar dos efeitos do trabalho.
Em momentos em que nossos dias parecem
sobrecarregados, é crucial internalizar a verdade de que o
que Deus fez é mais que suficiente. Nestas ocasiões, não
precisamos – e, na verdade, não conseguimos – acrescentar
mais nada à sua obra. Não há necessidade de intensificar o
trabalho, as preocupações, a limpeza ou a produção.
Encontrar paz em nossas limitações é fundamental. Mesmo
quando sentimos que nossos esforços não foram plenamente
eficazes, Deus é mais que suficiente. Ele terminou a criação.
Então, uma sugestão valiosa para incluir em sua rotina
noturna é, antes de fechar os olhos, afirmar: ‘Posso
descansar, pois Ele é o Rei, e o que Ele fez é suficiente’. Essa
simples prática, sem dúvida, tornará suas noites mais leves
e o descanso cheio de propósito.

Oração: Senhor, em meio a uma sociedade tão acelerada,


sedenta por cafeína e produtividade, venho a Ti buscando
auxílio para descansar em Tua presença. Tem sido desafiador,
Deus. Tenho enfrentado a tentação de buscar mais,
sacrificando horas de sono, prejudicando meu corpo e
negligenciando meu tempo de descanso. Peço Tua ajuda para
encontrar repouso em Ti, especialmente ao me deitar.
Auxilia-me a reconhecer minha fraqueza e limitação, sabendo
que pertenço a um Deus forte e onipotente, pois somente
em Ti encontro orientação e proteção para minhas noites de
sono e para todos os meus dias até a eternidade. Oro em
nome de Jesus, amém.

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O que aprendi sobre Deus hoje?

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